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Resumo de MAD – por: Eva Carneiro 1 DOENÇA DE CHAGAS Considerações iniciais: Atualmente no Brasil já existe controle da transmissão vetorial; A transmissão se dá por via sanguínea, vetorial e vias alternativas (no Brasil, se destaca a via alternativa alimentar); O vetor transmissor era o triatoma, porém com a eliminação desse vetor, o Trypanossoma cruzi conseguiu se adaptar a outras espécies: Triatoma infestans, Triatoma panstrogylus e Triatoma rhodnius; Problema da doença: comprometimento cardíaco e digestivo (raro); São pacientes com sorologia positiva, mas assintomáticos, pois o Trypanossoma cruzi vive em relação harmônica com o hospedeiro, caracterizando uma fase indeterminada da doença de Chagas – o paciente pode passar 50 anos assintomático; Tratamento restringe-se à fase aguda, quando o parasito está na forma tripomastigota metacíclica; Na fase crônica, o médico limita-se a conferir ao paciente melhor qualidade de via. Pois, não há cura; o parasito encontra-se na fase amastigota e já está nos cardiomiócitos ou nas células do tubo digestivo. A forma amastigota não vai estar no sangue periférico e por isso quando é feito o exame da gota espessa dá negativa, mas a sorologia dá positiva. A forma amastigota está presente em duas patologias: Chagas e Leishmaniose; A forma amastigota fica normalmente entre as fibras musculares, formando o ninho de amastigotas – caracterizando a fase crônica da Doença de Chagas e vai estar associada às alterações de cólon e esôfago. Em casos de via congênita, as parasitoses que possuem transmissão vertical são: TOXOPLASMOSE DOENÇA DE CHAGAS MALÁRIA MORFOLOGIA: AMASTIGOTA Forma esferoidal ou oval, com membrana única; Núcleo grande e excêntrico; Flagelo oculto presente na bolsa flagelar; É a forma que se multiplica nas células do homem; Se multiplica por divisão binária; Ao eclodir as células do hospedeiro vertebrado, diferencia-se em tripomastigota sanguínea; O cinetoplasto (onde localiza-se o DNA) é em forma de bastão e localizado entre o núcleo e a bolsa flagelar. EPIMASTIGOTA Forma um pouco mais alongada que a amastigota; Cinetoplasto em posição anterior ao núcleo; Flagelo mais iminente que se inicia no terço médio da célula; Se multiplica no vetor transmissor; Diferencia-se em tripomastigota metacíclica (liberado nas fezes ou urina do vetor). TRIPOMASTIGOTA Forma geralmente mais alongada; Apresenta flagelo longo que se inicia posteriormente e volta-se anteriormente; Flagelo fixo na membrana ondulante; Cinetoplasto posterior ao núcleo; Não tem capacidade de se multiplicar; Apresenta duas formas: sanguínea (encontrada nos exames parasitológicos de sangue) e metacíclica (forma infectante presente nas fezes/urina do vetor – por isso não serve para fins de diagnóstico). VIAS ALTERNATIVAS DE CONTAMINAÇÃO: Acidente de laboratório; Transplante de coração; Ingestão de alimento contaminado (não higienizado). CICLO DE VIDA do Trypanossoma cruzi OBS.: A reprodução é assexuada em ambos os hospedeiros. O barbeiro, contaminado com o parasita, elimina na pele do homem a forma tripomastigota metacíclica; Essa forma é internalizada pelas células de defesa; Há formação do vacúolo parasitário – mecanismo de sobrevivência intracelular criado pelo parasita, que impede a ação das células do sistema imune sobre ele; Há multiplicação das amastigotas; As amastigotas sofrerão divisão binária, ocasionando lise celular; O produto dessa divisão cairá novamente no sangue na forma de tripomastigota sanguínea e podem atacar outras células; Quando a tripomastigota sanguínea chega nos cardiomiócitos, transforma-se em amastigota – e essa situação é permanente – caracterizando