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Português Jurídico

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português jurídico
autor: leonardo teixeira
ROTEIRO DE CURSO
2010.1
3ª edição
Sumário
Português Jurídico
PARTE I ........................................................................................................................................................... 03
Unidade 1 – LíngUa e VocabULário ........................................................................................................................ 03
 Conceitos básicos: ........................................................................................................................ 03
 Campo etimológico e campo semântico: ...................................................................................... 03
Unidade 2 – a comUnicação e o discUrso ................................................................................................................. 07
 Ruídos na comunicação ................................................................................................................. 9
 Funções Sociais da Linguagem ..................................................................................................... 14
 Texto I: A Moça Tecelã ................................................................................................................. 16
 Texto II: O avanço da causa homossexual ..................................................................................... 18
 Texto III: Uniões homoafetivas .................................................................................................... 20
 Texto IV: A busca pelo reconhecimento social e jurídico .............................................................. 20
 Texo V: Assassino de aluguel não mata cliente e paga indenização ............................................... 30
 Sentença judicial .......................................................................................................................... 30
PARTE II .......................................................................................................................................................... 32
Unidade 1– níVeis de LeitUra ................................................................................................................................ 32
 Texto: O RG de Deus .................................................................................................................. 33
Unidade 2 – o discUrso jUrídico ........................................................................................................................... 40
 Modalidade do discurso ............................................................................................................... 40
 Valores da modalidade ................................................................................................................. 41
 Índices do metadiscurso ............................................................................................................... 41
 Texto: Xingamento de ex-marido garante R$ 5.000 de indenização ............................................. 47
Unidade 3 – coerência e coesão ............................................................................................................................ 48
 Coerência textual: ........................................................................................................................ 48
 Coesão Textual ............................................................................................................................. 48
 Aspectos Gramaticais ................................................................................................................... 55
 Emprego do hífen ........................................................................................................................ 57
 Texto: Código de Hamurábi ....................................................................................................... 60
PARTE III ......................................................................................................................................................... 64
Unidade 1 – a argUmentação ............................................................................................................................... 64
 O que é argumentar? .................................................................................................................... 64
 O “enquadramento”: .................................................................................................................... 64
 Cuidados com o Discurso ............................................................................................................ 64
 Texto: A sociologia do jeito .......................................................................................................... 74
3FgV direito rio
portUgUês jUrídico
pArtE i
unidAdE 1 – LínguA E VocAbuLário 
ConCeitos básiCos:
Linguagem: é a capacidade comunicativa dos seres. A linguagem articulada é aquela em que se cons-
trói um sistema organizado de signos.
Signo: é uma unidade de representação. O signo representa, no ato da enunciação, um elemento que 
está ausente e é evocado quando da substituição pelo signo.
Signo lingüístico: signo arbitrário que une um conceito a uma imagem acústica, ou seja, faz a ligação 
entre o significado e o significante.
Denotação: uso do signo lingüístico em seu sentido comum, corrente, arbitrário.
Conotação: uso do signo lingüístico em sentido figurado, criativo, não relacionado à arbitrariedade 
de sua significação, mas ao que suscita o conceito por ele evocado.
Língua: conjunto de sinais organizados convencionalmente para servir à comunicação. A língua é 
uma das formas de linguagem, o código que melhor atende às necessidades de expressão humana.
Fala: uso que cada indivíduo faz das combinações possibilitadas pela língua. Enquanto a língua 
constitui um depositório de signos, a fala pressupõe uma postura ativa sobre a língua.
Campo etimológiCo e Campo semântiCo:
Construir um campo etimológico significa reunir vocábulos que tenham a mesma raiz ou o mesmo 
radical. O campo semântico reúne palavras cognatas, ou seja, palavras “parentes”. 
exemplo:
Campo etimológico do vocábulo chuva: 
chover – pluvial – chuveiro – chuvada
chuvarada – chuvisco – chuvoso
chovedouro – chove-não-molha 
4FgV direito rio
portUgUês jUrídico
exercício:
1 – Construa um campo etimológico (15 palavras, no mínimo) para cada um dos vocábulos abaixo.
a) lei
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
b) pão
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
c) luz
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
d) livre
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
e) juiz
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ __________________________ _____________ _____________ _____________
5FgV direito rio
portUgUês jUrídico
Construir um campo semântico significa reunir vocábulos por associação de significados, cons-
truindo um universo em que, a partir de uma palavra-chave, todas se remetam a ela por diversos cri-
térios de aproximação.
exemplo:
Campo semântico do vocábulo chuva:
aguaceiro – temporal – garoa 
guarda-chuva – poça – galocha
resfriado – nuvem – enchente
exercício:
1 – Construa um campo semântico (15 palavras, no mínimo) para cada um dos vocábulos abaixo.
a) boca 
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
b) pé
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
c) justiça
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
6FgV direito rio
portUgUês jUrídico
d) prisão
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
e) drogas
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
7FgV direito rio
portUgUês jUrídico
unidAdE 2 – A comunicAção E o discurso
O homem é um ser social e se difere dos outros seres que vivem reunidos pela capacidade de julgar 
e discernir, estabelecendo regras para a vida em sociedade. Tal concepção, nascida em A Política, de 
Aristóteles, implica estabelecer a necessidade de linguagem para que o homem possa se comunicar 
com os outros e, juntos, estabelecerem um código de vida em comum. Então, a linguagem, capacidade 
comunicativa dos seres, constrói vínculos entre os homens e possibilita a transmissão de culturas, além 
de garantir a eficácia dos mecanismos de funcionamento dos grupos sociais.
Para que a comunicação ocorra, é necessário que seis elementos estejam presentes: emissor, receptor, 
mensagem, código, canal e contexto. Cada um deles exerce um papel essencial no processo de comu-
nicação, e qualquer falha com um desses elementos pode prejudicar ou invalidar a percepção ideal 
da mensagem. Trataremos aqui tais elementos levando em conta a comunicação objetiva e cotidiana, 
entendendo que, na comunicação literária, outros fatores podem estar envolvidos.
emissor:
É o remetente da mensagem, aquele que elabora sua idéia e a transforma em código para ser enviada 
ao receptor. O processo de codificação da mensagem exige do emissor que ele: 
a) conheça o código utilizado e suas peculiaridades;
b) construa sua fala dentro das regras convencionadas pela língua;
c) estruture sua fala de forma inteligível e clara;
d) escolha o canal adequado para fazer sua mensagem chegar ao receptor;
e) perceba o contexto da comunicação e se seu receptor compartilha esse mesmo referencial.
Receptor:
É o destinatário da mensagem, aquele que, ao recebê-la, realiza o processo de decodificação. Para 
que ela se dê efetivamente, é necessário que o receptor:
a) conheça o código utilizado e suas peculiaridades;
b) reconheça as regras da língua utilizada pelo emissor;
c) compreenda o sentido expresso na mensagem;
d) tenha o canal aberto para receber a mensagem;
e) compartilhe o mesmo referencial em que se baseia a mensagem do emissor.
mensagem: 
É o conteúdo e o objetivo da comunicação. Como centro do processo de comunicação, só se con-
cretiza de forma plena com a presença articulada de todos os outros elementos.
