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Resumo Direito Econômico

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O ESTADO
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
Atualmente, dado ao descrédito no potencial empresário do Estado, a Constituição da República Federativa do Brasil torna defeso ao Poder Público, a exploração direta de atividade econômica, excepcionando, tão somente, os casos que se revelem imperativos à segurança nacional, de relevante interesse coletivo, bem como de monopólio constitucional, a teor do disposto nos artigos 173 e 177 da CRFB. 
Adotando uma postura característica de Estado Regulador, a Constituição da República veda expressamente ao Estado brasileiro a exploração direta da atividade econômica. Fácil verificar que houve, por parte do legislador constituinte, um abandono gradual do modelo intervencionista que vinha adotando a partir da Carta Política de 1934. 
É de se ressaltar que, embora a atual Constituição não admita mais o irrestrito intervencionismo do Estado para estabelecer monopólio de qualquer atividade econômica ou mesmo um movimento estatizante da Ordem Econômica Nacional, não há que se falar em economia de mercado pura, o que aliás não existe em nenhum Estado do mundo. 
Por intervenção direta do Estado na economia há que se entender a possibilidade da exploração da atividade econômica por parte deste. Por sua vez, como veremos adiante, por intervenção indireta do Estado entende-se a atuação deste como agente normativo e regulador da atividade econômica. 
A atual Carta Política estabelece que é defeso ao Estado a exploração direta da atividade econômica, excepcionando, tão somente, nos casos eventuais em que se configure imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, além das hipóteses taxativas de monopólio constitucional.
Assim, fica claro que a intervenção material do Poder Público em qualquer atividade econômica se dará apenas em caráter excepcional e subsidiário, não estando mais o Estado habilitado pelo mandamento constitucional a retirar dos particulares a iniciativa da exploração da economia. Destarte, a ação estatal no âmbito da economia só será justificada quando os particulares não possam ou não queiram intervir, ou, ainda, quando se fizer necessário, para salvaguardar os interesses da República e, por corolário, de toda a sociedade que ela representa.
OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO
Mais propriamente quanto aos objetivos que vinculam a atuação estatal, relata o doutrinador que se trata de norma em branco, pois o conceito de interesse público não é unânime quanto a sua extensão e também pode variar com o decorrer do tempo a exemplo da relativização do direito de propriedade frente à função social. Nas palavras do autor Washington P. A. de Souza:
Portanto a regulação estará presa a “objetivos” que não ficam suficientemente determinados em consequência da amplidão de sentidos da expressão “interesse público”, pois abrangeria todas as tarefas atribuídas ao governo, não raramente até mesmo conflitivas entre si.
MODALIDADES DA INTERVENÇÃO E DIREITO ECONÔMICO 
No que tange as formas de atuação do Estado no domínio econômico, tem-se dois modelos de atuação estatal: o Estado Regulador e o Estado Executor.
Estado Regulador 
O legislador constituinte teve o cuidado de prever certas circunstâncias onde o Estado teria legitimação para atuar diretamente numa esfera que compete, à priori, à iniciativa privada. Sua finalidade prática é a de evitar e coibir práticas que derivem ou incidam no abuso de poder econômico, como, por exemplo, práticas que tenham por fim a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência, ou o aumento arbitrário dos lucros.
O caput do artigo 173 da Constituição Federal traça as regras em relação à exploração direta de atividades econômicas pelo Estado, objeto de estudo do presente trabalho. Nesse sentido, o artigo 173 da Constituição reza que:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Desta forma, o artigo retrocitado, interpretado conjuntamente com o 170, traz à tona a regra de que, ressalvados os casos previstos na própria Constituição – competência exclusiva e privativa da União; e competência comum e concorrente –, o Estado não explora atividade econômica, o podendo fazer apenas em via de exceção, através dos pressupostos contidos no caput do referido artigo 173: casos imperativos de segurança nacional; casos onde houver relevante interesse coletivo; e casos onde a Constituição permitir de forma expressa.
