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Resumo Direito Civil Aula 12 (06.06.2011)

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Direito Civil 
Data: 06/06/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 
Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 
www.enfasepraetorium.com.br 
 
 
Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Classificação das Obrigações / Quanto ao Objeto / Obrigação de Dar / Tradição 
/ Tradição Simbólica / Traditio brevi manu / Constituto possessório / Traditio 
longa manus / Obrigação de Dar Coisa Certa e Coisa Incerta / Obrigação de 
Fazer / Fungíveis e Infungíveis / 
2º Horário. 
 Obrigação de Fazer / Obrigação de Fazer / Fungíveis e Infungíveis / Obrigações 
de Meio e de Resultado / Obrigação de Não Fazer 
 
1º Horário 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
1. Classificação das Obrigações 
1.1. Quanto ao Objeto 
1.1.1. Obrigação de Dar 
As obrigações de dar envolvem a entrega da coisa. Na obrigação de dar em 
sentido estrito, tem-se a intenção de transferência do domínio da coisa que até então 
integrava a esfera de propriedade de uma pessoa a outra; na restituição, não se 
objetiva transferir domínio, mas apenas restituir a coisa. Na primeira hipótese, tem-se 
a título de exemplo a compra e venda e, no segundo, a locação. 
 
 Tradição 
É através da tradição que se cumpre a obrigação de dar, que transfere os riscos 
da coisa, afinal a coisa perece para o dono. Daí a importância de se fixar o momento da 
entrega. 
Forma fácil de enxergar a tradição é a chamada tradição real ou efetiva, em 
que a coisa sai de fato das mãos do devedor para as mãos da pessoa do credor. Como 
a obrigação tem o caráter de pessoalidade, a tradição deve englobar as pessoas certas, 
quem é o credor e quem é o devedor de verdade. 
 Direito Civil 
Data: 06/06/2011 
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Porém, em certos casos essa tradição real não é interessante para as partes, 
tem-se o efeito jurídico da entrega, ainda que a entrega não tenha se dado de fato das 
mãos do devedor para as do credor. São quatro as figuras da tradição ficta: 
a. Tradição Simbólica 
b. Traditio brevi manu 
c. Constituto possessório 
d. Traditio longa manus 
Das quatro figuras supracitadas, a que mais aparece em provas CESPE são 
constituto possessório e traditio brevi manu, até por serem as mais parecidas, o que 
gera certa confusão. 
a. Na tradição simbólica, existe uma entrega efetiva, mas não é a coisa objeto 
daquela relação obrigacional que está sendo de fato entregue. A entrega que se 
observa não é da coisa certa, mas de outro objeto que no momento simboliza a 
entrega da coisa. 
Isso se dá, por exemplo, com a entrega das chaves de um imóvel, o que 
representa a tradição do próprio imóvel. 
Também se verifica a tradição simbólica na chamada venda sobre documentos, 
em que se entrega a documentação ao credor e isso representa a transmissão de 
domínio da coisa. Isso se dá, por exemplo, quando da entrega de documento relativo à 
coisa transportada. 
Outro exemplo se tem no caso de segurado que, a fim de receber a quantia do 
sinistro, entrega documentos à seguradora, o que substitui a entrega de fato do 
veículo. Essa situação causa certa divergência prática, comercial. 
Como, em regra, a tradição dos veículos automotores terrestres se dá pela 
entrega, há quem sustente que a tradição não se efetivou com a entrega dos 
documentos, exigindo-se o registro perante o órgão competente. A divergência se faz 
presente quando há recuperação do veículo deteriorado depois da entrega dos 
documentos à seguradora, mas sem que o segurado ainda tenha recebido o sinistro. 
As seguradoras entendem que a transferência só estaria consubstanciada com o 
pagamento da importância assegurada, do sinistro. Ocorre que, isso não encontra 
respaldo no nosso ordenamento, em que a tradição ocorre com a entrega dos 
documentos. Diante disso, de um modo geral, os tribunais têm entendido que a 
entrega da documentação faz transferir a propriedade, e os atos subseqüentes que 
atinjam o bem são de responsabilidade da seguradora. 