Canal:
É o meio que possibilita o contato entre o emissor e o receptor ou que leva a mensagem até este. É 
necessário que o canal esteja livre de ruídos que possam atrapalhar ou impedir a chegada da mensagem 
ao receptor.
8FgV direito rio
portUgUês jUrídico
Código:
 É o sistema de signos convencionados em cuja base a mensagem foi construída. Para uma comuni-
cação plena, é essencial que emissor e receptor possuam amplo domínio do código, sob pena de haver 
divergência entre a mensagem pretendida e a efetivamente entendida.
Contexto:
É o ambiente em que se dá a comunicação e os referenciais envolvidos na codificação e decodifica-
ção da mensagem. Se emissor e receptor, em relação à mensagem, tomarem referenciais diferentes, a 
idéia original será bastante diferente da alcançada pela decodificação.
Podemos sintetizar o processo da comunicação da seguinte forma: o emissor envia uma mensagem 
codificada por meio de um canal ao receptor, que compartilha do mesmo contexto.
exercício:
Identifique os elementos das seguintes situações de comunicação:
a) Pronunciamento do presidente em cadeia nacional de rádio e TV no Dia do Trabalhador.
emissor: __________________________________________________________________
receptor: __________________________________________________________________
mensagem: ________________________________________________________________
código: ___________________________________________________________________
canal: ____________________________________________________________________
contexto: _________________________________________________________________
b) Editorial de um jornal comentando o pronunciamento do presidente. 
emissor: __________________________________________________________________
receptor: __________________________________________________________________
mensagem: ________________________________________________________________
código: ___________________________________________________________________
canal: ____________________________________________________________________
contexto: _________________________________________________________________
c) Um estudante ao telefone convidando um colega de turma para ir ao jogo de futebol no próximo 
fim de semana.
emissor: __________________________________________________________________
receptor: __________________________________________________________________
mensagem: ________________________________________________________________
9FgV direito rio
portUgUês jUrídico
código: ___________________________________________________________________
canal: ____________________________________________________________________
contexto: _________________________________________________________________
d) A aula dada pelo professor de Português Jurídico.
emissor: __________________________________________________________________
receptor: __________________________________________________________________
mensagem: ________________________________________________________________
código: ___________________________________________________________________
canal: ____________________________________________________________________
contexto: _________________________________________________________________
e) Sentença prolatada por juiz.
emissor: __________________________________________________________________
receptor: __________________________________________________________________
mensagem: ________________________________________________________________código: ___________________________________________________________________
canal: ____________________________________________________________________
contexto: _________________________________________________________________
RUÍDos na ComUniCaÇÃo:
Quando algum dos elementos não está completamente integrado ao processo da comunicação ou 
ocorre algum tipo de interferência, aparecem os ruídos na comunicação. Podem ser fatores externos à 
comunicação, físicos ou não, que impeçam que a idéia original codificada chegue de forma satisfatória 
ao receptor. Um exemplo clássico de ruído na comunicação ocorre com a chamada “linha cruzada” ao 
telefone, quando o processo de transmissão da mensagem recebe interferência de outro processo, inde-
sejado e descontextualizado. Nesse caso, houve interferência no canal da comunicação. Entretanto, há 
diversas situações, envolvendo outros elementos da comunicação, em que pode ocorrer ruído.
exemplos:
a) O emissor não organiza suas idéias de forma clara, levando ao não-entendimento da mensagem 
por parte do receptor. Nesta situação, a fala do emissor sofre interferência de pensamentos inconclusos, 
vagos e indefinidos, ou não se estrutura seguindo as regras convencionadas para a língua.
b) O receptor não dedica suficiente atenção e concentração para receber a mensagem, gerando mal-
entendidos. Normalmente neste caso a comunicação sofre interferência de fatores subjetivos, como, 
por exemplo, o receptor estar elaborando um pensamento que desvia sua atenção da mensagem do 
emissor.
c) O emissor ou o receptor não têm domínio completo do código utilizado. Esta situação ocorre 
quando o emissor utiliza uma palavra desconhecida para o receptor, ficando a mensagem com sua 
10FgV direito rio
portUgUês jUrídico
decodificação e entendimento comprometidos. Ou quando o emissor faz uso de um vocábulo inade-
quado, supondo-lhe um sentido que não corresponde ao usual, convencionado, nem constitui caso de 
linguagem figurada.
d) O canal sofre interferências, impossibilitando a perfeita transmissão da mensagem. É o caso da 
“linha cruzada”, ou quando, por exemplo, ao ler as legendas de um filme no cinema, alguém se levanta 
e se coloca entre o espectador e a tela, obstruindo sua visão.
e) O emissor e o receptor têm percepções diferentes do contexto da comunicação, ou o receptor o 
desconhece. É a situação clássica do que popularmente se chama “pegar o bonde andando”, em que é 
feito um entendimento da uma parte da mensagem de maneira descontextualizada do processo inteiro 
da comunicação. Também ocorre quando o emissor elabora uma mensagem com base em um referen-
cial e o receptor ou não dispõe de meios de conhecê-lo ou, pela inconsistência do contexto, atribui à 
mensagem um referencial equivocado.
exercício:
Identifique, nas situações concretas a seguir, em que elementos ocorreram interferências capazes 
de configurar ruído na comunicação.
 
a) Você sai de seu apartamento apressado e, enquanto espera o elevador, ouve o vizinho gritando: 
“Está frio!” O elevador chega e você desce.
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
b) Um parente de vítima de atropelamento lê no boletim policial de ocorrência: “A vítima foi levada 
para o nosocômio mais próximo.” Fica atarantado por não saber onde está seu parente.
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
c) Um funcionário apresenta a seguinte desculpa ao seu chefe por ter chegado atrasado ao trabalho: 
“O tráfico estava muito intenso.”
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
FUnÇÕes Da lingUagem:
Com o uso da linguagem articulada, há ações intrínsecas ao ato de comunicar que não se atrelam 
exclusivamente ao conteúdo da mensagem e ocorrem independentemente das intenções do emissor 
para o seu ato comunicativo. São as chamadas funções da linguagem.
Roman Jakobson, um dos mais expressivos lingüistas do século XX, formulou um modelo para as 
funções da linguagem a partir dos elementos da comunicação. Segundo esse modelo, para cada um dos 
elementos da comunicação, há uma função da linguagem específica. Dessa forma, são seis as funções da 
linguagem: emotiva ou expressiva, apelativa ou conativa, fática, metalingüística, poética e referencial.
11FgV direito rio
portUgUês jUrídico
 contexto
 REFERENCIAL
 emissor mensagem receptor
 EMOTIVA POÉTICA APELATIVA
 OU EXPRESSIVA OU CONATIVA
 canal
 FÁTICA
 código
 METALINGÜÍSTICA
Função emotiva ou expressiva:
É a função centrada no emissor, refletindo sua visão própria de mundo, suas emoções, sentimentos 
e estados subjetivos. A personalidade do emissor, seu juízo de valor e as opiniões particulares são níti-
das no discurso. Ocorre freqüentemente com interjeições, exclamações, reticências, forte adjetivação e 
presença marcante da primeira pessoa.
Exemplos: 
– Ai, quem me dera...
– “Como são belos os dias / do despontar da existência!” (Casimiro de Abreu)
– Andei muito preocupado na última semana com os resultados da pesquisa.
– Filhinho, aquela sua namoradinha vem hoje?
