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O TECIDO NERVOSO

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O TECIDO NERVOSO
Introdução
Conquanto as células sejam as unidades estruturais e as unidades funcionais do corpo humano, as células de um organismo multicelular complexo são tão particularizadas, que não trabalham independentemente. Os tecidos são agrupamentos de células idênticas que exercem papéis específicos. Os diversos tipos de tecidos são determinados durante o começo do desenvolvimento embrionário. Quando o embrião se forma, constituem-se os órgãos a partir de organizações específicas de tecidos. Muitos órgãos adultos, inclusive o coração, o encéfalo e os músculos, abrangem as células originais e os tecidos que se compuseram antes do nascimento, mesmo que algumas alterações funcionais aconteçam nos tecidos, quando os hormônios agem sobre eles, ou quando reduz a eficiência com a idade.
Os tecidos do corpo são classificados em quatro tipos fundamentais com base na estrutura e na função: o tecido epitelial, que forra as superfícies do corpo, as cavidades do corpo, os ductos, e forma as glândulas; o tecido conjuntivo que liga, sustenta e protege as partes do corpo; o tecido muscular que se contrai para produzir movimentos; e o tecido nervoso que principia e transmite impulsos nervosos de uma parte do corpo humano para outra.
O tecido nervoso incide tão somente em dois tipos de células: os neurônios e as neuróglias. Os neurônios são as unidades fundamentais do processo da informação, sendo especializados na condução de impulsos nervosos. Os neurônios adequam a maioria das funções exclusivas do SN, como por exemplo, sentir, pensar, lembrar, controlar a atividade muscular e regular as secreções glandulares. A neuróglia (glia=cola) suporta, nutre, protege os neurônios, e mantém a homeostase no líquido intersticial que banha os neurônios. As neuróglias são em torno de cinco vezes mais numerosas que os neurônios, e têm limitada capacidade mitótica.
A atividade mitótica de neurônios se completa durante o desenvolvimento pré-natal. Mas, evidências atuais sugerem que em determinadas condições pode existir limitada atividade mitótica de neurônios em áreas isoladas do mesencéfalo na idade adulta. Em sua maior parte as pessoas nascem com todos os neurônios que eles ou elas são capazes de gerar. Entretanto, os neurônios prosseguem crescendo e se especializando, depois que as pessoas nascem, especialmente nos primeiros anos de vida pós-natal.
Visão geral dos neurônios
O neurônio apresenta: o corpo celular, ou pericário, que é a parte que abrange o núcleo, e todos os seus processos; o axônio; e os dendritos. Os nomes impostos aos neurônios foram indicados em razão do seu tamanho, da sua forma, do seu aspecto, do seu papel funcional ou suposto descobridor, como por exemplo, a célula de Purkinje, do cerebelo. O tamanho e a forma dos corpos celulares são bastante variáveis. O diâmetro do corpo celular pode variar de quatro micrometros, como por exemplo, a célula granular do cerebelo a 125 micrometros, como por exemplo, o neurônio motor da medula espinal.
Os neurônios podem exibir forma piramidal, forma ampuliforme, forma estrelada ou forma granular. Uma peculiaridade adicional desses corpos celulares é o número de organização de seus processos. Alguns neurônios têm poucos dendritos, enquanto outros apresentam numerosas projeções de dendritos. Com exceção de dois tipos celulares, designada célula amácrina, sem axônio, como por exemplo, os neurônios da retina e as células granulares do bulbo olfatório, todos os neurônios têm pelo menos um axônio e um ou mais dendritos.
Organelas e Componentes            
O corpo celular
O corpo celular é uma estrutura aproximadamente esférica na parte central do neurônio. O corpo celular de um neurônio típico tem aproximadamente 20 micrometros de diâmetro. O fluido aquoso no interior da célula, designado de citosol, é uma solução salgada, rica em potássio e separada do meio externo pela membrana do neurônio. Dentro do corpo celular, uma enorme quantidade de estruturas membranosas é coletivamente designada de organelas.