 Direito Civil 
Data: 06/06/2011 
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b. Na traditio brevi manu, não há sequer uma entrega simbólica, dá-se os 
efeitos da tradição por regra legal ou contratual, sem que haja qualquer tipo de 
entrega. Nesse caso, a coisa permanece com quem estava, o que se modifica é a 
qualidade da posse daquele que tinha a coisa antes. Chama-se isso de interversão do 
caráter da posse, sem que para isso tenha havido de fato o ato da tradição. 
Quem tinha a coisa em seu poder, a tinha como possuidor direto ou mero 
detentor, mas adquire por negócio jurídico ou por efeito da lei, a propriedade da coisa, 
seu domínio. 
Aqui se tem o exemplo de locatário que, em compra e venda, exerce seu direito 
de preferência em face da coisa. Nesse contexto, o vendedor (antes locador) celebra 
negócio com o comprador (antes locatário), de modo que o último, que enquanto 
locatário tinha a posse direta, passa a ter a posse plena/domínio e o vendedor que 
tinha a posse indireta enquanto locador, deixa de ser possuidor. Como se vê, não faz 
sentido transferir a posse direta, usa-se a figura da traditio brevi manu. Na traditio 
brevi manu, há uma ampliação de poder. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no 
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, 
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, 
reduzido à metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo 
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e 
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos 
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, 
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras 
disciplinando a matéria. 
Aqui, o prazo para reclamar dos vícios da coisa será reduzido, ou seja, a 
garantia será reduzida, de modo que caso se tivesse um prazo de um ano para 
reclamar de bens imóveis, diante da traditio brevi manu, o prazo será reduzido para 
seis meses, afinal aquele que a adquiriu já usava e fruía da coisa, tendomaiores 
condições de conhecer do vício. 
Exemplo de traditio brevi manu por força de lei é o de devedor que aliena 
fiduciariamente bem de sua propriedade para o credor, transferindo-se a propriedade 
de um bem em garantia de uma dívida. Com a quitação integral da dívida, o devedor 
adquire novamente a propriedade do bem por efeito legal, trata-se de direito eventual 
sob condição suspensiva. Quando se dá o efeito do retorno dessa propriedade, 
recupera-se o efeito pleno da propriedade sem mudança da posse. 
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Também se pode observar a traditio brevi manu no leasing, em que primeiro 
adquire-se a posse do bem como arrendatário e, ao final, ao se optar pela compra do 
bem, a coisa se mantém na posse da mesma pessoa, mas agora na qualidade de 
proprietário. 
c. Quanto ao constituto possessório, deve-se analisar primeiramente os 
dispositivos a seguir. 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos 
antes da tradição. 
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a 
possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à 
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o 
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. 
No CC/16, no dispositivo equivalente ao art. 1.205, o legislador falava 
expressamente do constituto possessório, o que não faz mais no CC/02. 
No art. 1.267 do CC/02, quando se fala em aquisição da propriedade móvel, 
deixa-se claro que é a tradição que transfere a propriedade. Paralelamente, é possível 
aferir que o parágrafo único do art. 1.267 reconhece o constituto possessório e a 
traditio brevi manu. 
A omissão do legislador no art. 1.205 não significa a supressão do instituto, o 
constituto possessório continua sendo instrumento de aquisição de posse, servindo 
tanto para bens móveis como imóveis. A diferença é que para os imóveis, só se tem a 
transmissão da posse, já que a aquisição da propriedade depende do registro, 
enquanto que, para as coisas móveis, nos termos do art. 1.267, parágrafo único, serve 
tanto para a transmissão da posse como da propriedade. 
No constituto possessório, quem tem a coisa em seu poder, após a tradição 
ficta, permanecerá com ela, o que torna o instituto similar à traditio brevi manu. 
Todavia, aqui, os efeitos jurídicos são invertidos. 
Na traditio brevi manu, aquele que tinha a coisa, passava a tê-la com efeito 
maior; na constituto possessório, após a tradição ficta, o poder será menor do que 
aquele que tinha antes. 
