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Atribuições do Analista, do Técnico e do Assessor Judiciário Estudo Dirigido Referência: MASSAD, Carlos Eduardo. Atribuições do assessor jurídico, do analista judiciário e do técnico judiciário. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2017. Olá, prezado aluno. O estudo dirigido é um pequeno resumo de alguns dos temas que podem ser cobrados nas avaliações da disciplina. Por se tratar de um resumo, ele é apenas um complemento. Estude pelas videoaulas, textos e demais materiais disponibilizados a você, de acordo com a Rotina de Estudos entregue na fase. Sumário Introdução ............................................................................................................... 2 ( 1 ) Servidores Públicos e Áreas de Atuação ...................................................... 2 ( 2 ) Analistas Judiciários ..................................................................................... 3 ( 3 ) Técnicos Judiciários ..................................................................................... 4 ( 4 ) Assessores Jurídicos ..................................................................................... 4 ( 5 ) Ingresso nas carreiras ................................................................................... 5 ( 6 ) Assessoramento de juízes, desembargadores e Ministros ............................ 6 ( 7 ) Normas dos Tribunais .................................................................................. 7 ( 8 ) Atendimento ao Público ............................................................................... 7 ( 9 ) Ética ............................................................................................................ 11 ( 10 ) Documentos Oficiais ............................................................................... 12 ( 11 ) Pesquisa de Doutrina e jurisprudência .................................................... 12 ( 12 ) Responsabilidade, crimes e penas — Servidor público, atenção! .......... 15 2 Introdução A Lei Maior do nosso País, a Constituição —, em seu art. 125, diz que os Tribunais têm grande autonomia para regular suas peculiaridades, com normas próprias em especial com lei estadual de organização judiciária. Além dela, portarias dos juízos, regulamentos dos tribunais, decretos estaduais, com toda a infinidade normativa que nosso país permite. Por isso, em nossos exemplos de aula, é impossível tratar de todos os temas conforme a regulamentação de cada estado! A obra elenca apenas alguns estados como exemplo, mas eles são muito úteis ao seu estudo, porque a regulamentação é parecida nas diversas unidades federativas. Os Tribunais (órgãos nos quais trabalham os assessores jurídicos, os analistas judiciários e os técnicos judiciários) têm muitas semelhanças em sua organização, pelo menos no que trata a nossa disciplina. Isso porque muitos requisitos de ingresso nas carreiras são estabelecidos em lei federal, e também porque as necessidades de trabalho entre um estado e outro são, em geral, parecidas. Pode mudar o número de servidores que auxiliam nos gabinetes de um desembargador na Bahia e no o número de servidores junto a um desembargador em Natal, porém, as qualificações exigidas e os editais de concurso tendem a ser parecidos nas exigências. E lembramos que este estudo é apenas um suplemento! Tenha foco também em tudo que já viu até o momento e ainda irá aprender nas rotas de aprendizagem e videoaulas. ( 1 ) Servidores Públicos e Áreas de Atuação Os servidores muitas vezes atuam em estruturas chamadas de gabinetes. O gabinete consiste em uma estrutura física onde estão fixados, num local de trabalho, os desembargadores, procuradores de justiça, juízes, promotores, e seus respectivos servidores, entre os quais o assessor. Assim, o gabinete é o local de trabalho de juízes, promotores e outros membros do Poder Judiciário, portanto, ali são realizadas quase todas as funções exercidas nessas carreiras: elaboração de peças jurídicas, decisões, despachos; Art. 125. Os estados organizarão sua justiça, observados os princípios estabelecidos nesta constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na constituição do estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do tribunal