É importante reparar que a simples informação, sem marcas subjetivas ou juízos de valor, não constitui 
exemplo de função emotiva, mesmo que o emissor esteja falando de si mesmo. Se o emissor diz “Vou à 
faculdade amanhã”, sua fala é meramente informativa, atrelada a um contexto conhecido pelo receptor.
Função apelativa ou conativa:
É a função centrada no receptor, procurando modificar nele idéias, opiniões e estados de ânimo. 
Como o receptor vem em primeiro plano, ocorre com discursos que contêm ordens, apelos e tentativas 
de convencimento ou sedução. É comum o uso de verbos no imperativo, vocativos e tom persuasivo. 
Ocorre com freqüência na propaganda. 
Exemplos:
– Fica quieto, rapaz!
– Por favor, por favor, estou pedindo...
– Alcance o sucesso estudando com afinco.
– Beba Coca-Cola.
– “Se beber, não dirija.”
Em alguns casos, é comum que se classifique erroneamente uma função apelativa como emotiva. 
Veja o caso da frase “Socorro!”. Se pensarmos que quem a grita deseja expressar seu desespero – ca-
12FgV direito rio
portUgUês jUrídico
racterizando função emotiva –, ficaremos parados lamentando o sofrimento alheio. Entretanto, se 
entendemos o grito como função apelativa – corretamente classificado –, logo nos prontificaremos a 
prestar auxílio.
Função fática:
É a função utilizada para abrir, fechar ou simplesmente testar o canal da comunicação. Pode ocorrer 
também como recurso para reforçar o envio da mensagem e sua recepção. Nas situações cotidianas, 
nem sempre carregamos de sentido específico as frases que construímos para iniciar uma comunicação. 
Nesses casos, ocorre igualmente função fática. 
Exemplos:
– Alô? Está me ouvindo?
– Câmbio.
– Olá.
– Oi. Tudo bem?
– Tudo.
– Pois é...
– Valeu...
– Vocês estão entendendo?
Função metalingüística:
É a função preocupada em explicar, esclarecer o código utilizado na comunicação. É quando a 
linguagem fala dela própria. Assim, uma gramática, um dicionário e uma explicação oral sobre o uso 
da língua são exemplos de função metalingüística. Também ocorre função metalingüística quando 
procuramos explicitar com outras palavras o que foi anteriormente dito. 
A metalinguagem não é exclusiva do código lingüístico. Pode ocorrer com imagens, quando um 
quadro representa o próprio ato de pintar, ou quando se filma o making of de um filme.
Exemplos:
– As palavras podem ser usadas denotativa ou conotativamente.
– Foi acometido de uma febre epacmástica, ou seja, que se intensifica gradualmente.
– Como explicitado no parágrafo anterior...
– Bem,você não entendeu direito. O que pretendi dizer foi que...
Função poética:
É a função centrada na mensagem, buscando construí-la de forma original, criativa, inovadora, 
particularizando-a. A forma predomina sobre o conteúdo, muito embora seja ela, muitas vezes, que 
sintetiza o próprio conteúdo. Nesse sentido, é comum perceber o uso amplo de figuras de linguagem. 
13FgV direito rio
portUgUês jUrídico
Vale lembrar, entretanto, que a função poética não é exclusiva da poesia ou do texto literário.
Exemplos:
– O grande barato de se comprar um carro novo é não pagar caro por ele.
– “A lua substituiu o sol na guarita do mundo.” (Oswald de Andrade)
– A falta de estratégias colocou nossos índices de lucro num tobogã.
– “ameixas / ame-as / ou deixe-as” (Paulo Leminski)
Função referencial:
É a função centrada no contexto da comunicação, utilizada essencialmente para informar, dar conta 
das comunicações básicas do cotidiano, sem carregar qualquer juízo de valor do emissor. Um texto 
dissertativo, uma notícia de jornal, um livro de Administração e uma simples pergunta cotidiana são 
casos de função referencial. É a função mais utilizada na comunicação e é comum vê-la associada a 
outras funções.
Exemplos:
– O que temos para almoçar hoje? 
– Filé com fritas.
– Uma das grandes contribuições do avanço tecnológico reside na rapidez da comunicação.
– Governo anuncia perspectiva de deflação para o próximo mês.
– Vou à faculdade amanhã.
É importante frisar que nenhuma função existe isoladamente, em estado puro. Elas aparecem com-
binadas em situação de hierarquia, podendo haver várias funções igualmente predominantes num 
mesmo texto.
exercício: 
Identifique as funções da linguagem predominantes nos trechos a seguir.
a) “Este instrumento tem por objeto estabelecer as principais condições e normas para o registro, a 
publicação e a manutenção de domínio na Internet sob o “.br” e para a utilização da base de dados do 
registro, sem prejuízo dos demais regulamentos instituídos pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.” 
(Trecho de contrato)
 _________________________________________________________________________
b) O dia esteve muito bonito, não é mesmo?
 _________________________________________________________________________
c) Atenção, passageiros do vôo 755 da Global Airlines. Dirijam-se ao portão de embarque.
 _________________________________________________________________________
14FgV direito rio
portUgUês jUrídico
d) Os resultados do treinamento em segurança ficaram abaixo do esperado, ou seja, não houve di-
minuição dos acidentes de trabalho.
 _________________________________________________________________________
e) O diretor solicitou a presença de todos com a maior urgência. Portanto, apressem-se! Não quero 
atrasos!
 _________________________________________________________________________
f ) Que o prêmio não seja um atributo da velhice, mas um tributo à competência.
 _________________________________________________________________________
g) Durante a reunião, os líderes de equipe expõem as conclusões de seus relatórios; em seguida, 
abrimos para perguntas. Combinado?
 _________________________________________________________________________
h) Nesta aula, vamos discutir o papel da função referencial na redação jurídica. Em seguida... en-
quanto esperamos o colega parar de conversar... vamos discutir as qualidades do texto legal.
 _________________________________________________________________________
i) Primeira orientação para segurança de dados da empresa: não abra e-mails contendo arquivos 
executáveis.
 _________________________________________________________________________
j) Quem diria que os investimentos teriam resultados tão inesperados...
 _________________________________________________________________________
FUnÇÕes soCiais Da lingUagem
Em qualquer situação de comunicação, utilizamos a linguagem como prática social, uma vez que a 
fala (discurso) aponta traços distintivos quanto à intencionalidade, à sua construção e ao que se deseja 
no momento de sua produção e recepção. Assim, todo discurso traz aspectos construtivos: de identida-
des sociais, de relações interpessoais e de sistemas de valores e crenças.
Como nosso objetivo aqui não é desenvolver um estudo aprofundado da análise do discurso, e sim 
utilizar alguns dos conceitos desenvolvidos por Halliday para aprimorar a competência textual e dis-
cursiva, devemos entender que o uso de tais conceitos se apóia na necessidade de conceber os discursos 
como passíveis de espelhar relações sociais, ideologias e efeitos sobre as estruturas sociais. Desse modo, 
a linguagem “constrói” a realidade, pois reflete as hierarquias e identidades sociais.
São três as funções sociais da linguagem: ideacional ou de representação, interpessoal ou de troca, 
e textual ou de mensagem.
