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TEORIA GERAL DAS PENAS

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Caso do gestor falecido:
vício insanável implica exclusão
de multa aplicada*
1 Ver parecer em sentido contrário publicado na 3a
edição da Revista de 2011.
EMENTA: AGRAVO — MINISTÉRIO PÚBLICO — PROCESSO ADMINISTRATIVO — FALECIMENTO DO
RESPONSÁVEL ANTES DA PROLAÇÃO DA SENTENÇA — EXCLUSÃO DA MULTA APLICADA E EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE — INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA ADMINISTRATIVA — VÍCIO INSANÁVEL —
NULIDADE DA DECISÃO — IMPOSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DA COBRANÇA DA MULTA SOBRE HERDEIROS
— PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE DA PENA — MANUTENÇÃO DA DECISÃO
AGRAVO N. 862.418
RELATOR: CONSELHEIRO MAURI TORRES
RELATÓRIO
Versa o processo sobre recurso de agravo interposto pela Procuradora do Ministério
Público de Contas, Sra. Maria Cecília Borges, em face da decisão proferida na Sessão da
Segunda Câmara do dia 22/09/2011, a fls. 378-379, nos autos do Processo Administrativo
n. 723.847, que extinguiu a multa aplicada ao Sr. José Benedito Rennó, Prefeito Municipal
de Sapucaí Mirim no exercício de 2004, em razão de seu falecimento e consequente
extinção da punibilidade.
Em suas razões, a agravante rechaçou a decisão supramencionada argumentando a sua
nulidade por ofensa à coisa julgada administrativa e, pelo princípio da eventualidade,
sustentando a tese de que a multa deve ser cobrada dos sucessores do gestor falecido.
Nesse sentido, pugna pelo recebimento do recurso de agravo, para que seja declarada a
nulidade da decisão recorrida e, alternativamente, para que seja reformada a decisão, com
a manutenção da multa e continuação da execução dos sucessores.
É o relatório, em síntese.
A aplicação de multa sem conhecimento da morte do gestor responsável é considerada nula, ainda
que a ciência do óbito se dê após o trânsito em julgado da decisão condenatória, por se tratar de
vício insanável.
No caso de extinção da punibilidade do gestor falecido, é inviável a execução do título executivo
extrajudicial e consequentemente a cobrança da multa aos herdeiros.
Multa tem natureza jurídica de penalidade e é, portanto, intuitu personae, não sendo transmissível
aos sucessores do apenado falecido (art. 5º, XLV, CF/88).
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PRELIMINAR
Preliminarmente, conheço do presente recurso por restarem preenchidos os pressupostos de
sua admissibilidade, tendo em vista a legitimidade da parte, consoante art. 325, inciso III,
do Regimento Interno desta Corte (RITCEMG); a tempestividade do recurso, interposto em
30/09/2011, cujo prazo se iniciou em 22/09/2011, conforme art. 338 do RITCEMG; e que o
agravo é o recurso cabível, nos termos do art. 337 do RITCEMG.
MÉRITO
1 Da nulidade da decisão atacada
Em sede recursal a agravante sustenta que a decisão recorrida deve ser considerada
nula por ter determinado, mesmo após o trânsito em julgado da decisão que aplicou a
penalidade, a exclusão da multa imputada ao falecido ex-gestor José Benedito Rennó,
alterando o mérito do primeiro voto, proferido em 30 de junho de 2010, nos autos do
processo administrativo n. 723.847, o que ofenderia o devido processo legal e violaria o
princípio da segurança jurídica.
A agravante entende que o caso dos autos não se enquadraria em uma das hipóteses elencadas
no art. 463 do Código de Processo Civil (CPC), haja vista que não havia inexatidão material
ou erro de cálculo capaz de ensejar a alteração da decisão que aplicou a multa. Em razão
disso, conclui ter havido ofensa à coisa julgada administrativa no presente caso.
Reforçando o seu entendimento a agravante cita o acórdão do Superior Tribunal de Justiça,
datado de 2007, e a doutrina de Alexandre Freitas Câmara, os quais estabelecem que
somente na hipótese excepcional de erro material é que a decisão poderia ser alterada sem
ofensa à coisa julgada.
Análise
Examinado os argumentos apresentados, constata-se que não assiste razão à agravante pelos
fundamentos que passo a expor.
Antes de adentrar o mérito, cumpre informar que, em que pese o falecimento do
responsável ter ocorrido em 11/01/2009, data anterior à decisão proferida nos autos do
Processo Administrativo n. 723.847, a certidão de óbito a fls. 382 só foi acostada aos autos
em 03/08/2011, data posterior ao proferimento da decisão a fls. 378-379 que imputou multa
ao responsável.
Assim, considerando que no caso dos presentes autos a morte do responsável ocorreu em
data anterior à prolação da decisão condenatória, a multa que lhe foi aplicada não poderia
subsistir, tendo em vista a extinção da punibilidade. Por essa razão, a obrigação de efetuar
o pagamento da multa não foi validamente constituída.
Cabe ressaltar que, ainda que a morte tivesse ocorrido após a condenação válida do gestor
responsável, entendo que a multa também não poderia ser transferida aos seus sucessores,
ante o seu caráter personalíssimo, conforme prescreve o inciso XLV do art. 5º da Constituição
Federal, o qual é perfeitamente aplicável no âmbito da Corte de Contas mineira conforme
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determinação expressa no inciso VIII do art. 2º da Resolução n. 12/2008, que estabelece
“sujeitam-se à jurisdição do Tribunal os sucessores dos administradores e responsáveis
a que se refere este artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos
do inciso XLV do art. 5º da Constituição da República” (grifo nosso), o que será mais
detidamente analisado no item 2 deste voto.
Nessa esteira, retomando o exame do presente caso, com a extinção da pessoa física, esta
deixa de ser sujeito de direitos e obrigações no mundo jurídico. Isso impede a imposição
válida da pena de multa ao gestor falecido, por restar configurada hipótese de extinção
da punibilidade, inviabilizando a execução do título executivo extrajudicial eventualmente
constituído em decorrência da penalidade aplicada sem a ciência da morte, tendo em vista
que o título é causal e perde seu objeto com a declaração superveniente da nulidade da
multa. Desse modo, também se revela inviável a cobrança da multa dos herdeiros, conforme
requer a agravante.
