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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
A disciplina apresenta a formação e o desenvolvimento do campo da educação, no contexto da análise da formação e desenvolvimento da modernidade e do capitalismo. Aborda o pensamento social clássico e contemporâneo, discutindo a intrínseca relação entre Educação, Sociedade e Cultura. Situa a análise social do processo e práticas educacionais como aspecto formativo e orientador na compreensão das circunstâncias, das ideias e de eventos marcantes que constituíram e constituem a época que vivemos.
AULA 1 - ANTROPOLOGIA E CULTURA
INTRODUÇÃO
Para explicar as diferenças entre as muitas sociedades e instituições, principalmente aquelas dos “povos exóticos”, a Antropologia desenvolveu uma metodologia própria baseada, inicialmente, em relatos e, posteriormente, em observação direta.
Para começar a pensar antropologicamente, é necessário que você conheça a definição de Homem.
Ao contrário dos outros animais, o ser humano elabora, compartilha e transmite cultura aos seus descendentes. Se os outros animais agem orientados pelos instintos, o animal humano ofusca os instintos através do desenvolvimento da cultura.
Outra definição importante é a de Cultura. Apesar de praticarem e transmitirem a cultura, nem sempre os seres humanos se esforçaram por defini-la e analisá-la.
De acordo com Lakatos e Marconi (1999):
Podemos inferir que a classificação mencionada acima é aceita em termos de senso comum, não tendo respaldo em nenhuma teoria científica que mereça credibilidade.
De acordo com Tomazi (2000), o primeiro a criar uma definição de cultura foi Edward Tylor (Inglaterra 1832 – 1917), ao
juntar na palavra inglesa culture os sentidos que, no final do século XVII e início do século XVIII, eram carregados pela palavra alemã kultur (Aspectos espirituais de uma comunidade.) e pela palavra francesa civilization (Realizações materiais de um povo.).
Para esse autor, em seu livro Primitive Culture de 1871, “Cultura ... tomada em seu sentido etnográfico amplo é o todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Definição de cultura, na concepção de Tylor, é aprendida e não transmitida geneticamente, esse aprendizado se dá por meio da comunicação e da linguagem. Fica explícita também a oposição entre natureza e cultura, sendo a cultura considerada superior à primeira.
A partir de então, Cultura tornou-se um conceito central na Antropologia e nas outras Ciências Sociais e, em decorrência disso, houve uma proliferação de definições. Num texto de 1952, intitulado Culture: a critical revew of concepts and definitions, A. L. Kroeber e C. Kluckhohn fizeram a análise de 160 definições em inglês concebidas por antropólogos, sociólogos, psicólogos, psiquiatras e outros.
TEORIA DA EVOLUÇÃO
No século XIX, o pensamento social foi muito influenciado pela Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin.
Vários foram os pensadores que viam nas sociedades um movimento semelhante ao observado nos organismos. Para esses estudiosos, a sociedade evoluiria, natural e necessariamente de um estágio primitivo (As sociedades ditas “simples”, como as indígenas do Brasil, as tribos africanas etc.), para um estágio avançado (As sociedades ditas complexas, ou seja, a Europa industrializada.).
O darwinismo social serviu, como justificativa para a intervenção europeia (colonialismo) em sociedades da África, Ásia, América e Oceania.
ETNIA X RAÇA (DEFINIÇÃO E LIMITAÇÕES DO TERMO PARA TRATAR A HUMANIDADE)
Os conceitos de raça e etnia são importantes, segundo Dias (2006), porque configuram agrupamentos humanos cuja identidade ocorre por suas características exteriores, sejam estas culturais (Modos de vida, de falar, hábitos e costumes etc.) ou ainda físicas ou hereditárias (Cor da pele, formato dos olhos, nariz, boca etc.). Isto favorece a identificação entre os membros, que se reconhecem como pertencentes a determinado grupo, ao mesmo tempo em que os diferencia de outros grupos.
DETERMINISMO
Existem doutrinas que afirmam que objetos e acontecimentos são e ocorrem de determinada maneira por serem regidos por leis ou forças que os fazem assim. Acredita-se que a possibilidade de escapar do determinismo é mínima ou nula. Podemos citar duas formas de determinismo:
Para os antropólogos essas doutrinas nada têm de correto, pois pode-se observar que uma das características da espécie humana (Segundo Laraia, o homem é um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias conquistou os mares. Tudo isso porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura (p. 24).) é a capacidade de romper as suas próprias limitações.
Etnocentrismo (“A crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo, a sua única expressão” (Laraia, p. 75).) é um fenômeno universal originado no fato de que o ser humano, ao enxergar o mundo através das lentes de sua Cultura (A cultura, segundo Ruth Benedict, citada por Roque Laraia, condiciona a visão de mundo do homem.), passa a considerar o seu modo de vida como o mais correto e mais natural.
RELATIVISMO CULTURAL
Existe uma tendência em abandonar os juízos de valor no que diz respeito às diferentes culturas. Não existe, em termos de cultura, nem melhor nem pior, nem mais nem menos, nem superior nem inferior. Os padrões de beleza, de justiça, de moralidade etc., são relativos à cultura na qual os indivíduos estão inseridos.
Existem diferenças no modo de pensar e de agir entre as diversas culturas que, segundo o relativismo cultural, devem ser respeitadas. Porém, muitas vezes essa posição tem sido encarada como descaso, apatia, em relação ao outro.
O topless, tratado como caso de polícia em Ipanema é amplamente praticado nas areias de Ibiza, na Espanha.
Achamos no mínimo estranho o costume das mulheres da Birmânia de colocar anéis metálicos para alongar os seus pescoços, mas consideramos normal aplicar próteses de silicone para aumentar certas partes do corpo.
MITOS
De acordo com Chauí (2004), o vocábulo tem sua origem na palavra grega mythos, derivada de dois verbos:
O mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe de três formas:
O mito aparece em todas as culturas. A seguir você terá mais informações sobre este tema.
Chauí (2004) afirma que o mito possui três funções:
FUNÇÃO EXPLICATIVA: Explica o presente por alguma ação passada cujos efeitos persistiram no tempo. Como exemplo, a autora cita a crença de que uma constelação existe porque no passado crianças fugitivas e famintas morreram na floresta e foram levadas ao céu por uma deusa que as transformou em estrelas.
FUNÇÃO ORGANIZATIVA: Organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de poder, de sexo, etc.), legitimando e garantindo a permanência de um sistema complexo de proibições e permissões.
FUNÇÃO COMPENSATÓRIA: Narra uma situação passada que é a negação do presente e que pode servir para compensar os homens de alguma perda ou para assegurar que um erro do passado foi corrigido no presente, oferecendo uma visão estabilizada e regularizada da natureza e da vida comunitária.
Segundo a autora, o mito tem caráter educativo porque, na narrativa, encontramos mensagens ou normas que acabam orientando os comportamentos necessários para a vida em grupo. 	
De acordo com Meksenas (2000), há um mito muito difundido entre alguns índios do Brasil, no qual a origem da noite é atribuída à atitude de um grupo que, não obedecendo às tradições do seu povo, quebrou um coco proibido. Dali fugiu a noite, escurecendo toda a mata. Os deuses, sentindo piedade dos demais índios, devolveram-lhes a claridade do dia, mas com a condição de que agora seria sempre intercalada com um período noturno, para que todos se lembrassem do ocorrido.Não nos preocupando em saber se realmente a existência da noite pode ser explicada por esse mito ou pela ideia científica do movimento do globo terrestre, o que importa é saber que esse mito acaba sendo educativo porque ele fixa uma norma social: os perigos que podem aparecer a um grupo quando não se respeitam certas tradições ou o cuidado que devemos ter com o desconhecido. (p. 21)
Apesar da nossa sociedade valorizar o pensamento científico, não podemos dizer que os mitos ficaram no passado. De acordo com Chauí, o pensamento conceitual e o pensamento mítico podem coexistir na mesma sociedade. Para ela, a predominância de uma ou outra forma do pensamento depende, de um lado, das tendências pessoais e da história de vida dos indivíduos e, de outro, do modo como uma sociedade ou uma cultura recorrem mais à uma do que à outra forma para interpretar a realidade, intervir no mundo e explicar-se a si mesma. (2004, p. 164)
RELIGIÃO
A religião é um vínculo entre o mundo profano (a natureza) e o mundo sagrado, isto é, a natureza habitada por divindades ou um mundo separado da natureza (Chauí, p. 253).
