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MedResumos- Anestesia subaracnóidea

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Arlindo Ugulino Netto – ANESTESIOLOGIA – MEDICINA P5 – 2009.2
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MED RESUMOS 2011
NETTO, Arlindo Ugulino.
ANESTESIOLOGIA
ANESTESIA SUBARACNÓIDEA
A anestesia subaracn€idea e a anestesia peridural consistem em mtodos anestsicos para bloqueio regional do 
neuroeixo.
A anestesia subaracnóidea  tambm denominada de bloqueio subaracn€ideo, anestesia raquidiana ou 
raquianestesia. A l‚ngua inglesa utiliza a expressƒo spinal anesthesia para denominar a anestesia subaracn€idea. Na 
l‚ngua portuguesa, utiliza-se a expressƒo “anestesia espinhal” para ambas as anestesias no neuroeixo: a anestesia 
subaracn€idea e a anestesia peridural. Este tipo de anestesia consiste na inje†ƒo de anestsicos espec‚ficos no espa†o 
subaracn€ide, isto , entre a pia-m‡ter e a aracn€ide espinhal.
HISTRICO
 1891: Quincke realiza a primeira descri†ƒo sobre a pun†ƒo lombar.
 1885: Corning, antes mesmo de Quincke, j‡ havia realizado Inje†ƒo casual de coca‚na no l‚quido 
cefalorraquidiano de um cƒo atravs de experiˆncias.
 1898: A paternidade tcnica  atribu‚da a August Bier e a seu assistente Hildebrandt, que injetaram-se, 
mutuamente, 20mg de coca‚na no l‚quido cefalorraquidiano. Na noite que fizeram esta experiˆncia, achando que 
tinham feito uma grande descoberta, comemoraram com bastante vinho. Contudo, por efeito da pr€pria pun†ƒo 
lombar, tiveram cefalia intensa ao longo da semana. Atribu‚ram este quadro ‰ ressaca do vinho.
 1898: Coube a Augusto Paes Leme a primeira raquianestesia latino-americana na Santa Casa de Miseric€rdia 
do Rio de Janeiro.
 1900: Baisridge salientou a superioridade da tcnica subaracn€idea sobre o uso de clorof€rmio em anestesia 
pedi‡trica.
 1900: Kreis mostrou sua utilidade para a cl‚nica obsttrica.
 1900 – 1902: Tuffier descreveu a linha imagin‡ria de uma crista il‚aca ‰ outra (linha de Tuffier) para detec†ƒo do 
espa†o intervertebral L3 – L4. Tuffier sugeriu ainda a inje†ƒo do anestsico local somente ap€s franco 
gotejamento do l‚quido cefalarraquiano (ver OBS1).
 1905: Dixon descreveu a sequˆncia de bloqueio das diferentes fibras nervosas.
 1907 - 1909: Novas tcnicas foram lan†adas: a hiperb‡rica por Chaput, a cont‚nua por Dean e a hipob‡rica por 
Babcock.
 1920: Stout citou fatores que influenciaram a extensƒo da raquianestesia.
 1940: Ap€s a II Guerra Mundial, com o aparecimento dos bloqueadores neuromusculares, houve a prevalˆncia 
do uso da “anestesia geral” em detrimento da subaracn€idea.
OBS1: Estudos mostram que o cone medular se estende at L1 nos brancos e L2 nos negros, sendo vi‡vel, portanto, a inje†ƒo para 
anestesia subaracn€idea em espa†os ap€s estas vrtebras: L2-L3 ou L3-L4. Estes espa†os sƒo obtidos seguindo a linha de Tuffier, 
tra†ada entre as cristas il‚acas e demarcando o espa†o anat‹mico ideal para administra†ƒo da anestesia.
ANATOMIA 
COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral  uma estrutura segmentar que 
abrange a regiƒo cervical, o dorso (por†ƒo tor‡cica e lombar da 
coluna vertebral), o sacro e o c€ccix. Œ definida por uma 
sucessƒo de ossos (vrtebras) no eixo supero-inferior que 
suporta parte do peso corporal, protege a medula espinal e 
participa no movimento do corpo e na postura, sustenta o 
crnio. 
A coluna vertebral de um adulto  formada pelo 
empilhamento de 33 vertebras organizadas em cinco regiŽes: 
7 cervicais, 12 tor‡cicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccic‚geas.
Destas, alguns pontos anat‹micos devem ser destacados:
 O processo espinhoso de C7 mostra-se proeminente 
na base posterior do pesco†o.
 As espinhas das esc‡pulas sinalizam, que a esta 
altura, na linha mediana, localiza-se o processo 
espinhoso de T3.
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 A ponta inferior da escapula, mantendo-se o membro superior homolateral ao longo do corpo, corresponde a 
uma linha horizontal passando pelo processo espinhoso de T7.
 A borda superior da crista il‚aca indica o processo espinhoso de L4, e a fossa lombar, o processo espinhoso de 
L5. Entre L3 e L4, partindo das cristas il‚acas, temos a linha imaginária de Tuffier.
