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Mineralogia Óptica Óptica Cristalina Antonio José Ranalli Nardy Fábio Braz Machado Departamento de Petrologia e Metalogenia Instituto de Geociências e Ciências Exatas Universidade Estadual Paulista – UNESP http://www.rc.unesp.br/igce/petrologia/nardy - 2002 - __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.1 I- Introdução – Conceitos Básicos Luz: É a parte visível do espectro eletromagnético, que compreende desde os raios g até as ondas longas de rádio, conforme mostra a Figura I.1. Os limites dos intervalos de comprimento de onda (l) das diferentes cores do espectro da luz visível é arbitrário, isto por que as cores passam umas para as outras gradualmente. Se na retina humana chegam simultaneamente ondas com comprimentos de onda de 3900 à 7700 Å, o cérebro interpreta essa radiação como sendo luz branca. Em outras palavras, a luz branca é a “mistura” de todas as cores do espectro da luz visível (lembre-se do experimento do Disco de Newton). Como toda onda de espectro eletromagnético, a luz é uma forma de energia radiante, que apresenta natureza tanto ondulatória quanto corpuscular. No presente caso, a luz será tratada como uma onda em movimento harmônico contínuo, representando- se somente a sua componente elétrica, uma vez que esta é a mais importante na análise dos fenômenos ópticos. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.2 l c N = T N 1= Comprimento de onda (l): É a distância entre duas posições consecutivas e idênticas (ou em fase) na direção de propagação de uma onda. O comprimento de onda, no caso da luz visível, é dado em Ângstrons Å, onde 1Å = 1x10-7 mm = 1x10-1 mm. Período (T): É o tempo gasto para completar uma oscilação, ou seja, é o tempo necessário para percorrer-se uma distância igual a um comprimento de onda (l). O período é expresso em segundos Freqüência (N): É o número de oscilações completadas em uma certa unidade de tempo. A freqüência é expressa em ciclos por segundo ou Hz. Observar que o período é o inverso da freqüência, ou seja: Ê Velocidade da luz: A velocidade da luz no vácuo é igual para todas as cores sendo igual a: C=299.776(±± 4) Km/s A relação que essas grandezas guardam entre si é: Ë Deve-se também considerar-se que freqüência das oscilações não muda quando as ondas passam através de diferentes meios, ou seja, quando um raio de luz sofre refração poderá haver mudanças em sua velocidade e/ou em seu comprimento de onda mas nunca na freqüência Luz monocromática: É a luz constituída de um único comprimento de onda ou variável em um intervalo bastante estreito, ex.: Lâmpada de vapor de sódio com l variando entre 5890 e 5896 Å. Luz policromática: É a luz constituída por uma larga variação de comprimentos de onda, ex.: luz do sol, lâmpada doméstica, etc. O microscópio petrográfico utiliza-se de uma fonte de luz policromática, obtida através de uma lâmpada com filamento de tungstênio (igual a lâmpada doméstica), de cor amarelada, adicionada de um filtro azul para torna-la branca1. O emprego de luz policromática no microscópio é desejável pois promove o fenômeno da dispersão dos índices de refração nos minerais. A luz monocromática por sua vez, é empregada apenas em medidas ópticas de precisão, como nos refratômetros (equipamentos que medem o índice de refração de minerais e líquidos). Raio: É a direção de propagação da luz a partir do ponto de origem a um outro ponto qualquer. Nos meios homogêneos, os raios são retilíneos. Feixe: É um conjunto de raios de luz que partem de uma mesma fonte. Superfície de onda ou superfície de velocidade de onda: A partir de um ponto luminoso, infinitos raios são emitidos em todas as direções. Decorrido um certo tempo, estes raios terão percorrido uma certa distância a partir de sua origem. A linha ou superfície que une ou contém as extremidades destes raios denomina-se superfície de velocidade de onda, conforme mostra a Figura I.4. 1 isto porque o azul é a cor complementar do amarelo. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.3 Assim, em um meio isotrópico, onde a velocidade da luz é igual em todas às direções, a superfície de onda em qualquer instante será esférica. Onde f-f’= frente de onda = plano tangente à superfície de onda no ponto tocado por um raio qualquer. A frente de onda une distâncias percorridas pelos raios após um certo intervalo de tempo, n= normal a onda que é perpendicular à frente de onda. Observe que uma onda se propaga na direção do raio, mas a frente de onda avança na direção da normal à onda. Em um meio anisotrópico, a velocidade da luz não é igual em todas as direções sendo sua superfície de onda representada por um elipsóide, conforme mostra a Figura I.5. Podemos então verificar que em um meio isotrópico a frente de onda (f-f’) será sempre perpendicular ao raio (R), ou seja, a frente de onda se propagará perpendicularmente ao raio, conforme se observa na Figura I.4, enquanto que em um meio anisotrópico a frente de onda só será perpendicular ao raio nas direções dos eixos principais do elipsóide (Figura I.5). Os princípios da reflexão e refração As construções geométricas mostrando como a luz é refletida ou refratada, baseiam-se no Princípio de Huygens (1690), que diz: “Qualquer ponto ou partícula excitado pelo impacto da energia de uma onda de luz, torna-se uma nova fonte puntiforme de energia”. Então, cada ponto sobre uma superfície refletora pode ser considerado como uma fonte secundária de radiação tendo a sua própria superfície de onda. A reflexão: A leI.fundamental sobre a reflexão afirma que os ângulos de incidência e reflexão medidos à partir de uma normal à superfície refletora são iguais e situam-se no mesmo plano (ou seja são coplanares) denominado plano de incidência. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.4 2,1 sen sen 2 1 n l i v v == n f f' i i = rr ^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^ Figura I.6: O Princípio de Huygens aplicado à reflexão n g g' n' b' b i l 1 2 f f ' Figura I.7: O Princípio de Huygens aplicado à refração Admitindo-se um meio como sendo isotrópico e aplicando-se o Princípio de Huygens (1690), pode-se determinar a frente de onda dos raios refletidos, traçando-se uma linha tangente às superfícies de onda dos raios de luz incidentes (f – f’). Desta forma, os raios de luz refletidos serão perpendiculares à frente de onda. A refração: Quando um raio de luz atinge uma superfície que separa dois meios (no presente caso é o isotrópico), parte da luz é refletida e a outra penetra no meio sendo desviada ou refratada. Admitindo-se: como “V1” a velocidade de propagação no meio 1 e “V2” a velocidade de propagação no meio 2 e que V1 > V2 e b – b’ a frente de onda dos raios incidentes; a partir do Princípio de Huygens onde os pontos de impacto da luz no contato entre os dois meios g - g’ agem como fontes secundárias de luz, pode-se determinar a direção de propagação dos raios refratados, conforme mostra o esquema da Figura I.7. Admitindo-se um meio como sendo isotrópico, traçada a frente de onda dos raios refratados, ou seja f – f’, a trajetória dos raios de luz será aquela perpendicular a f –f’. De acordo com o princípio da refração, o raio incidente, o raio refratado e a normal (n-n’) à superfície de separação entre os dois meios (g-g’) são coplanares. A relação entre os ângulos de incidência, refração e velocidades de propagação nos dois meios é dada pela LeI.de Snell (1621): Ì Onde n1,2 , uma constante, é o índice de refração do meio 2 em relação ao meio 1. Esta expressãomostra que a relação entre as velocidades em dois meios isotrópicos é proporcional a relação entre os senos dos ângulos dos raios incidentes e refratados. Assim, se o ângulo de incidência for igual a zero, então o sen I. = 0 , ou seja, a luz incidindo normalmente sobre a interface entre dois meios ela não atravessa sem sofrer desvio. Por outro lado, se a luz incide obliquamente sobre um sólido opticamente mais denso, ou com maior índice de refração, o raio refratado se aproximará da normal e passará a se propagar com uma velocidade menor do que aquela em que vinha se propagando no outro meio. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.5 v c n = 2,1 1 2 2 1 n n n v v == 2 1 1 2 sen sen 2 1 l l=== n n l i v v O índice de refração Quando a luz passa de um meio para outro, sua velocidade aumenta ou diminuI.devido as diferenças das estruturas atômicas das duas substâncias, ou de suas densidades ópticas ou índices de refração. O índice de refração absoluto de um meio pode ser obtido experimentalmente e é dado pela relação: Í onde: c= velocidade da luz na vácuo, v= velocidade da onda de luz para um comprimento de onda específico num certo meio O índice de refração da luz no vácuo é considerado arbitrariamente como sendo igual a 1, que é praticamente aquele obtido para o ar: 1,00029 (temperatura de 15o C e 1 atm de pressão). De fato, tratamos o índice de refração de um mineral de forma relativa, comparando-o com o do vácuo (ou ar), ou seja, quantas vezes o seu índice de refração é maior do que aquele do vácuo, e portanto uma grandeza adimensional, que é derivado da expressão: Î Da expressão Î, nota-se que o índice de refração de um mineral é inversamente proporcional a velocidade de propagação da luz em seu interior, ou quanto mais denso opticamente for o mineral, menor será a velocidade de propagação da luz. De fato, a densidade óptica, ou índice de refração do mineral é diretamente proporcional a sua densidade, obedecendo a seguinte relação: n -1= Kr Ï onde: n= índice de refração do mineral K= uma constante, r= densidade do mineral. Ainda podemos relacionar o índice de refração, a velocidade de propagação e o comprimento da onda da luz: ¼ Determinações precisas do índice de refração, empregam fontes de luz fortemente monocromáticas, no caso lâmpadas com filamento de sódio l= 5890 Å. Por outro lado, emprega-se também de forma rotineira, fontes policromáticas, como é o caso do microscópio petrográfico, onde procura-se reconstituir a luz branca utilizando-se de filtros específicos para que sejam preservadas as cores naturais dos minerais. Veja na figura abaixo, como varia o índice de refração de uma placa de vidro borossilicato em função da variação dos comprimentos de onda (l) dos raios de luz que a atravessam. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.6 Figura I.8: Diagrama que mostra a variação dos índices de refração em função dos diferentes comprimentos de onda. (em mm) F, E, D e C, correspondem às linhas de absorção de Fraunhofer (1814). Por convenção, em óptica cristalina, os índices de refração dos minerais são reportados para um comprimento de onda específico, l= 589 mm (ou 5890 Å) que corresponde a uma das linhas de absorção de Fraunhofer (1814) para a luz solar – nD (linha D na figura I.8). Além disso, este comprimento de onda (D) corresponde a luz emitida pelo sódio que também é o valor médio do espectro da luz visível. Com isso, e no caso do exemplo apresentado na Figura I.8, o índice de refração da placa de vidro seria 1,523. O mesmo diagrama da Figura I.8, mostra também a dependência do índice de refração de substâncias cristalinas com a variação da temperatura. A Tabela abaixo, mostra os índices de refração de algumas substâncias comuns, à 20o C: Substância Índice de refração (n) água 1,333 álcool etílico (anidro) 1,362 acetona 1,357 querosene 1,448 Nujol (óleo laxante) 1,477 Bálsamo do Canadá 1,537 Os índices de refração dos minerais não opacos mais comuns variam entre 1,326 (vilaunita) até 2,415 (goetita). Cerca de 56% deles, situam-se entre 1,475 e 1,700 (Fleischer et al., 1984). Portanto, é plausível utilizar-se de um meio de imersão em análises ópticas como o Bálsamo do Canadá, uma vez que seu índice de refração é igual a 1,537, ou seja, próximo ao ponto médio deste intervalo. 1,55 1,54 1,53 1,51 1,50 1,52 salicilato de etila (10 C) o salicilato de etila (50 C) o vidro borossilicato E D CF 500 550 650600 l m) (m 1,523 __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.7 ni nl l i = sen sen 60,1 sensen ilv = 50,1 sensen ilr = Luz Bran ca i v r N lrlv i= ângulo de incidência lr= ângulo de refração do raio vermelho lv= ângulo de refração do raio violeta n= normal á superfície de incidência da luz v= trajetório do raio de cor violeta = 3900 l A or= trajetório do raio de cor vermelha = 7700 l A o Figura I.9: Dispersão dos índices de refração da luz branca, observada em um prisma de vidro. Dispersão ou cromatismo: A equação Ï mostra claramente que o índice de refração de uma substância difere para as várias cores que compõem a luz branca. Este fato pode ser facilmente demonstrado pela conhecida experiência do prisma. Um estreito feixe de luz branca, incidindo sobre a parede de um prisma de vidro ou de alguma outra substância transparente, decompõe-se em cores individuais que formam o espectro visível, uma vez que o prisma tem um índice de refração diferente para cada uma das cores. Na Figura I.9, é mostrado apenas os dois raios extremos do espectro da luz visível, ou seja o vermelho (r), com l= 7700 Å e o violeta (v), com l= 3900 Å. Se o índice de refração do prisma para a cor vermelha: nr= 1,50 e para o violeta : nv= 1,60, temos que: ou seja, o raio vermelho terá um ângulo de refração (lr)menor que o do violeta (lv). Verifica-se portanto que raios de luz com comprimentos de onda mais curtos têm velocidades menores e consequentemente refratam-se menos do que aqueles de comprimentos mais longos. Generalizando, podemos dizer que em substâncias incolores, o índice de refração varia inversamente ao comprimento de onda da luz. Por fim, define-se a dispersão (D) de um meio qualquer como sendo a diferença entre os índices de refração para o violeta e o vermelho: D= nviol - nverm ÑÑ Ângulo crítico e a reflexão total: A leI.de Snell, expressão Ð, mostra que: Ò Então, se “ni” for menor que “nl” a relação nI./ nl será sempre menor do que 1,0 e consequentemente l será sempre menor que i, ou seja, sempre haverá refração com o raio refratado (l) aproximando-se da normal. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.8 i nl ni l sensen = Figura 1.10: Esquema mostrando raios com diferentes ângulos de incidência: i= incidente, l= refratado, r= refletido. l= ângulo limite, t= reflexão total itrt ni nl r1rc n i1 ic itrt raio Figura I.11: Representação tridimensional de um raio de luz não polarizado Por outro lado , se o meio de incidência do raio de luz tiver um índice de refração nI> nl, a razão nI/ nl será sempre maior que 1,0 e evidentemente, l será maior que I Portanto para que haja refração, há necessidade que o ângulo I seja tal que leve r a ser menor do que 90o, ou que o senr < 1 Caso isto não ocorra, teremos uma situação de indeterminação na eq. 9, que pode ser escrita como: Ó O valor de i que leva o sen r = 1 ou r = 90°(ic na Figura 1.10) é designado por ângulo crítico. Para valores de i superiores ao ângulo crítico não se observará mais refração mas apenas reflexão - reflexão total. Polarização da luz: As ondas de luz se propagam em movimento ondulatório transversal no qual a direção de vibração é perpendicular à direção de propagação. A luz natural, ou não polarizada, apresenta direções de vibração em inúmeras direções, mas todas elas perpendiculares à direção de propagação do raio, conforme mostra a Figura I.11. A luz polarizada, por sua vez, apresenta apenas uma direção de vibração, também perpendicular a sua direção de propagação, conforme se observa na Figura I.12. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.9 Obtém-se a polarização da luz através dos seguintes métodos: 4Polarização por Reflexão e Refração 4Polarização por Absorção Seletiva 4 Polarização por Dupla Refração Polarização por reflexão e refração A luz incidente em uma superfície plana e polida sofrerá em parte reflexão, que será polarizado perpendicularmente ao plano de incidência, enquanto que a porção refratada será polarizada paralelamente ao plano de incidência. O grau de polarização será função de vários fatores, como qualidade e índice de refração da superfície refletora e , principalmente, do ângulo de incidência do feixe de luz que, segundo Brewster, atingirá a máxima polarização quando os raios incidentes e refratados forem complementares, ou seja, quando sen l = cos I. Polarização por absorção Emprega-se para isto substâncias que deixam atravessar a luz apenas em certas direções preferencias, como cristais de turmalina cortadas paralelamente ao eixo cristalográfico “c” ou através de polaróides. A turmalina, por exemplo, apresenta a propriedade de transmitir a máxima quantidade de luz para os raios que apresentem direção de vibração paralelas a sua direção de maior alongamento, ou paralelos ao eixo cristalográfico “c”. Assim quando um feixe de luz não polarizado atinge a turmalina, todos os raios que apresentam direção de vibração diferentes daqueles de seu eixo cristalográfico “c” serão absorvidos pelo cristal. Os transmitidos, estarão polarizados com direção de vibração paralela a aquela direção cristalográfica. Polarização por dupla refração Um raio de luz ao atravessar um meio anisotrópico se refrata desdobrando-se em dois raios que vibram em planos perpendiculares entre si denominados: extraordinário (“E”) e ordinário(“O”). A calcita exibe este fenômeno de maneira notável , uma vez que ne = 1,486 e nw = 1,658. Assim, um cristal de calcita cortado convenientemente em duas partes, que são coladas entre si por bálsamo do Canadá (nb=1,537). A esta montagem, dá-se o nome de Prisma de Nicol. __________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.I, pag.10 Quando um o raio de luz natural incide, com um ângulo conveniente em uma das faces do prisma, este se desdobra em dois outros denominados: extraordinário (E) e ordinário (O) que possuem direções de vibração ortogonais, conforme mostra a Figura I.15. O raio ordinário (O), com índice de refração igual a nb, se propaga no cristal de calcita regido pelo seu índice de refração nw. Ao atingir o Bálsamo do Canadá, com um ângulo de incidência maior do que aquele denominado “ângulo crítico” (pois nb > nw), se observará o fenômeno da reflexão total, e o raio ordinário será então absorvido pela parede emagrecida do prisma, Figura I.15. O raio extraordinário (E), atravessa o cristal de calcita comandado pelo índice de refração ne, que é próximo aquele do bálsamo do Canadá e nunca sofrerá o fenômeno da reflexão total (pois ne < nb) e sempre será refratado atravessando a camada de bálsamo sem sofrer desvio apreciável. Com isso, se obtém luz polarizada que pode ser usada de forma rotineira em microscopia. Atualmente, os microscópios empregam polarizadores constituídos por substâncias orgânicas designadas por placas polaróides, fornecendo luz polarizada através da absorção seletiva da luz. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.11 II- O Microscópio Petrográfico e Tipos de Preparado para Análises A primeira descrição microscópica de uma rocha foi efetuada por um inglês de nome Henry Clifton Sorby, em 1849. Evidentemente na época, foi considerado insano e ridicularizado por seus colegas. Cético, o cientista afirmava: “Eu acredito que não há necessariamente conexão entre o tamanho do objeto e sua importância na explicação de um fato”. Hoje, ele é considerado o pai da Petrografia Microscópica. Dois tipos básicos de microscopia óptica são empregados em geologia: Luz Transmitida: utilizada para a análise de minerais transparentes, onde a luz atravessa o objeto a ser estudado e atinge a objetiva; Luz Refletida: utilizada para análise de minerais opacos, sendo que, a luz incide mineral em sua superfície e é refletida em direção a objetiva, conforme mostra o esquema da Figura II.1 Figura II.1: Diagramas esquemáticos de sistemas ópticos de luz refletida e transmitida. No primeiro caso o mineral deverá ser opaco e ter uma boa superfície refletora, enquanto que no segundo, ser transparente. Objetiva Mineral Platina Luz do polarizador para a ocular prisma para a ocular Luz do Polarizador ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.12 Tipos de preparados para análises microscópicas A análise de minerais transparentes através de microscopia óptica de transmissão, é feita através de dois tipos de preparados principais: Lâminas Delgadas: são obtidas através de uma seção extremamente fina (da ordem de 0,03 mm) de uma rocha, solo ou mineral, conforme mostra o esquema da Figura II.2. Sua vantagem principal é que todos os cristais e/ou mineras presentes na seção tem uma mesma espessura, conhecida, o que permite determinar uma série de propriedades ópticas. Figura II.2: Representação esquemática de uma montagem em lâmina de um mineral granulado. 2- Lâminas de pó ou de material granulado: são obtidas através da moagem ou concentração de espécimes minerais a serem estudados, conforme mostra a Figura II.3. Emprega-se este método em mineralogia determinativa, em petrologia sedimentar para a identificação de minerais pesados presentes na rocha, etc . Figura II.3: Respresentação esquemática de uma montagem em lâmina de um mineral granulado O microscópio petrográfico ou de luz polarizada Um microscópio ordinário é constituído fundamentalmente pela associação de duas lentes convergentes denominadas: objetiva e ocular. Estás duas lentes são montadas em posições fixas nos extremos opostos de um tubo de metal de comprimento l, conforme mostra a Figura II.4. Basicamente, a objetiva forma uma imagem real aumentada do mineral (PR) que está sendo examinado, o qual se posiciona a uma distancia menor do que a distancia focal da ocular (oc). Assim, a imagem real obtida pela objetiva (P’R’) é aumentada quando vista através da ocular, como uma imagem virtual (P”R”). O microscópio petrográfico nada mais é que um microscópio ordinário ao qual são introduzidos dois polarizadores posicionados entre o mineral a ser examinado. As diversas partes constituintes de um microscópio petrográfico podem ser agrupadas em: sistema óptico: ocular, lente de Amici-Bertrand, analisador, objetiva, condensador móvel, diafragma íris, condensador fixo, filtro azul e polarizador e sistema mecânico de suporte: ou tubo, Braço, Revólver (ou sistema de sustentação das objetivas), Platina, Cremalheira macro e micrométrica de movimentação vertical da platina, e base. Lâmina Resina Minerais(grãos) Lamínula Bálsamo do Canadá Lâmina Resina Lamínula Bálsamo do Canadá Fatia de Rocha0,03 mm ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.13 Figura 11.4: Representação esquemática de um microscópio ordinário onde: ob= distância focal da objetiva, oc= distância focal da ocular, RP= mineral disposto sobre a lâmina e platina do microscópio, R’P’= imagem real aumentada do mineral produzida pela objetiva, R”P”= imagem virtual aumentada do mineral produzida pela ocular. A introdução de alguns ou todos os elementos no caminho óptico do microscópio, permite a determinação de diferentes propriedades, constituindo assim, sistemas ópticos distintos.1, conforme mostra a Tabela abaixo e a Figura II.5. Sistema peças ópticas fundamentais propriedades ópticas observáveis Luz Natural polarizador inferior (objetiva pequena ou média) Morfológicas: hábito, relevo, cor, divisibilidade, etc Ortoscópico Polarizador inferior e analisador (objetiva pequena ou média) Cores de interferência: birrefringência, sinal de elongação, tipo de extinção, etc Conoscópico polarizador inferior, analisador, lente de Amici-Bertrand e condensador móvel. (objetiva maior) Figuras de interferência: caráter óptico, sinal óptico, ângulo 2V, etc 1 Estarão sempre presentes no caminho óptico o polarizador inferior, o filtro azul, o condensador fixo, a objetiva e a ocular. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.14 Figura II.5: Representação esquemática dos sistemas ópticos possíveis em um microscópio petrográfico. Objetivas A objetiva é uma lente ou um associação de lentes que fornece uma imagem real aumentada do objeto observado. Acha-se localizada na extremidade do tubo ou canhão, conforme esquematizado na Figura II.5. Para facilidade de mudança de uma objetiva para outra, a maioria dos microscópios são dotados de um dispositivo denominado revólver ou porta-objetivas. As principais características de uma objetiva vem impressas em seu corpo metálico, conforme esquematizado na Figura II.6, e são: Aumento Linear – é a relação entre a imagem real fornecida pela objetiva e o objeto, ou seja, é quantas vezes a imagem será maior que o objeto, como 3,2X, 10X, 50X, etc. Abertura Angular – é o ângulo entre os raios mais divergentes que penetram na objetiva a partir de um ponto enfocado pela objetiva. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.15 2 sen AA nAN = Aumento Linear Abertura Numérica Comprimento do tubo Espessura da Lamínula Especificação Luz Polarizada Abertura Numérica (AN) – é considerada como sendo a quantidade de luz que efetivamente penetra na objetiva e é dada pela expressão: . Ê Onde n= índice de refração entre a lente coletora da objetiva e a superfície superior do mineral. Figura II.6: Esquema das indicações anotadas no corpo metálico de uma objetiva Na tabela abaixo, e na Figura II.7, são apresentadas as características de um conjunto de objetivas de um microscópio. Observe que quanto maior for o aumento linear de uma objetiva maior será sua abertura angular e numérica, menor será a profundidade de enfoque e a distância de trabalho. Aumento linear(AL) Abertura angular (AA) Abertura numérica (AN) Distância de trabalho(dt) em mm Profundidade de enfoque em mm 3,2X 14º 0.12 34.5 0.5 10X 29º 0.25 5.8 0.04 45X 116º 0.85 0.6 0.01 Fique atento às definições: Distância de trabalho ou frontal(dt): É a distância entre a face inferior da objetiva e a face superior do objeto já focalizado. Quanto maior for o aumento linear da objetiva, menor será a distância de trabalho. Limite de resolução: É a menor distância entre dois pontos para quais a objetiva fornece imagens nítidas. Então quanto maior for a abertura numérica, maior será o limite de resolução da objetiva. Profundidade de foco: É a distância vertical máxima que pode ser focalizada de uma só vez por uma objetiva. A profundidade do foco é inversamente proporcional a abertura numérica. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.16 Figura II.7: Representações esquemáticas das propriedades de uma objetiva: AA= abertura angular, dt= distância de trabalho ou frontal, para as objetivas de aumentos lineares de 3,2, 10 e 45 vezes. Objetivas secas e de imersão As objetivas ditas “secas”, são aquelas em que entre a face inferior da objetiva e o topo do mineral disposto em uma lâmina de vidro, o ar é o meio de imersão. Nas objetivas “de imersão”, este espaço é preenchido por um líquido viscoso, com índice de refração conhecido que tem como função aumentar a abertura numérica da objetiva e consequentemente sua nitidez, conforme pode ser confirmado pela equação Ê. Objetivas de imersão são usadas em casos muito especiais, onde há necessidade de grande aumento linear. Oculares As oculares são associações de lentes que permitem conservar a imagem real do objeto fornecido pela objetiva, Figura II.5. As lentes da ocular acham-se fixas em um tubo metálico e aquela mais próxima do olho do observador recebe o nome de lente de olho e a que recebe o raio de luz proveniente da objetiva é chamada de coletora. As oculares podem ser positivas ou negativas. Nas positivas o foco do sistema está antes da lente coletora e nas negativas , o foco se acha depois da lente coletora., conforme pode ser observado nos esquemas das Figura II.8. De maneira geral, podemos reconhecer as oculares entre si, pois o retículo das positivas está disposto antes da lente coletora enquanto que nas negativas entre as lentes de olho e coletora. Ainda, as oculares positivas têm comportamento de uma “lupa de mão”, ou seja, é possível focalizar um objeto através dela, o que não é possível com o emprego de oculares negativas. dt dt dt 45x AA AA 10x 3.2x Platina Mineral ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.17 Figura