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Caderno de Economia Brasileira II 2ª Parte

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Caderno de Economia Brasileira II
Natália Cunha – F5-501
8654-5719/natalicn@msn.com
Aula 01 – 13/09/2010
Tema: O Plano Cruzado
- Antecedentes
Uma crise do milagre começa em 74, avança pelos demais anos dessa década e na década de 80, temos as conseqüências acumuladas dessa crise pelo lado econômico, mas também temos as conseqüências para sociedade de um projeto de abertura política lenta, gradual e segura, em marcha desde Geisel, e com o governo de Figueiredo com o compromisso de cumprir com a missão. 
Dentro do processo de abertura lenta gradual e segura, algumas coisas eram proibidas e outras consentidas e outras não proibidas, mas não consentidas. Os fóruns de discussão serviam também para discutir os problemas pelo quais a sociedade passava: desemprego, miséria, enfermidades, baixo crescimento econômico. Então esses ambientes levaram o país a discutir intensamente seus problemas o que desembocou na campanha das diretas já. Que era mais do que eleger o presidente e o seu vice, era a intenção de eleger o presidente e todos os representantes do legislativo e judiciário que estivem comprometidos com a proposta das diretas, ou seja, crescimento econômico sim, mas com crescimento do emprego renda, melhoria da distribuição, um crescimento que não fosse excludente e concentrador. 
No entanto, as eleições diretas naquele momento não faziam parte da abertura lenta, gradual e segura. E dessa forma a Ementa Dante de Oliveira foi barrada e a primeira eleição que marcou a volta da democracia ainda foi indireta. Naquele momento se tinha três candidatos: dois pelo partido da situação (Mário Andreazza- Min. Transporte e Paulo Salim Maluf- que era mais corrupto do que os militares poderiam suportar- Vitorioso) e um Tancredo Neves – que os militares confiavam desde Jango, pois era um interlocutor e durante a ditadura também, não pertencia o partido da situação mas tinha bom transito na oposição e na situação. José Sarney, que sempre pertenceu à base ditatória, foi representante dos militares no Congresso com brilhantismo ele largou o PDS e se aproximou da oposição e com isso ele conseguiu ocupar um espaço na chapa de Tancredo como vice-presidente. Em 15 de Janeiro por uma ampla margem de votos, elegeu Tancredo. Mas horas antes da posse Tancredo adoeceu e morreu. E com isso Sarney governa até 89, depois se deu mais um ano de governo.
- O novo governo
- Explicações para o equilíbrio
Assume em 85 e o país se encontra sinais de aquecimento da economia brasileira, ou seja, uma melhoria no nível de atividades. O que justificava esse aquecimento:
- era o aquecimento externo, economias como a dos Estados Unidos já haviam superado a crise, já haviam feito seus ajustes na estrutura produtiva e o crescimento dessas economias estimulava o aumento das exportações na economia brasileira e ao aumentar essa demanda pelos produtos brasileiros e isso aumentava a produção apara atender a demanda externa e o que puxava a economia brasileira. 
Por outro lado Sarney encontrou outros aspectos negativos, como a herança maldita deixada pelos militares: 
- elevadas taxas de pobreza e de miséria, fruto não só dos longos anos de crise, mas também dos planos econômicos, principalmente do plano que deu origem ao Milagre Econômico, que foi concentrador e excludente. 
- destruição dos instrumentos de ação do Estado, como uma conseqüência do final do regime militar. 
- Associada dessa herança a uma grande crise financeira, crescente dívida externa e interna em boa medida que estavam associadas a crise do petróleo, mas também aquela política expansionista que eles tentaram em 74 e associada também ao efeito perverso da inflação sobre as receitas do governo, ou seja, porque elas estavam desvalorizadas. Por exemplo, o IPI, entre o fato gerador da receita e até esses recursos chegar a mão do governo, este já perdeu uma pouco. Se a inflação e grande, maior é a desvalorização das contas do governo.
Tancredo já havia escolhido seu ministério. Fazenda: Francisco Dorneles – sobrinho dele. Sarney deu posse ao ministério que Tancredo havia escolhido. Dorneles tomou posse e fez duas medidas que se mostraram totalmente desastrosas:
- Preço dos serviços públicos – medidas demagógicas – congelou o preço desses serviços e deteriorou as receitas provenientes desses serviços aumentando o problema do déficit publico. 
- Alteração das regras da correção monetária, que vinham cumpridas há vários anos pelos agentes econômicos. 
- O resgate da política econômica
Com essa alteração há uma grande incerteza no mercado e a combinação dessa deterioração das contas públicas e o descontentamento dos agentes econômicos com a nova regra de correção monetária fez com que a fervura aumentasse e a pressão foi grande. Daí troca o Ministro da Fazenda, e com isso assume o empresário Dilson Funaro – paulista, diretor presidente da Troll concorrente da estrela – Era ligado ao PMDB e com essa ação da escolha o Sarney deu um grande passo ao rumo do resgate da política econômico. Pois Dilson monta uma equipe econômica com vários professores da PUC-RIO. Esses professores vinham discutindo faz tampo o caráter da inflação brasileira. E a conclusão deles era que a inflação brasileira tinha um caráter inercial 
- A questão da inflação inercial
A partir daí foi elaborado um plano econômico, que foi um plano de ação heterodoxo.
Ortodoxo: eram os planos que batiam na mesma tecla do combate a inflação de demanda, que era combatida com aumento das taxas de juros, enxugamento da liquidez, arrocho ao crédito, arrocho ao salário, corte dos gastos públicos e isso tinha como conseqüência queda no nível de atividade, recessão, diminuía ainda mais a massa de salários, o que diminuía ainda mais a demanda. 
Inflação inercial: 
	Ontem
	Hoje
	Amanhã
A inflação inercial ocorre mesmo que não exista pressão de custo ou de demanda e os preços sobrem. Haverá inflação amanhã simplesmente pelo fato dela ter existido ontem. O ontem será a memória inflacionária e com base nessa memória eu crio uma expectativa e defino um preço hoje se caracterizará uma inflação amanhã. 
Quando os níveis de preço são moderados, o formador de preços tende a adotar o seguinte comportamento: ele tenderá a corrigir seus preços o suficiente e necessário para repor o seu pico de renda anterior
 Nível renda
 Tempo
Tenho o NR1 que é a quantidade de produtos que ele vende pelo preço dado. Vamos imaginar que temos uma inflação de 2%. Então quando ele chega em T2 sua renda melhorou esse 2%, o que esses estudos indicaram é que o produtor vai dar esses 2% pra voltar ao nível de renda ao NR1. E se todos os agentes econômicos se comportarem assim terei um exemplo de uma economia plenamente indexada convivendo com 2% de inflação. Mas quando a inflação começa a se acelerar o formador de preços muda o comportamento. Ele passa a tomar um comportamento defensivo. Ele dá dois e percebe que a inflação passou pra 4 ou 6, daí ele passa a olhar mais para o passado, considera mais a memória inflacionária e pensa em dar 12, mas se for mais coloco 15. Ele passa a tomar decisões com base na memória inflacionária e nas expectativas que ele cria daquele contexto. Em momento algum falo que isso leva em consideração a oferta ou a procura. Ele só toma suas decisões de preço, única e exclusivamente na memória inflacionária e na expectativa.
Uma maneira de acabar com essa dobradinha seria impedir que a memória influenciasse a expectativa. O plano heterodoxo: dá um choque nessa relação. 
- As características do Plano Cruzado
Foi um plano de combate a inflação inercial.
- A nova moeda
A moeda passou a se chamar Cruzado. 
A relação dessa moeda com a outra era que dividiu por mil. 1000 cruzeiros era um cruzado.
Quando inflação muito alta, a moeda nacional tem desvalorização diária, perde valor todo dia. Quanto maior a inflação, maior a desvalorização. Se esse processo se estanca, passa-se a ter uma nova moeda que não sofredesvalorização. Sobre a hipótese de desvalorização, quando se compara a nova moeda com a antiga (impregnada com inflação), em termos de valor essas moedas vão se distanciando. 
A nova moeda passou a ter uma valorização diária de 0,45% comparada com o cruzeiro. Por causa da conversão.
Com relação ao dólar: US$1 = 13,84 cruzados. E isso ficou constante por vários meses. Em setembro que o dólar passou a valer CZ$14,09. 
Com cambio fixo, não há desvalorização da moeda local, nem memória inflacionária. 
- A correção dos salários
Quando o plano foi lançado os salários serão corrigidos da seguinte forma em 2 passos:
 - O salário foi acrescido do valor médio real dos últimos 6 meses. 
- Para o salário mínimo há reajuste de mais 15% e para os salários em geral acima do mínimo 8%.
Vejam que o primeiro passo é como se estivesse recuperando perdas e no segundo passo seria um aumento no poder de compra. 
- O tabelamento de preços
Os preços que estavam vigidos no dia anterior ao lançamento do plano foram congelados e tabelados, publicados em jornais e supermercados. Os preços tabelados eram no nível do consumidor final: supermercado, açougue. O raciocínio era reverberar na linha de produção para trás. Funcionar-se-ia ou não, não era a questão. Mas já que não havia condições de tomar conta de todo processo, então que o controle começasse por aí. 
- A clausula da correção monetária
Foram proibidas clausulas de correção monetária para contratos com menos de 1 ano. A correção é a memória. Exceto no caso do FGTS, PIS/PASEP e poupança. O que compõe o fundo do trabalhador. Quando ele mantem a correção monetária ele está defendendo o trabalhador.
- A política salarial
Daqui pra frente os salários serão corrigidos com o Gatilho Salarial. Sempre que a inflação acumulada for (IPC) maior ou igual a 20%, aumento automático de 20%. Se houver resíduo ele começa uma nova acumulação. Gatilho: reajuste automático.