de justiça. (Constituição) 3 arquivamento e organização de documentos; triagem de processos, verificação de prazos. Cada integrante do gabinete deve saber realizar todos os serviços dali, até mesmo para que a ausência de um não prejudique o trabalho como um todo. A estrutura dos gabinetes dos magistrados, em especial, de primeiro grau, varia muito de acordo com a comarca e a vara em que atuam. A estrutura e o número de funcionários disponibilizados deve ser proporcional ao número de feitos que tramitam. Sobre o termo “assessoramento”, saiba que ele não se aplica apenas ao assessor! Assessorar é prestar assistência, e tanto os técnicos quanto os analistas judiciários prestam, também, atividades de assessoramento à atividade judiciária, ao conferir prazos de processos, numerar os autos, arquivar e organizar documentos, triar processos, entre outras atividades mais ou menos complexas. Essas atividades são, claro, de assessoramento, e fazê-las permite que o juiz tenha autos mais organizados em mãos, prontos para a atividade que lhe é exclusiva, como presidir audiências de instrução e de colheita de provas e decidir processos! Vamos lá! ( 2 ) Analistas Judiciários O analista judiciário, servidor de nível superior, auxilia em sua área de formação. O analista e outros servidores cuja formação seja jurídica podem auxiliar na elaboração dessas peças, sempre com a supervisão do magistrado com quem atuam. Assim, o analista judiciário pode atuar no assessoramento de juízes e promotores de justiça, podendo inclusive ser chamado para ocupar o cargo de assessor. Apesar de o analista judiciário ter um cargo bastante reconhecido, ele não precisa estar sempre envolvido em funções estritamente técnicas, elaborando peças jurídicas em um gabinete apertado ou, se for área não-jurídica, escrevendo pareceres e estudando casos apresentados. O analista não precisa estar sempre envolvido em funções estritamente técnicas: nada impede que um analista judiciário com formação jurídica atenda ao público, e isso não é nenhum demérito! Pelo contrário, o contato com pessoas é estimulante e necessário, tanto por parte do usuário do serviço público, que quer ser bem atendido, quanto para quem atende, que aprende a ARTE DA CONVIVÊNCIA. Atender ao público é uma virtude. Nenhum cargo, por mais “elevado” que seja, pode ignorar seu público. 4 ( 3 ) Técnicos Judiciários No assessoramento de juízes de primeiro grau, analistas e técnicos judiciários contribuirão para que os julgadores tenham condições de resolver o maior número possível de conflitos. As tarefas que podem ser praticadas para que o técnico judiciário auxilie no andamento de processos são inúmeras: conferir prazos de processos, numerar os autos, arquivar e organizar documentos, triar processos. Assim, os processos tramitam mais rapidamente e o julgador pode ter mais tempo para se dedicar ao julgamento em si. Também pode realizar a autuação, cada vez mais rara com a adoção progressiva do processo eletrônico. A autuação consiste, basicamente, em colocar uma capa sobre a petição, na qual será lavrado um termo que deve conter o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro nos assentos do cartório, os nomes das partes e a data do seu início. Algumas atividades cotidianas de um processo são muitas vezes realizadas pelo técnico judiciário— sem prejuízo de que outros servidores o façam. Veja algumas: Juntada: é o ato pelo qual se certifica o ingresso de uma petição ou documento nos autos. Vista: é o ato de se franquear os autos à parte para que o advogado se manifeste. Conclusão: é o ato pelo qual se certifica o encaminhamento dos autos ao juiz, para alguma ou providência ou decisão. Recebimento: é o ato que documenta o momento em que os autos voltaram a cartório após uma vista ou conclusão. ( 4 ) Assessores Jurídicos O assessor jurídico precisa ter formação em curso superior de Direito. Fazem parte das tarefas dos assessores jurídicos: facilitar a tramitação processual; subsidiar na elaboração de sentença, minutas de decisões interlocutórias e despachos; elaborar relatórios e termos de acordo; arquivamento e organização de documentos; triagem de processos, verificação de prazos; participação em audiências. Enfim, atividades do cotidiano jurídico das autoridades forenses.1 Mas atenção! 