 A espinha il‚aca p€stero-superior indica que a esta altura, na linha mediana, est‡ localizado o processo 
espinhoso de S2.
LIGAMENTOS E ESTRUTURAS QUE ENVOLVEM A COLUNA VERTEBRAL
As vrtebras se unem por meio de cinco 
ligamentos superpostos: 
 Ligamento supra-espinhoso: liga as 
pontas dos processos transversos; 
 Ligamento interespinhoso: liga os 
processos espinhosos entre si;
 Ligamento amarelo (ou flavo), que se 
fixa ‰ parte anterior das lminas 
vertebrais. Œ formado por fibras el‡sticas 
verticais, que lhe conferem a colora†ƒo 
amarela. Partindo da regiƒo cervical, o 
ligamento se torna endurecido de cima a 
baixo, sendo mais espesso no n‚vel 
lombar (3 a 5 mm de espessura nos 
n‚veis L2 e L3) para compensar esfor†os 
e tensŽes da regiƒo.
 Longitudinal posterior (posteriormente ao 
corpo das vrtebras);
 Ligamento longitudinal anterior: fixa-se 
anteriormente ao corpo das vrtebras.
OBS²: Em virtude disso, fica claro as camadas que uma agulha deve atravessar para realizar uma anestesia 
subaracn€idea ou uma peridural por um acesso mediano e paramediano. Em resumo, temos:
o Acesso mediano (70 – 90% de todos os acessos): PELE (1 resistˆncia)  TECIDO CELULAR SUBCUTNEO 
(TCSC)  LIG. SUPRAESPINHOSO (2 Resistˆncia)  LIG. INTERESPINHOSO  LIG. AMARELO (3 e maior 
resistˆncia)  ESPAÇO EPIDURAL  DURA-M‘TER E ARACN’IDE  ESPAÇO SUBARACNÓIDEO.
o Acesso paramediano (10% dos acessos): PELE (1 resistˆncia)  TCSC  MUSCULATURA 
PARAVERTEBRAL  LIG. AMARELO (2 e maior resistˆncia)  ESPAÇO EPIDURAL  DURA-M‘TER E 
ARACN’IDE  ESPAÇO SUBARACNÓIDEO.
CONTEÚDO DO CANAL VERTEBRAL
O canal osteoligamentar vertebral  formado pelo espa†o entre os corpos vertebrais e os arcos vertebrais 
quando empilhados entre si. Dentro desse canal, alm de tecido gorduroso e vascular, temos a presen†a das meninges 
e da pr€pria medula espinhal.
 Meninges: sƒo membranas que envolvem todo o tecido nervoso sendo constitu‚das por trˆs envolt€rios 
conjuntivos derivados de duas forma†Žes embriol€gicas: paquimeninge (d‡ origem ‰ dura-m‡ter) e leptomeninge 
(d‡ origem ‰ aracn€ide e pia-m‡ter).
o Duram‡ter: membrana mais externa e mais resistente, sendo formada por fibras col‡genas e poucas 
fibras el‡sticas. Estende-se do forame magno at S2.
o Aracn€ide: membrana delicada, avascular composta superposi†ƒo de clulas com fibras conjuntivas 
(principal barreira men‚ngea) 
o Pia-m‡ter: fina e vascularizada, recobre toda a superf‚cie da medula, aderindo a ela imediatamente, 
constitundo seu limite externo.
 Espaços raquidianos: sƒo os intervalos formados entre as meninges ou entre a meninge mais externa (dura-
m‡ter) e o peri€steo do canal vertebral.
o Espa†o peridural (ou epidural): separa os componentes osteoligamentares raquidianos da dura-m‡ter, 
meninge mais externa. Œ este espa†o que se busca para administra†ƒo da anestesia peridural. Œ 
composto por gordura, um importante plexo venoso, artrias, linf‡ticos e expansŽes fibrosas, 
principalmente na por†ƒo anterior, os quais participam da sustenta†ƒo da dura-m‡ter. Seu volume  de 
aproximadamente 80 a 100 mL, sofrendo diminui†ƒo com aumento da pressƒo abdominal, devido ‰ 
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congestƒo e ingurgitamento do plexo venoso. Isso significa que, paciente gr‡vidas necessitam de menos 
anestsico no advento da anestesia peridural (cerca de 10 
a 20% a menos que um paciente normal). A largura do 
espa†o peridural varia inversamente com o dimetro da 
medula espinhal. Sua largura posterior aumenta em 
dire†ƒo caudal, medindo de 1 a 1,5 mm no n‚vel do 
espa†o C5-C6, chegando a 5 a 6 mm no n‚vel do espa†o 
L2-L3.
