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Os pilares do Direito Social Brasileiro

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Faculdade de Direito da Alta Paulista - FADAP 
Cristiano Henrique dos Santos Modena 
 
 
 
 
 
Os pilares do Direito Social Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tupã 
2013 
 
Cristiano Henrique dos Santos Modena 
 
 
 
 
Os pilares do Direito Social Brasileiro 
 
Monografia apresentada como exigência 
para obtenção do grau de Bacharelado 
em Direito da Faculdade de Direito da Alta 
Paulista - FADAP. 
Orientador: Profª. Esp. Silvia Regina 
Stefanini 
 
 
 
 
 
 
Tupã 
2013 
 
 
 
CRISTIANO HENRIQUE DOS SANTOS MODENA 
 
 
 
 
 
 
OS PILARES DO DIREITO SOCIAL BRASILEIRO 
 
 
 
 
Tupã, _____ - _____ - _____. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
____________________________ 
Silvia Regina Stefanini - orientadora – Fadap 
 
___________________________ 
 
___________________________ 
 
 
Média final:________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta monografia aos meus pais, 
Luis Cláudio Modena e Carmem Lúcia 
dos Santos que sempre estavam no 
local e hora certa para me estender a 
mão em meus trancos pela vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço Deus e a todos os Mestres 
que possui nesta vida, pelas lições e 
aprendizados obtidos e pela grande 
honra e oportunidade de ter chegado 
até esta etapa de minha vida. 
Agradeço a minha orientadora, Profª. 
Silvia Regina Stefanini pela 
paciência e profissionalismo com a 
minha teimosia "incurável" sobre a 
escolha do tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"O povo, por ele próprio, quer 
sempre o bem, mas, por ele próprio, 
nem sempre o conhece". 
Jean-Jacques Rousseau 
 
 
RESUMO 
 
 
 
Este trabalho visa tecer breves comentários sobre alguns dos Direitos Sociais 
contidos no Artigo 6° de nossa Constituição Federal. Assim o trabalho discorrerá 
sobre a Alimentação, a Moradia, a Saúde, o Trabalho e a Educação, que talvez 
sejam os principais pilares do Direito Social Brasileiro. As considerações abordam o 
histórico e a formação dos Direitos Humanos, suas teorias formadoras, a natureza 
jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos, alguns outros Pactos 
Internacionais da qual o Brasil é signatário e o conceito sobre Direitos Humanos. 
Dentre as considerações entre os pilares da sociedade brasileira serão abordados 
temas como a previsão no ordenamento jurídico nacional e internacional, suas 
finalidades e alguns métodos utilizados pela Administração Pública Brasileira para a 
sua efetivação. 
 
Palavras-chave: Direitos Humanos - Direitos Sociais - Efetivação 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
This work aims to discuss and expose brief comments on some of the social rights 
contained on the 6th Article of our Federal Constitution. Thus the work will discuss 
the Food, the Housing, Health, Work and Education, which perhaps are the main 
points of the Brazilian Social Law. The considerations address the history and 
formation of Human Rights, forming theories, the legal nature of the Universal 
Declaration of Human Rights, some other International Covenants to which Brazil is a 
signatory and the concept on Human Rights itself. Among the considerations 
between the pillars of the Brazilian society will discuss topics such as forecasting in 
national and international law, its purposes and some methods used by the Brazilian 
Public Admistration for its realization. 
 
Keywords: Human Rights - Social Rights - Effective 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 
1 - HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS. .......................................................... 10 
2 - TEORIAS DOS DIREITOS HUMANOS................................................................ 14 
3 - CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS ............................................................... 15 
3.1 Categorias ........................................................................................................ 18 
4 - NATUREZA JURÍDICA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS ................................................................................................................ 19 
5 - OUTROS PACTOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL.............. 21 
6 - OS PILARES BÁSICOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA ..................................... 23 
7 - O DIREITO SOCIAL A ALIMENTAÇÃO ............................................................... 25 
8 - O DIREITO SOCIAL À MORADIA ........................................................................ 28 
09 - O DIREITO SOCIAL À SAÚDE .......................................................................... 34 
10 - O DIREITO SOCIAL AO TRABALHO ................................................................ 39 
11 - O DIREITO SOCIAL A EDUCAÇÃO .................................................................. 44 
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 51 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55 
ANEXOS ................................................................................................................... 57 
ANEXO A - PROTOCOLO DE SAN SALVADOR ...................................................... 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Introdução: 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso visa traçar breves comentários 
acerca daqueles direitos que o autor considera como sendo Os Pilares do Direito 
Social Brasileiro, trazendo conceituações acerca dos direitos a Alimentação, a 
Moradia, a Saúde, ao Trabalho e, em sua opinião, a Educação como sendo o mais 
importante destes direitos. 
A escolha do tema tem como objetivo demonstrar como o ordenamento 
jurídico brasileiro e a Administração Pública Brasileira dispõem e efetivam 
respectivamente o acesso da população a alimentação, moradia, saúde, trabalho e a 
educação, direitos de extrema relevância socioeconômica na atualidade, que 
frequentemente são utilizados como demonstradores do desenvolvimento de um 
país, sejam em âmbito nacional ou internacional. 
Através de uma pesquisa exploratória, o trabalho que possui 10 capítulos, 
toma como início o contexto histórico e a formação dos direitos inerentes a todos os 
seres humanos, suas teorias e o contexto jurídico da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, como marco histórico não somente na apresentação dos direitos 
sociais, como também dos direitos fundamentais de cada ser humano, discorre 
sobre as peculiaridades necessárias para o fornecimento de alimentação adequada, 
moradia segura e digna, saúde que atenda aos indivíduos em suas diversas facetas 
de atuação, a preparação do trabalhador e a criação de postos de trabalho para 
atender as demandas nacionais e o acesso à educação mínima necessária para as 
crianças, adolescentes e aos indivíduos que não tiveram oportunidade de acessá-la 
em idade apropriada, visando a preparação para atingir degraus mais elevados na 
carreira acadêmica. 
Assim, o trabalho traça breves explanações acerca dos direitos 
supracitados, alguns dos órgãos responsáveis pela sua implementação e alguns dos 
mecanismos de atuação destes órgãos, pois devido à extensão do tema em 
questão, o trabalhonão visa à exaustão destes conceitos, e sim, somente trazer à 
luz preceitos básicos para que a sociedade brasileira possa ter uma maior acesso à 
tais direitos. 
 
 
 
10 
 
1. Histórico dos direitos humanos. 
 
O histórico dos Direitos Humanos remontam às primeiras codificações da 
história da humanidade, acompanhe a seguir uma breve consideração sobre o seu 
desenvolvimento. 
O surgimento dos direitos individuais do homem data aproximadamente de 
3000 anos A.C, na Mesopotâmia e no antigo Egito, com o Código de Hamurabi 
(1690 A.C.), que já consagrava a o direito a vida, a propriedade, a honra, dignidade 
etc. Nesta época as correntes filosóficas e religiosas tinham influência determinante 
nos direito do homem, se pode citar Buda, com suas ideias de igualdade entre 
todos os homens, ou ainda, as ideias Gregas sobre a existência de regras 
superiores e anteriores àquelas criadas pelo homem e pela edição de regras que 
permitiam a participação de cidadãos na vida política do Estado. Porém, o Direito 
Romano foi o que materializou devidamente um complexo mecanismo que visava 
tutelar os direitos individuais em relação às resoluções estatais, sendo a Lei das 
Dozes Tábuas um ótimo modelo escrito consagrador dos direitos a liberdade, 
propriedade e proteção aos direitos do cidadão. (MORAES, 2007, p. 7-15) 
A concepção religiosa trazida pelo Cristianismo, que ditava como premissas 
a igualdade entre todos os homens sem distinção de origem, raça, cor, credo, sexo 
ou classe social, contribuiu para a formação dos direitos fundamentais essenciais a 
dignidade da pessoa humana. Mesmo durante a Idade Média houveram alguns 
documentos que visavam a limitação do poder estatal em face dos direitos 
individuais, a citar a Magna Charta Libertatum, outorgada pelo Rei João Sem-Terra 
no ano de 1215. Que previa, dentre outras garantias, a liberdade da Igreja na 
Inglaterra, algumas restrições tributárias, o direito ao devido processo legal e de livre 
acesso à justiça. (MORAES, 2007, p. 7-15) 
 Na Petition of Rights, de 1628, podia-se contemplar a inobrigatoriedade de 
contribuição com qualquer benefício ou tributo aprovado por todos e manifestado 
mediante ato do Parlamento e que ninguém poderia sofre qualquer infortúnio ou 
acusação por tais valores ou pela recusa em pagá-los. Trouxe também a previsão 
de que nenhum homem livre poderia ficar preso ou ser detido ilegalmente, instituto 
que mais tarde em 1679 fora regulamentado pelo Habeas Corpus Act, que 
proporcionava a oportunidade de impetração de Habeas Corpus a favor do preso, 
que poderia ser solto caso o delito cometido fosse afiançável. A Bill of Rights, de 
11 
 
