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TP II 15A APOSTILA DO CRIME ORGANIZADO

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TIPOS PENAIS II
GUILENE LADVOCAT
15ª APOSTILA LEI 9.034/95 - DO CRIME ORGANIZADO 
DEFINIÇÃO:
Primeiramente cabe ressaltar que é bastante difícil definir o que é o crime organizado. Isso porque a imprensa, muitas vezes, dispõe que determinados crimes, tais como assaltos a bancos, são atos praticados pelo crime organizado. Diz-se, inclusive, que virou moda no Brasil a menção ao crime organizado. Da mesma forma, todo e qualquer atentado hoje é atribuído ao crime organizado.
A maior importância que se dá à sua definição, diz respeito exatamente em se buscar soluções para se coibir e inibir a existência das organizações criminosas existentes.
Entretanto, nenhuma definição única e objetiva existe. Estudos apontam similaridades de características, mas nenhuma definição exata para o crime organizado. Mas, independentemente da sua complexidade, pode-se chegar próximo a uma definição. Vejamos algumas:
Fundo Nacional Suíço de Pesquisa Científica - afirmam que existe crime organizado, especificamente o transnacional, quando uma organização tem o seu funcionamento semelhante ao de uma empresa capitalista, pratica uma divisão muito aprofundada de tarefas, busca interações com os atores do Estado, dispõe de estruturas hermeticamente fechadas, concebidas de maneira metódica e duradoura, e procura obter lucros elevados. 
Nações Unidas, organizações criminosas são àquelas que possuem vínculos hierárquicos, usam da violência, da corrupção e lavam dinheiro. 
Federal Bureau of Investigations (FBI) - define crime organizado como qualquer grupo que tenha uma estrutura formalizada cujo objetivo seja a busca de lucros através de atividades ilegais. Esses grupos usam da violência e da corrupção de agentes públicos. 
Pennsylvania Crime Commision - As principais características das organizações criminosas são a influência nas instituições do Estado, altos ganhos econômicos, práticas fraudulentas e coercitivas. 
A Academia Nacional de Polícia Federal do Brasil enumera 10 características do crime organizado: 
planejamento empresarial; 
antijuridicidade; 
diversificação de área de atuação; 
estabilidade dos seus integrantes; 
cadeia de comando; 
pluralidade de agentes; 
compartimentação; - que é uma forma de manter em segredo as atividades criminosas dentro mesmo da própria organização, não tendo os outros integrantes a ciência de determinadas atividades, visando evitar a queda do grupo, seja pela delação ou mesmo a descoberta por agentes infiltrados nos grupos.
 códigos de honra; 
controle territorial; 
 fins lucrativos. 
Segundo disposto por muitos doutrinadores, a corrupção dos setores administrativos bem como do Judiciário em muito contribuem para o desenvolvimento das organizações criminosas.
Um exemplo é o que ocorre na Colômbia, onde as organizações criminosas atuam de modo empresarial e buscam construir redes de influência com as instituições do Estado, visando o poder econômico e político. 
Uma das características do crime organizado é buscar apoio para a sua atuação no âmbito institucional do Estado e o favorecimento alcançado com o capitalismo que possibilita tornar as atividades das organizações criminosas bastante lucrativas. A interação dos mercados financeiros proporciona a lavagem de dinheiro. 
Introdução:
O Crime Organizado é uma das variadas formas de criminalidade de nossa sociedade. Há muito já se discutia sobre o chamado Crime Organizado, como por exemplo:
Os “Yardies” da Jamaica;
Os cartéis colombianos e mexicanos;
A máfia russa e da ex-União Soviética;
Os clãs nigerianos;
A máfia italiana - Cosa Nostra na Sicília, Ndrangheta na Calábria, Camorra em Nápoles e na Campânia, a Sacra Corona Unita;
A máfia norte-americana, albanesa e turca;
Os Yakuza do Japão;
As Tríades chinesas, etc.
Tem-se que a máfia é uma espécie de organização criminosa por excelência, uma vez que estas controlam diretamente os seus territórios e desaparecem ou dissimulam-se facilmente da vista do público, o que muito dificulta o seu desmantelamento ou a sua destruição.