o Espa†o subdural: o contato da superf‚cie interna da dura-
m‡ter com a aracn€ide cria umespa†o entre as duas 
membranas, denominado espa†o subdural. Apesar de sua 
existˆncia em geral virtual, ocasionalmente os f‡rmacos 
direcionados aos espa†os peridural ou subaracn€ideo 
podem ser injetados nesse local, na propor†ƒo de 0,82% e 
a te 10% respectivamente. Alm disso, o desenvolvimento 
excessivo desse espa†o em indiv‚duos adultos propicia o 
ac“mulo de l‚quido seroso em seu conte“do, podendo 
causar confusŽes com a identifica†ƒo do l‚quido 
cefaloraquidiano.
o Espa†o subaracn€ideo: compreendido entre a pia-m‡ter e 
a aracn€ide, contm o l‚quido cefalorraquidiano, sendo 
atravessado por v‡rias expansŽes men‚ngeas em rede. Œ 
fechado lateralmente no n‚vel dos forames intervertebrais 
pela fusƒo pia-m‡ter-aracn€ide na bainha dos elementos 
nervosos. Abaixo de L2, o espa†o subaracn€ideo contm 
as ra‚zes nervosas em forma de cauda equina e o 
filamento terminal, permitindo a pun†ƒo lombar sem risco 
para a medula. Œ neste espa†o onde se administra a 
anestesia subaracn€ide.
SISTEMATIZAÇÃO NEUROLÓGICA
No primeiro trimestre de gesta†ƒo, a medula espinhal se estende desde o forame magno ao final da coluna 
vertebral. A partir dessa fase, a coluna vertebral aumenta em extensƒo mais do que a medula, ao ponto em que, no 
nascimento, a medula se posicionar‡ no n‚vel de L3 e, na fase adulta, no n‚vel de L1 em 70% dos pacientes dos brancos 
e em L2 em pacientes negros.
OBS³: A raquianestesia  respons‡vel por um bloqueio de condu†ƒo das estruturas nervosas, essencialmente no n‚vel 
de ra‚zes raquidianas. O anestsico local tende a bloquear inicialmente as fibras nƒo mielinizadas do tipo C, que tem 
com fun†ƒo o transporte de est‚mulos ligados ‰ dor, temperatura e nocicep†ƒo. Na sequˆncia, bloqueia as fibras 
mielinizadas mais finas do tipo B (fibras pr-ganglionares auton‹micas), e, progressivamente, atinge as fibras mais 
grossas e mielinizadas do tipo A em ordem crescente, com seus respectivos est‚mulos transportados: δ = dor, 
temperatura e nocicep†ƒo; γ = t‹nus muscular e reflexos; β = motor, tato e pressƒo; α = motor e propriocep†ƒo. Desse 
modo, as fibras auton‹micas sƒo as primeiras a serem bloqueadas, seguidas pelas fibras condutoras da sensa†ƒo de 
calor, dor, propriocep†ƒo, pressƒo e tato, sendo as fibras motoras as “ltimas atingidas.
OBS4: Tomando como referˆncia dos derm‡tomos correspondentes a cada segmento medular, lembremos dos 
principais pontos de referˆncia: os derm‡tomos pertinentes ‰ inerva†ƒo da faixa acima e abaixo dos mamilos , 
respectivamente, T4 e T5. J‡ em n‚vel do umbigo, temos T10.
OBS5: Ainda com rela†ƒo aos derm‡tomos, para se fazer uma anestesia local adequada quando se quer abordar um 
determinando segmento, sugere-se bloquear, alm desse derm‡tomo correspondente, os dois derm‡tomos acima e dois 
a baixo, para garantir uma boa margem de seguran†a.
FISIOLOGIA
LÍQUIDO CEFELORRAQUIDIANO (LCR)
O LCR apresenta-se com um volume entre 90 a 150 mL (2mL/kg), secretado em sua maior parte pelo plexo 
cori€ide dos ventr‚culos encef‡licos III, IV e laterais. Dos ventr‚culos laterais, passa atravs dos forames 
interventriculares (de Monro) e junta-se no diencfalo com o volume produzido no III ventr‚culo. Da‚, segue pelo 
aqueduto cerebral (de Sylvius) no mesencfalo e IV ventr‚culo, onde se comunica com o espa†o subaracn€ideo pelas 
aberturas mediana (de Magendie) e laterais (de Luschka). Cerca de 25% do volume estƒo contidos no sistema 
ventricular e o restante distribui-se no espa†o subaracn€ideo, sendo separado do tecido nervoso pela pia-m‡ter.
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O anestésico da raquianestesia, após a sua injeção, é diluído pelo liquido cefalorraquidiano, diminuindo sua 
concentração antes de atingir os sítios efetores do sistema nervoso central.
Secretado de maneira contínua, o LCR é incolor, claro, cristalino e não-coagulável, ligeiramente alcalino e 
proveniente do plasma. Sua produção total gira em torno de 500 mL, cerca de 20mL/h. 
NEUROFISIOLOGIA
Os anestésicos locais agem onde apresentam maior afinidade. Após administração intratecal, são encontrados 
em todos os sítios entre os ramos nervosos espinhais e o interior da medula. Desse modo, o bloqueio poderia ocorrer 
em quaisquer pontos ao longo dos os trajetos nervosos, localizados entre o local da administração da substância até o 
interior da medula espinhal.