Destaca-se que, tendo em vista que a ciência do óbito ocorreu em momento posterior
à decisão condenatória, não há que se falar, nesse caso, em erro material, mas sim em
nulidade absoluta da multa, pois foi aplicada a uma pessoa já falecida que não era mais
sujeito de direitos e obrigações. Dessa forma, considerando que a obrigação de pagar a
multa não chegou sequer a ser constituída, configura, data venia, verdadeira teratologia
jurídica a pretensão da agravante de executar a penalidade em face dos sucessores do Sr.
José Benedito Rennó.
Importa notar que a decisão condenatória só poderia ser alterada com base no erro material
caso já estivesse acostada aos autos a notícia do falecimento do gestor e, não obstante,
tivesse sido aplicada a pena de multa a este. Exatamente por não ter restado delineada
a hipótese de erro material do art. 463 do CPC no presente caso, promovi, de ofício, a
alteração da decisão baseado no disposto no art. 172 da Resolução n. 12/2008.
Assim, ainda que no caso em tela tenha ocorrido o trânsito em julgado da decisão
condenatória, não há que se falar em ofensa ao princípio da coisa julgada, uma vez que,
constatado um vício insanável, é imperioso o reconhecimento de ofício e a qualquer tempo
da nulidade da multa aplicada, conforme preceitua o art. 172 da Resolução n. 12/2008.
Senão vejamos:
Art. 172. O Tribunal ou o Relator, observada a respectiva competência, declarará a
nulidade de ofício, se absoluta, ou por provocação da parte ou do Ministério Público
junto ao Tribunal em qualquercaso. (grifo nosso).
Por essa razão, no intuito de sanar o vício de nulidade absoluta que maculava a decisão que,
por desconhecimento acerca do óbito, determinou a aplicação de multa ao gestor falecido,
promovi de ofício a alteração da decisão transitada em julgado, por meio da prolação de uma
nova decisão, determinando, em decorrência do evento morte, a exclusão da penalidade
aplicada, consoante se verifica do trecho abaixo transcrito:
Entretanto, antes do recolhimento da multa, veio aos autos a informação sobre
o falecimento do Sr. José Benedito Rennó, conforme Expediente n. 232/2011, da
Coordenadoria de Débito e Multa.
À vista dos fatos, considerando que o art. 107, inciso I, do Código Penal trata da extinção
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da punibilidade pela morte do agente e que o art. 5º, inciso XLV, da Constituição Federal
estabelece que a pena não passará da pessoa do réu, e considerando, também, que os
documentos constantes dos autos não contêm indícios de danos ao erário, VOTO pela
extinção da multa aplicada ao Sr. José Benedito Rennó, ex-Prefeito Municipal de Sapucaí
Miriam, no exercício de 2004, e o prosseguimento do feito em relação ao Sr. Geraldo
Reginaldo Caovila, para o devido cumprimento da decisão proferida.
Nesse sentido também é a tese defendida no Acórdão n. 4.035/2010 de lavra do TCU
de relatoria do Min. Benjamim Zymler que, em caso semelhante ao dos presentes
autos, tratou de condenação imposta a gestor cujo óbito ocorreu após a citação, mas
anteriormente à data da decisão condenatória, reconhecendo a nulidade absoluta da
multa imputada ao falecido e determinando sua exclusão do julgado, o que se afere do
seguinte trecho da decisão:
Quanto à multa, ante seu caráter personalíssimo, ela não se transfere aos sucessores
do responsável falecido, quando a morte ocorre em data anterior à prolação do
acórdão, tratando-se de causa de extinção da punibilidade, conforme prescreve
o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal (Acórdãos n. 49/2000 e 34/2001, do
Plenário, e Acórdãos n. 92/1999, 12/2002, 1.910/2004 e 844/2006, da Segunda Câmara).
[...]
Diante da nulidade absoluta relativa à imposição de multa a gestor falecido, entendo
aplicável ao caso vertente o disposto no art. 174 do RI/TCU2, promovendo-se a revisão
de ofício do item 9.2 do Acórdão n. 1.116/2008. Assim, como já foi constatado que o
gestor faleceu antes do julgamento e, portanto, será realizada nova notificação (agora
destinada ao espólio), seria de todo oportuno que a nulidade atinente à multa seja
reconhecida, desde logo, com a sua exclusão antes da notificação, sem que referida
invalidade precise ser suscitada apenas quando da execução judicial do julgado. (grifo
nosso).
Adotando a mesma linha do Tribunal de Contas da União, destaca-se a recente decisão deste
Tribunal de Contas proferida na sessão do Tribunal Pleno do dia 03/02/2010, quando da
apreciação do Recurso de Revisão n. 701.637, da Relatoria do Conselheiro Eduardo Carone,
interposto em face da decisão que aplicou multa a gestor já falecido:
Acordam ainda os Srs. Conselheiros em desconstituir a multa, no valor de R$300,00
(trezentos reais), aplicada ao Sr. Alexandre Mansur Almeida Metzker, falecido em
14/04/01, conforme certidão de óbito acostada a fls. 157, considerando que, a teor
do disposto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal, nenhuma pena poderá passar da
pessoa do condenado. (grifo nosso).
Destarte, verifica-se que, ao contrário do que afirma a agravante, a decisão acertadamente
promoveu a restauração do devido processo legal na medida em que reconheceu a extinção da
punibilidade de um dos responsáveis, em decorrência de seu falecimento. Assim, constatada
a nulidade de apenas parte da decisão condenatória, sanou-se o vício e prossegui-se o feito
com relação ao outro responsável.
Diante do acima exposto, entendo que não assiste razão à agravante no que se refere
à alegação de que a decisão recorrida ofendeu o princípio da coisa julgada, motivo
pelo qual mantenho o meu posicionamento acerca da exclusão da multa aplicada ao
gestor falecido, uma vez que a decisão combatida observou rigorosamente o princípio
do devido processo legal.