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Nesse sentido, o dono pode passar a ser apenas possuidor direto ou mero 
detentor, dependendo da forma como o constituto possessório preveja a transferência 
da coisa. 
Por exemplo, o proprietário de imóvel pode ajustar negócio com a chamada 
cláusula constituti, em que se pretende emitir o proprietário na posse, não se faz a 
tradição de fato em razão da ficção jurídica. O vendedor permanecerá com a coisa na 
qualidade de possuidor direto, enquanto o comprador imitido na posse será tido como 
possuidor indireto. 
Sem a entrega da coisa dentro do prazo acordado, haveria inadimplemento da 
obrigação de dar coisa certa, permitindo-se que o adquirente ingresse com ação de 
imissão na posse, ação petitória fundada no melhor título, para que haja reconhecido 
do seu direito de posse. A ação de imissão segue o rito comum, não sendo tão célere 
quanto à ação possessória, afinal há necessidade de se apurar quem de fato possui o 
melhor título. 
Com o constituto possessório, há desde logo imissão na posse pelo comprador, 
de modo que, diante do inadimplemento pelo atraso na entrega da coisa, cabível se 
faz o esbulho possessório, ação possessória. No caso, a ação adequada será de 
reintegração na posse, afinal, juridicamente, o comprador foi emitido na posse quando 
do ato da compra e venda, tendo inclusive direito de obter liminar inaudita altera pars, 
para poder de fato tomar posse do bem de modo célere. Então, o constituto 
possessório serve para conferir maior poder perante a coisa para aquele que a 
adquiriu. 
Um exemplo de constituto possessório por efeito legal que transmite 
propriedade de coisa móvel é o negócio jurídico da alienação fiduciária em garantia, 
em que se transfere para o credor a propriedade do bem em garantia e, por via do 
constituto possessório, emite-se na posse o credor, que exercerá a posse indireta. Há 
duas tradições fictas, portanto. Antes da dívida, a coisa estava em poder do devedor; 
com a contração da dívida, o devedor permanece com a coisa, mas na qualidade de 
possuidor direto; com a quitação da importância devida, aquele que era devedor 
permanece com a coisa, mas volta à qualidade de proprietário. 
É comum que, em provas, o examinador tente confundir os efeitos do 
constituto possessório com os da traditio brevi manu. 
d. Traditio longa manus (tradição de mão longa) é hipótese em que há a 
entrega da coisa, todavia, esta entrega não é feita diretamente nas mãos do credor. 
Aqui a tradição é feita a outra pessoa ou em outro local em que não se encontra o 
credor, mas que, por ajuste entre as partes, há produção dos mesmos efeitos que se 
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teria com a entrega efetiva, como se a entrega tivesse ocorrido de fato nas mãos de 
quem realmente é o credor. 
Por exemplo, a modalidade em referência se dá na entrega de coisa na portaria 
do prédio, em que o porteiro funciona como longa manus. É como se a pessoa 
estivesse recebendo a coisa, atuando através das mãos de seu porteiro. 
Porém, se não houve convençãodas partes, com pagamento em local diverso 
ou à pessoa não ajustada, não se opera os efeitos da tradição, afinal quem paga mal 
paga duas vezes. 
 
 Obrigação de Dar Coisa Certa e Coisa Incerta 
Aqui, a obrigação de dar deve ser lida lato sensu, englobando as de dar e as de 
restituir, de modo que a coisa pode ser certa (art. 233 a 242) ou incerta (arts. 243 a 
246). 
 A coisa certa se caracteriza por ser coisa determinada ou infungível, ao passo 
que a coisa incerta se trata de coisa determinável ou fungível. 
O credor de prestação determinada não é obrigado a receber outra coisa, ainda 
que mais valiosa, o que, a contrario sensu, significa que o devedor de coisa certa 
também não é obrigado a entregar coisa diversa, ainda que menos valiosa. Isso 
porque, o devedor só se desincumbe da obrigação quando entrega aquilo 
efetivamente acordado. Para que coisa diversa da acordada seja aceita, o credor deve 
anuir com isso, então a hipótese deixa de ser de adimplemento comum e passa a ser 
de dação em pagamento. 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, 
ainda que mais valiosa. 
