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TIPOS DE ARGUMENTOS
INTROITO
O introito não constitui especificamente um tipo de argumento, mas tem a função de iniciar o texto argumentativo, sendo, portanto, parte do todo argumentativo. Seu papel é facilitar a aceitação dos argumentos que virão em seguida, de forma que apresenta os assuntos e ideias que serão defendidos, buscando captar o interesse e atenção do leitor/auditório.
O introito pode apresentar-se, no mínimo, de quatro diferentes formas:
Localização do fato no tempo e no espaço: bastante comum em reclamações trabalhistas;
Explanação de ideia inicial: o qual apresenta em linhas gerais o tema a ser debatido, sendo mais utilizado para novos institutos e questionamentos do direito, ou para dar novo enfoque a temas já bastante debatidos.
Introito por enumeração: apresenta em síntese os fatos/raciocínios que serão posteriormente pormenorizados.
Retomada histórica: o qual realiza comparação/analogia entre elemento do passado e elemento do presente, sendo recomendável utilizar-se somente de fatos históricos e estatísticas de veracidade científica inquestionável.
O ARGUMENTO PRÓ TESE
O argumento pró tese se faz por meio do encadeamento sistematizado de fatos – razões, com razoabilidade e coerência.
ESTRUTURA BÁSICA
Argumento Pró tese = tese + porque (fato1) + e também (fato2) + além disso (fato3)
EXEMPLO
	Tese
	O hospital foi negligente...
	Porque (fato1)
	...porque utilizou água contaminada no tratamento de pacientes...
	E também (fato2)
	...e também não comunicou o fato à secretaria de saúde...
	Além disso (fato3)
	...além disso, mesmo após ter conhecimento do fato, continuou a usar água contaminada.
Observamos assim que os três fatos apresentados justificam/defendem/sustentam a tese de forma coerente e razoável.
O ARGUMENTO DE AUTORIDADE
O argumento de autoridade invoca o prestígio de pessoas ou grupos. 
O argumento de autoridade mais comum é aquele que invoca pessoas com legitimidade jurídica para emanar pareceres de determinada área do conhecimento, como médicos com registro no CRM, ou engenheiros com registro profissional no CREA, emitindo pareceres de suas áreas de atuação.
Todavia, também podem invocar a autoridade de pessoas que simplesmente tenham representatividade social (como um líder religioso, ou pessoa de elevada fama e prestígio social), também englobando ainda posicionamentos de enunciadores plurais, como o senso comum (mais pormenorizado no item 7), a igreja e a família.
A autoridade pode ainda emanar de fontes impessoais, como as leis da física, legislação positivada, doutrina jurídica, religião, escrituras sagradas, etc.
A jurisprudência apesar de também gozar de autoridade está incluída no argumento por analogia (item5).
EXEMPLO
Neste trecho extraído do site direitocom.com, do Especialista Daniel Sena, observamos a utilização do argumento de autoridade na citação do artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (a própria norma é argumento de autoridade). 
O ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO
No argumento de oposição, ao mesmo tempo em que o advogado argumenta a favor de sua tese, demonstra que a tese de seu adversário não é a mais correta ou razoável. É marcado pelos operadores argumentativos mas, porém, entretanto, contudo, todavia, embora, ainda que, apesar de.
ESTRUTURAS BÁSICAS
- Fórmula restritiva: [x, mas Y] – Nesta fórmula Y não nega a existência de x, mas o supera o sobrepõe.
-Fórmula concessiva:
[Embora x, Y deve ser/é(tese), já que W]
EXEMPLO 1
	Embora/apesar de/ ainda que/ em que pese... X
	Possível proposição do adversário a ser combatida
	Embora seja obrigação de um condutor de veículo socorrer as vítimas de acidente de trânsito...
	Tese Y
	Tese a ser defendida
	... o motorista não praticou omissão de socorro...
	Já que/ uma vez que/ porque/ porquanto... W
	Proposição que sobrepõe, combate a proposição do opositor
	...já que haviam testemunhas querendo agredir o motorista, e a lei não pode exigir que alguém ponha sua integridade física em risco para socorrer a outrem.
