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Ambiental 2 Infrações Administrativas Ambientais, Responsabilidade Ambiental (Civil e Penal) e

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AULA 2
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS
Esse ponto é relevante até porque no último informativo do STJ, informativo 389, houve uma manifestação da Segunda Turma divergindo da posição anterior com relação à fundamentação do AI ambiental. Nós falamos na aula passada que o AI deveria estar fundamentado em norma de disposição do ente político a que pertence o agente que efetua a fiscalização. O STJ, em um primeiro momento, não admitia fundamentação do AI com norma de ente político diverso daquele a que pertença o agente público que realiza a fiscalização ambiental. Em um segundo momento ele passou a admitir a referência cumulativa de norma do ente político a que pertença o agente administrativo e norma de outro ente político.
Ex: AI no município X. O agente citava o art. 1º da sua lei combinado com o art. 54, lei 9605/98.
A primeira posição do STJ era no sentido de que se apenas fosse feita a menção a lei federal sem citar a lei municipal, o AI seria nulo por faltarem os requisitos de constituição do ato administrativo. Se houvesse uma referência cumulativa o AI seria válido pois estariam presentes os requisitos para a realização do AI.
No informativo 389 do STJ, apreciando o RESP 109.1486, tendo por relatora a Min. Denise Arruda, o STJ admitiu por sua Segunda Turma, que o AI possa ser fundamentado por qualquer das hipóteses de tipicidade penal da lei 9605/98, tendo essa decisão por fundamento a redação do art. 70, lei 9605/98 que diz:
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
Então, o STJ admite agora que o AI seja fundamentado na lei 9605/98. Essa não era a posição anterior e não é a posição da doutrina. Se o agente fundamentar na lei 9605/98, art. 54, qual será a punição a ser aplicada? A pena de 4 anos descrita nesse artigo. Ou deve-se pegar alguma das sanções previstas pelo art. 72 e aplicar inadvertidamente de acordo com a escolha do agente público? A gente percebe que a aplicação dos contornos que foram dados pelo STJ, a aplicação da norma não se mostra eficaz. Entretanto havia nesse RESP a clara pretensão de não se declarar a nulidade do AI. 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Lavrado o AI é então notificado o agente infrator para a apresentação de defesa. Quais são os prazos do procedimento administrativo? Eles estão no art. 70 e seguintes da lei 9605/98. Essa lei, até o art. 69 cuida do crime. E do art. 70 e seguintes cuida do procedimento administrativo ambiental. A pessoa tem após notificada o prazo de 20 dias para a defesa. A defesa é então dividida em duas partes. A primeira parte que é preliminar é eminentemente jurídica em que serão alegados os eventuais vícios que existem na autuação. E a segunda parte é a que cuida das questões de mérito. O que é mérito dentro de uma infração ambiental? A demonstração de que não houve violação ao dispositivo apontado.
Ex: Se há referência de que houve contaminação de água, a pessoa vai demonstrar no estudo técnico que aquela água não está contaminada porque a quantidade de elemento x ou y que lá existe, é a quantidade admitida para a utilização daquela água na aplicação que ela tenha no caso concreto, já que pode-se ter água para ingestão humana, água para ingestão animal e água para utilização industrial. Esses três tipos são águas mas vão ter elementos diferenciados
É então aberto o prazo de instrução por 30 dias e ao final proferida uma decisão. 
Desta decisão, se ela for desfavorável ao infrator, há a possibilidade de apresentação de recurso no prazo de 20 dias também. O recurso deve ser apreciado em até 30 dias e ao final é proferida a decisão.
Cabe recurso hierárquico ao ministro do meio ambiente dessa decisão?
Ex: A pessoa apresenta a defesa e ela não é acolhida. Ela recolhe. Agora quem está apreciando é o Superintendente Regional do IBAMA. Não é acolhido o recurso. Quem vai apreciar então o eventual recurso que possa ser interposto agora? A lei que regula o procedimento administrativo federal garante três instância - Lei 9784. 
Mas não é o ministro do meio ambiente que aprecia esse recurso. Art. 8º, III, Lei 6938/81. O recurso hierárquico, de última instância, é dirigido ao Conselho Nacional de Meio Ambiente.
Art. 8º Compete ao CONAMA: 
III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA
Qual o prazo de prescrição da pretensão punitiva em sede administrativa? A regra da lei 9873/99 se aplica a todo procedimento administrativo menos ao previdenciário e ao tributário. O prazo ordinário é de 5 anos para se dar o início da pretensão punitiva com prazo intercorrente de 3 anos. Então em 3 anos o procedimento deve estar concluído se não houve impulso oficial e das partes. Mas essa regra sofre alteração quando aquela hipótese que é objeto de investigação do procedimento administrativo também constitui uma circunstância típica. Todas as vezes que um caso em concreto trazido representar uma hipótese de crime ambiental o prazo de prescrição não é o da lei 9873/99 mas sim o prazo de prescrição do código penal. Art. 1º, lei 9873/99.
Art.1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§1oIncide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
Em torno desse dispositivo surgem duas posições na doutrina questionando o seguinte: e se o prazo prescricional for menor que 5 anos? Não pode haver crime com prescrição menor que 2 anos? Nesse caso, qual prazo deve ser utilizado?
1ª Posição: Defende que eu devo adotar o prazo da lei 9873 por se tratar de circunstância especial em relação a norma geral de 5 anos da mesma lei.