O corpo celular de um neurônio abrange as mesmas organelas presentes nas demais células animais. As mais relevantes são: o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso, o retículo endoplasmático liso, o aparelho de Golgi, as mitocôndrias, os lisossomas, os peroxissomas, o citoesqueleto. Todos os componentes presentes no interior da membrana do neurônio, abrangendo as organelas, porém excluindo o núcleo, são designados coletivamente como citoplasma.
Membrana do neurônio
A membrana do neurônio serve como uma barreira para demarcar internamente o citoplasma, e excluir certas substâncias presentes no meio que banha os neurônios. A membrana do neurônio apresenta cinco nanômetros de espessura, e está carregada de proteínas. Uma relevante peculiaridade dos neurônios é que a composição proteica da membrana do neurônio varia dependendo da região da célula: do corpo celular, dos dendritos, ou do axônio.
Núcleo
Tipicamente o núcleo é amplo e vesiculado com um proeminente nucléolo, no qual o elemento sexual pode ser nitidamente aparente. O núcleo é demarcado no citoplasma por uma camada dupla de membrana unitária, designada de envelope nuclear. Essa membrana unitária é perfurada por poros nucleares, por meio dos quais volumosas macromoléculas sintetizadas passam para o citoplasma. O núcleo contém o DNA na forma de genes que, junto com algumas proteínas, abrangem os 46 cromossomos do ser humano.
O nucléolo proeminente no interior do núcleo de um neurônio é uma máquina elaboradora de ribossomos, composta grandemente por RNA e proteína, juntamente com algum DNA. O nucléolo é bem desenvolvido nas células, como por exemplo, os neurônios, que são ativos na síntese de proteína.
Retículo endoplasmático rugoso e liso
Próximo ao núcleo localiza-se um acúmulo de estruturas membranosas pontilhadas por pequenas unidades densas e globulares, designadas de ribossomos, que medem aproximadamente 25 nanômetros de diâmetro. As pilhas são designadas de retículo endoplasmático rugoso. Esses conjuntos de estruturas e os ribossomos se manifestam ao microscópio óptico como manchas basófilas difundidas pelo citoplasma, designados corpúsculos de Nissl.
Lesões do neurônio ou irritação gerada por estímulos espaçados ocasionam diminuição ou desaparecimento dos corpúsculos de Nissl, ou cromatólise, acompanhada por deslocamento do núcleo para a periferia. Estímulos moderados podem ocasionar a elevação da quantidade de RNA.
A quantidade de retículo endoplasmático rugoso varia conforme o tipo e o estado funcional dos neurônios, sendo mais numerosos, nos maiores, especialmente nos neurônios motores. Do mesmo modo, o retículo endoplasmático rugoso é mais numeroso nos neurônios do que na neuróglia, ou em outras células não neuronais. O retículo endoplasmático rugoso é o maior sítio de síntese proteica nos neurônios.
O restante do citosol do corpo celular do neurônio está farto de pilhas de organelas membranosas que se assemelham ao retículo endoplasmático rugoso, mas sem os ribossomos, tanto que uma destas estruturas é designada retículo endoplasmático liso. O retículo endoplasmático liso é o local em que os triglicerídeos, o colesterol e os esteroides são sintetizados.
Aparelho de Golgi
Originalmente deparado em neurônios, é um sistema excessivamente desenvolvido em vesículas achatadas e pequenas vesículas agranulares ovais e/ou esféricas. Admite-se que o aparelho de Golgi, seja a região da célula que acolhe os produtos da síntese de substância dos corpúsculos de Nissl para possibilitar atividade sintética adicional. A área de Golgi é considerada o local onde os carboidratos são ligados às proteínas na síntese de glicoproteínas. As pequenas vesículas oriundas dessa organela podem ser a fonte de vesículas sinápticas com o seu conteúdo, localizadas nas terminações axônicas.
Mitocôndrias
Outra organela muito numerosa é a mitocôndria. Nos neurônios, estas organelas medem aproximadamente um micrometro de comprimento. Localiza-se em pequenas quantidades nos dendritos e nos axônios, são um poucomais numerosas no corpo celular, e estão presentes em grande quantidade no telodendro, onde contêm mediadores químicos, relacionados com a transposição dos impulsos nervosos célula a célula.