O que ocorre, é que os dois primeiros pressupostos – casos imperativos de segurança nacional, e casos onde há relevante interesse coletivo – tratam de conceitos jurídicos indeterminados, que não trazem de forma precisa e determinável a necessária delimitação dos pressupostos para uma plena e eficaz aplicação dos preceitos estabelecidos no caso concreto. Essa indeterminabilidade acaba por deixar uma margem muito grande de discricionariedade para ser trabalhada pelo gestor público em seus aspectos de conveniência e oportunidade, já que tais pressupostos deveriam estar definidos e delimitados em lei.
Estado Executor 
A intervenção indireta do Estado na ordem econômica está disposta no artigo 174 da Constituição Federal - como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
A intervenção do Estado por meio da regulamentação da atividade produtiva de bens e serviços surgiu da necessidade de se devolver à economia à normalidade perdida pela política do liberalismo econômico. Referida normalidade, consistia e ainda consiste até os dias atuais, em assegurar um regime de livre concorrência instrumentalizando-se por medidas legislativas.
Em síntese, a intervenção no domínio econômico disciplinada pelo artigo 174 da Constituição Federal é indireta na medida em que o Estado não atua na exploração da atividade produtiva, apenas fiscaliza com vistas ao equilíbrio do livre mercado e da livre concorrência, incentiva como forma de materialização da livre iniciativa e lança mão do planejamento para alcançar os fins desejados tendo sempre em mira e como base os princípios da ordem econômica.
REGULAMENTAÇÃO, REGULAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO (CONCEITOS, INSTRUMENTOS, OBJETIVOS) 
Regulamentação
É o ato de regulamentar ( expedir regulamento, prescrever regras sobre forma), designa a instituição de normas ou de regras referentes ao funcionamento de certas coisas e à excução de atos. Ou a disposição de forma para que se apliquem ou se cumpram medidas ou regras legais. A regulamentação, pois, importa na disposição ou na ordenação de regras suplementares ou subsidiárias, instituidoras, praticamente, do modo de se conduzirem as coisas, já reguladas por leis.
Assim, a regulamentação, sem se afastar da lei, vem estabelecer a forma ou a conduta de aptidão da mesma lei. Não é pois, de sua função instituir regra nova, de caráter substancial, nem estabelecer princípio ou regra, divergente da lei regulamentada.
O objeto da regulamentação é o de instituir ou de estabelecer regras práticas ou a prática para a execução da norma legal. É de sua finalidade, ainda, instituir regras de caráter administrativo ou de gestão, fundadas nas regras ou normas gerais.
O instrumento para a regulamentação são os decretos expedidos pelo chefe do Poder Executivo. Em outras palavras, o decreto é fórmula em que o chefe do Poder Executivo emana atos normativos e concretos. Portanto, o regulamento deve, necessariamente, ser veiculado por decreto. 
Regulação 
Inicialmente, insta salientar que por regulação econômica entende-se o ramo da economia que estuda o sistema econômico como um todo interativo, de forma a analisar a regularidade de preços e de quantidades produzidas, ofertadas e demandadas, por meio da interação entre as respectivas partes que o compõem, a saber, o Estado,as empresas, os credores, os trabalhadores, os consumidores e os fornecedores. Objetiva-se, com a regulação econômica, prevenir e corrigir, falhas de mercado, potenciais ou efetivas. Há que se ter em mente que a regulação jurídica, exercida pelo Estado, se trata de um dos instrumentos pelos quais a regulação econômica se operacionaliza.
Instrumentos de regulação são os institutos jurídicos que materializam, no plano concreto, a atividade reguladora estatal, em caráter macro. Na prática, podemos definir a instrumentalização da regulação, condicionada a sua definição, quanto processo normativo, fiscalizador, incentivador, planejador e mediador da atividade econômica por parte do Estado, da seguinte forma: 
a) atos normativos, gerais e abstratos, porém de caráter setorial, para supervisão e regulamentação da atividade econômica; 
b) mediação entre os interesses dos setores públicos e privados, através de instrumentos jurídicos transacionais de composição extrajudicial de conflitos; 
c) exercício de poder de polícia (fiscalização) sobre a atividade econômica, seja mediante expedição de regulamentos proibitivos próprios, seja através de aplicação de sanções administrativas nas infrações a serem apuradas no caso concreto – função judicante; 
d) fomento, estímulo e promoção a determinadas atividades, a fim de se alcançar os objetivos políticos estabelecidos pelo Poder Público. 