2ª Posição: Diz que o prazo de 5 anos é um interregno temporal mínimo que garantia a tutela do direito fundamental de preservação do meio ambiente prestigiando o art. 225, caput, CF/88. Nesse sentido, não seria constitucional interpretação da lei 9873/99 que retrocedesse na garantia do direito humano fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, situação que pode ser alcançada na persecução administrativa ambiental. Essa é a posição mais indicada para a prova.
E a redução do valor da multa? Havia uma disposição que cuidava da redução do valor da multa. E ainda há. O novo decreto também cuida dessa circunstância. O Dec. 3179/99 que regulamentava o art. 76, lei 9605/98 e trazia outras disposições. O art. 76 é aquela circunstância que cuida da possibilidade de escolha da multa a ser paga. Há 3 infrações administrativas ambientais - 1 do estado, 1 da União e 1 do município. É garantido ao infrator a possibilidade de escolher qual dessas multas irá pagar. É óbvio que não pode ser por circunstância diferente nem desconsiderar a base territorial. Para ter essa hipótese devemos estar diante de situação em que o dano esteja circunscrito ao território municipal porque haverá competência do município, do estado e da União para aplicar aquela multa. Pelo art.76 pode-se escolher qual multa se vai pagar. Essa regra era regulamentada pelo art. 8º, Dec. 3179/99 que, além de admitir a escolha de uma multa para pagar, admitia que houvesse a redução do valor da multa em até 90%. A questão do até foi objeto decontrole de constitucionalidade no AI 634274 de SP, tendo por relator o Min. Sepúlveda Pertence. Na oportunidade o pleno do STF entendeu que a redução não era de até mas sim de 90%. Ou seja, o infrator teria o direito a ver sua multa rescindida em 90%. Esse sistema vigorou no Brasil até julho de 2008 porque no dia 22/07 foi editado o Dec. 6514/08 que passou a cuidar da hipótese de redução da multa simples e não de qualquer multa. A diferença é que antes poderia haver a redução da multa simples e da multa diária a ser aplicada. Agora só é possível a redução do valor da multa simples, que é aquela aplicada com valor fechado. A multa aplicada com valor diário não pode ser reduzida. Essa multa não admite redução administrativa. Esse dispositivo veio regulamentar o art. 72, p. 4º, lei 9605/98. O art. 139 e seguintes do Dec. 6514 admite a redução do valor da multa simples em até 40%. Antes a redução era de qualquer multa em 90%. Agora a redução é da multa simples em 40%.
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
Art 8º O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitado os limites estabelecidos neste Decreto.
Essa redução é cercada de alguns requisitos. São eles:
1) O pedido de redução do valor da multa deve ser apresentado no prazo de defesa, ou seja, em 20 dias.
2) Que seja celebrado o termo de compromisso onde o infrator se compromete a aplicar o valor reduzido em medidas de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, conforme disposto no art. 72, p. 4º, lei 9605/98, caso admitido o pleito de redução do valor da multa.
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
O STJ já pacificou a adoção nos processos em que há litígios individuais por contaminação ambiental da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova. No que consiste essa teoria? Não é inversão do ônus da prova do CDC porque a inversão do ônus da prova inverte o ônus por completo. A teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova seleciona um dos elementos de constituição da responsabilidade civil e imputa o ônus de produção daquela prova ao réu.
Não se trata de relação de consumo. Pode-se ter uma demanda que envolva a American Airline e uma empresa qualquer que lhe tenha fornecido combustível. O avião da American Airline caiu. A alegação que está no processo é que o avião caiu porque o combustível não era o que eles pediram. Tem relação de consumo aqui? Não. O combustível entra no avião como insumo de produção. Aplica-se a distribuição dinâmica do ônus da prova? Pode-se aplicar por exemplo para imputar ao réu a demonstração de que aquele combustível que foi colocado no avião era o combustível adequado.
E qual o momento adequado para a aplicação dessa teoria?
A responsabilidade civil ambiental é objetiva e solidária. É objetiva porque o art. 14, p. 1º, lei 6938/81 diz que ela independe de culpa. E solidária porque o art. 3º, IV da mesma lei, ao trazer o conceito de poluidor, diz que é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou de direito privado, nacional ou do estrangeiro, que diretamente ou indiretamente cause poluição. Da palavra indiretamente, a doutrina e jurisprudência pacíficas entendem que há uma responsabilidade solidária. Mas não está escrito na lei solidária. Isso é uma presunção. Embora o art. 225, CC/02 não admita presunção de solidariedade. Mas a posição da doutrina e da jurisprudência vem sendo nesse sentido. Alguns doutrinadores já tem questionado isso e defendido que não há solidariedade na responsabilidade ambiental. O professor é um deles. Ele cita o exemplo do transporte de material nuclear que não tem solidariedade.
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; 
Mas apesar de ser objetiva e solidária ela não prescinde da demonstração do dano e do mérito de causalidade que são elementos da responsabilidade civil.
Se no dia da audiência do art. 331, CPC, se a parte não impugnar a não existência do dano ou a não existência do nexo de causalidade, essa questão fica preclusa.
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. 
Essa é a responsabilidade civil ambiental individual. Mas também tem a tutela coletiva. O que é essa tutela coletiva ambiental? O que é uma ação coletiva? É uma ação em que se busca a reparação de um dano em legitimação extraordinária na defesa de um interesse difuso, coletivo ou individual homogêneo. As pessoas têm o hábito de fazer correlação entre ação coletiva e ação civil pública. O que é um grande equívoco porque pode-se ter a defesa de um interesse coletivo por meio de outro tipo de ação como por exemplo uma nunciação de obra nova. Ex: Alguém está construindo em encosta. O que se quer, ajuizar uma ACP ou que ele pare a construção? Que ele pare a construção. Então primeiro deve-se propor uma nunciação de obra nova. Os terceiros interessados são legitimados para a nunciação de obra nova. A execução também é forma de tutela coletiva. Ex: Execução de um título executivo extrajudicial, que nós conhecemos como TAC (termo de ajustamento de conduta embora o correto seja falar em compromisso de ajustamento de conduta). Então não é a ACP sinônimo de tutela coletiva. Mas é dos instrumentos mais recorrentes na defesa do meio ambiente.
