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Resumo DPP I - São Tomás de Aquino

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Resumo DPP I – CAPÍTULO IV
 SÃO TOMÁS DE AQUINO E A IDÉIA MEDIEVAL DE ESTADO
Idade Média ( séc. V – XV)
I. Introdução
Segundo Wolkmer os acontecimentos mais significativos que marcaram a origem da Idade Media são a derrocada do Império Romano escravista no séc. V e a ascensão do Cristianismo. Assim, a Idade Media pode ser considerada como o largo período marcado pela: hegemonia cristã; invasão e conquistas dos povos nórdicos; estruturação econômica e social das relações feudais.
Em face dessa circunstância, esse período expressa uma cultura complexa engendrada no pensamento grego, na tradição jurídica romana e na matriz teológica judaica, aglutinando elementos novos advindos das fontes cristãs e germânicas. Marcas do período feudal: complexidade, fragmentação, vários lugares de conhecimento.
A Igreja Cristã, como principal herdeira da civilização romana, não conseguiu evitar o enfraquecimento da instância pública e a fragmentação do poder central. Problema: Com a ascensão do cristianismo o Império Romano não consegue mais proteger as fronteiras devido à imensa extensão territorial imperial, assim, começam a se formar feudos nas cidades mais distantes, onde o Imperador não conseguia chegar sendo difícil manter o Pacto de Fidelidade (pacto entre o Imperador e seus secretários nos feudos).
1. Fatores que ajudam a explicar o fim da Antiguidade e os primórdios da Idade Média:
i) Crise da estrutura administrativa romana – fragmentação do poder central
ii) Formação de um sistema descentralizado, com múltiplas esferas de governo - O poder, que era uno, se fragmenta em vários e estes passam a ter seus poderes estruturados, ou seja, cada secretário vira soberano em seu próprio feudo e eles passam a não dever mais obediência ao Imperador, provocando uma desestruturação social, sendo necessária uma reorganização.
iii) Hierarquia dos privilégios
iv) Laços de fidelidade foram sendo formados
v) Conflitos do poder espiritual e temporal – A Idade Média será marcada pelo conflito : Autorictas (poder espiritual/divino; autoridade moral) X Potestas (poder político humano temporal)
* Isso vai marcar a Doutrina Paulínea e a mudança na política 
2. Doutrina Paulínea (ano 367) – Epístolas de Paulo – Novo Testamento
i) Funda a cultura helênica (com influência estoica) ao judaísmo: PHYSIS torna-se lei de Deus – a partir de agora a dimensão da lei natural terá caráter transcendente. O fundamento não está no mundo e sim em Deus, e são as leis de inspiração divina (transcendentes) que determinam as leis humanas (positivas).
Paradigma Teocêntrico = Deus no centro do paradigma do conhecimento
 X
Paradigma Cosmológico = através da razão você extrai as leis dos cosmos para definir as leis positivas. Nesse caso, a lei natural é lei física, não é transcendente como a divina.
Antes o homem buscava leis no mundo real (no cosmos; cosmológico), mundo em que vive. Com a Doutrina Paulínea, a origem dessas leis será no mundo transcendente, com fundamento em Deus. Assim, as leis de inspiração divina passam a determinar as leis positivas da sociedade, o que dá origem a uma nova filosofia, a Cristã (paradigma teocêntrico).
Cosmológica Teocêntrica (Deus nos deus a razão e com isso funda-se a lei positiva)
(lei natural, 
vem da natureza,
 origina a lei positiva)
ii) Ideia de uma filosofia do Direito Divino: Concepção cristã de governo no qual o poder constituído vem de Deus.
iii) Formula a seguinte tese: “Dar a César o que é de César (IMPERADOR) e a Deus o que é de Deus (PAPA)” – O Imperador cuida das questões humanas e o homem cuida das questões espirituais. Em caso de dúvida, segundo Paulo, cabe ao Papa decidir, unificando o poder em suas mãos, logo o cristão deve obedecer ao que o Papa determina (prevalece o teocêntrico em caso de dúvida sobre a preponderância de um poder sobre outro)
II. O pensamento político de Tomás de Aquino
1. Aspectos gerais: 
Marca fundamental – Teoria da Revelação = Deus revela as verdades para o homem cristão, que é quem traz essas revelações para a política. A fé contribui para entendermos as questões religiosas e consequentemente as políticas.Naturalismo Moderado.
Tomás = Cristianização dos ensinamentos de Aristóteles – O homem realiza sua essência na comunidade e consegue, através da política, resolver os conflitos pelo diálogo.
A razão pagã se consorcia à Teoria da Revelação e a natureza se alia à Graça.
2. Ideia Medieval de Estado:
O poder político, que encontra no Estado, herdeiro da polis, a sua organização e expressão é, segundo o espírito medieval e segundo são Paulo, de instituição divina. Entretanto, esse poder político não é natural, ou seja, não é inerente à natureza humana.
