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1.Inovação Tecnológica Gastos em P&D em relação ao percentual da receita de vendas Aeroespacial: 23% Computadores e softwares: 18% Eletrônicos: 10% Setor farmacêutico: 9% Setores pouco intensivos em P&D (<1%) – Alimentos, refino de petróleo, móveis, têxteis Fonte: OCDE Pesquisa e desenvolvimento P&D e eficiência dinâmica – Manutenção da competitividade – Novas tecnologias para gerações futuras P&D => mudança da função de produção – Teoria micro “convencional”: função de produção exógena Inovação de processos X Inovação de produtos Inovação de processos – Pesquisa voltada para redução dos custos de produção Inovação de produtos – Pesquisa voltada para tecnologias de desenvolvimento de novos produtos Inovação de processos: classificação Inovação substantiva: ocorre quando o custo marginal é reduzido a um nível tal que o preço de monopólio é menor que o custo marginal das firmas competidoras Inovação pequena (menor ou não- substantiva): ocorre quando o custo marginal pós-inovação não permite praticar um preço de monopólio abaixo do preço das firmas competidoras 1.1 Inovação de processo: classificação Período pré-inovação: hipóteses – produto homogêneo – Custo marginal de produção constante para todas as firmas (c0) – Competição em preços (Bertrand) – Demanda: P = a – bQ – Consumidores compram de produtor com menor preço Inovação substantiva x inovação menor Inovação substantiva Inovação menor Custo marginal pré-inovação Resultados: inovação pequena Preço praticado pela firma inovadora: p1 = c0 – Ɛ ≈ c0 Não modifica preços e quantidades do período pré-inovação Lucro da firma inovadora: (c0 – c1)Q0 Resultados: inovação substantiva Firma inovadora cobra preço de monopólio pm(c2) < c0 Redução do preço de equilíbrio Aumento da quantidade de equilíbrio 1.2 Competição em P&D Por que ser o primeiro a inovar? Atribuição de patentes Imagem de produtor de alta qualidade Competição em P&D: Nível de investimento em P&D de firmas competidoras está alinhada com o nível socialmente ótimo? Qual o impacto da competição em P&D sobre o prazo esperado da inovação? 1.2.1 Competição em P&D: modelo Hipóteses: – 2 firmas – Custo de investimento em P&D: $ I – Prob(descobrir tecnologia | I) = α – Lucro da firma $ V, se descobre a tecnologia inovadora sozinha $ V/2, se ambas as firmas descobrem a tecnologia ao mesmo tempo 0, se não descobre a tecnologia inovadora Competição em P&D: modelo Seja E (πk(n)): lucro esperado da firma k em um mercado com n competidores ik ϵ {0, I}: despesa com investimento Competição em P&D Caso A: mercado com uma firma – Incerteza tecnológica Lucro esperado da firma E (πk(1)) = αV – I Regra de investimento ik = I se αV ≥ I ik = 0 caso contrário Competição em P&D Caso B: duas firmas – Incerteza tecnológica – Incerteza de mercado Lucro esperado da firma E (πk(2)) = α(1- α )V + α 2 V/2 – I Regra de investimento i1 = i2 = I se (α(2- α)V)/2 ≥ I Competição em P&D e bem-estar social Aumento do número de empresas engajadas em P&D Aumento da probabilidade da descoberta da tecnologia inovadora Aumento do gasto agregado em P&D Seja E (πS(n)): lucro social esperado em um mercado com n competidores (soma do lucro das firmas) Competição em P&D e bem-estar social Caso A: 1 firma E (πS(1)) = αV – I = E (πk(1)) não há desalinhamento entre solução de mercado e o ótimo social Caso B: 2 firmas E (πs(2)) = 2α(1- α )V + α 2 V– 2I Comparando os resultados E (πs(2)) ≥ E (πS(1)) sse α(1- α )V ≥ I Competição de P&D entre duas firmas E (πk(1)) < 0 E (πk(1)) > 0 E (πk(2)) < 0 E (πk(1)) = 0 E (πs(1)) > E (πS(2)) E (πk(2)) > 0 E (πs(2)) > E (πS(1)) E (πk(2)) = 0 E (πs(1)) = E (πS(2)) Competição em P&D entre duas firmas Região I: alto custo de investimento e pequena probabilidade de descoberta => nenhuma firma investe em P&D Região II: Apenas uma firma investe em P&D, mas não há falha de mercado Região III: Duas firmas investem em P&D (retornos individuais positivos), mas do ponto de vista social seria mais desejável apenas uma firma atuando em P&D => ocorrência de falha de mercado – E (πs(1)) > E (πS(2)), mas E (πk(2)) > 0 Região IV: baixo custo de investimento em inovação, investimento por parte das duas firmas é eficiente do ponto de vista privado e social 1.2.2 Qual a data esperada da descoberta do processo inovador? Hipótese: competição por inovação se repete até a descoberta Seja T(n) a data em que pelo menos uma firma descobre a inovação (n firmas) Lema: Se 0 < δ < 1 2 1 1 )1( 1 t tt Data esperada da descoberta Caso A: uma firma Logo, se α = ½ => E(T(1))=2 se α = 1/3 => E(T(1))=3 21 1 2 1 )1(1 )1( ...3)1(2)1(1 .)