Alguns livros indicados para essa matéria (Ação Coletiva): Defesa dos Interesses Difusos em Juízo - Hugo Nigro Mazilli (indicado para o MPF) / Direito Coletivo - Fred Didier.
Dentro dos elementos que se destacam nesse tema de tutela coletiva nós vamos dar destaque a alguns principalmente na atuação do MP. Porque um dos principais elementos de apuração da infração administrativa é o inquérito civil que é um instrumento reservado ao MP que busca encontrar elementos que busquem a prática de infração aos bens ambientais. No inquérito civil o MP não requer. Ele requisita. E quem requisita não pede. Determina a entrega. Concluído o inquérito civil o MP pode adotar algumas posições. A primeira dela é entender que não houve infração aos bens ambientais e emitir promoção de arquivamento. A promoção de arquivamento tem que ser homologada no âmbito estadual pelo Conselho Superior do MP ou no âmbito federal pala Quarta Câmara. Emitida a promoção de arquivamento fica fechada a possibilidade de outro legitimado propor outra ACP?
1ª Posição: Não admite a propositura da ACP ao argumento de que seria o MP o constitucional defensordos interesses difusos. E se ele entende que não há violação ao bem ambiental, não haveria então interesse na propositura da ACP.
2ª Posição: Majoritária. Defende que todos os legitimados podem propor a ACP independentemente da promoção de arquivamento do MP.
Ex: Um procurador do estado do RJ pode promover a ACP mesmo que o MP do RJ tenha emitido promoção de arquivamento. Outro órgão do MP também pode discordar e propor a ACP.
A segunda hipótese dentro do inquérito civil é convocar o infrator e propor a celebração de um compromisso de ajustamento de conduta que tem respaldo legal no art. 5º, p. 6º, lei 7347/85 (lei da ACP).
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
O objeto da ACP é o mesmo objeto do TAC (termo de ajustamento de conduta)? Ou seja, o pedido da ACP tem o mesmo objeto do TAC? Não necessariamente. O objeto central é o mesmo. Não se pode como membro do MP dispor dos recursos ambientais. O art. 841, CPC não admite transação de bem indisponível. Deve haver então um fundamento técnico, um estudo para que sejam circunscritas as obrigações de fazer e de não fazer que irão constar do TAC. Além disso, no TAC pode ser incluída também, se houver conveniência das partes, a obrigação de reparar danos individuais homogêneos. Também pode ser trazida a multa de caráter coercitivo. Sobre ela é importante definir que o STJ já se posicionou contrário ao aumento do valor dessa multa quando da execução do título executivo. E o argumento do STJ é o de que o art. 645, CPC somente permite ao magistrado diminuir o valor da multa que é trazida no TAC. Mas não majorá-la. Esses são os elementos que vão constar do TAC, que tem natureza jurídica de título executivo extrajudicial. O pedido da ACP não tem só isso. O legitimado tem que pedir o ressarcimento dos danos e antecipação de tutela ou liminar. Sem o pedido de antecipação de tutela ou de liminar não se alcança o efeito prático. Por isso é diferente o objeto da ACP e do TAC porque na ACP se pede uma tutela inibitória.
Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que conterá:
I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;
II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a Ihe dar;
III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
A celebração do compromisso não é obrigatória. Não sendo ele firmado o que resta a fazer é propor a ACP. E se o membro do MP também tiver atribuição deve propor também a ação penal ou encaminhar cópia dos autos do inquérito a outro órgão do MP que tenha essa atribuição para que proponha a ação penal.
Onde é proposta a ACP? Se for dano local é no foro onde ocorreu o dano. Se for regional dentro de uma mesma seção judiciária ou dentro da área de um mesmo tribunal a competência é do foro central. Então se é um dano que atinge mais de uma seção ou subseção judiciária a competência para processo e julgamento vai levar em conta: 1º. A justiça que é a justiça competente. Havendo violação a bem da União (art. 109, CF/88) a competência absoluta é da justiça federal. Se for competência da justiça federal mas o dano for regional, a competência também será absoluta do foro da seção judiciária. Art. 93, CDC. Aplicável a hipótese por conta do art. 21, lei da ACP. Ex: Um dano ambiental que vai de Magé ao RJ, passando por Niterói. Quantas subseções nós temos da justiça federal? 3. Magé, Niterói e RJ. Competência para o processo e julgamento? Havendo violação a bem da União a competência é da justiça federal do RJ, que é o foro central da seção judiciária. E se o dano não atentar bem da União? A justiça competente é a justiça do estado. E o foro será na comarca da capital no RJ.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Caso citado na doutrina: Aquele que aconteceu entre MG e RJ. A doutrina tem entendido que nesta hipótese não estaríamos de uma circunstância do CDC. O CDC dá solução para o dano local e nacional. E quando há tribunais diferentes e seções diferentes? O CDC não dá a solução. Então há uma parcela que vai defender a tese de que nessas circunstâncias se estaria diante de uma interpretação que levasse a competência para o DF porque haveria um interesse nacional em discussão. O CDC diz que quando o dano é nacional a competência é de um dos juízes da seção judiciária que contempla o DF. E há uma outra posição que tem sido a mais recorrente que defende a aplicação do CPC para se utilizar das regras de prevenção. Ou seja, aquele juiz prevento, de MG ou RJ, é que teria a competência para processo e julgamento. Como essa questão ainda não foi definida, não foi julgada, nós não temos uma posição dos tribunais. Mas esses pontos são claramente levantados pelas partes nas petições de contestação.