Podemos citar como exemplo, as cinco grandes famílias mafiosas de Nova Iorque - Genovese, Gambino, Bonnano, Colombo, Lucchese -, que sobrevivem há mais de um século e continuam em plena atividade.
Curiosidades: 
Genovese
Chegadas aos EUA - 1922
Áreas de atuação - Jogos, indústria têxtil, agiotagem, conspiração, pornografia e extorsão
Número de membros - Entre 200 e 250
Membros associados - Cerca de 600
Curiosidade - Pela estruturação do crime organizado, "Lucky" Luciano foi eleito pela revista Time uma das 20 maiores personalidades do século 20 no mundo dos negócios,ao lado de nomes como Bill Gates
Bonanno
Chegadas aos EUA - 1925
Áreas de atuação - Tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, conspiração, pornografia, jogos e extorsão
Número de membros - Entre 100 e 150
Membros associados - Cerca de 500
Curiosidade - Joe Bonanno, chefão da família entre 1931 e 1964, foi o primeiro chefe a quebrar a omerta, o código de silêncio da máfia, ao escrever um livro sobre sua vida bandida
Lucchese
Chegadas aos EUA - 1920
Áreas de atuação - Transporte por caminhão, coleta de lixo, conspiração, lavagem de dinheiro e extorsão de sindicatos
Número de membros - Entre 150 e 200
Membros associados - Cerca de 500
Curiosidade - Tommy Lucchese, atuante na máfia por quase 50 anos e chefão entre 1951 e 1967, nunca foi condenado por crime algum
Gambino
Chegadas aos EUA - 1907
Áreas de atuação - Lavagem de dinheiro, roubo de carros, agiotagem, conspiração, tráfico de drogas e extorsão
Número de membros - Entre 200 e 250
Membros associados - Cerca de 600
Curiosidade - Albert "Chapeleiro Louco" Anastasia, chefe de 1951 a 1957, comandou o Murder Inc., grupo que matou entre 400 e 700 pessoas nos anos 30
Colombo
Chegadas aos EUA - 1927
Áreas de atuação - Lavagem de dinheiro, conspiração e extorsão
Número de membros - Entre 150 e 220
Membros associados - Cerca de 500
Curiosidade - Católico, Joe Colombo exigiu que uma coroa roubada da igreja fosse devolvida. O ladrão devolveu, mas sem as pedras preciosas. Foi achado morto com um terço na garganta
1. A Guerra de Castellammare começa quando Joe Masseria, dos Genovese, mata Gaetano Reina, chefe da família que seria conhecida como Lucchese. O crime ocorreu em 26/2/1930
2. Mesmo sendo aliados da família do falecido, Tommy Gagliano e Tommy Lucchese viram a casaca e passam para o lado de Joe Masseria, sentindo que ele poderia se tornar peça central na cena mafiosa
3. A família de Reina junta-se a Maranzano, da família Bonanno, e em 9/9/1930 vinga-se matando o homem que Masseria havia colocado para comandar os negócios dos Lucchese no lugar de Reina
4. Em 23/10/1930, Masseria dá o troco e mata um aliado de Maranzano, Aiello, líder da União Siciliana de Chicago. Inicialmente o crime foi atribuído a Al Capone, mas o mandante foi revelado mais tarde
5. O massacre continua com um violento revide de Maranzano: ele mata três aliados de Masseria entre novembro de 1930 e fevereiro de 1931, inclusive Mineo, que havia disparado contra Aiello meses antes
6. Charlie Luciano, dos Genovese, sofreu um atentado em 1929, mas escapou e virou "Lucky" Luciano. Em março de 1931,ele e Vito Genovese prometem trair Masseria e se aliar a Maranzano pelo fim da matança
7. A aliança inclui também Anastasia, da família Gambino, e mais três Genovese, que mataram Masseria enquanto ele jantava em um restaurante. A guerra chega ao fim, em 15/4/1931
8. Maranzano cumpre o acordo e cria algumas regras para evitar mais brigas. Sob sua batuta,cada família passou a ter um chefe - foi quando o sobrenome Colombo entrou no hall da máfia, com Joe Profaci no comando
9. Maranzano coloca "Lucky" Luciano como subchefe dos Bonanno sem suspeitar que o sortudo já havia descoberto que Maranzano havia sido o mandante do atentado que lhe dera o apelido em 1929
10. Luciano revida e ordena matar Maranzano em 10/9/1931. Luciano se torna o gângster mais poderoso de NY, extingue o cargo de capo di tutti capi e cria aComissão, que existe ainda hoje.
