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OABJURIS Apostila - Processo Penal - Danilo Vasconcelos

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Processo Penal 
 
 
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Olá! 
Seja bem vindo à 1a Fase do XXV Exame de Ordem. 
Em primeiro lugar, parabéns por escolher a Rede Juris como sua parceira rumo à Aprovação na OAB. Temos certeza de 
que você está no caminho certo para que essa seja a última OAB da sua VIDA! 
Você está recebendo a Apostila de Processo Penal da 1a Fase do XXV Exame de Ordem. 
Aqui você encontrará tudo o que precisa para sua preparação para a prova. Além de conteúdos riquíssimos, 
disponibilizamos resumos, quadros sinóticos, esquemas, questões, comentários e muito mais! Essa apostila está separada 
em módulos, que correspondem às aulas ministradas 
Professores: 
Sem dúvida nenhuma, a Rede Juris possui o melhor corpo docente de Goiás. Conheça um pouco mais os seus professores 
de 1a Fase na Rede Juris: 
 
 
Prof. Danilo Vasconcelos 
Um dos mais recentes professores à integrar o time de estrelas que compõe a Rede Juris, o 
Prof. Danilo Vasconcelos é um amante do Direito Penal, e sua didática clara e descontraída 
inspira sempre os alunos que admiram o Processo Penal. Crítico, e extremamente dedicado, é 
conhecido por propiciar ao aluno uma imersão no conteúdo criminal, trazendo casos práticos 
que ilustram de forma clara e objetiva os principais tópicos cobrados pela FGV. 
 
Calendário das Aulas: 
O Calendário das Aulas é disponibilizado por um link dinâmico, que poderá ser acessado pelos grupos de whatsapp, ou 
nos links abaixo. Pedimos para que salvem o Calendário em seus favoritos, ou que adicionem o link à tela inicial do seu 
smartphone. Assim, qualquer dúvida à cerca das datas das aulas, horários, aulas extras e atividades complementares 
poderão ser por ali solucionadas: 
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1DnGp8P4WNih8V2C0xyzKRtz-3T7YXPijbTqHkoJq2hg/edit#gid=936949068 
Login para a Plataforma EAD: 
O Portal EAD da Rede Juris é acessado pelo link: 
http://ead.redejuris.com 
Para ter acesso à nossa Plataforma EAD, você deve fazer o primeiro login utilizando os seguintes dados: 
 
Login: E-mail cadastrado junto à Rede Juris 
Senha: Mudar@123 
 
Após o primeiro login, pedimos para que modifiquem sua senha padrão, para maior segurança de seu ambiente virtual. 
Na plataforma EAD o aluno tem acesso ao Conteúdo Programático, Aulas Bônus, Avaliações, Apostilas, SimulaJURIS, 
Gabaritos, Materiais Complementares, Informativos e muito mais. 
Grupo de Whatsapp: 
Criamos um 2 Grupos de Whatsapp para alunos de 1a Fase (Matutino e Noturno), para que a Coordenação tenha uma 
Ferramenta de proximidade com os alunos. Porém, a mesma se mantém no direito de moderar o grupo, evitando que 
 
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assim ele se desvirtue de sua principal finalidade. 
Dúvidas, Críticas, Sugestões e Reclamações Formais deverão ser enviadas para o email oabjuris@redejuris.com, sendo 
respondidas no prazo de 48h úteis. 
A regra no 1 do grupo é o respeito. A coordenação do curso tem total autonomia para advertir e retirar do grupo pessoas 
que não colaborem para o bom convívio no mesmo. 
 
 
OABJURIS – MATUTINO XXV Exame 
https://chat.whatsapp.com/6iyumlze2M3B8oGyPqgN6z 
 
 
OABJURIS – NOTURNO XXV Exame 
https://chat.whatsapp.com/AUMHNZtttZ735pPGqzSc5m 
 
 
Informações Gerais 
Rede Juris de Ensino 
Endereço: Rua T-28, n 1443 – Setor Bueno – Goiânia-GO 
Telefone: (62) 3956-6900 
Site: www.redejuris.com 
Instagram: @rede.juris 
 
Estou à disposição para dirimir qualquer dúvida pertinente. 
 
Seja muito bem vindo à última OAB da sua VIDA! 
 
Um grande abraço, 
 
Ernani Freitas 
Coordenador OAB JURIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso XXV OAB Exame de Ordem – 1a Fase 
PROCESSO PENAL 
 
 
Módulo I – Princípios, Fontes e Interpretação................................................................. 6 
 Capitulo 1. Princípios Constitucionais Expressos..................................................................... 
Capítulo 2. Princípios administrativos implícitos..................................................................... 
Capítulo 3. Fontes do Direito Administrativo........................................................................... 
Capítulo 4. Interpretação......................................................................................................... 
 
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Módulo II – Organização Administrativa......................................................................... 10 
Capitulo 1. Introdução............................................................................................................. 
Capítulo 2. Autarquias e Fundações......................................................................................... 
Capítulo 3. Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista................................................. 
Capítulo 4. Agências Reguladoras............................................................................................ 
Capítulo 5. Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselhos Profissionais......................... 
Capítulo 6. Agências Executivas............................................................................................... 
Capítulo 7. Consórcio Público................................................................................................... 
Capítulo 8. Terceiro Setor (Entes Paraestatais) ....................................................................... 
 
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Módulo III – Poderes Administrativos.............................................................................. 
Capitulo 1. Uso e Abuso do Poder............................................................................................ 
Capítulo 2. Discricionariedade e Vinculação............................................................................ 
Capítulo 3. Poder Hierárquico.................................................................................................. 
 Capítulo 4. Poder Disciplinar.................................................................................................... 
Capítulo 5. Poder Regulamentar ............................................................................................. 
Capítulo 6. Poder de Polícia..................................................................................................... 
 
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Módulo IV – Responsabilidade Civil Extracontratual......................................................... 
Capitulo 1. Evolução Histórica e Regime Administrativo......................................................... 
Capítulo 2. Regime Jurídico Atual ........................................................................................... 
Capítulo 3. Responsabilidade por Atos Administrativos.......................................................... 
Capítulo 4. Responsabilidade por Atos Judiciais ..................................................................... 
 
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Módulo V – Atos Administrativos...................................................................................... 
Capitulo 1. Conceito................................................................................................................ 
Capítulo 2. Classificação dos Atos Administrativos................................................................. 
Capítulo 3. Espéciesde Atos Administrativos.......................................................................... 
Capítulo 4. Extinção dos Atos Administrativos........................................................................ 
Capítulo 5. Convalidação......................................................................................................... 
 
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25 
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Módulo VI – Licitações e Contratos Administrativos.......................................................... 
Capitulo 1. Licitação................................................................................................................ 
Capítulo 2. Contratos Administrativos.................................................................................... 
 
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MÓDULO I – PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
 
Princípios são valores fundamentais que norteiam 
a criação, interpretação e aplicação das normas 
processuais penais. 
Para o estudo da disciplina Direito Processual 
Penal, o estudo dos princípios é de suma importância haja 
vista que conferirá ao estudante uma maior capacidade de 
interpretação e raciocínio, essenciais para uma eficiente 
resolução da prova. 
 
1. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE 
INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE 
 
Art. 5º, inciso LVII, da CF. É o princípio segundo o 
qual ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória. 
Enquanto não houver uma condenação penal 
definitiva, o cidadão é considerado inocente e deve ser 
tratado como tal. 
Em decorrência desse princípio tem se que: 
a) O ônus de provar a culpa é da acusação 
b) O acusado não é obrigado a colaborar com a produção 
dessa prova 
c) Não se admite a majoração da pena com base em 
inquérito ou ação penal não transitados em julgado. 
d) Em regra, o cidadão responderá ao processo penal em 
liberdade. Toda e qualquer prisão de natureza cautelar só 
será imposta ao cidadão em caráter excepcional e desde 
que haja fundamento suficiente. 
Atenção: O parágrafo único do artigo 20 do Código 
de Processo Penal, alterado pela lei 12.681 de 2012 
inovou ao proibir à autoridade policial, nas certidões de 
antecedentes criminais que expedir, de registrar 
inquéritos policiais em andamento. 
Vejamos: 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o 
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes 
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não 
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a 
instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação 
dada pela Lei nº 12.681, de 2012) 
 
2. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 
 
Art. 5º, LV, CF. É o direito conferido ao réu de oferecer 
amplos argumentos em seu favor e de demonstrá-los nos 
termos da legislação processual. 
• A ampla defesa pode ser exercida através da 
defesa técnica e da autodefesa. 
• Defesa técnica: feita por advogado, que 
deverá intervir em todos os atos do processo. A defesa 
técnica é indisponível, de forma que todos os atos do 
processo deverão ser acompanhados por advogado, além 
disso, a defesa técnica deve ser realizada de forma ampla 
e consistente. 
Nesse sentido: 
 
Súmula n° 523 do STF: No processo penal, a falta de 
defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência 
só o anulará se houver prejuízo para o réu. 
 