Se houver a impossibilidade superveniente da coisa, como nenhuma outra é 
admissível no lugar desta, há extinção do vínculo obrigacional. Aqui se deve verificar se 
houve ou não culpa. Se a impossibilidade se deu com culpa, resolve-se pelo 
equivalente mais perdas e danos; se a impossibilidade se deu sem culpa, há resolução 
simples da obrigação, as partes retornam ao estado anterior sem fixação de 
indenização, simplesmente se desfaz o negócio, não se podendo exigir perdas e danos. 
Isso demonstra que no campo das obrigações, em regra, a responsabilidade 
civil é subjetiva, pois dependerá da culpa do devedor. 
Deve-se ater, porém, ao art. 399, pelo que, depois do vencimento da obrigação 
e já constituído em mora o devedor, a responsabilidade dele é objetiva, responderá 
mesmo diante de caso fortuito e força maior. 
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Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora 
essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem 
durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda 
quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. 
Há aparente contradição no dispositivo supra, na sequência “salvo se provar 
isenção de culpa”. O que se deve perceber é que a isenção de culpa não é pela 
responsabilidade, mas pelo inadimplemento, pelo atraso. 
Por exemplo, em comodato de bem móvel, aquele que não entrega o bem 
dentro do prazo estipulado no negócio não pode tentar se isentar da culpa alegando 
que o roubo do bem seria a causa de impossibilidade, afinal ele próprio deu causa ao 
atraso. Porém, se a mesma pessoa não puder restituir o automóvel por causa de caso 
fortuito, por fortes chuvas, por doença, etc., servirá como escusa de responsabilidade 
diante do inadimplemento. 
Resumindo, na Teoria Geral das Obrigações, a responsabilidade atribuída ao 
devedor será, em regra, subjetiva, de modo que só se poderá imputar o dever de 
indenizar ao devedor que tiver agido com culpa. Todavia, o devedor que não cumpre a 
obrigação no tempo, no modo ou no lugar devidos, presumir-se-á culpado pelo 
inadimplemento até que prove o contrário. Teremos, então, uma culpa presumida do 
devedor, com presunção relativa. Se o devedor for culpado pelo inadimplemento ou se 
não conseguir afastar a presunção de sua culpa, lhe será atribuída responsabilidade 
não só pelo atraso em si, mas também pela eventual impossibilidade da prestação que 
venha a ocorrer durante a mora, nos termos do art. 399. 
Na obrigação de dar coisa incerta, a coisa é determinável ou fungível, então 
deverá ocorrer primeiramente a escolha. 
A escolha, depois de cientificada a outra parte, torna a coisa determinada, de 
modo que a obrigação que era de coisa incerta se transforma em obrigação de coisa 
certa. 
Em regra, a escolha deve ser feita in dubio pro solvens, assim, a escolha cabe ao 
devedor se nada foi dito. Por exceção, a escolha pode se dar pelo credor ou por 
terceiro indicado pelas partes. 
A coisa deve ser indicada ao menos no gênero e na quantidade. Se não houve 
determinação da qualidade da coisa incerta, o devedor deve satisfazer a obrigação 
com a coisa de qualidade média. 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
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Data: 06/06/2011 
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Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha 
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não 
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. 
Enquanto não feita a escolha, tem-se uma obrigação genérica. O gênero não 
perece, então não pode o devedor se desobrigar alegando a impossibilidade da 
satisfação, ainda que tenha havido perda ou deterioração da coisa, ainda que não haja 
culpa sua. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da 
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
Dentro de um período de validade razoável, se fornecedor veicular propaganda 
de venda de TV LCD de 42 polegadas, sem especificar a marca, todos os consumidores 
que assim desejarem terão direito de adquirir o bem. Isso porque, o bem aqui seria 
incerto, indicado pelo gênero apenas, obrigando que o fornecedor venda o produto 
para tantos quantos forem os consumidores interessados. O art. 246 traz essa regra de 
que o gênero não perece. 
