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RESENHA A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

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Universidade do Estado da Bahia - UNEB
Departamento de Educação – DEDC – I
Curso de Ciências Sociais
Disciplina: Sociologia Clássica
Professora: Drª. Sueli Mota
Alunas (os): Deise Gabriela, Jaime Roque, Jarrian Cunha, Laís Alves, Lorena Santana, Simone Alves
RESENHA
SALVADOR
2018
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Coleção A Obra Prima de Cada Autor. 4. Ed. Editora Martin Claret Ltda. 2009.
A obra A ética protestante e o espírito do capitalismo, do sociólogo Max Weber, foi publicada em primeira mão entre os anos 1904 e 1905 em forma de dois artigos, na Alemanha. Em especial, a edição trabalhada por nós, a quarta, traduzida por Pietro Nassetti, pela Editora Martin Claret na Coleção A Obra Prima de Cada Autor, sexta reimpressão em 2009, traz uma análise do educador e escritor Sílvio L. Santana sobre a obra e sua importância no Brasil, escolhido como o melhor livro do século XX pela Folha de São Paulo em 1997. Sílvio L. Santana apresenta dados importantes sobre a vida de Max Weber, um dos sociólogos mais importantes para se entender a sociedade no mundo moderno como, por exemplo, que ele foi criado em um meio jurídico e protestante por parte do pai e da mãe, respectivamente, se tornando, entre profissões como teólogo e economista, também um jurídico. Entrou para a faculdade de Direito aos 18 anos e defendeu sua tese de doutorado em 1889, vindo a falecer em 1920, aos 54 anos.
	Em sua pesquisa de campo sobre o capitalismo, Weber procurou apresentar, logo no capítulo inicial, uma alternativa à de Karl Marx, que segue o viés econômico, sendo o seu viés, cultural, especificamente, religioso. Ele observou que em países como Inglaterra, Holanda, Suíça e Estados Unidos e até mesmo a própria Alemanha, o enriquecimento das pessoas e o fortalecimento das empresas se davam, excepcionalmente, pela sua confissão religiosa ser protestante. Por quê? Porque ele pôde constatar que essas pessoas tinham uma conduta de vida mais conservadora e nada extravagante. Uma ética. Ética esta que se baseava na doutrina de João Calvino, o calvinismo, que tinha como base a salvação através da predestinação, ou seja, a pessoa escolhida a ser salva já estava predestinada, ainda que não se convertesse ao cristianismo nos primeiros anos da vida, mas em algum momento isso aconteceria, pois já estava predestinado e esse tipo ideal de pessoa a ser salva, é também o tipo ideal do capitalismo, pois através de suas condutas, acumularia riquezas e não usufruiria de extravagâncias e coisas supérfluas, estando assim, mais perto de Deus e detendo o poder do capital. Com isso, Weber observou também que as pessoas de confissão católica preparavam os seus filhos para o pensamento humanitário, como faculdades de Filosofia, Teologia, sendo mais ociosos e se preocupando mais com o dormir bem, já os protestantes preparavam os seus para cursos técnicos de rápido retorno e rápida mobilidade de liderança, ocupando altos cargos nas fábricas e chefiando grandes empresas, sendo eles os mais puros em suas condutas e por conta do puritanismo calvinista que seguiam, seriam mais poupadores e responsáveis com o dinheiro e por isso, os mais bem sucedidos.
Este segundo capítulo da obra mostra que não se pode prender como espírito capitalista somente aquilo que está em nosso entendimento, pois é necessário fazer tal análise com realidades e ideias concretas. É feita uma observação sobre tempo, dinheiro e crédito. As palavras do autor descrevem que dinheiro gera dinheiro, quem estraga uma nota de cinquenta libras assassina tudo que dela pode vir, faz referência ao bom pagador e o coloca como senhor da bolsa alheia, subscreve àquele que tem crédito, uma vez que honra com compromissos. É citado o aumento de crédito vindo através do esforço e da vontade de alcançar os objetivos, além de mencionar a necessidade de conter pequenos gastos desnecessários que podem trazer uma lacuna no futuro. Então, ao descrever o pensamento de Benjamin Franklin, o faz citando que a honestidade é útil porque traz crédito, que vem pela pontualidade, presteza e frugalidade. Ainda de acordo com Franklin “o ganho de dinheiro na maneira legal é o resultado e a expressão da habilidade na profissão”.