• Autodefesa: feita pelo acusado, 
principalmente no momento do seu interrogatório. A 
autodefesa é indispensável por parte do juiz, sendo este 
obrigado a garantir o réu a oportunidade de narrar a sua 
versão dos fatos. 
Por sua vez, o réu poderá abrir mão deste direito, 
mesmo porque tem o direito constitucional de ficar em 
silêncio, nos termos do art. 5º, inciso LXIII, CF). 
Atenção: Caso o acusado, em sede de 
interrogatório, levante alguma tese de defesa que não 
conste nas alegações finais apresentadas pelo defensor, 
ambas as teses deverão ser enfrentadas na sentença, sob 
pena de nulidade. 
Sobre este assunto, vejamos excelente julgado: 
TJRS: “Todas as teses defensivas levantadas, 
mesmo em autodefesa, devem ser enfrentadas no ato 
sentencial, sob pena de nulidade” (Ap. 70008337206, 5ª 
C., rel. Amilton Bueno de Carvalho, 03.08.2004, v.u., 
BoletimAASP 2.423, junho de 2005). 
Posicionamento dos Tribunais Superiores 
pertinentes à matéria: 
 
STF - Súmula n° 705: A renúncia do réu ao direito 
de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, 
não impede o conhecimento da apelação por este 
interposta. 
 
STF - Súmula n° 707: Constitui nulidade a falta de 
intimação do denunciado para oferecer contra- razões ao 
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a 
suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
STF - Súmula n° 708: É nulo o julgamento da 
apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia 
do único defensor, o réu não foi previamente intimado 
para constituir outro. 
 
STJ - Informativo n° 337. INQÚERITO POLICIAL. 
AMPLA DEFESA. O inquérito policial é um procedimento 
preparatório que apresenta conteúdo meramente 
informativo no intuito de fornecer elementos para a 
propositura da ação penal. Contudo, mesmo não havendo 
ainda processo, no curso do inquérito pode haver 
 
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momentos de violência e coação ilegal, daí se deve 
assegurar a ampla defesa e o contraditório. No caso, a 
oitiva de testemunhas, bem como a quebra do sigilo 
telefônico, ambos requeridos pelo paciente, não 
acarretará nenhum problema ao inquérito, mas sim 
fornecerá à autoridade policial melhores elementos para 
suas conclusões. Precedentes citados: HC 36.813-MG, DJ 
5/8/2004; HC 44.305-SP, DJ 4/6/2007, e HC 44.165-RS, DJ 
23/4/2007. HC 69.405-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado 
em 23/10/2007. 
 
3. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
 
 Deriva do artigo 5º, LV, da CF, segundo o qual: 
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
 O fundamento desse princípio é permitir que as 
partes participem ativamente da formação da convicção 
do julgador. 
 O contraditório garante às partes o direito de 
tomarem conhecimento das provas produzidas pela parte 
contrária, com a devida oportunidade de impugná-las, nos 
termos da legislação processual. 
 
4. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
 
 Deriva do artigo 5º, LX da CF, segundo o qual a lei 
só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o 
exigirem. 
 
Art. 93, IX da CF: todos os julgamentos dos órgãos do 
poder judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as 
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o 
interesse público o exigir, limitar a presença em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 
ou somente a estes. 
 
 Segundo o princípio da publicidade geral, os atos 
processuais são abertos a toda comunidade. Permite uma 
forma de controle externo da atividade judiciária. 
 É a regra no processo penal brasileiro. 
 Já o princípio da publicidade restrita decorre do 
contraditório, ou seja; do direito das partes de serem 
informadas acerca dos atos processuais. Neste caso, 
apenas as partes e os procuradores terão acesso aos 
autos. 
Pode ocorrer apenas em casos excepcionais, 
entre os quais destacam-se: 
a) Artigo 792, §1º do Código de Processo Penal: 
 
As audiências, sessões e os atos processuais serão,em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e 
tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do 
oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora 
certos, ou previamente designados 
§ 1oSe da publicidade da audiência, da sessão ou 
do ato processual, puder resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, 
o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício 
ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, 
determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, 
limitando o número de pessoas que possam estar 
presentes. 
 
b) Nos crimes contra a dignidade sexual, previstos no 
Título VI da parte especial do Código Penal, em clara 
defesa da intimidade das vítimas, a lei impõe o segredo de 
justiça obrigatório. 
 
c) Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes 
definidos neste Título correrão em segredo de justiça. 
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 
d) A votação dos quesitos pelos jurados do Tribunal do 
Júri, a fim de resguardar a imparcialidade do julgamento, 
será sigilosa no que se refere à identificação de cada 
votante, conforme artigos 466 § 1º, 483, §1ª e 487 do CPP, 
bem como artigo 5º, XXXVIII da CF. 
 
5. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS 
PROVAS ILÍCITAS 
 
 Deriva do artigo 5º, LVI, CF; segundo o qual são 
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos. 
 A doutrina denomina provas ilícitas em sentido 
amplo como sendo as provas obtidas de forma contrária 
ao ordenamento jurídico. 
 Provas ilícitas em sentido estrito são aquelas 
obtidas com violação de normas de direito material. Já as 
provas ilegítimas são aquelas obtidas com violação de 
normas de direito processual. 
 
6. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL 
 
Deriva do artigo 5º, Inciso LIV, segundo o qual ninguém 
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo legal. 
 Impõe uma obediência rigorosa ao que está 
previsto na lei. 
 Em sentido formal significa que o processo penal 
observará rigorosamente as formalidades previstas na lei. 
 Em sentido material implica que os direitos 
fundamentais da pessoa serão respeitados pelo Estado 
durante o processo. 
 
7. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO OU 
 
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FAVOR REI, PREVALÊNCIA DO 
INTERESSE DO RÉU 
 
 Deriva do princípio da presunção de inocência 
(art. 5º, LVII, da CF): Somente o juízo de certeza pode 
permitir a condenação. Exemplo: art: 386, VI, do CPP. 
 
8. PRINCÍPIO DA GARANTIA DE NÃO 
AUTO-INCRIMINAÇÃO 
 
 De acordo com Guilherme de Souza Nucci esse 
princípio resulta da conjugação dos princípios da 
presunção de inocência e da ampla defesa com o direito 
humano fundamental que o réu tem de permanecer 
calado (todos previstos no art.5º da CF, incisos LVII, LV e 
LXIII; respectivamente). (NUCCI, Guilherme De Souza. 
Código de Processo Penal Comentado. 8ª Ed. RT, São 
Paulo. 2008). 
 
9. PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DE 
FUNDAMENTAÇÃO OU MOTIVAÇÃO 
 
 Art. 5º, LXI, CF; segundo o qual ninguém será 
preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente. 
A doutrina entende que esse direito constitui 
tanto uma garantia política (pois permite certo controle 
sobre o trabalho do magistrado) quanto uma garantia 
processual (pois favorece a correta interpretação sobre o 
ato decisório). 
 
10. PRINCÍPIO DO SISTEMA 
ACUSATÓRIO 
 
 Pressupõe uma perfeita divisão entre as 
funções de acusar, defender e julgar. Respeita-se o 
contraditório e a ampla defesa. 
 
11. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE 
REAL 
 
 O conjunto de provas deve refletir a verdade dos 
fatos, não podendo o juiz se limitar a presunções de 
veracidade. 
 
12. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA 
DO JUIZ 
 
 Em regra; o juiz que presidiu a instrução é quem 
deverá proferir a sentença, conforme previsão do artigo 
399, § 2º, do CPP (introduzido no sistema processual penal 
pátrio pela Lei n.° 11.719/08). 
Ocorre que tal artigo não regulamenta os casos 
em que o juiz, apesar de ter dado início à instrução, seja 
afastado, por motivos legais, da vara em que atua. Neste 
caso, utiliza-se, por analogia, o artigo 132 do Código de 
Processo Civil. 
Vejamos elucidativa posição do STJ sobre o 
assunto: 
 
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
EM HABEAS CORPUS.MAGISTRADA QUE PROFERIU A 
SENTENÇA DIVERSA DA QUE PRESIDIU AINSTRUÇÃO 
CRIMINAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ 
MITIGADO.APLICABILIDADE POR ANALOGIA DO ARTIGO 
132 DO CÓDIGO DE PROCESSOCIVIL. INOCORRÊNCIA DE 
NULIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE 
NEGAPROVIMENTO. 
1. O princípio da identidade física do juiz, previsto no 
artigo 399,§ 2º, do CPP, não é absoluto, podendo a 
sentença penal ser proferida por outro juiz de direito 
quando o magistrado que presidiu a instrução criminal foi 
substituído regularmente por força de ato administrativo 
do Tribunal a que está vinculado. 
2. Segundo a dicção do artigo 132 do CPC, aplicável por 
analogia ao processo penal, "o juiz, titular ou substituto, 
que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver 
convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, 
promovido ou aposentado, casos em que passará os autos 
ao seu sucessor. 
3. Na hipótese, a magistrada que promoveu a instrução 
criminal foi removida para a 9ª Vara Federal das 
Execuções Fiscais de São Paulo/SP, por força de Resolução 
da Presidência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. 
No mesmo ato, ocorreu a remoção da juíza sentenciante 
para a 5ª Vara Federal Criminal. 
4. Prejuízo não demonstrado na situação, ausência de 
nulidade. Precedentes. 
5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
AGRG NO RHC 28690 / SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS 
DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO 
TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe 
01/07/2013. 
 
13. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS 
PARTES/PARIDADE DE ARMAS/PAR 
CONDITIO 
 
Art. 5º, caput, CF. Às partes devem ser 
assegurados os mesmos meios de prova. 
 
14. PRINCÍPIO DO LIVRE 
CONVENCIMENTO MOTIVADO OU DA 
LIVRE VALORAÇÃO DA PROVA 
 
 
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Previsto no artigo 155 do CPP, impõe certa 
liberdade ao juiz no que se refere à apreciação das provas, 
ao mesmo tempo em que deve motivar suas decisões. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, 
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente 
nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das 
pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na 
lei civil. 
Não existe taxação das provas, tendo o juiz 
liberdade para definir o “peso” ou “valor” de cada 
elemento probatório no processo. 
 
15. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO 
 
 As decisões, em regra, poderão ser revistas 
por órgãos jurisdicionais de grau superior. Embora esse 
princípio não encontre previsão expressa, a Constituição 
Federal, ao organizar o Poder Judiciário em instâncias, 
acaba consagrando-o implicitamente. 
Em casos de competência originária do STF, não há duplo 
grau de jurisdição. 
 
16. PRINCÍPIO DA JUSTA CAUSA 
 
O Estado Democrático de Direito não admite o 
exercício indiscriminado da persecução penal. 
Para o indiciamento ou o recebimento de uma denúncia, 
deverá haver um lastro probatório mínimo, nos termos do 
art. 395, III, do CPP: 
 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (...) 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal 
 
Havia entendimento, até certo ponto pacífico, 
acerca da aplicação do princípio do in dúbio pro societate 
no momento do recebimento da denúncia. 
Porém,em recentes julgados, o STJ já decidiu que 
tal princípio não se enquadra no ordenamento jurídico 
pátrio, haja vista a necessidade de haver justa causa para 
o início de uma ação penal. 
 Vejamos o julgado abaixo, nesse sentido: 
 
“In casu, a denúncia foi parcialmente rejeitada pelo juiz 
singular quanto a alguns dos denunciados por crime de 
roubo circunstanciado e quadrilha, baseando a rejeição no 
fato de a denúncia ter sido amparada em delação 
posteriormente tida por viciada, o que caracteriza a 
fragilidade das provas e a falta de justa causa. O tribunal 
a quo, em sede recursal, determinou o recebimento da 
denúncia sob o argumento de que, havendo indícios de 
autoria e materialidade, mesmo na dúvida quanto à 
participação dos corréus deve vigorar o princípio in 
dubio pro societate. A Turma entendeu que tal princípio 
não possui amparo legal, nem decorre da lógica do 
sistema processual penal brasileiro, pois a sujeição ao 
juízo penal, por si só, já representa um gravame. Assim, 
é imperioso que haja razoável grau de convicção para a 
submissão do indivíduo aos rigores persecutórios, não 
devendo se iniciar uma ação penal carente de justa 
causa. Nesses termos, a Turma restabeleceu a decisão de 
primeiro grau. Precedentes citados do STF: HC 95.068, DJe 
15/5/2009; HC 107.263, DJe 5/9/2011, e HC 90.094, DJe 
6/8/2010; do STJ: HC 147.105-SP, DJe 15/3/2010, e HC 
84.579-PI, DJe 31/5/2010.” (HC 175.639-AC, Rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
20/3/2012). grifamos 
 
17. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
 
 A restrição aos direitos fundamentais deve ser 
feita no estrito limite da lei e desde que essa restrição seja 
proporcional às finalidades do processo. 
Trata-se de princípio decorrente do devido processo legal 
(item 1.6 supra). 
 
18. PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DE 
PROVAS 
 
 Uma vez produzidas, as provas pertencem ao 
processo, podendo servir para formar a convicção do juiz, 
independentemente de terem sido produzidas por uma 
ou outra parte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II - INQUÉRITO POLICIAL
1. CONCEITO 
 
Na lição de Edilson Bonfim Mougenot, o inquérito 
policial é um procedimento administrativo preparatório e 
inquisitivo, comandado pela autoridade policial, e 
formado por um conjunto de diligências realizadas pela 
polícia, no exercício da função judiciária, voltadas à 
apuração de uma infração penal e à identificação de seus 
autores. (MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo 
Penal. 4ª Ed., Saraiva, 2009). 
 
2. FINALIDADES DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
i. Finalidade geral: apurar o fato criminoso. 
ii. Finalidade específica: servir de base para a 
denúncia ou a queixa. 
iii. Finalidade garantista: colher elementos para 
evitar ações penais desnecessárias. 
 
3. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
O inquérito policial tem natureza administrativa: 
• é presidido por uma autoridade administrativa 
• seus atos são de natureza discricionária, como os 
atos administrativos em geral 
 
4. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
4.1. INSTRUMENTALIDADE 
A finalidade do inquérito policial é possibilitar a 
reunião de elementos de prova acerca de autoria e 
materialidade de uma infração penal. 
 
4.2 OBRIGATORIEDADE 
Uma vez oferecida a notitia criminis, e havendo 
elementos, estará a autoridade policial obrigada a 
instaurar o inquérito. Uma vez instaurado, o inquérito não 
poderá ser arquivado pela autoridade policial. 
O papel do delegado consiste em presidir o 
inquérito, instruí-lo e encaminhá-lo ao judiciário após o 
encerramento. O arquivamento do inquérito, conforme 
artigo 28 do CPP, deve ser requerido pelo membro do 
Ministério Público e, se for o caso, determinado pelo juiz. 
Assim, memorize: O delegado jamais arquiva o inquérito 
policial. 
 
4.3. CARÁTER MERAMENTE 
INFORMATIVO 
 O inquérito policial não constitui, por si só, um 
instrumento punitivo. 
 
4.4. DISCRICIONARIEDADE 
 A decisão sobre a realização das diligências 
investigatórias é discricionária da autoridade policial que 
preside o inquérito policial. 
 
4.5. FORMA ESCRITA 
 Tudo aquilo que for realizado verbalmente no 
inquérito deverá ser reduzido a termo. 
Vejamos o artigo 9° do CPP: 
 
Art.9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste 
caso, rubricadas pela autoridade. 
 
4.6. SIGILO 
 Ao contrário da ação penal, que tem a 
publicidade como regra, o inquérito policial será sigiloso, 
conforme necessário à elucidação do fato ou interesse 
social. 
Vejamos o artigo 20 do CPP: 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse 
da sociedade. 
 
 Ocorre que este sigilo jamais será absoluto, 
uma vez que, apesar de poder a autoridade policial 
restringir o acesso de qualquer pessoa aos autos, deverá, 
sempre, franquear acesso às partes e aos advogados, 
principalmente em relação às diligências já finalizadas e 
formalmente documentadas. 
 É o que prevê a súmula vinculante 14 do STF 
: 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado 
por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
Destaca-se que as provas ainda não 
documentadas e diligências ainda em curso são 
protegidas pela regra do sigilo. Vejamos: 
 
 
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STF. Informativo 581. Procedimento investigatório e 
direito de vista: O direito assegurado ao indiciado (bem 
como ao seu defensor) de acesso aos elementos 
constantes em procedimento investigatório que lhe digam 
respeito e já se encontrem documentados nos autos, não 
abrange, por óbvio, as informações concernentes à 
decretação e à realização das diligências investigatórias, 
mormente as que digam respeito a terceiros 
eventualmente envolvidos. II. Enunciado da súmula 
vinculante 14 desta Corte. HC 94387. 
 
4.7. INQUISITIVO 
 
 A natureza inquisitiva do inquérito policial 
suscita as seguintes conclusões: 
• o inquérito policial não segue os ditames do 
contraditório e da ampla defesa; 
• os atos do inquérito policial são presididos pela 
mesma autoridade, no caso, o delegado de polícia. 
 
5. TRÂMITE DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
 Em regra, o inquérito policial deve tramitar na 
mesma comarca que for competente para a ação penal. 
 A divisão de trabalho das autoridades policiais 
não se chama jurisdição, mas circunscrição, haja vista que 
jurisdição é instituto exclusivo de autoridades judiciais. 
 Vejamos o que dispõe o Código de processo 
Penal: 
 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades 
policiais no território de suas respectivas circunscrições e 
terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
 
Art.22.No Distrito Federal e nas comarcas em que houver 
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com 
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja 
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de 
outra, independentemente de precatórias ou requisições, 
e bem assim providenciará, até que compareça a 
autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra 
em sua presença, noutra circunscrição. 
 
6. INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
 
6.1. INSTAURAÇÃO DE OFÍCIO 
 
 Sempre que tiver notícia de crime de ação 
penal pública incondicionada, a autoridade policial deverá 
instaurar o inquérito policial de ofício. 
Caso a notícia criminis seja anônima, o inquérito não 
poderá ser instaurado de imediato.O STF, na análise do Inquérito 1.957/PR, decidiu 
que, caso haja delatio criminis apócrifa (desacompanhada 
de quaisquer elementos de prova), a polícia deverá 
primeiro realizar uma investigação preliminar, só 
baixando portaria se encontrar justo motivo. 
Se o crime for de ação pública condicionada ou 
ação penal privada, será obrigatória a anuência ou 
requerimento da vítima ou, na sua ausência, de seu 
representante legal. 
 
6.2. INSTAURAÇÃO MEDIANTE 
REQUISIÇÃO JUDICIAL OU DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Requisição significa ordem, portanto, nestes 
casos, o delegado de polícia será obrigado a instaurar o 
inquérito policial. 
Caso o promotor de justiça da comarca receba 
notícia crime contra prefeito municipal, deverá 
encaminhá-la ao Procurador Geral de Justiça, que é quem 
tem atribuição para processar prefeitos, conforme artigo 
29, X, da CF. 
 
6.3. REQUERIMENTO DO OFENDIDO 
 
O Código de Processo Penal também 
regulamenta a hipótese de o ofendido requerer a abertura 
de inquérito policial. Nestes casos, somente o delegado de 
policia detém discricionariedade para decidir se instaura 
ou não tal procedimento. 
Conforme o artigo 5ª, II, § 2º do CPP, em caso de 
negativa do delegado, caberá recurso ao chefe de polícia. 
 
7. MODOS DE COGNIÇÃO 
 
Trata-se do meio através do qual o delegado de 
polícia toma conhecimento da infração penal. 
1) Cognição espontânea: a autoridade toma 
conhecimento do crime diretamente, pela rotina. Ato 
discricionário. 
2) Cognição provocada: a ciência do crime chega ao 
policial por interposta pessoa. Ato discricionário. 
3) Cognição coercitiva: nas hipóteses de requisição do juiz 
ou promotor de justiça, bem como de prisão em flagrante. 
Ato vinculado. 
 
8. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
 
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 A mera existência de um inquérito policial 
investigando fatos relacionados à determinada pessoa já 
configura um constrangimento. 
No caso, o constrangimento será legal quando houver 
justa causa, ou seja, um mínimo de elementos que 
justifiquem a instauração de investigação. 
Quando ausentes os elementos mínimos, o 
constrangimento passa a ser ilegal, o que dará ensejo ao 
pedido de trancamento (extinção) do inquérito policial, a 
ser manejado por via de Habeas Corpus, quando o 
constrangido for pessoa física, e Mandado de Segurança, 
quando o constrangido for pessoa jurídica. 
 
9. PEÇA INAUGURAL DO INQUÉRITO 
POLICIAL 
 
1) Portaria – é o ato administrativo pelo qual a autoridade 
policial instaura o inquérito policial nos casos de notitia 
criminis diversa da modalidade coercitiva. 
2) Auto de prisão em flagrante – quando o inquérito 
policial se iniciar à partir de uma prisão em flagrante, 
o próprio auto de prisão será a peça inaugural do 
inquérito, substituindo a portaria. 
3) Requisição judicial ou ministerial – será a peça 
inaugural do inquérito, em caso de cognição 
coercitiva. 
 
10. REPRODUÇÃO SIMULADA DOS 
FATOS 
Chamada vulgarmente de “reconstituição do 
crime”, consiste em uma diligência com objetivo de 
esclarecer os passos do iter criminis (caminho do delito), 
bem como detalhes na execução e participação de demais 
autores ou partícipes. Está prevista no artigo 7º do CPP: 
 
Art.7o Para verificar a possibilidade de haver a infração 
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial 
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
11. INDICIAMENTO 
 Indiciamento é o ato pelo qual o delegado 
atribui a alguém a prática de uma infração penal, com 
base em indícios suficientes e convergentes de autoria. 
 Após o indiciamento, o indiciado passa a ser o 
foco principal das investigações. 
 A necessidade de fundamentação do ato de 
indiciamento está explícita no artigo 2º § 6º da lei 12.830 
de 2013. 
Relatório final – deverá conter apenas a narrativa, 
isenta e objetiva, dos fatos apurados. A autoridade policial 
não deve emitir juízo de valor ou tecer considerações 
acerca da culpabilidade do investigado ou da 
antijuridicidade da conduta. 
 
12. VALOR PROBATÓRIO DO 
INQUÉRITO JUDICIAL 
Em regra, somente será admitido como prova 
aquilo que possa ser reproduzido em juízo sob o crivo do 
contraditório, ressalvadas as provas cautelares, não-
repetíveis e antecipadas. 
 
13. PROVIDÊNCIAS DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
Após o encerramento, o inquérito policial será 
direcionado ao Ministério Público, que poderá tomar 
cinco providências diversas: 
• Oferecer denúncia quando houver justa causa. 
• Requerer sua devolução à autoridade judicial, 
para a realização de novas diligências, imprescindíveis ao 
oferecimento da denúncia. Art. 16 Código de Processo 
Penal. 
• Requerer o arquivamento do inquérito. 
• Requerer a permanência dos autos em cartório, 
à disposição do ofendido ou de quem o represente, 
quando verificar que trata-se de crime de ação penal de 
iniciativa privada. 
• Requerer a remessa dos autos ao juiz 
competente, nos casos em que entender incompetente o 
juízo perante o qual oficia. 
 
14. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO 
INQUÉRITO POLICIAL 
 Na polícia civil: prazo de 30 dias em caso de réu 
solto e de 10 dias em caso de réu preso. 
Na polícia federal: 
• Prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, se o 
réu estiver preso. 
• Se o réu estiver solto, segue a regra geral dos 30 
 
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dias. 
• Na lei n° 11.343/2006 (Drogas): 
• Prazo de 30 dias se o réu estiver preso e 90 dias 
se estiver solto. 
• Estes prazos poderão ser duplicados pelo juiz 
mediante representação da autoridade policial, sempre 
de forma justificada. 
• Inquérito policial militar: prazo de 20 dias em 
caso de réu preso e de 40 dias se solto. 
• Lei n° 1521/51 (crimes contra a economia 
popular): o prazo será de 10 dias, estando o indiciado 
preso ou solto. 
 
14.1. POSSIBILIDADE DE DILAÇÃO DE 
PRAZO E CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
POR EXCESSO DE PRAZO NA DURAÇÃO 
DO INQUÉRITO 
 Quando o indiciado estiver solto, poderá o 
delegado de polícia requerer ao juiz a dilação do prazo por 
tempo razoável, a fim de lhe permite concluir as 
investigações. 
O detalhe é que o artigo 10º §3º do CPP só permite tal 
dilação em caso de indiciado solto. Quando o indiciado 
estiver preso, e o delegado necessitar de dilação de prazo, 
o juiz poderá concedê-la, desde que relaxe a prisão do 
indiciado. 
 Havendo a hipótese do inquérito policial se 
estender por mais tempo do que permite a legislação, e o 
indiciado continuar preso, caberá habeas corpus para 
requerer o relaxamento da prisão. 
 Questão curiosa é saber se, em caso de 
indiciado solto, o excesso de prazo na conclusão do 
inquérito acarreta constrangimento ilegal. 
 Em regra, os tribunais entendem que, estando 
o indiciado solto, não haverá constrangimento. 
 Porém, excepcionalmente, é possível o 
trancamento do inquérito policial por excesso de prazo, 
quando este for exorbitante, e não houver justificativa 
razoável para a demora. 
 Nesse sentido, vejamos o posicionamento 
jurisprudencial: 
 
Ementa: HABEAS CORPUS - ALEGAÇAO DE EXCESSO DE 
PRAZO PARA O TÉRMINO DO INQUÉRITO POLICIAL. 
INSUBSISTENTES RAZÕES PARA O RETARDO. 
CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL. CARACTERIZAÇAO. Não havendo qualquer 
justificativa para o atraso na remessa do inquérito policial, 
que viola o disposto no artigo 51 da Lei 11.343 /2006, tem 
cabimento a alegação de excesso de prazo que vem a 
configurar constrangimento ilegal. Informes judiciais que 
não justificam o excesso prazal. Concessão do "habeas 
corpus". Decisão unânime. (HC 2010320969/SE: TJ-SE; Rel. 
Desa: Geni Silveira Schuster, julgado em 28/03/2011, 
Câmara Criminal) 
 
15. ARQUIVAMENTODO INQUÉRITO 
POLICIAL 
Após receber os autos de inquérito policial, é 
possível que o membro do parquet, conclua pela 
necessidade de arquivamento do mesmo. Neste caso, o 
pedido de arquivamento seguirá o rito previsto no artigo 
28 do Código de Processo Penal: 
 
Art.28 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do 
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o 
juiz, no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a 
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público 
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 
Observa-se, assim, que o arquivamento é um 
ato complexo que envolve duas autoridades. 
Se for arquivado pela falta de base para a 
denúncia, terá natureza rebus sic stantibus, ou seja, o 
inquérito poderá ser retomado se houverem novas 
provas, conforme artigo 18 do Código de Processo Penal: 
 
Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inquérito 
pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 
 Se o arquivamento ocorrer por outro motivo 
(por exemplo, por atipicidade do fato), poderá ter 
natureza definitiva. 
 
