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Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 1 Componentes da Representação Social O conceito de Representação Social parte de alguns postulados: É abrangente e dinâmico, o que auxilia na compreensão de várias dimensões do ser humano. Compreende outros conceitos em sua teoria como: atitudes, opiniões, imagens, os quais terão uma explicação profundada sobre o fenômeno. Entende o social como parte integrante do ser humano e não como algo externo a ele. Além disso, é preciso compreendê-la enquanto mutável, cada momento histórico terá seus códigos culturais e regras, as quais serão convencionadas pelos grupos sociais, portanto, ela não pode ser generalista, pois nem todos os fenômenos são entendidos e representados da mesma maneira pelos grupos sociais. Podemos dizer que as Representações Sociais buscam descrever a realidade que, muitas vezes, não nos damos conta, mas que mobiliza e explica o motivo das pessoas terem certo comportamento que ultrapassam as razões racionais e estão permeadas por razões simbólicas (afetos, mitos). Moscovici descreve dois processos básicos como geradores das Representações Sociais: a ancoragem e a objetivação. Estes conceitos são utilizados para tornar aquilo que não nos é familiar em algo que nos é familiar. Ancoragem É o processo de classificação de algo não familiar, que implica em um juízo de valor, no qual tentamos classificar algo novo dentro de uma categoria que já existe. Quando algo é muito diferente do que já conhecemos, forçamos a assumir uma determinada forma e isso pode implicar em que a representação seja classificada de forma equivocada e preconceituosa. Um bom exemplo é o surgimento da AIDS, por ser uma doença nova havia uma grande dificuldade em Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 2 entendê-la, uma das formas encontradas pelo senso comum foi classificá-la como uma “peste gay”, assim a doença parecia ser menos ameaçadora, pois estava classificada e representada por um grupo específico. Objetivação É o processo pelo qual tornamos concreto uma realidade, ou seja, é a tentativa de reproduzir um conceito em uma imagem, trazendo para mais perto da realidade concreta algo que antes era apenas abstrato. O exemplo para a objetivação refere-se à religião, ao chamar Deus de “Pai”, estamos objetivando algo abstrato e que jamais foi visualizada em uma imagem conhecida, facilitando o entendimento do que seja Deus. Para investigar os fenômenos estudados pelas Representações Sociais, podem ser utilizadas pesquisas quantitativas e qualitativas, entrevistas individuais e outras formas de coleta de dados. Porém, um dos instrumentos mais utilizados para estudos nesta área têm sido os grupos focais que, por terem como característica a interação entre os participantes, proporcionam troca de ideias sobre a temática estudada. Assim, é possível chegar mais próximo da compreensão das pessoas sobre o tema, bem como entender os motivos desta compreensão. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 3 Representações sociais em diversos contextos Mídia O que é transmitido pelos meios de comunicação influenciam no processo de representação social e no comportamento das pessoas. A informação transmitida pela televisão, jornais e propagandas orientam as imagens que fazemos das coisas, contribuindo para as representações que temos sobre os acontecimentos do mundo ou sobre a forma adequada de se vestir. Pense em uma propaganda qualquer, ela te mostra que ao utilizar aquele produto você fará parte de um grupo específico, portanto, induz uma representação social. Outro aspecto da mídia é o poder de formar opiniões. A opinião pública é produto das representações sociais, pois é constituída a partir dos paradigmas de determinado público. Assim, os meios de comunicação, por terem ampla abrangência e por transmitir credibilidade, estimulam o público a ter uma opinião. Por ser tão influente, a mídia também pode ser utilizada para manipular, ou seja, há uma construção e reconstrução de imagens que falsificam realidades, nos fazendo acreditar ao produzir opiniões de que não são verdadeiras. Mas, é claro que devemos considerar que as pessoas não são passivas neste processo, temos a capacidade de avaliar, discutir e ponderar o que nos está sendo apresentado. Organizações Historicamente vivemos em organizações, atualmente as organizações são essenciais para a sobrevivência das sociedades modernas, gerando emprego e orientando como deve ser o trabalhador ideal, ou seja, passa a organizar a vida do indivíduo moldando seu comportamento e sua preferência para alcançar o sucesso pessoal. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 4 Escola A imagem que temos da escola é de uma instituição igualitária e justa. Porém, esta representação nos leva a uma falsa visão da realidade, pois a escola tem reproduzido diversas situações de violência e de situações de desigualdade social. Escolas localizadas em bairros mais pobres tendem a ter menos estrutura e qualificação. Além disso, os alunos e até mesmo os professores não entendem o motivo da existência da escola e o que ela significa para a sociedade. Assim, perde-se a representação de que a escola poderia contribuir para as relações sociais como forma de continuidade da vida social. Esporte Em torno do esporte há padrões e normas de comportamento que irão determinar a maneira de agir dos participantes de cada modalidade, além de associarmos os atletas de esportes de alto rendimento como heróis nacionais. Isto acontece porque no século XX o esporte passou a ser transmitido pela mídia como um grande espetáculo, valorizando o vencedor. Assim, criamos a imagem de que o comportamento ideal está centrado no mais forte, ou mais no mais habilidoso. Esta imagem influencia toda a nossa sociedade, que valoriza atitudes competitivas. Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) 5 Referências LORENA, Angela B. (org.). Psicologia Geral e Social. SP. Pearson Educacion do Brasil. 2014 – Cap. 4 (p. 84-98). MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. 3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. PRADO. Tânia Maria Bigossi. A Representação Social do Assistente Social. In: II JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 2, 2005. Anais Eletrônicos... São Luís: UFMA, 2005. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppII/pagina_PGPP/Trabalhos2/Tania_ maria_Bigossi_Prado.pdf>. STREY, M.N. et al. Psicologia social contemporânea. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. p. 104-117