(http://mundoestranho.abril.com.br/historia/pergunta_287935.shtml)
Assim como as chamadas máfias, o crime organizado adota a prática de determinados delitos em especial:
Extorsão
O contrabando (de tabaco, álcool, matérias preciosas)
A produção e o tráfico de narcóticos;
O tráfico de armas;
De seres humanos;
De carros roubados;
O controlo de jogos ilegais;
As falsificações e fraudes, etc., 
Hoje, estas organizações atuam de forma empresarial, ou seja, praticam atos ilícitos vislumbrando lucros que muitas vezes podem atingir cifras altíssimas. E, vislumbrando o fácil e alto lucro, os grupos organizados começaram a se difundir com força maior.
 
No Brasil, o Crime Organizado hoje é considerado o maior problema relacionado às questões de segurança pública. Aqui, os crimes relacionados mais comumente são:
Contrabando de drogas;
Contrabando de armas;
Crimes financeiros;
Obras superfaturadas; 
Crimes contra a Previdência Social;
Crimes cambiais; 
 
A mídia divulga, constantemente, novas modalidades de crimes organizados.
No ano de 1998, por exemplo, surgiu a modalidade de falsificação de remédios.
Diante da gravidade, o delito passou a figurar no rol dos crimes considerados hediondos. 
A lei n.º 9.677, de 2-7-1998, alterou os dispositivos do Código Penal, incluindo a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais ( art. 273, caput, e §1.º, §1.º A, 1.º B) no rol dos crimes hediondos, cuja disposição está expressa no art. 1º, VII-B da Lei n.º 8.072, de 25 de julho de 1990.
Mas, sem sombra de dúvidas, o narcotráfico, hoje, é a modalidade principal. A todo o momento, principalmente no Rio de Janeiro, chegam notícias das verdadeiras guerras dos grupos nos morros cariocas, os quais disputam o milionário mercado das drogas. 
Como exemplo, podemos citar o Comando Vermelho, o Terceiro Comando “que se auto-destruíam pelo objetivo maior de controlar o comércio ilícito em algumas regiões específicas da cidade do Rio de Janeiro.
Curiosidade sobre o Comando Vermelho – 
Em 13/12/68, o então Presidente Costa e Silva baixa o AI-5 (Ato Institucional nº 5). 
No ano seguinte, é realizada a reforma na Lei de Segurança Nacional (LSN), o Artigo 27 do Decreto-Lei 898, agravou as penas para assalto, roubo e depredação nas instituições financeiras e de crédito e, estes crimes deixavam de ser julgados pelo Código de Processo Penal e passavam para o âmbito dos tribunais militares. As penas aumentaram para dez a vinte e quatro anos de prisão. Assim, foram criados os chamados Destacamentos de Operações e Informações da Coordenação de Defesa Interna (DOI-CODI), que eram os responsáveis por investigar os principais grupos da esquerda revolucionária.
O governo militar tentou uma forma de despolitizar as ações armadas da esquerda, igualando estas ao chamado banditismo comum. Ao nivelar o militante e o bandido, ou seja, tratando-os como iguais, o sistema cometeu um grande erro que foi o encontro dos integrantes das organizações revolucionárias com o criminoso comum.
 
Esta aproximação entre os presos comuns e os presos políticos (revolucionários – esquerdistas) transformou as forças sociais que àquela época já eram altamente influenciadas pelo contexto da ordem mundial. (O comunismo e o socialismo que ganhava espaço no exterior)
Com as mobilizações do exército, muitos revolucionários foram mortos e presos. Estes últimos foram distribuídos entre os presídios brasileiros.