15.1. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO OU 
TÁCITO 
 Ocorre quando o Ministério Público deixa de 
incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos 
indiciados, sem justificação ou expressa manifestação 
deste procedimento. A idéia do arquivamento implícito 
parte da presunção de que, uma vez havida a omissão do 
membro do Ministério Público, o subseqüente silêncio do 
juiz configuraria um arquivamento tácito. 
O arquivamento implícito tem duplo aspecto: 
• Aspecto subjetivo: quando a omissão se refere a 
um ou mais indiciados; 
• Aspecto objetivo: concernente a fatos 
investigados não considerados na decisão. 
 
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Atenção: Essa modalidade não é admitida no 
direito brasileiro. Os tribunais já decidiram que a omissão 
do Ministério Público em relação à pessoas ou fatos não 
impede que haja aditamento da denúncia, ou mesmo o 
oferecimento posterior de nova exordial acusatória. 
Nesse sentido, vejamos a decisão abaixo: 
 
Info Nº 605 – Inquérito Policial e Arquivamento Implícito. 
O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura 
do arquivamento implícito de inquérito policial. Ao 
reafirmar esse entendimento, a 1ª Turma denegou habeas 
corpus em que se sustentava a sua ocorrência em razão de 
o Ministério Público estadual haver denunciado o paciente 
e co-réu, os quais não incluídos em denúncia oferecida 
anteriormente contra terceiros. Alegava a impetração que 
o paciente, por ter sido identificado antes do oferecimento 
da primeira peça acusatória, deveria dela constar. 
Inicialmente, consignou-se que o Ministério Público 
esclarecera que não incluíra o paciente na primeira 
denúncia porquanto, ao contrário do que afirmado pela 
defesa, não dispunha de sua identificação, o que impediria 
a propositura da ação penal naquele momento. Em 
seguida, aduziu-se não importar, de qualquer forma, se a 
identificação do paciente fora obtida antes ou depois da 
primeira peça, pois o pedido de arquivamento deveria ser 
explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido, salientou-se que a 
ocorrência de arquivamento deveria se dar após o 
requerimento expresso do parquet, seguido do 
deferimento, igualmente explícito, da autoridade judicial 
(CPP, art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF). 
Ressaltou-se que a ação penal pública incondicionada 
submeter-se-ia a princípios informadores inafastáveis, 
especialmente o da indisponibilidade, segundo o qual 
incumbiria, obrigatoriamente, ao Ministério Público o 
oferecimento de denúncia, quando presentes indícios de 
autoria e prova de materialidade do delito. Explicou-se 
que a indisponibilidade da denúncia dever-se-ia ao 
elevado valor social dos bens tutelados por meio do 
processo penal, ao se mostrar manifesto o interesse da 
coletividade no desencadeamento da persecução sempre 
que as condições para tanto ocorrerem. Ademais, 
registrou-se que, de acordo com a jurisprudência do 
Supremo, o princípio da indivisibilidade não se aplicaria à 
ação penal pública. Concluiu-se pela higidez da segunda 
denúncia. Alguns precedentes citados: RHC 95141/RJ (DJe 
de 23.10.2009); HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC 
104356/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. 
(HC-104356) 
 
15.2. ARQUIVAMENTO ORIGINÁRIO 
 Diz-se que o arquivamento é originário quando 
apresentado diretamente pelo Procurador Geral, nas 
ações de competência originária dos tribunais. 
15.3. ARQUIVAMENTO INDIRETO 
 Ocorre quando o membro do Ministério público 
entende que o juiz perante o qual oficia é incompetente 
para julgar a causa, e requer a remessa dos autos ao juiz 
competente. Se o juiz discordar, deverá invocar, por 
analogia, o artigo 28 do Código de Processo Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO III – AÇÃO PENAL
1. CONCEITOS BÁSICOS 
 O Estado é o detentor do monopólio da 
jurisdição. 
 Jurisdição é o poder-dever do Estado de aplicar 
o direito ao caso concreto. 
 Na esfera penal, a prestação jurisdicional se 
consubstancia no jus puniendi (direito de punir). 
 O monopólio da jurisdição por parte do Estado 
impõe, por consequência lógica, a proibição à autotutela 
e à autocomposição. 
 Excepcionalmente esse monopólio é 
relativizado, como observado na legítima defesa e na 
transação penal. 
 Assim, uma vez que o cidadão venha a ser vítima 
de um crime, não podendo punir diretamente o seu 
agressor, o que poderá fazer é dar início à uma ação penal. 
 A ação penal, portanto, consiste no direito de 
agir, exercido perante juízes e tribunais, invocando a 
prestação jurisdicional que, na esfera criminal, é a 
existência e aplicação da pretensão punitiva do Estado. 
No processo penal brasileiro, temos duas 
modalidades de ação penal a depender da legitimidade 
para sua propositura: a ação penal pública e a ação penal 
privada, conforme estudaremos a seguir. 
 
 
 
 
A
Ç
Ã
O 
PÚBL
ICA
{ 
 
• Incondicionada 
• Condicionada à 
representação 
• Condicionada a 
requisição ministerial 
PENAL 
PRIVADA{ 
 
 
• Propriamente dita 
• Subsidiária da 
pública 
• Personalíssima 
 
2. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA 
 A regra no processo penal brasileiro é que a ação 
penal seja de iniciativa pública, o que significa dizer que 
seu titular é o Ministério Público. 
 Essa modalidade de ação penal se divide em: 
• Ação Penal de Iniciativa Pública Incondicionada. 
• Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à 
representação do Ofendido. 
• Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à 
Requisição do Ministro da Justiça. 
 Atenta-se para o fato de que qualquer que seja 
o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio 
ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal 
será pública. 
 Da mesma forma que a ação penal, o inquérito 
policial dependeráde representação quando a ação for 
condicionada, e dependerá da autorização da vítima 
quando a ação penal for privada. 
 
2.1. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA 
PÚBLICA INCONDICIONADA 
2.1.1. CONCEITO 
 Diz- se incondicionada a ação penal de iniciativa 
pública quando, para que o Ministério Público possa 
iniciá-la ou, mesmo, requisitar a instauração de inquérito 
policial, não se exige autorização/requerimento da vítima 
ou de quem a represente. 
2.1.2. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL DE 
INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA 
• Obrigatoriedade – estipula que é indispensável a 
propositura da ação, quando há provas suficientes para 
tanto e inexistindo obstáculos para a atuação do 
Ministério Público. 
• Oficialidade – materializado no artigo 129, I, da 
CF, a ação penal será procedida por órgão oficial, qual 
seja, o Ministério Público. 
• Indisponibilidade – é vedado ao Ministério 
Público desistir da ação penal por ele iniciada. Atenção: 
desistir da ação penal é diferente de, ao seu final, pugnar 
 
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pela improcedência do pedido levado a efeito na 
denúncia. Tal hipótese é perfeitamente cabível. 
• Intranscendência – a ação penal somente deve 
ser proposta em face daqueles que praticaram a infração 
penal, não podendo atingir pessoas estranhas ao fato 
criminoso 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA 
INDIVISIBILIDADE EM AÇÃO PÚBLICA. 
Na ação penal pública, o MP não está obrigado a 
denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, 
não se podendo falar em arquivamento implícito em 
relação a quem não foi denunciado. Isso porque, nessas 
demandas, não vigora o princípio da indivisibilidade. 
Assim, o Parquet é livre para formar sua convicção 
incluindo na increpação as pessoas que entenda terem 
praticados ilícitos penais, mediante a constatação de 
indícios de autoria e materialidade. Ademais há 
possibilidade de se aditar a denúncia até a sentença. 
Precedentes citados: REsp 1.255.224-RJ, Quinta Turma, 
DJe 7/3/2014; APn 382-RR, Corte Especial, DJe 5/10/2011; 
e RHC 15.764-SP, Sexta Turma, DJ 6/2/2006. RHC 34.233-
SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
6/5/2014. 
 