As vias de condução nervosas se mantém intactas durante anestesia subaracnóidea e os ramos nervosos 
espinhais são os principais sítios de bloqueio.
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
Os efeitos cardiovasculares da anestesia 
subaracnóidea dependem primariamente da extensão 
rostral do bloqueio simpático e, secundariamente, do 
grau de sedação. Hipotensão e bradicardia são os 
efeitos colaterais mais comuns após bloqueios 
subaracnóideos.
Efeitos cardiovasculares da anestesia 
subaracnóidea incluem basicamente redução da 
pressão arterial sistêmica e pressão venosa central, 
com diminuição em menor grau da frequência cardíaca, 
do volume sistólico ou do débito cardíaco. A 
preservação do débito cardíaco permite a manutenção 
da oferta de oxigênio aos órgãos vitais. A diminuição da 
atividade simpática e o bloqueio motor levam à queda 
no consumo total de oxigênio, que se correlaciona com 
a extensão da anestesia subaracnóidea. Esses efeitos 
podem ser amenizados se o paciente tiver sido 
submetido a uma atropinização prévia (a atropina 
constitui parte da chamada anestesia balanceada).
Fisiologicamente, os episódios de hipotensão ocorrem por causa da diminuição na resistência vascular sistêmica 
e na pressão venosa central ocasionada pelo bloqueio simpático. Ocorre vasodilatação abaixo do nível do bloqueio e 
redistribuição do volume sanguíneo central para extremidades inferiores e leito esplênico. Esses fatores geram uma 
diminuição da pré-carga cardíaca e, consequentemente, segundo a Lei de Frank-Starlling, diminuição da pós-carga, 
diminuindo, assim, o débito cardíaco. A bradicardia pode ocorrer por alteração no balanço autonômico cardíaco, com 
predomínio no sistema parassimpático, principalmente pelo bloqueio das fibras cardioaceleradoras.
Sabendo que, anatomicamente, o sistema nervoso simpático é tóraco-lombar, justifica-se o bloqueio simpático 
causada pela administração medular de anestésicos. 
OBS6: Quanto a fisiologia cardíaca, devemos lembrar que a sístole (0,15 segundos de duração) é mais rápida que a 
diástole (0,30 segundos). Essa diferença de tempo ocorre em virtude do atraso fisiológico da condução nervosa entre o 
nódulo sinoatrial (ou Keith-Flack) e o nódulo atrioventricular. Contudo, pacientes inerentes a um bloqueio simpático, 
depois da diminuição da pré-carga, da pós-carga e do débito cardíaco, apresentam um efeito secundário de taquicardia, 
em que o coração sadio aumenta a frequência cardíaca para aumentar o débito cardíaco (lembrando que Débito sistólico 
= volume sistólico x frequência cardíaca). Isso faz com que a sístole aconteça de maneira mais rápida do que antes, 
enquanto que a diástole torna-se ainda mais lenta. A diminuição no aporte sanguíneo cardíaco consequente, faz com a 
fibra miocárdica entre em fadiga por excesso de ácido láctico, de forma que o coração possa entrar em falência por 
hipóxia. Esta é a fisiopatologia do infarto do miocárdio secundário a um procedimento anestésico. Há, contudo, métodos 
anestésicos que realizam o mesmo bloqueio mas com a menor repercussão cardiovascular possível.
OBS7: Quando o anestesista realiza um bloqueio dos segmentos T2, T3 e T4 (medula torácica alta), pode ocorrer um 
bloqueio exagerado do nódulo sinoatrial, pois são destes segmentos de onde surgem as fibras simpáticas 
cardioaceleradoras. Para evitar o efeito do sistema nervoso parassimpático sobre as fibras cardíacas, é necessário 
realizar uma simples atropinização, administrando doses clínicas de atropina (parassimpatolítico) antes da realizaçãoda 
anestesia.
OBS8: Em casos de hipovolemia e hipotensão, pode-se realizar os seguintes procedimentos: (1) infusão de soro 
fisiológico para aumentar a volemia; (2) administração de norepinefrina; (3) atropinização, caso a pressão esteja abaixo 
de 50mmHg.
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FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA
A anestesia subaracnóidea com bloqueio de níveis torácicos médios apresenta pequeno efeito na função
pulmonar de pacientes sem doenças pulmonares preexistentes. As substâncias usadas para sedação perioperatória, as 
condições clínicas, idade, fumo, tipo de cirurgia e destreza do cirurgião têm maior impacto na função pulmonar do que o 
bloqueio por si mesmo.
Dentre as causas de morte imputados à anestesia, a hipóxia é a mais importante, decorrente normalmente de 
depressão respiratória ou de inadequada concentração inspirada de oxigênio.
