Buscar

Questões para Análise do filme Bicho de 7 Cabeças

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

ANÁLISE DO FILME “BICHO DE 7 CABEÇAS”
Gabriela Keller S. Nascimento, Patrícia de Abreu Gonçalves - Período Matutino 
- 5 semestre UNISANTOS
Correlacionando o filme Bicho de 7 Cabeças com o conteúdo teórico dos textos 
O que é Loucura e Cura e Poder em Foucault, analise as questões abaixo, 
justificando sua análise em todas elas:
1-A relação entre o que aconteceu com o protagonista e o processo de 
definição e estigmatização da loucura ao longo da história.
 O protagonista, é submetido a intervenções médicas, a tratamentos que 
segundo o pai alteraria a sua personalidade agressiva, e seus comportamentos 
inapropriados. Assim estaria então curado, estaria “nos eixos”. Ele assim como 
vários outros indivíduos que não se encaixam nos padrões normativos sofrem 
prejuízos no âmbito familiar, em suas relações sociais, de trabalho e vida diária. 
Tais padrões normativos são também oriundos de estudos do corpo humano, a 
nível biológico, onde determinadas funções são coerentes a cada órgão, 
estrutura, simetria, tais quais resultantes de funcionalidade. Assim, herdamos a 
concepção do corpo perfeito, ereto, válido. Tudo se encaixa na definição de 
loucura. O homem também aprendeu que a mente está presente no corpo, e 
passa então a associar a tais padrões de funcionalidade. Se baseia na 
funcionalidade das massas, do homem operante e que não foi ensinado ao 
olhar subjetivo. 
 A estigmatização da loucura dá-se então ao fato de ser negativo o homem 
que não produz, que é desviante, que seus pensamentos e compreensões não 
pertence ao grupo das massas. Trás a tona as questões morais, os valores de 
uma determinada sociedade. Tal essa a nossa sociedade Brasileira, que é 
liderada por uma visão mecanicista, do homem máquina, do homem voltado å 
produção, o homem para o trabalho. 
 O pai, no filme, mostra o reflexo dessa sociedade, que herda culturalmente 
uma concepção de indivíduo “normal”. E o protagonista mostra as 
consequências do estigma, o isolamento social, repulsa da sociedade, 
incompreensão, digno de pena, incapaz. 
“Em suma, numa sociedade que tem horror ao diferente, que reprime a 
diversidade do real à uniformidade da ordem racional-cientifica, que funciona 
pelo princípio da equivalência não abstrata, a loucura é uma ameaça sempre 
presente. (…) “O louco é excluído porque insiste no direito a singularidade e 
portanto a interioridade”; “ (Cap: 4, Pag. 96 - Livro “O que é loucura) 
2- As relações de poder presentes na dinâmica familiar, considerando 
todos os membros da família, e como estas determinaram o processo de 
psiquiatrização vivido por ele.
 Em nossa sociedade patriarcal, as relações de poder são todas vinculadas ao 
homem. No filme está claro que dentro da família o pai tem o controle, é 
soberano perante sua mulher e filhos. 
 Na hierarquia da família, a mulher, mãe, está subordinada as decisões do pai, 
do rei, e a ela resta a função de subordinada, além de frágil. A irmã, mais velha, 
demonstra estar disciplinada, (“A disciplina fabrica assim corpos submissos e 
exercitados, corpos “dóceis”) a partir do senso comum da visão do pai. Ela tem 
um emprego, e foi educada a não reivindicar, tanto quanto sua mãe. 
 No processo de psiquiatrização, o pai como rei, impõe aos súditos sua 
opinião, ele manipula as situações para que os seus valores sejam mantidos. 
Leva o filho a um hospital psiquiátrico, a filha o auxilia quanto a uma vaga 
disponível, e ele vai só, pois como citado no texto Cura e Poder, os súditos 
disciplinados revelam mudez, e só quem tem a voz é o pai. Ele afirma que o 
filho necessita da internação, pois seu comportamento é desviante, além do 
seu uso de maconha; que ele coloca como vício principal relatando ao filho a 
necessidade extrema de internação, que no caso é compulsória. 
 Neste filme o processo de psiquiatrização é visto através da rigidez do pai, na 
sua tentativa de adestramento, como o próprio que já foi adestrado 
anteriormente, é um processo contínuo do poder dos corpos. O homem é 
submisso ao poder e a adequação moral. 
3- As relações de poder presentes na dinâmica institucional e no 
processo de cura utilizado nos hospitais psiquiátricos onde o 
protagonista foi atendido e como estas determinaram sua vivência de 
institucionalização. 
 Nas instituições as relações de poder são claras, separatistas a partir dos 
cargos determinados a cada indivíduo. Quem lidera em geral tem um cargo de 
diretor, e está no topo hierárquico da manutenção das funções. 
 No hospital psiquiátrico do filme, um médico psiquiatra se destaca em seu 
papel de líder, ele lidera a outros psiquiatras, lidera a classe dos enfermeiros, 
lidera a família dos pacientes, lidera os pacientes, faz a interlocução entre 
todos, de acordo com o seu discurso principal. O médico então é o poder 
supremo, por isso o “louco" se vê objeto do poder médico. 
 No filme, a instituição visa o lucro financeiro assim como as relações de 
objetividade (independente das preferências individuais) e o processo de cura é 
tratado com negligencia, colocando o interno como cadáver, em estado 
vegetativo. Como citado no texto, a cura e o tratamento são realizados sem 
nenhuma referência a um diagnóstico. 
 O médico, assim como o pai, tratam a loucura como necessidade de retenção 
à liberdade, aprisionamento, e não só aprisionamento do corpo mas como dos 
pensamentos, da subjetividade. A instituição então promove o poder de 
disciplina, através do uso contínuo de medicamentos e choques elétricos. 
“Primeiro, o libertado vai saldar a sua dívida pela obediência, pela submissão 
de sua vontade à vontade do médico e, segundo, pela própria sujeição a que 
se submete voluntariamente à disciplina contida no poder médico, “o próprio 
jogo dessa disciplina e nada mais que a sua força vão fazer o doente curar-
se” (FOUCAULT, 2006, p. 36).
4- As consequências do processo de internações psiquiátricas vivenciado 
pelo protagonista em sua identidade, em sua escolarização, em suas 
relações sociais e em sua inserção na família e na sociedade. 
As consequências foram inúmeras e irreversíveis. O protagonista já vivia em 
com dificuldades de adaptação e encaixe social. Após a internação e a privação 
de sua liberdade totalidade, a sintomatologia progrediu, ele passou a sofrer 
com distúrbios emocionais graves, além de distúrbios de motricidade e 
cognição, como depressão maior, chorando compulsivamente; assim como 
incapacidade de raciocínio, distúrbios alimentares, apatia, falta de interesse no 
convívio com os demais, etc. Não conseguindo mais se adaptar as atividades 
de cunho intelectual, e sua relação com a família tornou-se superficial, assim 
como todas as relações. 
A sua identidade tornou-se confusa, obtendo características psicóticas, devido 
ao trauma sofrido, ele já não se reconhecia, perdendo a vontade e desligando-
se gradativamente de sua consciência.

Continue navegando