2.2. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA 
PÚBLICA CONDICIONADA À 
REPRESENTAÇÃO 
2.2.1. CONCEITO 
 Trata-se de ação penal cuja titularidade é do 
Ministério Público, mas que dependerá da representação 
do ofendido ou de quem o represente para que possa 
propor a denúncia. 
2.2.2. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL DE 
INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA À 
REPRESENTAÇÃO 
 Segue os mesmos princípios da ação penal de 
iniciativa pública incondicionada. 
2.2.3 REPRESENTAÇÃO 
 Consiste na manifestação de vontade por parte 
da vítima ou de quem o represente, autorizando o 
Ministério Público a oferecer a denúncia, bem como à 
autoridade policial instaurar o inquérito policial. 
 A representação tem forma livre, ou seja, não 
exige maiores formalidades, bastando que haja a 
manifestação inequívoca de vontade da vítima no sentido 
de querer a investigação do fato e o processamento de 
seu agressor. 
 Quanto à natureza jurídica; a representação 
constitui condição de procedibilidade da ação penal. 
Nos termos do artigo 39 do Código de Processo penal, a 
representação pode ser oferecida perante o delegado de 
polícia, o juiz ou o representante do Ministério público. 
2.2.4. PRAZO PARA REPRESENTAR 
 Seis meses, contados a partir do dia em que a 
vítima sabe quem é o autor do fato criminoso. É possível 
que a vítima tome conhecimento de que está nessa 
situação, mas sem ainda saber que é o autor das 
agressões, como em um caso de calúnia por meio de 
cartas anônimas, por exemplo. Sendo assim, o prazo para 
o oferecimento da representação só começa a contar 
quando a vítima passa a saber quem é seu agressor. 
2.3. RETRATAÇÃO 
 Retratar significa “voltar atrás”, quanto ao 
interesse em ver o agressor ser processado. É admissível 
até o oferecimento da denúncia. 
2.4. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO 
MINISTRO DA JUSTIÇA 
 Em alguns casos, como por exemplo nos crimes 
contra a honra do presidente da República ou de chefe de 
governo estrangeiro, a lei condiciona a propositura da 
ação penal à prévia requisição do Ministro da Justiça. 
 Neste caso, apesar de ter a mesma natureza 
jurídica da representação, não se impõe o prazo 
decadencial de 06 (seis) meses. 
 
3. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 
3.1. CONCEITO: 
 É a modalidade de ação penal cuja titularidade 
passa do Estado para o particular, haja vista o interesse é 
eminentemente privado. Não se transfere o direito de 
punir, mais tão somente o direito de agir. 
 
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3.2. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL DE 
INICIATIVA PRIVADA 
• Oportunidade – segundo Tourinho Filho, este 
princípio confere ao titular da ação o direito de julgar da 
conveniência ou inconveniência quanto á propositura da 
ação penal. 
• Disponibilidade – Mesmo depois de proposta a 
ação penal, o particular poderá, valendo-se de 
determinados institutos, dispor da ação penal por ele 
proposta inicialmente. Por exemplo: perempção – ocorre 
quando o querelante deixa de promover o andamento da 
ação por mais de 30 dias seguidos. 
• Indivisibilidade – materializado no artigo 48 do 
Código de Processo Penal: a queixa contra qualquer dos 
autores do crime obrigará ao processo de todos, e o MP 
velará pela sua indivisibilidade. 
3.3. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL DE 
INICIATIVA PRIVADA 
3.3.1. AÇÃO PENAL PRIVADA 
PROPRIAMENTE DITA 
 Ocorre nos casos em que a lei penal preferiu que 
o início da ação penal ficasse a cargo do particular. 
 No caso de morte ou ausência, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir na ação penal ficará a 
cargo do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Código Penal, art.100, § 4°. 
 
3.3.2. AÇÃO PENAL PRIVADA 
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – CF, ART. 5°, 
LIX. 
 Só cabe exclusivamente em caso de inércia. Caso 
o MP peça o arquivamento do inquérito policial, ou 
requeira a devolução do inquérito à polícia civil a fim de 
efetuarem novas diligências, não caberá ação penal 
privada subsidiária. 
 
3.3.3. AÇÃO PENAL PRIVADA 
PERSONALÍSSIMA 
 São aquelas em que somente o ofendido, e mais 
ninguém, pode propô-las. Por exemplo: art. 236, do CP – 
nesses casos não há sucessão por morte ou ausência. 
3.4. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
NA AÇÃO PENAL PRIVADA 
• Funciona como custos legis, ou seja, fiscal da lei. 
• Verifica se o devido processo legal está sendo 
respeitado 
• Se estão sendo resguardados os direitos das 
partes 
• Se foi respeitado o princípio da indivisibilidade 
• Analisa se o delito não é caso de ação penal de 
iniciativa pública 
• Analisa a ocorrência de causa extintiva de 
punibilidade 
• Ao final da instrução, o MP se manifesta pela 
condenação ou absolvição do querelado. 
3.4.1. POSSIBILIDADE DO PROMOTOR 
ADITAR A QUEIXA-CRIME – ART. 45, DO 
CPP 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa 
do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, 
a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes 
do processo. 
“Nos termos do artigo 45 do CPP, a queixa poderá ser 
aditada pelo ministério público, ainda que se trate de ação 
penal privativa do ofendido, desde que não proceda à 
inclusão de coautor ou partícipe, tampouco inove quanto 
aos fatos descritos” (STJ-HC 85.039/SP) 
 
3.5. CAUSAS DE EXTINÇÃO DA 
PUNIBILIDADE APLICÁVEIS À AÇÃO 
PENAL PRIVADA 
3.5.1. DECADÊNCIA 
 É a perda do direito de ingressar com a ação em 
face do decurso do prazo sem o oferecimento da queixa. 
 Vejamos como o instituto é disciplinado no 
Código de Processo Penal: 
Art. 103 - Salvo disposiçãoexpressa em contrário, o 
ofendido decai do direito de queixa ou de representação 
se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado 
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, 
no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se 
 
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esgota o prazo para oferecimento da denúncia. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
• Caso o querelante apresente queixa-crime em 
juízo incompetente, não haverá decadência, haja vista a 
intenção inequívoca de iniciar a ação penal. 
• O prazo decadencial é peremptório, não se 
prorrogando ou se suspendendo por qualquer razão. 
• A instauração de inquérito policial, portanto, não 
obsta o prosseguimento do prazo. 
• Se o último dia do prazo cair em feriado ou fim de 
semana, ele não se estende até o próximo dia útil. 
• Nos crimes permanentes, o prazo começa a 
contar quando cessa a permanência, se a autoria já for 
conhecida. 
• No crime habitual, a decadência se conta a partir 
do último ato conhecido pelo querelante. 
• O prazo decadencial tem natureza penal, 
incluindo-se o dia do começo. 
• Comunica-se a todos os autores do delito. 
 
3.5.2. PEREMPÇÃO 
• É a perda do direito de prosseguir na ação penal 
privada em razão da inércia do querelante. 
• Tem natureza de sanção 
• Comunica-se a todos os autores do delito. 
• Não tem aplicabilidade na ação penal privada 
subsidiária. 
 Vejamos como o instituto é disciplinado no 
Código de Processo Penal: 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante 
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: 
I -quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover 
o andamento do processo durante 30 dias seguidos; 
 
• Atenção: na esfera penal, a perempção extingue 
a punibilidade. 
• No Processo Civil, a perempção só ocorre após a 
terceira extinção do processo sem julgamento do mérito 
pelo mesmo motivo. 
 
Art. 60; II-quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo 
sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) 
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, 
ressalvado o disposto no art. 36; 
 
• Trata-se de condição de prosseguibilidade da 
ação penal. 
• Não se aplica à ação penal privada 
personalíssima. 
• Art. 60; III- quando o querelante deixar de 
comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do 
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular 
o pedido de condenação nas alegações finais; 
• Na ação penal pública, o juiz pode condenar o 
réu, mesmo que o MP tenha pedido a absolvição. 
 
IV- quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se 
extinguir sem deixar sucessor. 
 
3.5.1. RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA 
• Ocorre antes do início da ação penal 
• Unilateral 
• Pode ser expressa ou tácita 
• Se feita em relação a um dos autores, a todos se 
estende (Indivisibilidade) 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no 
Código de Processo Penal: 
 
Art.49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em 
relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. 
Art.50. A renúncia expressa constará de declaração 
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou 
procurador com poderes especiais. 
 
3.6. PERDÃO DO OFENDIDO 
• Ato pelo qual o querelante desiste da ação penal. 
• Ocorre em momento posterior à queixa-crime. 
• É bilateral. 
• Se concedido a um dos querelados, a todos se 
estende, exceto em relação ao que o recusar. 
• Se forem dois os querelantes, o perdão oferecido 
por um não se estende ao outro. 
• Pode ser feito pessoalmente ou por procurador 
com poderes especiais. 
• Pode ser expresso ou tácito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO VI – AÇÃO CIVIL EX-DELITO 
1. CONCEITO 
 É a ação proposta no juízo civil pelo ofendido, 
seu representante legal ou seus herdeiros para obter a 
reparação do dano provocado pela infração penal. 
(MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo Penal. 
4ª Ed. Saraiva, 2009.) 
 
2. SISTEMA DE REPARAÇÃO DO DANO 
 O ordenamento jurídico brasileiro adotou o 
sistema da independência entre os juízos penal e cível. 
Isto significa que, as ações deverão ser propostas 
separadamente, tendo os julgadores liberdade para 
julgar, desvinculados das demais instâncias. 
 Ocorre que tal sistema é mitigado por algumas 
situações, como a possibilidade de o juiz criminal, em 
sentença penal condenatória, determinar o valor mínimo 
para a reparação do dano, tendo a sentença penal 
condenatória a natureza de título executivo judicial (artigo 
63 do CPP). 
 