- O seguro desemprego
Por trás: evitar que o trabalhador tenha interrupção do seu fluxo de renda. É como se fosse um colchão social. Também ia ao encontro das reivindicações sociais. 
- Correção dos alugueis, mensalidades escolares e prestações da casa própria
Corrigidas com base no valor médio dos últimos 6 meses.
Aula 02 – 16/08/2010
Tema: O Plano Cruzado 
- As conseqüências imediatas do Plano
- A grande euforia 
Só se falava no sucesso incontestável do Plano. Maria da Conceição Tavares até chorou. E realmente no primeiro mês o Plano foi lançado em fevereiro e a inflação de março, publicada em abril deu negativa: -0,001: processo inflacionário derrubado. Governo responsável exaltado. Sarney convoca o povo a ajudá-lo na tarefa de fiscalização do tabelamento dos preços. Sarney obrigava os funcionários públicos a denunciar os descumprimentos do tabelamento: Os Agentes do Sarney. O plano contou com uma grande mobilização popular, que contribuiu sobremaneira para que o plano desse certo. 
Três grandes problemas
- O desequilíbrio do sistema financeiro
Com a queda da inflação, os bancos perderam uma parcela muito importante da sua rentabilidade, que era a proveniente da especulação. E com isso os bancos começaram a dizer que iam quebrar. Nossa rentabilidade está caindo e as despesas estão altas (muitas agencias pelo mais e implementação da informatização). Com essa pressão, o governo permitiu que os bancos passassem a cobrar por serviços que antes eram gratuitos (pra fazer a conta, pra tirar extrato).
- As defasagens nos preços/ falta de produtos
Houve falta de produtos, pois alguns ficaram com seus preços defasados. Com isso houve falta desse produto e também de seu similar, mesmo não ficando com o preço defasado passou a faltar também.
Numa situação de inflação alta:
	Produto A
	Produto B
	Reajuste: 10 Fevereiro
	Reajuste: 25 Fevereiro
Esses produtos são substitutivos. O produto que foi reajustado com a data mais distante com relação a data do congelamento ele ficou com seu preço mais defasado com relação ao outro. Houve um aumento do consumo de A por várias razões, primeiro pelo aumento poder aquisitivo, mas também porque A ficou mais barato que b, então houve uma migração da demanda. Mas a capacidade instalada de A é dada, e como não há condições de aumentar a planta produtiva no curto prazo, a capacidade de oferta é esgotada. Daí o produto B que não ficou com seu preço tão defasado, volta a ser consumido pela migração de retorno da demanda, e com isso também fará com que falte B também.
Como se resolve esse problema? 
(muita gene falando ao mesmo tempo e eu não consegui pegar a idéia completa, ficando somente na minha imaginação)
- Os riscos de uma inflação de demanda
A imprensa em geral, começara a indicar a possibilidade de uma inflação de demanda. Segundo os analistas, os elevados níveis de consumo poderiam levar a uma inflação de demanda, pelo próprio conceito. Até aí tudo bem. Há crescimento da demanda, mas é um crescimento que comparado com a demanda anterior seria significativo. Porém se for feita uma observação numa perspectiva temporal maior,o nível da demanda em 80 estava alto, ao longo da década a demanda caiu e em 86 o plano cruzado faz com que a demanda cresça, mas crescimento apenas recupera o nível de 1980. 
Outra razão é que para que haja uma inflação de demanda a demanda tem que superar a oferta disponível o que implicaria em aumento de preços. O que não era possível devido ao congelamento e tabelamento de preços e fiscalização social. Mas isso era a massa de manobra de quem era contrário ao plano.
(A visão de Paul Singer)
-As conseqüências do Plano Cruzado no médio prazo
No Longo prazo, começa a se observar uma série de desequilíbrios. O plano derrubou a inflação no seu primeiro mês, possibilitou o aumento do consumo e para atender essa demanda maior, haverá uma produção maior, o que acelerará o crescimento. Começará acontecer os desabastecimentos e o Ágio (sobrepreço), conseqüência do desabastecimento. A Balança Comercial começou a pender de grandes volumes de importação, para complementar a demanda interna, causando desequilíbrio das contas públicas e principalmente pelo fato do governo ter aumentando seus gastos. 
A solução passou estar dependendo da interpretação dos porquês desse desequilíbrio.
-Diagnóstico e solução 1
Esse seria o diagnóstico dos contrários ao plano.
Esses desequilíbrios são devidos a:
 - ao aumento de consumo como conseqüência da combinação de aumentos de salários e congelamento de preços. Isso corroborou para que a demanda crescesse e superasse a oferta. 
- Num primeiro momento foram usados os estoques para complementar a oferta, depois veio o desabastecimento. 
- A combinação de demanda maior que a oferta e o esgotamento dos estoques, a combinação disso deu no ágio. 
- Redução na poupança porque as pessoas estão tirando o dinheiro da poupança, realizando uma demanda reprimida.
- A poupança dos empresários está sendo menor porque os lucros dos empresários estão sendo menor, devido ao aumento de custos, salários, que não puderam repassar para o preço, dado o congelamento de preços. 
- O desequilíbrio das contas públicas é devido ao congelamento das tarifas públicas, ao seguro desemprego e ao subsídio a alguns produtos. Sempre que faltava o produto o governo ia lá e importava. O produtos importando era mais caro do que o preço do produto praticado pelo tabelamento, e pra não romper com o tabelamento, o governo assumia a diferença. 
- O saldo da balança comercial está caindo, maior importação e menor exportação, porque o consumo interno está diminuindo a quantidade exportável.
Diante disso vem o encaminhamento:
- Retirar poder aquisitivo dos assalariados, via impostos, poupança compulsória.
- Elevação das taxas de juros (que encarece as compras a prazo). 
- Restaurar as rentabilidades das empresas, liberando os preços. 
-Diagnóstico solução 2 
 - Os salários cresceram porque o consumo se expandiu: a elevação do consumo ( a elevação dos empregos e saláriose não o contrário. 
- Com o tabelamento:
Produtos ficaram com seus preços tabelados ( trabalhador consumir mais ( estimula-se o aumento da produção ( mais mão de obra foi empregada ( aumenta-se a massa de salários ( estimula-se o consumo, e assim se forma um ciclo vicioso. (Estão querendo privilegiar o efeito do aumento do poder aquisitivo pela queda da inflação quando comparado com ao aumento dos salários via correção). O que de fato fez aumentar o consumo foi a queda da inflação. 
- Queda do rendimento nominal da poupança (fim da correção monetária). As pessoas sacam o dinheiro da poupança e realizam a demanda reprimida. Mas a poupança também caiu, porque muitos empresários saíram da especulação e foram para a produção, uma vez que o consumo aumentava.
A solução compatível seria: 
- evitar pacotes econômicos, porque eles geram incerteza e acabam tendo o efeito contrário ao desejado. 
- Reconhecer distorções no sistema de preços relativos (reconhecer que os preços foram tabelados no nível de consumidor final, mas não foi tabelado no atacado. Então houve caso do aumento da matéria prima, que inviabilizava a produção, ou seja, a Matéria prima estava mais cara que o produto final) 
- estabelecer um conjunto de regras claras para o debate social. Discutir se realmente existe desequilíbrio nos preços relativos e se isso inviabiliza a produção (o significava reajustar preço, dos produtos que realmente estão com problemas), como o assalariado recomporia suas perdas. (assim poderia ser pelo gatilho ou que a sociedade estabelecesse as regras do jogo).
 Esses itens só ajustam o plano, não acabam com ele.
(O que foi feito)
-O cruzadinho – Decreto Lei 2.288 de 23/07/1986
Criava o empréstimo compulsório, com o objetivo de conter o consumo através da absorção temporária do que o governo considerava um excesso do poder aquisitivo.
O governo passou a dar um valor sobre o consumo de gasolina, álcool, para automóveis. A cobrança era feita, na distribuidora, antes de sair. Já repassando pros preços. No caso dos automóveis quem pagavam eram os vendedores, mas cobravam do consumidor. Esse decreto previa a cobrança desse empréstimo até o ultimo dia do governo 31/12/1989 e o resgate, seria feito 3 anos depois em quotas no FND, que o governo tinha criado e fez aportes. 
Olha o erro: O governo teria que devolver esse empréstimo depois, então ele não estaria agredindo o consumidor. Se isso é certo, o aumento de preços, causado pelo empréstimo compulsório, vai aparecer no IPC, mas não o consideraremos para o gatilho, quando ele fez isso ele fez o IPC*, IPC - aumentos de preços devidos ao decreto 2288. Esse é que passou a ser usado pelo gatilho. O IPC* é menor que o comum. Seria o IPC expurgado. A população se sentiu traída. A partir daí o plano passou a viver com clima que misturava imobilismo e boataria.
-Os efeitos das eleições de 1986 sobre o plano
Imobilismo, porque o governo canalizou sua energia para as eleições de 86, para governador, no caso para fortalecer o PMDB.
Boataria: todo dia surgia um boato de que o governo alteraria o câmbio para dificultar a importações, ia alterar o tabelamento para flexibilizar, evitar o desabastecimento. 
Essa medidas foram ineficazes porque foram ineficientes para conter a demanda. E na tentativa de solucionar o problema ele tenta outra alternativa.
Aula 03 – 20/09/2010
Tema: O Plano Cruzado
Na aula Passada, estudamos a influência das eleições de 86 na execução do plano Cruzado. Naquele momento havia duas opções. Uma seria reconhecer que no plano havia problemas, precisava de correções de rumo ou fingir que estava tudo bem, que os desequilíbrios eram momentâneos, que não se tinha o que fazer e isso significava o governo manter sua popularidade em alta, e usar isso nas eleições de 86. O governo não se mostrou disposto a fazer correções. Foi para as eleições e faturou: elegeu a maioria dos parlamentares.