O professor diz quem prova adotaria a regra do CPC que é especial e admite interpretação restritiva e literal. Se o CDC não cuidou desse tipo de hipótese, não se pode estender o entendimento para gerar uma competência. Então deve-se usar na vacância de norma especial, a regra geral. E o CPC nos dá uma regra geral que é a regra de prevenção.
Imagine que seja proposta uma ACP e uma ação individual. Nós sabemos que há tutelas pseudo coletivas e tutelas que são pseudo individuais. E o que são tutelas pseudo coletivas e pseudo individuais?
Ex: João mora na beira de um rio e capta água do rio para sua subsistência. Esse rio abastece toda uma cidade adiante e vem sendo poluído por dejetos que são lançados em uma fábrica que se encontra na parte superior do rio. João propõe uma ação pleiteando antecipação de tutela determinando que seja interrompida a poluição do rio e que sejam adotadas de imediato medidas de recuperação dos danos. O juiz defere. Qual a conseqüência dessa ação? Todos serão beneficiados pela medida adotada pelo João. Isso é uma tutela pseudo individual porque não obstante se esteja demandando de maneira individual as repercussões da decisão proferida nesse caso vão alcançar toda uma coletividade.
Isso é diferente da tutela pseudo coletiva. O litisconsórcio multitudinário é um exemplo de tutela pseudo coletiva. Há uma coletividade mas a tutela não é coletiva porque a tutela coletiva tem no pólo ativo da ação poucas pessoas (uma, duas ou três, já que se admite litisconsórcio na tutela coletiva para aqueles que ingressem na demanda como assistentes litisconsorciais). O juiz, diante de uma tutela pseudo coletiva, deixa apenas 10 litisconsortes e extingue a demanda sem resolução do mérito para os demais. 
Sendo proposta uma ação coletiva e uma ação individual, o réu contesta e pede para intimar o autor da ação individual para que ele opte por em trinta dias ingressar na ACP como assistente litisconsorcial. Não cabe alegação de litispendência entre a ação individual e a ação coletiva. Art. 104, CDC. Depois vem uma decisão que pode ser de improcedência,de procedência ou de improcedência por falta de provas. Se a decisão é de improcedência por falta de provas, não faz coisa julgada e a pessoa pode retomar a sua ação individual. Se a decisão na ação coletiva é de improcedência, faz coisa julgada. Se a decisão é de procedência, a pessoa tem duas alternativas: ou ela executa na própria ação coletiva ou vai executar no foro competente. Qual é o prazo para a execução individual? Art. 100, CDC. O prazo é de um ano. Ao final dele quem pode executar é o legitimado extraordinário e o dinheiro segue para o fundo do art. 13, CDC. Se a substituição for feita pela associação, ela tem 60 dias (Art. 15, lei ACP) para executar em nome das vítimas do dano ambiental. Se a associação não executa nos 60 dias quem passa a executar são os associados. Essa regra da ACP dá para a prescrição mais 1 ano ou mais 60 dias. Qual é o prazo de prescrição da execução? O mesmo da ação que vai começar a contar quando termina o prazo de 1 ano ou de 60 dias.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida. 
Tem prescrição de pretensão por dano ambiental? Saiu em recente informativo sobre a matéria que prescrição há em relação aos direitos disponíveis porque diante de dano ambiental podem existir situações disponíveis e indisponíveis. A reparação do meio ambiente é indisponível e portanto imprescritível. Agora no contexto daquela prática que causou o dano ambiental podem existir situações prescritíveis como por exemplo recompor ou indenizar um dano ou perda de valor. Ex: Dano ambiental que acarrete perda do valor da propriedade. Essa pretensão de recomposição do valor da propriedade é disponível e portanto prescritível. O dano à saúde entretanto é imprescritível. Para os reparáveis, prescritíveis, qual o prazo de prescrição? Para as reparações de danos prescritíveis aplica-se o prazo de 3 anos ou de 10 anos? Se for possível a reparação aplica-se a regra de prescrição de 3 anos (Art. 206, CC). Se não é possível a reparação aplica-se a regra de 10 anos, observadas as regras de transição do CC, art. 2028.
Obs. Se há uma ação individual e outra coletiva não pode o juiz sobrestar a ação individual para aguardar o julgamento da coletiva porque ele estaria negando curso a ação individual. E se parte opta por continuar com a ação individual a decisão nessa ação fará coisa julgada para ela independentemente da decisão na ação coletiva.
Tem uma súmula do STJ, a 232, que foi revalidada no ano passado e diz que "A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito". O MP tem isenção de custas de processo mas não tem isenção dos honorários de perito. De acordo com essa súmula a isenção de recolhimento dos emolumentos não alcança honorários de perito que devem ser arcados pelo substituto processual. O fundo não paga isso porque em regra esses honorários são muito altos. Essa súmula acaba sendo um impeditivo a confirmação da tutela coletiva. Qual a alternativa para passar pela súmula 232 e conseguir um julgado? Aplicar no caso concreto a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova alegando a hipossuficiência técnica do autor. E aí o juiz, invertendo o ônus de produção daquela prova específica, pode alcançar a efetividade da tutela coletiva.