3. DECISÕES EM MATÉRIA PENAL QUE 
FAZEM COISA JULGADA NO ÂMBITO 
CIVIL 
• Sentença Penal Condenatória definitiva – Por 
força do artigo 63 do CPP, após a sentença penal 
condenatória com trânsito em julgado, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros estarão legitimados 
a propor a execução da sentença na esfera cível. 
• Atenção – Nem todo crime irá gerar o dever de 
indenizar. É possível que o réu seja condenado 
criminalmente sem que tenha gerado prejuízo para 
alguém. 
• Sentença Penal Absolutória que reconhece a 
presença de causa excludente de ilicitude- Prevista 
expressamente no artigo 65 do CPP, essa regra proíbe o 
juízo cível de discutir acerca de excludente de ilicitude 
reconhecida de forma definitiva na esfera penal. É a 
chamada eficácia preclusiva subordinante. 
• Ocorre que, não obstante esta regra, é possível, 
em algumas hipóteses, que mesmo tendo havido a 
ocorrência de excludente de ilicitude, ainda permaneça o 
dever de indenizar, podendo-se citar como exemplo a 
legítima defesa putativa. 
 
4. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO PARA A PROPOSIÇÃO DA 
AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
Vejamos o disposto no artigo 68 do CPP: 
 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano 
for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença 
condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será 
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
 
 A princípio, a possibilidade garantida ao titular 
comprovadamente pobre de ser representado pelo 
Ministério Público não suscitaria maiores debates. 
 Porém, a Constituição Federal, em seu artigo 
134, prevê que a representação do cidadão 
hipossuficiente será feita pela Defensoria Pública. 
 Vejamos: 
 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a 
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.) 
 
 Conforme se pode aferir no informativo 346 do 
STF, a egrégia corte, ao julgar essa controvérsia, decidiu 
que o artigo 68 do CPP é norma constitucional em trânsito 
para a inconstitucionalidade, o que significa dizer que será 
válido enquanto não forem instaladas as defensorias 
Públicas nos estados. 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO V – JURISDIÇÃO
 
1. CONCEITO DE JURISDIÇÃO 
 Jurisdição significa o poder que o estado detém, 
que também é um dever, no sentido de aplicar as regras 
de direito aos casos concretos que são postos à sua 
apreciação. 
 Fala-se que o Estado detém o monopólio da 
jurisdição, haja vista que só ele tem o poder de aplicá- la, 
vedando, em regra, a autotutela. 
 
2. CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO 
• Substitutividade – Vedando a autotutela, o 
estado substitui as partes, sendo ele o responsável pelasolução judicial dos conflitos. 
• Definitividade – as decisões judiciais, após o 
esgotamento das vias recursais, passam a ser imutáveis. 
Excepcionalmente poderão ser revistas via revisão 
criminal. 
• Inércia – O estado, no exercício da função 
jurisdicional, depende de prévia provocação para agir. Em 
algumas hipóteses, excepcionais, deverá o juiz agir sem 
provocação, como no caso do habeas corpus de ofício. 
• Indivisibilidade – A jurisdição é uma e indivisível. 
A organização da mesma em penal, cível e trabalhista 
serve apenas para facilitar e sistematizar o trabalho 
. 
3. PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
• Juiz natural – Já estudado no capítulo 01. 
• Investidura – Apenas poderão atuar no exercício 
jurisdicionais os profissionais legalmente investido em 
suas funções. 
• Inércia - Já estudado no item 2. 
• Indeclinabilidade – Sempre que uma questão for 
submetida à apreciação do poder judiciário, este será 
obrigado a prolatar uma decisão, seja ou não de mérito. 
• Indelegabilidade – O magistrado deverá exercer 
sua função com pessoalidade, não podendo delegar tal 
atividade. 
 
4. DIVISÕES DA JURISDIÇÃO 
 
• Quanto à graduação – os órgãos do poder 
judiciário são divididos em instâncias, conforme o duplo 
grau de jurisdição. 
• Quanto à matéria – a jurisdição será penal ou 
civil, a depender da natureza do direito sobre o qual incide 
a controvérsia. 
• Quanto à função – A jurisdição será comum 
(residual) ou especial (Justiças militar, eleitoral e do 
trabalho). 
• Quanto ao objeto – Divide-se a jurisdição em 
contenciosa (necessidade de solução de controvérsia) ou 
voluntária (ausência de litígio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO VI – COMPETÊNCIA EM MATÉRIA PENAL
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Embora a jurisdição seja una, ela é distribuída 
entre diversos órgãos. Essa distribuição técnica do poder 
jurisdicional, a fim de facilitar a organização e 
sistematização do trabalho é a chamada Competência. 
 
2. COMPETÊNCIA 
 É a delimitação do exercício do poder 
jurisdicional. Fala-se que competência é a ‘medida da 
jurisdição”. 
 
3. CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DE 
COMPETÊNCIA 
 A doutrina, para fins didáticos, estabelece a 
seguinte divisão. 
• Em razão da matéria/natureza da infração – 
ratione materiae 
• Em razão do cargo ou função do acusado – 
ratione personae 
• Em razão do local do crime ou da residência do 
acusado – ratione loci 
 
3.1. CRITÉRIOS LEGAIS 
 Já o Código de Processo Penal estabelece as 
seguintes distinções: Art. 69. Determinará a competência 
jurisdicional: 
 I - o lugar da infração: 
 II - o domicílio ou residência do réu; 
 IV - a distribuição; 
 V - a conexão ou continência; 
 VII - a prerrogativa de função. 
 
4. DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA EM 
RAZÃO DA MATÉRIA 
 Para identificar a competência para julgar 
determinado fato, é preciso definir, em um primeiro 
momento, o juízo competente conforme a natureza da 
infração. 
 A CF criou justiças especializadas para 
determinadas matérias, sendo o restante julgado pela 
justiça comum (caráter residual). 
 
4.1. JUSTIÇA ELEITORAL (ARTIGOS 118 A 
121 DA CF) 
 Julga infrações de natureza eleitoral e as 
infrações conexas. 
 A competência da justiça eleitoral ficou a cargo 
do Código Eleitoral, por força do artigo 121 da 
Constituição federal. 
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a 
organização e competência dos tribunais, dos juízes 
de direito e das juntas eleitorais. 
 A competência criminal da Justiça Eleitoral 
engloba os crimes eleitorais, sendo estes os previstos no 
Código Eleitoral e os que a lei expressamente defina como 
tal. 
Atenção – A motivação política ou mesmo eleitoral não é 
suficiente para definir a competência da Justiça Especial 
de que estamos tratando. Da mesma forma, a existência 
de campanha eleitoral é irrelevante, pois, de per si, não 
é suficiente para caracterizar os crimes eleitorais à falta 
de tipificação legal no Código Eleitoral ou em leis eleitorai 
extravagantes. (BRASILEIRO, Renato. Competência 
Criminal. Ed. Juspodivm) 
 Composição da Justiça eleitoral - Juízes eleitorais 
(juízes estaduais designados pelo TRE), tribunais regionais 
eleitorais e Tribunal Superior Eleitoral. 
 Havendo conexão entre crimes eleitorais e 
crimes de competência da justiça estadual, a justiça 
especial os julgará. Vejamos o artigo 35, II, do Código 
eleitoral: 
Art. 35. Compete aos juizes: 
... 
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que 
lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do 
Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; 
 
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 Havendo conexão entre crime eleitoral e crime 
de competência da justiça federal, eleitoral, apesar de 
haver precedente do STJ entendemos que também haverá 
união de processo e julgamento perante a justiça em 
sentido diverso. 
 Havendo conexão entre crime eleitoral e crime 
militar, haverá a cisão dos processos. 
Observações: 
a) Os crimes eleitorais são apurados pela Polícia Federal; 
b) Ofensas cometidas contra juízes, promotores e 
servidores da Justiça Eleitoral serão de competência da 
justiça Federal; 
c) inquérito será remetido do Procurador Regional 
Eleitoral. 
d) É perfeitamente admissível ação penal privada 
subsidiária da pública em crimes eleitorais. 
Vejamos: 
 
“Recurso especial. Crime eleitoral. Ação penal privada 
subsidiária. Garantia constitucional. 
Art. 5º, LIX, da Constituição Federal. Cabimento no âmbito 
da Justiça Eleitoral. Arts. 29 do Código de Processo Penal 
e 364 do Código Eleitoral. Ofensa. 1. A ação penal privada 
subsidiária à ação penal pública foi elevada à condição de 
garantia constitucional, prevista no art. 5º, LIX, da 
Constituição Federal, constituindo cláusula pétrea. 2. Na 
medida em que a própria Carta Magna não estabeleceu 
nenhuma restrição quanto à aplicação da ação penal 
privada subsidiária, nos processos relativos aos delitos 
previstos na legislação 
especial, deve ser ela admitida nas ações em que se 
apuram crimes eleitorais. 3. A queixa- crime em ação 
penal privada subsidiária somente pode ser aceita caso o 
representante do Ministério Público não tenha oferecido 
denúncia, requerido diligências ou solicitado o 
arquivamento de inquérito policial, no prazo legal. 4. Tem-
se incabível a ação supletiva na hipótese em que o 
representante do Ministério Público postulou providência 
ao juiz, razão pela qual não se pode concluir pela sua 
inércia. *...+”(Ac. de 14.8.2003, no RESPE nº 21295, rel. 
Min. Fernando Neves.) 
 