São Boaventura – a dominação política é o estado do homem depois da queda. Em razão do pecado o homem deve obedecer seu semelhante, sendo o próprio governo o castigo. As leis positivas são derivadas do pecado, então deve haver um controle externo e esse controle é o Estado. Para ele, a função repressiva é o remédio.
São Tomás tem uma posição contrária – as leis do poder político devem ser limitadas pelas leis de Deu, as quais lhe darão validade. Assim, as leis positivas são determinadas pelo Estado que por sua vez está limitado às leis de Deus/naturais. Para São Tomás não há essa ideia da política como pecado original, ele tem a visão aristotélica.
i) Justiça:
a) Finalidade do poder político = implantar o reinado da justiça (“Realeza é justiça, tirania é injustiça) – o rei deve ser justo e nomear administradores justos. 
b) Soberano como servo da Justiça – todos os reis devem ser servos da justiça.
c) O soberano responde perante a figura divina, fonte da justiça e do bem – João de Salisbúria, adepto da supremacia pontifícia, tem um ódio violento contra a tirania, fruto da iniquidade. Para ele, se o principe, verdadeiro príncipe, imagem da divindade, deve ser amado, adorado, objeto de culto, o tirano, imagem da perversidade, deve em geral ser executado em nome da justiça. Deus quando não pune com suas próprias mãos, dá ao homem esse direito. Assim sendo, é perante a Deus, imagem e fonte de toda justiça e de todo bem, que o soberano é responsável pelo cumprimento do seu dever primordial de justiça.
O soberano deve seguir os desígnios divinos, se não seguir as leis divinas ele pode estar sujeito à revolta da própria população. Estado = Representante da vontade divina / Política divina= limitadora da política dos homens.
ii) Lei: influência dos povos germânicos
a) Lei = possessão própria (concepção medieval primitiva). Traço distintivo – costume= forma de concretizar a justiça. – semelhante à noção de Politéia. A lei exerce o papel de juiz, através da interpretação do costume. Isso vai originar o Common Law.
b) A Lei-costume que instituía a comunidade - Era a lei que instituía a comunidade e mantinha todos os membros solidariamente unidos, e não ao contrário. O rei não legislava, ou seja, não havia a imposição do rei sobre a vontade da lei (não eram preceitos escritos que traduziam a vontade de um grupo ou indivíduo). Ordenava que sempre se procedesse a interpretação do costume ao qual a comunidade ou povo tinha que dar sua adesão, pois a lei era sua propriedade. O rei dava a lei por intermédio de seus magistrados.
Os conflitos humanos e as formas de regulação da sociedade estavam baseados nos costumes e tradições da sociedade.
c) Costume e Direito Natural - a autoridade da lei-costume, concepção de origem germânica, conciliava-se perfeitamente com a crença geral, herdada do mundo antigo, na realidade do direito natural. O direito era uma força universalmente presente, cujas ramificações se estendiam a todos os aspectos da vida. O costume e o direito natural exerciam uma vigilância conjunta e harmônica sobre as relações sociais.
d) Desenvolvimento da Sociedade Medieval: Lei como expressão de uma vontade consciente – com o desenvolvimento da sociedade medieval e também o renascimento do Direito Romano, as instituições políticase as relações sociais foram adquirindo mais complexidade, fazendo com que os costumes não conseguissem mais contemplar todas as regras, o que vai dar ao rei um pouco mais de autonomia para exprimir sua vontade. Assim, torna-se necessária uma nova concepção, a de que a lei é a expressão de uma vontade consciente, deliberada, que é a vontade da comunidade integral (rei, nobres e a massa). Ainda não se trata da vontade de um poder legislativo que promulga de maneira soberana as normas escritas e que só poderia estar representado pelo rei. Nessa época, a comunidade está acima do rei, que dela faz parte. E a Lei também está acima do Monarca. Princípio: “A Lei faz o rei”.
iii) Contratos e Estatutos: Constituição e limitação do poder real
a) Contrato: pactum subjectionis – a supremacia da Lei e a supremacia da comunidade, concretizavam, de modo natura,l a limitação do poder do rei. Essa limitação era reforçada pela ideia tradicional de contrato entre o rei e a comunidade que afirmava, de forma implícita, a supremacia da comunidade em relação ao rei.