1689, e o Act of Settlement, de 1701, fortaleceram ainda mais o princípio da 
legalidade, sendo que o primeiro ainda garantiu o direito de petição, algumas 
imunidades parlamentares e a vedação de aplicação de penas cruéis e a 
convocação frequente do Parlamento. (MORAES, 2007, p. 7-15) 
Em seguida, desencadearam-se nos Estados Unidos as revoluções que 
culminaram com sua independência e que produziram documentos históricos e que 
muito contribuíram para a efetivação dos direitos humanos fundamentais, a citar: a 
Declaração de Direitos de Virgínia, a Declaração de Independência dos Estados 
Unidos da América e a Constituição dos Estados Unidos da América. Todos eles 
fomentando a limitação do poder estatal, a liberdade religiosa, o direito a vida, a 
ampla defesa, o juiz natural e imparcial, o devido processo legal, dentre outros. 
(MORAES, 2007, p. 7-15) 
Porém a consagração total dos Direito Fundamentais do Homem só fora 
amplamente redigida e alcançada com a promulgação da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão de 1.789, na França, durante a Revolução Francesa. Redigida 
em 17 artigos, previa princípios como a igualdade, liberdade, propriedade, 
segurança, associação política, legalidade, reserva legal e anterioridade em matéria 
penal, presunção de inocência, livre manifestação do pensamento etc. Durante este 
período se pode ainda citar a Constituição Espanhola de Cádis (em 1.812), a 
Constituição Portuguesa de 1.822 e a Constituição Francesa de 1.848. (MORAES, 
2007, p. 7-15) 
Já no século XX podem-se citar alguns diplomas constitucionais fortes nas 
temáticas sociais, como a Constituição Mexicana de 1.917, a Constituição de 
Weimar de 1.919, a Declaração Soviética dos Direitos do Povo Trabalhador e 
Explorado, em conjunto com a Constituição Soviética, ambas de 1.918, e a Carta do 
Trabalho de 1.927, do então Estado Fascista italiano. Estas colaboraram para a 
efetivação dos direitos dos trabalhadores (Constituição Mexicana e Carta do 
Trabalho), a inviolabilidade de correspondência e igualdade entre os sexos 
(Constituição de Weimar), supressão das desigualdades sociais e a exploração do 
homem pelo homem (nos documentos soviéticos). (MORAES, 2007, p. 7-15) 
Interessante traçar um paralelo sobre estes documentos internacionais com 
relação aos direitos abordados em suas cartas, tais diplomas podem ser divididos 
entre diplomas de cunho fundamental/individual e diplomas de cunho social/coletivo. 
Assim tem-se como diplomas de cunho fundamental/individual Magna Charta 
12 
 
Libertatum, de 1215. Petition of Rights 1628, Habeas Corpus Act 1679, A Bill of 
Rights, de 1689, e o Act of Settlement, de 1701, a Declaração de Direitos de 
Virgínia, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, ambas de 
1776, a Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão de 1.789, a Constituição Espanhola de Cádis (em 
1.812), a Constituição Portuguesa de 1.822 e a Constituição Francesa de 1.848. 
Portanto, apesar das primeiras ideias de cunho social terem surgido em meados do 
século XIX, os primeiros diplomas constitucionais de cunho social/coletivo surgiram 
com a Constituição Mexicana de 1917, a Constituição de Weimar de 1919, a 
Declaração Soviética dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, em conjunto 
com a Constituição Soviética, ambas de 1918, e a Carta do Trabalho do governo 
fascista italiano em 1927. 
O marco na consagração dos Direitos Sociais se deu com a promulgação da 
resolução número 217 – A (III), da Organização das Nações Unidas, a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948, sendo posteriormente reforçado pelo 
Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais- PIDESC, no ano 
de 1966. 
Observe o panorama dos direitos fundamentais nas Constituições 
Brasileiras. O Título VII da Constituição Imperial de 1.824 já continha um amplo rol 
de direitos fundamentais, dentre os quais se pode citar alguns contidos no artigo 
179: a livre manifestação de pensamento, liberdade, igualdade, possibilidade de 
prisão somente em flagrante delito e por autoridade competente, possibilidade de 
aplicação da fiança, Juiz natural, ensino primário gratuito etc. (MORAES, 2007, p. 7-
15) 
A Constituição Republicana de 1.891 dispunha, além dos direitos 
tradicionalmente elencados, as seguintes previsões: casamento civil gratuito, ensino 
leigo, ampla defesa, liberdade de associação, habeas corpus, abolição da pena de 
morte, dentre outros. É de praxe que as Constituições elaboradas ao longo da 
história brasileira trouxessem um capítulo que trata unicamente dos direitos e 
garantias fundamentais. Na Carta de 1.934, por exemplo, foram incluídos neste rol 
a consagração do direito adquirido, a irretroatividade da lei penal, o mandado de 
segurança, direitos autorais, impossibilidade de prisão civil por dívidas e a 
impossibilidade de se extraditar estrangeiros em decorrência de crimes políticos. Já 
na Carta de 1.937 pode-se atentar para a impossibilidade de aplicação depenas 
13 
 
perpétuas, e as Constituições de 1.946 e 1.967 que trouxeram importantes 
alterações e concessões aos direitos sociais dos trabalhadores visando a melhoria 
de suas condições de vida, prezando também pelo sigilo das comunicações 
telegráficas e telefônicas, a integridade física e moral do detento e do presidiário etc. 
(MORAES, 2007, p. 7-15) 
Direitos que foram continuados e aperfeiçoados com a Constituição Federal 
de 1988. Importante ressaltar as diversas teorias surgidas durante toda a evolução 
histórica dos Direitos Humanos que serão apresentadas a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2- Teorias dos Direitos Humanos: 
 
Faz-se necessário traçar um paralelo para que se possa estudar as 
principais teorias sobre os Direitos Humanos Fundamentais, a saber: 
- a teoria jusnaturalista aborda os direitos humanos em uma ordem superior 
universal, imutável e inderrogável, não tendo sido estes direitos criados por 
legisladores e juristas, não sendo, portanto, passível de desaparecer da consciência 
humana. (MORAES, 2007, p. 15-16) 
- na teoria positivista, os direitos humanos são abordados pela sua 
existência na ordem normativa, pela manifestação legítima do poder popular 
soberano, assim, somente seriam considerados fundamentais os direitos humanos 
devidamente positivados pelo ordenamento jurídico. (MORAES, 2007, p. 15-16) 
- segundo a teoria moralista ou de Perelman, os direitos humanos trazem 
sua fundamentação na experiência e consciência de um determinado Grupo ou povo 
e que configura o “espiritus razonables”. (MORAES, 2007, p. 15-16) 
Os Direitos Humanos Fundamentais não podem ser explicados por uma 
única teoria, sendo necessária uma coexistência entre elas, pois, necessita-se de 
uma consciência moral (teoria de Perelman) que possua valores baseados na 
crença de uma ordem universal superior (teoria jusnaturalista) para que se possa 
encontrar os alicerces e princípios políticos e sócias para a configuração destes 
direitos no ordenamento jurídico vigente (teoria positivista), sendo o caminho inverso 
totalmente válido para que os legisladores ou tribunais fundamentem a criação ou 
reconhecimento de novos direitos pautados na evolução da consciência social. 
(MORAES, 2007, p. 15-16) 
Realizada a abordagem entre as principais teorias geradoras dos direitos 
humanos resta conceituar adequadamente a expressão “Direitos Humanos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3- Conceito de Direitos Humanos. 
 
Várias são as definições apresentadas pela doutrina acerca da correta 
conceituação da expressão “Direitos Humanos”. 
Assim, para se delinear um conceito sobre os Direitos Humanos 
Fundamentais se faz necessário citar dois ensinamentos de José Afonso da Silva, 
 
a ampliação e transformação dos direitos fundamentais de homem no 
envolver histórico dificulta definir-lhes um conceito sintético e preciso. 
Aumenta essa dificuldade a circunstância de se empregarem várias 
expressões para designá-los, tais como: direitos naturais, direitos humanos, 
direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, 
liberdades fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do 
homem. (SILVA, 1997, p. 174 e 177 citado por MORAES, 2007, p. 20 e 21) 
 
Assim, se conclui que 
 
direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a 
este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a 
concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento 
jurídico, é reservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas 
prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma 
convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. (SILVA, 1997, p. 174 e 
177 citado por MORAES, 2007, p. 20 e 21). 
 