A depressão respiratória é uma ocorrência incomum após anestesia subaracnóidea. No caso de bloqueios mais 
baixos, o bloqueio sensitivo se associa a pequeno ou ausente bloqueio motor dos músculos da respiração. Nas 
situações de bloqueios torácicos altos ou cervicais baixos, não há alteração dos valores gasométricos, pois o diafragma 
age de forma compensatória, ampliando suas incursões (paralisia do diafragma é um incidente raro, pois dificilmente o 
anestésico atinge a região cervical em altas concentrações). Além disso, o bloqueio das fibras autonômicas simpáticas 
não afeta a respiração.
Em particular, a frequência respiratória, o espaço morto, a gasometria arterial e a fração de shunt apresentam 
pequena ou nenhuma alteração durante anestesia subaracnóidea. A capacidade vital diminui devido à queda do volume 
de reserva expiratório (que pode acontecer até mesmo devido a posição do paciente). As alterações das funções 
ventilatórias dependentes de expiração ativa e depressão do reflexo da tosse observa das se devem à paralisia dos 
músculos da parede abdominal, incapazes de promover aumentos das pressões intra-abdominal e intrapulmonar. A 
magnitude do impacto sobre a expiração guarda relação com a extensão do bloqueio, dependendo do maior ou menor
número de músculos respiratórios afetados.
Portanto, o déficit ventilatório apresentado pelos pacientes está relacionado com a sua posição no leito e com o 
bloqueio da inervação da musculatura acessória. Esses pacientes, quando em regime de hipotensão ou de bradicardia, 
podem desenvolver uma hipóxia importante, o que diminui ainda mais a frequência e amplitude respiratória, gerando 
uma acidose respiratória e, consequentemente, uma acidose metabólica.
Essas considerações significam que, ao se realizar cirurgias em que sejam necessárias posições anômalas 
(cirurgias de loja renal, do abdome superior, da região torácica, etc.) utilizando apenas a técnica de bloqueio do 
neuroeixo, a função ventilatória do paciente será especialmente afetada. O mínimo que se deve fazer é uma anestesia 
combinada para se preservar a ventilação do paciente. É aconselhável, antes de posicionar o paciente, anestesiá-lo 
(com peridural contínua e anestesia geral, em menor concentração) e, logo em seguida, intubá-lo, garantindo acesso às 
vias aéreas.
FISIOLOGIA GASTRINTESTINAL
Náuseas e vômitos são complicações comuns. O fluxo sanguíneo hepático se mantém diretamente proporcional 
à pressão arterial média.
O efeito gastrintestinal da anestesia subaracnóidea se relaciona diretamente com o grau de bloqueio simpático. 
Os órgãos abdominais recebem sua inervação simpática das raízes nervosas de T6 a L2 (nervos esplâncnicos). O 
bloqueio dessas fibras resulta em atividade parassimpática sem restrições, por ação vagal. Consequentemente, 
aumentam as secreções, os esfíncteres se relaxam, o tempo de esvaziamento gástrico torna-se mais rápido e ocorre 
melhor perfusão intestinal, o que facilita a recuperação do paciente, quando se compara esse tipo de anestesia à 
anestesia geral. 
De um modo geral, portanto, os bloqueios regionais cursam com aumento do peristaltismo intestinal. É por este 
motivo que, em algumas cirurgias intestinais, alguns cirurgiões evitam o bloqueio regional (exceto para aquelas 
situações denominadas de incipientes, como apendicectomia).
FISIOLGIA GENITURINÁRIA
A inervação simpática renal tem sua origem nos segmentos T10 a L1 da medula espinhal. Mantendo-se níveis 
pressóricos sistólicos maiores que 80mmHg, a filtração glomerular não se altera.
Contudo, os rins são os órgãos que mais sofrem com a diminuição da pressão arterial, que pode chegar a 
50mmHg, diminuindo, de forma importante, a taxa de filtração glomerular. Devido a isso, pacientes de idade avançada 
podem apresentar quadros de isquemia renal e, posteriormente, insuficiência renal.
FISIOLOGIA ENDOCRINOMETABÓLICA
A anestesia subaracnóidea inibe a resposta metabólica ao estresse cirúrgico, havendo diminuição na liberação 
de catecolaminas, cortisol, insulina, hormônios de crescimento e tireóide-estimulantes, renina, aldosterona e glicose em 
consequência da incisão cutânea.
Importante mesmo é a diminuição de catecolaminas endógenas pelo paciente, o que é um fator de proteção para 
o mesmo. Tal proteção é decorrente do bloqueio da informação aferente, desencadeador da resposta ao estresse.
TERMORREGULAÇÃO
A hipotermia perioperatória moderada está associada com aumento da incidência de isquemia miocárdica, 
morbidade cardíaca, infecção na ferida operatória, perda sanguínea, etc. As técnicas de anestesia geral alteram a 
homeostase da temperatura corporal em grau semelhante.