1 “Forense” quer dizer “de fórum”, isto é, às atividades praticadas nos fóruns e, de maneira ampla, no âmbito do Poder Judiciário de forma geral. 5 Quem pode fazer a sentença é o juiz togado, ou seja, concursado, conforme a legislação brasileira! O assessor não pode, por si só, proferir a sentença; o que ele faz é elaborar uma proposta ou minuta de sentença! Quem profere a sentença é o magistrado. E o primeiro passo na elaboração uma peça jurídica é estudar profundamente o processo para entender o que querem as partes e avaliar qual a medida a ser tomada. Os assessores jurídicos trabalham normalmente nos gabinetes, elaborando propostas de decisão, de voto, de parecer, dependendo do trabalho que prestam e para qual servidor (juiz, desembargadores, promotor de justiça). Essas atividades dependem da existência de um processo judicial. Você já parou para pensar como funciona um processo judicial? O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial; isto é, o interessado procura o Judiciário com a demanda (iniciativa da parte, que protocola a petição inicial) e o magistrado faz o processo se desenvolver (impulso oficial). Os servidores públicos não ficam estagnados no lugar em que chegaram após o concurso, mas se desenvolvem em classes e padrões, com desenvolvimento que pode se dar por promoção e por progressão. ( 5 ) Ingresso nas carreiras Você já deve estar cansado de saber, porém, não é demais frisar! Para ingressar nas carreiras judiciárias da União, via de regra, é necessário passar em concurso público! E, claro, isso vale para qualquer cargo público: federal, estadual, distrital ou municipal. É preciso ser aprovado em concurso público dentro das vagas ofertadas e satisfazer os requisitos legais e as regras do edital. Assim diz a Constituição, em seu art. 37, inciso II: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”. “Concurso é espécie do gênero prova de habilitação. É a prova de habilitação para a escolha dos melhores.” (MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1969. p. 398.) Assim, segundo Mello, o concurso público é destinado a escolher os melhores. Lembremos que há reserva de vagas legalmente estabelecidas. Por exemplo, pessoas com deficiência (PCDs) e afrodescedentes. Assim, o resultado das provas e títulos no concurso público não é absoluto, havendo esse outro critério na seleção. 6 Por falar em reserva de vagas, conhecidas como “cotas”, veja esta matéria de 2015 para mostrar a aplicação do instituto: CNJ FIXA COTA DE 20% PARA NEGROS EM CONCURSO DE JUIZ E SERVIDOR DE TRIBUNAIS (09/06/2015) A medida tem efeito para o ingresso na carreira de magistratura em todos os tribunais do país e terá validade até 2024 [...]. O STF (Supremo Tribunal Federal) e o CNJ já adotam a cota para o preenchimento de vagas para servidores. As cadeiras de ministros e desembargadores não serão afetadas porque são preenchidas por indicação ou promoção na carreira. [...] (Leia mais em: FALCÃO, Márcio. Folha Online. <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/06/1639980- cnj-fixa-cota-de-20-para-negros-em-concurso-para-juiz-e-servidores-dos-tribunais.shtml>. Acesso em: 25 abr. 2018.) Afora os concursos públicos, outra forma de ingresso na Administração Pública é por meio de cargos em comissão, em que os servidores são nomeados e exonerados ad nutum, ou seja, sem a necessidade de justificação. Nesse caso, não há reserva de vagas, até porque não há processo seletivo. Para cada um dos cargos, diferentes são os requisitos. O técnico judiciário deve ter concluído o ensino médio ou curso técnico equivalente. Para ser analista judiciário, é preciso ter formação em curso superior, podendo ser em diferentes cursos. O assessor jurídico precisa ter formação em curso superior de Direito. ( 6 ) Assessoramento de juízes, desembargadores e Ministros O assessor jurídico pode trabalhar em todas as instâncias do Poder Judiciário, com juízes (primeiro grau), desembargadores (segundo grau) e ministros (instâncias Mesmo com nota que, a princípio, o permita ficar dentro das vagas em concurso público, candidato que não se enquadra nas cotas pode não ser aprovado em razão da reserva de vagas. 