No “fundão”, os presos políticos pregavam o socialismo e ensinavam técnicas de guerrilha para os presos comuns. Assim nasceu o Comando Vermelho (CV) que, inicialmente, foi criado para conter as atrocidades que eram cometidas dentro do presídio e para dar alguns direitos aos presidiários. Não demorou muito tempo e eles dominaram o presídio de Ilha Grande, uma vez que a influência dos líderes do CV sobre os presidiários era muito forte. 
Algumas técnicas ensinadas aos presos, segundo a narrativa de Carlos Amorim em seu livro, Comando Vermelho, a história secreta do crime organizado:
Que ensinamentos foram esses?
Primeiro, princípios de organização, que incluíam desde a estrutura hierárquica e disciplinar do grupo armado até sistemas de comunicação em código.
Em seguida, técnicas de propaganda que lhes permitiram transformar assaltos e sequestros em espetáculos de protesto — "propaganda armada", no jargão esquerdista —, que ganham a simpatia ao menos parcial da população e da intelligentzia. 
Terceiro: táticas de ação armada. Aqui a lista é grande. Dentre os procedimentos usados pela guerrilha e copiados pelo Comando Vermelho, pode-se destacar os seguintes:
1 - Realização de assaltos simultâneos em vários bancos, para desorientar a polícia.
2 - Com o mesmo objetivo, bombardear os postos policiais com dezenas de alarmes falsos, no dia dos assaltos planejados.
3 - Não sair para uma operação armada sem deixar montado um "posto médico" para atender os feridos ( que antes os bandidos deixavam à sua própria sorte, expondo-se à delação por vingança ).
4 - Em caso de emergência, invadir pequenas clínicas particulares selecionadas de antemão, obrigando os médicos a dar atendimento aos feridos.
5 - Planejamento e organização de sequestros.
6 - Designar para cada operação um "crítico", que não participa da ação mas, apenas observa e assinala os erros para aperfeiçoar a ação seguinte. 
7 - Planejar as ações armadas com exatidão, de modo a obter no mínimo de tempo o máximo de rendimento com o mínimo derramamento de sangue. ( Hoje o Comando Vermelho consuma em quatro ou cinco minutos um assalto a banco. )
8 - Técnicas para o bando retirar-se do local da ação em tempo record, aproveitando-se da conformação das ruas, do congestionamento, etc., ou provocando deliberadamente acidentes de trânsito.
9 - Planejamento cuidadoso de todas as ações, segundo o princípio de Carlos Marighela: "Somos fortes onde o inimigo é fraco. Ou seja: onde não somos esperados."
Após o golpe militar de 1964, Marighella foi localizado por agentes do DOPS carioca em 9 de maio num cinema do bairro da Tijuca. Enfrentou os policiais que o cercavam com socos e gritos de “Abaixo a ditadura militar fascista” e “Viva a democracia”, recebendo um tiro a queima-roupa no peito. Descrevendo o episódio no livro “Por que resisti à prisão”, ele afirmaria: “Minha força vinha mesmo era da convicção política, da certeza (...) de que a liberdade não se defende senão resistindo”.
10 - Informação e contra-informação como base do planejamento. 
11 - Sistema de "aparelhos" — casas compradas em pontos estratégicos da cidade, para ocultar fugitivos após as operações, guardar material bélico etc.
O quarto e último grupo de ensinamentos dizia respeito à seleção das melhores armas para cada tipo de operação, e ainda à fabricação de explosivos apropriados para o uso na guerrilha urbana, como coquetéis-molotov com uma fórmula especial preparada por estudantes de Química e "bombas de fragmentação com pregos acondicionados junto à pólvora e enxofre num tubo de PVC ou numa lata do tamanho de uma cerveja".
Os presos políticos eram pessoas com alta capacidade intelectual. Haviam escritores, intelectuais, padres, como o Padre Alípio Cristiano de Freitas. Sua influência dentro do presídio era incomum, todos o adoravam e respeitavam não só pela sua inteligência, mas também por ter dado um tapa na cara de um torturador do DOI-CODI em pleno interrogatório.
Como slogan: “Paz, Justiça e Liberdade”. A partir daí, o CV ganha força, porque além de tornar a vida do preso mais “tranqüila”, financiava fugas e entrada de droga nos presídios.