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Fisiologicamente, h‡ trˆs mecanismos capazes de causar hipotermia central: (1) redistribui†ƒo do calor central ‰ 
periferia em razƒo da vasodilata†ƒo provocada pelo bloqueio simp‡tico; (2) perda da capacidade termorreguladora 
consequente ‰ impossibilidade de tremer e de contrair vasos perifricos (devido ‰ anestesia subaracn€ide); (3) perda da 
vasoconstric†ƒo termorregulat€ria abaixo do n‚vel bloqueado simp‡tico.
FARMACOLOGIA
A distribui†ƒo das solu†Žes no LCR, representada pela altura e dura†ƒo do bloqueio, a partir de determinada 
dose de anestsico local, depende de vari‡veis individuais e, por isso, pode nƒo ser previs‚vel.
 Fatores relacionados ao LCR: aumento da pressƒo liqu€rica; diminui†ƒo do volume liqu€rico.
 Fatores relacionados ‰ solu†ƒo injetada: volume injetado; baricidade; temperatura; concentra†ƒo do anestsico.
 Fatores relacionados com a tcnica de inje†ƒo: n‚vel da inje†ƒo; posi†ƒo do paciente; dire†ƒo da agulha; 
velocidade de inje†ƒo.
 Fatores relacionados com o paciente: caracter‚sticas antropomtricas; idade; peso; extensƒo da coluna vertebral.
T‚CNICA PARA ANESTESIA SUBARACNIDEA
PREPARAÇÃO DO PACIENTE
A consulta pr-anestsica permite a escolha da tcnica anestsica mais adequada ao ato operat€rio, valorizando 
dados cl‚nicos e laboratoriais do paciente, tipo de interven†ƒo cir“rgica e sua dura†ƒo.
Ap€s a entrada do paciente no ambiente operat€rio, procede-se a monitoriza†ƒo necess‡ria e a pun†ƒo venosa 
perifrica. Os materiais e medicamentos para reanima†ƒo cardiorrespirat€ria e cerebral devem estar presentes e 
checados, bem como os f‡rmacos necess‡rios ao tratamento das repercussŽes fisiol€gicas.
ESCOLHA DO MATERIAL
Antes do posicionamento para o bloqueio, todo o material para a pun†ƒo 
subaracn€idea deve estar pronto, visando ‰ qualidade da tcnica e maior conforto do 
paciente.
 Agulhas de raquianestesia: sƒo v‡rios os tipos de agulha utilizadas na 
anestesia subaracn€idea, diferindo por seu calibre e forma do bisel. As 
agulhas de Greene e Quincke possuem pontas biseladas com lados 
cortantes. As agulhas de Whitacre e Sprotte possuem bisel em “ponta de 
l‡pis”, com orif‚cio para fora da ponta da agulha. Estas requerem mais for†a 
para serem inseridas do que as de ponta cortante, porm fornecemmaior 
sensibilidade t‡til na passagem dos tecidos at o espa†o subaracn€ideo. A 
numera†ƒo das agulhas utiliza a escala britnica de gauge (G), que leva em 
considera†ƒo o seu dimetro externo: quanto maior o G, menor o dimetro 
externo, menor a incidˆncia de cefalia e mais facilmente a agulha se 
deforma ‰ introdu†ƒo nos tecidos.
 Microcateteres para anestesia contínua: a introdu†ƒo de um cateter no 
espa†o subaracn€ideo acrescenta as vantagens da anestesia subaracn€idea 
a possibilidade de doses repetidas e extensƒo no n‚vel e dura†ƒo do 
bloqueio. Trˆs tipos de cateteres foram usados no decorrer do tempo: os 
mesmos usados para anestesia peridural cont‚nua, os microcateteres e os 
cateteres montados por fora da agulha.
REALIZAÇÃO DA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA
A anestesia subaracn€idea deve ser realizada em condi†Žes de assepsia rigorosa como toda anestesia regional.
O local da pun†ƒo deve ser submetido ‰ solu†ƒo anti-sptica 3 minutos antes da inje†ƒo da agulha, devendo-se remover 
o excesso para evitar meningite qu‚mica.
O bloqueio pode ser realizado nas posi†Žes sentada, em dec“bito lateral ou ventral.
 Posi†ƒo sentada: o paciente  colocado na borda da mesa, com os ps repousando sobre um suporte e, se 
poss‚vel, com os joelhos flexionados. Tem sua cabe†a flexionada sobre o peito, corrigindo lordose de coluna, 
para que haja abertura dos espa†os interespinhosos. Œ a posi†ƒo mais adequada para pacientes obesos, 
gestantes e em bloqueios baixos.
 Dec“bito lateral: o lado  escolhido em fun†ƒo do local da interven†ƒo e da densidade da solu†ƒo anestsica. 
Essa posi†ƒo, de certa forma, diminui as lipot‚mias que ocorrem com maior frequˆncia com o paciente sentado. 
A coluna  entƒo flexionada para melhor abertura dos espa†os intercostais.