Por sua vez, compete às Agências Reguladoras, enquanto entidades integrantes da Administração Pública Indireta, exercerem a atividade de regulação de forma independente e apolítica ao Governo Central, como veremos adiante, em capítulo posterior.
Serviço Público
A conceituação de serviço público não é unânime e sofre variações, de acordo com a evolução política do País, isto é, de acordo com as necessidades que a sociedade apresenta no decorrer do tempo, que demandam resposta imediata do Poder Público. 
A conceituação de serviço público não está ligada a questões principiológicas, tampouco ontológicas. Nenhuma atividade é, em si mesma, um serviço público. Tudo depende da maior ou menor intervenção que o Estado deseje realizar na atividade econômica. Na França, por exemplo, berço da Escola do Serviço Público, sistematizada por Duguit e Gastón Jèze, a religião chegou a ser considerada espécie de serviço público. 
Nos países anglo-saxões, por sua vez, o conceito de serviço público liga-se à existência, ou não, de algum tipo de regulação estatal a submeter os prestadores privados daquela atividade, e não à execução direta por meio da Administração Pública. Resta claro, portanto, que a melhor noção de serviço público não se vincula à essência da atividade per se, mas decorre de uma necessidade pontual e historicamente determinada de maior intervenção a ser feita pelo Estado em certa esfera da economia. 
O tema pode ser objeto de estudo e conceituação através de diversos prismas, dos quais destacamos os seguintes: em sentido formal, isto é, sob a forma na qual o serviço público se exterioriza no mundo do direito, corresponde às tarefas prestadas pelas normas de Direito Público; em sentido material, podemos conceber o serviço público como o conjunto de atividades voltadas para o atendimento das necessidades da coletividade; em sentido subjetivo, traduz-se no aparelhamento estatal (entes, órgãos e agentes públicos) feito pelo Poder Público para a realização dos serviços respectivos; em sentido objetivo é toda atividade em si prestada pelo Poder Público e seus agentes. 
Atualmente, considerando-se as disposições constitucionais, bem como os diversos sentidos sob os quais podemos analisar o tema, podemos conceituar os serviços públicos como sendo toda atividade prestada pelo Estado, diretamente ou por meio de seus delegatários, sob as normas de Direito Público, que objetivam o atendimento das necessidades da coletividade ou, ainda, as do próprio Poder Público. 
Observe-se que o serviço público, por visar o atendimento de uma necessidade de interesse geral, seja do próprio Estado ou da coletividade, deve ser criado e regulamentado pelo Poder Público, a quem incumbe a prestação, seja direta ou indireta, bem como a respectiva fiscalização. Outrossim, todo serviço público deve se traduzir e objetivar a prestação para atendimento de um interesse coletivo, para atendimento de necessidades primárias (essenciais) ou secundárias (não essenciais), cuja conceituação é muito variável, uma vez que o caráter de essencialidade não possui parâmetros previamente definidos, ficando sua análise, via de regra, relegada ao caso concreto. 
Todavia, podemos entender necessidades essenciais como aquelas que dizem respeito à garantia de sobrevivência da sociedade (saúde, segurança pública, defesa nacional), ao passo que necessidades não essenciais são todas aquelas que visam facilitar e tornar mais confortável a vida em sociedade.
MONOPÓLIOS
Monopólio Natural
Monopólio natural é aquele decorrente da impossibilidade física da mesma atividade econômica por parte de mais de um agente, uma vez que a maximização de resultados e a plena eficiência alocativa de recursos somente serão alcançadas quando a exploração se der em regime de exclusividade. Isto porque determinadas atividades envolvem custos de investimento tão altos que não há como se estabelecer competição nas mesmas, tal como ocorre na exploração de metrô urbano, transporte ferroviário, transmissão de energia elétrica, dentre outras. 
Minimizam-se os potenciais efeitos deletérios do monopólio natural físico, decorrentes da propriedade privada exclusiva de um determinado sistema de rede (de transportes, de telefonia, por exemplo), determinando-se o compartilhamento obrigatório do uso da referida rede por parte de outros agentes competidores, mediante pagamento de compensação financeira ao proprietário (princípio do compartilhamento de redes). 