a fase crônica da doença. Outras Observações: Quando a forma amastigota chega ao coração, com o tempo ocorre um processo inflamatório, que leva o paciente a um quadro de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) – a qual é o principal indício de doença de Chagas. Na fase crônica têm-se as fases: Determinada quando o paciente apresenta a forma cardíaca ou a forma digestiva. Mista quando o paciente apresenta as duas formas. Indeterminada quando o paciente está há muito tempo com a doença e não apresenta sintomas. O Trypanossoma cruzi é um parasito sistêmico e que possui tropismo pelos cardiomiócitos. O chagoma de inoculação (na face) é um sinal clássico da fase aguda da Doença de Chagas, também chamado de Sinal de Romaña (nos olhos). Mesmo realizando o tratamento durante a fase aguda (quando apresenta sinal de romaña positivo), não há como garantir a cura do paciente. Pois, o Trypanossoma cruzi é sistêmico. O tratamento em qualquer uma das fases é voltado para a melhora da qualidade de vida do paciente. A fase aguda dura 6 meses e o paciente pode apresentar: febre, mal estar, edema, hepatomegalia – pois o parasito é sistêmico. Pode haver deposição das formas do parasito em qualquer local, não apenas no coração. Fase crônica assintomática: os pacientes apresentam sorologia positiva (IgG +), mas ausência de sinais e sintomas. Fase crônica sintomática: é mais comum na forma cardíaca; ICC, diminuição da massa muscular por substituição das áreas de fibrose e a força de contração fica comprometida (pode chegar referindo dor no peito). A forma digestiva não é comum de ocorrer, mas é caracterizada pelo megacólon e o megaesôfago. Também apresenta hipermetropia de cardiomiócitos e dos enterócitos; e ainda, o T. cruzi pode atingir os plexos mioentéricos e o sistema venoso dessa região – o que é muito grave. O paciente tem muita alteração: fechamento da cárdia (durante a alimentação, o paciente fica regurgitando); pode ocorrer fechamento do esfíncter anal (acúmulo de fezes – fecalomas). Na forma cardíaca o paciente pode relatar dispneia, fadiga e arritmias – pode-se solicitar uma radiografia de tórax para avaliar cardiomegalia (conhecido como “coração de boi”) e um ECG para avaliar a função. O T. cruzi tem tropismo pela câmara direita do coração, por isso é característico ter insuficiência desse lado.Fase aguda: Febre; Hepatomegalia; Exames laboratoriais com parasitemia elevada – alto número de tripomastigota no sangue. Fase crônica: Alterações cardíacas; Alterações digestivas. DIAGNÓSTICO Exame parasitológico: gota espessa ou esfregaço sanguíneo – sendo este método qualitativo. A gota espessa é exame padrão ouro para o diagnóstico de malária nas regiões endêmicas, mas também é adotado para diagnóstico de Chagas de fase aguda. Ela consiste na retirada de uma gota de sangue do espaço interdigital e quantificar o quanto de parasita que tem. Teste imunológico: ELISA – analisa a dinâmica de IgM, IgG e IgA. Exames de imagem: radiografia, ecocardiograma e ECG. TRATAMENTO: Benzonidazol – produzido tanto na forma pediátria quanto na forma adulta. Antigamente tinha-se o Nifurtimox, mas foi descontinuado devido aos efeitos colaterais. Não há garantia de cura. CONDUTA: diagnóstico positivo paciente na fase aguda tratamento com benzonidazol || diagnóstico positivo paciente na fase crônica encaminha para cardiologista. PREVENÇÃO: Uso de inseticidas; Busca ativa nas casas – especialmente as de pau-a-pique; Fazer controle químico dos vetores; Triagem em bancos de sangue; Identificação de gestantes chagásicas; Higienizar alimentos; Normas de biossegurança em laboratórios e pesquisas na área.
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