No contexto medieval, o contrato era o pactum subjectionis (pacto de submissão), onde uma comunidade se submetia a tais governantes mediante certas condições. Esse pacto é entre uma autoridade existente, constituída pelo costume/ tradição e as classes populares (relação hierárquica).
b) A importância dos juramentos na lógica contratual da Idade Media - Juramento – é o elo essencial entre os grupos que se superpõem, é onde tudo se fundamenta. O juramento é a subscrição daquilo que o rei se compromete a fazer enquanto rei, os compromissos de governo, e é válida durante todo o reinado. Assim, o uso da autoridade de maneira contrária ao juramento real justifica a deposição do soberano infiel, seja pelos seus súditos, seja pelo papa.
c) Igreja vigilante do cumprimento do contrato de submissão - A Igreja, na figura do Papa, controlava esse pacto (vigiava o cumprimento do contrato de submissão), pelo qual o rei se comprometia a respeitar o costume do lugar e as leis naturais.
Manegold de Lautenbach – Teoria Contratual – se o príncipe desrespeita o pacto se semeia a confusão e a desordem, quando ele deveria instalar o império da ordem e da justiça, desse modo o povo fica liberado do seu juramento de obedecer.
d)A primeira obrigação contratual do rei, juiz e não legislador, era instituir o império da justiça, fazendo com que ela encontre na Lei a sua forma precisa e concreta; é obter que essa lei se conserve acima do rei (concretizar o costume/lei natural = Lei).
e) Além disso, o rei deve respeitar a Lei em relação aos seus súditos. Cada súdito tem jus à aplicação/proteção da lei conforme seu estatuto específico, ou seja, sua categoria social, sua condição particular. Os súditos devem obedecer à lei por sua condição social, pois não existe igualdade formal.
f) Rei nacional: submisso à lei, mas acima individualmente dos particulares – em virtude de sua posição social única, de seu estatuto único na comunidade, o rei não estava obrigado a obedecer à Lei da mesma forma que seus súditos. Era ele inferior à comunidade, à universalidade dos seus súditos, mas superior em seu reino a qualquer pessoa individualmente considerada, sem conhecer outro que o igualasse dentro de suas fronteiras. Estando o rei nacional submetido a uma lei natural, ele não recebia uma sanção imediata (estava isento de força coercitiva), sendo assim, o levante popular era uma tentativa de colocá-lo em seu lugar, caso ele não cumprisse com sua função, já que não estava submetido a nenhuma lei ordinária.
g) Rei Feudal X Rei Nacional 
Rei Feudal – limitado pelos costumes e preceitos do direito natural, pela fiscalização da Igreja, pela multiplicidade dos estatutos particulares assegurados pela Lei. É reconhecido pelo Pacto de Submissão.
Rei Nacional – a razão do rei ultrapassa o costume; ele não está limitado e pode utilizar da sua vontade.
h) Constituição medieval (Mauricio Fioravanti):
Diferentemente da ideia de Politeia (melhor governo), na Idade Media temos uma limitação realista de poder que parte de costumes pré-existentes e não de um ideal. O Rei (autoridades) tinha o poder limitado pela lei natural e por pactos entre senhores feudais que faziam com que a sociedade medieval se organizasse dessa forma fragmentada e possibilitavam a convivência de diferentes esferas de poder. Podemos falar sim de uma Constituição medieval, porém ela não existia enquanto lei ideal (não se pauta na ordem política e moral ideal), ela era reflexo das condições pré-existentes e pactos constitucionais que garantiam esse modo de organização da sociedade (se esses pactos mudassem, mudava também a forma de organização), ou seja, expressava a coexistência, mediante acordos, do poder monárquico com outras instituições representativas das distintas partes da comunidade política.
 
III. Tomismo Político:
São Tomás tenta recuperar o pensamento de Aristóteles – O homem na política não é fruto do pecado original e sim algo que parte de uma lei natural, pois esse poder político é expressão da natureza humana, a qual, para São Tomás (diferentemente de Aristóteles), é fruto da vontade divina. Assim, para ele, a política humana é decorrente da política divina.
i) Teoria do poder :
a) O poder in abstracto : origem divina e natural. Política como domínio da razão natural. Redução à unidade: o poder constitui a comunidade política (não multidão) – o poder in abstracto é o poder em sua essência, como faculdade do homem de comandar o homem. Para São Tomás é de origem e natureza divinas. Este poder é basicamente natural, tem suas raízes na própria natureza do homem. Poder = necessidade natural / Política = domínio da razão natural
b) O poder in concreto : próprio dos homens. Exercício do comando não deriva de Deus, mas da escolha dos homens – esse poder decorre de um puro direito humano. Se um homem exerce um comando legítimo sobre outros homens, isso não se dá em virtude de uma escolha direta e pessoal de Deus e sim de uma designação meramente humana. O poder in concreto pertence a Deus por sem um bem adquirido, porém num sentido amplo que não autoriza falar de direito divino.
b1) Situações de acesso ao poder (designação humana): a sociedade edita/elabora leis para si própria; o povo tem o direito de nomear um rei para si; uma autoridade superior concede ao povo um rei; um povo que não reúne méritos para elaborar suas próprias leis, obedece a um homem por sua capacidade e virtude (concepção platônica, transmitida por Aristóteles, em que virtude é autoridade).
