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RESUMO DIREITO PENAL I

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RESUMO DIREITO PENAL I - AV1
PRINCÍPIOS
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - proíbe a incriminação de comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social. 
LEGALIDADE - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. (art. 1° do CP) 
Lex Praevia: afasta a retroatividade da norma penal; a norma penal não retroage, é irretroativa.
Lex Scripta: não há crime sem lei escrita; a norma penal é imposta pelo Estado.
ANTERIORIDADE - a norma penal tem que ser anterior ao fato; entra em vigor para disciplinar fatos futuros.
ALTERIDADE OU TRANSCENDENTALIDADE - proíbe a incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem jurídico alheio; a ação o omissão puramente pecaminosa ou imoral não apresenta a necessária lesividade que legitima a intervenção do direito penal. EX: não se pune a autolesão, salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, como no art. 171, § 2º, V, CP (autolesão para fraudar seguro); a tentativa de suicídio (nosso CP somente pune a participação no suicídio alheio - art. 122); o uso pretérito de drogas (o porte é punido porque, enquanto o agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública. 
DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS OU DO FATO - dele decorre que o direito penal não pode tutelar valores meramente morais, religiosos, ideologicos ou éticos, mas somente atos atentatórios a bens jurídicos fundamentais e reconhecidos a Constituição Federal. 
DA ADEQUAÇÃO SOCIAL - o fato deixará de ser tíico quando aceito socialmente; em vez de punir um fato por ser típico, devemos adequá-lo à realidade vigente, aos costumes sociais, enfim, à consciência coletiva. EX: jogo do bicho.
DA HUMANIDADE - as normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante, penas de morte, de caráter perpétuo, cruéis, de banimentos ou de trabalhos forçados. 
DA PROPORCIONALIDADE - a resposta punitiva estatal ao crime, a pena, de guardar proporção com o mal infligido ao corpo social.
DA RESPONSABILIDADE OU DAS AÇÕES A PRÓPRIO RISCO - aquele que de modo livre e cocnsciente, realiza comportamentos perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo. EX: o agente que incentiva desafeto a praticar "esportes radicais" não responde pelos acidentes sofridos pela vítima, que optou por fazê-lo livremente.
CONFIANÇA - a pessoa não pode ser punida quando, agindo corretamente e na confiança de que o outro também assim se comportará, dá causa a um resultado não desejado. EX: o médico que confia em sua equipe; o motorista que conduz seu veículo confia que os pedestrres se manterão na calçada.
ESTADO DE INOCÊNCIA OU PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE - "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória." (CF, art. 5º, LVII) 
CULPABILIDADE - não se admite responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de dolo ou culpa ou carente de cupabilidade; a pena há de ser dosada segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente.
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
ESPECIALIDADE (Art. 12, CP): Dá-se quando existir, entre as duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, prevalecerá a norma que contiver todos os elementos de outra (a geral), além de mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, considerados especializantes. 
EX: se a mãe mata o filho durante o parto, sob influência do estado puerperal, incorre, aparentemente, nos arts. 121 (homicídio) e 123 (infanticídio). No primeiro porque matou uma pessoa; no segundo, porque essa pessoa era seu filho e a morte se deu no momento do parto, influenciada pelo estado puerperal.
O infanticídio contém todas as elementares do homicídio (matar + alguém), além de outras especializantes (o próprio filho + durante o parto ou logo após + sob influência do estado puerperal), o que o torna especial em relação a esse. Percebe-se, então, que toda ação que realiza o tipo do infanticídio realiza o do homicídio, mas nem toda ação que se subsume ao homicídio tem enquadramento no tipo do infanticídio.
SUBSIDIARIEDADE: há um conflito entre norma subsidiária e norma primária; há relação entre maior e menos gravidade entre as normas concorrentes. 
"A diferença que existe entre especialidade e subsidiariedade é que, nesta, ao contrário do que ocorre naquela, os fatoss previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie e gênero, e se a pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa, a pena do tipo subisidiário pode apresentar-se como 'soldado de reserva' e ser aplicada." Hungria
EX: A norma aplicável será sempre a que previr o maior grau de violação (lei primária). Assim, por exemplo, o crime de estupro (art. 213 do CP) contém o de constrangimento ilegal (art. 146 do CP). Se alguém constrange mulher à conjunção carnal, haverá estupro.
Há duas espécies de subsidiariedade: expressa e tácita.
CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO: ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime. Em resumo, o crime-fim so pode ser realizado necessariamente ou normalmente pelo crime-meio, ou seja, o crime-meio está contido, no mesmo contexto criminal, no crime-fim. 