É importante destacar que a religiosidade é um fenômeno encontrado em todas as sociedades conhecidas até hoje.
Muitas religiões já existiram e diversas continuam existindo.
O antropólogo se interessa pelo papel da religião na sociedade, mas não é papel da antropologia fazer julgamentos de valor sobre o conteúdo das religiões.
Se a maioria das instituições sociais tem sua origem em necessidades materiais, a religião se dirige às indagações sobrenaturais do ser humano.
Portanto, a religião tem função explicativa como o mito. Ela fornece explanações, por exemplo, de como surgiram o mundo, a natureza, os animais e os homens. Ela possibilita uma certa estabilidade social ao gerar paz de espírito e segurança aos indivíduos. Além disso, fornece normas que garantem a sobrevivência social. Acreditar em seres dotados de poderes sobrenaturais inspira respeito, temor e veneração, fazendo com que os indivíduos cumpram as regras.
IDEOLOGIA
Segundo o Dicionário de Ciências Sociais (pág. 570):
D. Tracy (foi um filósofo,  político, soldado francês e líder da escola filosófica dos Ideólogos. Criou o termo idéologie (1801) no tempo da Revolução Francesa, com o significado de ciência das ideias, tomando-se ideias no sentido bem amplo de estados de consciência. Militar de carreira, aderiu à Revolução, destacando-se como deputado. Fez parte do grupo dos sensualistas, com orientação no pensamentos de Condorcet. Seus pensamentos republicanos entraram em conflito com os partidários de Bonaparte, que os acusaram de idéologues. ) foi o primeiro autor a fazer uso do termo no sentido de estudo das ideias, no final do século XVIII, sendo empregado da mesma forma por vários autores franceses, posteriormente, no século XIX. Ainda no século XIX, a palavra ideologia adquiriu conotação pejorativa, significando ideias abstratas e enganadoras.
A ideologia tem estreita ligação com a educação, pois alguns autores de influência marxista percebem a escola como um local onde se reproduzem as falsas consciências com o objetivo de manter o status quo.
AULA 2 - A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA SOCIAL
INTRODUÇÃO
A ciência, como forma de conhecer, explicar e transformar o mundo, é um fenômeno cultural. A nossa sociedade, como você deve perceber em seu dia a dia, estima o conhecimento científico porque este comprova os fatos de forma metódica e sistemática. Nesta aula, veremos desde quando e porque isso acontece.
A Sociologia, ciência bastante nova quando comparada a outras. A Sociologia apareceu como ciência autônoma no século XIX e, certamente, não surgiu a partir de mero capricho de pensadores que nada tinham a fazer. Vamos entender os motivos de seu surgimento e saber o que o chamado “Pai da Sociologia”, o intelectual francês Auguste Comte tem a ver com o lema da nossa bandeira: Ordem e Progresso.
SOCIOLOGIA: UMA NOVA CIÊNCIA
O ser humano é um animal que produz mitos, religiões, ideologias, enfim, cultura. Na tentativa de entender as coisas ao nosso redor, produzimos uma vasta gama de conhecimentos como o filosófico, o religioso, o de senso comum etc.
A sociedade ocidental produziu uma forma específica de explicar o mundo, chamada de ciência, ou seja, uma forma racional, objetiva, sistemática, metódica e refutável de formulação das leis que regem os fenômenos.
Na sociedade ocidental, a ciência é a principal forma de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito por pretender ser a única promotora e critério de verdade.
RENASCIMENTO
O Renascimento é o momento classificado por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo medieval e o mundo moderno urbano, burguês e comercial.
De acordo com Costa (2005), existiam diversas visões do Renascimento. Dentre elas, destacamos:
REFORMA PROTESTANTE
De acordo com Quintaneiro (2002), ao contestar a autoridade da Igreja como instância última na interpretação dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo com a divindade. Para esse autor:
RACIONALISMO
No século XVII, surge o Racionalismo e fortalece a ideia de que o homem produz a história e não a Divina providência. Essa concepção fundamentava a ideia de que a sociedade podia ser compreendida porque, ao contrário da natureza, ela é obra dos próprios indivíduos. O pensamento filosófico desse século contribuiu para a popularização do pensamento científico.
Segundo Francis Bacon, a Teologia perdeu o posto de norteadora do pensamento. A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. Os pensadores desse período defenderam, assim, o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade.
Segundo Martins (2001, p. 21):
É em meio a esse cenário de efervescência intelectual, política e social que observamos dois eventos históricos importantes, que também ficaram conhecidos como Revoluções Burguesas. São eles:
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
É um fenômeno histórico ocorrido na Inglaterra, por volta do meado do século XVIII, que trouxe profundas alterações no mundo do trabalho, desagregou a sociedade feudal, ao reordenar a sociedade rural e abolir a servidão, e consolidou a civilização capitalista. É nesse momento que nasce o proletariado, isto é, a classe dos trabalhadores livres assalariados, e se exacerbam os problemas urbanos.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Pode ser vista como a luta política da burguesia contra as classes que dominavam o mundo feudal, ou seja, a monarquia absolutista e a Igreja Católica.
A burguesia, que já tinha o poder econômico, queria um Estado que assegurasse sua autonomia em relação à Igreja e que protegesse e incentivasse a empresa capitalista.
No século XIX, os pensadores burgueses já não mais desejavam que as ideias revolucionárias iluministas continuassem animando o homem comum, pois, como a burguesia havia chegado ao poder, deveria lutar para mantê-lo. Apesar da industrialização e urbanização crescentes na França, a situação do proletariado era extremamente precária, pois os trabalhadores viviam na miséria e estavam sempre ameaçados pelo desemprego, o que acabou intensificando as crises econômicas e a luta de classes naquela sociedade.
Aquele era o momento de abandonar os ideais iluministas e fundar uma nova ciência para “reorganizar” e “higienizar” a sociedade. Dito de outra forma, a Sociologia nasceu dos interesses burgueses em manter a ordem social e a estabilidade, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade. A preocupação passou a ser a de fazer com que os indivíduos aceitassem a ordem existente, deixando de lado a sua negação.
AUGUSTE COMTE
Auguste Comte (Segundo Martins, Comte afirmava que: “a Sociologia deveria se orientar no sentido deconhecer e estabelecer as leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça e da liberdade.” (2001, p. 31)) é considerado o pai da Sociologia, também conhecida como Física Social.
De acordo com Tomazi (2000), Comte rompeu logo cedo com a tradição de sua família monarquista e católica ,transformando-se em um republicano com ideias liberais. Desenvolveu atividades políticas e literárias que lhe permitiram elaborar uma proposta para solucionar os problemas da sociedade de sua época. Vivendo no período imediatamente posterior à Revolução Francesa, preocupou-se em organizar a sociedade que, em sua opinião, estava caótica.
Destacamos algumas das contribuições de Comte:
AULA 3 - ÉMILE DURKHEIM E O FUNCIONALISMO
INTRODUÇÃO
Nesta aula, vamos estudar a contribuição que Émile Durkheim deu para uma visão sociológica da educação. Durkheim, Max Weber e Karl Marx são chamados autores clássicos da Sociologia, porque forneceram as linhas mestras de explicação da realidade social que fundamentaram grande parte das obras elaboradas por autores posteriores.
As explicações sobre os fenômenos sociais diferem segundo os autores. Émile Durkheim, autor que mais produziu estudos sobre o tema da educação, propõe uma explicação funcionalista; já Weber opta por uma Sociologia compreensiva e Karl Marx vai em direção à dialética, conforme você verá nas próximas aulas.
ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim foi quem sistematizou a Sociologia. A seguir veja um breve histórico de sua vida:
1858 - Nasceu em 15 de abril em Épinal, França.