Outrossim, o monopólio natural pode decorrer do direito à exploração patenteada e exclusiva de determinado fator de produção, bem como da maior eficiência competitiva de determinado agente em face de seus demais competidores. Trata-se, assim, do monopólio resultante de circunstâncias naturais, através de avanços tecnológicos nos fatores de produção desenvolvidos por determinada empresa, ou nos casos em que esta detém a patente sobre o mesmo (direito marcário, corolário do direito de propriedade industrial, protegido pelo Estado), ou, ainda, em que detém a única fonte de matéria-prima para tanto, ou, ainda, nos casos de impossibilidade física ou jurídica de exploração da atividade por outros agentes (ex.: transporte ferroviário). 
Observe-se que o monopólio natural não é defeso pela Constituição, sendo permitido pelo legislador infraconstitucional, uma vez que não resulta, tampouco provém de práticas abusivas de mercado, conforme se encontra expresso no artigo 36, II, § 1o, da Lei de Proteção da concorrência (12.529/2011), que é expressa ao preceituar que: “A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II”, a saber: “II – dominar mercado relevante de bens ou serviços.”
Monopólio Convencional
Monopólio convencional é o decorrente de práticas abusivas de agentes econômicos, bem como de acordos e contratos estabelecidos por dois ou mais agentes, com o fito de eliminar os demais competidores, colocando aquela atividade sob a exploração exclusiva por parte de um único agente (monopólio) ou de poucos agentes predeterminados (oligopólio). 
Outrossim, o monopólio convencional é igualmente defeso pelo Estado brasileiro, uma vez que, conforme já mencionado, nossa ordem econômica estabelece como princípio a defesa da concorrência, não tolerando o Estado a prática de infração à ordem econômica, bem como de quaisquer condutas consideradas economicamente abusivas pelo Poder Público, a teor das disposições do artigo 173, § 4o, da CRFB, bem como da dicção dos artigos 36 e ss. da Lei n. 12.529/2011.
Monopólio Legal
Monopólio legal é aexclusividade de exploração de atividade econômica estabelecida pelo Poder Público para si ou para terceiros, por meio de edição de atos normativos. Como exemplo histórico, serve a Lei n. 6.538/1978, que instituiu o monopólio das atividades de serviços postais em favor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. 
Há monopólio legal quando o Poder Público subtrai dos particulares certas atividades econômicas, com o fim de mantê-las sob controle e exploração do Estado, por razões de ordem pública (absorção). A atual Carta Política, por considerar principiológica a liberdade de iniciativa, veda, expressamente, ao Estado, por razões lógicas, a assunção exclusiva de qualquer atividade econômica. Em outras palavras, seja por via executiva, legislativa ou judiciária, é defeso ao Estado afastar a iniciativa dos particulares de qualquer atividade econômica, salvo nos casos excepcionados no próprio texto constitucional. 
É de se ressaltar, ainda, que a Constituição veda, por razões igualmente principiológicas, que o Estado crie monopólio para terceiros, uma vez que nossa ordem econômica se funda na defesa da concorrência, como corolário para se garantir a livre-iniciativa. Todavia, cabe ressaltar que não é defeso ao Estado a outorga de privilégios a particulares, como forma de fomento da atividade econômica, desde que seja feito de forma isonômica.
O INSTITUTO DO PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO
PLANO E A POLÍTICA ECONÔMICA 
Planejamento do Setor Público: técnica de intervenção indireta do Estado no domínio econômico. Não é essencial ao procedimento intervencionista (atos de intervenção podem ser praticados independentemente de haver um Planejamento prévio).
Na medida em que o neoliberalismo passou a aceitar a intervenção do Estado no domínio econômico, o Planejamento foi se impondo como a mais completa de todas elas. A ideia de se racionalizar o emprego de meios disponíveis para deles retirar os efeitos mais favoráveis se tornou inerente ao ato de governar (SOUZA, 2005).