- O plano Cruzado 2 e seu fracasso
É lançado uma semana após as eleições. O curioso são as justificativas: estabilizar os preços; restabelecer o saldo da balança comercial; defender a renda da classe mais baixa. Tem lógica política, pois a inflação agride mais a população de baixa renda. Mas quando ele diz que vai defender a população de baixa renda, quebra a neutralidade do plano. O plano Cruzado era neutro: era o Plano para população brasileira.
Duas leituras: 1 estava mirando na população de mais baixa renda. 2 Ao mirar na população de mais baixa renda, o problema poderia ser o excesso de consumo, responsabilizando os outros segmentos pelos excessos de consumo, ou seja, a classe média. 
-Medidas:
-O ajuste Macroeconômico ortodoxo
1 Aumentar o preço das tarifas públicas, que estavam congeladas. Com a justificativa de diminuir o déficit público.
2 Elevação brutal dos Impostos indiretos ( que incidem sobre o consumo) sobre produtos não essenciais – fumo, bebida, artigos de luxo, carro, álcool, gasolina. Além de aumentar a arrecadação poderia diminuir a demanda. A classe média ficou como tida como a responsável os desequilíbrios e que por isso estava sendo convocada à pagar mais, pelos produtos que consumiam. 
-A flexibilização das relações entre capital e o trabalho
Quando perguntados sobre o Gatilho salarial, eles diziam que os aumentos não entrariam no gatilho. Com a justificativa de que os aumentos não entravam nos produtos que a população de mais baixa renda consumia. Havia a intenção de fazer o expurgo, mas não fizeram devido à reação da sociedade, das entidades de classe. 
- Conseqüências
Com o cruzado 2 a classe média foi crucificada porque pagou mais e também porque essas medidas não resolveram o problema do desequilíbrio do desabastecimento e do Ágio. A classe mais pobre também foi atingida, porque não houve medidas de combate a escassez e ao Ágio. O argumento de que a classe de mais baixa renda não seria atingida era falaciosa, pois que disse que a população não bebe, fuma – só usam mais produtos mais baratos.
O Plano Cruzado a partir de então foi desacreditado. A população se sentia traída e por isso não fazia mais cumprir os tabelamentos. Volta a Inflação e o Plano Cruzado acaba.
- O plano poderia ter dado certo?
Sim. Poderia. Fracassou porque as decisões sobre preço e rendimentos ficaram muito centralizadas no governo. Por força disso faltou agilidade na tomada de decisões. Uma parte do capital produtivo, o grande capital, diminuiu a produção até como uma medida de pressão, que tem fôlego econômico pra ter menos lucros, causar estragos no planos, pra depois realizar lucros maiores, então ele deixou de produzir, o que reduz o abastecimento. E outra parte do capital, o pequeno e médio capital, que estão em atividades mais simples, começaram a burlar o tabelamento. Por exemplo, quando eles iam entregar a produção, entregavam no mercado paralelo e começaram a ter ganhos maiores, no paralelo onde era cobrado ágio. Isso está muito relacionado a centralização das decisões do governo o fato delas não terem sido ágeis. Porque teve atraso na tomada de decisões? Porque 1º essas decisões nem sempre eram eminentemente técnicas. Porque tinha um conselho chamado CIPE (Conselho Interministerial de Preços),. Os empresários que queriam fazer revisão de preços, encaminhavam as planilhas de alteração, só que eles precisavam de 10 e pediam 50. E o CIPE, sabendo que isso não era verdade, ele ia lá e cortava, pois sabiam que os empresários inflavam seus custos. Portanto as decisões acabavam sendo lentas. A avaliação que se faz pra que o plano tivesse dado certo é que o governo deveria ter aproveitado o momento de popularidade, antes das eleições de 86, e seu bom momento político, pós 86, para criar os fóruns para rever os preços que necessitavam ser revistos. Criar instituições com participação dos interessados diretos (empresários, famílias, trabalhadores) e coordenar a discussão do processo. E discutir, por exemplo, que produtos estão com preços defasados, que produtos precisam ter seus preços corrigidos. Tudo bem queos preços subiriam, mas este seria o preço que a sociedade haveria de pagar para voltar a normalidade. Discutir como haveria reposição aos trabalhadores das perdas que os níveis mais altos de inflação provocariam. Ou seja, criar fórum de debate, para que se pudesse discutir a revisão periódica de preços e salários. Isso porque numa economia em crescimento é normal que os pontos de equilíbrio se movam. Têm-se mudanças no ponto de equilíbrio, porque se tem mudança na produtividade do capital, variação na produtividade da força de trabalho. E, portanto é imprescindível ter instrumentos ágeis para acompanhar essa definição de novos pontos de equilíbrio. O governo não criou essas instituições, nas oportunidades que teve. Então o Plano não deu certo. Mas com todo fracasso do plano, este deixou algumas lições muito interessantes, que em boa medida foram aproveitadas aos planos, sendo que o real foi o que mais aproveitou as lições foi Plano Real 
- As lições deixadas pelo plano
- Quanto à ação 
- Quanto a ceção dos monopólios
Estreitos limites de ação estatal. Isso por quê? Mesmo considerando uma situação de governo com alto respaldo popular. Isso porque o Brasil tem um grau de monopólio muito alto. E com isso o grande capital se sente muito a vontade para atuar. O setor do atacado é muito mais monopolista que o do varejo, então ele aumentava o preço, e o varejista dizia que não ia comprar. Então não tinha saída. O varejista, comprava do monopolista mesmo com o preço maior, procurando assim aumentar a produtividade, ou então diminuir a sua margem de lucro, chegando a negativo até certo tempo. 
- Quanto às hipóteses do equilíbrio
A equipe econômica trabalhou com a hipótese de que a combinação de congelamento de preços com aumento de salários, poderia estabelecer um equilíbrio duradouro, hipótese que não se confirmou. E como numa economia em crescimento os pontos de equilíbrio são muito voláteis para ir ao encontro dessa estabilidade era preciso de elementos flexíveis. Ponto de equilíbrio: onde oferta = a demanda. Numa economia em crescimento o preço de equilíbrio essas curvas são ágeis, então é preciso se ter instrumentos para viabilizar a definição desses preços de equilíbrio.
- Quanto à potencialidade do consumo
Grande potencial de consumo das cadernetas de poupança. As famílias poupam sim e por várias razões, algumas até sagradas. Os saques generalizados da poupança mostraram esse potencial. 
- Quanto à distribuição de renda e a diminuição da pobreza.
Apesar do caráter heterodoxo do plano, este não causou e nem era esse o seu propósito melhorar a distribuição de renda. Mas a pobreza diminuiu. Houve um aumento do consumo, porque aumentou a produção, empregos, massas de salários e também porque os salários foram corrigidos. Com o aumento do consumo se diminui a pobreza. Pobre é aquele que não tem renda suficiente para consumir uma cesta de bens e serviços que garantam o atendimento das necessidades básicas. Quando as pessoas os tem aumento de salário, quando a massa de salários aumento, essas famílias podem consumir mais, saindo da condição de pobreza, mas não houve melhoria na distribuição de renda. 86 - Ano de menor pobreza, o que ajuda a entender a popularidade do Sarney, enquanto ela existiu.
O Plano Bresser
- Antecedentes
Quando o plano começou a dar sinais de termino e fracassa. Daí sai Dílson Funaro é substituído por Luis Bresser Pereira, professor, de São Paulo. Assumiu em abril/77 e em junho do mesmo ano ele lança seu plano de estabilização econômica. 
- Objetivos 
Objetivo de promover um choque deflacionário, ou seja, adotar medidas para preparar o país para assistir a redução da inflação. Para que o país pudesse conviver com taxas mais baixas da inflação. Para que o país não entrasse no processo de hiperinflação. O objetivo não era perseguir inflação zero e sim evitar a hiperinflação, reduzir a inflação. 
- Medidas do plano
- Tabelamento de preços
Ressuscita o tabelamento de preços. Porem com algumas diferenças: o tempo do tabelamento era por 3 meses; o tabelamento foi feito congelando os preços que estavam vigidos anteriormente ao lançamento do plano. Agora vários produtos serão aumentados antes e depois é que vem o tabelamento. Foram aumentados preços das tarifas públicas (energia elétrica, tarifa telefônica, pão, combustível). 
- Congelamento de salários
Os salários foram congelados por 3 meses no nível em que estavam no lançamento do Plano (12/06/77). Até então estava vigendo o gatilho salarial. Antão se o gatilho já não tinha disparado há um resíduo acumulado que era menor do que 20. O combinado seria que esse resíduo seria pago em 6 parcelas a partir de setembro(de 3 meses)
- Criação da URP
 A Unidade Referencial de Preço era um indexador dos salários. Antes era o IPC acumulado. A URP, vai ser dada pela média dos últimos 3 meses do IPC. Então pega a inflação do Mês 1, 2, 3 acumulado e dividido por 3. E este será o aumento e no quarto mês receberam a média desses 3 meses anteriores. Para os meses seguintes, seria a média móvel dos 3 meses anteriores. Ou seja, sem pressão por custos de produção. A idéia de que os aumentos de preço seriam repostos para o trabalhador seria reposta de forma mais suave. A inflação vai crescendo as perdas são crescentes e sua correção é pela média. 
- Mudança data base do IPC
Antes o IPC era calculado do 1 ao ultimo dia de cada mês. E agora passa a ser do 15º dia do mês até o 14º mês subseqüente. Foi feito primeiro por Marketing, porque a outra inflação não era deste plano. Como esse plano adotou algumas medidas antes, ele quis isolar o índice dos efeitos das expectativas o impacto dessas medidas na economia.
- Desvalorização cambial
De 9,5% e ficou definida uma política cambial diária. No cruzado o Cambio ficou congelado por 6 meses. O que tem conseqüências que se está querendo evitar agora. 