7 superiores). De igual modo, os técnicos e analistas estarão em todas as instâncias, nos cartórios judiciais da 1ª e 2ª instâncias (perante juízes e desembargadores) e instâncias superiores (tribunais superiores). Isto é, o ocupante de cada cargo poderá atuar em qualquer instância! Depende, apenas, da regulamentação de cada estado da federação, que pode limitar, por exemplo, que técnicos trabalharão apenas no 1º grau etc. O trabalho realizado por pelo assessor jurídico é essencialmente no gabinete dos membros do Judiciário e Ministério Público. Suas funções são, de acordo com o órgão em que trabalha, elaborar minutas de despachos, decisões, denúncias, pareceres, decisões monocráticas, relatórios e propostas de voto. Já quanto à tarefa dos demais servidores, no assessoramento de juízes de primeiro grau, analistas e técnicos judiciários propiciarão que os julgadores tenham condições de resolver o maior número possível de conflitos. ( 7 ) Normas dos Tribunais Os tribunais têm certa autonomia para regular seu funcionamento. Todas as leis do país, e todas as normas infralegais, precisam obedecer à Lei Maior, à Constituição. A Constituição não teria espaço para regulamentar, minuciosamente, todos os detalhes sobre todos os assuntos que ela trata, por isso algumas normas mais específicas ficam a cargo de outros entes. Uma dessas espécies de normas é o regimento, que cada Tribunal pode elaborar. Os tribunais podem criar seus próprios regimentos. O regimento é o ato pelo qual os órgãos estabelecem normas sobre seu funcionamento interno. A base constitucional é o art. 96, I, “a” da Constituição. Em regra, cada Tribunal tem competência para regulamentar seu próprio funcionamento. Assim, se há uma norma que diz que no Tribunal de Justiça da Bahia os processos devem ser numerados sempre pelo chefe de secretaria, essa norma não vem do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e sim do próprio Tribunal de Justiça da Bahia, que pode definir suas normas específicas! ( 8 ) Atendimento ao Público O servidor público deve ser cordial e prestar a informação de forma precisa, clarae simples, principalmente levando em consideração que a pessoa que busca atendimento pode não dominar a linguagem técnico-jurídica. Outras qualidades no atendimento que podemos citar, são assiduidade e pontualidade, sem esquecer de: 8 Desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular. Exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário. Ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social. Tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público. Conhecer a história, a estrutura, os serviços da instituição para a qual trabalha, para estar mais preparado para atender a qualquer que pedir ajuda. Há outros pontos a serem observados no atendimento: O atendimento ao público é, muitas vezes, o primeiro contato entre o cidadão e a justiça, razão por que é um serviço de extrema importância a ser realizado por todos os servidores do Poder Judiciário. 9 LINGUAGEM — A linguagem utilizada deve prezar por transmitir a informação de forma precisa, simples e clara, levando em consideração que a pessoa que busca atendimento pode não dominar a linguagem técnico-jurídica. Isso porque importa buscar a solução do problema, e não mostrar seus conhecimentos linguísticos. Não adianta o servidor querer se fazer entender utilizando a linguagem do seu mundo, se essa linguagem não é apropriada no mundo do outro. HORÁRIO DE ATENDIMENTO — Se, em algum dia, o serviço não for prestado regularmente, ou para atender em horários incomuns, temos o plantão judiciário. O plantão judiciário é o atendimento em horário diferenciado e dias sem atendimento normal (feriados, recessos, finais de semana), para suprir casos de necessidade ou urgência. É sabido que os usuários que compõem o público do atendimento do Poder Judiciário são as partes, os advogados, os peritos, os oficiais de justiça. Primeiramente, a qualidade de um bom atendimento ao público fundamenta-se na prestação da informação correta, cortesia do atendimento e em um atendimento qualificado. Desta forma, o aprimoramento da qualidade do atendimento ao usuário está sendo cada vez mais uma constante preocupação das repartições judiciárias, pois um serviço inadequado tem consequências indesejáveis. Sabe uma boa estratégia para melhorar o atendimento? É buscando experiências externas! É necessário investigar as experiências bem- sucedidas e tentar aplicá-las na realidade da administração pública! Pesquisar e, se for o caso, implantar estratégias aplicadas com sucesso em outros lugares — técnica conhecida como benchmarking. Das qualidades no atendimento ao público, algumas conhecemos, outras são menos conhecidas. Benchmarking (termo advindo do marketing): processo de avaliação da empresa em relação à concorrência, por meio do qual incorpora os melhores desempenhos de outras firmas e/ou aperfeiçoa os seus próprios métodos. 