EX: 
O sujeito pretendia lesionar seu desafeto, mas, em meio aos socos e pontapés, decide tirar-lhe a vida e leva-o a óbito. Só responde pelo homicídio, ficando as lesões corporais por ele consumidas.
O crime de falsidade excusivamente utilizado com o fim de cometer estelionato, nos termos da Súmula 17 do STJ.
Furto e posterior danificação ou venda do objeto.
ANALOGIA: A analogia é uma forma de preenchimento de lacunas legislativas. Consiste em aplicar, a um caso não contemplado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado. Há dois pressupostos:
1) existência de uma lacuna na lei;
2) encontro no ordenamento jurídico de uma solução legal semelhante
Em direito penal somete se admite a analogia in bonam partem, ou seja, aquela utilizada em benefício do sujeito ativo da infração penal. 
Proíbi-se a analogia in malam partem, isto é, em prejuízo do sujeito ativo da infração penal, justamente por importar a criação de delitos não previstos em lei ou no agravamento da punição de fatos já disciplinados legalmente. 
Há duas espécies de analogia:
1) analogia "legis": dá-se com aaplicação de uma norma existente a um caso semelhante;
2) analogia "juris": ocorre quando se baseia num conjunto de normas. EX: encontro e aplicação de princípios gerais do direito. 
ALTERNATIVIDADE: quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo tipo penal, nume mesmo contexto criminal, só responde por um crime. EX: aquele que expõe a venda e, em seguida, vende substância entorpecente pratica um só crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei n. 11.343/2006, art. 33); quem induz e instiga outrem a se suicidar, vindo a vítima falecer, incorre uma só vez no delito de auxílio ao suicídio (art.122 do CP) 
PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA - O princípio da individualização da pena tem aplicação em quatro momentos distintos:
1º momento: ocorre com a seleção feita pelo legislador das condutas que afetam os bens mais importantes para fazerem parte do pequeno âmbito de abrangência do Direito Penal.
2º momento: após a seleção, o legislador valora tais condutas, cominando-lhes penas que variam de acordo com a importância do bem jurídico a ser tutelado.
3º momento: o julgador, após concluir que o fato é típico, antijurídico e culpável, fará a aplicação da pena, segundo o critério trifásico estabelecidono artigo 68, do CP. A individualização sai do plano abstrato (cominação/legislador) e passa para o campo concreto.
4º momento: na fase de execução penal, conforme determina o art. 5º, da lei 7210/84 (LEP): “os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal”. A execução penal não pode ser igual para todos os presos, nem homogênea durante todo o período de seu cumprimento.
INTERVENÇÃO MÍNIMA - é destinado especialmente ao legislador, segundo o qual somente se recorre à intervenção do direito penal em situações extremamente necessárias, como a última saída (ultima ratio). Entende-se que o direito penal deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. Esses atributos são características da intervenção mínima:
subsidiariedade - de acordo com o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública; este princípio somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico.
fragmentariedade - as normas penais somente se devem ocupar de punir uma pequena parcela, um pequeno fragmento dos atos ilícitos, justamente aquelas condutas que violem de forma mais grave os bens jurídicos mais importantes.
INSIGNIFICÂNCIA - comportamentos que produzam lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados pela norma penal devem ser considerados penalmente irrelevantes; quando a lesão ao bem jurídico ocorre de forma muito insignificante.
Critérios do STF:
1) mínima ofensividade da conduta do agente
2) nenhuma periculosidade social da ação
3) reduzido grau de personalidade do comportamento
4) inexpressividade da lesão provocada
A doutrina convencionou distinguir o princípio da insignificância ou da bagatela própria da imprópria:
O princípio da bagatela própria se aplica aos fatos que já nascem irrelevantes para o Direito Penal. Ex: furto de uma batata.
O princípio da bagatela imprópria tem aplicação quando, embora relevante a infração penal praticada, a pena, diante do caso concreto, não é necessária, deixando de ser aplicada pelo magistrado. Ex: art. 121, §5º do CP (perdão judicial). 
Ocorrencias onde o princípio da inignificância não é aplicado:
- roubo e demais crimes cometidos com grave ameaça ou violência a pessoa;
- crimes contra a administração pública;
- contrabando;
- crimes ambientais;
- reincidência;
- uso de drogas
CONFLITOS DA LEI PENAL NO TEMPO 
LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS - de acordo com o art. 3º do CP, "A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessada as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência". 