O Planejamento, materializado pelo Plano, terá, basicamente, quatro diferentes prismas, quais sejam: político, oferecendo o sentido decisional de adoção; o econômico, constituindo o seu conteúdo básico; o administrativo, que está ligado aos órgãos encarregados de sua elaboração e execução; e o jurídico, que determina o regime de sua concretização, conferindo-lhe aspectos legislativo, executivo e judiciário.
Visto que o Plano é a expressão documental da projeção de uma série de atos de intervencionismo, para se efetivar, o Plano precisa desse suporte legal – trata-se do princípio da legalidade (GRAU, 1978).
Pode o Plano se envolver de diversas tipificações, sendo elas:
 Plano segundo o Sujeito do Ato de Planejar – o Plano elaborado pelo governo pode ter como foco tanto o setor público quanto o setor privado. A Constituição da República, no entanto, define a posição do particular nessa questão, na medida em que define o Planejamento como indicativo para o setor privado.
 Plano segundo a Eficácia da sua Lei no Espaço – o Plano, após ser transformado em lei, pode ter a eficácia nacional, regional, estadual ou municipal.
 Plano segundo sua Elaboração e Aprovação – trata-se do processo pelo qual o Plano passa da condição de peça técnica ao estágio de lei. Pode ser de forma democrática, quando o executivo submete o Plano para aprovação do legislativo, ou autocrática, quando o executivo impõe o Plano.
 Plano segundo o Modo de sua Execução – o Plano pode ser indicativo, contando com uma maior flexibilidade, ou imperativo, sendo dotado de uma maior rigidez.
 Plano segundo a Eficácia de sua Lei no Tempo – trata-se da vigência do Plano. Dessa forma, o Plano pode ser de curto, médio, ou de longo prazo, de acordo com a sua duração prevista.
 Plano segundo o seu Próprio Âmbito – os Planos podem ter diferentes amplitudes, de acordo com os seus temas. Dessa maneira, o Plano pode ser global, quando a sua temática envolve todos os setores da economia, ou pode ser parcial, quando trata de apenas alguns setores.
Determinar a natureza jurídica de um instituto consiste em determinar sua essência para classificá-lo dentro do universo de figuras existentes no Direito. É como se um instituto quisesse saber a qual gênero ele pertence, é a espécie procurando o gênero, é a subespécie procurando a espécie (DINIZ, 2001).
Assim, quando se perquire a natureza jurídica de um instituto, o que se pretende é fixar em que categoria jurídica o mesmo se integra, ou seja, de que gênero aquele instituto é espécie.
Plano é uma lei, porque para a sua elaboração procura-se, cada vez mais, responder às exigências de uma discussão democrática. A participação dos Poderes Executivos e Legislativo, e o processo de construção do Plano evidenciam o caráter legal que o mesmo carrega (FONSECA, 2010).
O Plano tem sua natureza amoldada ao direito, há ainda uma gama de possibilidades sobre qual natureza seria, dentro do ramo jurídico.
De acordo com estudos, pode-se concluir que a natureza jurídica dos Planos não é ponto pacífico dentro da doutrina. Ainda que exista um consenso em visualizar o Plano como uma lei “completa”, no sentido material e formal, nos países socialistas, dentro de economias capitalistas essa posição não é clara. No Brasil, percebe-se que os Planos têm a forma de lei, sendo proposta pelo executivo e aprovada pelo legislativo, seguindo o trâmite jurídico convencional. O que se discute, entretanto, é se materialmente os efeitos produzidos pelo texto legal do Plano econômico têm um caráter jurídico.
A obrigatoriedade da lei é um dos pilares do Estado de Direito, contudo, não é essencial à norma que ela tenha em si uma possibilidade sancionadora, isto é, um viés punitivo para sua não observância.
Contudo, ainda que o Plano não tenha previsto em si uma possibilidade punitiva quanto ao seu não cumprimento, vale lembrar que há outras leis que contemplam a coerção, podendo ser aplicadas como a Lei de Reponsabilidade Fiscal (LC 101), tratando de uma possível improbidade do responsável.