II.8: Tipos de oculares, positivas e negativas, empregadas em mineralogia óptica Em ambas as oculares , existe um diafragma fixo colocado precisamente no plano que contém a imagem real do objeto em análise pela objetiva. A função do diafragma é de limitar o campo de visão, e ainda possui gravado em sua superfície o retículo que pode ser 2 linhas, uma N-S e outra E-W; ou uma escala micrométrica ; ou ainda uma escala quadriculada, conforme mostra a Figura II.9. Figura II.9: Principais tipos de retículos empregados em oculares para estudos petrográficos O aumento visual total do microscópio O conjunto objetiva mais ocular é responsável pela obtenção da imagem ampliada do mineral. Se o aumento linear da ocular é ALO e da objetiva ALB, o aumento visual total do microscópio (AT) será dada pela expressão: AT= ALO x ALB · Reticulada Micrométrica Gradedada Ocular NEGATIVA Ocular POSITIVA ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.18 Polarizador e Analisador O microscópio petrográfico é dotado de dois polarizadores, ou nicóis2, designados de polarizador inferior (ou simplesmente polarizador) e o outro, superior, denominado analisador. Nos microscópios modernos, estes polarizadores são constituídos de placas de polaróides, que são compostos químicos orgânicos que quando construídos, são estirados segundo uma certa direção. Assim a luz natural não polarizada quando incide no polarizador, todas as suas direções de vibração, com exceção daquela paralela a direção de deformação do polaróide, serão absorvidas por ele. O polarizador inferior está localizado acima da fonte de luz e abaixo do mineral a ser estudado.Sua função é fornecer luz polarizada, que com o movimento de rotação da platina do microscópio pode incidir em diferentes direções na superfície do mineral, Figura II.5. O analisador, está disposto acima do mineral sob análise e abaixo da ocular. Está orientado de forma que sua direção de polarização seja perpendicular ao do polarizador inferior. As direções de vibração dos polarizadores, formam um ângulo de 90o entre si e deverão ser paralelas àquelas dos retículos da ocular como mostra, por exemplo, a Figura II.10. Figura II.10: Representação do paralelismo entre os retículos da ocular com as direções de vibração do polarizador (P-P) e analisador (A-A). Assim, toda vez que uma substância isotrópica é colocada entre dois polarizadores cruzados, não haverá passagem de luz para o observador. Isto é facilmente observado ao microscópio petrográfico, quando cruzamos os nicóis sem haver nenhum mineral na platina. Como o ar é uma substância isotrópica, a luz proveniente do polarizador chega direta ao analisador, sem sofrer desvio. Como sua direção de polarização é perpendicular ao do analisador, esta será totalmente absorvida por ele, sem haver nenhuma transmissão de luz. Entretanto, quando uma substância anisotrópica é disposta na platina do microscópio, a luz sofrerá o chamado “fenômeno da dupla refração”. Para ilustrar a descrição, tomemos como exemplo a Figura I.11. O raio de luz que parte do polarizador vibrando em uma única direção, N-S (poderia ser E-W), ao atingir a superfície do mineral, é desmembrado em dois outros raios designados por r1 e r2. Como estes dois raios de luz vibram em planos perpendiculares entre si (são ortogonais), eles são chamados de incongruentes, ou seja, não interferem entre si para gerarem um único raio de luz. Porém, ao atingirem o analisador, eles passam a vibrar em um único plano e então, interferem-se mutuamente, gerando uma onda resultante, paralela a direção de vibração do analisador, que agora transmite luz ao observador 2 Nicol é um termo clássico em mineralogia óptica quando a polarização da luz era obtida através de prismas de calcita cortadas e coladas segundo direções específicas. Com isso, o termo “nicóis cruzados” significa que o analisador está inserido no caminho óptico do microscópio. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.19 360 o 90 180 270 retículo re tí cu lo Figura II.11: A função do analisador no sistema óptico de um microscópio. P-P= direção de vibração do polarizador, A-A= direção de vibração do analisador, r1 e r2 são os dois raios que surgem devido ao fenômeno da dupla refração. No destaque, a obtenção do raio resultante da soma vetorial dos raios r1 e r2 segundo a direção do analisador e conseqüente transmissão da luz através dele (analisador). Platina A platina do microscópio petrográfico é uma placa metálica, que sustenta o preparado em análise, Figura II.5. Além disso, a platina tem um movimento, de rotação e é graduada que associada aos retículos da ocular, conforme mostra a Figura II.12, permite efetuar medidas de ângulos entre direções morfológicas e ópticas dos minerais em estudo. Figura II.12: Esquema da associação entre a platina graduada e os retículos da ocular utilizadas como linhas de referência na medida de ângulos entre unidades lineares. ____________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.II, pag.20 Lente de Amici-Berttand É empregada apenas no sistema conoscópico e tem como finalidade trazer a figura de interferência para o plano focal da ocular. Acha-se localizada entre a ocular e o analisador e pode ser introduzida ou retirada do sistema óptico, Figura II.5. Condensadores Existem dois condensadores no microscópios petrográfico, um fixo, que está localizado entre o polarizador e a platina do microscópio, o outro móvel, que se encontra sobre o condensador fixo e imediatamente sob a platina, Figura II.5. Os condensadores tem a finalidade de promoverem uma maior convergência dos raios de luz sob o objeto em análise. O condensador móvel tem como função especial, de promover uma alta convergência dos raios de luz em praticamente um ponto sobre o objeto em análise de tal forma que os raios de luz que partem do objeto para a objetiva sejam divergentes. O condensador móvel só deve ser usado quando utiliza-se se objetivas de médio a grande aumento linear e é peça fundamental no sistema conoscópico. Diafragma Íris É um dispositivo que limita a quantidade de luz que penetra no microscópio e se localiza geralmente sobre o condensador fixo. A diminuição do feixe de luz permite realçar as feições morfológicas dos minerais como suas bordas, traços de fratura, rugosidade das superfícies, presença de inclusões, etc. Filtros Os filtros, geralmente, são placas de vidro coloridos e tem como finalidade , absorver certas radiações indesejáveis da luz utilizada. Como conseqüência, a utilização apropriada de um filtro que permite aumentar o contraste de imagens e melhorar a resolução. O filtro mais empregado no microscópio petrográfico é o azul que torna a luz amarelada da lâmpada de Tungstênio bem próxima da luz branca natural. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.21 III- AS INDICATRIZES DOS MINERAIS Minerais isotrópicos e anisotrópicos uniaxiais Definição: Indicatriz é uma figura geométrica tridimensional que mostra a variação dos índices de refração nas diferentes direções do interior de um mineral. Assim, cada raio vetor da indicatriz representa uma direção de vibração cujo comprimento é proporcional ao índice de refração do cristal para as ondas de luz que vibram paralelamente àquela direção. Observe que as indicatrizes dos minerais mostram as diferenças entre os índices de refração enquanto as superfícies de velocidade de onda (ou de raio)1, a variação da velocidade. Assim estes dois tipos de representação geométrica serão iguais mas representando grandezas inversamente proporcionais (pois V»1/n). As indicatrizes dos minerais são figuras abstratas, ou seja, não podem ser observadas ao microscópio. Por outro lado esta abstração nos permite localizar e determinar os índices de refração associados as diferentes faces ou seções de um mineral. Minerais Isotrópicos: Em um mineral isotrópico, ou seja um mineral opticamente homogêneo, o índice de refração é constante, independente da direção considerada, ou seja, o raio de luz se propaga com a mesma velocidade em todas as direções. Assim as indicatrizes destes minerais serão esferas cujos raios vetores são proporcionais aos seus índices de refração, conforme mostra a Figura III.1. Dada a homogeneidade do mineral somente aqueles que se cristalizam em um sistema de maior simetria serão isotrópicos, ou seja aqueles do sistema isométrico ou cúbico. No outro extremo, substâncias homogêneas que não possuem nenhum arranjo cristalino, também serão isotrópicas. Figura III.1: Representação de uma indicatriz isotrópica, que corresponde a uma esfera cujo raio é proporcional ao índice de refração do mineral (n). 1 Superfície de velocidade de onda é a que une raios que percorreram uma mesma distância em um mesmo intervalo de tempo – vide capítulo I. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.22 A propagação de um raio de luz que atravessa um mineral isotrópico é bastante simples de se avaliar, pois eles não promovem o fenômeno da dupla refração e assim, o raio de luz que parte do polarizador, atravessa o mineral sem mudar sua direção de vibração. Mesmo que o raio incidente não seja polarizado, ao atravessar o mineral elecontinuará da mesma forma, conforme mostrado na Figura III.2. Observe que a superfície onde incide o raio de luz secciona a indicatriz passando por seu centro geométrico. Como a incidência deste raio se faz com um ângulo de incidência igual a zero em relação à normal à superfície do mineral, o mesmo irá atravessa-lo sem sofrer nenhum desvio ou polarização. Figura III.2 : Incidência normal ou perpendicular à superfície de um mineral isotrópico de raios de luz polarizado (B) e não polarizado (A). Observe que a a face onde ocorre a incidência secciona o centro da indicatriz resultando um círculo cujo raio é proporcional ao índice de refração do mineral (n). Para ambos os raios, não há mudança nem na trajetória nem na direção de polarização da luz. Minerais Anisotrópicos Os minerais anisotrópicos são aqueles que apresentam mais do que um índice de refração nas diferentes direções de propagação da luz no seu interior, e assim, suas indicatrizes são representadas por elipsóides de revolução de dois ou três eixos, onde cada um deles (também chamados de raios vetores) representa um índice de refração. Toda vez que um raio de luz incide sobre a superfície de um mineral anisotrópico transparente este sofre o chamado “fenômeno da dupla refração”, ou seja, ao se refratar são produzidos dois raios de luz distintos, que vibram em planos perpendiculares entre si e se propagam no interior do mineral, Figura .III.3. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.23 C O E plano de incidência Figura III.3: Raio de luz não polarizado que incide num cristal de calcita e sofre o fenômeno da dupla refração. O raio ordinário (O) vibra perpendicularmente ao plano de incidência e é aquele que não sofre desvio ao atravessar o mineral, ao contrário do extraordinário (E), cuja direção de vibração é perpendicular àquele plano. Via de regra os raios refratados produzidos por este fenômeno são chamados de ordinário “O” e extraordinário “E” sendo que o ordinário segue a lei de Snell para a refração (no caso r = 0), enquanto o extraordinário não (uma vez que r¹ 0). A direção de polarização (ou vibração) do raio extraordinário está contida no plano de incidência (que também contém o eixo cristalográfico “c” do mineral) enquanto que a do ordinário é perpendicular a ele, Figura III.3. Os minerais anisotrópicos são divididos em dois grandes grupos denominados: Uniaxiais : com dois índices de refração principais que compreendem os minerais que se cristalizam nos sistemas trigonal, tetragonal e hexagonal e, Biaxiais : com três índices de refração principais e compreendem os minerais que se cristalizam nos sistemas ortorrômbico, monoclínico e triclínico. A indicatriz uniaxial A indicatriz de uma substância anisotrópica uniaxial é um elipsóide de revolução com dois eixos principais, denominados de “E” e “O”, cujos comprimentos são proporcionais, respectivamente, aos índices de refração dos raios extraordinário - ne e ordinário - nw, que são também chamados de direções de vibração ou privilegiadas do mineral.. Na Figura III.4, acha-se representada uma indicatriz uniaxial (tridimensional e segundo uma seção principal), onde o comprimento do raio vetor “E” é maior do que o de “O” ou seja, ne > nw. Todas as seções que passam pelo centro geométrico da indicatriz e que contém as direções “E” e “O”, são chamadas de seções principais e correspondem a elipses. Ao contrário, a seção perpendicular a direção “E”, ou paralela a “O”, corresponde a um círculo cujo raio é igual a nw e portanto chamada de seção circular. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.24 seção principal seção circular Figura III.4: Representações espacial e segundo uma seção principal de uma indicatriz uniaxial onde ne > nw. Observe que no segundo esquema a direção “O” é perpendicular a seção principal considerada, representada pelo símbolo ¤. Pode-se então verificar que todo raio que incide na indicatriz, passando pelo seu centro, na direção de , “E”, atravessa o mineral sem sofrer desvio ou mudança nas direções de propagação e/ou de vibração. Isto ocorre porque o raio está incidindo na indicatriz perpendicularmente a seção circular, onde há infinitas direções de vibração todas elas proporcionais a nw. Portanto, segundo esta direção (E), o raio de luz se comporta como estivesse atravessando um meio isotrópico, pois se incidir polarizado ou não, permanecerá desta mesma forma ao atravessar o mineral. A esta direção a qual o mineral se comporta como uma substância isotrópica, e portanto não está sujeita ao fenômeno da dupla refração, dá-se o nome de eixo óptico. Os minerais que se cristalizam nos sistemas trigonal, tetragonal e hexagonal, apresentam forte simetria ao redor do eixo cristalográfico “c”, havendo uma distribuição uniforme de ligações químicas em todas as direções contidas nos planos (001) ou (0001), que corresponderiam então a seções circulares nas indicatrizes uniaxiais. Como o eixo óptico é sempre perpendicular a uma seção circular, nos minerais uniaxiais a direção do eixo óptico será sempre coincidente com o eixo cristalográfico “c”. Relações morfológicas dos cristais com as indicatrizes Na figura III.5, está representado um cristal uniaxial caracterizado por diversas faces e sua indicatriz disposta em seu centro geométrico (do cristal). Observe que ela foi orientada de forma a que o eixo óptico (eo) coincidisse com o eixo cristalográfico “c” do cristal.2 Se cada face deste cristal corta a indicatriz passando pelo seu centro, podemos observar as figuras geométricas resultantes dessa intersecção, que são denominadas de elipses de intersecção, as quais correspondem aos índices de refração associados a cada seção específica. 2 esta orientação deverá ser sempre obedecida! ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.25 l i b Figura III.5: Índices de refração das faces l, i e b resultantes das elipses de intersecção de cada uma delas com a indicatriz uniaxial associada. Observe que na face l, a elipse de intersecção resultante, é uma elipse com índice de refração maior proporcional a ne e o menor a nw, ou seja uma seção principal da indicatriz. Assim, os índices de refração associados à face l são ne e nw. Para a face b, a elipse de intersecção resultante é um círculo, cujo raio é proporcional a nw, ou seja, possui apenas um único índice de refração associado (nw), tendo portanto comportamento de uma substância isotrópica, pois a seção é paralela a seção circular da indicatriz (ou perpendicular ao eixo óptico). A face i, por sua vez, corta a indicatriz de forma a conter nw e ne’. Isto porque toda a seção que corta a indicatriz fica “obrigada” a passar pelo seu centro, e assim sempre conterá a seção circular ou nw. Entretanto, a face i não é uma seção principal da indicatriz, ou seja, não contém o eixo óptico. Assim esta face corta a indicatriz de forma a conter um índice de refração para o raio extraordinário um pouco diferente de ne e portanto chamado de ne’. A incidência e a propagação da luz em minerais uniaxiais Para que possamos entender melhor a interação da luz em uma indicatriz uniaxial, vejamos o que ocorre com um raio de luz que incide perpendicularmente à superfície, nas seguintes situações: 1º caso Þ Incidência na direção do eixo óptico Observando a Figura III.6, vê-se que a face inferior do mineral secciona a indicatriz paralelamente a seção circular ou perpendicularmente ao eixo óptico (1) e que os raios de luz incidentes são todos perpendiculares à face do mineral. Se o raio de luz for polarizado ou não (1 e 2), observe que eles atravessam o mineral sem sofrer desvio ou alteração tanto em suas trajetóriasquanto nas direções de polarização. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.26 Figura III.6: Incidência normal de raios de luz polarizados (2) ou não (3) na face inferior de um mineral anisotrópico uniaxial com ne > nw, segundo a direção do eixo óptico (1). 2º caso Þ Incidência paralela ao eixo óptico ou segundo uma seção principal Um raio de luz não polarizado que incide normalmente na superfície de um cristal, paralelamente a uma seção principal (aquela que contém o eixo óptico), conforme esquema 1 mostrado na Figura III.7, sofrerá o fenômeno da dupla refração, com o surgimento de dois raios de luz, ordinário (O) e extraordinário (E), que vibram em planos ortogonais entre si. Por outro lado se um raio de luz polarizado incidir normalmente na superfície de um cristal vibrando paralelamente a ao eixo óptico, conforme esquema 2 da Figura III.7, este atravessará o cristal sem sofrer desvio pois sua direção de polarização é paralela a uma direção privilegiada da indicatriz. 3º caso Þ Incidência paralela à direção “O” ou perpendicularmente ao eixo óptico Um raio de luz polarizado perpendicularmente ao eixo óptico ou paralelamente a direção de “O”, incidindo normalmente à superfície de um cristal anisotrópico uniaxial, conforme mostrado no esquema 3 da Figura III.7, atravessará o cristal sem sofrer dupla refração, pelo mesmo motivo explicado para o segundo caso, ou seja, sua direção de polarização é paralela a uma direção privilegiada da indicatriz. Para o caso em que a luz não é polarizada, o mecanismo de refração é o mesmo do descrito no 2º caso. E ne nw seção circular ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.27 4º caso Þ Incidência não paralela a nenhuma direção privilegiada Se um raio de luz polarizado segundo uma direção qualquer e não coincidente com nenhuma das direções privilegiadas da indicatriz, incidir perpendicularmente à superfície do cristal, conforme o caso 4 da Figura III.7, este sofrerá o fenômeno da dupla refração, surgindo dois raios de luz com índices de refração e direções de vibração proporcionais a E e a O. Figura III.7: Raios de luz incidindo normalmente à superfície de um mineral uniaxial segundo diferentes direções, para os seguintes casos: Raio de luz não polarizado (1) e polarizado (2), incidindo paralelamente ao eixo óptico ou segundo uma seção principal; Raio de luz polarizado incidindo paralelamente a direção “O” ou perpendicularmente ao eixo óptico (3); Raio de luz polarizado incidindo segundo uma direção qualquer porém não paralela a E ou a O. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.28 Índices de refração associados a um raio qualquer Quando a incidência dos raios de luz em uma indicatriz não se faz segundo uma de suas direções privilegiadas (conforme foi visto no 4o caso do item anterior), o que ocorre quando se trabalha com luz convergente (conoscopia), torna-se importante determinar quais são os índices de refração associados àquele raio. Considere o caso mostrado na Figura III.8 (a), observe que o raio de luz incide na indicatriz, passando pelo seu centro, segundo a direção r –r1, fazendo um ângulo q com o eixo óptico (= eixo cristalográfico c = direção E da elipse). Os índices de refração a que estarão associados a esse raio serão aqueles perpendiculares a sua direção de propagação. Assim, traçamos um plano perpendicular à direção do raio r-r1 e observamos que a figura de intersecção obtida contém os índices de refração n’e e nw, Figura III.8 (b). Assim o raio r-r1 que atinge a indicatriz segundo um ângulo q em relação ao eixo óptico, sofrerá o fenômeno da dupla refração surgindo dois raios de luz um extraordinário, que vibra paralelamente a direção E’ e tem índice de refração igual a n’e e o outro, ordinário que vibra segundo a direção O e tem índice de refração igual a nw. Na Figura III.8 (b), para facilitar a representação gráfica, está assinalado apenas o raio normal aos extraordinário e ordinário, pois de fato o que nos interessam são as suas direções de vibração e não as suas trajetórias individuais, representadas no plano de uma seção principal na Figura III.8(c). Figura III.8: Índices de refração associados a um raio – r-r1, que incide em uma indicatriz formando um ângulo Q com a direção “E”. Observe em (A) que o raio passa pelo centro da indicatriz e atravessando a seção circular. Como os índices de refração associados a um raio são aqueles perpendiculares a sua direção de propagação, em (B), foi traçado um plano perpendicular a r-r1 que produz uma elipse de intersecção com eixo maior na direção de E’ e com eixo menor a “O”, correspondendo, respectivamente, aos índices de refração ne’ e nw, ambos perpendiculares entre si e ao raio incidente (r-r1). Em (C) estão projetados na seção principal os elementos representados em (B). Se quisermos, podemos determinar ne’ através da expressão ¶ 2 1 2 2 2 ]sen)1(1[ ' q e w we -+ = n n n n ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.29 Sinal óptico dos minerais uniaxiais Sinal óptico de um mineral é a relação entre seus índices de refração principais. Para os minerais uniaxiais, o sinal óptico é a relação entre os índices de refração dos raios extraordinário e ordinário. Assim quando o índice de refração do raio extraordinário (ne) for maior que o do ordinário (nw), diz-se que o mineral tem sinal óptico positivo. Nessa situação, a indicatriz será uma elipse de revolução alongada segundo a direção do eixo óptico - prolato, Figura III.X. No caso contrário, quando o índice de refração do raio ordinário for maior do que o do raio extraordinário, o mineral terá sinal óptico negativo e sua indicatriz será achatada segundo a direção do eixo óptico – oblato (terá a forma de um pão de hambúrguer), Figura III.9. Figura III.9: Representações de indicatrizes uniaxiais de sinais ópticos positivo (+) e negativo (-) projetados em uma das seções principais do elipsóide3. 3 não há relação entre o comprimento do eixo cristalográfico “c” com aquele assumido por ne na indicatriz, ou seja, os minerais uniaxiais positivos não terão eixos cristalográficos “c” maiores do que aqueles dos negativos. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.30 Veja alguns exemplos de minerais uniaxiais: Mineral zircão: sistema cristalino tetragonal, ne= 1,967, nw= 1,920 uniaxial positivo (Figura III.10). Figura III.10: Cristal de zircão exibindo a indicatriz uniaxial positiva em seu interior e as elipses de intersecção para cada face discriminada Berilo: sistema cristalino hexagonal, ne= 1,557, nw= 1,560 uniaxial negativo (Figura III.11). Figura III.11: Cristal de berilo exibindo a indicatriz uniaxial negativa em seu interior e as elipses de intersecção para cada face discriminada. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.31 Minerais anisotrópicos biaxiais Quando iniciamos o estudo sobre as indicatrizes dos minerais, abordamos inicialmente aquelas isotrópicas por serem as mais simples de todas, apresentando apenas um único índice de refração. Do ponto de vista cristalográfico os minerais isotrópicos apresentam maior grau de simetria pois pertencem ao sistema isométrico, onde apenas um único parâmetro de cela é necessário para sua descrição. As indicatrizes anisotrópicas, vimos, são caracterizadas por mais de um índice de refração. Aquelas uniaxiais, apresentam dois deles (ne e nw) e consequentemente, suas indicatrizes são representadas porelipsóides de revolução de dois eixos (E e O). São uniaxiais os minerais que cristalizam-se nos sistemas trigonal, tetragonal e hexagonal. Estes três sistemas são caracterizados por uma forte simetria ao redor do eixo cristalográfico “C” (é a direção que apresenta um eixo de maior ordem do sistema cristalino), sendo necessários dois parâmetros de cela para sua descrição: uma na direção de “c” e outra perpendicular a ele (a = b ¹ c), daí seus dois índices de refração. As indicatrizes anisotrópicas biaxiais, são representadas por elipsóides de revolução com três eixos principais, onde cada um deles representa um índice de refração (na, nb e ng). De fato, os sistemas cristalinos ortorrômbico, monoclínico e triclínico apresentam um grau de simetria menor ainda do que aqueles uniaxiais, sendo necessários três parâmetros de cela para caracteriza-los (a ¹ b ¹ c). Os três eixos principais do elipsóide biaxial são denominados de “X”, “Y“ e “Z”, cujos comprimentos são proporcionais, respectivamente, aos índices de refração dos raios na, nb e ng, também chamados de direções de vibração ou privilegiadas do mineral. Na Figura III.12, acha-se representada uma indicatriz biaxial (tridimensional e segundo uma seção principal), onde a na < nb < ng. Esta relação será sempre verificada nos minerais biaxiais, ao contrário daqueles uniaxiais onde ne pode ser maior ou menor que nw. Figura III.12: Indicatriz biaxial mostrando as relações entre as direções X, Y e Z da elipse com os índices de refração na, nb e ng. Observe a relação na < nb < ng, que é sempre obedecida na óptica dos cristais biaxiais. Duas seções circulares de raio proporciona a nb e portanto com direção de Y estão presentes. A indicatriz biaxial, mostra três seções principais: X-Y, X-Z, Z-Y, todas elas correspondendo a elipses, Figura III.13. Na seção X-Y, estão presentes os índices na e nb; na X-Z, na e ng; e na Z-Y, ng e ; nb . eo eo Y XSeção Circular Seção Principal (ZX) Plano Óptico 2 V eo eo SC SC na ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.32 Z X Z'Z ' YY X' X' seção circular seção circular Figura III.13: Indicatriz Biaxial, mostrando três seções principais da indicatriz e os índices de refração associados a cada uma delas. Observe que todas elas são elípticas e: Seção ZY – estão associados os índices de refração ng e nb, Seção XZ- estão associados os índices de refração na e ng, Seção XY- estão associados os índices de refração na e nb Geometricamente podemos observar na seção principal da indicatriz definida por X-Z, ou seja a seção que contém as direções de maior (Z) e menor comprimento (X), que existem duas seções que contém o eixo de comprimento intermediário – Y, que correspondem a duas seções circulares, cujos raios são iguais a nb ., conforme esquematizado na Figura III.14. Figura III.14: Representação da indicatriz biaxial segundo a seção principal X-Z. Observe que seções inclinadas a Z (por exemplo Z’) terão índices de refração progressivamente menores (veja que o comprimento de ng’, associado a direção Z’, é menor do que o de ng, que está associado a Z). Observe também que as seções inclinadas a X (por exemplo X’) terão índices de refração progressivamente maiores (veja que o comprimento de na’, associado a direção X’, é maior do que o de na, que está associado a X). Consequentemente, haverá uma certa seção, entre X e Z que coincidirá com a direção Y da indicatriz, tendo como índice de refração, nb. Por construção, esta seção é uma seção circular (ao contrário das demais que são elípticas) com raio equivalente a nb. Como perpendicular a uma seção circular há sempre um eixo óptico associado, as indicatrizes biaxiais possuem dois eixos ópticos e os raios que se propagam segundo essas direções, estarão submetidos, todos, ao mesmo índice de refração nb . Observe na Figura III.12, que os eixos ópticos estão contidos na seção principal XZ, que recebe então a designação de plano óptico e o ângulo agudo que eles formam entre si, medido sobre este plano, recebe a designação de ângulo 2V. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.33 Relações morfológicas dos cristais com as indicatrizes Na Figura III.15, está representado um cristal biaxial caracterizado por diversas faces e sua indicatriz disposta em seu centro geométrico a exemplo do que foi feito no estudo das indicatrizes uniaxiais. Observe que as diferentes faces do cristal cortam a indicatriz resultando elipses de intersecção distintas, e assim, índices de refração distintos em cada face específica. Observe por exemplo, que a face XZ corta a indicatriz resultando em uma elipse de intersecção com eixo maior igual a Z e menor igual a X, ou seja os índices de refração associados a ela serão na e ng (observe que a face considerada é paralela. a seção principal XZ da indicatriz). Seguindo o mesmo raciocínio, para a face XY os índices de refração associados seriam na e nb , para a YZ nb e ng, e até que em YC apenas nb . Figura III.15: Relações entre os índices de refração associados as diferentes faces de um cristal biaxial. As faces XZ, XY, YZ correspondem às seções principais homônimas da indicatriz e, como os índices de refração associados a uma face serão aqueles que ficam contidos no plano de intersecção da face do mineral com a sua indicatriz (elipse de intersecção), teremos para XZ: na e n g, XY: na e nb, YZ- nb e ng. Observe também que a face X’Y corta a indicatriz segundo Y mas de forma inclinada em relação a X e consequentemente os índices de refração associados seriam na’ e nb. Para a face X’Z’, veja que ela secciona a indicatriz de forma inclinada em relação a X e a Z e portanto, os índices ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.34 W Figura III.16: Incidência normal de um raio de luz não po- larizado em um plano geral de um mineral biaxial. de refração associados seriam na’e ng’. Situação inversa acontece na face Y, pois ela é exatamente paralela a seção circular da indicatriz e por conseqüência, o índice de refração a ela associada seria apenas nb. Alguns casos de incidência da luz em superfícies cristalinas biaxiais Todos os casos a serem analisados referem-se à incidência normal sobre a superfície cristalina, ou seja, i = 0. Sempre que um raio de luz incide em uma superfície anisotrópica, os índices de refração que estarão associados a ele, serão aqueles perpendiculares a sua direção de propagação. Tendo isso em mente, analisemos os casos abaixo: 1º caso Þ Incidência em planos gerais Planos gerais são aqueles em que a face ou seção do mineral não contém nenhum índice de refração principal da indicatriz. Corresponderia (e de fato sempre corresponderá!) a face X’Z’ da Figura III.15. Para a incidência normal de um raio de luz não polarizado em uma seção X’Z’, conforme representado na Figura III.16, surgirão dois raios de luz, OR1 e OR2 que terão direções de polarização paralelos a OZ’ e OX’, respectivamente, conforme mostra a Figura III.16. Estes dois raios (OR1 e OR2), estarão contidos nos planos definidos por estas retas, suas direções de propagação e a normal a estas direções (OW). Suas direções de propagação serão aquelas definidas por seus raios conjugados, sendo OR1 o raio conjugado de OZ’ e OR2 o de OX’ Observe que nesta situação, ambos os raios (OR1 e OR2) têm comportamento de raios extraordinários. Por outro lado, se o raio de luz estiver polarizado, os raios refratados dependerão da direção de polarização da luz. Se a luz acha-se polarizada segundo a direção OX’, o raio a ser refratado será unicamente o raio OR2. Porém se ele estiver polarizado segundo a direção OZ’, o raio refratado será apenas OR1. Entretanto, se a direção de polarizaçãoda luz não coincide com nenhuma das direções “privilegiadas”, a luz será decomposta na refração segundo as direções OX’ e OZ’, com o aparecimento de ambos os raios, OR1 e OR2. 2º caso Þ Incidência em planos semi-gerais Plano semi-geral é aquele em que a face ou a seção do mineral, contém um eixo principal da elipse. É o caso por exemplo da face X’Y da Figura III.15. Portanto, trata-se de um caso mais particular que o anterior, pois um semi-eixo da elipse de intersecção é exatamente o mesmo da indicatriz. Na Figura III.17, um raio de luz não polarizado, incide perpendicularmente ao plano semi geral X’Y de um mineral biaxial. Com isso há, devido ao fenômeno da dupla refração, o surgimento de dois raios de luz OR1 e OR2. Como as direções de vibração (ou índices de refração) associados a um raio são aquelas perpendiculares a sua direção de propagação e seguindo o mesmo raciocínio do caso anterior, o raio ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.35 Figura III.17: Incidência normal de um raio de luz não po- larizado em um plano semi-geral de um mineral biaxial. Figura III.18: Incidência normal de um raio de luz não pola- rizado em um plano principal de um mineral biaxial. OR1 terá direção de vibração de OZ (estará contido no plano definido por OR1 – OZ e OW) enquanto que o OR2, a direção de vibração de OX’ (estará contido no plano definido por OR2 – OX’ e OW), ou seja o raio OR1 é o raio conjugado de OZ enquanto que o OR2 é conjugado de OX’. Além disso, observe que a normal a frente de onda dos raios OR1 e OR2 (OW) coincide com OR1. Com isso, a construção apresentada na Figura III.17, evidencia que o raio OR1 tem comportamento de raio ordinário (prevista pela lei de Snell, pois o ângulo entre o raio de incidência e a normal a superfície do mineral é igual a zero) enquanto que o OR2 se comporta como um raio extraordinário (pois não obedece a lei de Snell). Se o raio de luz que incide nesta superfície do mineral for polarizado, o efeito será o mesmo descrito no caso 1 3º caso Þ Incidência em planos principais É um caso ainda mais particular de incidência de luz em um cristal anisotrópico biaxial, pois a seção, ou a face do mineral, corta a indicatriz de forma a conter dois eixos principais da elipse (X, Y, Z), que é recebe a designação de plano principal. Na Figura III.15, como para qualquer mineral biaxial, reconhecemos as faces XY, YZ e XZ como planos principais da indicatriz. Para um raio de luz não polarizado incidindo sobre o plano principal YZ (conforme mostrado na Figura III.18) e, se empregarmos o mesmo raciocínio que utilizamos para identificarmos as direções de propagação e vibração dos raios resultantes do fenômeno da dupla refração promovido pelo mineral biaxial, teremos a situação representada na Figura III.18. Observe que os raios conjugados da direções OY e OZ são paralelos entre si e consequentemente os raios OR1, OR2 e a normal a frente de onda destes dois raios (OW) também são coincidentes. Neste caso, os dois raios, OR1 e OR2, têm comportamento de raios ordinários. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.36 Neste caso, se a luz for polarizada, e se a direção de polarização coincidir com OX ou OY só haverá um raio refratado (OR1 e OR2, respectivamente). Observe que a terminologia empregada nos minerais uniaxiais, onde designamos as direções do elipsóide e os índices de refração da indicatriz como sendo do raio ordinário (O, nw) e extraordinário (E, ne) é imprópria para as indicatrizes biaxiais, pois associados a uma seção poderemos ter dois raios extraordinários (caso 1), um raio ordinário e outro extraordinário (caso 2) ou dois raios ordinários (caso 3). Assim, no estudo das indicatrizes biaxiais, utilizamos a designação de raios lento ou rápido. Como nos minerais biaxiais, os índices de refração associados as direções X (na), Y (nb) e Z (ng), obedecem sempre a relação na < nb < ng, ao índice de refração associado a X (na) corresponderá sempre o do raio rápido e a Z (ng) o raio lento. Quanto a direção Y ou a nb , dependerá a qual outra direção ou índice de refração ele esteja associado. Se for a X, nb corresponderá ao raio rápido mas, se for a X ou a na, será o raio lento. Orientação das indicatrizes em função dos eixos cristalográficos dos minerais. Vimos que os minerais biaxiais são aqueles que se cristalizam nos sistemas ortorrômbico, monoclínico e triclínico. Como as propriedades ópticas de um mineral são função de sua estrutura e simetria cristalina, deve-se esperar que a estrutura cristalina ordene a sua indicatriz óptica. Sistema ortorrômbico: os minerais deste sistema possuem três eixos cristalográficos, perpendiculares entre si, porém com comprimentos diferentes. Estes três eixos cristalográficos coincidirão, necessariamente, com as três direções ópticas, porém sem nenhuma relação exclusiva, conforme mostram a Figura III.19.A e Tabela III.1. Sistema monoclinico: os minerais do sistema monoclínico, tem no eixo cristalográfico b o único eixo de simetria binário, com um plano de reflexão perpendicular a ele (no caso exclusivo da classe prismática), conforme mostra a Figura III.19.B. Neste plano de simetria, estão contidos os eixos cristalográficos a e c que por sua vez são perpendiculares a b. Assim o eixo cristalográfico b coincidirá com um das direções X, Y ou Z da indicatriz. Sistema triclínico: no sistema triclínico, o comprimento dos eixos cristalográficos são todos diferentes entre si não formando ângulos retos. Como não há elementos de simetria no sistema (a não ser um centro de inversão), os eixos da indicatriz não coincidem com nenhum dos eixos cristalográficos. Sistema a b c Ortorrômbico coincide X, Y ou Z coincide X, Y ou Z coincide X, Y ou Z Monoclínico não coincide coincide X, Y ou Z não coincide Triclínico não coincide não coincide não coincide Relação esquemática entre os eixos cristalográficos a, b e c com os eixos X, Y e Z da indicatriz biaxial. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.37 Figura III.19: Relação entre as indicatriz e os eixos cristalográficos dos minerais dos sistemas ortorrômbico (A), monoclínico (B) e triclínico (C). a, b e c são os eixos cristalográficos, X, Y e Z as direções da indicatriz biaxial. O plano hachuriado no interior dos minerais, corresponde ao um plano óptico da indicatriz que coincide com planos de reflexão nos casos dos sistemas ortorrômbico (classes piramidal e bipiramidal) e monoclínico (classe prismática). Índices de refração associados a um raio qualquer Quando a incidência dos raios de luz em uma indicatriz não for normal a superfície do mineral ou não coincidir com uma de suas direções privilegiadas (conforme foi visto no 1o caso do item anterior), podemos determinar os índices de refração a eles associados se considerarmos que os índices de refração a ele associados (ou as direções X, Y ou Z da indicatriz) serão aqueles perpendiculares a sua direção de propagação na indicatriz óptica.. Considere o caso mostrado na Figura III.20 e observe que o raio de luz incide na indicatriz, passando pelo seu centro, segundo a direção Ri, fazendo um ângulo q em relação a direção Z da indicatriz. Assim, traçamos um plano perpendicular à direção do raio R – R’ e observamos que a figura de intersecção obtida, uma elipse, contém os índices de refração ng’e na’ Figura III.20. Assim o raio R-R’ que atinge a indicatriz segundo um ângulo q em relação a direção Z da indicatriz, sofrerá o fenômeno da dupla refração surgindo dois raios de luz um deleslento (l), que vibra paralelamente a direção Z’ e tem índice de refração igual a ng’ e o outro, rápido (r) que vibra segundo a direção X’ e tem índice de refração igual a na’.De fato na Figura III.20, está assinalado apenas o raio normal aos raios lento e rápido, pois o que nos interessam são as suas direções de vibração e não as suas trajetórias individuais. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.38 R' n 'g n 'a l r R Figura III.20: Índices de refração associados a um raio Ri que incide em uma indicatriz formando um ângulo Q com a direção Z. Observe que o raio passa pelo centro da indicatriz. Como os índices de refração associados a um raio são aqueles perpendiculares a sua direção de propagação, foi traçado um plano perpendicular a R – R’ que produz uma elipse de intersecção (hachuriada na figura) com eixo maior na direção de Z’ e com eixo menor a X’, correspondendo, respectivamente, aos índices de refração ng’ e na’ ambos perpendiculares entre si e ao raio incidente (R-R’); “r” e “l”, são as direções de vibração dos raios refratados proporcionais a ng’ e na’. Sinal Óptico e Ângulo 2V Tendo em vista que a relação na < nb < ng é sempre obedecida, o sinal óptico dos minerais é dado pela relação entre o valor assumido pelo índice de refração intermediário (nb) em comparação aquele maior (ng) e menor (na). Desta forma, quando o valor numérico de nb se aproximar mais de na, o mineral terá sinal positivo. Ao contrário, quando nb se aproximar de ng, o mineral terá sinal óptico negativo. Veja os exemplos das Figuras III.21 e III.22. Figura III.21: Mineral: Silimanita Índices de refração: na= 1,657; nb= 1,658 e ng= 1,677 Como o valor de nb está mais próximo de na do que de ng (nb-na= 0,001 < ng-na= 0,019) o sinal óptico da silimanita é positivo. ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.39 Legenda: BXA= bissetriz aguda, P.O.= plano óptico; a,b,c= eixos cristalográficos, X, Y e Z= direções ópticas, 2V= ângulo formado pelos dois eixos ópticos medidos no plano óptico.1 Figura III.22: Mineral: Faialita Índices de refração: na= 1,8005; nb= 1,838 e ng= 1,847 Como o valor de nb está mais próximo de ng do que de na (nb-na= 0,033 > ng-na= 0,009) o sinal óptico da faialita é negativo. Legenda: BXA= bissetriz aguda, P.O.= plano óptico; a,b,c= eixos cristalográficos, X, Y e Z= direções ópticas, 2V= ângulo formado pelos dois eixos ópticos medidos no plano óptico1. Observe que quando o mineral apresenta sinal óptico positivo a bissetriz aguda (BXA) do ângulo 2V é a direção Z da indicatriz e quando for negativo, a bissetriz aguda será a direção X. Isto ocorre porque todo eixo óptico é perpendicular a uma seção circular. No caso dos minerais biaxiais, a seção circular se posiciona na indicatriz segundo a direção de Y e o seu raio é proporcional a nb (Figura III.12). Vimos que quando o mineral é positivo, nb se aproxima de na (ou Y se aproxima de X) e como o eixo óptico é perpendicular a seção circular, o eixo óptico se aproximará de Z, conforme mostra a Figura III.23 1 Obs: os eixos ópticos estão assinalados com uma bolinha cheia na sua extremidade e por um arco cuja parte convexa aponta para a direção da inclinação do eixo óptico (da parte côncava para a convexa). ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.40 (B) Biaxial - 2 V eo eo (A) Biaxial + 2 V eo eo Figura III.23: Representação em uma indicatriz biaxial da disposição do eixo óptico (em termos de inclinação a direção Z , ou seja o ângulo V) com a variação do índice de refração nb. Às seções circulares nb1, nb2 e nb3, estão associados respectivamente, os eixos ópticos eo1, eo2 e eo3. Observe que os eixos ópticos são perpendiculares a suas respectivas seções circulares e que ao conjunto eo1-sc1, etc corresponderia a um mineral específico. A medida que o valor de nb aumenta (de nb1 para nb3) ou seja, ele se desloca em direção a Z (ng), o ângulo V também aumenta de forma ao eixo óptico se aproximar progressivamente de X. Na Figura III.24, acham-se representadas as indicatrizes biaxiais de sinais ópticos positivo(A) e negativo (B), projetados no plano ZX, mostrando que quando positivos, a bissetriz aguda do ângulo 2V corresponde a Z e a bissetriz obtusa a X. Por outro lado, quando negativo, a bissetriz aguda do ângulo 2V corresponde a X e a obtusa (BXO) a Z. Figura III.24: Indicatrizes de minerais biaxiais de sinais ópticos positivo (A) e negativo (B). Legenda: sc= seção circular, BXA= bissetriz aguda, BXO= bissetriz obtusa, eo= eixo óptico, 2V= ângulo entre os dois eixos ópticos, na, nb e ng são os índices de refração associados, respectivamente, as direções X, Y e Z da indicatriz. (Observe que os esquemas representados nestas figuras são as elipses de intersecção da seção XZ com as indicatrizes biaxiais positiva e negativa). ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.41 2 gab nnn += )( )(cos 222 222 2 agb bga nnn nnn VZ - -= A indefinição do sinal óptico Como o sinal óptico dos minerais biaxiais é função do valor assumido por nb em relação a na e nb , de tal forma que quando nb se aproximar de na o sinal óptico do mineral será positivo e, será negativo, quando nb se aproximar de ng. Porém, existe um valor em que nb será exatamente o valor médio entre estes dois valores ou: Com isso, diz-se que o mineral tem sinal óptico indefinido ou ainda nulo e o seu ângulo 2V, será igual a 90o ou seja, um eixo óptico estará disposto sobre a seção circular do outro eixo óptico! Embora esta situação pareça ser apenas uma possibilidade teórica, de fato existem minerais que se enquadram nesta situação. Como exemplo a forsterita (o extremo de composição magnesiana do grupo da olivina) tem ângulo 2V entre 85 a 90o e índices de refração variando nos intervalos: na= 1,635 – 1,640; nb= 1,651 – 1,660; ng= 1,670 – 1,680. A relação entre os índices de refração e o ângulo 2V Vimos anteriormente que a disposição dos eixos ópticos na indicatriz óptica, é função dos valores assumidos pelos diferentes índices de refração dos minerais. Como os eixos ópticos são perpendiculares às seções circulares, que correspondem a direção Y (ou raio igual a nb), normalmente se diz que as posições dos eixos ópticos são controlados pelo índice de refração nb . No item anterior, esta relação ficou bastante clara, pois quando o valor de nb se igualou a média dos índices de refração extremos da indicatriz (na e ng), o sinal óptico do mineral se tornou indefinido. Assim, pode-se a partir dos valores dos índices de refração do mineral e através da equação que define as relações geométricas em uma elipse de revolução com três eixos, estabelecer as seguintes relações para o ângulo 2V: ou Onde: VZ=, metade do ângulo 2V, medido entre o eixo Z da indicatriz até o eixo óptico Vx= metade do ângulo 2V, medido entre o eixo X da indicatriz até o eixo óptico Baseado nestas equações, Mertie (1942) construiu um diagrama onde o valor do ângulo 2V pode ser estimado para os minerais biaxiais, conforme mostrado na Figura III.25. )( )(cos 222 222 2 agb abg nnn nnn VX - -= ________________________________________________ Mineralogia Óptica, Nardy, A.J.R; Machado, F.B, cap.III, pag.42 Nele, os valores de na são plotados na ordenada do lado esquerdo do diagrama, e os de ng do lado direito. Uma linha une estes dois pontos e sobre ela é assinalado o valor de nb . A projeção do ponto obtido sobre a abcissa, corresponde ao valor do ângulo 2V, conforme mostra o exemplo, na Figura III.25, de um
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