Tais direitos são apresentados com um alto posicionamento hermenêutico 
sobre os demais direitos e possuem características próprias: 
- são imprescritíveis, pois não são afetados pela decorrência de lapso 
temporal; 
- são inalienáveis, pois não se pode transferi-los, seja a título oneroso ou 
gratuito; 
- são irrenunciáveis, já que não podem ser objeto de renúncia pelo seu 
titular, o que muitas vezes gera discussões sobre a renúncia sobre a vida, a 
eutanásia e o suicídio; 
- são invioláveis, assim, não há possibilidade de desrespeito por parte de 
normas infraconstitucionais ou autoridades públicas, já que tal ato pode acarretar 
penalidades civis, administrativas e penais; 
- são universais, uma vez que se aplicam a todos o indivíduos, sem distinção 
de raça, cor, idade, nacionalidade, credo ou convicção político-filosófica; 
16 
 
- são efetivos, na medida em que o Poder Público deve atuar no sentido de 
efetivar os direitos e garantias previstos, já que a Constituição Federal não se 
contenta com simples reconhecimento abstrato, utilizando inclusive meios 
coercitivos; 
- são interdependentes, pois, mesmo diante da autonomia que cada previsão 
constitucional possui, é necessário que haja certas intersecções para que atinjam as 
suas finalidades. 
- e são complementares, já que não podem ser interpretados de forma 
isolada, afim de garantir o alcance dos objetivos finalísticos que enseja o legislador 
constitucional. 
Os direitos humanos fundamentais são direitos constitucionais de aplicação 
imediata e que não podem ser confundidos com as garantias institucionais. Estas 
últimas, não são direitos diretamente atribuídos às pessoas, e sim a certas 
instituições com sujeitos e objetos diferenciados. (MORAES, 2007, p. 22 e 23) 
Várias fontes corroboraram para a atual formação dos direito humanos e do 
constitucionalismo moderno. 
Os pontos comuns entre estas fontes são o escopo por limitar o abuso de 
poder por parte do Estado e de suas autoridades formadoras, bem como de garantir 
os princípios básicos de igualdade e liberdade aos indivíduos. (MORAES, 2007, p. 
01) 
Portanto, os direitos ditos como fundamentais, elencam uma parcela 
importante no atual cenário das constituições ao redor do mundo, consagrando a 
dignidade e o desenvolvimento da pessoa humana. (MORAES, 2007, p. 02) 
Para a interpretação e aplicação destes preceitos sociais, deve-se levar em 
conta na interpretação escrita da Constituição Federal, todo o contexto (histórico, 
político e ideológico) do momento, encontrando assim o melhor sentido para a 
norma jurídica no confronto sociopolítico-econômico e buscando a plenitude de sua 
eficácia. (MORAES, 2007, p. 05) 
Alguns princípios interpretativos são apontados por Canotilho: 
 
- unidade da Constituição: deve-se interpretar a Constituição de modo a 
evitar contradições entre suas normas; 
- efeito integrador: deve-se conceder preferência aos critérios que 
favoreçam a integração política e social, também com enfoque no reforço da 
unidade política, nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais; 
17 
 
- máxima efetividade ou da eficiência: deve-se atribuir a norma 
constitucional o maior sentido de eficácia que lhe possa conceder; 
- justeza ou conformidade funcional: o esquema organizatório-funcional 
elaborado pelo legislador originário não podem ter sua interpretação 
alterada, subvertida ou perturbada por posições de órgãos que sejam 
encarregados da interpretação das normas constitucionais; 
- concordância prática ou harmonização: visa evitar o sacrifício de alguns 
bens jurídicos em relação a outros, exigindo-se para este fim, coordenação 
e combinação destes bens; 
- força normativa da Constituição: adota-se a interpretação que garanta a 
maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais. 
(CANOTILHO, 1991, p.136 citadopor MORAES, 2007, p. 05) 
 
A atual Carta Magna Brasileira de 1988 elencou a seguinte divisão sobre os 
direitos fundamentais: 
1- Direitos Individuais e Coletivos: previstos nos artigo 5º da Constituição, 
representam os direitos ligados ao conceito de pessoa humana e de sua própria 
personalidade. Ex: vida, liberdade, dignidade etc; (MORAES, 2007, p. 22) 
2- Direitos Sociais: com a finalidade de buscar melhoras nas condições de 
vida e dignidade, visando consubstanciar um dos principais princípios de nosso 
Estado Democrático de Direito, a igualdade social. Encontra-se previsto nos artigos 
6º ( da Constituição Federal. (MORAES, 2007, p. 22) 
3- Direitos de Nacionalidade: a nacionalidade constitui um vínculo entre o 
indivíduo e seu País, tornando-o capaz de exigir a proteção pelos seus direitos e o 
cumprimento dos deveres impostos. Tais direitos podem ser observados nos artigos 
12 e 13 da Constituição Federal. (MORAES, 2007, p. 22) 
4- Direitos Políticos: que tutelam a disciplina dos mecanismos da soberania 
popular. Tais institutos permitem que o indivíduo participe dos negócios políticos do 
País, garantindo a premissa do artigo 1º da Constituição Federal, onde se pode ler 
que “todo poder emana do povo”. Sua regulamentação pode ser observada no artigo 
14 da Carta Magna. (MORAES, 2007, p. 22) 
5- Direitos Relacionados aos Partidos Políticos: os partidos políticos foram 
regulamentados como sendo organismos essenciais para a preservação do Estado 
Democrático de Direito, permitindo-se que possuam autonomia e plena liberdade de 
atuação para a concretização do sistema representativo. (MORAES, 2007, p. 22) 
Veja em seguida que a doutrina subdivide tais direitos em categorias de 
acordo com a época de seu surgimento. 
 
 
18 
 
3.1 - Categorias: 
 
Diferentemente da classificação trazida pela Constituição Federal, à doutrina 
trabalha com a seguinte classificação: 
- direitos fundamentais de primeira geração, que elencam os direitos civis e 
políticos surgidos nas declarações do século XVIII; 
- direitos fundamentais de segunda geração, são os direitos sociais, culturais 
e econômicos, estes sendo trazidos pelas primeiras declarações do século XIX, 
sendo aperfeiçoados ao longo deste mesmo século; 
- direitos fundamentais de terceira geração, que são os chamados de direitos 
de solidariedade ou fraternidade englobando desde o direito a um meio ambiente 
saudável, até o direito a paz e autodeterminação dos povos, estes surgidos no 
século XX após o término das Guerras Mundiais. 
Porém, convêm ressaltar que tais direitos não são ilimitados, pois, 
encontram seus limites em outros direitos trazidos pela Constituição (Princípio da 
relatividade ou convivência das liberdades públicas1). Assim, utiliza-se o Princípio da 
concordância prática ou da harmonização2, evitando assim o sacrifício de uns em 
relação aos outros, buscando-se sempre a harmonia e o verdadeiro significado da 
norma do texto constitucional com suas finalidades. (MORAES, 2007, p. 27) 
O Supremo Tribunal Federal, em face da relativização dos direitos 
fundamentais, afirma que um direito individual “não pode servir de salvaguarda de 
práticas ilícitas” (RT, 709/418). Portanto, deve o legislador buscar na perseguição de 
seus objetivos a proporcionalidade entre a legitimidade e a necessidade, bem como 
a razoabilidade, ou seja, a análise entre a restrição a ser imposta aos cidadãos e os 
objetivos pretendidos. (MORAES, 2007, p. 28) 
Desta forma já se pode elaborar um breve conceito sobre a natureza jurídica 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
 
 
1
 Conforme leciona Alexandre de Moraes, o princípio da relatividade ou convivência das liberdades 
públicas preconiza que os direitos e garantias fundamentais não são ilimitados, uma vez que 
encontram seus limites nos demais direitos igualmente consagrados pela Magna Carta. (MORAES, 
2009, p. 32 e 33) 
2
 Segundo esse princípio, na hipótese de conflito entre bens e valores constitucionalmente protegidos, 
o intérprete deve preferir a solução que favoreça a realização de todos eles, evitando o sacrifício total 
de uns em relação aos outros. (MARTINEZ, 2012, p. 03) 
19 
 
4- Natureza Jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos: 
 