O tradicionalismo, estilo de vida regido por normas e costumes folheados à ética, foi um adversário para o espírito do capitalismo. Por tradicionalismo pode-se compreender, de acordo com o autor, o estilo de trabalho do ser humano que não quer por natureza ganhar dinheiro e sempre mais dinheiro, mas simplesmente viver de modo como está habituado. O capitalismo moderno incrementa a produtividade de trabalho humano pelo aumento da sua intensidade. É ressaltado que essa guinada de um novo modelo de vida não veio de amadores, mas de quem tinha conhecimento e visão, os burgueses, que desenvolveram a capacidade de se livrar da tradição herdade, uma espécie de iluminismo liberal. Na era capitalista o ser humano existe para o seu negócio, a sensação de poder e o fato de possuir mais é quem dita o seu papel. Ao se referir ao tipo ideal de empresário o cita como uma figura que se esquiva a ostentação e despesas inúteis como o gozo consciente do seu poder. Weber sinaliza que essa nova ordem não precisa mais ser apoiada no aval da força religiosa uma vez que, o estado regulamenta essa economia. 
É importante dizer que essa entrada e ruptura do capitalismo para com o tradicionalismo não foram pacíficas. Houve muita desconfiança, ódio, indignação moral. Nos dias atuais é possível recrutar com mais facilidade trabalhadores, mas no passado essa era uma missão difícil. 
Neste terceiro capítulo da obra, Weber busca a raiz do sistema capitalista no conceito protestante de vocação. Em suas próprias palavras, “Não há dúvida de que já na palavra alemã “Beruf” e, quem sabe, ainda mais, na palavra inglesa “calling”, existe uma conotação religiosa – a de tarefa ordenada, ou pelo menos sugerida por Deus”. A palavra profissão carrega a ideia de uma missão imposta por Deus, e com isso todos os povos protestantes adotaram seu significado atual, no sentido de vocação, dever, ofício, no sentido puramente profano. Este tipo de vocação como ideia é nova e produto da Reforma. Nem na Antiguidade, nem na Idade Média a ideia de trabalho implicava uma profissão. É novo seu conteúdo de conduta moral como sentimento de um dever no cumprimento da tarefa profissional no mundo. Como consequência,  o sentido sagrado do trabalho é que origem ao conceito ético-religioso de profissão.
Em Lutero, este conceito se desenvolve durante os primeiros dez anos de sua atividade reformadora. Em princípio, seguindo a tradição medieval representada por São Tomás de Aquino, estimava que o trabalho no mundo, quando desejado por Deus, pertence à ordem da matéria sendo como um fundamento natural indispensável da vida religiosa, não suscetível de valoração ética. Para ele é evidente que somente a vida contemplativa carece de valor para justificar-se perante Deus, por isso é necessário submeter-se ao cumprimento de deveres que se precisa cumprir no mundo. Surge assim o juízo do trabalho profissional como manifestação palpável de amor ao próximo, onde o cumprimento das tarefas é o único caminho para satisfazer a Deus e isso ocorre porque assim Deus quer.
No capítulo quatro, Weber aponta a relação conflitante entre a vida material e cristianismo que foi um dos principais aspectos problemáticos da formação dos movimentos de base luterana. O pensamento luterano não concordava com a venda de indulgências ou da prática da simonia que seria; o comércio de relíquias sagradas. Para Lutero, somente a graça de Deus por meio da fé conduziria o homem a uma redenção. 
O conceito de Ascetismo tem por definição a abstenção de prazeres mundanos. Trata-se de uma doutrina que tem como principal base à fé, a disciplina e o autocontrole corpo-espírito. Através do ascetismo o indivíduo evolui espiritualmente em sociedade. 
É possível identificar em diversas seitasprotestantes, uma tendência para a racionalização das condutas dos fiéis. Segundo Weber, foram fundamentais para a transformação das práticas econômicas e estruturais das sociedades modernas:
Calvinismo:
A relação material foi reinterpretada pelo Calvinismo. Para Weber, as regiões onde se ascende o calvinismo: EUA, Inglaterra, Suíça e Holanda, seriam bons exemplos dessas relações. A conduta calvinista é desenvolvida do capitalismo, em que tais práticas conduzem para um sistema econômico de mercado capitalista; as práticas seriam: a poupança, o uso racional do dinheiro, a valorização do trabalho e a doutrina da predestinação. Cada vida estaria predestinada por Deus, mas em todos seriam salvos por ele. 