EXEMPLO 2
	X – O motorista atropelou várias pessoas...
	mas
	Y percebeu que além dos feridos as testemunhas também queriam linchá-lo.
O ARGUMENTO DE ANALOGIA
Segundo Miguel Reale, a analogia consiste em sua essência, no preenchimento da lacuna verificada na lei, graças a um raciocínio fundado em relações de similitude, ou ainda, na correspondência de certas notas características do caso regulado e daquele que não o é.
Analogia, portanto, é o procedimento por meio do qual se pode estabelecer uma relação de semelhança entre coisas diversas. Recorrer à analogia é fazer uma comparação entre os termos em questão.
A analogia só é permitida in bonan partem, a favor do réu, jamais in malam partem, contra o réu.
A jurisprudência é exemplo de argumento que age por analogia, pois o que faculta sua invocação a casos particulares é a proximidade do caso analisado com os outros cujas decisões são tomadas como referência. O que faz da jurisprudência uma estratégia interessante é o raciocínio de que casos semelhantes devem receber tratamentos análogos para que não sejam observadas injustiças ou inseguranças jurídicas.
As súmulas também são consideradas argumentos de analogia, porém as súmulas vinculantes são argumentos de autoridade, uma vez que têm força de lei.
EXEMPLO
A jurisprudência tem concedido direitos a casais homoafetivos por meio da analogia às leis válidas para casais heterossexuais.
 
O ARGUMENTO DE CAUSA E EFEITO
Utiliza-se quando se quer coibir as consequências de determinados fenômenos identificando as suas causas, pois há casos em que o direito se preocupa mais com as causas do que com os danos propriamente ditos.
Por exemplo, quando aumentam crimes praticados por menores o Direito se interessa em saber qual a causa desse aumento. 
Causa é a circunstância sem a qual o fenômeno não existe. Já os fatores, embora não deem causa ao fenômeno, concorrem para sua maior ou menor incidência. Há que se falar ainda em nexo causal, sem o qual não se configura causa/efeito. Não se pode ainda desprezar as excludentes de responsabilidade civil, como a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, o caso fortuito e a força maior.
A relação de causa e consequência de dois eventos é de grande importância para atribuição da responsabilidade de indenizar. Relações de causa e consequência devem mostrar que o agente deveria ter adotado conduta diversa para evitar os resultados a ele imputados. 
EXEMPLO
TRT-11 - 00247220120141100 (TRT-11)
Ementa: DOENÇA OCUPACIONAL. TENDINITE. INDENIZAÇÃO PELOS DANOSMORAIS E MATERIAIS. EXISTÊNCIA DE CAUSA E EFEITO. Quando o laudo pericial é conclusivo acerca da existência de causa e efeito, corroborado com outros elementos de prova, deve ser a doença relacionada ao labor exercido, fazendo jus o obreiro à indenização pelos danos morais. Deferida a indenização por danosmateriais em razão da incapacidade laboral constatada. Recurso Ordinário interposto pelo reclamante e parcialmente provido. Recurso Ordinário interposto pela reclamada conhecido e improvido.
O ARGUMENTO DE SENSO COMUM
Existem casos concretos em que a lei positivada deixa de ser aplicada em nome do sentimento de justiça. Quando a mídia por exemplo noticia um processo judicial não somente informa mas promove, junto aos expectadores, um julgamento paralelo, desencadeando na opinião pública sentimentos como perplexidade, ódio, vingança e sensação de impunidade.
O profissional que recorre ao senso comum aproveita de afirmações que gozam de consenso geral como validadoras de seus raciocínios, sendo muito bem recebido como reforço complementar de outros argumentos.
Tal é a importância do senso comum, que se a coletividade valida a aplicação de uma norma, de forma que o sentimento social predominante é de que a norma alcança os fins pretendidos, a norma com vigência determinada pelo estado passa a gozar também de eficácia. Por outro lado, mesmo se em plena vigênciaa norma não for acolhida como justa e efetiva pela sociedade, possui grandes chances de se transformar em lei morta.
Em temas polêmicos é sempre bom associar argumentos de autoridade com argumentos de senso comum para se obter o sentimento de legalidade e justiça (vigência e eficácia).