O fornecedor pode se proteger através de uma exceção, pelo que 
excepcionalmente o gênero seria delimitado. No exemplo supra, o fornecedor poderia 
colocar a limitação de cem peças para venda. 
 
1.1.2. Obrigação de Fazer 
Do mesmo modo que na obrigação de dar, na obrigação de fazer, o que se tem 
é uma conduta positiva, mas aqui não se dá uma coisa, se dá pela execução de um fato 
ou de um serviço. Exemplos são de consulta que o médico realiza em prol do paciente, 
de aula ministrada por um professor, etc. 
Vale observar que uma obrigação pode ser mista, com a cumulação de 
obrigação de dar e de fazer. 
As obrigações de fazer podem ser classificadas por dois critérios diferentes. O 
primeiro está expresso no CC, que as dividem em fungíveis e infungíveis; o segundo, 
que não se encontra disciplinado no CC, as dividem em de meio e de resultado. 
 
 Fungíveis e Infungíveis 
Quando a obrigação de fazer é fungível, a pessoa do devedor pode ser 
substituída por outra e ainda assim se alcança o resultadopretendido com aquela 
obrigação. 
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As obrigações podem ser fungíveis desde a sua origem, como a cláusula de 
substabelecimento, em que se permite que o mandatário confira poderes a outra 
pessoa. 
A priori, o credor não é obrigado a aceitar o cumprimento de obrigação por 
outro que não o devedor, porém, diante do descumprimento, pode requerer 
judicialmente a execução por outrem com posterior ressarcimento. Isso se dá no caso 
de prestação naturalmente fungível. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo 
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da 
indenização cabível. 
 
2º Horário 
 
Sabe-se que em princípio, tendo em vista a relação de pessoalidade do vínculo 
obrigacional, o credor só pode exigir o cumprimento pelo devedor. O credor tem duas 
possibilidades: resolver em perdas e danos a obrigação, abrindo mão da prestação, o 
que torna o inadimplemento absoluto; optar pela execução através de terceiro, se o 
credor ainda tiver interesse na prestação, possível apenas diante de obrigação 
fungível. 
No passado, a dinâmica era mais demorada. O credor devia informar seu 
interesse em ver o acordado satisfeito por terceiro, o juiz nomearia terceiros, fazendo-
se uma espécie licitação, com posterior homologação da melhor proposta. No caso, 
cabia ao credor depositar o valor em juízo; o terceiro executaria o serviço com 
posterior levantamento da quantia. Vê-se que o cumprimento da obrigação demoraria 
muito tempo. 
O CPC alterou o procedimento no que tange às obrigações de fazer. Diante da 
recusa do devedor citado para cumprir a obrigação, se as astreintes não forem 
suficientes a compeli-lo, poderá o credor apresentar proposta(s) em juízo, apontando 
a que melhor teria condições de satisfazer seu interesse. Abre-se vista ao devedor, que 
poderá impugnar; o juiz homologa ou não a proposta do terceiro para a execução. 
Percebe-se que na dinâmica atual há maior celeridade, poupa-se a avaliação prévia e 
afasta-se a necessidade do procedimento licitatório. Além disso, paga-se diretamente 
a terceiro, não havendo mais necessidade de depósito em juízo. Ao final, o credor deve 
ser ressarcido do custo tido. Mas, ainda assim o procedimento levará certo tempo. 
Em face disso, o parágrafo único prevê uma autotutela do crédito a ser usada 
em situações de urgência. Há possibilidade de que o credor, premido da necessidade 
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Data: 06/06/2011 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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da prestação, promova a contratação de terceiro sem prévia necessidade de 
autorização judicial. O valor a ser ressarcido pelo devedor deve ser correspondente 
àquele pago ao terceiro, independente de ser ou não o preço mais barato, isso, é claro, 
em função da urgência do caso. O que pode acontecer é que não sendo hipótese de 
urgência, não haja o ressarcimento integral, se ficar demonstrado que o valor médio 
de mercado não correspondia ao efetivamente pago. 