Na teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, o autor adota entendimento defendido pelo Marinoni que, em seu livro de processo civil, traz a tese de que a prova no processo moderno, em respeito ao princípio da paridade da armas, não deve mais ser produzida apenas pelo autor. Para ele não se aplica mais aquela máxima de que a produção da prova cabe a quem a alega pois existem situações em que impor a quem alega o ônus processual da prova levaria ao enfraquecimento da paridade de armas. As partes devem litigar com o processo no mesmo grau de competitividade. Por isso, o magistrado deve impor a produção da prova não a quem alega mas sim a quem tem a capacidade de produzir a prova. Pode ter alguém que não seja hipossuficiente financeira e tecnicamente mas que não tenha capacidade de produzir a prova. No CPC se traz a hipossuficiência por conta da inversão do ônus da prova. Aqui pode-se não trazer essa hipossuficiência.
Ex: Litígio entre a Vale e a Petrobras envolvendo geologia. A Vale não tem hipossuficiência técnica em geologia. Mas ela não tem capacidade de produção da prova quando se trata de dinâmica de líquido em subsolo. Ela tem PHD em geologia só que na dinâmica de líquidos do solo só a Petrobras tem. Mas a Petrobras é ré. Ela pode não produzir a prova por conta disso? Não. Pela teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova não porque ela pode produzir.
Na teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova não se está, como no CDC, invertendo toda a dinâmica de provas. Escolhe-se um fato que é incontroverso e determina-se que a parte produza a prova. Para os demais fatos a outra parte é que deve trazer a prova.
Qual a diferença entre termo de compromisso (TC) e termo de ajustamento de conduta (TAC)? Ambos são título extrajudicial. O TAC é firmado pelos legitimados da ACP (Art. 5º, lei 7347/85). Os celebrantes do TC são os integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Art. 6º, lei 6938/81. O TAC não tem prazo determinado. Já o TC tem prazo de 90 dias a 3 anos. Há quem diga que o TC só seria admissível para aquelas infrações já cometidas antes da edição da MP 2163-41/01 que incluiu o art. 79-A na lei 9605/98. (Obs. O professor diz que isso não é verdade porque o termo de compromisso já estava prevista no Dec. 3179/99, art. 8 e consta ainda no novo Dec 6514/08. Então não era só para aqueles casos anteriores. Há termo de compromisso em outras circunstâncias também). Já o TAC é admissível em qualquer hipótese e em qualquer tempo. Além disso, o TAC pode alcançar a defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Já o TC só há possibilidade de cuidar de interesse difuso relacionado à recuperação do dano causado ao meio ambiente. 
RESPONSABILIDADE PENAL
Quando da promulgação da CF/88, o constituinte incluiu no art. 225, p. 3º, três hipóteses de responsabilização: administrativa, cível e penal. 
Art. 225 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Mas por que a CF/88 destacou a responsabilidade penal ambiental? Porque a defesa mais comum é dizer que o direito penal é subsidiário. Sendo assim se já houve sanção administrativa não há porque movimentar a máquina estatal para aplicar a sanção penal já que o resultado final será uma pena de caráter pecuniário, que já foi alcançada na infração administrativa. Razão pela qual não há interesse na demanda e o processo deve ser extinto. É a alegação mais comum porque não existindo interesse na propositura da ação, não se formam os requisitos para o oferecimento da denúncia. Na esfera cível faltaria interesse também porque no âmbito administrativo já foram adotadas as medidas de recomposição ambiental. Já fui penalizado. Portanto não haveria interesse do estado na movimentação da máquina para a imposição de qualquer medida que tenha por objetivo recomposição dos danos causados ao meio ambiente. Isso tornaria letra morta o art. 225, p. 3º, CF/88 que traz a referência a cumulação das responsabilidades administrativa,cível e penal e não uma alternativa de aplicação dessas três esferas de responsabilidade.
A redação do art. 225, p. 3º, CF/88 existe para lembrar ao aplicador da norma, que no âmbito do direito penal ambiental não é possível a adoção do princípio da subsidiariedade. E também para lembrar que as violações aos bens ambientais não se limitam a prejuízos de ordem material. O art. 1º, Lei 7347/85 traz a obrigação de indenizar por dano moral ambiental. Portanto, se há obrigação de indenizar por dano moral, não fica absorvida pela atuação administrativa do estado a recomposição ao bem imaterial. 
Quando da edição da lei 9605 que deu concretude a responsabilidade penal ambiental, parte da doutrina advogava a tese da impossibilidade de sanção penal da pessoa jurídica. Mas não é o direito ambiental a única hipótese de responsabilidade penal da pessoa jurídica. O art. 173, p. 5º, CF/88 também admite responsabilidade penal da PJ diante do crime contra a ordem econômica. A circunstância apenas carece de norma positivando as infrações e sanções. 
Art. 173, § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Quais são os argumentos para a não admissão da responsabilidade penal da pessoa jurídica?
1. A alegação de que a responsabilidade penal da PJ violaria o princípio da vedação de transcendência da sanção penal apontado no art. 5, XLV, CF/88 pois em última instância as sanções aplicadas as pessoas jurídicas repercutem em seus sócios a medida que têm natureza pecuniária. A alegação contrária é a de que diante do conceito analítico de crime não seria possível alcançar a culpabilidade da PJ. De mesma sorte não seria possível a identificação de suas condutas por ter a PJ uma ficção jurídica.
2. A definição de crime trazida na exposição de motivos do CP se traduz na imposição de medidas restritivas de liberdade as quais não podem ser impostas pela PJ diante da impossibilidade física latente. Razão pela qual não haveria que se falar em crime ambiental praticado por PJ.