1879 - Entrou para a École Normale Supérieure, quando conheceu as obras de pensadores como Auguste Comte. e Herbert Spencer, intelectuais que o influenciaram na busca por dotar a Sociologia de um caráter científico.
1887 - Foi nomeado professor de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras da Universidade de Bordeaux, onde ministrou o primeiro curso de Sociologia das universidades francesas.
1895 - Lançou As Regras do Método Sociológico.
1897 - Publicou O Suicídio.
1912 - Publicou As Formas Elementares da Vida Religiosa.
1913 - A cadeira de que era titular passou a se chamar Cadeira de Sociologia da Sorbonne.
1915 - Em meio à Primeira Guerra Mundial, seu único filho morreu no front de Salonique.
1917 - Em 15 de novembro, muito abalado pela perda de seu filho, faleceu em Paris.
A CONCEPÇÃO DE SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA POSITIVA
O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação.
Alguns dos autores que infiuenciaram Durkheim: Saint-Simon, Auguste Comte, Herbet Spencer
Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo, seu método de trabalho e seus conceitos fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em objetos de análise sociológica.
Preocupado com os problemas de seu tempo e convicto de que a sociedade europeia passava por um período de anomia (Ausência de regras morais claramente estabelecidas.), Durkheim sentia a necessidade de construir as novas formas sociais e, na sua concepção, a Sociologia tinha importante papel nesta tarefa, pois apenas ela estava habilitada a restaurar a noção de unidade orgânica (Durkheim via a sociedade como um organismo constituído por órgãos que devem se integrar garantindo um funcionamento harmônico. Para tanto, nenhuma das partes pode agir como se fosse o todo, sob pena de fazer adoecer o corpo social.) da sociedade.
Dessa forma, a preocupação com a moral e a manutenção da ordem social foi constante em seu pensamento, o que resultou em críticas, aceitas por uns e questionadas por outros, que o caracterizaram como um sociólogo conservador, avesso mesmo às mudanças, interessado em ensinar aos homens a obedecer à ordem vigente.
Consciente de que a França atribuía um peso muito grande ao senso comum (consciência coletiva difusa), Durkheim procurou criar uma nova ciência elaborada na universidade. Muito preocupado com a objetividade (Na opinião de Durkheim, um importante critério de cientificidade), o autor advertia que, a exemplo de cientistas de áreas como a Biologia e a Química, o sociólogo não devia fazer concessões às opiniões baseadas no senso comum.
A NOVA CIÊNCIA POSITIVA: A SOCIOLOGIA
Durkheim tinha como objetivo criar uma ciência positiva, autônoma (sobretudo em relação à Biologia e à Psicologia) e diferente das outras. Para tanto, esforçou-se em definir as suas bases, seu objeto de estudo e seu método, mas teve que recorrer ao exemplo de outras ciências já formadas, como a Biologia, a Química e a Física.
Atente-se para alguns conceitos:
Leis naturais - Aqui a palavra lei deve ser entendida em seu sentido científico e não no sentido jurídico ou legislativo. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 54), “Duas são as principais funções da lei científica: resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos”. Leis naturais seriam leis invariáveis que independem, por exemplo, da vontade humana. Alguns exemplos dessas leis são: a água ferve a 100 graus; o calor dilata os metais etc.
Concepção - Apesar de esta concepção ter dominado durante muito tempo, Durkheim mostra que alguns pensadores como Aristóteles, Montesquieu e Condorcet viam a sociedade como algo natural, porém, estas ideias não tinham muito fôlego a ponto de fazer vingar uma ciência social orientada para o estudo das leis naturais que regem a sociedade.
Leis necessárias - É importante ter em mente a ideia de necessário como algo que não poderia ser diferente daquilo que é. A chuva é necessária porque não pode deixar de acontecer, por mais que eu queira que faça sol. Comer é necessário porque não posso deixar de me alimentar, sob risco de morrer de inanição.
OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA: OS FATOS SOCIAIS
Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim (“Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.” (1893, p. 11).) afirma que o objeto de estudo da Sociologia é o fato social.
Veja as três características que tornam os fatos sociais realmente sociais:
EXTERIORIDADE 
Os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências individuais.
Antes de nascermos, as regras morais, os costumes e as leis já existiam e, a despeito de nossas vontades, continuarão existindo. Por exemplo, um devoto, ao nascer, já encontra prontas as crenças e as práticas da vida religiosa. Da mesma forma, o sistema de moedas que utilizamos para fazer as transações comerciais e as práticas seguidas nas diferentes profissões funcionam independentemente do uso que cada indivíduo faz delas.
Durkheim ressalta que, embora a exterioridade seja condição necessária, não é condição suficiente para transformar os fenômenos em fatos sociais.
COERCITIVIDADE
Para que o fato seja considerado social, deve também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos. Nem sempre a coercitividade é sentida quando me conformo com ela, mas se tento resistir, sinto seu peso. Em outras palavras, quando eu infrinjo uma regra, sofro algum tipo de punição. O grau de coerção do fenômeno torna-se evidente pelas sanções a que o indivíduo é submetido ao ir contra o fato social. As sanções podem ser de dois tipos:
Legais: ocorrem quando, ao “violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua formanormal se já se realizou e é reparável; ou então que eu o expie se não há outra possibilidade de reparação” (As Regras do Método Sociológico, p. 2). Por exemplo, a legislação eleitoral prevê multa e outras sanções ao eleitor brasileiro que não comparecer para votar nem justificar a sua ausência.
Espontâneas: ocorrem quando deixo de seguir as convenções “mundanas”. Por exemplo, se, ao escolher minhas roupas, não levo em consideração os costumes do meu país ou da minha classe, posso provocar riso ou afastamento, o que funciona como uma pena. Pense na reação das pessoas ao verem um homem usando saia no Brasil.
A educação possui um papel relevante na conformação do indivíduo à sociedade em que vive, fazendo com que, depois de algum tempo, as regras se internalizem e se transformem em hábitos.
GENERALIDADE
Todo fato social é geral, mas, não podemos dizer que todo fato geral é social. Para ser assim considerado, ele precisa ser coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório). Daí decorre que este tipo de fenômeno deve ser estudado apenas em suas manifestações coletivas, como as crenças, as tendências e as práticas do grupo tomadas coletivamente, pois a sociedade não é o mero agregado dos comportamentos individuais. As tendências da moda e o idioma servem aqui como bons exemplos.
Agora que você já sabe o que é fato social e quais são suas características veja, a seguir, como o sociólogo deve estudá-lo.
REGRAS PARA O ESTUDO DOS FATOS SOCIAIS
No início do terceiro capítulo de As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que os fenômenos normais são “os que são como deviam ser”, e os patológicos são aqueles que “deveriam ser diferentes do que são”.
Dito de outra forma, normal é tudo o que é comum a todos ou quase todos. Em contrapartida, o patológico é tudo ou quase tudo que se apresenta de forma excepcional.
Depois de definir e caracterizar os fatos sociais, Durkheim se dedica a elaborar os principais passos, o método para o seu estudo. São eles:
CONSCIÊNCIA COLETIVA E REPRESENTAÇÕES COLETIVAS
Em A Divisão do Trabalho Social, Durkheim afirma que enquanto seres socializados, possuímos simultaneamente, uma consciência individual e uma consciência coletiva.
A consciência coletiva (Esse tipo de consciência não tem origem nas consciências individuais e está espalhada, difusa por toda a sociedade.) é o nível mais profundo da realidade social. É a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de certa comunidade, constituindo um determinado sistema que possui vida própria, persiste no tempo e une as gerações. É, em outras palavras, o sistema de Representações coletivas (Lendas populares, tradições religiosas, crenças políticas e linguagem.) presente em determinada sociedade.
Para Durkheim, não são os indivíduos que geram a consciência coletiva, ao contrário, é a consciência coletiva que molda as consciências individuais. A força que a consciência coletiva exerce sobre os indivíduos varia com o tipo de sociedade dependendo do seu estágio de evolução.