Tratando-se do Planejamento Estatal em economias capitalistas, o que se pode perceber é a obrigatoriedade para o cumprimento do que é proposto nele apenas pelo setor público, ainda assim sem a prescrição, em regra, de uma punição para casos em que ele não seja observado. Para o setor privado, o Plano é usualmente apenas indicativo, primando pela liberdade econômica, que é um dos eixos de uma estrutura de mercado. Ressalta-se ainda que o Plano não é o único instrumento legal utilizado pelo Estado para o planejamento, apesar de ser o principal deles.
A consequência é reconhecer o aspecto misto dos Planos, distinguindo-se uma parte desvestida de obrigatoriedade, traduzidas por exposição e análise do complexo jurídico, social e histórico e outras que implicam em obrigatoriedade de maneira a encerrar para o Estado ou seus órgãos relativamente à sua execução de maneira a permitir aos cidadãos a possibilidade de compelir judicialmente o cumprimento dos Planos, como parte integrante do ordenamento jurídico (QUEIROZ, 1982).
E, na medida em que se insere dentro do ordenamento jurídico, o Plano Econômico adquire a sua essência de normatividade jurídica. Como um documento consistente num conjunto de normas de orientação, de diretrizes e de prioridades, que se antepõem ao Estado na formulação e condução da política econômica, o Plano surge como um fenômeno de linguagem que se destina a intercomunicar os componentes da sociedade com a coordenação almejada dentro do contexto planejador Estatal, orientando os setores público e privado para que suas ações levem ao cenário vislumbrado como ideal para o país, e benéfico para os seus cidadãos (FONSECA, 2010).
No que concerne aos conceitos de Planejamento e de Planificação, ambos estão afeitos diretamente à atuação do Estado, observada a crescente importância da economia no âmbito político e, em consequência, a necessidade de o Estado ingerir-se no processo econômico.
Impõe-se, pois, registrar como fundamental que na coordenação e na interligaçãoentre as esferas das decisões políticas com a área das atividades econômicas realizadas sob a égide do princípio da livre iniciativa, o que se tem é o planejamento, conceito diferente daquele que se refere à planificação da economia, como concebida pelos estados socialistas e que pressupõe a inexistência do mercado.
No tocante às questões de natureza econômica, há certo grau de incerteza, razão pela qual na busca da redução desta e da efetividade das decisões tomadas, dispõe o ordenamento jurídico brasileiro do planejamento como forma de intervenção do Estado no domínio econômico, que visa (ou deve visar) ao desenvolvimento sustentado e integrado dos diferentes níveis de governo – federal, estadual e municipal.
Assim, nota-se não haver, a priori, um consenso no que tange ao Planejamento e sua natureza jurídica, sendo um ponto de divergência na doutrina do Direito Econômico.
O Planejamento é instituto que se modifica completamente de acordo com o regime político a que se aplica. Envolve todo o processo desde a elaboração da 'peça técnica' até a sua transformação em Lei do Plano. 
Por ele, o Estado estabelece suas metas e os meios para as atingir. Destarte dispõe sobre a forma adequada de suplementação da iniciativa privada, bem como a maneira de comando encontrada para a vida econômica do país. Isto é, compõe-se de planos indicativos e imperativos. 
Envolve atos de natureza política, econômica, administrativa e jurídica, podendo constituir-se de planos de longo, médio ou curto prazo; globais ou setoriais. 