A Declaração, que fora formalmente elaborada como uma resolução 
(Resolução número 217 da Organização das Nações Unidas) foi assinada pelo 
Brasil na mesma data de sua aprovação e adoção em 10/12/1948, desta forma, 
concordando com seus 30 artigos que consagram princípios básicos da igualdade, 
solidariedade e dignidade da pessoa humana; vedação absoluta a qualquer tipo de 
discriminação; proibição da tortura ou outro tipo de tratamento considerado 
desumano ou degradante; o princípio do juiz natural, da ampla defesa, do 
contraditório e da reserva legal; liberdade de expressão; direitos inerentes à 
nacionalidade, ao trabalho, à sindicalização e à participação política, dentre outros, 
tratando inclusive sobre a garantia a um padrão de vida digno e capaz de suprir as 
necessidades básicas do indivíduo e de sua família. 
Cabe lembrar que a aprovação da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos deu-se em uma época conturbada, onde ainda eram sentidos os efeitos 
das barbáries e atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, esta 
terminada em 1945. 
Aragão tece os seguintes comentários sobre a natureza jurídica da 
Declaração dos Direitos Humanos: 
 
A discussão sobre a natureza jurídica da Declaração Universal dos Direito 
Humanos é mais antiga do que a própria declaração. Já no âmbito da 
Comissão de Direitos Humanos, quando incumbida de redigir o primeiro 
esboço, houve acalorados debates sobre qual seria o formato normativo da 
obra. Houve quem insistisse em que a “Bill of Rights” devesse estar 
consubstanciada num tratado internacional que vinculasse os estados que o 
ratificassem. Já outros preferiam a adoção de uma declaração pela 
Assembleia Geral, que explicitasse o conceito de “direitos humanos” 
incorporado à Carta da ONU. Eleanor Roosevelt, como presidente da 
Comissão de Direitos Humanos, impôs postura conciliatória, ao direcionar o 
trabalho de redação para dois projetos, uma declaração e um projeto de 
convenção. Ao final, prevaleceu na Assembleia Geral, à ocasião, apenas a 
declaração.17 Ao preferir, a maioria dos governos representados na 
Assembleia Geral, a adoção de uma declaração apenas, na forma de 
resolução do colegiado, deixou claro sua opção por um documento não 
vinculante. As razões da escolha devem ser buscadas no contexto histórico 
da época, o início da guerra fria. A União Soviética particularmente, então 
sob regime totalitário stalinista, insistia em que o respeito aos direitos 
humanos era assunto da exclusiva jurisdição doméstica dos estados e, por 
isso, não sujeito ao controle ou monitoramento pela ONU. Com efeito, a 
Carta da ONU, em seu art. 2.º, parágrafo (7), estabelece que “[n]enhum 
dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em 
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado 
ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos 
20 
 
termos da presente Carta [...]”. É evidente que a definição do que sejam 
“assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado” 
varia na medida do progresso do direito internacional público. Certamente, 
hoje, não mais se pode considerar que direitos humanos sejam matéria da 
reserva doméstica de cada estado. Mas, à época da adoção da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, a restrição parecia ser de aceitação geral. 
Desta forma, a declaração, ao se revestir da forma de uma resolução da 
Assembleia Geral da ONU,se consolidou como recomendação, diretriz 
política de ação dos estados. (ARAGÃO, 2009, p.5) 
 
De acordo com Flávia Piovesan, o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos visa garantir o exercício dos direitos da pessoa humana, sendo a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem a mais importante conquista dos 
direitos humanos fundamentais em nível internacional. (PIOVESAN, 1996, p.43 
citada por MORAES, 2007, p. 16) 
Cabe aqui a observação que não é somente a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos que traz recomendações acerca dos Direitos Humanos, o tópico a 
seguir apresenta uma lista de tratados da qual o Brasil também é signatário e que 
elencam em grande parte o ordenamento jurídico internacional destes direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
5. Outros Pactos Internacionais ratificados pelo Brasil: 
 
Compreendem ainda o rol de documentos assinados e ratificados pelo 
Brasil: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (criado em 16 de 
dezembro de 1966 na forma da Resolução n. 2.200-A (XXI) da Organização das 
Nações Unidas e adotado pelo Brasil na forma do Decreto nº 592 - de 6 de julho de 
1992); o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos , Sociais e Culturais 
(criado em 16 de dezembro de 1966 na forma da Resolução n. 2.200-A (XXI) da 
Organização das Nações Unidas e adotado pelo Brasil na forma do Decreto nº 591 - 
de 6 de julho de 1992); a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação Racial (criada pela Resolução 2.106-A (XX) da Assembleia Geral das 
Nações Unidas, em 21.12.1965 e adotada pelo Brasil no Decreto nº 65.810 - de 8 de 
dezembro de 1969); Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de São 
José da Costa Rica (criada em 22 de novembro de 1969 e adotada pelo Brasil no 
Decreto Nº 678, de 6 de Novembro de 1992); a Convenção sobre a Eliminação de 
todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (criada pela Resolução 34/180 
da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 18.12.1979 e adotada pelo Brasil no 
Decreto Nº 4.377, de 13 de Setembro de 2002); a Convenção contra a Tortura e 
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (criada pela 
Resolução 39/46, da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10.12.1984 e 
adotada pelo Brasil no Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991); a Convenção 
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (criada na data de 10 de dezembro 
de 1984, pela Resolução n. 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas e 
adotada no Brasil pelo Decreto Nº 98.386, de 9 de Dezembro de 1989); a 
Convenção sobre os Direitos da Criança (criada na Assembleia Geral das Nações 
Unidas em 20 de novembro de 1989 e adotada pelo Brasil no Decreto Nº 99.710, de 
21 de Novembro de 1990) ; a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher (criada pela Assembleia Geral da Organização 
dos Estados Americanos em 06 de junho de 1994 e adotada pelo Brasil pelo Decreto 
Nº 1.973, de 1º de agosto de 1996). 
Importante ressaltar que, em seus 82 artigos, o Pacto de São José da Costa 
Rica concebe além de normas de caráter material, os órgãos competentes (a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos e a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos) para dirimir sobre os assuntos compromissados no Pacto, fato este 
22 
 
diverso da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que contém somente as 
recomendações aos Estados-membros e não dispõe sobre entidades ou órgãos 
competentes para conhecer eventuais divergências sobre os assuntos nela 
dispostos. (MORAES, 2007, p. 19 e 20) 
Após apresentados breves comentários sobre a formação, historicidade, 
conceito e algumas características dos Direitos Humanos, bem como a natureza 
jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos e alguns outros Pactos 
Internacionais do qual o Brasil é signatário, dar-se-á continuidade apresentando os 
principais Pilares do Direito Social Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
6. Os pilares básicos da sociedade brasileira. 
 
De acordo com o artigo 6º da Constituição da República Federativa do Brasil 
os Direitos ditos como Sociais são: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à 
infância e a assistência aos desamparados. 
Através deste estudo pretende-se tecer breves comentários sobre alguns 
destes direitos que entendo serem os mais importantes e os pilares essências para 
uma sociedade mais justa e solidária. 
Destarte, tais direitos constituem uma parte do que a doutrina costuma 
chamar de “Mínimo Existencial”, que constitui segundo a visão de Rafael de Lazari, 
são “o conjunto de condições elementares do homem, como forma de assegurar sua 
dignidade, sem que a faixa limítrofe do estado pessoal de subsistência seja 
desrespeitada”. (LAZARI, 2012, p.87) 
Ainda segundo Rafael de Lazari, se pode afirmar que o conteúdo macro do 
mínimo existencial são os próprios direitos sociais elencados no artigo 6º da Carta 
Magna Brasileira. (LAZARI, 2012, p.87) 
Porém, este estudo não enfoca a abordagem completa acerca destes 
direitos, desta maneira, será trabalhado aqui com o que se entende ser o conteúdo 
essencial dos direitos sociais. 
Assim, cita-se como sendo de suma importância: 
- a Educação, sendo este o pilar básico, do qual o autor desta ousa dizer 
que todos os outros direitos sociais emanam, pois, traz suporte e alimento intelectual 
para o processamento das demais ciências existentes no mundo. 
- a Saúde, que visa proporcionar ao ser humano uma maior expectativa e 
qualidade de vida, buscando e solucionando quando possível as enfermidades de 
nosso ser. 
- o Trabalho digno, que proporcione subsistência ao indivíduo e sua família, 
lhe proporcionando também acesso aos bens e serviços necessários ao seu bem 
estar físico, moral e social. 
- a Alimentação, a fim de suprir as necessidades diárias em energia e bem 
estar físico do ser humano. 
- e a Moradia, visando garantir condições mínimas de abrigo, proteção e 
privacidade ao homem. 
24 
 
Através deste trabalho será possível observar que os direitos 
supramencionados possuem uma grande correlação, pois, do alimento e da 
manutenção da saúde se extraem as forças para a realização do trabalho, que por 
sua vez nos garante o acesso a proteção conferida pela moradia digna, porém o 
acesso a nenhum destes direitos seria possível sem a educação de qualidade para o 
seu desenvolvimento e progresso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
7. O Direito Social a Alimentação. 
 
