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1 Vanessa Monteiro CARDIOPATIA ISQUÊMICA •Na anatomia, o coração é irrigado pelas coronárias, e elas saem do tronco da aorta (coronária direita e esquerda). A esquerda logo se ramifica dando o ramo descendente anterior e o circunflexo, que este gira para parte posterior e se distribui, junto com a coronária direita. Suas ramificações penetram no miocárdio para nutrição. •A artéria interventricular anterior é considerada um vaso importante, assim como o ramo circunflexo. VD – Coronária D/ VE – Coronária E. Um vaso não vai se encontrar com o outro! •Entre endotélio e fibras musculares, teremos uma camada de tecido conjuntivo, e acima dela, teremos a lâmina elástica interna. Será nessa camada, entre endotélio e camada de fibras musculares onde ocorrerá a formação da placa de ateroma. •Cardiopatia isquêmica é a causa de morte mais comum nas pessoas (35% nos EUA). •Isquemia é quando o fluxo de sangue é insuficiente para irrigação do tecido. Ou seja, as coronárias não permitem a passagem de sangue, para suprir necessidades das células do coração. •Quando o vaso é ocluído de forma rápida/aguda: será infarto agudo do miocárdio. Vai ter redução drástica do fluxo de sangue. Após o infarto, o coração vai ficar muito vulnerável, e vai causar fibrilação ventricular, que pode resultar na morte súbita. •A doença cardíaca isquêmica pode causar o enfraquecimento lento e progressivo do bombeamento cardíaco, que vai levar a insuficiência cardíaca. •O que vai causar a isquemia, será a oclusão do vaso (de forma rápida/aguda ou lenta/crônica). •O que vai causar obstrução será a deposição gradual de colesterol (aterosclerose). O colesterol, 2 Vanessa Monteiro que está no plasma, atravessa o endotélio e se deposita na camada de tecido conjuntivo, embaixo da camada de células endoteliais. •O colesterol depositado vai atrair leucócitos e monócitos, que vão tentar eliminar esse colesterol. E com isso vai causar reação inflamatória. •Pacientes que tem dieta rica em gordura animal, vão ter aumento de gordura no sangue, e esse excesso vai favorecer a deposição subendotelial (e será isso que vai atrair os leucócitos e macrófagos). •A reação inflamatória vai atrair mais células do sangue (ex: fibroblastos). Eles vão começar a depositar tecido cicatricial e depois ocorre a calcificação. •A placa de ateroma inicialmente é mole, mas depois calcifica e endurece. •A medida que ela cresce, vai se projetar para luz do vaso e com isso vai bloquear o fluxo de sangue pelo ramo coronariano. •No nosso sangue, temos gordura fisiologicamente, mas as densidades são variadas: alta, baixa e muito baixa. Nos quilomícrons não temos colesterol. Mas nos outros temos, principalmente no LDL. Dessa forma a placa de ateroma é formada principalmente pelo excesso de LDL no sangue. •O tabagismo, hipertensão e LDL aumentados no sangue são fatores de risco para aterosclerose. Vai ocorrer migração de leucócitos e monócitos, para tentar digerir esse LDL. •As células do endotélio vão ficar cheias de gordura, porque vão tentar digerir esse colesterol. A placa vai começar a se encher de células, causando a reação inflamatória. A placa vai 3 Vanessa Monteiro crescendo e empurrando o endotélio para dentro da luz. Vai começar a ter formação de capa fibrosa. O centro da placa vai morrer (necrose). •Oclusão coronariana aguda: A formação da placa de ateroma vai aumentando e se projetando para a luz do vaso, ocluindo-o. Essa placa pode causar rompimento do endotélio, o que vai fazer com que entre em contato com fatores de coagulação presentes no sangue, e que serão ativados, causando coagulação (formação de trombo). Essa placa também vai irritar a musculatura lisa do vaso, o que vai causar espasmo muscular. Esse trombo pode se desprender e ocluir outra parte do vaso. A oclusão vai diminuir a oferta de sangue para as células do coração, que vão entrar em sofrimento (isquemia). Para tentar contornar a situação, as anastomoses das artérias coronárias vão se dilatar, aumentando o fluxo sanguíneo. •Obstrução coronariana fixa: paciente vai ter angina típica, ou seja, vai causar dor, principalmente associada a esforço e emoções (eles causam estimulação simpática -> vasoconstrição, aumenta FC e força de trabalho do coração, aumenta retorno venoso). 