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38
CAPÍTULO III
FERTILIZANTES E CORRETIVOS: ASPECTOS RELEVANTES NO 
CONTROLE DE QUALIDADE DE RESULTADOS ANALÍTICOS
Flavia Consolini¹, Maria de Fátima Martins Pinhel², Eliezer Augusto 
Baeta de Oliveira³
¹ flavia.consolini@agricultura.gov.br, Responsável pela Unidade de análises físico-
químicas de fertilizantes, corretivos, substratos e afins –FET/Lanagro-SP
² Coordenadora técnica do Lanagro-SP
³ Supervisor da qualidade da Unidade de análises físico-químicas de fertilizantes, 
corretivos, substratos e afins –FET/Lanagro-SP
RESUMO
 Os fertilizantes e corretivos são insumos empregados em larga escala 
na produção de alimentos, bioenergia e matérias primas, como madeira e fibras. 
Além dos conhecidos benefícios, seu uso também implica potencial impacto 
ambiental. A comprovação da conformidade desses produtos é atribuição do 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA, que amostra e 
analisa, sistematicamente, fertilizantes e corretivos para garantir sua qualidade 
e inocuidade. As análises para verificar a conformidade e a inocuidade são 
de responsabilidade da Rede Nacional dos Laboratórios Agropecuários. 
Os resultados emitidos pela Rede Nacional são utilizados como base para 
atuação do MAPA junto às empresas detentoras de produtos não conformes. 
Assim, a garantia de qualidade dos resultados analíticos de fertilizantes 
e corretivos é importante tanto para os produtores agrícolas que dependem 
destes insumos para o sucesso de sua atividade, como para dar sustentação 
aos atos legais do MAPA. Para garantir a qualidade dos resultados analíticos, 
os laboratórios da Rede Nacional implantaram Sistemas de Gestão da 
Qualidade segundo a Norma ISO/IEC 17025. Por ser uma norma conhecida, 
neste texto serão abordados apenas alguns requisitos técnicos que tem maior 
impacto na garantia dos resultados nas análises de fertilizantes e corretivos, 
como treinamento de pessoal, métodos de ensaio e validação de métodos, 
rastreabilidade de medição, amostragem e garantia da qualidade dos resultados 
de ensaio.
PALAVRAS ChAVE: corretivo, fertilizante, fiscalização, garantia da 
qualidade.
 39
REVISÃO DE LITERATURA
1. POR QUE GARANTIR A QUALIDADE DE RESULTADOS 
ANALÍTICOS DE FERTILIZANTES E CORRETIVOS?
Os fertilizantes e corretivos são fundamentais para a produção agrícola, 
com relevante participação no custo de produção e efeitos significativos na 
quantidade e qualidade das colheitas. Assim, são insumos empregados em 
larga escala na produção de alimentos, bioenergia e matérias primas, como 
madeira e fibras. Além dos conhecidos benefícios, seu uso também implica 
potencial impacto ambiental. Entre 2007 e 2009, a quantidade de fertilizantes 
utilizados no Brasil ficou em torno de 10 milhões de toneladas de nutrientes por 
ano, isto representa aproximadamente 6% do consumo mundial de fertilizantes 
(IFA, 2012). 
Com o desenvolvimento de pesquisas e o empreendedorismo de 
alguns produtores, a produção agrícola nacional cresceu significativamente 
em novas áreas consideradas de baixa produtividade, com sérias limitações 
de fertilidade, como a região do Cerrado. Esta expansão da fronteira agrícola 
deveu-se não somente à utilização de fertilizantes, mas também à aplicação de 
corretivos para adequar acidez do solo, tornando o Brasil um dos principais 
atores no negócio mundial de grãos e carne.
A importância desses insumos tem sido reconhecida desde muito 
tempo. O imperador D. Pedro II contratou o químico austríaco Franz Dafert 
para ser organizador e primeiro diretor do Instituto Agronômico de Campinas, 
onde criou um laboratório para confirmar a qualidade dos fertilizantes devido 
ao comércio inescrupuloso que vendia adubos de má qualidade e por preços 
altos (DIAS, 2005).
Atualmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA) possui a atribuição legal de fiscalizar a produção, importação e o 
comércio de fertilizantes e corretivos, conforme disposto na Lei nº 6.894 
de 16 de dezembro de 1980 (BRASIL, 1980), regulamentada pelo Decreto 
nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004 (BRASIL, 2004). O MAPA tem a 
incumbência de garantir a conformidade desses insumos colocados à disposição 
dos agricultores. Na estrutura do MAPA, esta fiscalização fica a cargo do 
Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas (DFIA), que designa aos 
Serviços de Fiscalização de Insumos Agrícolas (SEFIAs), a de coleta amostras 
de fertilizantes e corretivos com a finalidade de comprovar a conformidade do 
produto, ou seja, se os teores de nutrientes e outras características inerentes 
aos insumos estão de acordo com as garantias declaradas pelos responsáveis 
(produtores, importadores ou comerciantes) pelo fertilizante ou corretivo. 
As análises para verificar a conformidade e a inocuidade desses produtos 
quanto aos limites máximos de metais pesados tóxicos são de responsabilidade 
 40
da Rede Nacional dos Laboratórios Agropecuários.
A Rede Nacional é constituída pelos Laboratórios Nacionais 
Agropecuários (Lanagros) e por laboratórios credenciados pelo MAPA, de 
acordo com a Instrução Normativa nº 01 de 2007 (BRASIL, 2007a), que 
realizam as análises seguindo os métodos oficiais previstos na Instrução 
Normativa nº 28 do mesmo ano (BRASIL, 2007b). Os resultados analíticos 
apresentados pelos laboratórios da Rede Nacional são utilizados pelo MAPA 
para atuar junto às empresas produtoras, importadoras ou que comercializam 
insumos eventualmente não conformes, infligindo penalidades como multa, 
suspensão de registro ou, até mesmo, embargo da empresa.
Assim, a garantia de qualidade dos resultados analíticos de fertilizantes 
e corretivos é importante tanto para os produtores agrícolas que dependem 
destes insumos para o sucesso de sua atividade, como para dar sustentação aos 
atos legais do MAPA.
2. COMO CONTROLAR A QUALIDADE DOS RESULTADOS 
ANALÍTICOS
O sistema de garantia da qualidade dos resultados analíticos é o 
conjunto de atividades desenvolvidas por um laboratório com objetivo de 
alcançar um padrão requerido de análise (THOMPSON & WOOD 1995). 
Este sistema envolve treinamento de pessoal, adequação do ambiente de 
laboratório, segurança, armazenamento, integridade e identidade das amostras, 
manutenção de registros, calibração e manutenção de equipamentos, aquisição 
de insumos adequados e uso de métodos validados. Todavia, somente este 
sistema não assegura a obtenção de resultados confiáveis a menos que seja feito 
controle de qualidade interno. Segundo os autores, é a partir do controle interno 
de qualidade que se estabelece o monitoramento contínuo das operações e dos 
resultados analíticos, o que permite aos analistas decidirem se os resultados 
são satisfatoriamente confiáveis para serem emitidos.
Algumas normas foram criadas para que o sistema de garantia 
da qualidade de um laboratório seja equivalente ao de outro. No Brasil, os 
laboratórios que analisam fertilizantes e corretivos, em geral, comprovam 
sua competência implantando um Sistema de Gestão da Qualidade baseado 
na Norma ABNT ISO/IEC 17025 (ABNT, 2005), sendo tal implantação 
recomendada para toda a Rede Nacional. Por ser uma norma bastante conhecida, 
neste texto serão abordados apenas alguns pontos considerados críticos devido 
à especificidade das matrizes fertilizantes e corretivos. Destacam-se, assim, 
entre os requisitos técnicos, os itens 5.2, 5.4, 5.6, 5.7 e 5.9, conforme indicado 
na Figura 1.
 41
Figura 1: Requisitos da Norma ABNT NBR ISSO/IEC 17025.
3. REQUISITO 5.2 - PESSOAL
TREINAMENTO DE ANALISTAS:
Grande parte dos ensaios em fertilizantes e corretivos é realizada por 
meio de técnicas clássicas, como gravimetria, volumetria, as quais não utilizam 
curvas de calibração. Nesses casos, a habilidade do analista é essencial não 
somente na extração, como na determinação dos analitos, observando-se que a 
precisão intermediária é aprincipal causa de incerteza. 
Um dos procedimentos adotados na Unidade de Análises Físico-
químicas de Fertilizantes, Corretivos, Substratos e Afins do Lanagro/SP - 
FET é a realização de ensaio de repetitividade e reprodutibilidade para cada 
analista como parte da avaliação do treinamento realizado antes da emissão da 
autorização para realizar o ensaio. 