O direito humano à alimentação visa garantir acesso a uma alimentação 
adequada ou à sua obtenção, sem que para isso comprometa o acesso a outros 
direitos. Tal direito possui previsão nos artigos 6º (incluído pela Emenda 
Constitucional nº 64/10) e 227 da Constituição Federal Brasileira e na Lei Federal 
11.346/06, que cria o SISAN – Sistema Nacional de Segurança Alimentar e 
Nutricional, visando assegurar o direito humano à alimentação adequada. 
Deve-se observar os artigos 2º e 3º3 da referida Lei 11.346/06 que 
exemplificam os principais princípios garantidores do DHAA constantes no direito 
pátrio. 
Cabe aqui ser demonstrado que o Direito Humano a Alimentação Adequada 
advém de normas supraconstitucionais, como por exemplo, sua previsão no artigo 
XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações 
Unidas, no artigo11 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos e Sociais – 
PIDESC e no artigo 12 do Protocolo de San Salvador (Anexo A). 
O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais do Alto Comissariado 
de Direitos Humanos/ONU – 1999, afirma que, o DHAA é um direito indivisível a 
dignidade da pessoa humana e fundamental para garantir a realização dos demais 
direitos humanos, não se podendo separá-lo da justiça social e, sendo necessário 
adotar medidas nacionais e internacionais sobre política ambiental, social e 
econômico para a erradicação da pobreza e da fome no mundo, não cabendo à 
interpretação estrita ou restrita que o condicione a uma quantidade mínima de 
calorias, proteínas e nutrientes necessários à alimentação humana. Ainda de acordo 
 
3
 Art. 2º A alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da 
pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição Federal, 
devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias para promover e 
garantir a segurança alimentar e nutricional da população. 
§ 1º A adoção dessas políticas e ações deverá levar em conta as dimensões ambientais, culturais, 
econômicas, regionais e sociais. 
§ 2º É dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e 
avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada, bem como garantir os mecanismos 
para sua exigibilidade. 
 
Art. 3º A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso 
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o 
acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de 
saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente 
sustentáveis. 
 
26 
 
com o Comitê, se deve considerar como conteúdo essencial à alimentação 
adequada, a disponibilidade dos alimentos, que devem ser em qualidade e 
quantidade que possa satisfazer as necessidades diárias do indivíduo, devendo 
também ser culturalmente aceita, livre de substâncias nocivas e desde que o acesso 
a este alimento não ocasione prejuízo ao fornecimento ou fruição dos demais 
direitos humanos. (SUIÇA, 1999, p. 1 e 2) 
O direito à alimentação adequada não possui uma pormenorizada previsão 
na Carta Magna Brasileira, sendo necessário aqui tecer alguns comentários e 
definições a seu respeito: 
- Na questão da acessibilidade, deve-se levar em consideração tanto a 
acessibilidade econômica, quanto a acessibilidade física. (SUIÇA, 1999, p. 1 e 2) 
Por acessibilidade econômica subentendem-se os custos familiares, 
pessoais e financeiros que se relacionam com a obtenção dos recursos alimentares 
para a dieta do indivíduo e de sua família, sem que haja prejuízo na obtenção de 
outros direitos. Importante ressaltar que a acessibilidade econômica é aplicável a 
qualquer possibilidade de obtenção de recursos alimentícios por parte da população. 
Considera-se também como uma medida que visa adequar o processo de uso ao 
direito à alimentação adequada e que algumas comunidades mais vulneráveis 
podem necessitar de apoio de programas de assistência. (SUIÇA, 1999, p. 3 e 4) 
Como acessibilidade física deve-se considerar a abrangência de todos os 
indivíduos humanos, com atenção especial àqueles indivíduos que possuem maior 
vulnerabilidade, como crianças, idosos, doentes mentais e adultos com doenças 
terminais ou deficiências físicas. (SUIÇA, 1999, p. 3 e 4) 
- Sobre sua disponibilidade, deve-se considerar as possibilidades que o ser 
humano possui de alimentar-se de sua própria terra ou de outros meios disponíveis, 
levando em consideração os meios de produção e transporte necessário à 
demanda. (SUIÇA, 1999, p. 2 e 3) 
- Quanto à questão da aceitabilidade cultural do alimento, deve-se levar em 
conta as informações que o consumidor bem informado sobre o suprimento 
alimentício ofertado. (SUIÇA, 1999, p. 3) 
- A ausência de substâncias adversas garante que serão respeitados e 
estabelecidos requisitos mínimos para que não haja contaminação, adulteração ou 
más condições de higiene, inclusive por manipulação em qualquer etapa de 
27 
 
produção, preparo ou distribuição do alimento, tomando cuidado inclusive com as 
possíveis toxinas naturais que sejam identificadas. (SUIÇA, 1999, p. 3) 
- Finalmente, por necessidades dietéticas mínimas, caberá ao Estado 
fornecer alimentação que atenda a demanda de nutrientes necessários para o 
crescimento e manutenção da saúde física, mental e psíquica do indivíduo, levando 
em conta as atividades praticadas ao longo do seu dia, a fisiologia, o gênero e a 
ocupação deste. Atividades para a manutenção, adaptação e fortalecimento da 
diversidade alimentar são necessárias para que se possa atender esta ampla gama 
populacional. (SUIÇA, 1999, p. 2 e 3) 
Deve-se ter em mente que todos os Estados signatários do PIDESC 
possuem a obrigação de prover, facilitar e proteger o direito à alimentação 
adequada, através das medidas legais necessárias. A violação do pacto ocorre 
quando um Estado deixa de proporcionar acesso ao mínimo essencial para 
satisfazer as necessidades alimentares básicas do indivíduo. (SUIÇA, 1999, p. 3) 
As violações podem ocorrer por ação direta dos Estados ou suas entidades 
pela recusa do acesso aos alimentos, suspensão de legislação necessária para a 
fruição do direito aos alimentos, por formas discriminatórias, bloqueio de ajuda 
humanitária necessária etc. (SUIÇA, 1999, p. 4) 
No rol das medidas nacionais implementadas para a viabilização do direito a 
alimentação adequada se pode ainda citar o Programa de Aquisição de Alimentos 
(PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o primeiro voltado à 
aquisição de bens e produtos de consumo diretamente dos pequenos produtores de 
comunidade tradicionais ou assentados pela reforma agrária, para serem utilizados 
em áreas de insegurança alimentar, formação de estoques e distribuição às 
camadas mais vulneráveis da população. Já o PNAE, visa beneficiar a alimentação 
escolar dos alunos, e conjuntamente, a aquisição de produtos agrícola familiares, 
sendo que a ordem mínima de compra destes produtos deve ser de 30% do valor 
repassado pelo Governo Federal. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
8. O Direito Social à Moradia. 
 
O Direito Social à Moradia é garantido pelo artigo 6º da Constituição Federal, 
devido à modificação realizada pela Emenda Constitucional nº 26/00, e constitui um 
dos direitos fundamentais elencados nos artigos XXV da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e 11 do Pacto Internacional Sobre os Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais. 
Silva define o direito à moradia da seguinte maneira: 
 
No morar se encontra a ideia básica da habitualidade no permanecer 
ocupando uma edificação, o que sobressai com sua correlação com o 
residir e o habitar, com a mesma conotação de permanecer ocupando um 
lugar permanentemente. O direito à moradia não é necessariamente direito 
à casa própria. Quer-se que garanta a todos um teto onde se abrigue com a 
família de modo permanente, segundo a própria etimologia do verbo morar, 
do latim “morari”, que significava demorar, ficar. (SILVA, 2005, p.314, 
citado por GALMACCI, 2011) 
 
Apesar de sua recente previsão no ordenamento jurídico nacional e 
internacional (no ano de 1948 pela carta da Organização das Nações Unidas e no 
ano de 2.000 pela alteração na Carta Magna Brasileira), o direito humano e social à 
moradia é antigo e intrínseco ao ser humano que se vê necessitado de um abrigo 
necessário tanto para recompor suas energias, quantopara abrigar-lhe das 
intempéries da natureza e de seu meio social, como a violência, por exemplo. A 
moradia constitui um pequeno pedaço de soberania exercido pelo cidadão, sendo 
um micro modelo de administração de recursos, direitos e deveres entre seus 
moradores ou pela família que a ocupa. 
O Estado Brasileiro é o principal responsável para a realização e obtenção 
do direito à moradia por parte do cidadão brasileiro, pois, tal direito possui 
aplicabilidade imediata já que está incluído no rol dos direitos sociais brasileiros e 
ademais, já possui previsão anterior à supracitada Emenda Constitucional, 
precisamente nos artigos 7º, IV e 23, IX da Constituição Federal4. 
 