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2 Do embasamento jurídico que enseja a reforma da decisão emitida pela
2ª Câmara
Em eventual superação do argumento exposto acima, a agravante aduz que o falecimento
do gestor, mesmo antes da decisão de mérito, não poderia obstar a regular tramitação
do processo nem a aplicação da multa, por entender que esta poderia ser cobrada dos
sucessores do gestor falecido.
Nessa esteira, a agravante assevera que a garantia fundamental da pessoalidade e da
intransmissibilidade da pena, insculpida no inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal,
não se aplicaria no caso em tela, por se tratar de multa-sanção de caráter administrativo,
não imposta no âmbito do Direito Penal.
Corroborando tal tese, a agravante colaciona a doutrina de Mauro Aguiar, publicada
no ano de 2006, acerca da possibilidade de cobrança da multa aplicada pelo TCU aos
sucessores do gestor.
Por fim, conclui a agravante que a responsabilidade pelo pagamento da multa poderia
recair sobre o patrimônio transferido aos sucessores do de cujus, tendo em vista o caráter
obrigacional da multa e não penal.
Análise
No que tange a essa tese defendida pela agravante, cumpre esclarecer, de início, que a
celeuma doutrinária acerca de qual seria a natureza jurídica da multa — pena ou dívida de
valor — a partir do trânsito em julgado da decisão condenatória originou-se com a reforma
do art. 51 do Código Penal, por meio da Lei n. 9.268/1996. Essa lei revogou os dispositivos
que permitiam a conversão da multa em pena privativa de liberdade e alterou a redação do
caput do art. 51, cujo texto passou a prever que:
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada
dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição. (grifo nosso).
Diante disso, surgiu o debate acadêmico e jurisprudencial a respeito da execução da pena
de multa, havendo controvérsia sobre a amplitude da alteração legislativa supracitada: se
houve a transmutação da própria natureza jurídica da multa, de penalidade para obrigação
ou se apenas a sua cobrança passou a obedecer às regras próprias da execução das dívidas
de valor, sem modificar a sua natureza jurídica de penalidade.
Ressalta-se que a questão deve ser analisada sob dois enfoques. Caso a morte ocorra antes
da condenação, o que se verificou no caso ora recorrido, a multa não poderá ser aplicada
devido à extinção da punibilidade, como já demonstrado no item 1 deste voto. Caso a morte
ocorra após a condenação, há uma corrente minoritária, acompanhada pela agravante, que
defende a transmissibilidade da obrigação de efetuar o pagamento da multa aos sucessores
do gestor falecido; e outra, majoritária, com a qual comungo, que sustenta o caráter de
penalidade da multa e, consequentemente, deve observância ao princípio da pessoalidade
e intransmissibilidade da pena, previsto no inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal.
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Isso posto, considerando a relevância da matéria em tela e a necessidade de este
Tribunaluniformizar seu entendimento a respeito dos efeitos do falecimento do gestor,
independentemente do momento em que ocorra, permito-me adentrar a análise da hipótese
de o óbito ocorrer após a condenação do gestor, extrapolando a circunstância fática do caso
sob exame, com o intuito de sedimentar a jurisprudência deste Tribunal a respeito de todas
as vertentes oriundas do tema em comento.
Examinando o tratamento dispensado atualmente a essa polêmica no âmbito do Poder
Judiciário, verifica-se que, no que tange à execução da pena de multa, o Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais tem firme posicionamento de que o trânsito em julgado da
sentença condenatória não tem o condão de modificar a natureza jurídica da multa, que
mantém a sua essência de pena, senão vejamos:
CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO — EXTINÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PELO
SEU CUMPRIMENTO — EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA REMANESCENTE — COMPETÊNCIA DO
JUÍZO DA EXECUÇÃO.
Mesmo transformada em dívida de valor, após o trânsito em julgado, a pena de multa
não perdeu a natureza penal, pois ainda é sanção imposta em razão do cometimento
de infração criminal, pelo que se mantém o Ministério Público como parte legítima para
executá-la na Vara de Execuções Penais.
[...]
VOTO
[...]
A questão trazida à baila neste conflito ainda é polêmica na doutrina e jurisprudência,
pois a alteração promovida no art. 51 do Código Penal pela Lei n. 9.268/1996 gerou a
formação de duas correntes.
[...]
O art. 51 do CP apenas determina que: “Transitada em julgado a sentença condenatória,
a multa deve ser considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição.”
[...]
As modificações produzidas no art. 51 do CP visaram apenas impedir a conversão da
pena pecuniária em prisão e não retirar sua natureza penal ou afastar a atribuição
do Ministério Público de executá-la no Juízo da Execução.
[...]
e Guilherme de Souza Nucci (Leis penais e processuais penais comentadas. 4. ed. São
Paulo: RT, 2009, p. 569-570):
“A Lei n. 9.268/96 modificou a redação do art. 51 do Código Penal [...]. A meta
pretendida era evitar a conversão da multa em prisão, o que anteriormente era possível.
Não se deveria, com isso, imaginar que a pena de multa transfigurou-se a ponto
de perder a sua identidade, ou seja, passaria a constituir, na essência, uma sanção
civil. Tanto assim, que havendo a morte do agente, não se pode estender a sua
cobrança aos herdeiros do condenado, respeitando-se o disposto na Constituição
Federal de que ‘NENHUMA PENA PASSARÁ DA PESSOA do condenado’ (art. 5º,
XLV). Segundo o que vimos defendendo, deveria ela ser executada pelo Ministério
Público, na Vara de Execuções Criminais, embora seguindo o rito procedimental da Lei
n. 6.830/80, naquilo que for aplicável” (Conflito de Jurisdição n. 1.0000.11.021267-
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7/000, Rel. Des. Flávio Leite, 1ª Câmara Criminal, DJ 20/09/2011, publicação em
14/10/2011). (grifo nosso).
Nesse diapasão, vale citar que o Superior Tribunal de Justiça, apesar de entender que a
legitimidade para a execução da pena de multa não seria do Ministério Público, mas sim da
Fazenda Pública, também adota o entendimento de que a natureza jurídica da multa não foi
alterada com o advento da Lei n. 9.268/1996, nos seguintes termos:
EXECUÇÃO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CONDENAÇÃO A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE E
DE MULTA. PENDÊNCIA DO PAGAMENTO DA PENA PECUNIÁRIA. EXTINÇÃO DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO CRIMINAL. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.