 Devido ao grande número de ensaios realizados pela Unidade, 
conforme o caso, o treinamento e a análise crítica dos resultados podem ser 
feitos de acordo com as seguintes opções:
a. uso de dados da carta controle. Neste caso, o desvio padrão dos 
resultados obtidos pelo analista em treinamento tem que ser menor que o 
desvio encontrado nos resultados da carta controle;
b. quando não há dados disponíveis por se tratar de um método 
novo, análise de amostras de ensaio de proficiência de rodadas anteriores. 
Os resultados obtidos pelo analista devem estar dentro do intervalo dos 
resultados satisfatórios;
c. quando não há ensaio de proficiência, nem amostra referência, 
enviando-se a outro laboratório da Rede Nacional, que já realize o ensaio, a 
mesma amostra utilizada no treinamento e comparando-se os resultados;
 42
d. quando nenhum outro laboratório da Rede Nacional realiza o ensaio, 
ou são propostas alterações em ensaios já realizados, é possível realizar um 
estudo colaborativo entre os laboratórios da Rede.
 O treinamento deve ser novamente realizado quando o analista não 
executar o ensaio por um longo período ou, quando algum problema relativo 
ao analista for detectado nos controles internos.
 Os resultados obtidos no treinamento também podem ser úteis ao 
responsável pelo laboratório para conhecer melhor as habilidades de cada analista 
e selecionar qual é o melhor, para uma determinada técnica, já que algumas áreas 
apresentam escopo com técnicas variadas, como é o caso de fertilizantes e corretivos. 
4. REQUISITO 5.4 - MéTODOS DE ENSAIO E VALIDAçÃO DE 
MéTODOS 
 No Brasil, os métodos oficiais de análises de fertilizantes e corretivos 
encontram-se publicados na Instrução Normativa nº 28 de 27 de julho de 2007 
(BRASIL, 2007b).
Por se tratarem de métodos normalizados, não é necessário que se realize 
sua validação completa. O Lanagro-SP utiliza um procedimento simplificado 
para validação intralaboratorial, elaborado especificamente para métodos 
normalizados da área de físico-química, cuja exatidão seja comprovada por 
participação em ensaios de proficiência, ensaios colaborativos ou material 
de referência certificado. Basicamente, neste procedimento utilizam-se os 
parâmetros linearidade, repetitividade e reprodutibilidade, os quais foram 
selecionados com base em protocolos de validação já estabelecidos (SANCO, 
2012; INMETRO, 2011; ICH, 2005). 
Neste procedimento simplificado são utilizados dados da rotina dos laboratórios, 
viabilizando a validação e revalidação de métodos para as áreas com grande 
número de ensaios, como é o caso dos laboratórios que analisam fertilizantes 
e corretivos. Segundo ÁVILA et al. (2004) para se avaliar a produção de 
informações laboratoriais há a necessidade da presença de, no mínimo, três 
contribuições: a ação do operador de laboratório, habilitado para executar a 
medição; a existência da metodologia referendada que descreva os passos a 
serem seguidos pelo operador na busca de uma medição e o instrumento, que 
possibilitará efetuar a medição, segundo a metodologia de posse do operador. 
5. REQUISITO 5.6 - RASTREABILIDADE DE MEDIçÃO
 Todos os equipamentos utilizados nos ensaios que tenham efeito 
significativo sobre a exatidão ou validade do resultado são obrigatoriamente 
calibrados. Os procedimentos operacionais internos devem incluir controle, 
calibração, instruções de uso e verificação intermediária dos equipamentos. 
 43
 O Lanagro-SP estabeleceu um programa de calibração e manutenção 
preventiva para os equipamentos de medição ou os que tenham impacto 
sobre a exatidão, como por exemplo, micropipetas, no qual estão definidos 
por equipamento, os pontos de calibração, os critérios de aceitação para cada 
ponto e qual a capacidade de medição que o laboratório da Rede Brasileira de 
Calibração deve ter para ser o fornecedor do serviço de calibração.
 Os certificados de calibração recebidos devem ser analisados 
criticamente antes da colocação dos equipamentos em uso. As verificações 
intermediárias são utilizadas para se verificar se o “status” de calibração está 
sendo mantido. Essas verificações fornecem ainda, subsídios para que se 
estabeleça a periodicidade das calibrações.
6. REQUISITO 5.7 -AMOSTRAGEM
 A amostragem do produto que será analisado muitas vezes é mais 
importante que a análise em si no que tange à garantia da qualidade dos resultados. 