4
 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
[...] 
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades 
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, 
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
[...] 
29 
 
Portanto, se pode concluir que, o Estado Brasileiro possui o ônus 
constitucional e supraconstitucional, garantido pelos tratados dos quais é signatário 
(Declaração dos Direitos Humanos e Pacto Internacional Sobre os Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais) de garantir aos seus cidadãos o direitos a uma 
moradia digna e adequada às suas necessidades. 
Como ensina Rafael de Lazari, 
 
[...] o direito social em epígrafe deve ser estudado em três grandes grupos: 
o direito de ser proprietário/possuidor de um lar, o direito de não se perder 
um lar, e o direito de que esse lar seja servido por realizações estatais de 
absoluta necessidade. (LAZARI, 2012, p.104) 
 
Por adequada às necessidades, se deve leva em conta não somente as 
necessidades do indivíduo, mas também a possibilidade do fornecimento por parte 
do Estado, assim, faz-se necessário realizar um estudo sobre os ensinamentos 
anteriormente citados pelo Emérito Rafael de Lazari: 
- a despeito do direito de ser possuidor/ proprietário de um imóvel, deve-se 
levar em conta os custos despendidos para a construção da moradia própria, em 
material de construção, obreiros e emolumentos, além da especulação imobiliária, 
que muitas vezes poderá ou não ser evitada através da desapropriação de imóveis 
em desuso para fins de reforma e ocupação. Assim, os programas governamentais 
visam destravar o empecilho que o alto custo de construção de casas traz aos cofres 
públicos repassando os custos aos seus beneficiários, sem que para isso haja um 
adequado investimento em outros setores do âmbito social, como o trabalho 
necessário ao beneficiário para o pagamento dos custos repassados ou dos índices 
de juros que são cobrados e que poderiam muito bem ser minimizados para 
configurar melhor amparo à população assistida. A exemplo destes programas, se 
pode citar o “Minha Casa, Minha Vida” do Governo Federal, através da Caixa 
Econômica Federal. (LAZARI, 2012, p. 104 a 106) 
 
 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
[...] 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de 
saneamento básico; 
[...] 
 
30 
 
Outro instituto legal brasileiro criado para aquisição de moradia própria é o 
usucapião urbano, que pelo decurso do lapso temporal de 05 anos, sem que haja 
havido contestação da posse do imóvel, o indivíduo que o estiver ocupando adquirirá 
o domínio sobre este. Além do requisito da extinção do lapso temporal, imóvel deve 
possuir área máxima de 250 metros quadrados e ser utilizado unicamente como 
propósito de moradia pelo indivíduo ou sua família. Tal previsão encontra-se no 
artigo 183 da Constituição Federal e no artigo 9º da Lei 10.257/01 (Estatuto das 
Cidades), sendo ainda permitido a utilização de usucapião coletivo no caso de 
imóveis com mais de 250 metros quadrados e em que se possa identificar lotes ou 
terrenos ocupados por cada um de seus ocupantes, lembrando que para ambas as 
espécies de usucapião urbano, para que os possuidores possam se beneficiar dos 
instituto, não poderão estes possuírem outro imóvel urbano ou rural. (LAZARI, 2012, 
p. 104) 
- Sobre o direito de não perder um lar se pode abordar duas correntes 
distintas no conceito de “perda” de sua residência. 
Deve-se considerar os eventos naturais que ocasionam a perda da moradia 
do cidadão, como avalanches e enchentes, por exemplo. Tais eventos seriam 
enquadrados como sendo de força maior ou desastres naturais, porém, que não 
desoneram o Estado de cumprir com suas obrigações de auxílio e ressarcimento 
pela perda de suas moradias, não se podendo alegar que estes indivíduos 
ocupavam áreas de risco, uma vez que foram forçados pelas circunstâncias 
econômicas e sócias a ocuparem estes lugares, inclusive pela falta de cumprimento 
do direito a moradia por parte dos governantes locais que muitas vezes não 
propiciam os programas e ações necessários ao auxílio dos moradores irregulares, 
devendo estes serem tratados em paridade de condições com os sem-teto e demais 
cidadãos desprovidos de moradia, quando se trata da possibilidade de todos 
possuírem um lar. 
No segundo caso, se tem os institutos de direito civil que visam proteger a 
moradia, como, por exemplo, a impenhorabilidade (em regra) do bem de família, a 
necessidade de autorização do cônjuge para que se possa alienar bem imóvel, a 
interposição no âmbito processual de embargos de terceiros quando o cônjuge 
entender que a dívida contraída não fora aproveitada em benefício do casal. 
(LAZARI, 2012, p. 105) 
31 
 
- No quesito do direito que o lar seja servido por realizações estatais de 
absoluta necessidade (serviços públicos essenciais), o Professor Rafael de Lazari 
trata aqui o que deveria ser realmente o mínimo necessário para o atendimento do 
direito à moradia. O acesso à energia elétrica, ruas asfaltadas, redes de água e 
esgoto e o serviço de coleta de lixo e resíduos estão entre os serviços mínimos 
necessários à manutenção da moradia pelo ser humano, a ponto de ser 
questionável a ideia de que proporcioná-los seja realmente a ideia mais viável de se 
garantir o mínimo acesso ao direito de moradia em detrimento da construção de 
novas casas populares. (LAZARI, 2012, p. 105 e 106) 
O Decreto 7037/09, que aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos – 
PNDH - 35, traz em seu anexo as diretrizes à serem implementadas para a garantia 
do acesso à terra e à moradia para a população de baixa renda e grupos sociais 
vulnerabilizados. 
A Lei Federal 11.124/05, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Habitação 
de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse 
Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS, possuindo como objetivo de 
atuação possibilitar medidas que garantam o acesso à população brasileira a 
moradia, saneamento básicos dentre outras premissas básicas deste direito, mais 
especificamente os artigos 2º e 4º que tratam dos objetivos e princípios do SNHIS e 
os artigos 7º e 11º que tratam da aplicação dos recursos do FNHIS para suas 
finalidades. 
Ainda no mesmo sentido das políticas viabilizadoras do direito à moradia, 
verifica-se a existência dos seguintes programas proporcionados pela Caixa 
Econômica Federal 6em parceria com órgãos e recursosdo Governo Federal: 
 
5
 [...] 
g)Garantir que nos programas habitacionais do governo sejam priorizadas as populações de baixa 
renda, a população em situação de rua e grupos sociais em situação de vulnerabilidade no espaço 
urbano e rural, considerando os princípios da moradia digna, do desenho universal e os critérios de 
acessibilidade nos projetos. 
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
h)Promover a destinação das glebas e edifícios vazios ou subutilizados pertencentes à União, para a 
população de baixa renda, reduzindo o déficit habitacional. 
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 
[...] 
j)Apoiar o monitoramento de políticas de habitação de interesse social pelos conselhos municipais de 
habitação, garantindo às cooperativas e associações habitacionais acesso às informações. 
Responsável: Ministério das Cidades 
 
6
 Disponível em http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/estadual/programas_habitacao/, acesso em 
17/07/2013, às 18 h. 
32 
 
- o programa de Urbanização, Regularização e Integração de 
Assentamentos Precários, que possui gestão do Ministério das Cidades e utiliza-se 
de recursos do Orçamento Geral da União e objetiva a urbanização e prevenção de 
situações de risco e a regularização fundiária de assentamentos humanos precários, 
utilizando-se de ações que visam melhorar a habitabilidade a inclusão social destas 
populações. 
- o programa Habitar Brasil/BID possui como objetivo intervir nos 
assentamentos subnormais existentes nas regiões metropolitanas, para isso utiliza-
se de dois subprogramas: o DI – Desenvolvimento Institucional de Municípios, que 
visa criar, ampliar e modernizar a capacidade institucional dos municípios para atuar 
a fim de melhorar as condições de suas populações de baixa renda, seja criando ou 
aperfeiçoando instrumentos de caráter urbano, institucional ou ambiental que 
proporcionem a regulamentação destes assentamentos subnormais, além da 
capacitação técnica das equipes da prefeitura, visando ainda ampliar a oferta de 
residências e desencorajar a ocupação de áreas irregulares. Já o UAS – 
Urbanização de Assentamentos Subnormais tem por escopo implantar de forma 
coordenada projetos de urbanização de assentamentos subnormais, implantando 
infraestrutura urbana, recuperação do meio ambiente e regulamentação fundiária, 
com participação da comunidade nos projetos. 
O programa Habitar Brasil/BID tem como fonte de recursos o Contrato de 
Empréstimo 1126 OC/BR, formado entre a União e o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento tendo como órgão gestor o Ministério das Cidades e como órgão 
financeiro a Caixa Econômica Federal. 
- o Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal possui como 
órgão gestor o Ministério das Cidades e como órgão operacional a Caixa Econômica 
Federal. Possui previsão na Lei Federal Nº 11.977/09, Decreto Nº 7.499/11 e 
Instrução Normativa RFB nº 934/09, sendo programa destinado as famílias de baixa 
renda interessadas na aquisição de imóvel próprio. Para isso, o Governo Estadual 
ou Municipal assina um o Termo de Adesão com a Caixa, que através de recursos 
do FAR – Fundo de Arrendamento Residencial provenientes do Orçamento Geral da 
União, contrata uma construtora para dar andamento às obras construção das 
residências ou condomínios, ficando esta responsável pela entrega e legalização 
das moradias. Cada unidade, seja ela térrea ou predial, apresenta-se com dois 
quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. 
33 
 