Com o advento da Lei n. 9.268/96, que alterou o art. 51 do Código Penal, a pena
de multa passou a ser considerada dívida de valor, cuja cobrança compete à Fazenda
Pública, nos moldes da Lei de Execução Fiscal.
A simples conversão da multa em dívida de valor, contudo, não lhe retira o caráter
penal, atribuído pela própria Constituição Federal, no art. 5º, XLVI, c. Precedentes.
Subsiste, assim, a regra de que a extinção do processo de execução criminal apenas
pode ocorrer se cumprida a pena imposta na sentença, a qual, no caso, compreende
não só a privativa de liberdade, mas também a de multa, a menos que sobrevenha
alguma das causas extintivas da punibilidade previstas no art. 107 do Código Penal.
Precedentes (Quinta Turma. REsp n. 843.296/RS. Relator: Min. Arnaldo Esteves Lima.
Julgado em: 29/11/2007. DJ, 07/02/2008) (grifo nosso).
Dessa feita, afere-se que na seara do processo penal o posicionamento já se encontra
sedimentado no sentido de que o trânsito em julgado não modifica a essência de pena
inerente à multa, o que impõe o respeito ao princípio da pessoalidade da pena, previsto no
inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal, em sua execução.
Sob outro prisma, compulsando os julgados do TCU, verifica-se que nem mesmo à época da
publicação do artigo apresentado pela agravante para endossar seus argumentos, meados
da década passada, havia relevante divergência entre os posicionamentos adotados
no âmbito daquela Corte acerca da possibilidade de cobrança da multa dos herdeiros
do gestor condenado. Isso porque, já vinha sendo majoritariamente acompanhado o
entendimento defendido pelo Auditor do TCU Augusto Sherman Cavalcanti, em artigo
intitulado O processo de Contas no TCU: o caso do gestor falecido, em que afirma que
“Com efeito, a dimensão sancionatória do processo é a única que se extingue com a
morte do gestor, uma vez que o cumprimento da sanção é personalíssimo, pois não
ultrapassará a pessoa do condenado.”1
Aliás, cumpre realçar trechos do artigo citado pela agravante para endossar sua tese em que
o próprio autor, Mauro da Motta Aguiar,2
reconhece que defende uma corrente minoritária
no TCU, indicando ter encontrado à época apenas um precedente na esteira de seu
posicionamento, in verbis:
Na jurisprudência atualmente predominante do Tribunal de Contas da União, a aplicação
de penalidades por aquela Corte de Contas estaria inviabilizada se, após a prática
do ato inquinado de irregularidade, o gestor ou o responsável viessem a falecer,
1 CAVALCANTI, Augusto Sherman. Revista do TCU, Brasília, v. 30, n. 81, jul./set. 1999.
2 AGUIAR, Mauro da Motta. A possibilidade de aplicação de multas pelo Tribunal de Contas da União, e a permanência de sua
validade, no caso de gestores ou responsáveis que venham a falecer. Brasília: Tribunal de Contas da União, 2006.
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estribando-se tal entendimento na interpretação de que se aplicaria, de forma
absoluta, às sanções de competência do TCU, o disposto no inc. XLV do art. 5°
da CF/88, acerca da intransmissibilidade da pena. Tal entendimento encontra-se
de tal forma consolidado, a ponto de haverem julgados no sentido de, mesmo
em relação a deliberações já definitivas, a penalidade, se ainda não cumprida
(mesmo que por culpa do responsável), deverá ser suprimida ou dela se deverá
dar quitação.
[...]
Ainda que seja quase sempre difícil, no campo das ciências humanas, o
estabelecimento de relações unívocas de causa e efeito, não se pode negar que a
jurisprudência do TCU, em especial aquela posterior à elaboração do artigo tratado
no item anterior, vem adotando, de forma esmagadora, ainda que com pequenas
adaptações, as mesmas orientações explicitadas por Augusto Sherman Cavalcanti
naquele trabalho, sendo, portanto, fortes os indícios de que a influência deste sobre
aquela foi extremamente significativa.
Assim é que diversos acórdãos explicitam haverem deixado deaplicar a sanção de
multa, haja vista o falecimento do responsável antes da audiência, primeira das
situações previstas pelo artigo, podendo ser mencionados, apenas para citar alguns
exemplos, os AC- 0021-06/01-P e AC-0089-04/03-P.
A primeira possibilidade da segunda das situações indicadas, a saber, a da ocorrência
da morte do responsável após a audiência mas antes do julgamento de seus atos
pelo Tribunal, é representada por deliberações em que, em função do óbito daquele
passível de apenação, dispensa-se a aplicação de multa; ou ainda, se dito julgamento
chega a ocorrer, com a aplicação de sanções, em função do desconhecimento, pelo
TCU, por ocasião do decisum, da prévia ocorrência do passamento, dá-se provimento
a recursos para suprimir a pena anteriormente atribuída. Exemplos dessa hipótese
podem ser encontrados, dentre outros, nos AC-0037-14/99-P, AC-0045-03/01-1 e AC0024-01/03-1,
quanto às decisões originárias, e nos AC-0092-11/99-2, AC-0028-03/00-1,
AC-0049-12/00-P, AC-0034-08/01-P e AC-0012- 02/02-2, no que se refere às deliberações
em sede recursal.
Por fim, no que se refere aos casos em que o gestor ou responsável vêm a falecer após
a sua condenação e apenação (segunda possibilidade da segunda situação), a quase
totalidade das deliberações do TCU é no sentido de ou tornar sem efeito a sanção
anteriormente aplicada ou de dela dar quitação, consoante se pode verificar a partir
da leitura, apenas para citar alguns exemplos, dos AC-0289-50/01-P e AC-2725-49/05-1.
Na verdade, quando da elaboração deste artigo, foi identificado apenas um acórdão, a
saber, o AC-0159-05/05-2, em que o Relator, Ministro Ubiratan Aguiar, divergindo da
proposta apresentada pela unidade técnica, apresentou voto, acolhido pela 2ª Câmara,
pelo indeferimento de supressão de multa a responsável que veio a falecer após sua
condenação e apenação [...].