Todos esses argumentos caíram por terra e hoje é pacífico o entendimento da jurisprudência (RESP 564960/SC) de que há responsabilidade penal da PJ ao argumento de que não é dado ao intérprete da norma infraconstitucional afastar a escolha já feita pelo constituinte originário pela responsabilização penal da PJ por crimes ambientais, que se extrai do art. 225, p 3º, CF/88.
REsp 564960 / SC�RECURSO ESPECIAL�2003/0107368-4 
CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE
SOCIAL. CO-RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO.
I. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial.
II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente.
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial.
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades.
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal.
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito.
VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral.
VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado."
IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade.
X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica.
XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva.
XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da relação processual-penal.
XIII. Recurso provido, nos termos do voto do Relator.�
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Características com relação a responsabilidade dos administradores da PJ
Aponta-se a responsabilização penal de todos aqueles envolvidos na administração empresarial. Muito já se discutiu sobre a necessidade de demonstração pormenorizada da conduta dos administradores. Essa é uma questão já ultrapassada diante daqueles crimes em que haja a utilização de PJ na conformação de prática criminosa. HC 85549/SP e HC 83301/RS. Nessas duas possibilidades o STF não exigiu a descrição pormenorizada dos crimes praticados pela sociedade em que haja no oferecimento da denúncia a referência aos seus administradores porque não é exigido do MP conhecer a estrutura organizacional da sociedade.
REsp 85549 / SP�RECURSO ESPECIAL�1996/0001501-5 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO. INTERESSE DE RECORRER.
1. E INVIAVEL O RECURSO QUANDO DO SUCESSO DESTE NÃO HOUVER A POSSIBILIDADE DE OBTER-SE VANTAGEM OU BENEFICIO MORAL OU ECONOMICO PARA O SEU AUTOR.
2. RECURSO NÃO CONHECIDO.�
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Mais recentemente tivemos ainda um novo posicionamento do STJ acerca da denúncia que envolva crime ambiental que é objeto do RESP 889.528/SC. Na oportunidade o STJ passou a considerar como requisito obrigatório da denúncia por crime ambiental que envolva PJ a cumulação no pólo passivo dos administradores sob pena de inépcia da denúncia. Vai ser necessária no curso da ação a avaliação da conduta. E pela teoria do órgão a sociedade atua por seus órgãos. Sendo assim, eles também devem estar incluídos na peça acusatória para que participem do procedimento, da instrução.
Considerações especiais sobre o processo penal ambiental
O processo penal ambiental diverge um pouco do processo penal comum porque várias das condutas definidas como típicas na lei 9605/98 configuram crime de menor potencial ofensivo que vão dar ensejo a aplicação das medidas despenalizadoras da lei 9099/95. E mesmo naqueles casos em que não estejamos diante de crimes de menor potencial ofensivo temos as hipóteses que trazem pena mínima cominada de até 1 ano. O que leva a suspensão condicional do processo.E muitas outras terão sanções penais aplicadas que não ultrapassem dois anos ou quatro anos, o que leva a aplicação do sursis penal.
Qual a medida que o art. 27 traz como condição para o oferecimento da proposta de transação penal? O art. 27, lei 9605 exige a demonstração de recomposição do dano ambiental para que haja então o oferecimento da proposta de transação penal. Diante desse art. 27 há duas posições prevalecendo na doutrina:
1ª Posição: Deixa de admitir a proposta de transação penal quando não for demonstrada a plena recomposição do dano ambiental conforme interpretação literal do art. 27, lei 9605/98.
2ª Posição: Advogada pelo Juarez Cirino dos Santos e Cesar Roberto Bitencourt que defendem o oferecimento da proposta de transação penal diante da mera demonstração da presunção de recomposição do dano. Isto porque: i. A prática técnica demonstra que o tempo de recomposição do dano ambiental é bem superior ao de conclusão do eventual inquérito policial e de formação da opinio delicti pelo órgão do MP. O que tornaria a aplicação literal do art. 27, lei 9605/98 em letra morta pois dificilmente nos defrontaríamos com um caso em que houvesse recomposição do dano ambiental até o momento de oferecimento da proposta de transação penal do art. 76, lei 9099/95; ii. Aguardar a recomposição do dano ambiental para então oferecer a proposta de transação penal não seria medida eficaz pois fatalmente teriam que pedir a prescrição da pretensão punitiva. Diante desses argumentos, melhor alternativa é a que admite o oferecimento da proposta de transação penal diante de mero compromisso de recomposição do dano ambiental. Conclusão que se extrai da expressão composição do dano ambiental o que denota o caráter contratual do requisito a ser identificado pelo membro do MP no caso concreto.
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Digamos que não seja possível a recomposição do dano ambiental ou que não haja instrumento que tenha característica de recomposição do dano. Quais são os instrumentos que têm essas características de imediato? O termo de compromisso, o compromisso de ajustamento de conduta. Então eu celebro o termo de compromisso, reduzo em 40% a multa e ainda tenho a proposta de transação penal. Por isso Juarez Cirino critica dizendo que isso é um direito penal simbólico.
Mas e se não for possível o oferecimento da proposta? Se o caso em concreto revelar pena mínima de 1 ano, diz o art. 28, lei 9605/98 que pode ser oferecida a suspensão condicional do processo. E nessa suspensão condicional do processo uma característica vai ficar marcada que é a da assunção de recomposição do dano ambiental. Temos um problema na redação do dispositivo. Qual é a regra? Há um prazo inicial que é o período de provas para a recomposição do dano ambiental. Se a pessoa não recompõe naquele prazo, ganha mais um ano de prorrogação. Qual o prazo de período de prova no processo penal? Dois anos no mínimo e no máximo quatro anos.