4 Vanessa Monteiro Letra A o endotélio se soltou; em B houve formação do trombo e em C podemos ver o trombo com o endotélio solto juntos, ocluindo o vaso. •Cineangiocoronariografia: exame que determina se há ou não obstrução coronariana. É realizado no cateterismo cardíaco, que é um procedimento invasivo: paciente precisa ser sedado, e coloca-se cateter na artéria femoral, que vai até as coronárias, e se injeta contraste. Podemos localizar o ponto de obstrução. Nessa imagem, podemos encontrar uma obstrução parcial da artéria coronária. O grau de obstrução quando for 60% ou mais, será grave, e preciso corrigir essa obstrução. Será o médico hemodinamicista que fará esse exame. Quando ele vê mais de 60% de obstrução, ele introduz um stent. 5 Vanessa Monteiro •Infarto Agudo do Miocárdio: formação do trombo ou espasmo da parede do vaso, vai causar redução grave e aguda do fluxo sanguíneo, que vai causar sofrimento agudo do músculo cardíaco. O coração usa todos seus nutrientes (esgotamento de reservas), e com a falta deles, a bomba de NA+/K+ não funciona direito, e vai deixar a membrana mais permeável e com isso vai ter extravasamento de líquido, causando edema (inchaço) e com isso vai causar rompimento de fibras musculares. Os vasos colaterais (anastomoses) vão dilatar e tentar aumentar o fluxo de sangue, mas não vão conseguir salvar as células que estão em sofrimento. OBS: Dilatação dos vasos vai ser causado pela diminuição do O2, aumento do CO2 e aumento da acidez. Necessidade mínima de O2 para viver: 1,3 ml por 100 g de músculo. •O infarto vai começar com a morte das fibras da parede interna (subendocárdica -> infradesnivelamento do segmento ST), que vão seguir para periferia. A zona isquêmica terá células que estarão em sofrimento leve. Quando o infarto evolui para comprometer toda parede, será transmural (supradesnivelamento de ST). •Área de necrose vai ser substituída por tecido fibroso (coagulação). As camadas periféricas que foram afetadas, perdem sua atividade (estão vivas mas não contraem). •As causas de morte após Infarto Agudo do Miocárdio: •O músculo da área isquêmica para de se contrair, então a força de contração da câmara se reduz e com isso diminui a capacidade de bombeamento (diminui o DC). Com isso podemos ter insuficiência cardíaca aguda (não bombeia mais sangue suficiente), e logo em seguida paciente tem hipotensão, e se for aguda, paciente pode desmaiar. Se ele não consegue manter o fluxo periférico, paciente vai entrar em choque circulatório (cardiogênico). Com isso vai ter isquemia periférica e dano tecidual periférico. Todo o organismo vai começar a sofrer. Isso acontece quando 40% do músculo do VE para, e quando isso acontece 85% das pessoas morrem. Área vermelha: hiperemia. E parte amarela será tecido fibroso (após morte das células) 6 Vanessa Monteiro •Com a morte de uma área que antes era funcional, a capacidade sistólica do ventrículo vai cair, com isso a pressão dentro da câmara vai aumentar, mas ele não consegue ejetar, e com isso vai forçar o músculo (não contrátil) para fora, causando estiramento sistólico. Com isso, vai aumentar o volume da câmara, e com isso a pressão tende a cair, e consequentemente, vai cair a força de contração para ejeção do sangue, causando insuficiência cardíaca aguda. A parte infartada está morta, então não se contrai, por isso que é forçada para fora (como ela não se contrai mais, se tornauma estrutura passiva). •Após o infarto, como vai diminuir a capacidade de bombeamento, vai se acumular sangue nos ventrículos, o que vai fazer com que aumente a pressão na câmara, e consequentemente aumente no átrio, que vai exercer pressão nas veias pulmonares, que também vai aumentar sua pressão interna. Como as veias estão em contato com o pulmão, esse aumento de pressão também será sentido nos pulmões, o que vai acarretar no edema agudo de pulmão, sendo o principal sintoma a dispneia (diminui oxigenação das células). Com tubo isso acontecendo, o DC vai cair em razão da diminuição do trabalho ventricular. A resposta da pressão arterial será diminuição, e com isso diminui a pressão renal, que faz com que os rins trabalhem para reter mais líquido, causando edema. Mas o problema se torna mais grave, quando esse