[...]
Trata-se, no entanto, de decisão isolada e para a qual a 1ª Câmara do TCU já proferiu
decisum, por intermédio do AC-1281-21/05-1, sobre processo da relatoria do MinistroSubstituto
Augusto Sherman Cavalcanti, em sentido diametralmente oposto, ou seja,
tornando sem efeito multa aplicada em função do falecimento do responsável após o
acórdão condenatório, e onde, aliás, os fundamentos da deliberação acima transcrita
são frontalmente questionados [...]. (grifo nosso).
Nesse cenário, impende colacionar o elucidativo entendimento constante do Acórdão n.
1.651/2006, da Relatoria do Min. Valmir Campelo, proferido na sessão do Plenário do TCU
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de 13/09/2006, em que o efeito jurídico do falecimento do gestor nos processos daquele
Tribunal foi amplamente analisado:
RECURSO DE REVISÃO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PUBLICO CONTRA ACÓRDÃO QUE
APLICOU MULTA A RESPONSÁVEL FALECIDO APÓS O JULGAMENTO DO TRIBUNAL. NÃO
CONHECIMENTO.
Não se conhece, por carência de interesse em recorrer, de recurso interposto pelo
Ministério Público, pelo espólio ou pelos sucessores quando a pretensão recursal visa
excluir, tornar sem efeito ou declarar extinta multa validamente aplicada a responsável
que vem a falecer após a condenação.
A impossibilidade superveniente de execução da pena pela morte de agente
ocorrida posteriormente ao julgamento não constitui fundamento, por si só, para
alterar a deliberação que aplicou a penalidade.
[...]
Relatório do Ministro Relator
[...]
DA PRELIMINAR E DO MÉRITO
10. Argumentação: Enuncia o Ministério Público/TCU que a morte do apenado,
mesmo após a pronúncia do acórdão recorrido, retira da deliberação a eficácia
de título executivo extrajudicial, pois estaria caracterizada a perda de objeto.
Apesar de não ser pacífica na jurisprudência do Tribunal, é caso para a extinção
da multa e para que não se constitua processo de cobrança executiva. Constitui
(a morte), também, fato superveniente relevante com conteúdo para reformar a
decisão recorrida.
10.1. Ainda, de acordo com o Ministério Público/TCU, a multa tem caráter
personalíssimo e objetiva, principalmente, atingir o estado de ânimo do infrator,
inibindo a prática de novos ilícitos. Tal anseio só seria alcançado no momento
em que os efeitos financeiros negativos atingissem o patrimônio do responsável.
Acrescenta que não é cabível a cobrança da respectiva importância, pois estariase
transmudando de forma irrazoável e injustificável a natureza da punição, como
se os sucessores de condenado a pena de prisão, que não cumpriu a sanção, tivesse
de honrar dívida pecuniária, correspondente. Sustenta também que a multa é
título causal, fundado nos motivos originais de aplicação da pena, o que a impede
de ser convertida em dívida comum, conforme entendimento nos Acórdãos n.
1.281/2005 — 1.ª Câmara e 321/2005 — Plenário.
10.2. Análise: O Ministério Público/TCU tem razão nas suas afirmações. A multa, na
essência, tem caráter de sanção penal, de cunho personalíssimo. Portanto, diante da
morte do responsável, prevalece a impossibilidade de execução contra os herdeiros
do valor àquele imputado, porque não surtiria o efeito desejado, qual seja significar a
retribuição pelo ato ilícito praticado e evitar novos.
10.3. Na Constituição Federal/1988, art. 5.º, inciso XLV, o legislador estabeleceu que
‘nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendida aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido’.
10.4. Damásio E. de Jesus (Direito Penal, 24. ed. 2001, v. 1, p. 543-544), ao tratar
do assunto multa, afirma que a ‘obrigação de seu pagamento não se transmite aos
herdeiros do condenado’.
10.5. O posicionamento do Tribunal também é no sentido de considerá-la indevida,
conforme podemos verificar nos seguintes julgados: Acórdãos n. 386/1994 — 1.ª Câmara,
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12/2002 — 2ª Câmara, 49/2000 — Plenário e 1.281/2005 —1ª Câmara, entre outros, se
a morte do responsável ocorreu antes do julgamento. Por outro lado, se o falecimento
ocorreu após, ora a multa é considerada devida, ora não (Acórdãos n. 1.281/2005 — 1ª
Câmara e 164/2006 — Plenário).
10.6. O entendimento ao qual nos filiamos é o de que a multa, ainda que imputada
antes da morte do infrator, não é devida. Sustenta-se esse entendimento em
que, conforme relatório do Exmo. Sr. Ministro Guilherme Palmeira, no Acórdão n.
164/2006 — Plenário, ‘para o princípio da pessoalidade da pena de multa aplicada
ao responsável, de natureza constitucional, por força do art. 5º, incisos XLV e XLVI,
alínea c, e nos termos do art. 58, inciso I, da Lei n. 8.443/1992. [...] mesmo em
face da transformação da multa em dívida de valor para fins de cobrança judicial,
permanece a impossibilidade de execução contra os herdeiros, vez que subsiste,
na essência, sua natureza de pena’. E ainda, agora no Acórdão n. 1.281/2005 — 1ª
Câmara, ‘o título executivo extrajudicial não é abstrato, mas, sim, título causal
fundado nos motivos originais da aplicação da pena’. Essa orientação é também
abraçada pelos Exmos. Srs. Ministros-Substitutos Lincoln M. Rocha e Augusto
Sherman Cavalcanti.
[...]
Voto do Ministro Relator
[...] Ressalto que a certidão de óbito é documento que apenas declara a situação da
pessoa cuja existência findou-se e, na hipótese dos autos, por ser situação posterior
ao julgamento, não pode afetar os atos pretéritos por ela cometidos, quando viva,
que culminaram na aplicação da sanção que lhe foi imposta.
[...]
Ora, em sendo correta a tese esposada no mérito do recurso, nosentido de
que a pena pecuniária também não pode passar da pessoa do condenado, resta
inviabilizada a exigibilidade da dívida, a ser processada pela Advocacia Geral
da União, não cabendo nenhuma providência a ser adotada pelo TCU para
que sobrevenha essa consequência, a qual decorre naturalmente do próprio
ordenamento jurídico.