Art. 249, Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, 
sendo depois ressarcido. 
Observação: Plano de saúde e seguro saúde trabalham, em geral, colocando 
serviços médicos à disposição de seus usuários por meio de uma rede credenciada, 
através da qual se presta serviços médicos sem necessidade de pagamento direto pelo 
segurado pelo serviço utilizado, de modo que o pagamento será feito pelo plano de 
saúde. 
Admite-se a contratação de profissionais fora da rede credenciada, em que se 
tem direito ao reembolso pela despesa tida, mas no limite do valor tabelado, aquele 
estabelecido previamente no contrato. Nesse caso, não se está diante de 
ressarcimento integral do que foi pago, afinal aqui se trabalha com a livre escolha. 
Numa situação de urgência, diante da recusa injusta da seguradora, está 
configurado seu inadimplemento. Nesse caso, o credor passa a ter direito de ser 
ressarcido pelas despesas tidas, nos termos do art. 249, parágrafo único. Trata-se de 
dever de indenizar, de ressarcimento integral, tendo em vista a ausência de livre 
escolha. 
As infungíveis são também chamadas de personalíssimas. Aqui, a obrigações 
não pode ser executada através da prestação por um terceiro. 
O modo como está escrito o art. 247 não representa a realidade atual. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar 
a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. 
Na lógica do passado, como toda prestação poderia ser convertida em dinheiro, 
tudo estaria resolvido para o credor por meio do seu equivalente em dinheiro. Isso 
fazia com que, diante de devedor que se recusasse à prestação de fazer, não restasse 
ao credor outra alternativa senão sua conversão em perdas e danos. Todavia, em 
alguns casos, o equivalente patrimonial pode não conferir ao credor o resultado 
efetivamente pretendido. 
Por exemplo, a falta que faz um telefone fixo não pode ser compensada pelo 
pagamento do valor referente à franquia mensal por parte da empresa de telefonia. O 
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usuário terá mais necessidade de ver o serviço adequadamente prestado que do 
recebimento de cerca de quarenta reais. A falta do serviço específico não se resolverá, 
então se evoluiu no entendimento de que muitas vezes a conversão em perdas e 
danos era incapaz de satisfazer o credor, que só será alcançada pela prestação de 
tutela específica. Desse modo, não se deve entender o art. 247 pela conversão 
automática. 
O CDC, no art. 84 estabeleceu solução diversa para tutela consumerista, tendo 
priorizado a satisfação do credor pela tutela específica através de execução forçada. 
Diante do baixo valor da prestação, admite-se a fixação de astreinte como forma de 
aumentar o poder de coerção. Se não for possível, opta-se por tutela equivalente. Se a 
prestação não for mais útil ao credor, haverá conversão em perdas e danos.CDC, Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de 
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou 
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do 
adimplemento. 
 § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se 
por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do 
resultado prático correspondente. 
O art. 461 do CPC recebeu nova redação, de modo a privilegiar também no 
âmbito civil a tutela específica. 
CPC, Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer 
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o 
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente 
ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer 
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático 
correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 
Diante do inadimplemento de obrigação infungível e personalíssima, antes de 
se converter em perdas e danos, deve-se buscar a tutela específica da obrigação, 
valendo-se o julgador de multa diária como meio de coerção do devedor ao 
cumprimento da prestação respectiva. Se ainda assim a prestação não for cumprida, 
deve a decisão judicial buscar o efeito prático equivalente. E, finalmente, somente nos 
casos em que isso não seja possível ou que o credor não considere mais útil, é que se 
fará a conversão em perdas e danos, sem prejuízo da multa anteriormente arbitrada. 
A mesma solução não se dá no caso de obrigação de dar coisa, pois se permite 
a busca da coisa, com imissão na posse do credor. A astreinte só se mostra 
interessante na obrigação de fazer infungível, como modo de coagir o devedor. 
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 Obrigações de Meio e de Resultado 
As obrigações de meio e de resultado não se encontram expressas nos arts. 247 
a 249 do CC, mas têm fundamental importância para fins de prova. 