- o Programa Morar Melhor conta com recursos do Orçamento Geral da 
União – OGU, tendo como objetivo a realização de ações integradas para o 
desenvolvimento urbano de regiões mais pobres do país, de forma a contribuir com 
a expansão nos números de residências, aumentando a infraestrutura urbana e a 
habitabilidade, juntamente com a melhoria dos serviços de saneamento básico e 
ambiental. 
Traçados alguns comentários sobre o direito à moradia, veja-se algumas 
considerações ao direito que visa à manutenção da saúde da população brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
9. O Direito Social à Saúde. 
 
O direito social que talvez possua maior ligação com a dignidade da pessoa 
humana seja o direito à saúde, possuindo também uma estreita ligação com um dos 
direitos fundamentais previstos no artigo 5º da Constituição Federal, o direito à vida. 
No âmbito internacional pode-se vislumbrar sua disposição no artigo 12 do 
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e no artigo 10 
do Protocolo de San Salvador (anexo A) 
À procura de uma definição correta para a palavra “saúde” houve correntes 
que defenderam sua ligação com o meio ambiente ao qual o homem estava inserido 
como sendo o causador de suas doenças, já outra que ao conseguir isolar os 
agentes causadores das moléstias dizia que a saúde era classificada como a 
ausência de doença, porém, após a ocorrência de fatos marcantes na história 
mundial, a citar as Duas Grandes Guerras Mundiais, nasce o reconhecimento 
internacional do direito à saúde pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e o 
incentivo à criação de órgãos que regulem e estabelecem diretrizes que sejam 
condizentes com sua finalidade que a ficou assim definida no preâmbulo da 
Constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS): “Saúde é o completo bem 
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Tal definição se 
mostra relacionada com um estado de completa felicidade, o que na realidade não 
torna operacional sua realização, porém, críticas mais recentes afirmam que a 
constante busca por este estado de plena satisfação pode ser entendido como 
saúde. (SILVA P, 2009, p, 10 e 11) 
Na atualidade o direito à saúde tem esbarrado constantemente na escassez 
de recursos, o que tem levado os cidadãos conscientes de seus direitos a buscarem 
a tutela jurisdicional para satisfação de suas necessidades de caráter 
medicamentoso, preventivo ou reparador junto aos órgãos competentes fornecidos 
pelo Poder Executivo (Sistema Único de Saúde, Hospitais, Clínicas, Postos de 
Saúde, Unidades de Pronto Atendimento etc). Assim surgem diversas decisões que 
coagem o Poder Executivo a atender a promoção e o financiamento de cuidados 
essenciais tendo em vista a garantia da segurança, uma terapêutica eficaz e a 
qualidade necessária que se fazem inerentes às políticas públicas de saúde. (SILVA 
P, 2009, p. 07) 
35 
 
Necessário ressaltar que nenhum ente ou indivíduo, seja ele público ou 
privado, pode impedir outrem de buscar seu bem-estar ou levá-lo a adoecer, para 
que assim se possa preservar a saúde de todos. Aqui se observa as razões que 
levam o Estado a elaborar normas para a obrigatoriedade da notificação, tratamento, 
vacinação e isolamento de certas moléstias, fazendo-se necessária a destruição de 
alimentos e o controle dos ambientes naturais, sociais e de trabalho da população. 
Sendo assim, o direito à saúde constitui um dos direitos sociais que 
possuem maior abordagem na Carta Magna Brasileira, a saber, principalmente nos 
artigos 6º, 196, 197, 198, 199 e 200, porém, sendo abordado também em diversos 
outros, como, por exemplo, nos artigos 7º e 208 que tratam da prestação de outros 
direitos como o trabalho e a educação, e que possuem premissas básicas para 
resguardar à saúde de seus assistidos 
Veja-se que, na Constituição Federal, a saúde possui seção própria para 
tratar de seus elementos básicos para a aplicação da seguridade social, sendo as 
outrasbases à previdência e a assistência social. Pode-se observar também que tal 
situação é abordada nas Leis Federais n ºs 8080/90 e 8212/91, a primeira dispondo 
sobre a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a segunda sobre a organização 
da Seguridade Social. 
Assim, se pode demonstrar a preocupação legal sobre como definir e 
trabalhar com o direito fundamental à saúde, veja, por exemplo, o artigo 1967 da 
Constituição Federal ou ainda, os artigos 2º e 3º da Lei 8080/908. 
O ideal constitucional continua reforçado no artigo 2º da Lei 8212/919 que, 
se corretamente observado, trata-se de cópia integral do artigo 196 da Constituição 
 
7
 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
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 Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas 
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no 
estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços 
para a sua promoção, proteção e recuperação. 
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. 
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a 
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o 
lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a 
organização social e econômica do País. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo 
anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e 
social. 
 
36 
 
Federal, porém, que trata em seu parágrafo único das diretrizes essências para uma 
correta aplicação do direito a saúde. 
Necessário também observar os artigos 6º, inciso “I”, alínea “d” e 7º, incisos 
“I” e “II”, da Lei 8080/90, que tratam do fornecimento de medicamentos e materiais 
terapêuticos necessários (marcapassos, próteses e outros) ao tratamento das 
moléstias do indivíduo. 
Pode-se constatar que o rol de premissas que envolvem o direito à saúde é 
amplo, como se poderá constatar observando as funções do Sistema Único de 
Saúde contidos no Artigo 20010 da Constituição Federal. Portanto se faz necessário 
dividir a prestação do direito à saúde em cinco correntes na opinião de Rafael de 
Lazari. Fala-se em saúde preventiva, saúde restauradora, saúde pós-
restabelecimento, saúde experimental e questões relativas à saúde. (LAZARI, 2012, 
p. 95) 
A saúde preventiva esta relacionada com os serviços prestados que 
antecedem a doença, dentre os quais se podem citar as campanhas de vacinação 
infantil e contra a gripe em idosos, semanas e dias temáticos de combate e 
prevenção a doenças como a AIDS e a diabetes, além das propagandas 
governamentais realizadas nos canais de televisão contra a dengue, a obesidade e 
 
9
 Art. 2º A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Parágrafo único. As atividades de saúde são de relevância pública e sua organização obedecerá aos 
seguintes princípios e diretrizes: 
a) acesso universal e igualitário; 
b) provimento das ações e serviços através de rede regionalizada e hierarquizada, integrados em 
sistema único; 
c) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
d) atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas; 
e) participação da comunidade na gestão, fiscalização e acompanhamento das ações e serviços de 
saúde; 
f) participação da iniciativa privada na assistência à saúde, obedecidos os preceitos constitucionais. 
 
10
 Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar 
da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como 
bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias 
e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
37 
 
o acompanhamento pré-natal nas primeiras semanas de gravidez, dentre inúmeras 
outras campanhas que possam ser citadas. (LAZARI, 2012, p. 95) 
Na saúde restauradora abordam-se as políticas quando do acometimento da 
doença, como a existência de leitos para internação em número compatível com a 
população do local, o fornecimento de ambulâncias para o transporte de enfermos, 
feridos e acidentados, realização de procedimentos cirúrgicos indispensáveis à 
manutenção da vida do paciente e o fornecimento de medicamentos de custo 
elevado e que não são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde. (LAZARI, 2012, p. 
96) 
 Dentro da saúde pós-restabelecimento encontram-se as políticas que visam 
amparar o indivíduo após a cura ou controle de sua doença, como por exemplo, os 
indivíduos que dependem do chamado “coquetel” de remédios para o tratamento da 
AIDS ou ainda das vítimas de abusos ou maus-tratos que necessitam de 
acompanhamento psicológico até poderem retomar suas vidas de uma forma 
próxima ao estado normal anterior ao evento danoso a sua saúde. (LAZARI, 2012, p. 
96) 
Já na saúde experimental vislumbram-se os pedidos para tratamento no 
exterior ou as substâncias e medicamentos que ainda dependem da comprovação 
de sua eficiência para que possam ser aprovados pela Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA). (LAZARI, 2012, p. 96) 
Sobre as demais questões relacionadas com a saúde têm-se os 
procedimentos estéticos, o que são contra a ética e a legalidade (como o aborto o 
feto em perfeitas condições e de concepção não decorrente de violência cometida 
contra a mulher), inseminação artificial e outros fatores que decorrem do estado de 
debilidade do indivíduo. (LAZARI, 2012, p. 96) 
Vale ressaltar que apesar de tal divisão, o autor supracitado somente 
considera como sendo parte do mínimo a ser fornecido pelo Estado as três primeiras 
modalidades apresentas, a saber, a saúde preventiva, a restauradora e a de pós-
restabelecimento, pois estas possuem maior prioridade dentre as cinco modalidades 
apresentadas, além do que, não se pode proporcionar medicamentos ou 
tratamentos experimentais ou de eficácia não comprovada pela ANVISA (no caso da 
saúde experimental) correndo o risco de tratar o indivíduo como simples “cobaia” e 
também não se podem enquadrar as demais questões relativas à saúde como 
sendo estas de extrema importância, por setratarem estas de tratamentos estéticos 
38 
 