Além do mais, as mitocôndrias agem como usinas elétricas das células. É a fundamental fonte de energia para cada célula. A energia, a água e o dióxido de carbono são os produtos da respiração celular e da atividade enzimática, especialmente de carboidratos e, em menor grau de aminoácidos e gorduras. A energia liberada da oxidação dos alimentos é convertida para energia ligada a fosfato, como a adenosina trifosfato. A energia ligada à adenosina trifosfato é vital para inúmeros processos celulares. Os neurônios, distintamente da maioria das células, não tem capacidade para conter glicogênio como fonte de energia. Em consequência, dependem da glicose e do oxigênio circulantes para conseguir energia. A glicose é a substância usada por sistemas enzimáticos mitocondriais de neurônios para a geração aeróbica de adenosina trifosfato, pois os neurônios não usam a gordura como substrato para o processo de geração anaeróbica de adenosina trifosfato. Isso esclarece porque perdemos a consciência se a irrigação de sangue para o cérebro for obstruída por um pequeno período.
Lisossomas            
Os lisossomas são as vesículas ligadas à membrana que agem como um sistema digestório intracelular. Abrangem uma abundância de enzimas hidrolíticas que digerem e degradam substâncias, que se formam dentro e fora do neurônio. As enzimas hidrolíticas e a membrana dos lisossomas são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso e, a seguir, transferidas para o aparelho de Golgi para que sejam mais processadas. Depois de sair do aparelho de Golgi, esses produtos são transportados pelas vesículas para os lisossomas. O material digerido abrange muitos componentes celulares, como por exemplo, os receptores e as membranas, alguns dos quais podem ser reciclados.
Peroxissomas
Os peroxissomas são organelas que funcionam para desintoxicar, junto com a enzima catalase, hidrolisando o peróxido de hidrogênio e, assim, protegendo o neurônio dessa substância química.
Citoesqueleto
Cada neurônio abrange inúmeras organelas fibrilares designadas: neurotúbulos ou microtúbulos, com aproximadamente 20 a 25 nanômetros de diâmetro; neurofilamentos ou microfilamentos, com cerca de dez nanômetros de diâmetro; microfilamentos de actina, com oito nanômetros de diâmetro. Comparando a membrana do neurônio com a tenda de um circo, a qual está apoiada por amarras internas, estas estruturas são o citoesqueleto, e são elas que dão o desenho típico dos neurônios. Todavia, o citoesqueleto não é estático. Pelo contrário, os componentes do citoesqueleto são regulados de uma maneira muito dinâmica e estão em constante movimento.
Dendritos
Dendritos (G.) déndron (=árvore).
Em geral, são curtos, de alguns micrômetros a alguns milímetros de comprimento, ramificados, à maneira de galhos de uma árvore. Podem oferecer os mesmos componentes citoplasmáticos do corpo celular. No entanto, não existe aparelho de Golgi, corpúsculos de Nissl estão presentes, exceto nos dendritos mais finos. Neurofilamentos de dez nanômetros e microtúbulos de 24 nanômetros são também encontrados, porém em menor número do que os axônios. Os dendritos são especializados em acolher estímulos, traduzindo-os em mudanças de potencial de repouso das membranas. Tais modificações compreendem a entrada e a saída de certos íons e podem expressar-se por pequena despolarização ou hiperpolarização. Os dendritos têm “espinhas” que servem como ponto de contatos sinápticos.
Axônios
Axônios (G.) áxon (=eixo).
A grande maioria dos neurônios apresenta um axônio longo e fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal, em uma região designada de cone de implantação. O cone de implantação atua como o segmento inicial do axônio propriamente dito.
O axônio possui comprimento muito variável, dependendo do tipo de neurônio, podendo ter, na espécie humana, de alguns milímetros a mais de um metro.