[...]
9. Sem sombra de dúvida, ocorrendo o falecimento do responsável antes que o
Tribunal julgue o processo e venha a proferir decisão que resulte na aplicação de
multa, esse desfecho se mostra inviabilizado diante do comando constitucional
contido no art. 5º, inciso XLV, primeira parte: “nenhuma pena passará da pessoa
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento
de bens ser, nos termos da lei, estendida aos sucessores e contra eles executadas,
até o limite do valor do patrimônio transferido”. Cumpre ao TCU, nesta hipótese,
reconhecer a extinção da punibilidade e deixar de aplicar a sanção quando o feito
for a julgamento.
10. A questão se torna menos tranquila quando o falecimento ocorre posteriormente
ao julgamento, caso do processo em exame.
11. Conforme assinala o Procurador-Geral em sua derradeira manifestação nos
autos, existem duas posições antagônicas no que respeita aos efeitos jurídicos
que a morte do responsável acarreta na execução da multa aplicada pelo TCU. A
primeira, amparada no comando constitucional transcrito anteriormente, entende
que o falecimento do responsável impede que a multa seja cobrada do espólio
ou dos sucessores. A segunda, inspirada em interpretação analógica do art. 51 do
Código Penal, postula que a penalidade de multa, após o trânsito em julgado do
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acórdão condenatório, converte-se em dívida de valor e, nessas condições, pode
ser executada contra os sucessores.
[...]
13. Parece-me que, acerca dessas duas posições, a maior parte das decisões do TCU
pende para a primeira, ou seja, a impossibilidade de se cobrar a multa do espólio
ou dos sucessores, caso o responsável venha a falecer após a sua aplicação. Nesse
sentido as manifestações contidas nos Acórdãos n. 321/2005-Plenário, 1.281/2005-1ª
Câmara e 256/2003-2ª Câmara.
[...]
Há de se distinguir causa de extinção de punibilidade da simples não execução
da pena. A morte do agente anterior à condenação amolda-se à primeira hipótese,
ou seja, extingue a punibilidade, pois não sendo o morto sujeito de direitos, não
poderá ser apenado. Todavia, a morte superveniente do agente já apenado em vida
não é causa de extinção de punibilidade, mas simplesmente impede a execução
da pena.
[...]
Por outro lado, neste processo analisa-se exatamente o contrário. Aqui o gestor faleceu
após a condenação, o que significa que o Tribunal aplicou, validamente, a pena de
multa a pessoa viva. Por essa razão, não há fundamento para a sua desconstituição.
Neste caso, sim, deve incidir a simples dispensa da execução da pena de multa,
pois não se trata de causa de extinção de punibilidade mas de impossibilidade
superveniente de execução da pena.
[...]
Além disso, uma decisão, seja judicial ou do TCU, somente pode ser desconstituída
quando houver clara demonstração nos autos da existência de error in procedendo
ou de error in judicando, conforme foi exaustivamente exposto no voto do Ministro
Bento José Bugarin que fundamentou a Decisão n. 789/1998 — Plenário, BTCU 80/98,
e, consoante se viu antes, não está demonstrado nestes autos qualquer erro de
procedimento ou de julgamento que possa fundamentar o provimento do presente
recurso.” (grifo nosso).
Conforme se depreende desse precedente do Tribunal de Contas da União, a repercussão
do falecimento do gestor nos processos de sua jurisdição se dá de duas maneiras distintas.
De um lado, ocorrido o óbito em data anterior à imposição da pena de multa, tem-se o
entendimento tranquilo de que ocorre causa extintiva da punibilidade, haja vista que
a multa, ainda para aqueles que entendem que deve ser cobrada dos sucessores, só se
transformaria em dívida de valor após o trânsito em julgado da decisão condenatória,
em analogia com o previsto no art. 51 do Código Penal. De outro, vindo o gestor a falecer
após a sua condenação à pena de multa, surgem os elementos que permitem o debate
a respeito de sua cobrança, ou não, de seus sucessores, sendo que, à semelhança do
entendimento esposado no acórdão em evidência, o TCU tem majoritariamente adotado
a tese de que restaria configurada hipótese superveniente de impedimento da execução
da multa.
Nessa perspectiva, cabe destacar que o posicionamento da Corte de Contas mineira não
se afasta do defendido pelo TCU e se coaduna com os retrocitados entendimentos do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Superior Tribunal de Justiça, o que se afere do
voto proferido no âmbito do processo do Contrato n. 133.611, da Relatoria do Auditor
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Licurgo Mourão, apreciado na sessão da Primeira Câmara do dia 20/10/2005, in verbis:
Feita essa consideração, insta destacar que, da análise detida dos autos, depreendese
que as ocorrências apontadas pelos órgãos técnicos desta Casa não comprovam a
existência de dano ao erário. Também não se pode olvidar que o responsável faleceu
em 05/08/99, conforme certidão acostada a fls. 81 e que o despacho determinando a
citação é datado de 05/11/04, consoante documento a fls. 61.
Dessa feita, caso se entendesse pela irregularidade da contratação efetuada, em
virtude da apontada ausência de processo licitatório ou de ato formal de dispensa ou
inexigibilidade de licitação, tal decisão ensejaria apenas a aplicação da pena de multa
ao responsável.
A propósito, deve-se ressaltar que a pena de multa constitui sanção pecuniária de
natureza personalíssima, não podendo passar da pessoa do agente, o que inviabilizaria
sua eventual aplicação no processo em tela.
Nesse sentido, vale realçar precedente desta Corte de Cortas referente à decisão
adotada pela Primeira Câmara no Processo Administrativo n. 690.958, em sessão
de 24/03/09, de relatoria do Conselheiro Antônio Carlos Andrada, na qual restou
consignado, in verbis:
Conforme se infere dos apontamentos constantes dos itens 2 e 3, as irregularidades
constatadas são passíveis de aplicação de multa ao gestor, e daqueles elencados no item
1, tão somente de advertência. Contudo, a Certidão de Óbito a fls. 90 comprova que
o responsável pela realização das contratações em análise faleceu no dia 1°/01/2003.