10 0 Entre outras qualidades, o servidor público deve se pautar pela objetividade. Objetividade é, como o próprio nome diz, ser objetivo, prestando as informações corretas de forma clara e educada, sim, mas também breve, sucinta e precisa. A objetividade contribui para que mais pessoas possam ser atendidas porque, se não se importar com o tempo, as filas aumentarão e provavelmente será necessário inclusive ter mais pessoas contratadas apenas para atender ao balcão. Já a padronização é uma qualidade esperada em qualquer empresa, e mais ainda do serviço público. A padronização implica que deve-se atender bem a todos, sem distinção de aparência, classe social ou qualquer espécie de diferenciação. Empatia é outra qualidade importante. A empatia é, basicamente, colocar- se no lugar do outro, aperceber-se de suas necessidades e, assim, portar-se de acordo com o que necessita aquela determinada pessoa que está à sua frente. A discrição faz parte da vida profissional do servidor público, no sentido de não alardear o conhecimento que tem sobre sua atividade, mesmo que não sejam fatos acobertados por sigilo ou segredo de justiça. Discrição “Não te abras com teu amigo Que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo Possui amigos também...” (Mário Quintana). Lembremos também que um ambiente de trabalho organizado faz parte do bom atendimento, pois este pode ser prejudicado pela desorganização; por exemplo, se o computador não funciona corretamente, ou se há uma busca incessante para encontrar uma caneta ou o livro de protocolo. Conforme norma do CNJ,2 “Os órgãos administrativos e judiciais do Poder Judiciário devem garantir às pessoas naturais e jurídicas o direito de acesso à informação, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.” 2 Acesse a resolução 215/2015 do CNJ: http://www.cnj.jus.br/busca-atos- adm?documento=3062. 11 1 Sabemos que, pelas inúmeras demandas que existem no judiciário, os profissionais deixam de cumprir muitas das obrigações para as quais foram contratados, acumulando atividades e prejudicando a qualidade do serviço junto aos usuários do serviço público. Os principais indicativos da perda de qualidade no serviço de atendimento ao público pelos servidores públicos, por exemplo, nos cartórios judiciais das varas e serventias, são a longa espera pelo usuário e a descortesia dos atendentes na prestação de informações. ( 9 ) Ética A ética trata de valores que devem ser aplicados pelos seres humanos, sem exclusão de homem algum. É necessário que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na eficiência dos serviços públicos. Devemos sempre ter em mente que os servidores públicos são profissionais que possuem um vínculo de trabalho profissional com órgãos e entidades do governo. O ideal seria que os seres humanos fossem sempre éticos, mas não é o que acontece. Na falta de se ter ética no sangue, temos as leis. As leis podem criar normas de conduta a serem seguidas pelos servidores públicos. Também podem proibir atos antiéticos e penalizar servidores que agem em desacordo com a lei. Assim, as leis e a ética têm correlação: a lei expressa a conduta ideal a ser seguida (ética) e muitas vezes prevê sanções para quem não a seguir. As leis possuem sanções e mecanismos que penalizam servidores públicos que agem em desacordo com suas atividades. O sigilo processual é um ponto forte a necessitar da ética. Os processos são públicos, não é mesmo? Mas não todos! Alguns processos, determinados em lei, tramitam sob segredo de justiça, porque a intimidade às vezes é um valor mais forte do que a publicidade. Esses processos são determinados no art. 189 do Código de Processo Civil: “Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; 12 2 IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.” O