edema atinge os pulmões. •O infarto também pode causar fibrilação ventricular, que vai causar ausência de bombeamento de sangue (desorganização de batimentos cardíacos) podendo causar parada cardíaca. Após infarto a fibrilação pode ocorrer nos 10 primeiros minutos, e o coração fica vulnerável nas primeiras horas. O coração vai fibrilar por causa do potássio, que por causa da morte das células musculares, vai fazer com que ele vá para o LEC, e que vai fazer com que aumente irritabilidade (excitabilidade), e o músculo isquêmico não repolariza, então entre a camada positiva e a camada negativa, vai criar um fluxo de corrente (corrente de lesão) e isso vai gerar estímulos elétricos anormais. Vias anormais de condução, vão gerar estímulos anormais, que vão causar fibrilação ventricular. Por isso que o coração fica muito vulnerável. A medida que o tempo vai passando, a possibilidade de fibrilação vai reduzindo. •Com o músculo cardíaco muito frágil, caso aconteça o estiramento sistólico, ele pode se romper, causando extravasamento de sangue para pericárdio, e esse sangue no pericárdio vai fazer compressão externa do coração. Isso vai dificultar a distensão do coração (na hora da diástole, para enchimento dos ventrículos) o que vai diminuir drasticamente o trabalho ventricular (débito cardíaco) e que vai causar choque circulatório e então o paciente pode morrer. •Recuperação após Infarto Agudo do Miocárdio: •As fibras que morreram serão substituídas por tecido cicatricial. Se ele não se contrai mais, vai ter prejuízo funcional para o coração. •As fibras que não morreram, podem ter duas possibilidades: vão morrer ou vão voltar a função contrátil, que vai se juntar ao músculo normal (que estará hipertrofiado), e ai recupera o paciente. Será uma recuperação parcial. •Quando menor a área infartada, melhor a compensação (recuperação). •Faz o ECG e vê a fração de injeção do VE. O normal é de 55%, se o paciente depois do infarto ficou próximo de 50%, significa que teve recuperação muito boa. Mas se ficou com uma fração de 38% (exemplo) o paciente ficou com trabalho cardíaco bastante comprometido. •O grau de morte vai depender do grau de isquemia X carga de trabalho do músculo cardíaco. •A condição essencial para recuperação será repouso absoluto! Com carga de trabalho elevada, tem maior chance de evoluir para morte. Se não tiver repouso, vai agravar infarto. 7 Vanessa Monteiro •Angina no peito: Angina será o principal sintoma da isquemia miocárdica, pois o músculo, com a falta de O2, vai produzir ATP pela via anaeróbica, com a formação e acúmulo de ácido lático, ácido pirúvico, enzimas intracelulares (e serão elas que vamos pedir a dosagem sérica). A enzima que aumenta primeiro é a CKMB. •A angina típica é causada por esforço físico ou emoção (aumenta o trabalho cardíaco -> demanda de nutrientes aumenta, mas a oferta não). •A dor pode irradiar para o braço esquerdo (principalmente) ou direito, ou para o espaço epigástrico (pode ser confundido com problemas gástricos) e pescoço. OBS: Eu posso ter angina sem infarto, mas não posso ter infarto sem angina. •Tratamento da cardiopatia isquêmica: -Medicamentos: vasodilatadores (nitroglicerina e nitratos), para facilitar o fluxo sanguíneo; betabloqueadores, ex: propanolol (diminui trabalho do coração e diminui necessidade de O2 e nutrientes). -Mas se já tenho placa obstruído, faço angioplastia com implantação de stent por um cateter. Esse balão vai fazer pressão para empurrar para fora a placa de ateroma, alarga o vaso, e coloca o stent (mola) que vai segurar a placa, alargando o vaso para poder passar o fluxo sanguíneo. Pode se usar Stent em qualquer artéria que esteja obstruída (não apenas a coronariana). -Podemos fazer revascularização utilizando ponte safena e ponte mamária. Vai dissecar a artéria mamária e levar para coração, e vai fazer anastomose da artéria mamária com o leito vascular que está insuficiente. Vou colocar o enxerto após a obstrução. A veia vai se ajustar à nova pressão (antes trabalhava com pressão baixa, agora com pressão alta). Ela também apresenta válvula, e então vou colocar a veia invertida, para se adaptar ao novo fluxo. By-pass: vai ligar a aorta ao vaso que está insuficiente.
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