No caso dos fertilizantes e corretivos, busca-se sempre que a amostragem 
possibilite que o objeto da análise no laboratório seja o mais representativo 
possível do produto que está sob fiscalização. Segundo PATNAIK (2004), 
a técnica de amostragem varia de acordo com a substância a ser analisada e 
suas características físicas, pois não há uma teoria de amostragem que possa 
ser generalizada. Partindo-se de um lote de produto, uma amostra composta 
relativamente grande é obtida, a qual é quarteada, obtendo-se uma fração para 
ser encaminhada ao laboratório. 
 No caso dos laboratórios da Rede Nacional, a amostragem é de 
responsabilidade do SEFIA e é realizada segundo a Portaria. Instrução 
Normativa MAPA n° 10/2004 (BRASIL, 2004).
 No caso específico de fertilizantes, um dos problemas encontrados 
é a grande diversidade de matérias primas que podem ser utilizadas na sua 
composição. Esta diversidade gera produtos heterogêneos, especialmente, 
fertilizante mineral produzido com mistura de grânulos. A principal 
consequência desta realidade é a segregação de alguns elementos, fazendo com 
que a amostra coletada possa não representar os teores do produto.
 Para minimizar os problemas causados pela heterogeneidade 
do produto, não só a coleta, como também o preparo da amostra que 
consiste em quarteação, moagem e peneiramento devem ser realizadas 
seguindo-se cuidadosamente o procedimento descrito na IN n° 28/2007 
(BRASIL, 2007b). De forma resumida, nas amostras fluidas, o preparo consiste 
apenas na homogeneização por agitação. Nas amostras sólidas, primeiramente é 
realizada a quarteação, separando-se uma fração para as análises físicas e outra 
para as análises químicas. Esta última porção é moída e passada em peneira de 
0,3mm para corretivos, 0,5mm para fertilizantes orgânicos e 0,42 e 0,84mm 
 44
para fertilizantes minerais visando uniformizar o tamanho das partículas.
7. REQUISITO 5.9 - GARANTIA DA QUALIDADE DOS RESULTADOS 
DE ENSAIO
 Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2005), o laboratório 
deve ter procedimentos de controle de qualidade para monitorar a validade dos 
ensaios. Os dados resultantes devem ser registrados de forma que as tendências 
sejam detectáveis e, quando praticável, devem ser aplicadas técnicas estatísticas 
para a análise crítica. Entre as ferramentas empregadas para o monitoramento 
da qualidade dos resultados, tem-se:
a. uso regular de materiais de referência certificados e/ou controle 
interno da qualidade com materiais de referência secundários; 
b. participação em programas de comparação interlaboratoriais ou 
ensaios de proficiência;
c. ensaios replicados, utilizando-se os mesmos métodos ou métodos diferentes.
A. MATERIAL DE REFERêNCIA CERTIFICADO E/OU 
CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE
 Como já destacado, mesmo que todos os requisitos do sistema de 
gestão da qualidade estejam implantados, somente com controle interno da 
qualidade é que se pode assegurar que os resultados obtidos sejam confiáveis.
O controle interno da qualidade pode ser garantido segundo 
THOMPSON &WOOD (1995) pela inclusão de materiais de referência, 
também chamadasde amostras controle, nas “corridas analíticas”. Tais amostras 
devem, sempre que possível, ter a mesma composição da matriz, incluindo os 
tipos de analitos e suas concentrações. Por serem tratadas exatamente da mesma 
maneira que as amostras testadas, elas podem representar o desempenho do 
laboratório na execução da análise.
O ideal é que essas amostras controle sejam materiais de referência 
certificados (MRC), que são materiais de referência, acompanhados por um 
certificado, com um ou mais valores de propriedades, certificados por um 
procedimento que estabelece sua rastreabilidade (THOMPSON &WOOD, 
1993).
Entretanto, tais amostras são caras para uso em rotina e não há 
disponibilidade no mercado de materiais de referência certificados para todo o 
escopo, especialmente fertilizantes orgânicos e organo-minerais. Além disso, 
os materiais de referência certificados tem sua composição descrita a partir 
de métodos que não necessariamente correspondem à fração determinada nos 
fertilizantes analisados no Brasil. Por exemplo, pela legislação brasileira, o 
teor “total” dos micronutrientes Zn, Cu, Fe e Mn é obtido com a extração em 
HCl e determinação por absorção atômica ou por emissão ótica com plasma 
 45
indutivamente acoplado (ICP/OES). Um MRC utilizado com freqüência nos 
laboratórios que analisam fertilizantes é o NIST 695, que é um fertilizante 
com vários nutrientes e metais traço com valores certificados. Neste MRC, 
teor “total” de Zn foi determinado por fluorescência de raio X e por ativação 
neutrônica.