É sabido que a morte, como fato jurídico que é, acarreta consequências na esfera
do Direito e, nesses termos, a dimensão sancionatória extingue-se com a morte
do gestor, visto que o cumprimento da sanção é personalíssimo, não ultrapassando a
pessoa do condenado.
[...]
Em face do exposto, considerando o fato das irregularidades apuradas serem passíveis
tão somente de advertência e aplicação de multa, determino o arquivamento dos
autos sem julgamento de mérito, de conformidade com o art. 267, inciso IX, do
CPC, em virtude do falecimento do gestor devidamente comprovado nos autos. (grifo
nosso).
Reforçando esse entendimento, destacam-se as seguintes decisões do Tribunal de Contas da
União, in verbis:
Enfim, observo que o comunicado da Sra. Edith Hering, dando conta do falecimento
do Sr. Fred Hering, revela a impossibilidade da persecução da multa imposta
ao responsável falecido. Eis que o art. 5°, XLV, da CF/88 estatui o princípio da
pessoalidade da pena, impondo prestação negativa ao Estado, de modo a impedir
que a penalidade possa passar da pessoa docondenado. Nesse diapasão, verifico
que a multa não deve ser estendida aos sucessores, até porque, no meu sentir, a
natureza da penalidade não se transmuda em mera dívida de valor, após a prolação
do acórdão condenatório, já que o título executivo extrajudicial não é abstrato,
mas, sim, título causal fundado nos motivos originais da aplicação da pena, nos
termos do art. 71, § 3°, da CF/88 c/c os arts. 583 e 585, VII, do Código de Processo
Civil brasileiro.
Entendo, portanto, que o TCU pode conhecer do recurso, mas, no mérito, deve
negar-lhe provimento, mantendo os exatos termos da deliberação vergastada, sem
prejuízo de tornar sem efeito a multa aplicada ao responsável falecido, diante do
princípio da pessoalidade da pena. (grifo nosso) (Primeira Câmara. AC n. 1.281/2005.
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Relator: Min. Guilherme Palmeira. Julgamento: 28/06/2005).
Tendo em vista as irregularidades retrocitadas, entendemos pertinente aplicação
de multa ao responsável em decorrência de infração a diversas cláusulas do convênio
celebrado e artigos da IN 03/93 da STN, assim como, ter gerido antieconomicamente
com os recursos do convênio 161/93, com amparo nos incisos I e II do art. 58 da Lei n.
8.443/92 c/c incisos I e II do art. 220 do Regimento Interno.
21 — Ocorre que, a retrocitada punibilidade é intransferível e tem caráter
personalíssimo, além do mais, a responsabilidade questionada é de natureza não
patrimonial ante o descumprimento de normas na gestão da coisa pública, devendo ser
suportada por aquele que geriu a coisa pública. Tendo em vista o óbito do responsável,
sustentamos que não podem os herdeiros suportar tal gravame, ficando impossibilitada
a aplicação de multa, não descaracterizando a irregularidade da gestão dos recursos do
convênio e pertinentes determinações.
[...]
Assim, ante a notícia de falecimento do responsável, entendo restar prejudicada a
necessária audiência.
Nestes casos, verifico que o Tribunal tem decidido tanto pelo julgamento das
contas pela regularidade com ressalva como pelo arquivamento sem julgamento
de mérito, ante a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo.
Entretanto, tenho convicção de que o melhor desfecho seria o julgamento pela
regularidade com ressalva uma vez que no presente caso caberia apenas multa,
caso o responsável fosse ouvido em audiência. E como a multa tem caráter
personalíssimo, não caberia a sua aplicação aos herdeiros do responsável (grifo
nosso) (Primeira Câmara. AC n. 45/2002. Relator: Ministro Iram Saraiva —
Julgamento: 19/02/2002).
PROPOSTA DE VOTO
Considerando que não há nos autos elementos indiciários sobre eventual dano
material ao erário;
Considerando que as irregularidades constatadas são passíveis tão somente de
aplicação de multa ao gestor;
Considerando que em virtude do falecimento do gestor, ocorrido em 05/08/1999,
portanto, no curso do processo, restou extinta a punibilidade, porquanto a aplicação
da pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado, a teor do disposto no art. 5°,
inciso XLV, da Constituição da República;
Considerando, ainda, que a dimensão sancionatória do processo é a única que
se extingue com a morte do gestor, uma vez que o cumprimento da sanção é
personalíssimo, o que impossibilita, por conseguinte, estendê-la a seus sucessores;
Em face do exposto, adoto o entendimento pela extinção do processo e pelo
arquivamento dos autos sem julgamento do mérito, em consonância com o art.
176, III, do RITCEMG e o art. 267, inciso IX, do CPC, em virtude do falecimento do
gestor devidamente comprovado nos autos, com espeque ainda no § 3° do art. 196
do RITCEMG, pela ausência de pressuposto de desenvolvimento válido e regular do
processo. (grifo nosso).
Corroborando esse entendimento, releva destacar, outrossim, a recente decisão da Primeira
Câmara desta Corte, proferida na sessão do dia 25/10/2011, quando do julgamento do
processo de Relatório de Inspeção n. 502.193, de relatoria do Conselheiro Cláudio Terrão,
in verbis:
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A inclusão de gestor falecido no conjunto de gestores responsáveis não altera a análise
no presente caso, tendo em vista a inexistência de elementos indiciários de eventual
dano ao erário. No germinal artigo de Augusto Sherman Cavalcanti, nominado “O
processo de contas no TCU: o caso do gestor falecido”, publicado na Revista do
TCU, n. 81, p.17-27, jul./set. 1999, o autor esclarece as diferentes dimensões do
processo no Tribunal de Contas. Assim, é preciso destacar que, como no caso sob
exame, quando não há elementos indiciários de eventual dano ao erário não há
porque incluir na relação o espólio do gestor falecido. Considerando que as faltas
aqui apontadas são irregularidades passíveis da penalidade, na espécie multa,
a qual tem caráter personalíssimo e não se transmite aos herdeiros, parece-me
óbvio o afastamento do espólio da relação processual, sendo que tal presença só
se justificaria em caso de efetivo dano. Na mesma esteira dos atos praticados pelos
demais gestores, após o transcurso do prazo quinquenal, as consequências jurídicas
da prescrição alcançariam os atos por ele praticados, não fora sua morte, ocorrida
em 21/11/94. Todavia, a morte, como fato jurídico que é, acarretou a extinção
da dimensão sancionatória.