A Constituição de 1988 trata do tema em vários de seus dispositivos, determinando que: 
A competência de elaboração e execução de planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social cabe à União (art. 21, IX); 
A instituição de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas poderá ser efetuada pelos Estados, mediante lei complementar (art. 25, § 3º); 
A promoção de ordenamento territorial adequado, mediante planejamento e ocupação do solo urbano compete ao município (art. 30); 
A execução dos planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, caberá a organismos regionais, sobre cuja composição disporá lei complementar (art. 43, § 1º); 
A disposição sobre o plano plurianual, planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento, bem como a apreciação de relatórios sobre a execução dos planos do governo competem ao Congresso Nacional (art. 48 e 49, IX); 
A apreciação de programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento, assim como a emissão de parecer sobre eles compete às comissões do Congresso Nacional e sua Casa (art. 5º, § 2º, VI); 
O controle do cumprimento das metas previstas no plano plurianual e a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União cabe aos três Poderes do Estado, integradamente (art. 74, I); 
A remessa de mensagem e plano de governo, o envio do Plano Plurianual e Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, bem como a entrega de propostas de orçamento ao Congresso Nacional compete privativamente ao Presidente da República (art. 84, XI e XXIII); 
O estabelecimento do plano plurianual e a previsão de despesas decorrentes dos programas nacionais, regionais e setoriais deverão se encontrar dispostos nas leis de iniciativa do Poder Executivo (art. 165, I, § 1º); 
A apreciação dos projetos de lei relativos ao plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, créditos adicionais compete às Casas do Congresso Nacional (art. 166, caput); 
É vedada a execução de programas e projetos não incluídos na lei orçamentária, bem como a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de órgão para outro, sem prévia autorização (art. 167, I e VI); 
A fiscalização, o incentivo e o planejamento da atividade econômica são funções do Estado (art. 174, caput); 
A aprovação de plano diretor pela Câmara Municipal para cidade com mais de 20000 habitantes é obrigatória (art. 182, § 1º); 
A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação dos setores de produção e comercialização (art. 187); 
A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária (art. 188).
O INSTITUTO DA PRODUÇÃO EM DIREITO ECONÔMICO 
O Instituto da Produção em Direito Econômico aplica-se a disciplinar a Política Econômica referente ao ato e ao fato econômico da produção.
A razão pelo qual o Instituto da Produção disciplina a Política Econômica é explicado pelo Método Analítico Substancial, sendo que é necessário que a partir do conhecimento do fato econômico da produção dado pela Ciência Econômica que propicia a partir deste ponto chegar à Política Econômica e a relação que a norma jurídica disciplina no que diz respeito ao sujeito, ao objeto e aos interesses, visando à justiça quando ocorrer qualquer conflito que possa causar dano a sociedade.
O conteúdo econômico da norma do Instituto de Produção, tanto do ato de produzir como do fato de produção e as relações de produção são manifestações que tem natureza econômica, incluindo o elemento de projeção social da produção em que existe o entendimento político que visa à vida social. Tendo em vista esta nova projeção é necessário à aplicação da norma jurídica através do ato e do fato jurídico do Direito Econômico.
Na decomposição do fato de produção encontramos os elementos denominados fatores de produção que a Ciência Econômica analisa são os Recursos Naturais (matéria-prima); Trabalho; Capital (bens de produção, tecnologia e dinheiro) e Organização (empresa).
A ideologia da produção encontra-se disciplinada nos artigos 21, 22, 23 e 24 da CF/88, em seus incisos e parágrafos.
Os elementos Fatores de Produção denominados recursos naturais são fundamentalmente indispensáveis à atividade produtiva do homem, são considerados bens econômicos quando apropriados e transformados, são bens naturais quando se encontram na natureza, que implica a utilização do Direito Econômico, particularmente, no processo produtivo no que diz respeito aos atos e fatos da produção oriunda da Política Econômica.
Estes elementos são disciplinados pelo Constituição e pelas legislações infraconstitucionais relacionada aos Recursos Naturais, por exemplo, o Solo Urbano, o Solo Rural, os Recursos Hídricos, Florestas, Fauna e Flora etc.
O trabalho caracterizado pela participação do homem física e intelectualmente no processo produtivo, mesmo que tenha o auxilio da máquina, da tecnologia, dos animais e dos equipamentos na produção de bens e serviços econômicos, encontra-se como fator de produção disciplinado pelo Direito Econômico e quando diz respeito à relação de emprego e as variáveis que o compõe, utiliza a legislação do Direito do Trabalho oriunda da Consolidação do Direito do Trabalho – CLT.
O capital fator de produção compreendido pelas ferramentas, equipamentos, instalações etc. e, consequentemente, o dinheiro são considerados bem de produção, sendo esse último tratado timidamente pela Constituição brasileira, na atualidade em razão da nova realidade de desenvolvimento e da nova economia, o Brasil vem dando uma abertura ao capital estrangeiro, pela falta de capital interno.