SOLIDARIEDADE SOCIAL
Em sua tese de doutorado A Divisão do Trabalho Social, Durkheim propõe-se a investigar a função da Divisão do Trabalho. O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão social que dela resulta, que o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada um desses estágios. Veja a seguir:
Sociedades Mecânicas: São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade. Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si.
Sociedades Orgânicas: São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os indivíduos interdependentes. Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem.
Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas.
Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar.
Aula 4 - Émile Durkheim: Educação e Sociologia
INTRODUÇÃO
Nesta aula, você vai entender a concepção de educação formulada por Durkheim e saber o que o levou a estudar a educação como um fato social, talvez o principal deles.
A EDUCAÇÃO
Na concepção de Durkheim, a educação tem um papel fundamental na preparação do indivíduo para a vida em sociedade. Por esse motivo, ele se dedicou a estudar a educação como um fato social. Em Educação e Sociologia, Durkheim se propõe a fazer um exame crítico das definições de educação formuladas por diferentes e importantes pensadores dos fenômenos sociais. Assim, ao analisar as concepções de John Stuart Mill, Immanuel Kant e James Mill, o autor conclui que não existe uma educação ideal, pois se observarmos a história, a educação varia com o tempo e com as regiões.
Algumas das afirmações de Émile Durkheim sobre a educação:
Movido pela sua convicção de que as sociedades evoluem e devem ser estudadas em determinado estágio de seu desenvolvimento, Durkheim utiliza como método de estudo a observação histórica para mostrar que os sistemas de educação têm poder coercitivo, pois, em cada momento há um tipo regulador de educação do qual os indivíduos não podem escapar sem resistências e que restringem os anseios daqueles que são discordantes.
Ao definir mais precisamente a educação, Durkheim conclui que há algumas condições para que ela realmente exista, ou seja, é necessária que haja uma geração de adultos, uma geração de jovens e, que a primeira exerça uma ação sobre a segunda. O sistema educativo, em qualquer sociedade, possui duplo aspecto, ou seja, é, simultaneamente:
“Cada profissão, com efeito, constitui um meio sui generis que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais, onde reinam certas ideias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas; e, como a criança deve ser preparada tendo em vista a função que será chamada a desempenhar, a educação, a partir de uma certa idade não pode mais continuar a ser a mesma para todas as pessoas às quais ela se destina” (2001, p. 50).
Segundo Durkheim, cada sociedade formula determinado ideal de ser humano, ou seja, é a sociedade que determina o que esperar do indivíduo, seja do ponto de vista intelectual, físico ou moral. Em outras palavras, seremos aquilo que a sociedade espera que sejamos. Assim, se até certo ponto esse ideal é o mesmo para todos os cidadãos, há um momento em que os indivíduos devem se diferenciar, segundo os meios sociais particulares em que estão inseridos.
Para o autor, a parte básica da educação é constituída por esse ideal, ao mesmo tempo, uno e diverso, que tem por
função suscitar na criança:
É a sociedade, em seu conjunto, e cada meio social, em particular, que determinam o ideal a ser realizado. Durkheim ressalta que a homogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação específicos se fundamentarão. A educação a perpetua e reforça, fixando na criança certas similitudes essenciais, exigidas pela vidacoletiva.
É a heterogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, o que permite especializações.
Se a sociedade chegou a um grau de desenvolvimento em que as antigas divisões em castas e em classes não podem mais manter-se, prescreverá uma educação mais una em sua base. Se, no mesmo momento, o trabalho está mais diversificado, provocará nas crianças, sobre um primeiro fundo de ideias e de sentimentos comuns, uma mais rica diversidade de aptidões profissionais. Se vive em estado de guerra com as sociedades envolventes, esforça-se por formar os espíritos com base num modelo fortemente nacionalista; se a concorrência internacional toma uma forma mais pacífica, o tipo de educação que procurará realizar é mais geral e mais humano.
A EVOLUÇÃO DAS SOCIEDADES
É necessário observar alguns temas importantes na teoria do autor, que foi fortemente influenciado pelo darwinismo social e, por isso, estava totalmente convencido de que, como os organismos, as sociedades também evoluíam.
Segundo Durkheim (1893), as sociedades passariam do estágio mecânico para o estágio orgânico.
A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante.
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, formando um todo.
A EDUCAÇÃO COMO SOCIALIZAÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio especial ao qual está particularmente destinada.
Dessa definição podemos assumir que a educação é a socialização metódica das novas gerações. Cada membro da sociedade possui em si dois seres:
 Os indivíduos agem de acordo com as necessidades sociais e a sociedade impõe aos homens uma tirania muito forte. Mas, segundo Durkheim, os próprios homens desejam que isso ocorra porque o ser novo, que a ação coletiva cria em cada um de nós por intermédio da educação, representa o que há de melhor no homem, o que há de propriamente humano em nós. Na verdade, o homem só é homem porque vive em sociedade. Para comprovar essa afirmação, Durkheim mostra o desenvolvimento da moral, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento da linguagem, coisas que só podem acontecer na vida em sociedade
O ESTADO E A EDUCAÇÃO
O Estado é a instituição social mais importante que tem influência sobre a educação, tendo mais peso que a família, segundo Durkheim. Não poderia ser de outra forma, dado o caráter coercitivo atribuído pelo autor à educação.
A importância do Estado (Elemento representativo da sociedade.) cresce à medida que assume uma função coletiva e busca a educação da criança na sociedade em que vive. Caberia a esse órgão esclarecer os princípios essenciais (Respeito pela razão, pela ciência, pelos ideais e sentimentos que estão na base moral da sociedade democrática.), fazer com que sejam ensinados nas escolas, cuidar para que as crianças não os ignorem os respeitem.
Durkheim era taxativo e afirmava que tudo que é educação deve estar em certa medida submetido à ação do Estado. Ele percebia a ausência de unidade moral em sua sociedade, e a presença de muitas concepções divergentes, por isso se preocupava com a escola e com os professores.
A escola não pode ser pertença de um partido, e o professor falta aos seus deveres quando usa a autoridade de que dispõe para arrastar os seus alunos nos trilhos de seus próprios ideais, por mais justificados que lhe possam parecer.
O PAPEL DO PROFESSOR
Para a ação educativa ser bem sucedida na transformação de um ser associal, como o bebê, em uma personagem bem definida que desempenhe um papel útil na sociedade, o educador deve agir como um hipnotizador.
A criança, como o hipnotizado, está numa situação de passividade. Como a vontade infantil ainda é rudimentar, ela é facilmente sugestionável e acessível aos exemplos, e propensa à imitação.
O professor exerce sobre seus alunos uma ascendência baseada na superioridade de sua cultura e de sua experiência.
O educador deve ter, também, serenidade.
Se professores e pais sentissem, de uma forma mais constante, que nada se pode passar diante da criança sem deixar nela alguma marca, que o moldar do seu espírito e do seu caráter depende destes milhares de pequenas ações insensíveis que se produzem a cada instante e aos quais não prestamos atenção por causa da sua insignificante aparência, como zelariam mais pela sua linguagem e pela sua conduta! Seguramente, a educação não pode chegar a grandes resultados quando procede por safanões bruscos e intermitentes.
Como o objetivo da educação é formar um ser novo, constrangendo o indivíduo e subjugando o egoísmo individual, não é possível formar o ser social através de brincadeiras e do prazer. É preciso então que o educador:
AULA 5 - O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE KARL MARX
INTRODUÇÃO
A visão sociológica de Karl Marx, cuja obra marcou profundamente o pensamento ocidental no século XIX. Ele se propôs a analisar a sociedade capitalista de modo profundo, buscando a compreensão daqueles fatores que contribuiriam para o surgimento da miséria e do elevado nível de exploração da mão de obra assalariada.
Segundo Marx, este seria um processo histórico, no qual as elites burguesas expropriariam duplamente as classes trabalhadoras: primeiro, no que se refere à propriedade dos meios de produção e, em seguida, expropriando também o saber dos trabalhadores, no que se refere à organização da produção social.
KARL MARX
O alemão Karl Marx influenciou de modo significativo o pensamento ocidental, tanto no século XIX quanto no século XX.