Pietismo:
Consiste na reforma da Igreja Moderna. O movimento pietista ocorre dentro das bases da Igreja Luterana, se configurando como um reavivamento – calor do fogo de Deus no coração da Alemanha. O movimento pietista ocorre em duas frentes: com Jacob Spener e Nikolaus Von Zinzendorf. Spener era um pastor da Igreja Luterana e tinha críticas contundentes. O que a parece mais forte com as ideias iluministas. 
Metodismo:
Teve como percussor John Weley, um teólogo britânico que surge como “o portador da luz de Deus”, sobre conflitos religiosos com a Igreja Anglicana – era difícil diferenciar os praticantes da religião anglicana com o paganismo - em que todos os ensinamentos de Lutero tinham-se perdido. Wesley resgata com o movimento metodista a doutrinação pela fé ensinada por Lutero.
Movimento Batista:
Surge com o apoio dos reformadores no século XVI e XVII. Existem duas falsas teorias sobre a existência dos Batistas: 
1 – alguns estudiosos passaram a considerar a tese de que os batistas vieram diretamente de João batista. Tal afirmação tinha como propósito provar a antiguidade histórica dos Batistas.
2 – outros afirmam que os Batistas procederam aos Anabatistas, apenas deixando de usar o prefixo “ANA”. Os Anabatistas são considerados a ala mais radical da Reforma Protestante. 
A Igreja Anglicana foi liderança religiosa, na época que não era católico e nem anglicano e considerado um separatista, logo estes eram perseguidos. 
Os primeiros Batistas foram John Smith e Thomas Helwys, em 1609, ambos se fundaram uma igreja com doutrinas Batistas. A simbologia da nova seita era o batismo que antes era por aspersão (borrifamento) com o aprofundamento dos estudos da Bíblia, entenderam que o batismo deveria ser por imersão. 
	No quinto e último capítulo, Weber lança mão do protestantismo ascético e dá ênfase a uma discussão racional sobre a riqueza na religião protestante. Ele observa que a riqueza pode produzir o perigo do relaxamento e, por isso, o “descanso eterno” deve ser deixado para o outro mundo. Ele também observa que a jornada de trabalho deve ser diária para ricos e pobres preservando o precioso tempo. Ainda de acordo com suas percepções, a racionalização do trabalho é a finalidade da vida e previne as tentações. 
Segundo Weber, em algumas religiões do ocidente, existe uma luta para impor domínio econômico, político e religioso caracterizando, assim, a racionalização do comportamental dos fiéis. As restrições à riqueza levam o crente a investir de forma racional o seu capital; pois o trabalho, um instrumento de ascese, tornou-se um meio seguro de preservar a racionalização da fé e a mais poderosa expressão do espírito do capitalismo. Em algumas seitas ocidentais, por exemplo, estabeleceu-se um conjunto de valores conducentes à racionalização das condutas dos fiéis, traçando uma linha de pensamento, as restrições à riqueza mencionadas no segundo parágrafo levaram o crente a investir de forma racional o seu capital, pois o trabalho, um instrumento de ascese, tornou-se um meio seguro de preservar a racionalização da fé e a mais poderosa expressão do espírito do capitalismo. Weber considerou este um fenômeno fundamental para a transformação das práticas econômicas e para a constituição da estrutura das sociedades modernas. 
Weber faz uma referência à necessidade de se questionar a unilateralidade da tese materialista, complementando-a com outras vias de interpretação. E conclui: “Sempre que a direção da totalidade do modo de vida foi racionalizada metodicamente, ela foi profundamente determinada por valores últimos” religiosamente condicionados. 
O autor também explica o predomínio de concepções e práticas econômicas racionalizadas nas sociedades ocidentais. A autonomia religiosa é uma hipótese para que se avaliar o aumento das doutrinas e dos sistemas religiosos a partir do desenvolvimento de sua área de atuação. Portanto, não há elementos materiais ou psicológicos que sejam determinantes desse processo, pois as relações entre os diversos agentes religiosos são o fundamento principal nessa área. No caso de algumas seitas protestantes, as tensões entre os campos econômico e religioso são superadas e podemos dizer que a afinidade eletiva (semelhanças) entre os elementos dominantes em cada um deles reforça o desenvolvimento da ética ascética e do capitalismo enquanto uma forma de orientar a ação econômica.

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