EXEMPLO
Os tribunais de júri são exemplo da validade do senso comum. Sempre que ocorrem crimes contra à vida os casos são encaminhados aos tribunais de júri, nos quais a sentença dependerá do posicionamento dos jurados quanto à absolvição ou condenação do réu. Tanto promotor quanto advogado deverão considerar o senso comum provável da maior parte dos jurados presentes na sessão a fim de direcionar seus argumentos em prol de persuadi-los em suas decisões.
O ARGUMENTO AD HOMINEM
O argumento ad hominem consiste no ataque a uma pessoa cujas ideias, depoimentos ou argumentos pretende-se desqualificar. Ataca-se a própria pessoa com ideia contraria a fim de se tornarem questionáveis suas afirmações e ideias.
ESTRUTURA:
- A considera B verdadeiro;
-A é falso (ou impedido, ou réu de acusações, etc);
-Então B é falso;
É importante ressaltar que a verossimilhança e aceitação de uma assertiva estão muito mais ligadas à sua razoabilidade e lógica que somente na autoridade de quem enuncia. Além disso, se não há contradição entre a fala de testemunhas, supõe-se que a causa da coincidência de suas explicações seja a veracidade das suas falas.
O ataque ad hominem pode ocorrer por duas diferentes estratégias:
Ataque ad hominem abusivo (ataque direto à pessoa) – Ocorre quando se coloca o caráter da pessoa e seus valores morais em dúvida, e, portanto, a validade de sua argumentação;
Ataque ad hominem circunstancial (ataque às circunstâncias por meio das quais o adversário realiza certa afirmação) – Ocorre quando o contexto no qual a pessoa estava inserida incapacita a pessoa de fazer certas afirmações. 
EXEMPLOS
É esse o caso da desqualificação da chamada “testemunha ocular”, pelas condições em que assistiu aos fatos sobre os quais testemunha. Outro exemplo é quando a pessoa é míope e estava sem óculos, ou quando a pessoa se encontrava embriagada. 
O ARGUMENTO A FORTIORI
O argumento a fortiori – com mais razão – é aquele que estabelece uma relação entre dois eventos, de maneira a orientar a conduta de um baseado no parâmetro estabelecido pelo outro. O argumento a fortiori deriva do brocardo jurídico “quem pode o mais, pode o menos”.
Quando o argumentador recorre a essa estratégia busca uma aplicação mais extensiva da lei para que se aplique à situação fática que nela não está explícita.
ESTRUTURA
Se a solução X é adequada para o caso Y, com mais razão deve ser também para o caso Z, que é uma forma maior (mais grave/mais evidente/ mais ampla / mais intensa) de X.
EXEMPLO
Se a negligência deve ser punida por lei, a fortiori deve ser punido o ato premeditado.
O ARGUMENTO POR ABSURDO
O argumento por absurdo consiste em mostrar a não validade da tese do adversário, demonstrando que, ao pressupô-la como verdadeira e desenvolvê-la, ela leva a resultados contraditórios, inadmissíveis, absurdos.
O argumento por absurdo aceita provisoriamente a tese que se quer combater e a desenvolve até conseguir demonstrar seus efeitos absurdos.
No campo hermenêutico é usado para mostrar que a aceitação de uma interpretação da norma levaria a:
Contrariar o fim visado pela norma (telos);
Contradizer norma hierárquica superior;
Contradição entre a norma e o sistema no qual está inserida (antinomia);
Inconstitucionalidade;
EXEMPLO
Se a negligência deve ser punida por lei, a fortiori deve ser punido o ato premeditado.
O ARGUMENTO DE FUGA
O argumento de fuga é o argumento de que se vale o advogado para escapar a uma discussão central na qual seus argumentos provavelmente não prevaleceriam.
Ocorre por exemplo quando se menciona que o réu é pai de família, réu primário, responsável, etc.
Nos argumentos de fuga os advogados valem-se de possibilidades mil, sugerindo outras alternativas possíveis, tumultuando o processo e confundindo o público de menor compreensão jurídica. Só se usa argumento de fuga quando as circunstâncias favorecem a parte contrária, não havendo o que argumentar.

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