que demanda essa proteção do segredo de justiça, restringindo a publicidade, é sempre a proteção de um interesse, como a segurança pública, a intimidade, ou a proteção de crianças e adolescentes. Lembre-se: ( 10 ) Documentos Oficiais Entre as técnicas utilizadas para redação de documentos oficiais, sabemos que os pronomes de tratamento empregados para as autoridades são padronizadas pelo Manual de Redação da Presidência da República. Outras técnicas devem ser conhecidas por quem redigirá documentos oficiais. Por exemplo, os documentos oficiais devem ser concisos: em poucas palavras, sem excessos. A clareza também é importante nos atos do Poder Judiciário e nos atos da Administração Pública em geral. Ao contrário do que alguns podem pensar, ser claro não significa usar linguagem pobre. Ao mesmo tempo em que devem ser claros, os atos devem fazer uso do padrão culto, seguindo rigorosamente as normas da língua portuguesa. A linguagem é uma ferramenta incrível na vida do ser humano, em todas as áreas que se possa imaginar. Mesmo sozinho, o homem usa a linguagem em seu processo de pensamento. As características que pautam a redação de documentos oficiais são: uso da língua portuguesa, impessoalidade, padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. ( 11 ) Pesquisa de Doutrina e jurisprudência Técnicos judiciários, se tiverem formação jurídica, e mesmo estagiários de curso superior, além dos analistas judiciários e assessores jurídicos, podem realizar uma tarefa premente no Poder Judiciário: pesquisa de doutrina e jurisprudência. É necessário que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na eficiência dos serviços públicos. 13 3 Em termos gerais, vamos lá, entender os dois assuntos, pois doutrina e jurisprudência fazem parte da vida de um estudante da área jurídica e da parajurídica. Por doutrina entende-se o conjunto de princípios, ideias e ensinamentos de autores e juristas. Já Jurisprudência pode ser definida como o posicionamento do judiciário com relação à aplicação do direito aos casos concretos. Doutrina é uma ferramenta de peso. Por meio da doutrina, é possível o estudo aprofundado de normas e princípios, bem como a atualização dos conceitos e institutos. A doutrina jurídica se caracteriza pela especialização dos temas, organizando as matérias pela divisão dos diversos ramos da ciência jurídica: Direito Constitucional, Direito Trabalhista, Direito Penal etc. O trabalho dos doutrinadores auxilia, entre outras coisas, a suprir as lacunas da lei, isto é, auxilia na analogia legal.3 Exemplo de emprego do termo doutrina: STJ: Estupro de vulnerável pode ser caracterizado mesmo sem contato físico Para a 5ª turma, a contemplação lasciva configura o ato libidinoso, sendo irrelevante que haja contato entre agressor e vítima. — Quinta-feira, 4 de agosto de 2016. [...] No recurso em HC interposto, a defesa do acusado alegou que a denúncia é inepta, e, portanto, o réu deveria ser absolvido. Para o defensor, não é possível caracterizar um estupro consumado sem contato físico entre as pessoas. Em seu voto, acompanhado pelos demais ministros da turma, o relator do processo, ministro Joel Ilan Paciornik, disse que no caso analisado o contato físico é irrelevante para a caracterização do delito. Para o magistrado, a denúncia é legítima e tem fundamentação jurídica de acordo com a doutrina atual. "A maior parte da doutrina penalista pátria orienta no sentido de que a contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos artigos 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido.” [...] Fonte: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI243382,31047- STJ+Estupro+de+vulneravel+pode+ser+caracterizado+mesmo+sem+contato. (Destacou-se.) 3 Analogia legal: o trabalho do estudioso concentrado nas lacunas da lei. (MASSAD, Carlos Eduardo. Atribuições do assessor jurídico, do analista judiciário e do técnico judiciário. Curitiba: InterSaberes, 2016. p. 129.) 