15FgV direito rio
portUgUês jUrídico
Função ideacional:
Na função ideacional, o discurso carrega uma representação. Ao representar o mundo, por meio da 
linguagem, o emissor contribui para a construção de um sistema ideológico (crenças, conhecimentos). 
Todo discurso carrega em si valores assimilados pela vida em sociedade e traços culturais constituintes 
da ética do grupo social.
A função ideacional aponta experiências de processos representadas na fala. Dessa forma, os seres 
humanos são capazes de entender a realidade que os cerca. A mera comunicação “O juiz acabou de 
chegar ao tribunal” representa o processo “acabou de chegar”, com o participante “o juiz” e a circuns-
tância “ao tribunal”.
Vejamos um exemplo simples em que a função ideacional vem carregada de juízo de valor, além da 
pura representação. Se um homem afirma: “Ela pintou o cabelo, mas não ficou vulgar”, em seu discur-
so está embutida a opinião – e de certa forma um pensamento social – de que mulheres que pintam o 
cabelo podem ter aparência vulgar. Cotidianamente, ainda é comum vermos falas marcadas com traços 
de preconceito e discriminação. 
Função interpessoal:
Na função interpessoal, o discurso colabora com a construção das identidades (individuais e coleti-
vas) e das relações sociais. Funciona como uma troca. Ao observar um diálogo entre pessoas de níveis 
hierárquicos diferentes, há marcas lingüísticas que apontam essa relação de subordinação. Frases como 
“Sim, senhor”, “Pois não, Excelência” denotam a subordinação hierárquica. 
Há possibilidades metafóricas na função interpessoal, e muitas vezes elas servem para diminuir 
o possível constrangimento do diálogo com forte marca de hierarquia social ou profissional. Assim, 
embora um chefe possa dizer ao seu funcionário “Feche a porta”, talvez seja mais fácil, para estreitar a 
relação interpessoal, utilizar uma metáfora do comando: “É possível fechar a porta?”
Função textual:
Relaciona-se com a forma como as informações são organizadas e estruturadas no texto. O discurso 
é uma mensagem, tem um significado próprio em função da forma como foi organizado. A função 
textual possibilita que os textos sejam construídos de maneira apropriada à situação a que se destinam, 
além de capacitar o leitor/receptor a diferenciar um conjunto de frases soltas de um texto ordenado e 
com sentido coerente.
Ao lado da coerência, da precisão e riqueza vocabular, a coesão desempenha importante papel na 
composição textual. Essas qualidades serão estudadas nas unidades seguintes.
Leia o texto a seguir para realizar os exercícios 1 e 2.
16FgV direito rio
portUgUês jUrídico
a moÇa teCelÃ
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sen-
tava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios esten-
didos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, emlongo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos 
fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um 
fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la 
à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bas-
tava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente 
e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe 
estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o 
tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez 
pensou em como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou 
a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi apa-
recendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente 
acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando 
em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar 
ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Por-
que tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia 
lhe dar.
– Uma casa melhor é necessária – disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu 
que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
– Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta, imediatamente or-
denou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e 
poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha 
tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando 
o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais 
alto quarto da mais alta torre.
– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu:
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– Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de 
moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com 
todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E 
descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a 
veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as 
estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E 
novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em 
volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés 
desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o 
emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar 
entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.
(Marina Colasanti)
Exercício 1:
Divida o texto em 4 partes, observando marcas textuais (tempos verbais, expressões equivalentes) 
para sua escolha. Dê um subtítulo de uma palavra para cada parte.
Exercício 2:
No texto da Marina Colasanti, destaque duas frases para analisar a função ideacional, duas para a 
função interpessoal e duas para a função textual.
Exercício 3:
Leia com atenção os dois textos a seguir para discussão em sala e posterior atividade de composição 
escrita.
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texto i
o avanÇo Da CaUsa homossexUal
(sylvia mendonça do amaral)
SÃO PAULO - Recentes notícias veiculadas na mídia nacional demonstram, com nitidez, as trans-
formações pelas quais vem passando nossa sociedade, entre elas, o crescimento do respeito à orientação 
sexual dos indivíduos. Três exemplos atuais comprovam o fato.
O primeiro deles vem da região Nordeste, mais exatamente da Justiça de Pernambuco, que con-
cedeu a uma homossexual o direito de receber pensão previdenciária em decorrência do falecimento 
de sua companheira. Decisão essa que segue entendimento já adotado pelo STJ (Superior Tribunal de 
Justiça).
O segundo vem do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), que passou a reconhecer a 
união estável dos seus funcionários homossexuais e a possibilidade de que eles sejam inclusos como 
dependentes nos benefícios concedidos. A decisão veio da assessoria jurídica da pasta ao analisar pedido 
de um dos servidores do ministério que queria incluir seu companheiro como dependente. Embora a 
união estável entre pessoas do mesmo sexo não esteja prevista na Constituição brasileira, e não exista 
legislação que trate do assunto, a assessoria jurídica do MDA baseou sua decisão em outras já tomadas 
pela Justiça brasileira, ao interpretar conceitos constitucionais como o direito à igualdade.
Por fim, o terceiro e último exemplo vem do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) 
– notoriamente inovador com relação aos outros tribunais brasileiros quando se fala em causas homos-
sexuais –, ao reconhecer a união estável entre duas mulheres e determinar que a companheira viúva 
entre na partilha de bens.
Essa postura do TJ-RS, que há pouco tempo era o único a reconhecer as uniões homoafetivas, foi 
determinante para que desembargadores de tribunais de outros estados passassem a decidir da mesma 
forma. É o que se evidencia da decisão proferida pelo juiz de primeira instância de Pernambuco. É 
evidente que tal decisão pode ser alterada quando for apreciada pelos desembargadores em segunda 
instância, mas não se pode deixar de considerá-la um avanço.
Nesse sentido, também a recente decisão do TJ-RS deve ser vista como uma demonstração de 
firmeza em seu propósito de fazer justiça e inserir na sociedade um segmento marginalizado. São três 
decisões comprobatórias de que as relações homossexuais vêm sendo mais aceitas, seja pela sociedade 
em si, seja pelo Judiciário e agora, também, por um órgão governamental.
Nada mais justo. As relações entre duas pessoas do mesmo sexo são relações de amor, companheiris-
mo, afeto e tudo o mais que envolve as relações heterossexuais. Daí não poder haver qualquer distinção 
entre elas, sob pena da ocorrência da discriminação e violação de princípios constitucionais que garan-
tem a todos os cidadãos o direito à igualdade, à privacidade, liberdade e tantos outros.
Devemos considerar ainda que o fato de os casais homossexuaisterem se exposto mais perante a 
sociedade também colaborou para que tivessem mais liberdade de pleitear seus direitos junto ao Poder 
Judiciário. A partir do momento em que expressam sua orientação sexual perante a sociedade, sentem-
se mais à vontade para buscar a igualdade dos direitos conferidos aos casais heterossexuais.
A busca por esses direitos provoca reações no Poder Judiciário, que algumas vezes é levado a reco-
nhecer tais uniões, sob pena de estar negando direitos a um segmento que também precisa de amparo 
e proteção, tal como conferido a todos os demais cidadãos.