 Dec“bito ventral:  pouco empregada, colocando-se a mesa cir“rgica em posi†ƒo de prona em canivete, para 
diminui†ƒo da concavidade lombar. A vantagem dessa posi†ƒo  permitir a realiza†ƒo do ato cir“rgico sem 
movimentar o paciente ap€s a indu†ƒo do bloqueio.
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Para administração do anestésico, podemos adotar várias vias de abordagem do espaço subaracnóideo. Para 
todas elas, a punção lombar deve ser praticada habitualmente nos espaços L2-L3, L3-L4 ou L4-L5. As vias são as 
seguintes:
 A via mediana é a mais utilizada. A agulha é introduzida no plano sagital mediano, a fim de evitar o plexo 
venoso peridural, entre dois processos espinhosos, perpendicular à pele e em direção ligeiramente ascendente. 
Com sua progressão, temos: pele, TCSC, lig. Supra e interespinhoso, ligamento amarelo (momento em que se é 
possível perceber a passagem da agulha), espaço peridural e dura-máter e aracnóide. É possível perceber um 
pequeno refluxo de LCR pela agulha, confirmando seu correto posicionamento.
 A via de acesso paramediana minimiza as taxas de falhas da abordagem mediana, não necessitando de flexão 
da coluna e sendo adequada nas situações de deformidades, calcificações na linha mediana e para pacientes 
com vícios posturais anômalos. A punção é feita com cerca de 1 a 2 cm da linha mediana, em direção ao grande 
eixo da coluna, com uma inclinação medial de 10 a 15 graus. Após penetrar na pele e TCSC, atravessa a 
musculatura paravertebral e atinge o ligamento amarelo na linha mediana. Em caso de contato ósseo, a direção 
da agulha deve ser orientada cefalicamente até que se encontre o ligamento amarelo.
Quanto as particularidades de administração por via subaracnóidea, os anestésicos locais agem essencialmente 
sobre as raízes raquidianas e sobre as estruturas da superfície da medula espinhal. Em ambos os níveis, promovem 
interrupção temporária da condução nervosa quando se utilizam concentrações e doses efetivas. A sequência do 
bloqueio anestésico compreende, após a injeção do anestésico local no espaço subaracnóideo, a difusão no LCR (capaz 
de diminuir rapidamente sua concentração e absorção) e absorção de parte do anestésico pela membrana.
Os anestésicos locais são bases fracas pouco solúveis e instáveis. O seu local de ação é exclusivamente 
espinhal, sem haver migração cefálica extensa devido ao pequeno volume empregado e à sua lipossolubilidade elevada. 
Os anestésicos locais mais utilizados são lidocaína, bupivacaína e ropivacaína.
INDICAÇÕES
Não há indicação absoluta para o uso da técnica de anestesia subaracnóidea. Porém, as vantagens de utilização 
da raquianestesia (facilidade de execução, bom bloqueio motor e relaxamento abdominal, latência curta, bloqueio de 
resposta ao estresse cirúrgico, diminuição da perda sanguínea transoperatória, etc.) tornam a técnica indispensável na 
prática anestésica moderna.
 Pediatria: a anestesia subaracnóidea é bem aceita neste grupo de pacientes, associando-se às técnicas de 
sedação para facilitação de punção lombar.
 Pacientes ambulatoriais: o fato de ser capaz de diminuir a incidência de complicações foi fundamental para o 
incremento do seu uso em pacientes ambulatoriais, tornando-a apropriada para reparo de hérnias abdominais e 
cirurgias de joelho e pé.
 Obstetrícia: os relatos de alta incidência de cefaléias pós-punção da dura-máter em parturientes desencorajam 
muitos anestesiologistas a adotar a raquianestesia como técnica de eleição nesse grupo de pacientes até 
meados dos anos 80. Contudo, o desenvolvimento de agulhas finas e descartáveis reduziu as complicações 
para valores aceitáveis entre essas pacientes. Em relação à anestesia peridural, a raquianestesia para cesáreas 
apresenta como vantagens a simplicidade de identificação do espaço subaracnóideo e a rapidez do início de 
ação. Além disso, o uso de pequenas quantidades de anestésicos locais reduz a toxicidade nos sistemas 
cardiovasculares e nervoso central, diminuindo a exposição materno-fetal. A utilização de opióides na 
raquianestesia para controle da dor pós-operatória permite deambulação precoce (em razão da ausência do 
bloqueio motor), amamentação nas primeiras horas e maior contato mãe-filho. No entanto, a anestesia geral 
balanceada pode ser utilizada, sobretudo nas contra-indicações da anestesia espinal, como recusa da paciente, 
hipovolemia, sepse, cardiopatia descompensada, coma, discrasia, deformidade da coluna, processo inflamatório 
no local de punção, etc. Para a indução desta anestesia geral, faz-se necessário o uso concomitante e 
balanceado da anestesia inalatória e venosa complementar
 Técnica contínua: pode ser recomendada para cirurgia em pacientes idosos, no estado hemodinâmico instável e 
quando a peridural é tecnicamente difícil. A principal vantagem é o controle do nível, intensidade e duração da 
anestesia.