Para tornar possível a utilização de amostras controle em cada “corrida 
analítica”, podem ser utilizadas amostras de fertilizantes ou corretivos que já 
foram analisadas e apresentam homogeneidade. Uma das particularidades dos 
fertilizantes e corretivos é que em geral são produtos estáveis e que podem ser 
armazenados por longos períodos.
Essas amostras selecionadas podem ser analisadas junto com o 
material de referência certificado, para estabelecer o valor do mensurando. 
Outra opção é analisar o material candidato à amostra controle, junto com os 
ensaios de proficiência. 
A partir do estabelecimento da amostra controle, incluir tal amostra 
em cada corrida e analisar o resultado criticamente. Caso o resultado saia dos 
limites estabelecidos na carta controle, todas as determinações obtidas na 
corrida devem ser descartadas e deve ser realizada uma análise crítica para 
verificar a causa do erro.
A inserção das amostras controle na rotina permite avaliar continuamente 
o desempenho dos analistas, metodologias e equipamentos em relação à 
exatidão e à precisão (repetitividade/reprodutibilidade); indica falhas e fontes 
contínuas de problemas (erro sistemático); auxilia na detecção da necessidade 
de treinamento, tornando-se ferramenta essencial na garantia da qualidade 
laboratorial.
B. ENSAIO DE PROFICIêNCIA
A participação do laboratório num ensaio de proficiência é importante 
para que se verifique a consistência das atividades desenvolvidas, possibilitando 
avaliar seu desempenho por meio de comparações interlaboratoriais. 
De acordo com THOMPSON et al (2006), em princípio, a validação 
do método e o controle interno de qualidade seriam suficientes para garantir 
a exatidão. Entretanto, o ensaio de proficiência é que garante se esses dois 
controles realizados internamente estão funcionando satisfatoriamente. 
Na validação de métodos, influências desconhecidas podem interferir no 
processo de medição e, como já comentado, os materiais de referência 
certificados não abrangem todos os ensaios. Laboratórios sem referência 
externa podem operar por longos períodos com tendência ou erros aleatórios, 
sendo o ensaio de proficiência uma maneira eficaz de detectar tais problemas.
 46
Os Programas de Ensaios de Proficiência permitem:
- determinar o desempenho individual dos laboratórios para os ensaios 
propostos;
- monitorar continuamente o desempenho dos laboratórios participantes;
- proporcionar subsídios aos laboratórios para a identificação e solução de 
problemas analíticos;
- agregar valor ao controle de qualidade dos laboratórios participantes;
- estabelecer a efetividade e a comparabilidade de novos métodos de medição;
- atribuir valores para materiais de referência e avaliar sua adequação para 
utilização em ensaios específicos ou procedimentos de medição.
No caso da Rede Nacional, tem-se o Programa de ensaios de 
proficiência em análises de fertilizantes e corretivos que avalia a maior parte 
do escopo de fertilizantes minerais e corretivos. Este Programa é organizado 
pelo MAPA, abrangendo atualmente 13 laboratórios.
O Programa de Ensaio de Proficiência do MAPA foi organizado 
de maneira que os resultados dos ensaios sejam avaliados por método. Essa 
especificidade, do Ensaio de Proficiência em avaliar o desempenho dos 
laboratórios por método, é devida à obrigatoriedade dos Lanagros em realizar 
análises periciais nos fertilizantes que apresentem resultados fora da garantia 
declarada pelo produtor nas análises fiscais. Caso a empresa produtora solicite 
a análise pericial, ela pode escolher o método de análise desde que, o método 
esteja incluído na IN SDA n°28/2007 (BRASIL, 2007b) e que a empresa 
comprove que é o método utilizado no seu controle de rotina.
Sendo assim, os laboratórios que realizam as análises periciais 
executam mais de um método para determinar o mesmo mensurando. Tal fato 
implica na necessidade de comparações interlaboratoriais que permitam a 
avaliação dos resultados obtidos por método de ensaio.
 47
Tabela 1. Escopo do Programa de Ensaios de Proficiência em análises de fertilizantes e corretivos do MAPA
1. IN SDA/MAPA n.º 28/2007 (BRASIL, 2007b).
 48
Anualmente são realizadas três rodadas do Ensaio de Proficiência 
do MAPA, cobrindo 36 ensaios, sendo 26 em fertilizantes minerais, 7 em 
corretivos de acidez e 3 em fertilizantes orgânicos.