(1 lema t t t t ttemdescobrirprobTE Data esperada da descoberta Caso B: duas firmas Prob(nenhuma descubra em t) = (1-α)2 Prob(pelo menos uma descubra em t) = 1 - (1-α)2 = α(2- α) Logo, Prob(T(2)=1) = α(2- α) Prob(T(2)=2) = (1-α)2 α(2- α) Data esperada da descoberta Portanto, data esperada da descoberta Como E(T(2)) < E(T(1)), maior competição por inovação reduz a data esperada da descoberta )2( 1 )1(1 )2( )1()2()1()2( ...3)2()1(2)2()1(1)2())2(( 22 1 1 2 1 12 42 lema t tt t tt TE 1.3 Cooperação em P&D Joint ventures de P&D Como firmas determinam o nível de investimento em P&D, sabendo que posteriormente competirão no mercado de bens finais? 1.3 Cooperação em P&D Jogo em dois estágios 1º estágio: firmas determinam nível de P&D (xi) 2º estágio: firmas competem em quantidade (Cournot) Cooperação em P&D Demanda por bem final P = 100 – Q, onde Q = q1 + q2 Custo marginal de produção (bem final) => Atividades de P&D possuem spillover (transbordamento) positivo, ou seja, investimento em P&D da firma j também reduz o custo marginal da firma i 1 2 73 ,2,1,,50),( ijixxxxc jijii Cooperação em P&D Custo das atividades de P&D Solução do modelo: indução retroativa 2 )( )( 2 i ii x xTC Cooperação em P&D 2º estágio: Cournot (custos pós-inovação dados) Lucro no equilíbrio de Cournot jii cc cc ji ti 2,1 9 )2100( ),( 2 221 Cooperação em P&D 1º estágio Caso A: competição em P&D (solução não cooperativa) iji i i i ji i ijjii x xxx x CPO x xx x xxxxMax i 2)12()2(50 9 2 0 2 )( )12()2(50 9 1 2 )( 50502100 9 1 2 2 2 2 Payoffs simétricos => equilíbrio de Nash simétrico X1 = X2 = xnc )1)(2(5,4 )2(50 ncx Caso B: cooperação em P&D Firmas escolhem nível de P&D de modo a maximizar lucro conjunto i j i i i ji xx xxx CPO Max )()()( 0 21 , 21 Efeito spillover: aumento de xi reduz custo da firma j CPO 2 21 15,4 )1(50 & )12()12()2(50 9 2 )2()12()2(50 9 2 0 ccc ij iji xxx ocooperativDPdenível xx xxx Cooperação em P&D Proposição 1) Se as firmas estão cooperando, os lucros conjuntos são maiores do que aquele que seria obtido individualmente 2) Se β baixo (efeito do spillover pequeno), os níveis cooperativos de P&D são menores que os níveis não cooperativos Se β < ½ => xc < xnc => Qc< Qnc Cooperação em P&D Intuição parte (2): pouco spillover, firmas investem mais individualmente para adquirir vantagem de custos sobre a rival 3) Se β alto (efeito do spillover alto), os níveis cooperativos de P&D são maiores que os níveis não cooperativos Se β > ½ => xc > xnc => Qc > Qnc Intuição: com muito spillover, firmas não poderiam se apropriar da redução de custos decorrente de P&D individual. Logo, há incentivos à cooperação. 1.4 Patentes 1.4 Patentes Direito garantido ao inventor de exclusividade de exploração da invenção por determinado período de tempo Visão geral: benefícios do incentivo à inovação > custos da distorção de mercado Patentes Benefícios sociais 1. Incentivar a produção de know-how - Sem lucros do monopólio não há incentivos à inovação (livre entrada por cópia resulta em lucro zero) 2. Disseminar informação + evitar duplicidade de investimento - Melhorar pesquisa da indústrias e não reinventar a roda Patentes Critérios para atribuição de patente: – Novo – Não trivial – Útil Na prática: não infringir patentes prévias Analise de patentes no Brasil Análise de patentes no Brasil Tempo médio para registro no INPI: 8 anos Em 2008, 130 mil pedidos aguardando aprovação Duração de patentes Estados Unidos: 17 anos