Ao nos referirmos a ele como um dos clássicos do pensamento sociológico, o fazemos por reconhecer a forte influência que o seu trabalho exerce, ainda hoje, sobre as obras de muitos autores.
A obra de Marx também teve influência sobre a construção do primeiro regime socialista a ser instituído na história recente da humanidade. Esta experiência se daria na Rússia, em 1917, ano em que o partido bolchevique, liderado por Lênin, no comando de um movimento revolucionário instituiria naquele país um projeto socialista de inspiração marxista.
A partir daí, a Rússia passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, ou como se costumava dizer ao nível do senso comum, União Soviética.
A EXPANSÃO DO SOCIALISMO DE KARL MARX
Vamos conhecer um pouco da história da expansão do socialismo de Marx pelo mundo.
Todo este quadro no cenário geopolítico mundial mostra a importância do marxismo para o mundo contemporâneo.
Na verdade, esta bipolaridade entre os dois modelos socioculturais — o ocidental, marcado pela presença do capitalismo e da economia de mercado, e o socialismo —, traria muitas consequências para as relações entre as diferentes nações do mundo, dentre as quais se pode destacar a própria guerra fria.
No meio intelectual, o marxismo também faria sentir a sua presença ao longo de todo o século XX. Com a participação de seu amigo e colaborador Friedrich Engels, Marx tinha, como objeto de sua pesquisa, a sociedade capitalista do século XIX. Suas teses e princípios teóricos eram baseados no materialismo dialético.
Neste sentido, para Marx, as contradições não seriam situações anômalas presentes na sociedade, mas ao contrário, fariam parte de sua própria essência.
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO SOCIALA identificação destas contradições no interior da sociedade concentraria o foco da análise marxista no modo como o trabalho social é organizado. A análise da história humana com base nos princípios da dialética materialista levaria Marx a identificar as contradições de interesses existentes entre as principais classes sociais, como o principal fator de motivação das mudanças sociais.
Para Marx, esta “luta de classes” seria o principal combustível para as transformações nas sociedades humanas. Este modo de pensar a sociedade daria origem a um novo conceito elaborado por Marx, que seria o materialismo histórico.
Na prática, uma aplicação da dialética materialista ao estudo da história humana.
TIPOS DE SOCIEDADES OU MODELOS DE PRODUÇÃO
A partir da visão de Marx, foi possível se identificar alguns tipos de sociedades ou modos de produção.
Modo de produção escravista - O escravismo predominou na chamada Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), momento em que as principais contradições se dariam entre os escravos e seus senhores.
Modo de produção feudal - O feudalismo predominou na Idade Média, cujo antagonismo de classes seria identificado entre os nobres, donos das terras e os servos que, ao ocuparem estas terras, se viam obrigados a prestarem serviços aos primeiros.
Modo de produção capitalista - O predomínio do capitalismo acontece no período contemporâneo. Nesta nova fase da organização social, as relações de produção ou o modo como os indivíduos se relacionavam para organizar e implementar o trabalho social seriam desenvolvidos com base num processo de remuneração assalariada da mão de obra. Eram os operários que, desprovidos da propriedade das fábricas e dos meios de produção, “vendiam” aos burgueses, donos destes estabelecimentos, o único bem que possuíam, que seria a sua força de trabalho. Assim, neste modo de produção, como afirmava Marx, as principais contradições seriam aquelas existentes entre a burguesia — dona dos meios de produção — e o proletariado, que compreenderia os operários e trabalhadores de um modo geral.
É importante destacar que, a cada um desses modos de produção corresponderiam diferentes níveis de desenvolvimento das forças produtivas e diferentes formas de organização do trabalho social ou das relações de produção.
São justamente as diferentes posições dos homens com relação às formas de propriedades presentes numa sociedade, ou modo de produção, que irão definir as diferentes classes sociais existentes. A transformação de um tipo de sociedade para outro, ou de um modo de produção a outro, se dá por meio dos conflitos abertos entre a classe dominante e as classes exploradas num determinado período.
Assim, de acordo com Marx, a história humana é uma história das lutas entre classes.
AULA 6 - A TEORIA MARXISTA E AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
Na concepção de Marx, as ideias que os indivíduos incorporam, na sociedade capitalista, implicam numa visão imprecisa ou falsa da realidade. Isto acontece na medida em que a consciência que os trabalhadores constroem sobre o seu próprio modo de vida tende a ser profundamente influenciada pelos valores das elites burguesas.
Numa posição diferente daquela assumida por Durkheim, Marx não percebe as representações coletivas como produto do conjunto da sociedade. Para ele, estas ideias — às quais chamou de ideologia — são o fruto de um processo de dominação, que leva as classes oprimidas a perceberem o mundo com as lentes de seus opressores, processo este denominado de alienação.
O projeto de educação de Marx, busca superar esta ausência de consciência, ou seja, um projeto que possa construir indivíduos integralmente desenvolvidos e emancipar os trabalhadores do seu processo de alienação.
O PENSAMENTO DIALÉTICO
Na concepção marxista, a partir da lógica do pensamento dialético, haveria uma reciprocidade de influências entre a consciência e as condições materiais da vida em sociedade.
A particularidade da concepção de Marx está no fato de ele perceber este grande conjunto das ideias representado pelos valores e crenças predominantes, no caso da sociedade capitalista, como o fruto de um processo de dominação das elites burguesas. Como consequência, por terem perdido o controle sobre a organização da produção, os trabalhadores teriam perdido, também, a possibilidade de construir uma visão adequada sobre a sua própria realidade.
Eles perceberiam o mundo a partir dos valores da burguesia, como se esta fosse a única forma possível de trabalhar e viver.
Segundo Marx, no capitalismo existem os burgueses, proprietários dos meios de produção e aqueles que vendem o único bem que possuem, ou seja, a sua força de trabalho, em troca do pagamento de salário. Estes seriam os proletários (Segundo Marx, no capitalismo existem os burgueses, proprietários dos meios de produção.), classe que representaria a maioria da sociedade. Para eles, o modo de vida estabelecido na sociedade capitalista parece algo natural. É como se trabalhar em troca de um salário fosse um modo de vida que sempre existiu e sempre existirá.
Um conceito fundamental, na concepção marxista, é o de alienação. O trabalho na sociedade capitalista é considerado como algo sobre o qual o próprio trabalhador não possui nenhum controle. Ou seja, um operário numa determinada linha de montagem executa muito bem a sua função, por exemplo, encaixar amortecedores na carroceria do veículo, sem ter a menor ideia sobre o procedimento para construir, de modo completo, um automóvel. Este saber lhe foi expropriado num processo histórico, juntamente com os meios de produção. Este mecanismo é definido por Marx como alienação.
O TRABALHO SOCIAL
A organização do trabalho social na sociedade capitalista, segundo Marx, possuiria, portanto, uma considerável diferença em relação ao que era feito na sociedade feudal.
Naquele período, em que predominavam as oficinas artesanais nas vilas e pequenas cidades, o Mestre Artesão era ao mesmo tempo executor e organizador do processo produtivo (Por exemplo, numa oficina de sapateiros, caberia a ele a compra da matéria prima, o planejamento dos modelos a serem fabricados, o corte do couro, a costura, o acabamento final e a própria venda do produto, ou seja, ele era responsável por todas as etapas do processo produtivo.).
Essa situação difere profundamente daquela presente na sociedade capitalista, na qual o dono da fábrica, que organiza e planeja a produção, não é quem executa o trabalho (Por exemplo, não vemos os executivos das grandes montadoras de automóveis encaixando as peças dos veículos na linha de montagem.). 
No modelo civilizatório marcado pela presença do capitalismo, a fragmentação das atividades profissionais é a marca registrada. Dessa forma, a regra para a divisão do trabalho é:
A causa da consciência distorcida construída pela grande maioria dos trabalhadores acerca do seu próprio modo devida, é justamente esta divisão qualitativa do trabalho.
Vamos conhecer, a seguir, mais sobre o pensamento de Marx.