Ex: Dois anos para a recomposição do dano. Qual é o problema claro aqui? Dois anos em algumas situações é o prazo que se leva para identificar a melhor medida para a recomposição do dano. Existem danos ambientais em que o mero estudo do que fazer leva 2 anos. Mas digamos que eu não tenha conseguido cumprir em 2 anos. Diz a lei que prorroga-se por mais 1 ano. Se ao fim de 1 ano eu ainda não consegui, diz a lei que prorroga-se por prazo equivalente. E tem tido uma leitura doutrinária de que o prazo seria não mais de dois mas de três anos. Já tenho 6 anos. O problema é que a extinção da punibilidade fica vinculada à declaração de recomposição do dano ambiental. Então eu posso ter um prazo de período de prova superior ao prazo de sanção se eu tivesse uma medida restritiva de liberdade. Isso traz grandes questionamentos por parte da doutrina. Além disso, prorrogado esse prazo eu posso chegar a uma situação injusta que é a de não ter a recomposição do dano. E aí diz o inciso V do art. 28:
Art. 28. V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.
Quer dizer que depois do prazo de prorrogação não é mais preciso recompor o dano? Ou a extinção da punibilidade fica vinculada a esse laudo que comprove que eu já tenha adotado todas as medidas? O problema é que algumas medidas podem não ter sido adotadas. Fico então com a extinção de punibilidade postergada até o laudo de comprovação, o que violaria o princípio da vedação de penas perpétuas ou reconheço a extinção da punibilidade mesmo que eu não tenha todas as medidas adotadas?
1ª Posição: vai entender que deve-se aguardar a adoção de todas as medidas e isso vai levar a uma postergação da extinção de punibilidade. O que pela doutrina contrária viola o princípio da isonomia (porque quem comete crime ambiental vai ter um período de prova indefinido), o princípio da razoabilidade (porque as situações menos reprováveis são tratadas de maneira desigual) e o princípio da vedação de penas perpétuas (porque não se sabe quando haverá extinção da punibilidade).
2ª Posição: A posição que tem prevalecido na jurisprudência brasileira é a de conferir a extinção de punibilidade diante do laudo que constate pelo menos a indicação das medidas necessárias a recomposição do dano ambiental.
Ex: Fiz um estudo e sei que para aquele contaminante eu tenho as medidas A, B, C e D. E vou assumir o compromisso de adotar essas medidas. Mesmo que no curso do meu procedimento essas medidas não se mostrem necessárias.
Admite-se como compromisso o mais grave, ou seja, as circunstâncias mais abrangentes para poder ter o direito a extinção da punibilidade. A discussão no âmbito jurisprudencial é quem paga o laudo. É comum que se requeira a expedição do laudo ao órgão ambiental. O problema é que quando o laudo é emitido pelo órgão ambiental não se forma sobre ele o contraditório.
Então, há duas posições. Uma que admite o laudo por ser o órgão ambiental aquele constitucionalmente indicado para a proteção do meio ambiente conforme o art. 23, CF/88. Que é a minoritária. E a outra que prevalece, que vai exigir a produção de perícia na execução da medida de recomposição do dano.
Mas e se nada disso for possível? Ou seja, não dá para oferecer proposta de transação e não dá para suspender condicionalmente o processo. Só resta a suspensão da pena. Qual o prazo no CP de extensão da pena? Qual é a pena máxima restritiva de liberdade? 2 anos. O art. 77, CP tem um prazo de 2 anos e se a pena for restritivamente de liberdade de até 2 anos, se admite a suspensão da pena. Mas nos parágrafos do art. 77 há o sursis humanitário e o etário. O humanitário é para aquele que está com problemas de saúde e que vai permitir a suspensão para penas de até 4 anos. O etário é para aqueles com mais de 70 anos. Lá no art. 16, lei 9605 diz que é possível suspensão da pena de até três anos. E seu tiver 70 anos ou se estiver acometido de grave moléstia? Tenho direito ao sursis humanitário penal ambiental?
1ª Posição: Diz que não porque o art. 16, lei 9605/98 é hipótese especial em relação ao CP.
O art. 16, lei 9605 traz a mesma hipótese do art. 77, CP só que no universo ambiental. Ele traz uma regra geral de 3 anos e o CP regra de 2 anos. Mas o CP admite que esses 2 se transformem em 4 anos. Ou seja, uma pena aplicada em concreto de 4 anos de restrição de liberdade, seja suspensa para aqueles que estão em condição de debilidade física ou para aqueles que tenham mais de 70 anos. 
A pergunta é: Pode-se duplicar o prazo do art. 16 também?
2ª Posição: Sim porque a norma queadmite o sursis humanitário e o sursis etário tem caráter de defesa da dignidade da pessoa humana, razão pela qual admite aplicação analógica e o prazo de 3 anos do art. 16 pode ser duplicado para 6 anos diante de agente acometido de grave moléstia ou com idade superior a 70 anos. Essa posição tem prevalecido na jurisprudência. Ela não chegou ainda aos tribunais superiores mas o TRF2, o TJRJ, o TJSP e o TJPR admitem.
Não se pode falar isso se aplica aos idosos porque é somente a partir dos 70 anos e considera-se idoso aquele que tem mais de 65 anos.
A posição que não permite adota o princípio da especialidade. A que permite adota o princípio da isonomia e da dignidade da pessoa humana.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
Situações:
1. Há um gotejamento diário de produto;
2. Um trem se choca com um carro e descarrilha.
Essas hipóteses dão de crime permanente ou de crime instantâneo que provoca efeitos permanentes? O STF entende que todos os crimes ambientais são permanentes. RHC 83437/SP.