A organização (empresa) vem sendo tratada pela Política Econômica e recebeu atenção e tratamento específico na CF/88, as empresas de pequeno porte, as Micros, Pequenas e Medias Empresas e a criação de órgãos como o Centro de Apoio as Pequenas e Medias Empresas, o Conselho de Desenvolvimento Industrial, a Secretaria de Controle das Empresas Estatais etc.
A Política Econômica da produção encontra-se nas Ordens Jurídicas explicitadas na Lei de Plano Econômico Geral que contém as diretrizes gerais que disciplina a produção e na falta desta a Legislação Ordinária, que visa e objetiva o desenvolvimento nacional.
ELEMENTOS DO INSTITUTO DA PRODUÇÃO (RECURSOS NATURAIS OU MATERIAL-PRIMA; TRABALHO; CAPITAL; ORGANIZAÇÃO)
Este instituto abordaa questão do ato de produzir e do fato produção. Ambos têm natureza econômica. Ao se lhe introduzir o elemento social, passam a assumir feições de política econômica. Finalmente, quando se revestem por uma norma, transformam-se em 'ato' e 'fato' jurídicos de Direito Econômico. 
O fato produção pode ser decomposto nos seguintes 'fatores', os quais constituem o 'processo produtivo', levando ao 'produto', seguindo o Prof. WASHINGTON ALBINO:
. Recursos naturais ou matérias-primas; 
. Trabalho; 
. Capital; 
. Organização. 
	A relação de produção é montada em concordância com a ideologia adotada. De acordo com os fundamentos e princípios desta, estabelecem-se os objetivos e resultados almejados por aquela. 
A 'linha de maior vantagem', ou seja, a melhor medida econômica da produção no sentido de obtenção da mais elevada produtividade é extraída da ideologia constitucional. As decisões, quanto à relação 'custo-benefício', com esta base serão tomadas. 
A política econômica da produção encontra na 'lei do plano econômico geral' suas diretrizes mais amplas. Na falta desta, a legislação ordinária vai regulamentá-la. 
De uma forma ou de outra, buscam-se estabelecer prioridades e linhas de conduta para a composição da estratégia mais conveniente para a obtenção dos resultados traçados. 
Desta maneira, discriminam-se, especificam-se ou criam-se a matéria-prima; a política salarial; subsídios; financiamentos; pólos ou regiões alvo; infra-estrutura a nível de energia, transporte, comunicações; além, claro, de legislação especializada, sistemática e orgânica.
A Constituição de 1988 trata deste tema na medida em que dispõe, em vários de seus artigos, sobre o 'direito de propriedade', suas limitações ou ampliações maiores ou menores, seu uso particular ou público, sua função social. 
A competência para legislar sobre a produção, enquanto matéria do Direito Econômico é concorrente entre União, Estados e Distrito Federal (art. 23, I). 
Em caso de inexistência de lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão competência plena para atender às suas peculiaridades. Trata-se da competência suplementar dos Estados (art. 23, § 3º). 
Aos municípios resta a competência para legislar sobre assunto de interesse local e para suplementar a legislação federal e estadual no que couber (art. 30, I e II). 
Entretanto há matérias sobre as quais a União exerce competência exclusiva, sendo completamente interligadas ao Instituto da Produção e se encontram dispostas no art. 21: 
. A elaboração e execução de planos nacionais e regionais de ordenamento do território e desenvolvimento nacional (inc. IX); 
. O planejamento e a promoção de defesa permanente contra as calamidades públicas (inc. XVIII); 
. A instituição de sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos (inc. XIX). Sobre a legislação de outros elementos componentes deste instituto, a União exerce competência privativa, tais como:
. Águas e energia (art. 22, IV); 
. Jazidas, minas e outros recursos minerais (art. 22, XII); 
. Emigração e imigração (art. 22, XV); 
. Organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício das profissões (art. 22, XVI); 
. Exploração de serviços e instalações nucleares com o monopólio sobre todo o processo produtivo, desde a lavra até a comercialização de minérios nucleares e derivados (art. 22, XXVI), dentre outros. 
 A competência é comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos seguintes temas, integrantes deste instituto e expressos no art. 23: 
. A preservação da floresta, fauna e flora (inc. VII); 
. O fomento da produção agropecuária e a organização do abastecimento alimentar (inc. VIII).

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