As decisões de primeira instância, cada vez mais freqüentes, impulsionam os tribunais superiores a 
adotarem posturas semelhantes, levados que são à reflexão sobre as condições dessa parcela da sociedade 
19FgV direito rio
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e das relações homoafetivas. São essas decisões favoráveis aos homossexuais que fazem com que um dia 
possamos dizer que nossa sociedade é justa e age de acordo com os princípios da igualdade pregados pela 
Constituição Federal, nossa lei maior.
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2006
(Fonte: http://ultimainstancia.uol.com.br/artigos/ler_noticia.php?idNoticia=24314&kw=avan%E
7o – acesso em 05/02/2006)
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texto ii
UniÕes homoaFetivas
a bUsCa pelo ReConheCimento soCial e jURÍDiCo
Data: 14/09/2005
autor(a): laila menezes (*)
Índice:
1. O Aspecto Social.
2. O Aspecto Jurídico.
2.1. A Adoção por Casal Homoafetivo.
2.2. A Jurisprudência dos Tribunais.
2.3. A Importância do Contrato de Convivência.
3. Conclusão.
 Bibliografia.
 Sites Consultados.
 
1 – O aspecto social:
A união homoafetiva é um fato incontestável e inexorável em nossa sociedade. Querer fingir a sua 
inexistência é no mínimo um enorme sinal da mais pura hipocrisia. Nossa sociedade já evoluiu em 
muitos aspectos, mas quando o tema a ser abordado é a opção sexual, ela mascara a situação, num ato 
por total homofóbico (aversão aos homossexuais ou ao homossexualismo), e trata de forma totalmente 
preconceituosa aqueles que decidem ter uma opção sexual diferente dos padrões da grande maioria.
Grande tem sido a luta dos homossexuais, ditos como a minoria em nossa sociedade, que se enga-
jam em ongs e outros grupos numa tentativa de reverter tão triste quadro social. Alvos de perseguições, 
brincadeiras de mau gosto e discriminações, são vítimas de uma sociedade, do qual fazem parte, mas 
que infelizmente prefere agir com preconceito a tratar de forma igualitária os diferentes.
A família é a célula da sociedade. Basta analisarmos a forma como ela é constituída, para perce-
bermos o quanto o preconceito perde o sentido, numa demonstração de enorme equívoco social. 
Uma família não se forma com a assinatura de um papel perante um juiz de paz ou com a celebração 
de uma cerimônia religiosa ou ainda com a realização de uma grande festa social. Uma família surge 
de um lindo sentimento chamado afeto. O afeto é que norteia qualquer relação entre pessoas que se 
unem e somado a muitos outros atributos como o respeito, a fidelidade e assistência recíproca é que irá 
fazer surgir a família. Então, não é apenas a união entre um homem e uma mulher casados que terá a 
faculdade de gerar uma família. A família é a realização plena do amor, podendo ser constituída pelo 
casamento, pela união estável, pelas famílias monoparentais (um pai ou mãe e um filho) e também 
pelas uniões homoafetivas. 
Seria de grande e profunda injustiça não reconhecer a união entre dois homens ou duas mulheres que 
por amor se unem e vivem com todos os atributos de um casal dito como normal. Acima de tudo, estas 
pessoas são seres humanos e a opção sexual delas não as torna menos honestas ou piores que os demais. 
Mas mais que isso, são cidadãos dignos, que trabalham, cumprem com seus deveres cívicos, pagam seus 
impostos, satisfazem suas obrigações e merecem todo o respeito por parte da sociedade em geral. 
Urge a necessidade de uma revisão destes conceitos que norteiam a nossa sociedade. Conceitos estes, 
ainda tão arcaicos e eivados de vícios, de hipocrisias e de discriminações. Uma sociedade só é justa se 
21FgV direito rio
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ela for livre. A base social é a liberdade e o respeito e as suas inexistências fazem nascer a tirania e uma 
série de injustiças, que devem ser combatidas veementemente. Nossa sociedade tem que ser balizada 
nos princípios éticos da igualdade, da fraternidade e dignidade da pessoa humana.
Tanto é dado a nossa sociedade e tudo o que os homossexuais buscam é a liberdade para fazerem sua 
opção sexual e o respeito e garantia aos seus direitos.
Basta de preconceitos! Está mais do que na hora de nossa sociedade mudar!
2 - O aspecto jurídico:
Hodiernamente, surgiu o Direito Homoafetivo, neologismo criado pela ilustríssima Desembarga-
dora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Dra. Maria Berenice Dias. Trata-se de um novíssimo 
ramo do Direito que se debruça aos estudos dos direitos dos homossexuais, classe tão discriminada e 
desprotegida por parte da legislação pátria.
Tudo começou no Rio Grande do Sul, Estado sempre vanguardista no Direito, passando a surgir 
inúmeras teses jurídicas, vindo a se espalhar por todo o Brasil, numa crescente corrente doutrinária por 
parte de nossos juristas e doutrinadores.
O Direito Homoafetivo busca, precipuamente, o reconhecimento jurídico das relações homoafeti-
vas e, por conseguinte todas as conseqüências jurídicas deste fato social.
Diversos são os aspectos abordados, como os direitos provenientes destas relações, a sua constitucio-
nalidade, a busca da sua inserção em matéria de Direito de Família, com reconhecimentos sucessórios 
e alimentares e tantos outros aspectos relevantes como, por exemplo, a possibilidade jurídica da adoção 
por casais homoafetivos.
2.1 - A adoção por casal homoafetivo:
Quanto à abordagem de tema tão delicado, cabe breves considerações com posicionamento a res-
peito desta temática.
A adoção é, na sua essência, um ato de amor.
Os pais homossexuais se deparam com inúmeros problemas, como a homofobia e a ausência de 
igualdade de direitos perante a lei, além das preocupações legais, financeiras e emocionais que um 
processo de adoção acarreta.
Todavia, no Estado do Rio de Janeiro, tal questão tem sido tratada com toda isenção e respeito que 
o caso merece, sempre buscando o melhor para a criança e o adolescente.
Em 1997, O Desembargador Siro Darlan, à época Juiz da 1ª Vara de Infância e Juventude do Rio 
de Janeiro, foi pioneiro ao deferir a primeira adoção para homossexual em nosso Estado, entendendo 
que não pode haver preconceito no momento de garantir a uma criança abandonada o direito a uma 
segunda família.
Em 1998, a 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu no Processo 
1998.001.14332 que “a afirmação de homossexualidade do adotante, preferência individual consti-
tucionalmente garantida, não pode servir de empecilho à adoção de menor, se não demonstrada ou 
provada qualquer manifestação ofensiva ao decoro e capaz de deformar o caráter do adotado”.
Assim, observamos um grande avanço nas decisões de nossa Justiça, que tem na 1ª Vara de Infância 
e Juventude do Rio de Janeiro, uma referência nacional ao caso. 
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Cabe esclarecer que, por determinação da lei, uma criança só pode ser adotada por entidade fami-
liar, isto é, a comunidade advinda da união entre homem e mulher por meio de casamento ou de união 
estável. O Novo Código Civil é expresso no art. 1.622 ao aduzir que ninguém pode ser adotado por 
duas pessoas, salvo se forem marido e mulher ou se viverem em união estável.
Assim, a lei não reconhece o casal homossexual como entidade familiar, haja vista não reconhecer 
o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Portanto, em tese, a adoção só poderá ser concedidaa um 
dos companheiros e não aos dois concomitantemente.