Há uma discussão que tem ganhado corpo na doutrina que é a da responsabilidade objetiva penal. A responsabilidade penal é objetiva ou subjetiva? Subjetiva. Mas há quem defenda a tese da responsabilidade penal ambiental. Ocorre que, em recente julgado, o STJ não disse que existe uma responsabilidade objetiva mas acolheu no âmbito penal a culpa in eligendo. Ou seja, ele admite que você é responsável pela conduta de um terceiro contratado por você. Isso foi objeto do Informativo 360 do STJ onde é trazida a ementa do HC 92822/SP.
Ex: A denúncia pode trazer o diretor de meio ambiente da sociedade. É uma indicação que não é precisa. É genérica.
A falta de justa causa viola o princípio da dignidade da pessoa humana. Colocar alguém como réu de uma demanda sem que haja o mínimo de elemento probatório que indique que a pessoa participou daquela conduta é uma violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Também não se pode incluir na denúncia aquele diretor que votou contrariamente aquela medida que acabou causando dano ao meio ambiente.
É muito comum que o próprio membro do MP peça a própria empresa que é objeto de investigação que traga ata da reunião, ata do conselho de administração para que ele possa oferecer ou não a denúncia.
O art. 37, lei 9605/98 traz as circunstâncias em que não há crime: no abate de animal em estado de necessidade para sustento da própria família, no abate de animal para proteger lavoura, pomares e rebanhos desde haja prévia autorização do órgão ambiental (Ex: Para combater praga de gafanhoto. Tem que ter autorização do órgão ambiental. Sem autorização do órgão ambiental é crime. Pessoal que faz caça submarina sem licença do IBAMA ou que pesca sem licença ambiental está em flagrante delito de crime) ou quando o animal é perigoso. O animal tem que ser nocivo. Ex: Cobra. Se a cobra for venenosa e a pessoa mata, não há que se falar em tipicidade e crime. Mas e se a cobra não for venenosa? A pessoa pode estar em erro de proibição por acreditar que estava em estado de necessidade.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
O STJ e o STF não admitem a aplicação do princípio da insignificância no direito penal ambiental porque a supressão de uma espécie, mesmo de pequena monta, poderia levar ao desequilíbrio ecológico. 
RECURSOS FLORESTAIS
Esse é um dos temas mais tranqüilos porque qualquer intervenção em recurso florestal exige prévia autorização do órgão ambiental. 
Reserva legal
É objeto do art. 16 e seguintes da lei 4771/65, Código Florestal. Esse artigo diz que em caráter geral em propriedades rurais a reserva é de 20%. Na Amazônia legal a reserva será de 80%. A propriedade rural que exista na amazônia legal tem reserva de 80%. Significa que não poderá haver intervenção para a supressão de vegetação na reserva legal salvo mediante prévia autorização do órgão ambiental demonstrado o interesse público. Esse percentual é de 35% na região de cerrado dentro da amazônia legal.
Onde é a amazônia legal? Começa no Mato Grosso e vai até Belém, passando por toda a região do centro-oeste e norte.
Qualquer retirada nessa área depende de autorização prévia do órgão ambiental com obrigação de recompor no mesmo lugar. Se não der para recompor na própria propriedade, a recomposição deve ser feita em outra. Essa obrigação de recomposição é propter rem segundo o STJ. O que significa dizer que mesmo que haja alienação da propriedade o adquirente tem obrigação de recomposição que será de 1/10 a cada 3 anos. Art. 44, I, lei 4771/65.
Discussão sobre o Dec. 4297/02 que cuida do zoneamento ecológico econômico. O art. 16, p. 4º, lei 4717/65 admite a redução da reserva legal em até 50% observado o zoneamento ecológico econômico. Isso gera muita discussão porque a obrigação de recomposição implica na redução da atividade agropecuária nessas áreas, o que acaba tendo impacto direto na economia. O decreto vai permitir através do zoneamento ecológico econômico, a definição de área onde possa existir a atividade econômica que já estava instalada e a adoção de medidas para a recomposição do impacto ambiental. O problema é discutir o percentual que é de até 50%. A discussão é se vai se reduzir em até ou em 50% a reserva legal. 
No art. 2, lei 4741/65 existe a área de preservação permanente. Tudo que está perto de corpos de água é área de preservação permanente. E em área de preservação permanente não cabe supressão de vegetação, salvo diante da demonstração de interesse social e utilidade pública, o que vai exigir a prévia autorização do órgão ambiental. 
Área de preservação permanente é toda área próxima a corpos de água (mares, rios, lagos, etc), vegetação de encosta a mais de 45º, vegetação acima de 1800 metros, etc. Nessa área não pode haver construção alguma. E se houver construção? Deve ser demolida com fundamento nos arts. 1228, p. 1, 1309 e 1312, CC/02 combinados, em sendo propriedade rural, com o art. 186, II, CF/88 e sendo propriedade urbana, art. 2º, IV; art. 4º, VI do Estatuto da Cidade
Os tribunais vinham mitigando a obrigação de demolir adotando a teoria do fato consumado. Já que as pessoas já estão morando lá não se determina a demolição. Determina-se que seja pago um valor em compensação pelo dano causado ao meio ambiente. Há 2 meses o TJ RJ decidiu pela demolição de uma casa construída em área de preservação permanente ao argumento de que não é possível legalizar o ilegal. Então essa teoria do fato consumado vem sendo aplicada mas já há precedentes negando essa aplicação.
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
5 - de 500(quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo
Art.16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) (Regulamento)
I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

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