Para financiar as fugas, começaram a realizar assaltos a banco, mesma tática utilizada pelos movimentos esquerdistas brasileiros para reunir fundos conhecidos como “expropriações”, onde, pela primeira vez, ouviu-se falar do CV.
Em 1986, José Carlos dos Reis Encina, mais conhecido como “Escadinha”, um dos líderes do CV, foge do presídio de Ilha Grandede helicóptero. No mesmo ano, ele expande os negócios. “O primeiro acerto para importação de cocaína é firmado em Medellín, na Colômbia. Pablo Escobar, o maior traficante do mundo, é quem vai fornecer para o crime organizado no Rio de Janeiro.”
(Resumo baseado no Texto: O COMANDO VERMELHO E A ORDEM MUNDIAL – de autoria de Dirceu Ricardo Lemos Ceccatto)
Hoje, os partidários do atual CV sequer conhecem as raízes do Comando. Auto-denominam-se, sem nem saber o porque.
O que hoje se observa, é que a criminalidade organizada, passou a produzir uma violência de ordem individual. Assassinatos, balas perdidas que atingem tanto aqueles participantes deste submundo quanto à população carente dos morros, bem como a classe média que tem a sua tranqüilidade ameaçada.
O patrimônio, da mesma forma, vem sendo atacado, seja pela desvalorização dos imóveis que se encontram nas atuais chamadas áreas de risco – próximas favelas -, seja pelos inúmeros furtos de veículos que são utilizados como moeda na compra de mais tóxicos e armas para a guerra nos morros e mesmo para os chamados: Queima de arquivo.
O que agrava esta situação é a própria conivência e até mesmo a participação de agentes públicos, como policiais, que deveriam zelar pela prevenção e combate ao crime – compõem a banda podre da polícia.
Em 2000, foi criada a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico, instalada pelo Congresso Nacional que tem por fim investigar a ligação do narcotráfico com o setor público.
A excelente obra do Jornalista Carlos Amorim- fruto de 12 anos de trabalho de pesquisa jornalística –, da qual retiramos alguns trechos acima elencados, já apontava que o Comando Vermelho é a expressão máxima do narcotráfico em nosso país.
Após o surgimento dos crimes organizados, houve um gritante aumento nos roubo a bancos – que fizeram os órgãos de combate ao crime acreditarem tratar-se de terrorismo.
Posteriormente, vieram os seqüestros, também com fins de alimentar e sustentar as redes de criminalidade.
Com isso, o que hoje se observa é que o Estado negocia, até mesmo a paz com os chefes dos morros, ainda que veladamente. 
O Estado foi omisso durante um longo período e, hoje nos morros, quem manda é o Comando Vermelho, queiram os seus habitantes ou não: quem não quer, se muda ou é eliminado. 
Carlos Amorim diz que: 
“... o Crime Organizado e a política se cruzam em muitos pontos do caminho. Quando o Comando Vermelho assumiu o controle de quase setenta por cento dos pontos de venda de drogas, se constituiu numa espécie de governo paralelo das comunidades pobres. O “dono do morro” é também o juiz, o prefeito da área controlada. Até mesmo o sobe e desce das pessoas é feito sob vigilância armada. O Chefe do tráfico tem poderes quase absolutos, incontestáveis. Como já vimos, o bandido investe no samba e na educação, no saneamento e na moradia. Com o passar do tempo, essa administração de fato se torna também uma administração de direito. Com respaldo – ou com a complacência – do próprios favelados, a organização disputa e vence inúmeras eleições para a diretoria de associações de moradores”
CONCEITO DE CRIME ORGANIZADO parei aqui tipos II 10/11
Segundo Eugenio Raúl Zaffaroni: “Crime Organizado é o “conjunto de atividades ilícitas que operam no mercado, disciplinando-o quando as atividades legais não o fazem”. 
 A POLÍTICA CRIMINAL ADOTADA PELA LEI nº 9.034/95
A Lei 9.034/95 dispõe sobre a utilização dos meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas.