A prestação de fazer pode ou não estar relacionada diretamente a um 
resultado. 
O credor tem um crédito que consiste em receber fato ou serviço a ser 
desempenhado pelo devedor. Quando o credor assume essa obrigação, almeja um 
resultado, ou seja, o fato ou o serviço servirão como meio para se alcançar um 
resultado. Qualquer obrigação de fazer passa por essa lógica. Não se contrata um 
serviço se não pretender o resultado, a diferença é se o resultado integra a relação 
obrigacional, ou se ele está fora da relação obrigacional. 
Na obrigação de meio, o débito só abrange os meios, existe um resultado 
pretendido, mas ele não faz parte do débito. O devedor deve o meio e não o resultado. 
A obrigação de meio é recorrente naquelas atividades em que a influência dos 
fatores externos é tamanha que não se consegue garantir o resultado como efetivo 
daquele serviço. Nesse caso, a falta do serviço e não do resultado tornará o devedor 
inadimplente. A contrario sensu, se o serviço foi prestado, mas o resultado não foi 
alcançado, não se pode presumir o inadimplemento do devedor. 
A priori, o médico que presta um serviço será tido como adimplente. Só se 
consegue responsabilizar o profissional em caso de se provar falha, erro, inadequação 
na escolha dos meios. O ônus da prova será ordinariamente do credor. 
Tendo em vista a dificuldade probatória, muitas vezes no âmbito consumerista, 
o juiz determina a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC. 
CDC, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
Grande dificuldade nas obrigações de meio não é de provar falha na prestação, 
mas de provar que a falha foi a causa necessária daquele resultado, de provar-se o 
dano pela relação de causalidade. 
Por exemplo, não significa que no caso de advogado que deixa de recorrer em 
face de decisão judicial o resultado produzido seria o deferimento do recurso. Se o 
resultado fosse o indeferimento do mesmo, faltaria prejuízo à parte. 
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Aqui se deve trabalhar com as probabilidades, qual a probabilidade de que, se 
os meios tivessem sido empregados, o resultado seria alcançado. Trata-se da Teoria da 
Perda da Chance, em que, se ficar provado que haveria uma chance, resta o dever de 
indenizar. Assim, a indenização se baseia na chance e não no resultado. 
Concluindo, nas obrigações de meio deve-se atentar que: 
a. A presença dos meios afasta a presunção de inadimplência; 
b. A falta de resultado não implica em inadimplemento; 
c. A falta dos meios ou a prestação inadequada destes pode não ser a causa 
necessária do resultado, hipótese em que o dever de indenizar se baseará na chance 
perdida. 
Nas obrigações de resultado, o débito abrange os meios e o resultado. A falta 
do resultado faz presumir a inadimplência do devedor. 
Isso não significa que, por si só, que o credor é culpado pelo resultado. Não 
impede que o devedor prove que o resultado não pôde excepcionalmente ser atingido 
por caso fortuito ou força maior, o que logrará na resolução da obrigação, sem 
necessidade de fixação de perdas e danos. 
Assim, pode ser que a responsabilidade seja objetiva, como se dá no caso de 
fornecedor em face de consumidor. Mas, nem em toda relação pode se imputar 
responsabilidade objetiva, o que há é apenas presunção de culpa. 
Nas atividades médicas de caráter estético, a responsabilidade do médico é 
subjetiva, nos termos do art. 14, parágrafo quarto, do CDC. Assim, diante de má 
cicatrização em decorrência de descuido do paciente, não se pode responsabilizar o 
médico. A obrigação não foi alcançada de modo satisfatório, mas não se quer dizer que 
deve ser resolvida em perdas e danos, pode ser que o médico só deixe de receber o 
valor pretendido. Todavia, essa posição não é pacífica. 
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa.Para uma segunda corrente, a atividade médica sem necessidade colocaria em 
risco o paciente, e a atividade habitualmente desenvolvida pelo médico, então, se 
enquadraria no art. 927, parágrafo único, do CC, sendo então, a responsabilidade 
objetiva. 
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos 
de outrem. 