O PROJETO EDUCACIONAL DE MARX
Marx considerava esta situação, além de injusta, a causa de todo o processo de alienação presente na sociedade de sua época, a Europa do século XIX.
Para resolver este problema, além da ação de conscientização das massas pelos integrantes do partido comunista (que ele considerava o partido revolucionário da causa dos trabalhadores) Marx imaginou um projeto de educação que pudesse compensar estas diferenças.
Marx e Engels percebiam as práticas de educação escolar como uma importante ferramenta que poderia ser utilizada, tanto para perpetuar o processo de alienação e de dominação existente na sociedade capitalista, quanto para emancipar os trabalhadores desta realidade.
É fundamental que você procure deslocar o pensamento para o século XIX e tente imaginar como viviam as pessoas nas cidades industriais naquele momento, para poder entender o raciocínio de Marx com relação ao seu projeto educacional.
Em algumas citações de “O Capital”, sua obra mais importante, Marx relata algumasvisitas a escolas localizadas em cidades na Inglaterra, cujas condições de ensino eram tão precárias, que só poderiam servir como espécie de engodo, para a nova legislação inglesa de 1844, que determinava que as crianças ao serem contratadas pelas fábricas deveriam estar devidamente matriculadas em algum estabelecimento de ensino.
Sugerido para solucionar o problema educacional, o projeto de Marx certamente seria alvo de certa estranheza nos dias atuais. Para ele:
O Projeto Educacional de Marx pode ser representado pela equação abaixo.
Projeto Educacional de Marx = Educação Intelectual +Educação Profissional + Educação Física
Para Marx era fundamental que todos os indivíduos combinassem educação intelectual, educação profissional e educação física, na sua formação. Só assim, todos se tornariam indivíduos integralmente desenvolvidos, capazes de desenvolver diferentes tarefas e atividades sociais. Ele considerava injusto que alguns indivíduos trabalhassem apenas com a mente, desenvolvendo seu intelecto, enquanto outros passassem toda a vida presos a atividades manuais repetitivas e embrutecedoras, no que se refere ao espírito humano.
Mesmo para os membros da burguesia, a educação fragmentada era considerada por Marx como prejudicial, na medida em que o indivíduo se via desprovido daquilo que ele considerava como conhecimento tecnológico.
É importante ressaltar que este projeto de educação sugerido pela teoria marxista se apresentava para a realidade europeia no século XIX.
Neste momento o acesso a escola, mesmo num sentido tradicional, era restrito a um pequeno número de crianças originárias das classes mais favorecidas.
Além disso, a possibilidade de automação do processo produtivo, como conhecemos hoje, era algo inconcebível em termos tecnológicos. Sendo assim, na visão de Marx, a ideia de que todos pudessem, ao longo de seu dia, compartilhar todas as funções existentes na sociedade, tanto as mais enaltecedoras quanto as mais laboriosas, se apresentava como a alternativa mais justa.
AULA 7 - A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER
INTRODUÇÃO
O sociólogo Max Weber parte do princípio de que a sociedade não é apenas algo exterior aos indivíduos. Ao contrário, ela seria o resultado de uma imensa rede de interações entre os seus membros.
Para analisar esta rede de relações não basta observá-la de modo distante, é necessário se aproximar, interagir e, a partir daí, assimilar os diferentes tipos de racionalidade que motivam as ações sociais.
Esta compreensão do sentido subjetivo das ações dos indivíduos que se relacionam com os demais membros da sociedade ou grupo. É a base da sociologia weberiana, que será abordada nesta aula.
Um importante conceito que é a base a partir da qual a sociologia weberiana pode ser estruturada é o conceito de AÇÃO SOCIAL.
Mas o que isso significa?
Ação social, segundo Weber, é todo tipo de conduta humana relacionada a outros indivíduos e dotada de um sentido subjetivamente elaborado.
O que é a sociedade para Weber?
A sociedade NÃO seria um organismo com uma espécie de complementaridade entre as suas partes, como postulava Durkheim, nem tampouco uma espécie de prisão para as classes menos favorecidas, como imaginava Marx.
A sociedade se apresentava como uma grande teia formada por diversos tipos de ações sociais. A identificação do sentido subjetivo dessas ações, ou seja, do tipo de racionalidade que as motiva e que leva a este ou àquele comportamento é o que define a sociologia weberiana como compreensiva.
De um modo diferente daquele empregado por seus contemporâneos, Weber rompe de forma mais sistemática com o cientificismo de influência positivista, muito presente nas obras de pensadores do século XIX, como Émile Durkheim.
Na opinião de Max Weber, as ciências sociais, definidas por ele como ciências da cultura, são disciplinas cujas diretrizes metodológicas e teóricas são profundamente influenciadas pelo ponto de vista do investigador, ou seja, ao se produzir conhecimento científico, ou se relacionar com ele é de grande relevância se levar em consideração os valores presentes na personalidade do cientista ou pesquisador.
Neste sentido, não existiria uma espécie de ciência “neutra”, sendo o próprio foco da pesquisa científica estabelecido, muitas vezes, em sintonia com os valores morais, políticos ou religiosos de quem desenvolve o trabalho.
É na simples escolha de uma das partes deste todo para ser estudada, que se encontram envolvidos os valores do pesquisador. A escolha de um caminho para a pesquisa envolve um tipo de racionalidade e, consequentemente, também se caracteriza como uma ação social.
Com o objetivo de qualificar estas ações sociais, Weber desenvolve o conceito de tipos puros ou tipos ideais, sabendo que estas construções não espelhariam de forma fiel a realidade. Elas se apresentariam como pontos de referência, a partir dos quais seria possível se estabelecer níveis de comparação com o mundo concreto, funcionando, na prática,como um importante método de investigação para as ciências sociais.
Para a sociologia weberiana a sociedade concebida como esta totalidade, ou um “todo” monolítico seria algo absolutamente incompreensível “pela simples razão de que este todo reside na interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas ao mesmo tempo, porque são muitas e porque se renovam a cada dia.” (Rodrigues, 2006: p. 61).
TIPOS DE AÇÕES SOCIAIS
Todas as ações praticadas em sociedade implicam em um determinado nível de racionalidade, por parte do sujeito que as executa. Justamente a partir do seu caráter mais ou menos racional, Weber estabelece uma classificação para as ações sociais, segundo o princípio dos tipos ideais.
Ação social racional com relação a fins - São aquelas cujo sentido subjetivo envolve os meios adequados para se atingir determinados objetivos, previamente estabelecidos. Ex.: uma pesquisa científica, um projeto econômico, fazer um curso de graduação etc.
Ação social racional com relação a valores - São aquelas cujo princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser alcançado, mas à afirmação de determinados valores. Ex.: participar de uma manifestação em defesa da natureza ou em prol dos direitos humanos, ou entrar para a universidade porque a família considera este um ponto importante.
Ação social afetiva - São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em questão. Ex.: ações motivadas por ciúme, cólera, paixão etc.
Ação social racional com relação ao regular ou ação social tradicional - São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com vistas à observação de costumes ou tradições. Ex.: o casamento religioso ou o batismo dos filhos em determinada igreja, para quem não é praticante daquela crença. Ir para a universidade porque todos na família assim o fizeram etc.
Vale ressaltar que a afirmação de que Weber considerava as situações descritas como tipos ideais, construídas para simples efeito de comparação é porque elas não representam a realidade num sentido fiel, mas sim para efeito de aproximação.
AULA 8 - AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO PARA A SOCIOLOGIA WEBERIANA
INTRODUÇÃO
Nesta aula estudaremos a história humana, que segundo Max Weber, poderia ser definida como um processo crescente de racionalização das relações sociais. O agir em sociedade pressupõe determinadas normas, que se enraízam e institucionalizam. Na medida em que as relações sociais se tornam mais complexas, maiores os desafios para se estabelecer níveis de consenso que possam abrigar as diferentes relações sociais.
Com o estabelecimento do Estado Moderno e as formas de dominação legítima que lhe são correspondentes, a efetivação da autoridade nacional passa a depender de um quadro administrativo profissional e hierarquizado, o que Weber definia como burocracia.