• Justiça Militar (art. 124 CF) – Julga os crimes 
militares previstos no artigo 9º do Código Penal Militar. 
 Casuística referente à justiça militar: 
• Crime doloso contra a vida praticado por militar 
contra civil – Será de competência da Justiça Comum, 
especificamente do Tribunal do Júri, conforme artigo 9º 
parágrafo único do Código Penal Militar. 
• Crime de abuso de autoridade praticado por 
militar – Neste caso, ainda que o militar pratique tal crime 
no exercício de suas funções, será competente a justiça 
comum. 
 
Nesse sentido a súmula 172 do STJ - Compete a justiça 
comum processar e julgar militar por crime de abuso de 
autoridade, ainda que praticado em serviço. 
• Acidente de trânsito envolvendo viatura militar 
– será de competência da justiça comum, exceto se autore vítima forem militares. Nesse sentido a súmula 06 do 
STJ: Compete a justiça comum processar e julgar delito 
decorrente de acidente de transito envolvendo viatura da 
policia militar, salvo se autor e vítima forem policiais 
militares em situação de atividade. 
• Crime praticado por civil contra instituições 
militares estaduais – Será de competência da justiça 
comum, conforme súmula 53 do STJ: 
• Súmula 53 do STJ: Compete à Justiça Comum 
Estadual processar e julgar civil acusado de prática de 
crime contra instituições militares estaduais. 
 
Atenção: a justiça do trabalho não tem competência em 
matéria penal. 
 
5. DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL E 
ESTADUAL 
 
5.1. JUSTIÇA FEDERAL 
 Sua competência é delimitada no artigo 109, IV, 
da CF, e julgará: 
• Crimes Políticos – São aqueles previstos na Lei de 
Segurança Nacional (lei 7170/83) 
• Infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da união, suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções. 
• Quanto a este ponto, importante destacar a 
importância dos enunciados de súmulas do STJ de nº 38, 
42 e 147. 
Súmula 38 do STJ: “Compete à Justiça Estadual Comum, 
na vigência da Constituição de 1988, o processo por 
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento 
de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades.” 
Súmula 42 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual 
processar e julgar as causas cíveis em que é parte 
sociedade de economia mista e os crimes praticados em 
seu detrimento.” Súmula 147 do STJ: “Compete à Justiça 
Federal processar e julgar os crimes praticados contra 
funcionário público federal, quando relacionados com o 
 
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exercício da função.” 
• crimes previstos em tratado ou convenção 
internacional, quando iniciada a execução no País, o 
resultado devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente 
• Exemplo: Tráfico internacional de drogas, por 
força da convenção de Viena e artigo 70 da Lei 
11343/2006. 
• Casos de grave violação de direitos humanos, se 
houver necessidade de assegurar o cumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais sobre 
direitos humanos de que o Brasil faça parte. Previsto no 
artigo 109, § 5º da CF. 
• Neste caso, se o procedimento se iniciar na 
justiça estadual, cabe ao Procurador Geral da República 
pleitear o deslocamento de competência 
• Crimes contra a organização do trabalho - Não 
basta que o crime esteja inserido neste título para que a 
competência seja da justiça federal, devendo, para isto, 
haver violação aos direitos dos trabalhadores 
coletivamente considerados. 
• Os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua 
competência ou quando o constrangimento provier de 
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a 
outra jurisdição; 
• Os mandados de segurança contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de competência 
dos tribunais federais; 
• Crimes contra o sistema financeiro ou a ordem 
econômica, quando determinados em lei. 
• Crime cometido a bordo de navios ou aeronaves 
ressalvada a competência da Justiça Militar 
• Crimes de ingresso e permanência irregular de 
estrangeiro – Trata-se dos crimes previstos no estatuto do 
estrangeiro (lei 6815/80). 
 
5.2. JUSTIÇA ESTADUAL 
 Sua competência é definida pelo artigo 125 da 
CF. 
 Podemos dizer que a justiça estadual terá 
competência residual, ou seja, caso o crime em questão 
não seja de competência das justiças especializadas ou da 
justiça comum federal, será de competência estadual, por 
exclusão. 
 Detalhes: 
Crimes dolosos contra a vida. Competência do Tribunal do 
Júri - O Júri poderá ser estadual ou federal, a depender do 
caso concreto. Ex: em caso de homicídio a bordo de 
aeronave, o crime será julgado pelo tribunal do júri da 
Justiça Federal. 
• Juizados Especiais Criminais - Competentes para 
crimes de menor potencial ofensivo. Também podem ser 
federais ou estaduais. 
 
6. DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA EM 
RAZÃO DO CARGO OU FUNÇÃO DO 
ACUSADO 
 É o chamado foro privilegiado por prerrogativa 
de função. 
 Em razão da relevância do papel desempenhado 
por determinadas autoridades, a CF e algumas 
constituições estaduais determinam que tais autoridades 
sejam julgadas, originariamente, pelos tribunais. 
 A CF delimita essa competência: 
• STF (Art. 102) – Julga originariamente, nos crimes 
comuns – 
Ø Presidente da República 
Ø Vice-presidente da República 
Ø Deputados Federais 
Ø Senadores da república 
Ø Ministros do próprio supremo 
Ø Procurador Geral da República 
Ø Ministros de Estado 
Ø Comandantes da 
marinha/exército/aeronáutica 
Ø Membros dos tribunais Superiores 
Ø Membros dos tribunais de contas da União 
Ø Chefes de missão diplomática de caráter 
permanente 
 
• STJ (art. 105) –Julgam originariamente, nos 
crimes comuns: 
 
Ø Governadores dos Estados e do DF 
Ø Desembargadores 
Ø Membros dos Tribunais de contas dos estados 
e do DF 
Ø Membros dos Tribunais regionais (TER,TRF e 
TRT) 
Ø Membros dos tribunais de contas dos 
Municípios 
Ø Membros do MPU que oficiem perante 
tribunais 
 
• TRF (108 ,a, CF) – Julgam, originariamente, nos 
crimes comuns, ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral 
 
Ø Os juízes federais de sua área de jurisdição 
 
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PROCESSO PENAL – Prof. Danilo Vasconcelos 
 
PR
O
C
ES
SO
 P
EN
A
L 
Ø Os juízes militares federais de sua área de 
jurisdição 
Ø Os juízes do trabalho de sua área de jurisdição 
Ø Os membros do MPU que oficiem em 1ª 
instância 
 
• TJ dos estados e do DF (art. 29, X; art. 96, III) – 
Julgam, originariamente, nos crimes comuns – 
 
Ø Prefeitos municipais 
Ø Os juízes estaduais e do DF, inclusive os da 
justiça Militar estadual, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral(art. 96, III da 
cf) 
Ø Os membros do MPE e do DF, ressalvada a 
competência da justiça eleitoral. 
 
6.1. FORO PRIVILEGIADO E CESSAÇÃO 
DO MANDATO 
 Apesar as tentativas do legislador no sentido de 
regulamentar a prorrogação do foro privilegiado mesmo 
após o fim do mandato (vide lei10.628 que acrescentou o 
§ 1º ao artigo 84 do CPP), o STF, em julgamento da ADIN 
2797 a declarou inconstitucional. 
 Assim, o foro privilegiado só prevalecerá 
durante o exercício da função pública. Quando o agente 
deixar o cargo/emprego/função que ocupa, seu processo 
deverá ser remetido ao juízo de primeiro grau. 
6.2. AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS DE 
JUSTIÇA PELAS CONSTITUIÇÕES 
ESTADUAIS 
 
É possível, desde que não haja confronto com a 
CF. Exemplo – Júri. 
 
6.3. RESSALVA DA JUSTIÇA ELEITORAL 
 
 A CF, ao delimitar a competência originária dos 
TJ´s ou TRF´s, em relação à juízes e promotores, ressalva 
a competência da Justiça Eleitoral. 
A jurisprudência amplia essa ressalva para 
incluir os prefeitos. 
Já as autoridades com foro privilegiado para 
serem julgados originariamente pelo STJ ou STF serão 
assim julgadas ainda que tenham cometido crimes 
eleitorais, diante da omissão da Constituição. 
 
6.4. AFASTAMENTO DA COMPETÊNCIA 
ORIGINÁRIA DOS TJ DOS ESTADOS EM 
FACE DO CARÁTER FEDERAL DO CRIME 
COMETIDO PELO PREFEITO 
 
Se o prefeito cometer crime de natureza federal, 
será Julgado pelo TRF. 
 
Súmula 208 do STJ: “Compete a Justiça Federal processar 
e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a 
prestação de contas perante órgão federal.” 
 
Súmula 209 do STJ: “Compete a Justiça Estadual processar 
e julgar prefeito por desvio de verba transferida e 
incorporada ao patrimônio municipal.” 
 
6.5. ALCANCE DA COMPETÊNCIA DOS 
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA EM RAZÃO DO 
LOCAL DA INFRAÇÃO 
 
Nestes casos, independentemente do local em 
que o crime ocorreu,

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