Para fins de prova, deve-se ater ao mais recente Informativo dos tribunais 
superiores. 
Vale observar que a responsabilidade do médico é, em regra, de meio, embora 
seja de resultado no que tange às cirurgias estéticas. 
 
1.1.3. Obrigação de Não Fazer 
Primeiramente, deve-se verificar se diante de inadimplemento a obrigação 
negativa tem resultado reversível ou irreversível. 
Por exemplo, o resultado que se tem pela divulgação de um segredo não pode 
ser restabelecido; já, a construção de um muro pode ser desfeita com sua demolição, 
sendo reversível. 
Se a obrigação for ou não reversível será relevante para determinar se, com o 
inadimplemento, o cumprimento ainda pode ser útil ao credor. Se a obrigação 
comporta desfazimento, após o inadimplemento, a obrigação ainda poderá ser útil, 
basta que se desfaça e se restabeleça a obrigação negativa, por isso o vínculo será 
mantido. Se a obrigação não pode ser desfeita, após o inadimplemento, a obrigação 
torna-se inútil, convertendo-a em perdas e danos. 
No caso de vizinho no qual um se obrigou a não construir em benefício do 
outro, se o Poder Público desapropria o terreno e faz obra pública naquele local, não é 
possível a manutenção de abstenção pela parte, que não terá o dever de indenizar o 
devedor, nos termos do art. 250. Vale observar que, se aquele que deve a obrigação 
negativa tiver recebido valor em função disso, deve ser compelido a restituir a 
importância recebida. 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, 
se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
O parágrafo único do art. 251 traz a autotutela nas obrigações negativas, 
mesma ideia tida nas obrigações de fazer. 
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Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor 
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o 
culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar 
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do 
ressarcimento devido. 
Por fim, deve-se trabalhar com questão recorrente em provas da AGU, em que 
se faz possível que, em situações semelhantes, se esteja diante de obrigação de não 
fazer inadimplida ou de direito real violado ou de dever anexo à boa fé que foi 
inobservado depois de o contrato ter sido cumprido. 
Exemplo citado por Menezes Cordeiro consiste em um terreno A e terreno B 
vizinhos, sendo que o terreno B tem certa paisagem cuja vista valoriza o bem; o 
terreno A não tem assegurada tal vista. 
Numa primeira hipótese, A contrata com B o direito de vista sobre a forma 
simples de obrigação contratual, numa obrigação de não fazer, o que representa 
abstenção do direito de construir. Como se trata de contrato inter partes, se A vier a 
vender o bem para C, não tendo ele assumido a obrigação do contrato entre A e B, C 
poderá construir e B não pode fazer nada. Daí para frente a obrigação será impossível, 
de modo que A só poderá cobrar de B perdas e danos, o que representa 
inadimplemento absoluto da obrigação de não fazer. 
Numa segunda hipótese, a vista é assegurada por meio de direito real, através 
de escritura se constitui servidão negativa de vista ou paisagem, que será levada ao 
registro das propriedades A (dominante) e B (serviente). C estará adquirindo uma 
propriedade gravada, então não poderá construir em discrepância com a limitação, 
pois A pode invocar tutela de seu direito real. Isso porque, a oponibilidade do direito 
real de servidão é erga omnes. 
A terceira hipótese é de responsabilidade pós-contratual, em que a construtora 
X do prédio A vende imóveis com a informação de que a área vizinha se trata de área 
non aedificandi, o que é verdade. Mas, se a construtora X, posteriormente, quando 
todas as obrigações do primeiro contrato já estavam adimplidas, obtém a autorização 
especial para construir no terreno B, não há estipulação contratual que impeça a 
construção, tampouco há direito real. Aqui se pode discutir a violação dos direitos 
anexos de boa fé na fase pós-contratual, pois a construtora X esvazia o conteúdo 
legítimo do contrato anterior, frustrando a expectativa daqueles que adquiram os 
imóveis. Pela resposta clássica não haveria dever nesse sentido, mas hoje encontra 
respaldo nos deveres anexos numa fase pós-contratual.

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