Neste momento o exercício da autoridade passa a depender, de forma crescente, da legitimidade estabelecida pelo direito racional. É justamente a partir da necessidadede formação deste quadro de funcionários, que se submetem à autoridade por meio de princípios cada vez mais racionais, que as práticas de educação assumem importância crucial para a análise desenvolvida pela sociologia weberiana. Para explicar este movimento, Weber constrói novamente uma tipologia, num sentido ideal, destinada a analisar as diferentesormas de dominação legítima. Segundo este autor, existiriam três tipos puros ou ideais de dominação legítima:
:
A EDUCAÇÃO WEBERIANA
É neste momento que a sociologia weberiana atribui um significado relevante para as práticas de educação. É importante que você entenda bem estes conceitos:
Para refletir sobre a sociologia da educação, Weber constrói alguns conceitos como:
 PEDAGOGIA DO CULTIVO É um conjunto de práticas destinadas a formar um tipo de indivíduo culto, o que implica transformações no seu comportamento interior e exterior. Este processo assumiria o sentido de uma “qualificação cultural” no sentido de uma educação de caráter abrangente, o que traria implicações no sentido do status e da própria qualidade de vida do indivíduo. Nas sociedades pré-industriais estas práticas estariam restritas às elites sociais e intelectuais. 
PEDAGOGIA DO TREINAMENTO: Segundo o autor, com a racionalização da vida social e a crescente burocratização do Estado moderno, a educação deixa gradualmente de ter como objetivo a “qualidade da posição do homem na vida” e passa a se constituir num projeto especializado com o objetivo de formar peritos e especialistas com vistas ao mercado de trabalho. Weber percebia com certa melancolia esta relação com o conhecimento, que poderia ser percebida como uma espécie de “depressão intelectual”.
Para Weber, a Pedagogia do Treinamento, imposta pela racionalidade da sociedade capitalista, se apresentava como um forte obstáculo ao desenvolvimento do talento e da própria realização pessoal dos homens, de um modo geral.
Esta era uma racionalidade que mantinha uma relação utilitarista com o conhecimento, destinada apenas à obtenção de poder e dinheiro.
AULA 9 - AS CONTRIBUIÇÕES DE BOURDIEU, GRAMSCIE MANNHEIM
INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta aula as análises de Bourdieu, Gramsci e Mannheim, três importantes autores do século XX e as influências exercidas pelos clássicos sobre eles.
Um dos aspectos abordados por Durkheim, Marx e Weber é relativo à função da educação. Essa indagação persiste até hoje e os autores que serão analisados nessa aula não se furtaram a investigar questões como: a educação serve para manter as desigualdades sociais presentes nas sociedades capitalistas ou teria capacidade de reverter os abismos sociais e transformar todos os seres humanos em indivíduos livres, autônomos, possuidores de uma visão clara da realidade social? Dito de outra forma, a educação liberta ou aprisiona?
ANTONIO GRAMSCI E A REFORMA INTELECTUAL E MORAL
O comunista italiano Antonio Gramsci nunca publicou um livro, mas encontramos suas ideias em periódicos de partidos políticos e da imprensa e, sobretudo, nos famosos Cadernos do Cárcere, produzidos durante a sua prisão durante o governo fascista de Mussolini.
É importante ressaltar que Gramsci sofreu muita influência de Karl Marx, porém, foi adiante, pois atualizou a teoria de Marx para analisar as sociedades capitalistas da Europa na primeira metade do século XX.
Em sua obra, Gramsci faz distinção entre Oriente e Ocidente. Essa não é apenas uma distinção geográfica, mas, política.
Por Ocidente ele entendia aqueles países em que a sociedade civil é estruturada, múltipla, organizada, e compartilha com o Estado a administração da vida social. São os países de capitalismo avançado, cujo mercado interno é forte e a vida política é plural. Ao contrário do Oriente, no Ocidente o poder encontra-se diluído entre o Estado e a Sociedade Civil. Sendo assim, não é suficiente que os grupos políticos revolucionários se voltem apenas contra o Estado. É preciso empreender uma “revolução no cotidiano” a partir de uma política feita na sociedade. Para chegar a tal intento, não basta o uso da força, é necessário alcançar a consciência das pessoas. É preciso ganhar a “batalha das ideias”.
Por Oriente ele entendia os países onde o Estado (Instituições de governo.) é poderoso e a Sociedade Civil (Empresas, clubes, mercado, partidos, cultura, visões de mundo.) é fraca, dotada de pouca organização e de pouca capacidade de fazer frente ao Estado.
Entenda a diferença entre os pensamentos de Marx e Gramsci:
GRAMSCI - Para ele, eliminar a propriedade privada dos meios de produção não seria suficiente, pois precisariam lutar também contra a “apropriação privada, ou elitista, do saber e da cultura”.
MARX - Afirmava que o proletariado deveria abolir a exploração econômica de uma classe sobre a outra, eliminando a propriedade privada dos meios de produção.
De acordo com Gramsci, era necessário desfazer a separação entre “intelectuais” e “pessoas simples”, porque apenas aqueles tidos como intelectuais ocupavam postos de administração do Estado e da sociedade civil, concentrando mais poder.
Para este autor, a luta pela hegemonia, ou seja, o processo lento e complexo pelo poder político nas sociedades complexas, não é vencida através do golpe de Estado ou pelo êxito nas eleições. É necessário convencer as pessoas, conseguir um consenso social em torno de suas concepções. Nesses termos, ele considerava o convencimento mais adequado do que a força.
No processo da hegemonia pelo poder político, os intelectuais têm um papel muito importante, pois são eles que organizam a cultura.
Para eliminar as desigualdades e as injustiças, é necessário fazer uma “reforma intelectual e moral”. Contudo, lutando pelo poder existem aqueles grupos que querem manter a sua hegemonia e aqueles que buscam uma nova hegemonia. Esses grupos representam as diversas classes e frações de classes que disputam o poder na sociedade.
Nos momentos em que a disputa se torna mais acirrada, há uma tendência de polarização entre os interesses dos que desejam mudar e os dos que querem manter seu poder.
BLOCOS HISTÓRICOS: Gramsci classificava a sociedade em dois blocos:
A PARTIR DE ALIANÇAS INTERNAS, AS CLASSES DOMINANTES E AS CLASSES DOMINADAS ACABAM SE ORGANIZANDO EM BLOCOS, CHAMADOS POR GRAMSCI DE 
“BLOCOS HISTÓRICOS”.
CADA BLOCO TEM SEUS PRÓPRIOS INTELECTUAIS QUE BRIGAM PARA ORGANIZAR A CULTURA DE DETERMINADO CONTEXTO HISTÓRICO A PARTIR DE SEUS INTERESSES.
Segundo Gramsci, existem dois tipos de intelectuais:
Esse movimento de Gramsci teve como consequência a criação de um sistema educacional híbrido, no qual há dois tipos de escola:
HUMANISTA: A escola “humanista” fornece uma formação “clássica” (baseada nos valores da cultura greco-romana) que deve desenvolver nos indivíduos uma cultura geral, dando a cada indivíduo, nas palavras de Gramsci, “o poder fundamental de pensar e se orientar na vida”.
ESPECIALIZADA: A escola especializada fornece uma formação específica dos diferentes ramos profissionais ou baseadas na necessidade de operacionalizar os conteúdos específicos. Essa distinção, na concepção de Gramsci, tem um conteúdo de classe. A formação geral obtida na escola “humanista” é dada aos filhos das classes dominantes, formando os seus próprios intelectuais orgânicos.
Com o desenvolvimento industrial e a urbanização, o perfil da formação desses intelectuais se transformou. Ao lado da escola “clássica”, desenvolveu-se uma escola técnica (Profissional, mas não manual.) que substituiu a clássica, pois era mais adequada à formação dos intelectuais orgânicos das classes dominantes.
Para Gramsci, a abolição das “escolas desinteressadas” é sinal de elitismo e de exclusão das classes trabalhadoras de uma formação de qualidade, e que a expansão do ensino ocorria de forma caótica, pouco organizada e sem políticas orientadas.