- Congelamento dos alugueis
Houve congelamento dos preços dos alugueis, também por 3 meses. 
- Tablita
Novamente foi criada a tablita, que tirava o impacto dos juros futuros em função da correção monetária. Aqui de forma diferente. Pois aqui ela foi construída com uma desvalorização de 15% a.m. para os contratos pré-fixados. Quem tinha um contrato, as prestações futuras foram desvalorizadas em 15% a.m.
- O caráter híbrido do plano
É um plano que tinha medidas tanto para combater a inflação inercial quanto para combater a inflação de demanda. Ao mesmo tempo tinha medidas ortodoxas para combater a inflação de demanda e heterodoxas para combater a inflação inercial.
- Elementos da ortodoxia
- (políticas fiscais e monetárias) que não estavam presentes no plano Cruzado: juros reais positivos para contrair o consumo, para evitar a especulação com estoque (guardar o produto esperando que o preço aumente). Quando o plano contempla taxas de juros positivas, seria interessante para o dono do produto ficar com ele, porque ele está perdendo a oportunidade de vender ao preço do momento e aplicar esse dinheiro no setor financeira e ganhar juros maiores. O custo de oportunidade dele ficar com o estoque é alto, então ele não vai especular com isso. 
Aumento das tarifas públicas, aumento dos juros, eliminação dos subsídios, corte de gastos públicos e de investimentos públicos, medidas fiscais, com o objetivo de aumentar receita. Nota-se presença do pensamento neoliberal, tanto pela existência dos superávits quanto pela presença das taxas reais de juros positivas. 
Vai ter aumento de preços, mas não houve expurgo. O que houve foi uma estratégia de mudar a data de apuração dos índices, daí os aumentos prévios de preços ficaram fora. 
- Elementos da heterodoxia
Congelamento de preços, com tabelamento, mas este não era agora com tempo indeterminado. Pois seu tempo de validade era de 3 meses e previa também todo o processo de fim. 
Os salários foram indexados pelo IPC. Ao mesmo tempo que acabava com o gatilho criava uma regra que contemplava aumento dos salários porém aumentos que eram suavizados.A taxa de câmbio não ficou fixa e devemos juntar aí a tablita. 
Esse plano ao contrário do que se pensava no plano cruzado (onde a população tinha abraçado), neste era claro a intenção de emergencial desse plano. O governo tinha pretensão de fazer com que o déficit passar de 3,5% do PIB, mas também de transformar o Banco Central num banco independente. 
- Outras considerações sobre o plano
Esse plano era bem mais flexível que o anterior e reduziu um pouco a inflação e apenas inicialmente. Conseguiu melhorar um pouco o déficit público. 
- Conseqüências do plano
Conseguiu melhorar o saldo da balança comercial, mas não foi além disso, com o passar do tempo, até pela leitura que a sociedade fez de que o plano era de curta duração, ela perdeu rapidamente a pouca credibilidade. A sociedade não acreditava mais no tabelamento. Em que pese os aumentos prévios, isso não evitou o desequilíbrio dos preços relativos. Como as taxas de juros foram mantidas altas, isso não estimulou a produção, e parte do capital produtivo foi auferir lucros no mercado financeiro. Havia intenção de fazer uma reforma tributária, mas o ministro não tinha o apoio político para fazê-la. Assim como não houve apoio para fazer a independência do banco Central, este oficialmente é independente, mas atua como se fosse.
- A síntese dos fatores que contribuíram para o fracasso do Plano Bresser
O Plano não contou com apoio popular, devido à frustração com o plano cruzado. Foi feito um congelamento de preços por 3 meses, e portanto foi feito uma leitura de que o plano seria de curta duração e após isso viriam novos reajustes de preços. Esse tabelamento não impediu o desequilíbrio nos preços relativos, até porque na medida em que ia aproximando da data final do congelamento de preços vários setores faziam aumentos preventivos de preços, temerosos que viesse um novo tabelamento que os incluísse. As altas taxas de juros desviaram os investimentos do setor produtivo para o financeiro com o agravante de que o Brasil ao aumentar as exportações, aumentava a entrada de dólar no nosso país, e quando o governo não tinha essa moeda passou a fazer emissões de moeda, que gerou inflação. Com isso implicava numa perda para o trabalhador no seu poder aquisitivo, com isso as vendas no varejo caiam, diminuindo assim o nível de atividade e o nível de emprego. Não demorou muito para voltar a falar de inflação, sendo que as taxas aumentavam a cada mês. Inflação crescente, boatos de que o governo faria um novo plano com tabelamento mais abrangente, o Bresser alegava que não tinha apoio político para executar suas proposições e pede demissão em dezembro de 77.
Seu discurso era de repúdio as idéias heterodoxas, dando indício de que implementaria uma política ortodoxa gradualista. A imprensa batiza sua política como a política do feijão com arroz.
O Plano Verão
- Antecedentes
Sai o Bresser e em janeiro 88 entra o novo ministro: Mailson da Nóbrega, nem empresário nem professor, mas era economista funcionário de carreira do Banco do Brasil.
- A Política do feijão com arroz 
Seu discurso era de repúdio as idéias heterodoxas, dando indício de que implementaria uma política ortodoxa gradualista. A imprensa batiza sua política como a política do feijão com arroz, devido ao seu caráter simplista.
- Objetivos
- Estabilizar a inflação no nível de 15% a.m. 
- Diminuir gradualmente o déficit público, fazendo com que o déficit operacional caísse a metade, não passasse de 4% do PIB. 
Resultado Primário: receita menos despesas
Resultado operacional: inclui gastos com juros
Resultado nominal: inclui a desvalorização cambial.
- Medidas
- Congelou os valores nominais dos empréstimos do setor público (ao fazer isso ele deixa de dar correção. Num processo inflacionário isso oferece perda a quem é credor do governo) 
- Forte contenção dos salários do servidor público, suspendendo os reajustes que estavam previstos. 
- Diminuiu o prazo para pagamento de impostos, o que aumentava seu caixa. (os bancos recebem os impostos, dos cidadãos, ele tem 40 ou 60 dias para transferir para o governo, quando esse prazo é diminuído, mais dinheiro o governo tem em mãos, diminuindo os déficits). 
- Suspende a moratória, decretada uma moratória em fevereiro de 77.
- Efeitos
Essa política não conseguiu fazer com que a inflação fosse para o patamar de 15% a.m., mas conseguiu que ela ficasse perto dos 20. Isso em boa medida devido ao grande desaquecimento da demanda. Isso nos primeiros meses de 88. No entanto a partir de julho de 88 a inflação volta a subir, e vai a quase 25, devido ao impacto do aumento dos serviços públicos, ao choque do setor agrícola, porque houve aumento de 4 % no atacado, mas também por conta da emissão de moeda. Esse aquecimento da inflação ressuscitou a discussão sobre inflação inercial. Ele adotava medidas ortodoxas, mas que não surtiram efeito. Não será pelo fato da inflação brasileira também ter um componente inercial. Alegavam também o aumento nos gastos do governo, devido a constituição de 88 e seus direitos trabalhistas (seguro desemprego, etc.), mas que também aumentava os custo de produção. 
- O pacto social
Portanto o governo vai tentar um caminho para conter esse aumento de preços, construindo um pacto social para evitar a hiperinflação. Durante vários meses, a população, os empresários e o governo ficaram discutindo quais seriam as melhores medidas para minimizar a inflação. O governo e os empresários se comprometiam a não aumentar seus preços acima de determinados níveis 26,5% em novembro e 25% em dezembro. Haveria um acompanhamento dos produtos de 94 produtos básico. Haveria um estudo da metodologia para a correção dos salários em 60 dias. E o governo também se comprometia a apresentar em 30 dias a nova metodologia uma proposta de saneamento das contas públicas. Resultado: fracasso total. Apesar de ter tido muita discussão prévia, na prática não funcionou. 
- Lançamento do Plano
Com isso Mailson muda de postura e lança um novo plano que será chamado de Verão porque foi lançado em janeiro de 89. A essa altura o Sarney entrava em seu último ano de governo e já navegando num mar de águas revoltas, ou seja, sua popularidade já havia virado pó.
- O caráter híbrido do Plano
Ele anunciou que adotaria um plano hibrido, com componentes ortodoxos e heterodoxos, com instrumentos para medir tanto a inflação de demanda quanto a inercial.
Aula 03 – 22/09/2010
Na aula passada comentamos sobre a posse do Ministro Mailson da Nóbrega que começou com uma política ortodoxa gradualista e diante do fracasso dessa política em conter a escalada inflacionária, após tentar o pacto social que fracassou ele adotou um plano de estabilização econômica lançado um ano após sua posse, em 15/03/89, pela MP 32, num momento em que o governo Sarney já passava por uma crise de governabilidade. No nível do discurso o plano propunha evitar os erros dos planos anteriores e esse plano informava que teria tanto medidas para conter a inflação de demanda (ortodoxas), como medidas para conter a inflação inercial (heterodoxas). 
As medidas ortodoxas eram:
- Contrair a demanda no curto prazo (com a diminuição dos gastos públicos, com a manutenção das taxas de juros em níveis elevados)
As medidas heterodoxas eram:
- Choque de desindexação (acabar com os mecanismos de reajustes automáticos que alimentavam a inflação, com isso congelamento dos preços, sendo que vários preços foram reajustados previamente, assim como no plano Bresser),
- Acabou com os indexadores fiscais:
- Acabou com as OTNs – Obrigações do Tesouro Nacional
- Acabou também com a ORTs e mais uma vez alterará a data de apuração dos índices, no lançamento do plano e de novo recorreu ao calote, os aumentos prévios ele incorporou na inflação de janeiro, para evitar a contaminação do índice de fevereiro. 