Europa: 20 anos Brasil: 20 anos Pergunta: qual a duração ótima das patentes? Impacto da inovação no mercado (inovação pequena) Q P D = a - Q CS c c - x M DL a - c a – (c – x) E1 E2 Impacto da inovação no mercado (inovação pequena) onde: c: custo pré-inovação c-x: custo de produção pós-inovação (apenas firma inovadora; demais firmas c) Hipótese: custo de investimento em P&D = x2/2 Impacto da inovação no mercado (inovação pequena) Período pré-inovação Bem-estar social: CS (=excedente do consumidor) Preço: p=c (não há excedente do produtor) Equilíbrio: ponto E1 Período de vigência da patente Bem-estar social: CS + M (=excedente do consumidor + lucro do monopolista) Preço: p=c (mas inovador consegue lucro > 0, demais firmas não) Deadweight loss: DL => ineficiência Não há mudança na quantidade de produção Equilíbrio: ponto E1 Ganho social em relação a pré-inov. Impacto da inovação no mercado (inovação pequena) Período pós-expiração da patente Aumenta o nível de produção Bem-estar social: CS + M + DL Equilíbrio: ponto E2 Temos: M(x) = (a-c)x; DL(x) = x2/2 Ganho em relação à período pré-inovação 1.4.1 Qual a duração ótima de uma patente? Jogo em dois estágios: – 1º estágio: governo escolhe duração da patente T – 2º estágio: dada a duração da patente, firmas escolhem nível de investimento em P&D x Qual a duração ótima de uma patente? 2º estágio Seja π(x;T) valor presente do lucro ρ: taxa de desconto intertemporal Problema da firma: 1 1 : )()();( 1 1 1 1 TT t t T t t xx Lema xTCxMMaxTxMax logo onde xI é o nível ótimo de P&D )( 1 1 0: 2 )( 1 1 );( 2 cax x CPO x xcaMaxTxMax T I T xx Proposição 1) Nível de P&D xI aumenta com T 2) xI aumenta com aumento da demanda a 3) xI diminui com aumento do custo c 4) xI aumenta com aumento da taxa de desconto ρ 1º estágio Problema do planejador social onde W(T) é o bem-estar social. Como )( 1 1 . 2 )( )()()( 2 1 1 1 1 caxas x xDLxMCSTWMax T I I I T tI t t T 11 1 T T t Problema do planejador: Seja T*: duração ótima da patente. Proposição: a vida ótima da patente é sempre finita T*<∞ )( 1 1 . 1 1 21 )( )( 2 caxas xxcaCS TW T I TII 1.4.2 Licenciamento Evidência empírica: 80% das patentes depositadas são licenciadas para firmas concorrentes Pergunta: é lucrativo licenciar uma inovação para concorrente que não investiu em P&D? Ilustração: duopólio de Cournot Firma 1 inova c1=c-x (custo pós-inovação firma 1) c2=c (custo firma 2) Caso A: sem licenciamento Lucro de Cournot: Quantidades de Cournot: ccjic i b cca 21 2 ; 9 )2( cc cc qq b cca q b cca q 21 12 2 21 1 3 2 ; 3 2 Caso B: com licenciamento – Taxa de licenciamento por unidade produzida – Firma 2 pode produzir com tecnologia licenciada c1< c2 pagando taxa φ por unidade produzida 1º estágio: firma 1 oferece tecnologia c1< c2 à firma 2 ao preço φ 2º estágio: firma 2 decide se aceita ou não oferta e escolhe q2 Estratégia firma 1: Taxa de licenciamento: φ = (c2 – c1) – ε ≈ (c2 – c1) = x Custo firma 2: c2´ = c1+ φ = c2 – ε ≈ c2 Não há mudança do nível de produção e lucro para a firma 2 Lucro firma 1: ),(),( 2122111 ccqcc cc Firma 1 se apropria do excedente firma 2 Proposição 1. Em concorrência de Cournot, licenciamento de uma inovação de processo pode aumentar lucro conjunto das empresas 2. Em concorrência de Cournot, bem-estar aumenta quando ocorre licenciamento Quantidades e preços não mudam com licenciamento Bem-estar do consumidor não muda Lucro da firma que licencia tecnologia aumenta 1.5 Políticas governamentais e P&D: subsídios e concorrência internacional Caso 1: inovação de produto Boeing X Airbus Objetivo do governo: reforçar o posicionamento estratégico das firmas nacionais Mercado de aviões de grande porte – Alto custo de desenvolvimento X tamanho potencial do mercado Mercado permite apenas 1 firma atuando com lucro não-negativo Jogo sem subsídio Airbus B o e in g participa Não participa participa-10 -10 50 0 não participa 0 50 0 0 Jogo com subsídio da União Européia ($15 à Airbus) Airbus B o e in g participa Não participa participa -10 5 50 0 não participa 0 65 0 0 Jogo com