A concessão da adoção ao homossexual já é pacífica, o grande impasse está em ser permitida para casais 
homossexuais. Aqui, me parece haver uma grande incoerência de nossa legislação, já que no papel constará 
apenas o nome de um adotante, mas na prática o adotado será criado por duas pessoas. Isto gera vários 
prejuízos para o próprio adotado, pois a criança só entrará na linha sucessória daquele que a adotou oficial-
mente, só podendo buscar eventuais direitos, alimentos e benefícios previdenciários com relação ao ado-
tante, não podendo pleitear pensão alimentícia, nem visitação do outro, no caso de separação do casal.
Entendo que uma união homossexual masculina ou feminina, com um lar respeitável e duradouro, 
alicerçada na lealdade, fidelidade, assistência recíproca, respeito mútuo, com comunhão de vida e de 
interesses está mais do que apta a oferecer um ambiente familiar adequado à educação da criança ou 
do adolescente.
A concessão da adoção a homossexuais ajuda a minimizar o drama de menores, que podem ser edu-
cados com toda a assistência material, moral e intelectual, recebendo amor, para no futuro se tornarem 
adultos dignos, evitando serem relegadas ao abandono e à marginalidade. Além disso, os homossexuais, 
exatamente por sofrerem com a discriminação, não escolhem o adotado por suas características físicas, 
mas sim pela relação de afeto desenvolvida, contrariando a corriqueira escolha de apenas meninas bran-
cas, loiras, de olhos azuis, com até 3 meses de vida.
Numa decisão recente, há apenas alguns meses, em consonância a este entendimento, foi concedida 
a habilitação de adoção de uma menina a um casal homossexual masculino de cabeleireiros. Tal deci-
são foi proferida pelo Dr. Júlio César Spoladore Domingos, Juiz da Vara de Infância e Juventude de 
Catanduva, São Paulo, que determinou a habilitação de adoção em pedido feito pelos dois em 28 de 
Dezembro de 2004. O Promotor de Justiça de Catanduva, Dr. Antônio Bandeira Neto se manifestou a 
favor da adoção, sustentando que a decisão da Justiça foi baseada na Resolução nº.01/99 do Conselho 
Federal de Psicologia, segundo a qual “a homossexualidade não constitui doença, distúrbio nem per-
versão” e, por isso, não pode impedir a adoção.
Esta acertada decisão de nossa justiça vem corroborar o posicionamento de que toda pessoa é livre 
para fazer a sua opção sexual, o que não significa que ao contrariar a opção da maioria, estaria se tor-
nando incapaz de dar todo o carinho, amor e um lar para uma criança.
A condição da homossexualidade é fato que não deve ser omitido perante o Juizado de Infância e 
Juventude, já que certamente será averiguado pela equipe interprofissional, composta de assistentes so-
ciais e psicólogos, que farão rigoroso estudo sócio-psicológico do caso, dando uma análise detalhada do 
comportamento do adotante ou adotantes homossexuais. Embora a decisão seja do Juiz, estes pareceres 
técnicos são decisivos, pois é neles que o Magistrado e o Promotor de Justiça se baseiam para avaliar o 
caso. A orientação sexual do adotante não passa despercebida, mas o grande enfoque é o fato dele ter 
uma estrutura emocional adequada, revelando uma forma sadia de lidar com sua orientação sexual. O 
foco é a relação de afeto que poderá ser proporcionada à criança, ou seja, o seu bem-estar.
O único fato que poderia ensejar no indeferimento da adoção seria o comportamento desajustado 
do homossexual, mas jamais a sua opção sexual, ou seja, a sua homossexualidade.
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A condição financeira definida é um fator que pode vir a influenciar a concessão da adoção. Toda-
via, mais do que se ter condição financeira é de extrema importância, a segurança financeira, com uma 
profissão remunerada para propiciar ao adotado a garantia de que suas necessidades básicas poderão ser 
supridas. Mas, não é só o aspecto financeiro que é relevante, o equilíbrio emocional da relação também 
é de suma importância. Todos os aspectos da vida e do lar do adotante serão considerados, para que o 
menor possa ter os seus direitos e interesses resguardados.
Há aqueles que rebatem veementemente a adoção por homossexual, sustentando teses como: “A 
ausência de uma figura masculina e uma feminina bem definidas tornaria confusa a identidade sexual 
da criança, correndo o risco do menor vir a tornar-se homossexual.” ou “Grandes são as possibilidades 
da criança ser alvo de repúdio na escola ou vítima de escárnio por parte dos colegas e vizinhos, o que 
poderia acarretar graves perturbações de ordem psíquica.”
Sustento serem totalmente infundados tais argumentos. Inúmeros são os casos de famílias heteros-
sexuais, ditas como “normais”, que têm filhos que desde pequenos dão indícios de uma homossexuali-
dade latente e têm dentro de seus lares a figura tanto do homem como da mulher muito bem definidas. 
Além do mais, o repudio social destas crianças é uma questão de discriminação. A Carta Magna veda 
qualquer tipo de discriminação, não sendo aceitas, nem permitidas tais atitudes no nosso meio social. 
Da mesma forma que filhos de negros, de índios e de pais divorciados, os filhos de pais homossexuais 
estão sujeitos aos dissabores do preconceito, cabendo a nossa própria sociedade repudiar tal atitude, 
revendo os seus conceitos, na busca de uma sociedade mais justa, digna e igualitária.
O Direito deve sempre acompanhar a Sociedade, regulando as relações jurídicas dela decorrentes. A 
união homossexual é um fato irrefutável em nossa sociedade e em assim sendo, não mais é possível tal 
omissão em nosso ordenamento jurídico. 
Essencial é a luta contra a estagnação de certos tabus e conceitos repletos de conservadorismo, ou 
seja, grande deve ser o empenho de todos, principalmente por parte dos Operadores do Direito, contra 
esta postura preconceituosa e discriminatória. 
Não se trata de um simples levante da bandeira colorida dos gays, mas sim de se buscar o reconhe-
cimento e respeito a todos os direitos constitucionais do cidadão, cumpridor de seus deveres e obriga-
ções, independentemente de sua opção sexual. Afinal, todos, sem exceção, têm que estar sob o manto 
protetivo da justiça.
Primordial é o reconhecimento das relações homoafetivas, com defesa de direitos à meação, à heran-
ça, ao usufruto, à habitação, a alimentos, a benefícios previdenciários, entre tantos outros.
Neste sentido, o Direito Homoafetivo vem numa crescente e pioneira missão, através da jurispru-
dência, reconhecendo e regulando tais relações. A justiça deve pautar na coragem e total independên-
cia, sua atuação no que tange às uniões homoafetivas.
Os mesmos direitos deferidos às relações heterossexuais devem ser garantidos às relações homosse-
xuais, se for verificada a presença dos requisitos de vida em comum, coabitação, constituição de patri-
mônio a dois, laços afetivos, fidelidade e divisão de despesas.
2.2 - Jurisprudência dos tribunais:
A jurisprudência tem avançado de forma surpreendentemente positiva às uniões homoafetivas. São 
inúmeras as decisões de nossos juízes, reconhecendo-as e garantindo os direitos aos companheiros.