 - Criou uma nova moeda, (fez uma reforma monetária)
- As principais medidas
- Criação de nova moeda
Chamada Cruzado novo NCZ. Cortando 3 zeros damoeda antiga (CZ 1000 = 1NCZ). 
- Política cambial
Estabeleceu o câmbio Dólar/Cruzado Novo na proporção de 1/1. Para chegar a essa relação foi feita uma desvalorização do cruzado em 18%, então ao fazer isso ele chegou ao nível de 1/1 no NCZ. Ele queria com isso evitar pressões futuras. Na anterior eram mini-desvalorizações diárias. Agora ele faz uma grande desvalorização e torna o câmbio fixo. Com isso se queria a credibilidade à moeda nacional, romper com as expectativas negativas.
- Política Monetária
Os juros foram mantidos elevados, o credito ao setor privado ficou muito restrito. Será uma política contracionista, o que está dentro da lógica ortodoxa e uma influência neoliberal.
- Tabelamento de preços
O tabelamento de preços foi ressuscitado, agora por tempo indeterminado. Mas o que teve de semelhante é que antes do tabelamento houve aumentos prévios de preço (33% do pão, 47,5% leite, 63,5% tarifas postais, 35 de tarifas telefônicas, 14,8%energia elétrica, 19,9% gasolina, 30,5% álcool combustível – São valores bem elevados). A lógica seria recompor a receita com as tarifas públicas e evitar desabastecimentos futuros e atualizar preços de alguns produtos. 
- Correção dos salários
Os salários não mais seriam reajustados pela URP, os salários agora seriam negociados entre patrão e empregado até que o Congresso Nacional aprovasse uma nova metodologia de reajuste de salário que ficou estabelecido que isso fosse feito até em 90 dias. Essa forma de correção de deixar a livre negociação impôs grandes perdas aos trabalhadores. Na formula do plano Bresser ele já impunha perdas, pois o salário está sendo reajustado sempre por um valor médio, um valor inferior a inflação do ultimo ou dos últimos meses, então isso já impunha, acumulava perdas e agora com a livre negociação entre patrão e empregado num ambiente recessivo a livre negociação é colocar o pescoço na guilhotina. Nesse contexto de aceleração inflacionária
- Correção dos ativos financeiros
Acabou com as OTN. Com o fim da correção monetária, os contratos ficaram com seus preços congelados, os valores vigentes no dia anterior ao lançamento do plano. Não considerou os aumentos prévios que ele deu em janeiro. O que causou uma perda muito grande aos credores e favoreceu aos devedores. Quem tinha divida em correção por OTN, perdeu a parte que não foi considerada. Essa foi uma prática muito utilizada na década de 80, pois quando se congela os valores nominais da dívida se está imputando uma perda aos credores e favorecendo aos devedores, pois a dívida está sendo desvalorizada uma vez que não é corrigida pela correção monetária.
- Tablita
Ressuscitou a tablita na mesma lógica dos planos Cruzado e Bresser. 
- Conseqüências do plano
A execução do Plano verão ficou muito comprometida tanto porque o governo já não gozava de credibilidade como também pelo fato de que o plano trazia no seu bojo elementos de risco, também considerados como tal pelos investidores. Faltas de regras claras para os salários, o fim do indexador o que fez com que o país viesse a viver sem regras claras de correção monetária, o que fez com que a sociedade tentasse explorar os pontos falhos do plano, como por exemplo, o governo não terá capacidade fazer o controle das contas públicas por que é ano eleitoral. O governo não fará o ajuste fiscal, esse congelamento não é sério. Por outro lado isso contribuiu para gerar expectativas negativas, e como não se tinha o freio da indexação criou-se um ambiente muito favorável para que o país ficasse numa desordem em termos de correção de preços, que levaram a um clima de hiperinflação. 
- Uma síntese conclusiva
Aproximadamente 5 meses ao lançamento do plano, estava claro que este só foi capaz de conter a inflação no seu primeiro mês. Nos meses subseqüentes a inflação voltou a se acelerar com um cenário muito desfavorável, preocupante no que dizia respeito à inflação no curto prazo. A preocupação seria que a curto prazo o país alcançasse níveis muito mais elevados daquela espiral inflacionária que o país vinha assistindo a muito tempo. Que o país caminhava rapidamente para a hiperinflação. Esse cenário era de que o governo seria forçado a fazer o descongelamento de preços, que a política salarial definida tinha de ser aplicada e esses aumentos de salários seriam repassados para o preço final. Um cenário de que a economia precisava ser reindexada, um cenário de que o juste fiscal tinha sido muito precário. E pior do que isso, o cenário do qual fazia parte a expansão monetária, o governo nos últimos 12 meses tinha expandido em 1000% a base monetária e então isso fez com que a inflação se mantivesse em níveis elevados no nível de 2 dígitos.
- O contexto da campanha eleitoral
E foi esse ambiente de crise política de descrédito do governo Sarney, de aceleração inflacionária, falta de controle mínimo da inflação foi justamente nesse ambiente de caos econômico que se deu a discussão para a escolha pelo voto direto pelo presidente da república. Os momentos de caos econômico tendem a conformar o ambiente favorável para os salvadores da pátria. 
O Plano Collor
- Antecedentes
A rede globo produziu esse candidato, que ficou conhecido em plano nacional. Este teria sido governador do Estado menos importante politicamente do nordeste, Alagoas. 
- O novo presidente e as características do seu plano econômico
Duas frases de efeito de Collor “Matar o Dragão da Inflação com um único tiro”, querendo dizer ser um tiro certeiro ao que Figueiredo respondeu que o Comandante que vai para a batalha com uma única bala deveria disparar na própria cabeça. Outra antes do lançamento “O plano e suas características deixariam a esquerda atônita e a direita perdida” e foi verdade. A MP 168 de 15/03/90 ele lançou um plano de estabilização econômica, chamado Collor. Essa medida provisória só foi transformada em lei em 15/04/90. Em 12 de abril o Congresso nacional aprovou as aberrações que continham o plano Collor, pois este era inconstitucional, mas o congresso se apequenou, diante de Collor. Eles viam o Collor após de duas décadas era o primeiro presidente que chegava ao poder com respaldo popular. A eleição do segundo turno lhe deu a maioria dos votos válidos. Esse foi o grande erro do Congresso.
- A escolha do novo presidente pelo voto direto
- As características do Plano Collor 
- Reforma monetária
Ele fez uma reforma monetária com a troca do nome da moeda. Tão somente. A moeda que era o Cruzado novo e agora voltava a ser Cruzeiro. Na relação de 1/1. Ou seja, NCz1000 = CZ 1000, sem cortes de zeros. Fez também o bloqueio dos ativos financeiros e isso é que era inconstitucional do plano, é quebra de contrato. O bloqueio foi assim: Como ele adotou uma nova moeda todos os valores deveriam ser convertidos a nova moeda. Os ativos também deveriam ser passados para cruzeiros, mas ele passou só uma parte. Exemplo: o que estivesse em conta corrente ou poupança, até NCZ 50 mil, viraram cruzeiros. Mas se você tivesse NCZ 75 mil ele transformou 50 mil e os 25 mil continuaram como NCZ e foram depositados numa conta especial no banco central. Por quê? Para disfarçar a idéia de que essa moeda não circula. (No Open-market foi transformado 20% do total, Fundos de Curto prazo a mesma coisa). Ele fez um grande de um confisco. Essa conta tinha correção anual de 6% e ficou aí por 18 meses. Depois desses meses o dono do dinheiro passou a ter o direito de resgatá-los, em cruzeiros, em 12 parcelas sucessivas. Então começou congelando por 18 meses, e depois foi liberando: 1/12, depois 1/11, depois 1/10... Até o resíduo no 12º mês, e isso sofria correção de um mês para outro, então essas parcelas não eram iguais. Esse foi um baita de um instrumento para controlar a inflação de demanda, nada mais ortodoxa, no sentido de confisco, enxugando a liquidez brutalmente. As pessoas não tinham dinheiro para comprar Uísque, automóveis, saúde... Quem precisava de uma cirurgia urgente e precisava vender o imóvel para pagara operação, morreu, porqueo dinheiro ficou confiscado.
Acabou também com o cheque portador. Todos os cheques para serem sacados teriam que ser identificado o favorecido, isso para identificar o favorecido, dessa forma o fisco poderia ir cobrar os impostos devidos dessa transação, sendo que hoje é flexibilizado. Isso era pra evitar a invasão tributária. Essa medida era uma medida ruim para Collor também por que era uma medida também para rastrear quem tinha sido favorecido quando começaram a surgir os escândalos. Não chegaram aos grandes porque eles criaram os correntistas fantasmas. Se um determinado foi identificado como envolvido numa transação de suborno, por exemplo, eles rastreavam os cheques, mas quando rastreavam, achavam que o tinha recebido, mas não quem tinha emitido. Pegavam o CPF de um defunto e criavam a conta.
- Correção de preços e salários
Foi definida uma regra cheia de detalhes. Os reajustes passaram a ser para frente. Ficou acertado que no 1º dia útil de cada mês a partir de maio, seria divulgado o percentual de reajuste máximo dos preços, então até os preços não podiam aumentar. Até lá quem quiser aumentar o preço só pode aumentar até X%. Qualquer coisa diferente disso deveria ter autorização expressa da ministra Zélia Cardozo de Mello. E também a partir de 15/04 o governo diria em quanto os salários poderiam ser corrigidos. Ele definia o salário mínimo, e dizia que o este seria corrigido em X%. E depois defina iaque os salários em geral poderiam ser corrigidos em Y%. Ou seja, era o tempo que o governo precisava para ver pra onde a inflação iria para dar o reajuste com base na inflação esperada. Ele queria romper com a prática de que a inflação passada influenciasse a definição dos preços futuros.