O que não varia é o compromisso recíproco (reflexo na Teoria Contratual da Idade Media) que liga o povo e seus governantes – se o povo se compromete a obedecer, os governantes assumem o compromisso de cumprir com o seu dever e buscar o bem comum.
b2) São Tomás com Aristóteles: o fim do poder é a busca do bem comum (consórcio entre ordem e justiça). Somente o bem comum é soberano, e os governantes tem a expressa incumbência de realizá-lo. A cidade/ Estado é uma associação para o bem viver.
b3) São Tomás em oposição a Aristóteles: o homem tomista tem dois fins, o temporal e o espiritual – para Aristóteles o individuo encontra sua realização integral na Cidade, seu único fim. Já para São Tomás, o homem tem dois fins, e portanto necessita das duas autoridades(Estado – temporal / Igreja – espiritual) reinando sobre a mesma sociedade humana. O fim espiritual, representado pela Igreja (autoridade superior), é a única instância final, logo, tem preponderância.
ii) Teoria das Leis:
a) Supremacia da Lei e primado da razão. “A lei é uma certa regra e medida dos atos.”- São Tomás e Aristóteles : Lei e razão são termos inseparáveis. Regra e medida são encargos da razão (faculdade que ordena com vistas a um fim – Aristóteles). A lei insere-se na ordem da razão; ela supõe uma razão que guia os atos para o fim destes. Assim, a vontade que legisla só tem valor na medida em que é regida pela razão uma ordenação da razão com vistas ao bem comum, estabelecida e promulgadapor aquele a quem compete dirigir a comunidade – Concepção tomista da lei (primado da razão e rejeição do arbitrário de uma vontade)
b) Trinômio legal: hierarquia das leis
Lei eterna = perfeita e justa; não depende do tempo e não tem lacunas, é completa. O homem não compreende porque é injusto, imperfeito e limitado.
A comunidade é o universo, o príncipe é Deus e a lei é a lei eterna (primeira em dignidade e a mais universal), a qual é prescrição da razão divina.
A lei eterna é fonte de toda razão e regra de todo governo em todos os príncipes subordinados a Deus.
Lei natural = O homem, através da razão, consegue extrair alguns fragmentos da lei eterna para elaborar a lei natural (fruto da participação de um ser racional na lei eterna).
Os preceitos da lei natural são os mesmos para todos os homens e todas as épocas, contudo sua aplicação ocorre em condições especiais de espaço e de tempo, daí a necessidade de se criar uma lei humana.
Lei humana = estabelece a melhor forma de especificar a lei natural, a partir da construção cultural de cada povo, e sua aplicação em cada comunidade. Se uma lei humana extrapola/viola a lei natural, ela não é considerada uma lei.
Essa lei humana se impõe pelo temor ao castigo, à força de coerção exercida pelo Estado, à qual a lei natural não precisa recorrer.
Para São Tomás (fiel a Platão e Aristóteles nessa concepção), a lei humana não deve ser mudada sempre que surja algo mais perfeito, pois qualquer mudança enfraquece o poder do costume e diminui a força coerciva da norma. Assim é preferível ater-se ao que existe a não ser em casos excepcionais.
c) Lei divina positiva: é a lei revelada, oferecida pela graça de Deus, absolutamente gratuita, que não pode ser explicada apenas pela razão humana (expressa por escrituras sagradas - Antigo e Novo Testamentos). Ela deriva igualmente da lei eterna, fonte e origem comuns. Para São Tomás ela é também necessária para governar a vida humana (fim último sobrenatural).
iii) Teoria da Resistência: 
a) Repúdio à arbitrariedade, injustiça e tirania. Abandonar a busca ao bem comum importa em transgredir a lei natural.
Tiraniaregime injustobusca no poder o interesse próprio e não do bem comum, ação através da autoridade pública. 
b) Leis podem ser injustas em relação ao bem humano ou injustas em relação ao bem divino.
c) Derrubar o regime quando este não atinge seus fins não é sedição, a menos que os súditos venham a sofrer mais com a desordem que se instalará do que com o próprio regime tirânico.
Discussão sobre qual o momento de agir contra esse governo deturpado. Conflito entre o perigo de um governo tirânico ou particulares interessados no poder.
Conclusão: agir por meio de uma autoridade pública.
Se o rei viola o bem humano, isso causaria injustiça, porém a falta não é tão grave. Agora, se ele viola o bem divino de maneira grave que justifique a desordem, poderiam tirá-lo do poder. Se o povo estiver maduro, coloca-se outro rei no lugar, se não estiver, recorre-se à autoridade maior, que seria o Papa. Se não, Deus irá dar o caminho.
iv) Melhor Governo:
a) Conflito de acepções na obra Suma teológica e na De Regno

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