A partir dessas constatações, Gramsci elaborou a sua própria Política Educacional (De acordo com Rodrigues (2007), a nova escola deveria ser organizadaassim: “Em primeiro lugar, uma escola unitária, que corresponderia aos níveis do Ensino Fundamental e do Médio, que teria um caráter formativo e objetivaria equilibrar de forma equânime o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente e o desenvolvimento das capacidades do trabalho intelectual. A partir dessa escola única, e intermediado por uma orientação profissional, o aluno passaria a uma escola especializada voltada para o trabalho produtivo”. (p. 80)).
Para que todos tivessem acesso à nova escola e para evitar a interferência de interesses econômicos, esta escola deveria ser pública e de qualidade.
PARA GRAMSCI, ERA IMPORTANTE DAR A TODAS AS CLASSES A POSSIBILIDADE DE FORMAROS SEUS PRÓPRIOS INTELECTUAIS, POIS, CASO CONTRÁRIO, AS CLASSES DOMINANTES SEMPRE VENCERIAM A “BATALHA DAS IDEIAS”.
PIERRE BOURDIEU E JEAN-CLAUDE PASSERON - A REPRODUÇÃO: ELEMENTOS PARA UMA TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO (1970)
O sociólogo francês Pierre Bourdieu baseou-se nas concepções de Émile Durkheim e no Estruturalismo para fazer a sua análise sobre a educação contemporânea. É importante saber que, para o Estruturalismo de Bourdieu, os sujeitos sociais são vistos como marionetes das estruturas dominantes.
Em 1970, Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, sob a influência de Durkheim, Karl Marx, Max Weber e com o intuito de construir uma teoria sobre o sistema escolar, partem do princípio de que toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de relações de força material entre grupos e classes (De acordo com Rodrigues, a tese central desta obra é a de que “toda ação pedagógica é, objetivamente, uma violência simbólica”.).
Para Bourdieu e Passeron, a força material, ou seja, o capital econômico, é a base que determina a força simbólica ou capital cultural. O papel deste é reforçar, por dissimulação, as relações de força material.
Dito de outra forma, a classe que possui o capital econômico produz e reproduz o capital cultural e faz isso escondendo (dissimulação) o seu caráter de violência simbólica (dominação cultural).
A violência simbólica pode se manifestar de várias maneiras: formação da opinião pública pelos meios de comunicação de massa, discurso religioso, artes plásticas e literatura, propaganda e moda, educação familiar, sistema escolar etc. É assim que Bourdieu e Passeron consideram a ação pedagógica como a imposição arbitrária da cultura dos grupos ou classes dominantes aos grupos e classes dominados. A utilização da autoridade pedagógica é fundamental para que se exerça essa imposição, criando no educando um habitus.
A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais. Pela reprodução cultural, a educação contribui para a reprodução social.
Despossuídas de força material (Capital econômico.) e força simbólica (Capital cultural), as classes dominadas não escapam dessa imposição. Segundo Saviani (2005), para Bourdieu e Passeron, a educação, não se configura como um fator de superação da dominação, mas, ao contrário, constitui-se como um elemento reforçador da mesma. Toda tentativa de usá-la como instrumento de superação da dominação é apenas ilusão. É a forma pela qual ela dissimula e, por isso, cumpre eficazmente a sua função de dominação.
À luz da teoria da violência simbólica, a classe dominante exerce um poder de tal modo absoluto que se torna inviável qualquer reação por parte da classe dominada.
KARL MANNHEIM
Karl Mannheim também recebeu influências dos clássicos. Segundo Rodrigues, Mannheim retomou a formulação de Max Weber sobre os tipos de educação e tem por objetivo fornecer um programa para a mudança da educação. Para ele:
Nesse sentido, duas ciências são fundamentais: a psicanálise e a sociologia.
PSICANÁLISE: É responsável por um novo padrão de vida pautado pela saúde mental e pela libertação das repressões adquiridas na formação do homem.
SOCIOLOGIA: Era vista como a disciplina capaz de sintetizar as contribuições de todas as camadas sociais para o processo educacional. A Sociologia devia, então, servir de base à Pedagogia. Assim, Mannheim defendia uma sociedade essencialmente democrática, uma democracia de bem-estar social dirigida pelo planejamento racional e governada por cientistas.
Conforme Rodrigues (2007), “Em suma, Mannheim era um homem de seu tempo, em busca de um programa de estudos em sociologia da educação que possibilitasse a formulação de projetos educacionais que ampliassem o horizonte do homem, que superasse as divisões em blocos políticos e ideológicos, que não o satisfaziam”.
AULA 10 - A CULTURA DA ESCOLA EM UM ESPAÇO MULTICULTURAL
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, a consciência de que a realidade se transforma de modo constante e profundo se torna bastante generalizada. O mundo globalizado, profundamente influenciado pelos interesses presentes no mercado de consumo, permite que as diferentes realidades socioculturais estabeleçam pontos de contato, numa intensidade jamais registrada na história humana.
Em regiões como a América Latina, assistimos a um processo de hibridização cultural, que ressalta a consciência do caráter multicultural das diferentes sociedades latino-americanas. Contudo, nem sempre a evidência desta diversidade tem apontado num sentido de um convívio mais democrático entre as diferentes realidades culturais. Isto significa que, paralelamente a esta diversidade, em muitos segmentos da realidade social continua-se a reproduzir um discurso “engessado” e monocultural, marcado por um sentido de exclusão e com um caráter autoritário. Estas práticas são encontradas, inclusive, ao nível da cultura escolar.
A EDUCAÇÃO E A SOCIEDADE MULTICULTURAL
Refletir sobre o papel da educação em uma sociedade marcada pela multiculturalidade é algo recente no mundo ocidental e, de modo particular, na América Latina.
Na verdade este é um processo que não surge a partir de questões exclusivamente pedagógicas, uma vez que sua origem está relacionada a questões de natureza política, ideológica e cultural, decorrentes, em muitos casos, a conflitos étnico-culturais.
O que pode ser percebido, como consequência inclusive de nossa herança colonial, é que as relações étnicas nas sociedades contemporâneas da América Latina apresentam-se como reflexos de estruturas de dominação e disputa pelo poder político.
Neste sentido, mesmo constatando a presença de uma realidade social marcada pela multiculturalidade, é possível identificar um sentido homogeneizador na cultura escolar, o que estabelece uma desconexão entre esta e a cultura da sociedade, num sentido mais generalizado.
A cultura escolar, de um modo predominante, se apresenta como “engessada”, no sentido da reprodução de um único discurso, que seria aquele dos segmentos mais elitizados da sociedade. Desta forma criam-se verdadeiros “aparteids” socioculturais, ou processos de guetificação.
De modo conclusivo, fica evidente que a simples consciência do caráter multicultural da sociedade não estabelece, por si só, uma perspectiva mais democrática no que se refere às relações entre os diferentes grupos étnicos.
A construção de um sentido intercultural para as relações sociais envolve o diálogo e uma concreta inter-relação, entre as diferentes realidades culturais.
Neste sentido, é preciso:
1 - Que se abandone a perspectiva etnocêntrica, que tem caracterizado as relações sociais, por exemplo, na sociedade brasileira;
2 - Que o “outro” seja percebido apenas como diferente e não como algo “menor” em função da diferença.
Sintetizando, a perspectiva intercultural para a educação envolve uma efetiva relação dialógica entre os diferentes segmentos sociais e grupos étnicos.
Para isto, é fundamental a existência de um espaço democrático, em que se possa fomentar a solidariedade e o respeito à diferença nas relações entre as diversas etnias.
É importante construir, ao nível das políticas educacionais, a valorização da diversidade cultural, garantindo a todos, em igualdade de condições e de forma digna, o direito à educação.
É relevante enfatizar, também, que esta perspectivaintercultural para a educação não pode ser reduzida a algumas atividades realizadas de modo esporádico. Este projeto deve assumir um sentido generalizado e abrangente, ao nível da cultura escolar e da cultura da escola, envolvendo todos os atores e todas as dimensões do sistema de ensino.

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