Os axônios podem ser mielínicos ou amielínicos. Em ambos, os casos, contudo, são embainhados por células de suporte: as células de Schwann no SNP, e os oligodendrócitos no SNC. A bainha de mielina é descontínua nas extremidades distais de cada célula, as células de Schwann ou dos oligodendrócitos, compreendida no processo de embainhamento. A área descontínua entre as células é designada como nodo de Ranvier, e forma o local de canais de sódio dependente de voltagem, e outras modificações iônicas abrangidas na condução do impulso nervoso. As bainhas de mielina atuam como isolantes elétricos. A mielina é um composto lipoprotéico, formada de um número variável de firmes películas da membrana do neurônio em torno dos axônios.
Duas marcantes propriedades diferenciam o axônio do corpo celular: não apresenta retículo endoplasmático rugoso e os ribossomos livres, quando presentes, são raros; a composição proteica da membrana do axônio é fundamentalmente diferente daquela presente na membrana do corpo celular. Estas desigualdades funcionais se refletem nas dessemelhanças funcionais, pois, se inexistem ribossomos, não há síntese proteica no axônio. Isto significa que toda proteína presente no axônio teve de ser sintetizada no corpo celular. E são estas proteínas diferentes que estão presentes na membrana do axônio, possibilitando que ele funcione como um “fio de telégrafo”, o qual envia informações à longa distância.
Cada neurônio apresenta tão somente um axônio, mas cada axônio normalmente apresenta vários ramos designados colaterais. Um axônio e seus colaterais acabam por ramos finos separados entre si, designados telodendro. A extremidade distal de cada telodendro se expande no interior de pequenas estruturas em forma de bulbo, designadas de terminação axônicas. Nas terminações axônicas são armazenadas substâncias químicas, designadas de neurotransmissores. As moléculas dos neurotransmissores liberadas pelas terminações axônicas constituem o meio de comunicação em uma sinapse.
Alguns neurônios, entretanto, especializam-se em secreção. Seus axônios terminam próximos a capilares sanguíneos que captam o produto de secreção liberado, em geral um polipeptídio. Os neurônios desse tipo são designados de neurossecretores, e ocorre na região do cérebro, designada de hipotálamo.
No SNC, há certa segregação dos corpos celulares dos neurônios e dos seus prolongamentos. Isso faz com que sejam reconhecidas no encéfalo e na medula espinal duas porções distintas, designadas de substância branca e de substância cinzenta. A substância cinzenta é assim designada porque mostra essa coloração quando observada macroscopicamente. É formada, sobretudo por corpos celulares dos neurônios e células da glia, contendo também prolongamentos de neurônios. A substância branca não contém corpos celulares de neurônios, sendo constituída por prolongamentos de neurônios, e por células da neuróglia. Seu nome origina-se da presença de grande quantidade de um material esbranquiçado, a mielina, que envolve os prolongamentos dos neurônios, os axônios.
Classificação dos neurônios
Os neurônios têm a propriedade de responder a alteração do meio em que se encontram, com modificações da diferença de potencial elétrico que existe entre as superfícies externa e interna da membrana do neurônio, e designado de potencial de membrana. As células que exibem essa propriedade são: os neurônios, as fibras musculares e de algumas glândulas, são ditas excitáveis. Os neurônios que reagem prontamente aos estímulos, e a modificação do potencial elétrico podem restringir-se ao local do estímulo ou propagar-se ao restante da célula, por meio da membrana do neurônio. Essa propagação constitui o que se designa de impulso nervoso, cuja função é transmitir informações a outros neurônios, aos músculos ou as glândulas. Os impulsos nervosos oriundos no corpo celular do neurônio propagam-se por meio do axônio, enquanto os dendritos transmitem os impulsos em direção ao corpocelular.
Os axônios e os dendritos em conjunto são designados neuritos. Eles formam o neurópilo.
Os neurônios podem ser classificados de acordo com a sua forma e a sua função. Dependendo do número de neuritos, distinguem-se: os neurônios multipolares, com muitos dendritos se estendem a partir de todo o corpo do neurônio. Os neurônios multipolares são encontrados, dentre outros locais, no corno anterior da medula espinal, nas células de Purkinje no córtex do cerebelo, e nas células piramidais no córtex do telencéfalo.