14 4 Podemos encontrar a doutrina em várias fontes: I – Códigos Comentados. II – Votos / decisões jurídicas. III – Sites (jurídicos) / páginas da internet. IV – Livros. V – Revistas Científicas. Jurisprudência, por sua vez, pode ser definida como o posicionamento do judiciário com relação à aplicação do direito aos casos concretos, isto é, como o Poder Judiciário tem decidido sobre determinados assuntos. A primeira coisa que se vê, na pesquisa por jurisprudência, é o que chamamos de ementas, como esta: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - ATRASO NA ENTREGA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO DANO MORAL EFETIVO AO PATRIMÔNIO MORAL - NÃO CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO INDEVIDA. O sentimento de contrariedade ou a quebra da relação de confiança decorrente do atraso na entrega de mercadorias adquiridas, não acarretam, por si só, danos morais, se não houve a comprovação de dano efetivo ao patrimônio moral, aos atributos da personalidade, como in casu. (Tribunal de Justiça de Minas Gerais - TJ-MG - Apelação Cível 10439160057022001. Relator: Luciano Pinto; julgado em 12 de abril de 2018.) Uma ementa, exemplificada acima, é o resumo do que foi decidido no acórdão, de modo a facilitar a consulta aos posicionamentos das Turmas e Câmaras. Em alguns tribunais, ela é toda em letras maiúsculas e suas expressões não são separadas por travessão, mas por ponto. Independentemente disso, é uma síntese do que foi decidido. Quando você procura por decisões judiciais, encontrará especialmente duas espécies: sentenças e acórdãos. Sabe o que é cada um? Sentença: decisão de juiz monocrático que põe fim ao processo. Acórdão: decisão colegiada de um tribunal, que põe ou não fim ao processo. A jurisprudência tende a se alterar com o tempo. A doutrina e a jurisprudência, principalmente esta última, costumam mudar seu posicionamento com o decorrer do tempo. Doutrina e jurisprudência muitas vezes apresentam divergência, isto é, posicionamentos contrários. Isso normalmente ocorre em temas polêmicos e reflete a dificuldade em se firmar um entendimento sobre determinado assunto. 15 5 ( 12 ) Responsabilidade, crimes e penas — Servidor público, atenção! Estudamos aqui as atribuições do assessor, do analista e do técnico judiciário, e esses profissionais são o nosso foco. A responsabilidade, porém, é comum aos servidores públicos, pois respondem pelos danos causados com dolo ou culpa no exercício da profissão, podendo responder civil, penal e administrativamente. O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) também é um ponto comum nas diversas esferas do poder, portanto, seu estudo será mais do que proveitoso a todo servidor público ou quem queira conhecer de modo amplo o serviço público. Isso porque a apuração de responsabilidade de servidor público se dá mediante sindicância acusatória ou diretamente mediante processo administrativo disciplinar, quando se tem a materialidade e os indícios de autoria. A abertura da sindicância investigativa é para verificar se realmente ocorreram os fatos ilícitos e quem os praticou, para então se instaurar o processo administrativo disciplinar. Uma sindicância ou um PAD são instrumentos usadospara esclarecimento da verdade sobre os fatos. É garantida sempre a ampla defesa no processo administrativo. Quando tratamos do Procedimento do Processo Administrativo, ele tem início após a certeza dos fatos, em três fases: instauração, inquérito e julgamento. Para você apreender melhor essas 3 fases, observe o fluxograma abaixo, conhecendo o que há em cada uma: 16 6 Um PAD em suas 3 fases. Fonte: <http://www.copsia.ufu.br/sites/copsia.ufu.br/files/CGU-Etapas-do-PAD- Rito-Ordinario.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2018. 17 7 As penalidades possíveis estão descritas na Lei 8.112/90, art. 127. Os Servidores Públicos, entre eles os oficiais de justiça, estão sujeitos às seguintes penas disciplinares pelas faltas cometidas no exercício de suas funções: I – Repreensão; II - Multa; III - Suspensão; IV - Destituição de função; V - Demissão; VI - Cassação da aposentadoria ou disponibilidade. Que tenha bem servido ao complemento dos seus estudos! Gostou? Compartilhe conosco elogias, críticas e sugestões pelo ícone Tutoria. Seu feedback é muito importante! Desejamos sucesso! Antoine Youssef Kamel Coordenador adjunto do CST em Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais Penalidades que podem ser aplicadas ao servidor público (Lei 8.112/90) Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
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