- Reforma Administrativa
Collor se elegeu bastante com o slogan de que ele era o caçador de marajás, porque no governo de Alagoas caçava os marajás. Em Alagoas tinha muita gente que ganhava muito, então ele passou a atacar essas pessoas (suspendia os pagamentos, cortava os salários), as pessoas entravam na justiça e ganhavam, porque estavam vivendo um estado de direito, poderia ser antiético, mas era legal. Mas ele criou essa imagem de justiceiro e na sua campanha usou muito essa imagem. E quando tomou posse ele implementou um reforma administrativa. 
- Cortou o número de ministérios pela metade, para enxugar a máquina administrativa. 
- Fechou autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista. Existia o IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), também o IBC (Instituto Brasileiro do Café), o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Conta a Seca), A Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste, O campus que a Universidade Rural tem em Campos dos Goytacazes aquilo pertencia ao IAA, quando ele fechou a Universidade Ganhou aquele campo, móveis automóveis...
- Criou o PDV (Programa de Demissões Voluntárias), que estimulava o servidor público a pedir demissão. A cada 5 anos de trabalho eu dava um salário de indenização. Muitos entraram nesse programa. Outros foram colocados a disposição e outros foram demitidos. Outros entraram na justiça e ganharam, mas demorou.
- Collor também Criou o programa de desestatização (privatização – Petroflex, Cargil, Copersul, Usiminas), para também aumentar a receita.
- Reforma Fiscal
Pretendia-se fazer o ajuste fiscal. A previsão de déficit para aquele ano de 10% do PIB. E o compromisso dele era fazer com que esse déficit era de fazer com que esse déficit não passasse de 2%, alterando a alíquota de alguns impostos:
- Aumentou o IPI;
- diminuiu o prazo de recolhimento para aumentar o fluxo de caixa;
- Criou o IOF;
- Aumentou o preço de alguns serviços públicos. 
Para diminuir as despesas, além das privatizações ele:
- Acabou com vários subsídios, com benefícios, incentivos fiscais. 
Este ajuste fiscal está totalmente alinhado com a proposta neoliberal de superávit.
- Política de comércio exterior
Para aumentar a oferta interna, Collor deu inicio ao processo de abertura econômica. Ele atuou em dois sentidos:
- diminuindo os impostos que incidiam sobre as importações, 
- também aumentando as alíquotas de importação. 
Se eu quero fazer uma proteção ao mercado interno, eu faço de 100% do que é consumido internamente, só 5% pode ser importado. Collor foi lá e aumentou para 50%, ao aumentar a alíquota de importação permitiu uma entrada maior de produtos externos para atender a demanda interna. Para diminuir a alíquota de impostos ele tornou esses produtos baratos e facilitou a competitividade desses produtos no mercado interno. 
- Resultados iniciais do plano e seus desdobramentos
O plano baixou a inflação significativamente. O superávit primário ficou em torno de 1,2. Essa queda brutal na inflação se deveu a queda na liquidez, ao confisco porque as pessoas ficaram sem poder de compra. Claro que com um preço a pagar muito alto, porque afetou o consumo e a produção. O subproduto positivo da queda da liquidez foi à queda da inflação e o negativo foi a queda do nível de atividade, que se faz acompanhar de desemprego. O PIB no primeiro semestre do Plano foi negativo e a recuperação foi muito lenta, principalmente no setor industrial. Em conseqüência a taxa de desemprego subiu. Em 1990 a taxa era de 4,3%, quase 1/3 maior que a do ano anterior, mesmo com todo o caos de 89. A abertura econômica que ele fez, gerou um aumento da entrada de produtos importados, eram competitivos, e aumentando o consumo do internacional diminui o consumo do nacional, então muitas empresas foram varridas e logo demitiram seus empregados. E pior, a inflação ficou baixa só nos primeiros meses, depois inflação volta a subir, porque volta a ter a remonetização da economia. Além disso, muitas empresas fizeram Lobby com o governo e conseguiram reaver o dinheiro que havia sido confiscado. Alegavam que não tinham como pagar os impostos, fazer investimentos... Foram lá e negociaram com o governo e passado os 18 meses, as parcelas do confisco passaram a ser liberadas. Mas só uma parcela ficou com esse dinheiro confiscado nos 18 meses. Passada a fase do congelamento dos preços, os preços começaram a ser reajustados, por isso a inflação do ano de 1990, foi algo como 1400%. Em virtude disso foi lançado o Plano Collor II.
- O plano Collor II
Lançado em 02/91., a segunda versão do Collor I.
- Medidas do Plano
Aumento do preço das tarifas públicas, para aumentar a receita. Fez congelamento dos preços novamente. Os valores vigentes em 31/12/1990 foram congelados e só poderiam ser modificados por autorização expressa da Ministra da Economia (Planejamento e Fazenda) Zélia. Bloqueou em 100% o orçamento dos ministérios. Bloqueou 100% dos recursos destinados ao investimento e ficou condicionado que só gastaria se tivesse dinheiro em caixa. Tinha o BTN (Bônus do Tesouro Nacional), a variação dessa letra é que era correção monetária. Esse bônus foi extinto, acabando com o indexador e criou o FAP (Fundo de Aplicação Financeira), que era composto por vários papeis do Tesouro e a variação desse fundo é que passaram a se chamar TR – taxa de Referencia, para a correção. 
- Efeitos das medidas
No Curto prazo a inflação mensal diminuiu um pouquinho e no longo prazo não deu PR avaliar porque a ministra foi demitida e logo não muito distante dali, no seu lugar entrou Marcílio Marques Moreira e o novo ministro vai repetir uma política ortodoxa gradualista, porque o ambiente político já não favorecia mais. Começam a aparecer os escândalos, que tem haver com a cobrança de propina, para reeleição de Collor. A intenção do Collor era se tornar um eterno presidente do Brasil com a legitimação pelo voto. Com a eleição dele, se instalava uma nova etapa do processo democrático eleitoral. Até então os políticos tinham que ter uma trajetória política (vereador – prefeito- deputado estadual, federal – governador, senador e aí sim presidente.), a trajetória significava a qualificação do candidato para presidente. A eleição de Collor mostra que há uma nova forma de apresentaçãode candidatos, o caixa 2 foi nesse sentido. Ele queria formar o fundo, mudar a constituição, permitindo reeleição eterna. Ele quis avançar muito nessa negociação o que acabou indo por água abaixo. Veio também a denuncia do próprio irmão, porque ele queria avançar sobre todas as propriedades da família, então tinha herança, Collor também gostava muito da cunhada... E a partir daí foi instalada uma CPI, que chegou ao de Collor. Seu julgamento foi político e ele se tornou impedido de governar pelo congresso nacional 
- Uma avaliação do plano Collor 
Entrou na história pela forma como governou e pela forma como saiu. O primeiro presidente eleito pelo voto direto foi destituído. Na normalidade política, Itamar Franco, vice-presidente assume e toca o barco, entregando o poder depois ao FHC
O Plano Real
- Antecedentes
Collor foi impedido de governar por 8 anos pelo Congresso Nacional. Ele saiu em outubro/92, assumiu o vice-presidente Itamar Franco, como prevê a Constituição. Quando assumiu começou a montar seu ministério. Para a Fazenda foi Gustavo Crauss, ligado ao meio ambiente. Mas ele só ficou 2 meses. E dessa vez ele escolheu um técnico, economista mineiro, ligado a CEDEPLA-UFMG, que também ficou só 2 ou 3 meses e o seguinte foi o Elizeu Rezende, político mineiro que também só ficou 2 meses. A instabilidade no nível dos arranjos políticos era muito grande. Até que em maio/93, FHC, que era senador por SP, aceitou o convite. Assume em maior, depois entrega o Cargo para concorrer a presidência da república. 3 ministros da fazendo no governo Itamar não chegaram a completar 3 meses e depois vem FHC pede demissão para se candidatar. E depois de FHC, vem dois outros. O Rubens Ricupero, que estava no poder, mas teve que pedir demissão por causa de escândalos, chamado escândalo da Parabólica.
Terminada eleição e FHC eleito presidente, FHC monta seu ministério liderado pelo Pedro Malan, mais André Lara Rezende, mais Chico Lopes, muitos e mais outros que estavam na equipe do Plano Cruzado. Eles elaboraram um plano e depois Pedro Malan ficou como ministro nos dois mandatos. 
- Objetivos do Plano
- Acabar com a inflação
Nesse momento a inflação se constituía num grande problema. Pois depois do governo de Collor, a economia se encontrava numa espiral inflacionária, superior ao lançamento de seu plano. No retorno a democracia no governo de Sarney, houve três planos. A cada plano houve uma queda na inflação durante seus primeiros meses, mas após o impacto de queda a inflação voltava mais alta do que antes do lançamento de cada plano. Em todos os planos é possível diminuir a inflação de algum valor, porém depois ela ressurge com uma força maior, isso é a escalada inflacionária. A inflação pós Plano Collor é uma inflação muito maior que a inflação antes do mesmo plano.
- Promover crescimento econômico
A última vez que o Brasil tinha crescido de forma significativa tinha sido na época do Milagre Econômico, depois o que se tem são ilhas de crescimento, como no plano Cruzado, mas são crescimentos efêmeros.
- Aumentar os investimentos sociais
Os investimentos sociais eram quase inexistentes ou tinham sido muito baixo nos últimos anos, seja devido as sucessivas crises pós 74, seja porque no final do regime militar, preocupados com atacar a crise, cortaram gastos. Seja porque se passou pelo governo Sarney que passou por um momento tumultuado depois de um apogeu de aprovação, de popularidade, entrou numa fase cadente e saiu com níveis de aprovação muito baixos. Seja porque o governo Collor foi muito tumultuado, que utilizava muitos dos pressupostos neoliberais e que buscava os superávits primários. Por tudo os investimentos sociais estavam muito baixos.