Outro tipo de neurônio classificado quanto à forma são os neurônios bipolares, que possuem um dendrito e um axônio, e estão presentes na retina, no epitélio olfatório, em gânglios dos nervos cranianos, e na orelha interna. Já os neurônios pseudounipolares, são os que apresentam um axônio dendrítico e desenvolve-se durante o período fetal, de um neurônio bipolar. Os neurônios pseudounipolares encontram-se no gânglio espinal e nos gânglios sensitivos do nervo trigêmeo, do nervo facial, do nervo glossofaríngeo, e do nervo vago. Por fim, os neurônios unipolares, que aparecem raramente em vertebrados. São encontrados, principalmente durante a embriogênese.
De acordo com sua função, os neurônios são classificados em: neurônios sensitivos, que conduzem impulsos aferentes para o SNC e no interior deste; e os neurônios eferentes, que conduzem impulsos do SNC para o órgão efetor periférico.
Outro tipo de neurônio classificado quanto à função é o neurônio de projeção, que transmitem estímulos por distâncias longas e intermediárias. Trata-se de neurônios multipolares, também designados de neurônios Golgi-I, que possuem um longo axônio. O neurônio motor primário é um neurônio de projeção.
Já os interneurônios servem a conexões locais. Estes neurônios Golgi-II multipolares possuem axônios curtos. Por fim, as células neuroendócrinas, que são neurônios com a capacidade de síntese e de secreção de hormônios.
Sinapses
As sinapses são pontos de transmissão descontínua de estímulos de um neurônio para outro, ou para um órgão efetuador. Nas sinapses, as membranas dos dois neurônios ficam separadas por um espaço de 20 nanômetros, a fenda sináptica, embora estejam firmemente aderidas entre si, em alguns casos, verificou-se a existência de filamentos densos formando uma ponte entre elas. No local da sinapse, as membranas são designadas de pós-sináptica, ou seja, do dendrito, do corpo celular, axônio ou célula efetuadora e pré-sináptica, do telodendro.
Portanto, as sinapses foram classificadas por suas associações estruturais como: axo-axônica, axônio com axônio; axo-dendrítica, axônio com dendrito; axossomática, axônio com corpo celular; dendro-dendrítica, dendrito com dendrito; e a neuromuscular, axônio com fibra muscular.
Quanto à forma e ao modo de funcionamento, reconhecem-se dois tipos de sinapses: as sinapses elétricas e as sinapses químicas.
Sinapses elétricas
Possuem nos locais de contato junções comunicantes, as gap junctions. Estas junções possibilitam a passagem de íons de uma célula para outra, promovendo, assim, uma conexão elétrica e a transmissão de impulsos. As sinapses elétricas são raras nos mamíferos, sendo mais encontradas nos vertebrados inferiores e nos invertebrados.
Sinapses químicas
A grande maioria das sinapses interneuronais, e todas as sinapses neuroefetuadoras são sinapses químicas, ou seja, a comunicação entre os elementos em contato depende da liberação de substâncias químicas, designadas neurotransmissores.
As sinapses químicas são classificadas de acordo com variados critérios: de acordo com o efeito excitatório, despolarizante; ou o efeito inibitório, hiperpolarizante. Distinguem-se: as sinapses excitatórias, são frequentemente sinapses assimétricas, devido às condensações irregulares da membrana no lado pós-sináptico; as sinapses inibitórias, são sinapses simétricas, possuem condensações regulares.
De acordo com o transmissor distinguem-se as sinapses colinérgicas, a acetilcolina; as adrenérgicas, a adrenalina e a noradrenalina; as peptidérgicas, os neuropeptídios; as GABAérgicas, as gamma-amino butyric acid; e as glicinérgicas. As sinapses colinérgicas e as sinapses adrenérgicas são as sinapses “clássicas”, mas representam somente 15% de todas as sinapses.
Além disso, distinguem-se as sinapses neuromusculares. A sinapse neuromuscular, também designada de junção neuromuscular, de junção mioneural, ou de placa neural é uma sinapse entre uma terminação axônica motora e a parte subjacente da fibra muscular.