[...]
No que tange ao gestor comprovadamente falecido, Senhor Feliciano Oliveira, excluo
o seu espólio da relação processual, pela inexistência de elementos indiciários de
dano ao erário e reconheço a extinção da punibilidade, nos termos do art. 5º, XLV, da
Constituição da República, em decorrência de sua morte, a qual ocasionou a extinção da
dimensão sancionatória. (grifo nosso).
De toda sorte, como no presente caso a morte do gestor ocorreu antes da decisão
que lhe imputou a pena de multa e apenas a juntada da certidão de óbito se deu em
momento superveniente, é mister reconhecer a nulidade do julgamento, que implica
sua invalidade absoluta, sendo isso o que precisamente foi determinado na decisão ora
agravada. Importa notar, pois, que o caso em apreço configura hipótese com tratamento
pacífico no âmbito do TCU, cujas decisões indicam o reconhecimento de causa extintiva
da punibilidade que impossibilitam a aplicação da pena de multa, sem se cogitar a
cobrança dos sucessores do gestor.
Nesse cenário, analisando todas as nuances dessa remota polêmica e considerando os
posicionamentos atualmente adotados pela jurisprudência pátria, entendo que não se
sustentam os argumentos erigidos pela agravante no presente recurso.
Com efeito, a atuação do Tribunal de Contas no exercício de sua pretensão punitiva é
distinta da jurisdição do Poder Judiciário na seara do processo penal, conforme pugna a
agravante. Todavia, não se pode olvidar que a multa-sanção aplicada aos jurisdicionados
desta Corte em decorrência de irregularidades apuradas na gestão de recursos públicos
tem nítido caráter punitivo, consoante se depreende do disposto no art. 83, inciso
I, da Lei Complementar n. 102/2008 e no art. 315, inciso I, RITCEMG, sendo que sua
quantificação deve respeitar os limites da culpabilidade do agente, o que é evidenciado
pelo preceito constante do arts. 84 e 89 da Lei Complementar n. 102/2008 e arts. 317 e
320 do RITCEMG.
Nessa senda, vale repisar que, segundo exposto alhures, se aplica às multas-sanção impostas
por este Tribunal a garantia fundamental prevista no inciso XLV do art. 5º da Constituição da
República, in verbis:
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Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
(grifo nosso).
Isso decorre da expressa estipulação contida no inciso VIII do art. 2º da Lei Complementar
n. 102/2008 e no inciso VIII do art. 2º do RITCEMG, bem como do notório caráter de pena
inerente à multa-sanção aplicada por esta Corte.
Nessa esteira, reforçando a tese de que a multa possui caráter pessoal e intransferível e
que, portanto, a obrigação de efetuar o seu pagamento não poderia ser transferida aos
sucessores do responsável falecido, preceitua o caput do art. 84 da Lei Complementar
n. 102/2008 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas de Minas Gerais), senão vejamos: “Art.
84. A multa será aplicada, de forma individual, a cada agente que tiver concorrido para
o fato, sendo o pagamento da multa de responsabilidade pessoal dos infratores. (grifo
nosso).”
Infere-se, portanto, que a tese defendida pela agravante de que a multa deveria ser cobrada
dos herdeiros do gestor falecido, no presente caso, não merece prosperar, uma vez que
equivocadamente confundiu os conceitos de sanção e ressarcimento de dano, a respeito do
que, vale citar, por fim, as lições de Mônica Nicida Garcia:3
É, pois, a reparação ou o ressarcimento do dano o pagamento de uma indenização,
o que se obtém ou se procura obter quando se invoca a incidência da esfera de
responsabilidade civil. Trata-se de responsabilidade patrimonial.
Quando se fala em responsabilidade civil, portanto, não se fala em aplicação de sanção
ou penalidade. A reparação do dano, efetivamente, não pode ser tida como sanção.
É que a sanção ou pena deve ter um efeito aflitivo que imponha sofrimento ou dor
àquele sobre quem é aplicada. É, em última análise, um castigo. E dessas características,
não se reveste o ressarcimento de dano, consequência da responsabilização civil.
(grifo nosso).
Por todo o exposto, é descabida a pretensão da agravante de executar os sucessores
por multa aplicada no âmbito do Processo Administrativo n. 723.847, sob o argumento
de que configuraria dívida de valor a ser cobrada nos limites do patrimônio transferido.
Isso porque, conforme ficou amplamente demonstrado, a multa-sanção imposta por
este Tribunal de Contas tem caráter punitivo e, portanto, deve respeitar a garantia da
pessoalidade da pena insculpida no inciso XLV do art. 5º da Constituição da República,
razão pela qual deve ser reconhecida a extinção da punibilidade com a ocorrência da
morte do agente responsável antes da prolação da decisão, o que foi estritamente
observado.
VOTO
Pelo exposto, considerando que as alegações da agravante foram insuficientes para
alterar a decisão que extinguiu a multa aplicada ao Sr. José Benedito Rennó em razão do
seu falecimento antes da decisão condenatória e consequente extinção da punibilidade,
3 GARCIA, Mônica Nicida. Responsabilidade do agente político. 2. ed., rev. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2007, p. 184.
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nego provimento ao agravo, mantendo-se inalterada a decisão da Segunda Câmara
proferida na Sessão do dia 22/09/2011.
Intime-se a agravante desta decisão, com as cautelas de estilo.
Após, cumpram-se as disposições dos arts. 340-341 do RITCEMG.
O agravo em epígrafe foi apreciado pelo Tribunal Pleno na sessão do dia 09/11/11, presidida pela
Conselheira Adriene Andrade; presentes o Conselheiro Eduardo Carone Costa, Conselheiro Wanderley
Ávila, Conselheiro Substituto Licurgo Mourão, Conselheiro Substituto Hamilton Coelho e Conselheiro
Mauri Torres. Foi aprovado, por unanimidade, o voto do relator, Conselheiro Mauri Torres.

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