- As três fases clássicas do plano
- Ajuste das contas públicas
Ou a fase do ajuste fiscal. Tinha como objetivo solucionar aquela que era a principal causa da inflação brasileira, o desequilíbrio das contas públicas.
-Criação de um padrão estável de valor
A idéia é de combater a inflação inercial. 
-Criação de um novo regime monetário
Seria a emissão dessa emissão desse novo padrão de valor. A Criação de uma moeda estável, completando assim a segunda fase. Quando foi lançada a 3ª fase, na exposição de motivos em 30/06, assinado por vários ministros, eles se referem as fases anteriores já executadas. 
A 1ª fase teve início em 14/07/93 com o lançamento do PAI – Programa de Ação Imediata. O PAI foi lançado com os objetivos de: 
- redução dos gastos da união, no exercício de 93. 
- recuperar a receita tributária; 
- equacionar o problema da dívida dos estados e municípios com a União; 
- aumentar o controle sobre os bancos estaduais; 
- promover o saneamento dos bancos federais;
- e aperfeiçoar o sistema de privatização, que havia começado no Sarney. 
Nessa onda de aprofundamento do ajuste fiscal, no PAI ele cita:
- IPMF – Imposto provisório sobre Movimentação Financeira;
- FSE - fundo Social de Emergência (era um mecanismo de desvinculação de receita. A constituição de 88 engessava bastante o orçamento, com esse fundo o governo baipassando a Constituição de 88, criando um instrumento para que ele não fosse obrigado a ter os gastos previstos. Ele queria era alcançar os superávits primários, de 93 foi até 95, depois ele trocou de nome, para fundo especial fiscal);
- IPMF, já tinha sido criado em março/93, em julho ele aparece no Pai como uma medida de pressão para que o Congresso regulamentasse essa medida que já havia sido criada. 
O governo também fez em 93 várias alterações tributárias:
- Aumento e reestruturação do imposto de renda pessoa física, com respeito aos rendimentos do trabalho, aumentou o imposto de renda que incidia sobre a renda de trabalho;
- Alterou o imposto de renda da pessoa jurídica;
- Aumentou o ITR imposto territorial rural; 
- Aumentou o IOF 
- Promoveu uma série de alteração sobre a temática do calculo de imposto, introduzindo novos mecanismos de indexação, ao que desrespeitava aos tributos federais. Esse conjunto de medidas desaba única e exclusivamente no aumento da receita. 
Dentro do PAI existiam medidas tanto estruturais quanto conjunturais.
As Medidas Estruturais seriam todas aquelas relacionadas aos estados e municípios, aos bancos estaduais e federais e ao programa de privatização;
 As Medidas Conjunturais: seriam aquelas medidas de corte, do orçamento da União, relacionadas a CPMF, que pressionou o congresso para implementá-las. 
A segunda fase do plano é em 27/04/94 com a criação de um padrão estável de valor, pela MP 347: URV. A URV entrou em vigor em março/94, no entanto em 93 foi dado um passo prévio para esse lançamento que foi a MP 336 que mudou a moeda nacional, deixou de ser o cruzeiro e passou a ser o Cruzeiro- Real. Foram cortados os 3 zeros, então 1000 Cruzeiros passaram a ser 1 Cruzeiro-Real. 
A partir de 1º de março de 94 o Brasil passou a ter um sistema monetário com duas medidas, com o Cruzeiro-Real, (era meio de pagamento) e a URV (não tinha todas essas funções da moeda era só uma unidade de conta, era quase uma moeda). A economia passou a conviver com duas unidades de medida, uma moeda e a outra escritural, quase moeda. Ou seja, todos os preços, foram convertidos em URV e ficou decidido que o banco central ia divulgar diariamente o valor da URV expresso em Cruzeiro real, quando foi lançada a URV, 1 URV = 647,50 Cruzeiro-reais. A metodologia seria uma média aritmética usando 3 índices, um da USP FIPE-USP, IPCA-IBGA, IGP-M – FGV, isso dava uma variação era aplicada ao valor da URV do dia anterior e com isso se passava a ter o valor da URV daquele dia. Os salários em geral foram transformados em URV. Os benefícios da previdência, os preços foram naturalmente mudando para URV. A MP 334 no artigo segundo ela previa que reforma monetária teria 2 momentos, seria complementada, com o segundo momento da reforma, ou seja em até 360 dias o governo seria obrigada a colocar a nova moeda em circulação, em substituição a URV e ao Cruzeiro-Real. Essa reformamonetária se constituiu num mecanismo muito criativo e muito eficaz no combate a inflação inercial porque a economia ficou com duas moedas, uma que não variava a URV e a outra que aumentava, mostrando o impacto da inflação. Para corrigir era só fazer a média dos três índices. 
A terceira fase do plano teve início em 30/06/94 com a MP 542. Passando a vigorar em 01/07/94, complementando a segunda fase, com a criação do real. Nesse dia 1 URV valia 2750 Cruzeiros reais. Essa medida inaugurou um novo regime monetário, que se caracterizava por uma regulação da emissão da moeda, a própria MP impunha limites quantitativos muito precisos, pois lastreava a emissão de reais nas reservas internacionais, ou seja, a cada quantitativo de real emitido pelo banco central era tirado das reservas cambiais um valor equivalente em dólar e depositado numa conta especial, o que dava a nova moeda uma garantia. Nos outros planos quando houve reforma monetária cortavam 3 zeros, aqui na hora do lançamento do real dividiu-se por 22750, isso era uma tamanha desvalorização da moeda nacional. Além dessas medidas implementadas ao longo dessas três fazes do plano real, outras medidas foram tomadas: 
Privatizações. 
Quando Itamar Franco assumiu, por volta de outubro de 1992, ele demorou alguns meses para retomar o programa de privatização que estava em curso no governo Collor. Porque ele demorou? Primeiro por causa da agitação política que tomou conta do país nessa transição do governo, mas também demorou porque o Itamar não era muito a favor das privatizações. Ele tinha um discurso muito menos liberalizante do que o Collor, e do que o FHC posteriormente. Mas ainda sim o programa foi retomado. Várias empresas foram vendidas, do setor petroquímico, de fertilizantes, do setor siderúrgico, do setor de transportes (como a Embraer). E a partir de meados de 1993, aí já com Fernando Henrique Cardoso, como ministro, as privatizações foram intensificadas, com muitas empresas no setor petroquímico, transportes, elétrico (Light), e os recursos provenientes dessas privatizações, iam para reforçar o ajuste fiscal, pelo lado do aumento da receita. Outro instrumento utilizado no Plano Real foi a Política Cambial.
- A âncora cambial e a abertura econômica (Política Cambial)
O Plano Real se apoiou fortemente no câmbio. Ou seja, a equipe econômica, o governo, ancorou, vinculou a estabilidade da economia, na estabilidade do cambio. Se alguém quisesse saber como estava a saúde da economia brasileira, se a economia estava estável , era preciso olhar para o câmbio. Esse é o indicador. Foi definido, com antecedência, um intervalo de variação do cambio. Se o cambio estivesse oscilando dentro desse intervalo, é um indicador de que a economia está estável. Se o cambio estivesse estável, a economia estava estável. O governo não definia o cambio, foi o mercado. O governo atuava no mercado. Se havia demanda por dólares no mercado, se o mercado era demandante, o preço aquecia, o cambio subia, então o governo lançava mão de suas reservas e vendia dólar no mercado. Aumentava a oferta, e dada à demanda, uma oferta maior, o cambio baixava. Se esse câmbio baixasse muito no mercado, o governo entrava demandado, comparava para reformar suas reservas cambiais. Com esse mecanismo de atuar no mercado, o governo praticava o sistema de ancora cambial, vinculando a estabilidade à estabilidade do cambio, definido no mercado. É claro que para fazer isso é preciso ter reservas, mas as reservas no Brasil vinham crescendo, não só em função do governo, que sinalizava que estava adotando medidas do arcabouço neoliberal , porque também estava fazendo o processo de privatização dentre essas medias, e isso atraía mais dinheiro para o país, aumentando as reservas.
Abertura econômica ou comercial: 
Vinha desde o governo Collor e foi intensificada no governo de Itamar, com ministro FHC, e posteriormente no governo FHC. Essa abertura foi intensificada por 2 caminhos : Diminuição de impostos que incidiam sobre as importações e aumento das cotas de importação. 
Na forma como o Plano foi concebido, a abertura comercial desempenhava um papel muito importante, porque ao fazer a abertura, aumenta a presença do produto externo no mercado interno, e isso aumenta a competitividade, aumenta a oferta total (oferta interna mais a oferta externa). A abertura econômica favorece a oferta externa no mercado interno. Portanto a oferta total aumenta, aumentando a competitividade entre as empresas que atuam nesse mercado interno. E aumentar a oferta era muito importante porque a experiência do Plano Cruzado mostrava que quando a inflação cai de forma acentuada ela proporciona aumento do poder aquisitivo, e isso tende a aumentar o consumo. Por isso era importante aumentar a oferta, para evitar o quê aumento de preços.
Uma diferença importante aqui é que não houve desabastecimento, porque se a demanda superasse muito a oferta interna, tem o recurso de aumentar a importação e/ou dos preços subirem, porque não emprega-se o tabelamento.
Mas se aumentar preços irá agredir o objetivo 1 do Plano, que é acabar com a inflação. 
Então tinha uma importância muito grande essa abertura comercial no sentido de aumentar a oferta interna e aumentar a competitividade, pois quanto maior for essa competitividade, maior as chances de se ter acesso a produtos a preços mais baixos, e com qualidade maior. )
É muito importante que olhemos a abertura econômica e a ancora cambial em conjunto. São medidas independentes, porém o efeito combinado das duas medidas potencializará a capacidade de cada um deles, de contribuir para o controle da inflação, para a estabilidade econômica. 
A forma como se praticou o sistema de ancora cambial, gerou como conseqüência, a valorização do Real ficasse frente ao dólar, com isso o produto importado fica mais barato. 