Neuromoduladores nas sinapses químicas
É importante ressaltar que em diversas sinapses, certas outras substâncias que não os essenciais neurotransmissores, são expelidos pela membrana pré-sináptica na fenda sináptica. Tais substâncias são aptas de modular e alterar o papel do neurônio pós-sináptico, e são designados de neuromoduladores.
Ação dos neuromoduladores
Os neuromoduladores podem conviver com o neurotransmissor essencial em uma mesma sinapse. Geralmente, porém nem sempre, os neuromoduladores são encontrados em vesículas pré-sinápticas distintas. À medida que à liberação na fenda sináptica, os neurotransmissores essenciais apresentam resultado instantâneo na membrana pós-sináptica, os neuromoduladores à liberação na fenda não apresentam resultado direto na membrana pós-sináptica. Em vista disso, os neuromediadores elevam, estendem, bloqueiam ou limitam o resultado do neurotransmissor essencial na membrana pós-sináptica. Os neuromoduladores agem por meio de um sistema de segundo mensageiro, na maior parte dos casos, através de um transdutor molecular, como por exemplo, a uma proteína G, e modificam a resposta do receptor ao neurotransmissor. Em determinada região do SN, diversos neurônios aferentes distintos podem desprender vários neuromoduladores que atingem o neurônio pós-sináptico. Essa disposição pode ocasionar uma enorme abundância de respostas, conforme a participação dos neurônios aferentes.
Neuróglias no SNC e no SNP
Tanto no SNC como no SNP, os neurônios relacionam-se com células coletivamente designadas de neuróglia, de glia ou de gliócitos. São as células mais frequentes do tecido nervoso, podendo a proporção entre neurônios e neuróglias variar de 1:10 a 1:50. Em comparação aos neurônios, à neuróglia não produz, nem conduz impulsos nervosos, e pode multiplicar-se e dividir-se no SN maduro.
Neuróglia do SNC
No SNC, a neuróglia compreende: os astrócitos, os oligodendrócitos, a micróglia e um tipo de glia com disposição epitelial, as células ependimárias.
Astrócitos
(G.) astron (=estrela); (G.) kytos (=vaso oco).
Suas características são: semelhante a uma estrela; neuróglias mais numerosas no encéfalo; maior neuróglia, aproximadamente 40 micrometros; há dois tipos, os astrócitos protoplasmáticos, localizados na substância cinzenta, e os astrócitos fibrosos, encontrados na substância branca; os astrócitos protoplasmáticos apresentam prolongamentos mais espessos, curtos que se ramificam profusamente; os astrócitos fibrosos são finos, longos, e ramificam-se relativamente pouco; e os astrócitos fibrosos apresentam expansões designadas como pés vasculares, que se apoiam em capilares sanguíneos.
Entre as funções dos astrócitos encontra-se: a manutenção da constância no meio interno do SNC, por meio da ingestão de metabólitos neuronais; a participação na estrutura da barreira hematoencefálica; a fagocitose de células mortas; a cicatrização no SNC, como por exemplo, após infarto cerebral, em caso de esclerose múltipla; a formação e o intercâmbio do glutamato; e a sustentação e o isolamento de neurônios.
Oligodendrócitos
(G.) oligo (=pouco); (G.) dendron (=árvore); (G.) glia (=cola).
Suas características são: aproximadamente 30 micrometros; menores que os astrócitos, possuindo poucos prolongamentos, que também podem formar pés vasculares.
Entre as funções dos oligodendrócitos encontra-se: a produção das bainhas de mielina que servem de isolantes elétricos para os neurônios do SNC. Um único oligodendrócito contribui para a formação damielina de vários axônios.
Micróglia
(G.) mikros (=pequeno); (G.) glia (=cola).
Diferentemente de outros neurônios e outras neuróglias, é de origem mesodérmica, e aparece precocemente durante o desenvolvimento do SNC. Apresentam 15 a 20 micrometros. São células pequenas e alongadas que possuem poucos prolongamentos.
Entre as funções das micróglias encontra-se: a apresentação de antígenos; a fagocitose; a mobilidade ameboide; e as secreções de citocinas e de fatores de crescimento.
Células ependimárias
(G.) ependyma (=roupa de cima).