Cabe aqui colacionar alguns julgados para ilustrar o tema, senão vejamos:
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“EMENTA: SOCIEDADE DE FATO. UNIÃO ENTRE HOMOSSEXUAIS. NULIDADE DA 
SENTENÇA. COMPETÊNCIA DAS VARAS DE FAMÍLIA. Segundo orientação jurisprudencial do-
minante nesta corte, as questões que envolvem uniões homossexuais devem ser julgadas nas Varas de 
Família, razão pela qual, deve ser desconstituída a sentença. É que a competência em razão da matéria é 
absoluta e a sentença prolatada por juiz incompetente é nula. Sentença desconstituída.” (TJRS - APELA-
ÇÃO CÍVEL Nº.70010649440, SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, RELATOR: SÉRGIO FERNANDO DE 
VASCONCELLOS CHAVES, JULGADO EM 30/03/2005) (Grifos Nossos).
“EMENTA: Conflito negativo de competência– Dissolução de sociedade estável homoafetiva cumu-
lada com partilha de bens, responsabilidade de guarda e direito de visita a menor – Feito distribuído ao 
Juízo da Segunda Vara de Família – Declinação de competência para uma das Varas Cíveis não espe-
cializadas, entendendo a M.M. Juíza ser a união homossexual equiparada a uma sociedade civil de fato 
– Conflito suscitado pela M.M. Juíza da 4ª Vara Cível não especializada, por entender que a união ho-
mossexual equipara-se a uma comunidade familiar – Conhecimento do conflito – Art. 226, §§ 3º e 4º 
da Constituição Federal e Lei nº.9.278⁄96.
Nos termos do art. 226 da Constituição Federal, somente a união estável entre o homem e a mulher e 
a comunidade integrada por qualquer dos pais e seus descendentes podem ser entendidas como entidade 
familiar, excepcionando a regra de que a família se inicia com o casamento. Não é possível interpretar-se 
ampliativamente as exceções expressamente previstas na lei.” (TJRN – CONFLITO NEGATIVO DE 
COMPETÊNCIA Nº. 02.001241-1, da Comarca de Natal. Rel. DESEMBARGADOR CAIO ALEN-
CAR – Julgado em 21/08/2002, a unanimidade) (Grifos nossos).
“COMPETÊNCIA. DISSOLUÇÃO. SOCIEDADE HOMO-AFETIVA. A homologação do termo 
de dissolução da sociedade estável e afetiva entre pessoas do mesmo sexo cumulada com partilha de bens e 
guarda, responsabilidade e direito de visita a menor deve ser processada na vara cível não especializada, ou 
seja, não tem competência para processar a referida homologação a vara de família. No caso, a homologa-
ção guarda aspectos econômicos, pois versa sobre a partilha do patrimônio comum. No termo do acordo, 
a criança ficará sob a responsabilidade econômica, posse e guarda da pessoa que a registrou como seu filho. 
Assim, não há questão verdadeiramente familiar. Precedente citado: REsp 148.897-MG, DJ 6/4/1998. 
STJ - REsp 502.995-RN, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 26/4/2005. (Grifos nossos).
“EMENTA: RELAÇÃO HOMOSSEXUAL. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. Mantém-
se o reconhecimento proferido na sentença da união estável entre as partes, homossexuais, se extrai da 
prova contida nos autos, forma cristalina, que entre as litigantes existiu por quase dez anos forte relação 
de afeto com sentimentos e envolvimentos emocionais, numa convivência more uxória, pública e notória, 
com comunhão de vida e mútua assistência econômica, sendo a partilha dos bens mera conseqüência. 
Exclui-se da partilha, contudo, os valores provenientes do FGTS da ré utilizados para a compra do imó-
vel, vez que “frutos civis”, e, portanto, incomunicáveis. Precedentes. Preliminar de não conhecimento do 
apelo rejeitada. Apelação parcialmente provida, por maioria. (Segredo de Justiça)”.
(APELAÇÃO CÍVEL Nº. 70007243140, OITAVA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
DO RS, RELATOR: JOSÉ ATAÍDES SIQUEIRA TRINDADE, JULGADO EM 06/11/2003).
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou sobre a matéria, conforme se depreende do julgado 
abaixo, vejamos:
 
SOCIEDADE DE FATO. HOMOSSEXUAIS. PARTILHA DO BEM COMUM. O PARCEIRO 
TEM O DIREITO DE RECEBER A METADE DO PATRIMÔNIO ADQUIRIDO PELO ESFORÇO 
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COMUM, RECONHECIDA A EXISTÊNCIA DE SOCIEDADE DE FATO COM OS REQUISITOS 
NO ART. 1363 DO C. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ASSISTÊNCIA AO 
DOENTE COM AIDS. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO DE RECEBER DO PAI DO PAR-
CEIRO QUE MORREU COM AIDS A INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL DE TER SUPOR-
TADO SOZINHO OS ENCARGOS QUE RESULTARAM DA DOENÇA. DANO QUE RESULTOU 
DA OPÇÃO DE VIDA ASSUMIDA PELO AUTOR E NÃO DA OMISSÃO DO PARENTE, FAL-
TANDO O NEXO DE CAUSALIDADE. ART. 159 DO C. CIVIL. AÇÃO POSSESSORIA JULGADA 
IMPROCEDENTE. DEMAIS QUESTÕES PREJUDICADAS. RECURSO CONHECIDO EM PAR-
TE E PROVIDO.”
(STJ, RESP 148897 / MG; RECURSO ESPECIAL 1997/0066124-5 – Rel. Ministro RUY ROSA-
DO DE AGUIAR – Quarta turma. DJ 06.04.1998 p. 132).
Nossos Tribunais Superiores têm dado decisões definitivas para os diversos conflitos provenientes 
das relações homoafetivas familiares, reconhecendo os valores jurídicos e éticos das convivências entre 
pessoas do mesmo sexo. Até temas polêmicos como a mudança do nome masculino para um nome 
feminino no caso de transexualismo foi recentemente decidida, evitando-se o grande constrangimento 
de se ter a aparência física feminina e um nome masculino nos documentos do transexual.
Os nossos Magistrados têm fundamentado suas decisões com base na analogia e nos Princípios Ge-
rais do Direito, além da jurisprudência já firmada, pois nossa legislação ainda é por completa omissa 
quanto às questões homoafetivas.
Recentemente, foi promulgado o novo Código Civil Brasileiro, mas nenhuma menção foi feita à 
matéria homoafetiva. Nossos legisladores perderam uma contundente oportunidade de regular o as-
sunto de forma definitiva e pacífica.
Não obstante algumas leis estaduais esparsas, tudo o que há é o Projeto de Lei nº. 1151/95, da então 
Deputada Marta Suplicy, cujo substitutivo aprovado alterou o nome de união civil para parceria civil re-
gistrada, evitando a possibilidade, tão criticada, de ser confundida com casamento gay. Tal projeto está a 
10 anos no Congresso Nacional, sem qualquer interesse em ser colocado em pauta para análise e posterior 
promulgação. Grande tem sido a entrave das bancadas político-religiosas, tanto católica como evangélica 
no Congresso Nacional, que fazem campanha aberta contra os homossexuais, num ato por total homo-
fóbico e repulsivo. Trata-se da constatação de um triste fato político, mas que retrata a enorme hipocrisia 
social em que vivemos. Estes mesmos Parlamentares, contrários à causa homoafetiva, se esquecem que 
homossexual também é cidadão no gozo de seus direitos políticos e cívicos, ou seja, é eleitor.