C. ENSAIOS REPLICADOS, UTILIZANDO-SE OS MESMOS 
MéTODOS OU MéTODOS DIFERENTES
No caso de fertilizantes e corretivos, as amostras analisadas apresentam 
uma larga faixa de concentrações garantidas pelos produtores. O teor de N, por 
exemplo, pode variar de 0,1% a 45%.
Quando o resultado encontrado indica que o produto está com teores 
abaixo dos declarados pelo produtor, ou, apresentam valores dentro da garantia, 
porém, muito acima do declarado, realiza-se o reensaio, que pode ser feito 
pelo mesmo método, ou pelo mesmo analista, desde que não seja realizado no 
mesmo dia. No Lanagro/SP, o recomendado é reanalisar a amostra utilizando-
se outro método e/ou outro analista.
LITERATURA CITADA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). ABNT NBR ISO/IEC 
Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração,. Rio de Janeiro, 
2005. 31 p.
ÁVILA, A. K.; ARAÚJO T. O.; COUTO, P.; BORGES, R. M. H. Comparação Interlaboratorial 
de Constituintes Menores e Traços em Soro Humano: Estimativa da Incerteza de Medição.2004. 
Revista Analytica. São Paulo,n. 13, Out./Nov, 2004. Disponível em: http://www.revistaanalytica.
com.br/ed_anteriores/13/comparacao.pdf. Acesso em: 20 ago 2012.
BRASIL, Lei nº 6.894 de 16 de dezembro de 1980. Dispõe sobre a inspeção e fiscalização da 
produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, 
destinados à agricultura, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, DF, 17 dez. 1980. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/
fertilizantes/legislacao>. Acesso em: 20 ago. 2012.
BRASIL, Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004, Aprova o Regulamento da Lei no 6.894, de 
16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio 
de fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes destinados à agricultura, e dá outras 
providências. Diário Oficial[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 jan. 2004. 
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/fertilizantes/legislacao> . Acesso em: 20 
ago. 2012.
BRASIL, Instrução Normativa Mapa nº 10, de 6 de maio de 2004, Aprova as disposições sobre 
a classificação e os registros de estabelecimentos e produtos, as exigências e critérios para 
embalagem, rotulagem, propaganda e para prestação de serviço, bem como os procedimentos a 
serem adotados na inspeção e fiscalização da produção, importação, exportação e comércio de 
fertilizantes, corretivos, inoculantes e biofertilizantes, destinados à agricultura. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 mai. 2004. Disponível em: <http://www.
agricultura.gov.br/vegetal/fertilizantes/legislacao> . Acesso em: 20 ago. 2012.
 49
BRASIL, Instrução Normativa nº 1, de 16 de janeiro de 2007. Estabelecer os critérios para 
credenciamento, reconhecimento, extensão de escopo e monitoramento de laboratórios no 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de forma a integrarem a Rede Nacional 
de Laboratórios Agropecuários do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, 
constantes do Anexo à presente Instrução Normativa. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, DF, 17 jan. 2007. Disponível em: <http://sistemasweb.agricultura.gov.br/
sislegis/action/detalhaAto.do?method=abreLegislacaoFederal&chave=50674&tipoLegis=A> . 
Acesso em: 20 ago. 2012.
para Fertilizantes Minerais, Orgânicos, Organo-Minerais e Corretivos. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 jul. 2007. Disponível em: <http://www.
agricultura.gov.br/vegetal/fertilizantes/legislacao> . Acesso em: 20 ago. 2012.
DIAS, J. C. Raízes da Fertilidade. 1ª ed. São Paulo: Calandra Editorial, 2005. 129p.
IFA. International Fertiliser Association. Disponível em: <http://www.fertilizer.org>. 
Acesso em: 18 ago. 2012.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE 
INDUSTRIAL (INMETRO). Orientação sobre Validação de Métodos Analíticos. DOQ-
CGCRE-008. rev. 4. 2011.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE 
INDUSTRIAL (INMETRO). Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio 
e calibração, ABNT NBR ISO/IEC. Rio de Janeiro, 2005. 31 p.
INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONISATION OF TECHNICAL 
REQUIREMENTS FOR REGISTRATION OF PHARMACEUTICALS FOR HUMAN USE 
(ICH) ICh harmonised Tripartite Guideline Validation of Analytical Procedures: Text and 
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PATNAIK, P. Dean’s analytical chemistry handbook.2ª Ed. Mc Graw-Hill, 2004. 1280p.
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