Suas características são: células cuboides ou prismáticas que forram, como epitélio de revestimento simples, as paredes dos ventrículos encefálicos, do aqueduto do mesencéfalo e do canal da medula espinal; e nos ventrículos encefálicos, um tipo de célula ependimária modificada recobre tufos de tecido conjuntivo, rico em capilares sanguíneos, que se projetam da pia-máter, constituindo os plexos corióideos, responsáveis pela formação do líquido cerebrospinal.
Entre as funções das células ependimárias encontra-se: a regulação das trocas entre o líquido cerebrospinal dentro dos ventrículos encefálicos, e no canal da medula espinal através de movimentos ciliares; a sugestão de que as células ependimárias também apresentariam um papel absortivo, crê-se que as células ependimárias carregam substâncias químicas do líquido cerebrospinal para a hipófise; o desempenho na administração da produção de hormônios pelo lobo anterior da hipófise.
Neuróglia no SNP
A neuróglia periférica compreende as células satélites, ou anfícitos; e as células de Schwann, oriundas da crista neural. Assim, as células satélites envolvem corpos celulares dos neurônios, dos gânglios sensitivos, e do SNA; as células de Schwann circundam os axônios, formando os seus envoltórios, quais sejam, a bainha de mielina e o neurilema. Cada célula de Schwann mieliniza apenas um único axônio.
Correlações anatomoclínicas
A plasticidade neuronal pode ser definida como sendo a capacidade cerebral de alterar funcionalmente e morfologicamente as estruturas em resposta a experiências, as drogas, os hormônios e as lesões. Habilidades para aprender, recordar, e esquecer também ocorre em decorrência destas alterações, cuja função é de caráter adaptativo dos organismos. Os mecanismos pelos quais ocorrem os fenômenos de plasticidade podem incluir modificações sinápticas do receptor, da membrana e as neuroquímicas.
As modificações sinápticas neuroquímicas, também designadas de fatores neurotróficos, possuem um papel-chave nos fenômenos de plasticidade, sendo caracterizadas como uma classe de moléculas que agem para dar apoio ao crescimento e à diferenciação nos neurônios em desenvolvimento. Os fatores neurotróficos são produzidos em grandes quantidades no cérebro, tanto pelos neurônios quanto pela neuróglia, e podem afetar os neurônios, regulando seu crescimento e proporcionando um padrão adequado das conexões entre as células neurais.
Existem cinco tipos de neuroplasticidade: a regeneração, a plasticidade axônica, a dendrítica, a somática e a sináptica. Quando o SN sofre uma lesão estrutural ou funcional, este experimenta mudanças no intuito de restaurar estas lesões. Hoje em dia, sabe-se que a plasticidade neural, sob a forma de regeneração, ocorre principalmente no SNP, tendo em vista que a plasticidade neural é facilitada por um ambiente favorável composto por mielina que, por sua vez, é produzida pelas células de Schwann, o qual orienta o crescimento axonal.
Outra situação está relacionada com as correlações anatomoclínicas é a raiva, que é uma virose do SNC. A transmissão ocorre pela mordida de um animal contaminado. O vírus encontra-se na saliva do animal contaminado e, após a mordida, prossegue para o SNC mediante do transporte dos axônios em nervos sensitivos e em nervos motores. O período de incubação está correlatado com a extensão do nervo periférico comprometido. Quanto mais distante o nervo periférico, maior será o tempo do período de incubação. No herpes simples e no herpes-zoster, também doenças virais, comprometem o transporte dos axônios para alastrar-se a distintas partes do corpo humano. Crê-se que o transporte dos axônios também compartilhe da proliferação do vírus da poliomielite, do canal alimentar para as células motoras das colunas anteriores da substância cinzenta da medula espinal e do tronco encefálico.
Não se deve deslembrar que o SN é formado de vários tipos distintos de tecidos. Portanto, os tumores atingem o SN. No SNC existem os neurônios, as neuróglias, os vasos de sangue e as meninges, e no SNP existe o tecido conjuntivo. O neuroblastoma acontece em união à glândula suprarrenal; é excessivamente maligno, e afetam indivíduos do nascimento ao início da puberdade. O ganglioneuroma acontece na medula da glândula suprarrenal, ou nos gânglios simpáticos; é benigno, e afetam tanto as crianças como os adultos. O feocromocitoma acontece na medula da glândula suprarrenal; usualmente é benigno, e gera hipertensão arterial, pois libera a noradrenalina e a adrenalina.