ou de caráter extremamente amplo e que muitas vezes não são fornecidos 
tampouco pelos planos de saúde da iniciativa privada. (LAZARI, 2012, p. 96 e 97) 
Todos os conceitos e normas acima apresentados possuem eficácia jurídica 
para a fundamentação em ações judiciais sobre a exigência do direito à saúde, 
porém não esgota o rol de fundamentos e tampouco a garantia de sua efetividade, 
pois além de não existirem direitos absolutos, ainda enfrentam limites impostos pela 
própria norma constitucional, como o princípio da reserva do possível11 por exemplo. 
Assim, se alguns medicamentos possuem um alto custo e os recursos 
estatais encontram-se escassos, evidencia-se um racionamento de recursos que 
prejudica diretamente os membros menos favorecidos da sociedade brasileira, estes 
fazendo jus ao uso de algumas medidas para exigirem a aplicação de seu direito à 
saúde. Alguns institutos amplamente utilizados para a exigência da prestação do 
direito à saúde são a Ação Civil Pública, o mandado de segurança e ações 
condenatórias sobre as obrigações de dar ou de fazer. (SILVA P, 2009, p. 46) 
Conclui-se, portanto, que o direito à saúde não constitui um direito subjetivo 
estatal que faça parte do patrimônio jurídico dos cidadãos brasileiros e sim um dever 
objetivo do Estado na implementação de políticas para a saúde, garantindo desta 
forma a igualdade e a universalidade em seu acesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11
 O princípio da reserva do possível regula o Estado quanto as suas possibilidades de atuação 
quanto aos direitos sociais e fundamentais, sendo esta atuação e extensão condicionada pela 
existência de recursos públicos disponíveis. 
39 
 
10. O Direito Social ao Trabalho. 
 
O Direito ao Trabalho possui ampla manifestação nos ordenamentos 
jurídicos e convenções, seja em âmbito nacional, como no âmbito internacional. No 
panorama internacional sua consubstanciação está entre os artigos XXIII e XIV 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e os artigos 6º, 7º, 8º e 10º (na segunda 
parte do item três, que trata sobre o trabalho infantil) do Pacto Internacional de 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Adicional à Convenção Americana 
sobre Direitos Humano em seus artigo 6º e 7º (Anexo A), além da Organização 
Internacional do Trabalho e suas recomendações (em especial a Convenção nº 122 
de 1964, que elenca algumas medidas para a plena efetividade deste direito), já no 
que diz respeito a representação jurídica nacional se pode novamente citar o artigo 
6º e os artigos 7º a 11º da Constituição Federal Brasileira, estes últimos dispondo de 
forma específica sobre os principais direitos trabalhistas vigentes. Portanto serão 
traçadas breves considerações sobre o Direito ao Trabalho, já que este trabalho não 
visa esgotar o assunto e sim traçar breves comentários sobre a garantia e efetivação 
deste direito pelo ordenamento jurídico brasileiro e órgãos governamentais. 
Interessante observar as diferenças existentes entre o conteúdo normativo 
dos artigos constitucionais supramencionados no que diz respeito ao “direito ou 
possibilidade de se ter um trabalho” e o “direito dos trabalhadores ou trabalhistas” 
propriamente ditos. Apesar de estarem intimamente interligados, o direito ao 
trabalho tratado no artigo 6º da Constituição Federal possui ampla conotação 
atingindo fatores econômicos, sociais e culturais e os direitos dos trabalhadores 
dispostos no artigo 7º da Carta Magna tratam do aspecto individual onde são 
sentidos os reflexos do primeiro caso. O direito ao trabalho também encontra 
reconhecimento nos capítulos referentes à Ordem Econômica (artigo 170, inciso VIII) 
e a Ordem Social (artigo 193). (SILVA A, 2005, p. 185 e 186 citado por FONSECA, 
2006, p 188 e 189) 
Assim se pode dizer que o Direito ao Trabalho possui estrutura de um 
principio no documento constitucional de 1988, apresentando-se como um preceito 
otimizador que engloba direitos e deveres prima facie, portanto, devendo ser 
realizado segundo a gama de possibilidades fáticas e jurídicas presentes no caso 
concreto. (FONSECA, 2006, 193 e 194) 
Segundo Alexy citado por Maria Hemília Fonseca, 
40 
 
 
“os princípios podem se referir tanto a direitos individuais como a bens 
coletivos (...) o fato de que um princípio se refira a bens coletivos significa 
que ordena a criação ou a manutenção de situações que satisfazem, na 
maior medida do possível, de acordo com as possibilidades jurídicas e 
fáticas, que vão além da validez ou satisfação de direitos individuais”. 
(ALEXI, 2002, p.109 e 110 citado por FONSECA, 2006, p.195) 
 
Fica claro afirmar que esta otimização se impõe como uma ideia que sirva 
de guia para argumentar sobre a busca pela efetivação plena do Direito ao Trabalho, 
uma vez que, este principio muitas vezes choca-se com outros, como a liberdade de 
empresa, e que mostra um ideal a ser perseguido pelas políticas públicas no que diz 
respeito à imediata disponibilização de um posto de trabalho pelo ente Estatal, já 
que numa economia de livre mercado, a prática incondicional deste direito tem-se 
mostrado, a cada dia, impraticável. (FONSECA, 2006, p.199) 
Mesmo tal situação sendo impraticável deve-se lembrar que a política 
econômica brasileira possui dentre seus princípios norteadores a busca do pleno 
emprego (artigo 170 da Constituição Federal), desta forma constitucionalizando a 
obrigação do Estado de promover condições para que se possa buscar o suprimento 
desta necessidade. Observando esta colocação acima se abre um debate caloroso: 
o direito a exigir do Estado um posto de trabalho. Tal afirmação poderia implicar em 
uma causa-consequência, como se o direito ao trabalho instituísse a classe 
empregadora o dever de contratar, afirmando que todo direito a trabalhar exigiria de 
imediato a prestação material pelo sistema privado ou Estatal. Trata-se de um óbvio 
engano, pois não se pode obrigar que o Estado ou mesmo a iniciativa privada 
contrate empregados que não possuam qualquer preparação para atender as 
qualificações exigidas pela profissão, cargo ou posto de emprego, ou ainda no caso 
da Administração Pública sem a prévia aprovação em concurso público, pelo 
simples fato do cidadão encontrar-se desempregado. (LAZARI, 2012, p.101 e 102) 
O Direito ao Trabalho visa garantir ao trabalhador a suficiência de recursos 
bastantes para suprir suas necessidades básicas com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, nos 
termos do artigo 7º, inciso I da Constituição Federal e que confere ao trabalhador a 
garantia do recebimento de um salário mínimo e que seja suficiente para assegurar 
sua dignidade humana. 
41 
 
Tal é a importância atribuída ao Direito Social ao Trabalho que se encontram 
na Legislação Penal Brasileira fatos típicos associados com a deturpação e 
organização do trabalho, como se pode vislumbrar no artigo 149 (Redução à 
condição análoga a de escravo) e nos artigo 197 a 207 (Título IV: Dos Crimes 
Contra a Organização do Trabalho) do Código Penal Brasileiro. Importância que se 
consuma com a Lei 5452/43, que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho e que 
apesar de antiga, apresenta dispositivos atualizados de natureza material e 
processual, que são utilizados como molde pelo Tribunal Superior do Trabalho, a 
mais alta cúpula do Sistema Judiciário Trabalhista Brasileiro e o Ministério do 
Trabalho e Emprego, órgão do Sistema Executivo Brasileiro que edita normas e 
portarias que visam melhorar e otimizar as relações de trabalho e emprego 
tornando-as

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