É considerada excepcional a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidade etc. E temporária aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo. 
Excepcionais: A revogação pode ser: Total (ab-rogação)
 Parcial (derrogação)
E pode ser também: Expressa
 Tácita (quando necessita interpretação)
TEMPO DO CRIME: "considera-se praticado o crime ao tempo da ação ou omissão, ainda que outro seja o resultado". Art. 4°, CP
Teorias: "LUTA"
L - Lugar do crime
U - teoria da Ubiquidade: considera-se o crime tanot no local onde ocorreu a conduta, como no local onde ocorreu o resultado.
T - Tempo do crime
A - teoria da Atividade: momento da atividade, da conduta.
LEI PENAL NO ESPAÇO - o CP definiu no art. 6° o lugar do crime, adotando a teoria da ubiquidade ou mista, segundo a qual o crime se considera praticado tanto no lugar da conduta quanto naquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Só terá relevância nos chamados crimes a distância ou de espaço, que são aqueles cuja execução se inicia no território de um país e a consumação se dá ou deveria dar-se em outro. 
5 - EXTRATERRITORIALIDADE (CP ART. 7°) - aplicação da lei brasileira a crimes praticados fora do Brasil; a lei penal brasileira se aplica a fatos ocorridos fora do território nacional. 
Incondicionada: a lei brasileira aplicar-se-á ao crime praticado no exterior, independentemente do preenchimento de qualquer requisito ou condição.
a) crime contra a vida do Presidente da República;
b) crime contra o patrimônio ou contra a fé pública da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios ou dos Territórios, ou suas autarquias, das empresas públicas, das sociedades de economia mista ou das fundações instituídas pelo Poder Público;
c) crime contra a administração pública brasileira por quem está a seu serviço;
d) crime de genocídio, se o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
Condicionada: a lei brasileira para ser aplicada dependerá de uma conjugação de fatores. 
a) crimes previsto em tratados ou convenção internacional;
b) crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro, fora do nosso território;
c) crimes praticados por brasileiro;
d) crimes praticados a bordo de navio ou aeronave brasileiros privados, quando praticados no exterior e ali não forem julgados.*
*Princípio da justiça penal universal ou cosmopolita: a gravidade do crime ou a importância do bem jurídico violado justificam a punição do fato.
*Princípio da representação ou da bandeira: a lei brasileira se aplica às embarcações ou aeronaves que carreguem nossa bandeira.
Condições:
- entrar no território nacional;
- ser o fato punível também no país estrangeiro;
- extradição;
- não ter sido absolvido no estrangeiro, nem cumrpido pena;
- não ter sido perdoado ou não estar extinta a pena no estrangeiro.
Situações: 
1 - O crime é cometido no Brasil e a lei penal aplicada é a brasileira: princípio da Territorialidade.
2 - O crime é cometido no estrangeiro e a lei penal aplicada é a brasileira: princípio da Extraterritorialidade.
3 - O crime é cometido no Brasil e a lei penal aplicada é a estrangeira: princípio da Intraterritorialidade (Art. 5° CP - como exceção)
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM (ART. 8° CP) - proíbe que alguém seja condenado duas vezes pelo mesmo fato. Sendo a pena cumrpida no estrangeiro:
a) atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas; ou
b) nela é computada, quando idênticas (detração).
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL - a lei penal mais benéfica retroage para atingir os fatos passados.
ultra-atividade: a lei penal revogada pode ser aplicada após sua revogação, quando o ilícito praticado durante a sua vigência for sucedido por lei mais severa.
 
 Em regra, a lei penal é irretroativa. Exceto quando for benéfica ao réu.
Norma Penal em Branco: exige complemento normativo. É aquela que, quando você lê o texto, necessita de um complemento normativo para entender o que será punido.
Cassificação: 
Em sentido lato ou HOMOGÊNEA: o complemento se enconntra descrito numa fonte formal da mesma hierarquia da norma incriminadora, ou seja, quando o complemento também está previsto numa lei ordinária. EX: art. 237 do CP ("contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta"), seu complemento se encontra no Código Civil, o qual eumera as causas de nulidade do matrimônio nos arts. 1.521, 1.517, 1.523 e 1.550.
Em sentido estrito ou HETEROGÊNEA: o complemento está descrito m fonte formal distinta daquela do tipo penal incriminador. EX: Lei n. 11.343/2006, art. 33 (tráfico ilícito de drogas), que não indica quais são as "drogas ilícitas", delegando tal função a normas administrativas (portarias da ANVISA). 
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