 Cirurgia cardíaca: o uso de anestesia regional à anestesia geral em cirurgias cardíacas já foi descrito em vários 
estudos. Os benefícios desta técnica incluem analgesia adequada no pós-operatório, com extubação precoce, 
controle da pressão arterial sanguínea e atenuação do aumento das taxas de troponina sérica.
 Diminuição na morbimortalidade de pacientes cirúrgicos de alto-risco
 Extensão na analgesia pós-operatória
 Terapia da dor aguda ou não
 Baixo custo
 Diminuição das complicações (avanços tecnológicos)
Arlindo Ugulino Netto – ANESTESIOLOGIA – MEDICINA P5 – 2009.2
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CONTRA-INDICAÇÕES
A única contra-indicação absoluta para a anestesia subaracnóidea é a recusa do paciente. Contudo, entre as 
condições que merecem ser analisadas, encontram-se:
 Hipovolemia, pelo risco de hipotensão arterial sistêmica;
 Hipertensão craniana, pelo risco de herniação cerebral pelo forame magno após perda de LCR pela agulha;
 Coagulopatia ou trombocitopenia: por maior risco de hematoma peridural;
 Sepse, pelo risco de meningite; 
 Infecção no sítio de punção;
 Recusa do paciente (contra-indicação absoluta).
COMPLICAÇÕES
 Complicações neurológicas como acidentes medulares mecânicos por trauma direto,como as lesões de 
estruturas osteoligamentares e nervosas. É comum o aparecimento de parestesias no membro da punção, 
causado pelo contato da agulha com a raiz nervosa.
 Lesões de estruturas osteoligamentares, causando lombalgia.
 Fístula liquórica e cefaléia pós-anestésica. A cefaléia resulta da perda de LCR através do orifício na dura-máter 
criado após sua punção. A intensidade da cefaléia está diretamente ligada ao tamanho da fístula liquórica. O 
gradiente de pressão entre os espaços subaracnóideo e peridural, em torno de 40 a 50 cmH2O em posição 
sentada, prova perda de LCR proprocional ao diâmetro do orifício e à pressão hidrostática. As diminuições do 
volume de LCR e da pressão intratecal, secundárias à perda, são responsáveis por tracionar as estruturas 
cefálicas contra a base do crânio quando o paciente está em posição ortostática. Ocorre então tração dos 
folhetos meníngeos e das estruturas vasculares, originando os fenômenos dolorosos. A cefaléia é incrementada 
por uma vasodilatação reflexa local, visando restaurar o volume intracraniano. Esta cefaléia é intensa, bifrontal e 
occipital, podendo irradiar-se para o pescoço e ombros. Agrava-se com ortostatismo, posição sentada e 
defecação, aliviando em posição supina, característica diagnóstico deste tipo de cefaléia.
 Aparecimento de hematoma intracerebral por tração vascular secundária a uma fístula liquórica.
 Complicações infecciosas como meningite séptica, abscesso peridural ou na medula espinhal que podem ocorrer 
após punção descuidada.
 Síndrome da cauda equina: dor e disestesia em nádegas e pernas, dor lombar baixa associada.
 Hematomas compressivos espinhais, causando dor intensa do tipo radicular e paraparesia com incontinência 
dos esfíncteres.
OBS8: Esta cefaléia pós-punção pode ser amenizada ou até mesmo evitada realizando uma manobra simples: ao se 
inclinar a agulha para baixo, formando com o plano paramediano um ângulo agudo (de 15 a 30 graus), observa-se que a 
perfuração da dura-máter vai ocorrer em um plano ligeiramente mais baixo do que a perfuração da aracnóide. Ao se 
retirar a agulha, tem-se a formação de um mecanismo valvular que diminui a fístula liquórica e, consequentemente, 
diminui a perda do LCR. Além disso, a inserção do bisel da agulha feita paralelamente às fibras da dura-máter parece
facilitar o fechamento da meninge. A agulha deve ser mais fina e menos romba.
OBS9: No mais, o tratamento disponível da cefaléia pós-punção consiste em repouso em decúbito, hidratação, 
analgésicos, cafeína, cloridrato de tiaprida, ansiolíticos, injeção peridural de cristalóides, etc. No caso de fracasso dessas 
modalidades de tratamento, podemos utilizar tampão sanguíneo (blood patch) por via peridural. Para isso, faz-se a 
injeção de 10 a 15 mL de sangue autólogo na altura da punção anterior. Seu uso causa oclusão do orifício da dura-
máter, com interrupção da perda do LCR, e a simultânea diminuição do espaço subaracnóideo pela expansão do espaço 
peridural.
Em conclusão, entre todas as técnicas anestésicas, a anestesia subaracnóidea consegue encantar por sua 
simplicidade, guardando grande eficiência. A associação de opióides e outras substâncias adjuvantes vem ampliando as 
possibilidades da prática clínica cotidiana do anestesiologista.

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