No ano de 2001, foi alterada pela Lei 10.217, que inseriu no ordenamento jurídico brasileiro a técnica de infiltração de agentes como instrumento de combate em qualquer fase da persecução penal, desde que autorizados judicialmente.
Para tanto, os agentes se inserem nos grupos criminosos como parte integrante destes, visando obter informações e provas que possibilitem o desmantelamento do grupo.
Veda, entretanto, a infiltração de particular, mas não estabelece limites para os métodos investigativos.
Assim, a responsabilização do agente deve ser feita pela Parte Geral do Código Penal.
Importa diferenciar:
agente infiltrado – age de forma passiva, coletando dados e provas suficientes a desmantelar a quadrilha.
agente provocador – atua de forma ativa, instigando o alvo (suspeito) à prática de ilícitos. 
As provas obtidas pelo agente infiltrado e seu testemunho são legítimos a instruírem inquérito policial e ação penal competente.
De toda forma, há bastante controvérsia doutrinária à respeito dos agentes infiltrados.
Vejamos o que dispõe a Lei:
LEI Nº 9.034, DE 3 DE MAIO DE 1995. 
CAPÍTULO I
Da Definição de Ação Praticada por Organizações Criminosas e dos Meios Operacionais de Investigação e Prova
Art. 1o Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo.(Redação dada pela Lei 10.217, de 11.4.2001)
Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: (Redação dada pela Lei 10.217, de 11.4.2001)
I - (Vetado).
II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;
III - o acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais.
IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial; (Inciso incluído pela Lei 10.217, de 11.4.2001)
V – infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial. (Inciso incluído pela Lei 10.217, de 11.4.2001)
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e permanecerá nesta condição enquanto perdurar a infiltração. (Parágrafo incluído pela Lei 10.217, de 11.4.2001)
CAPÍTULO II
Da Preservação do Sigilo Constitucional
Art. 3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça. (Vide Adin nº 1.570-2 de 11.11.2004, que declara a inconstitucionalidade do Art. 3º no que se refere aos dados "Fiscais" e "Eleitorais")
§ 1º Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o auxílio de pessoas que, pela natureza da função ou profissão, tenham ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
§ 2º O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado da diligência, relatando as informações colhidas oralmente e anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem relevância probatória, podendo para esse efeito, designar uma das pessoas referidas no parágrafo anterior como escrivão ad hoc.
§ 3º O auto de diligência será conservado fora dos autos do processo, em lugar seguro, sem intervenção de cartório ou servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do juiz, as partes legítimas na causa, que não poderão dele servir-se para fins estranhos à mesma, e estão sujeitas às sanções previstas pelo Código Penal em caso de divulgação.
§ 4º Os argumentos de acusação e defesa que versarem sobre a diligência serão apresentados em separado para serem anexados ao auto da diligência, que poderá servir como elemento na formação da convicção final do juiz.
§ 5º Em caso de recurso, o auto da diligência será fechado, lacrado e endereçado em separado ao juízo competente para revisão, que dele tomará conhecimento sem intervenção das secretariase gabinetes, devendo o relator dar vistas ao Ministério Público e ao Defensor em recinto isolado, para o efeito de que a discussão e o julgamento sejam mantidos em absoluto segredo de justiça.
CAPÍTULO III
Das Disposições Gerais
Art. 4º Os órgãos da polícia judiciária estruturarão setores e equipes de policiais especializados no combate à ação praticada por organizações criminosas.
Art. 5º A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independentemente da identificação civil.
Art. 6º Nos crimes praticados em organização criminosa, a pena será reduzida de um a dois terços, quando a colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria.
Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa.
"Art. 8° O prazo para encerramento da instrução criminal, nos processos por crime de que trata esta Lei, será de 81 (oitenta e um) dias, quando o réu estiver preso, e de 120 (cento e vinte) dias, quando solto." (Redação dada pela Lei 9.303, de 5.9.1996)
Art. 9º O réu não poderá apelar em liberdade, nos crimes previstos nesta lei.
Art. 10 Os condenados por crime decorrentes de organização criminosa iniciarão o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 11 Aplicam-se, no que não forem incompatíveis, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal.
Art. 12 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 13 Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 3 de maio de 1995; 174º da Independência e 107º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

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