subsídio da UE Estratégia dominante Airbus: Participar Equilíbrio de Nash único: – (Boeing: não participar; Airbus: participar) Governo pode assegurar domínio mundial via subsídio a custos de desenvolvimento Isso não quer dizer que esta política melhora bem- estar social: subsídios devem ser financiados por contribuintes Caso 2: inovação de processos Dois países Um produto homogêneo para exportação Demanda mundial: P = a-Q Custo pré-inovação: c (0<c<a) xi: qtde de P&D subsidiada por governo – Hipótese: só governo investe em P&D Custo pós-inovação: c- xi Custo de investimento em inovação: xi 2/2 Hipótese: estrutura de mercado – Cournot Lucro da firma localizada no país i (com subsídio) Seja bem estar social do país i Wi =lucro firma i – custo P&D 9 )2( 9 ))(2( 22 jijic i xxcaxcxca Problema do governo do país i 5 )(4 4)(4)( 4)(4)( 0: 29 )2( )( 21 22 ca xx xcaxRx xcaxRx x W CPO xxxca xTCWMax nn iijj jjii i i iji iiii xi Equilíbrio de Nash Proposição 1: se no momento inicial nenhum dos dois países subsidia P&D, os países individualmente sempre terão interesse em criar subsidiar P&D – Situação sem subsídios não é um equilíbrio de Nash Proposição 2: no equilíbrio de Nash, ambos os governos subsidiam suas firma locais. Subsídios aumentam com aumento da demanda e diminuem com aumento do custo 1.6 Aplicação empírica: eficiência energética Lanzi, Johnstone & Hascic (2009) – Determinantes econômicos das inovações nos setores de geração de energia Geração a partir de combustíveis fósseis Fontes de energia renovável Lanzi et al (2009) Motivação Setor de energia responsável por 25% das emissões antrópicas de CO2 na atmosfera Impactos nas mudanças climáticas • Necessidade de tecnologias mais eficientes na geração de energia a partir de combustíveis fósseis • Necessidade de tecnologias mais eficientes na geração de energia renovável • Promoção de mudança na estrutura da matriz energética via substituição de fontes baseadas em combustíveis fósseis por energia renovável Lanzi et al. (2009): objetivos Analisar quais os determinantes econômicos da inovação no setor de energia Questões de investigação: – Quais os fatores econômicos determinantes da inovação visando a eficiência energética no setor de energia a partir combustíveis fósseis? – Quais os fatores econômicos determinantes da inovação visando a eficiência energética no setor de energias renováveis? – Quais fatores podem levar à substituição de energia baseada em combustíveis fósseis por fontes renováveis? Lanzi et al. (2009) Medida de inovação: quantidade de patentes nas áreas de energia – Geração a partir de combustíveis fósseis – Energia renovável Fatores analisados: – Preço do petróleo – Gastos públicos em P&D – Consumo de energia (demanda) – Número total de patentes Evolução do pedido de patentes no setor de energia (FF – combustíveis fósseis; REN – renováveis) Número de pedidos de patentes por país: 1978-2005 Dados e modelo econométrico Base de dados: painel de 18 países para o período 1978-2005 onde PATi,t: número de patentes concedidas no setor de geração de energia no país i e ano P&Di,t: gastos públicos com P&D Pi,t: preço do petróleo CONSi,t: consumo de energia TOTPATi,t: total de patentes concedidas no país Método de estimação: modelo negativo binomial tiitititititi TOTPATCONSPDPPAT ,,4,3,2,1, ***&* Resultados das estimações: combustíveis fósseis Resultados das estimações: energia renovável Resultado das estimações: dados agregados Principais resultados Aumento do preço do petróleo gera incentivos à inovação tanto no caso de geração por combustíveis fósseis quanto no caso das energias renováveis A partir de certos níveis de preço, valor do barril do petróleo pode incentivar a substituição de combustíveis fósseis por energia renovável Número de patentes X preço do petróleo Principais resultados Gastos em P&D possuem impacto sobre número de patentes, sobretudo no setor de renováveis – Limitação do estudo: necessidade de incorporar gastos privados em P&D
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