Com isso o mercado nacional foi inundado de produtos importados. Ao aumentar as importações, aumenta a competitividade no mercado interno, o que contribui para derrubar os preços no mercado interno. Portanto, totalmente de acordo com o objetivo 1.
Por outro lado, eu tenho a abertura econômica (que é facilitar a entrada de produto no mercado interno, diminuindo impostos, diminuindo as barreias impostas pelas cotas de importação ao aumentar essas cotas). Isso facilitou a entrada de mais produtos no mercado interno, aumentando a competitividade, ajudando a derrubar os preços dos produtos, e até melhorando a qualidade dos produtos no mercado interno.
Essas duas coisas aconteceram ao mesmo tempo, potencializando a capacidade dessas duas medidas de combater a inflação.
Vejamos o que aconteceria se não houvesse essas duas medidas atuando conjuntamente.
Exemplo 1: teria abertura econômica, mas não teria a apreciação do Real como uma conseqüência do sistema de ancora cambial. Você está diminuindo as suas barreiras à entrada, porém esse efeito seria minimizado, porque eu poderia ter um cambio desfavorável, teria um real desvalorizado, logo o produto importado estaria mais caro.
Exemplo 2: Considerando um cambio favorável, mas não vamos ter abertura econômica. Você tem um cambio favorável se tem um Real valorizado, mas tem as barreiras, tem uma tributação alta, tem as cotas. Então esse feito do cambio, também estaria minorado, minimizado pela ação das barreiras. 
Essas duas medidas acontecendo ao mesmo tempo e seus efeitos somados no combate a inflação. 
Apesar dos seus efeitos colaterais porque: desequilíbrio balança comercial; queda no nível de atividade interna, porque as empresas nacionais perdem a competitividade, e aquelas que perderem a competitividade serão arrebatadas; queda no nível de emprego. As que ganham competitividade ganham porque se modernizam, porque aumentam mais a produtividade, investem mais em tecnologia, substituindo trabalho por capital tecnológico (demitem também ou não contratam mais) .
- A âncora verde
A estabilidade econômica do Plano Real ficou ancorada também nas excelentes e crescentes safras agrícolasdo Brasil.
O país pode contar a partir de 1994, 1995, 1996 e safras seguintes, com safras cada vez maiores, todos os recordes sendo batidos. Isso foi muito importante, porque permitiu aumentar a oferta no mercado interno, num momento que a demanda crescia. E como aumentar a oferta no mercado externo era importante num contexto de importações crescentes, pela abertura econômica e pela âncora cambial.
Mas o aumento da oferta interna era importante porque a demanda era crescente pelo efeito da queda da inflação. Mas o aumento da oferta interna também era importante, no nível das matérias primas, porque havia um crescimento da demanda em geral. Então o setor final vai produzir mais para suprir a demanda crescente, e ao produzir mais terá uma maior oferta de matéria primas. E mais do que isso, era importante ter uma grande oferta de matérias primas, para atender a quantidade demandada, mas também era importante ter uma grande oferta a preços baixos. Porque esses insumos, matérias primas, entram na cadeia produtiva. 
O plano Real teve vários ícones, um deles foi o frango, que durante o governo FHC custava apenas 1 real ( um dos porquês era a ancora verde, porque o milho estava muito barato, possibilitando que a venda do frango a 1 real gerasse lucro).
E porque foi possível aumentar tanto as safras agrícolas? Porque as safras agrícolas foram tão excelentes? 
- O Brasil passou um período de chuvas regulares;
- O governo deu financiamentos aos produtores agrícolas, estabeleceu mecanismos bastante criteriosos de definição de preços mínimos;
- O governo criou também a cédula ao produtor rural, instrumento que permitia ao produtor negociar até com a safra futura.
E de posse desse conjunto de medidas, aquelas 3 fases e mais privatização, mais abertura, da ancora cambial, a ancora verde, foi possível derrubar a inflação. Isso repercutiu no aumento no nível de consumo ( aumentou o nível de atividade ( aumentou o nível de emprego ( aumentou a massa de salários pagos na economia ( estimular o consumo. É o chamado ciclo virtuoso
- A aceleração do consumo, do nível de atividade e do emprego
Mas, o Plano Cruzado tinha deixado também como experiência de que o aumento do consumo, quando não acompanhado pelo aumento da oferta, gera problema. E o que o governo começou a observar é que ele não tinha como frear o aquecimento da economia (o aquecimento do consumo que estava superando a oferta), não tinha como frear o aumento de preços, porque não havia tabelamento. Como é que se freia possíveis aumentos de preços? Aumentando a oferta ou contendo o consumo. Como é que nós temos aumentado a oferta? Aumentando a capacidade interna, aumentando a produção e a importação. A importação era importantíssima, e quando o governo olha e vê que a importação está crescendo muito, e a resultante disso é o desequilíbrio da balança comercial. Aí o governo raciocina na seguinte direção; ‘ está na hora de dar uma freada nesse consumo’, porque a balança comercial está desequilibrada, e para cobrir esse déficit usam-se as reservas, só que as reservas estavam comprometidas com o sistema de ancora cambial.
- A âncora dos juros
Então, pra não ficar nesse dilema, o governo parte para conter o consumo. E ele utilizou o caminho da elevação das taxas de juros (em alguns textos citada com a âncora dos juros, ou seja, ancorou a estabilidade econômica nos juros). Então o governo passou a aumentar a taxa básica de juros da economia. O objetivo era inibir o consumo, principalmente o consumo a prazo. Esse aumento da taxa de juros, também aumenta o custo da produção, dando ao empresário a possibilidade de repassar esses aumentos ao preço final, caracterizando uma inflação de custos. Mas o mercado é cada vez mais competitivo, porque eu tenho a abertura econômica, combinada com a apreciação, eu tenho também uma forte presença de produtos importados. Então ele tem pouco espaço de realização dessa inflação de custos, então ele vai ter que abrir mão de parte de sua margem de lucro, o que pode levar o empresário a optar por diminui sua produção. E ao fazer isso, talvez ele saia do mercado, mas ao fazer isso ele ta diminuindo a demanda (saindo do mercado ou produzindo menos), até mesmo de produtos importados (se ele tiver usando insumos importados). Então ele vai demandar menos força de trabalho. 
Então o aumento das taxas de juros ia ao encontro do objetivo de frear a demanda, para evitar que ela superasse a oferta e fizesse uma pressão de inflação de demanda. Porém, esse aumento da taxa de juros cumpria um outro papel, pois contribuía para tornar o país mais atraente para o capital externo. Quanto maior as taxas de juros praticadas no mercado interno, mais o capital especulativo se interessa. E era importante para o país atrair capital externo, pq a entrada de capital externo ia contribuir para aumentar as reservas cambiais, importantes para praticar a ancora cambial. 
- Avaliação preliminar do plano: favoráveis e contrários 
Com esse conjunto de medidas, o Plano real começou a mostrar efeitos muito positivos e satisfatórios no que diz respeito ao combate a inflação. E isso contribuiu sobremaneira para a eleição do Fernando Henrique Cardoso no 1º turno nas eleições de 1994.
Transcorridos os primeiros anos de vigência do Plano Real, já era possível olhar e identificar avaliações por parte tanto da equipe do governo, da sua base de apoio, daqueles que eram favoráveis ao governo e os de oposição.
De ambos recebia elogios e críticas.
Os que eram favoráveis ao governo, elogiavam a eficácia do Plano no combate a inflação. Elogiavam a capacidade que o Plano teve, de ao derrubar a inflação, aumentar a renda real do trabalhador (pelo menos daquele que mantiveram sua renda nominal, daqueles que mantiveram seus empregos). Elogiavam também o fato desses aumentos da renda real aumentarem o consumo, melhorando as condições de vida, a queda de preços (que foi conseguida sem tabelamento, sem imposições. Conseguida com medidas como a abertura de mercado, aumentando as importações. Elogiavam também as privatizações. Mas mesmo os que defendiam o governo e o Plano, faziam críticas, como por exemplo: que o governo precisava avançar nas privatizações, para que essas se tornassem mais rápidas e mais abrangentes; queriam um controle fiscal mais efetivo pelo lado de cortar despesas, que desonerasse o setor produtivo (pediam uma reforma fiscal).
Mas os críticos: reclamavam da ausência de reforma fiscal, porém eles pediam uma reforma fiscal mais abrangente que contemplasse aumento da tributação em cima dos ricos; pediam ajuste fiscal que aumentasse a receita e não cortasse despesas (criando novos impostos sobre as fortunas, por exemplo); clamavam também por crescimento econômico, que contemplasse aumento do emprego e da renda; o crescimento do emprego,as crescimento do emprego com carteira assinada, emprego de qualidade.
Essas críticas residiam bastante no fato, no que diz respeito ao emprego da observação de que estava sendo possível controlar a inflação, e havia algum crescimento econômico, porém o impacto desse crescimento econômico no mundo do emprego, não era o impacto que a oposição vislumbrava como ideal. O emprego crescia porem num nível muito inferior ao crescimento do produto. As empresas estavam trabalhando com funções de produção cada vez mais intensivas em capital, e os empregos criados a mais nem sempre eram empregos de qualidade. Estava havendo uma deteriorarização das condições de trabalhado. Crescia mais o emprego sem carteira assinada. Segundo Paul Singer, o Plano Real, era plano de corte neoliberal, assentado nas bases do neoliberalismo. Esses planos, quando aplicados, colocavam o país numa posição de vulnerabilidade frente ao capital internacional, e ele explicita a lógica interna desses planos neoliberais. 
Ele começa explicando essa lógica da seguinte forma:
Ao longo da década de 1990 economias mais sólidas, como EUA, Japão, Alemanha, passaram a conviver com taxas de juros muito baixas. Isso fez com

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