Os tumores da neuróglia correspondem por 40% a 50% dos tumores intracranianos. São designados de gliomas. Os tumores de astrócitos são os mais frequentemente achados, e abrangem os astrocitomas e os glioblastomas. À exceção dos ependimomas, os tumores da neuróglia são profundamente invasivos. Isso explana o impedimento em conseguir excisão cirúrgica completa, e a enorme probabilidade de repetição após cirurgia. Outro aspecto é que à medida que impregnam, esses tumores o cometem sem intervir no papel dos neurônios vizinhos. De modo consequente, o tumor com constância é muito maior do que os sintomas e os sinais físicos indicam.
Como o SNC apresenta números crescentes de neurotransmissores descobertos, o local do seu sítio de ação aumentou a probabilidade de que determinadas doenças sejam alteradas pela administração de drogas específicas. Na coreia de Huntington, como por exemplo, existe privação de neurônios que usam GABAérgicas e acetilcolina como transmissores. As GABAérgicas são inábeis de cruzar a barreira hematoencefálica, porém a fisostigmina, um inibidor da colinesterase, a cruza, e a sua utilização ofereceu alguma evolução do distúrbio.
Outro exemplo é o glutamato, que tem dado enorme atenção em virtude ao seu envolvimento potencial na patogênese das lesões neuronais ocasionadas por hipóxia-anoxia, ou em algumas doenças neurodegenerativas progressivas, como por exemplo, a esclerose lateral amiotrófica, onde ocorre um acúmulo de glutamato no corpo do neurônio o que motiva a sua degeneração.
Algumas doenças neurovegetativas caracterizam-se pela envoltura relativamente seletiva de um grupo de neurônios. Na doença de Alzheimer, as bases histológica e fisiopatológica se fundamentam na depleção de acetilcolina, pela diminuição da atividade da enzima colina-acetiltransferase, e dos receptores nicotínicos de acetilcolina. Outros neurotransmissores estão envolvidos, tanto na gênese quanto na apresentação clínica da doença de Alzheimer, dentre eles se sobressaem a serotonina, a noradrenalina e a dopamina.
Na doença de Parkinson, os neurônios dopaminérgicos do encéfalo degeneram vagarosamente, e acabam morrendo. A base orgânica da doença de Parkinson é a perda neuronal de células dopaminérgicas da substância negra ao corpo estriado. Essas aferências utilizam o neurotransmissor, a dopamina, que normalmente promove a alça motora diretas, ativando células no putame.
Em relação ao edema cerebral, que é um distúrbio clínico muito frequente que pode incidir traumatismos cranianos, infecções cerebrais, ou tumores. O edema cerebral pode ser definido como aumento anormal do conteúdo de água dos tecidos do SNC. Têm três formas de edema cerebral: o vasogênico, o citotóxico e o intersticial.
O edema vasogênico é o modo mais frequente, e sucede do acúmulo de líquido tecidual no espaço extracelular posteriormente à lesão das paredes dos capilares vasculares, ou da formação de novos capilares sem a barreira hematoencefálica inteiramenteorganizada.
O edema citotóxico emana do acúmulo de líquido dentro das células do tecido nervoso, dos neurônios e das neuróglias, procedendo em tumefação celular. O fator pode ser tóxico ou metabólico, e determina deficiência do mecanismo de bomba de ATP-sódio da membrana celular.
O edema intersticial acontece na hidrocefalia obstrutiva, quando o aumento da pressão de líquido cerebrospinal força o líquido além do sistema ventricular, e por dentro do espaço extracelular.
Dois elementos anatômicos devem ser incessantemente notados no edema cerebral: o volume do encéfalo é restringido pelo crânio circundante e o líquido tecidual é drenado, especialmente para os seios venosos por meio das veias cerebrais porque não existe drenagem linfática.

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