No Regulamento Jurídico Pátrio existente, o que há favorável à causa homoafetiva é uma Resolução 
do INSS, que em matéria previdenciária, reconhece as uniões homoafetivas, desde que comprovadas, 
garantindo, desta forma, pensão ao companheiro sobrevivente.
Mister se faz a colação de jurisprudência no que se refere a temática em comento:
“ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. PENSÃO POR MORTE. SERVIDOR PÚBLICO. 
COMPANHEIRA HOMOSSEXUAL. LEI 8.112/90. INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS-DC Nº.25. 
(...) 7 - COMPROVADA A UNIÃO ESTÁVEL DA AUTORA COM A SEGURADA FALECIDA, BEM 
COMO SUA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA EM RELAÇÃO À MESMA, E TENDO-SE POR SU-
PERADA A QUESTÃO RELATIVA À AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO, FORÇOSO É SE RECO-
NHECER EM FAVOR DELA O DIREITO À OBTENÇÃO DA PENSÃO PLEITEADA. PRECE-
DENTES. PRELIMINARES REJEITADAS. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL IMPROVIDAS.”
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(TRF- 5ª Região, AGTR - Agravo de Instrumento 2003.05.00.029875-2 / Órgão Julgador: Terceira 
Turma. Rel. GERALDO APOLIANO. Julgado em 11/03/2004 à unanimidade).
“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE AO COMPANHEIRO HOMOSSEXUAL. 
1. A sociedade, hoje, não aceita mais a discriminação aos homossexuais.
2. O Supremo Tribunal Federal vem reconhecendo a união de pessoas do mesmo sexo para efeitos 
sucessórios. Logo, não há por que não se estender essa união para efeito previdenciário.
3. “O direito é, em verdade, um produto social de assimilação e desassimilação psíquica ...” (Pontes de 
Miranda).
4. “O direito, por assim dizer, tem dupla vida: uma popular, outra técnica: como as palavras da língua 
vulgar têm um certo estágio antes de entrarem no dicionário da Academia, as regras de direito espontâneo 
devem fazer-se aceitar pelo costume antes de terem acesso nos Códigos” (Jean Cruet).
5. O direito é fruto da sociedade, não a cria nem a domina, apenas a exprime e modela.
6. O juiz não deve abafar a revolta dos fatos contra a lei.”
(TRF- 1ª Região - AG 2003.01.00.000697-0/MG; AGRAVO DE INSTRUMENTO –Rel. DE-
SEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO Órgão Julgador: segunda Turma. Julgado em 
29/04/2003, por maioriade votos).
“ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE 
JURÍDICA DO PEDIDO. COMPETÊNCIA. PENSÃO. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO 
MESMO SEXO. VIABILIDADE. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA IGUALDADE E DA 
DIGNIDADE HUMANA. ARTIGO 217, INCISO I, ALÍNEA “C”, DA LEI Nº. 8.112/90. RAZOA-
BILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Rejeita a preliminar de impossibilidade jurídica, pois ela se confunde com o mérito.
2. Também não merece guarida a preliminar de incompetência do juízo pela inadequação da via pro-
cessual eleita, visto que não é caso de mandado de injunção, uma vez que não é esta a pretensão do autor, 
mas sim, que a ele seja aplicada a legislação positiva existente. 
3. A solução da controvérsia se dá pelo respeito aos princípios fundamentais da igualdade e da digni-
dade humana.
4. A interpretação gramatical, ainda que possua certa relevância, deve ceder lugar, quando a interpre-
tação sistemática se mostra mais adequada. (...)
(TRF 4a Região, AC - APELAÇÃO CIVEL – 528866 Processo: 200071000382740 UF: RS, Rel. 
MARGA INGE BARTH TESSLER, Terceira turma - julgado em 22/04/2003 - unânime).
Há também uma Resolução Administrativa que permite a concessão de visto permanente ao com-
panheiro homossexual estrangeiro, que queira fixar residência no Brasil, desde que comprovado uma 
série de requisitos determinados nesta resolução.
2.3 – A importância do contrato de convivência:
Grande é a importância da elaboração do Contrato de Convivência nas relações homoafetivas. A 
não preocupação com este tema leva a sérios problemas futuros, deixando os companheiros totalmente 
desprotegidos juridicamente. 
Apenas para ilustrar um problema comum:
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Muitas vezes o casal é repudiado e discriminado por sua própria família, que procura não manter 
qualquer vínculo com o casal. Mas estes mesmos familiares são os primeiros a buscar seus direitos na 
justiça, no caso de falecimento de um dos conviventes. E aquele que sobreviveu, no auge da dor da 
perda do ente querido, num convívio de 15, 20 anos, percebe que nenhum direito tem, podendo até 
mesmo perder o imóvel que morava com seu companheiro. Ele não é herdeiro e por não ter feito o 
Contrato de Convivência, passa a ter sérias dificuldades em provar a união e os direitos sobre os bens 
adquiridos na constância da mesma. 
Isto é algo totalmente injusto e repulsivo! Daí, frisar a enorme importância do Contrato de Convi-
vência nas relações homoafetivas. Como ainda não há lei que regule as relações de pessoas do mesmo 
sexo, esta é a forma mais segura de comprovar a existência da união e a garantia de todos os direitos 
advindos dela.
Neste contrato, devidamente registrado no Cartório competente, todos os deveres e direitos do casal 
serão estipulados. Nele constará:
•	 O	início	da	convivência;
•	 O	patrimônio	de	cada	um;
•	 A	existência	de	herdeiros;
•	 A	existência	ou	não	de	dependência	entre	os	conviventes;	
•	 A	quem	caberá	a	administração	do	lar;
•	 A	divisão	dos	bens	ou	incomunicabilidade	dos	mesmos	em	caso	de	separação;
•	 Alimentos	e	indenização	em	caso	de	separação	e	abandono	do	lar;
•	 E	muitos	outros	direitos.
Muito importante é a nomenclatura deste contrato. Ao contrário de sociedade de fato, entendo ser 
Contrato de Convivência, a melhor denominação, pois as sociedades de fato são processadas em varas 
cíveis, já os contratos de convivência são tratados em varas de família.
Ao contrário do Rio Grande do Sul, o Estado do Rio de Janeiro, ainda está se posicionando sobre 
as questões homoafetivas. Neste Estado, as uniões homoafetivas ainda são reconhecidas como meras 
sociedades de fato e processadas e julgadas em varas cíveis. Poucas têm sido as ações tratando desta 
matéria, mas enorme tem sido o apelo por parte dos homossexuais. Mas com o grande e salutar avanço 
jurisprudencial, num futuro próximo, elas deverão ser tratadas nas varas de família, como já ocorre no 
Rio Grande do Sul.
A preocupação com a diferenciação de processamento nestas varas tem uma importante justificati-
va. Um casal ao se unir tem por objetivo primordial o AFETO. O patrimônio vem em segundo plano. 
Assim, numa sociedade de fato só é discutido o patrimônio e na vara cível será decidida a partilha do 
mesmo. Ora, um casal homossexual que se separa tem muito mais questões a serem decididas do que 
somente a partilha dos bens. Desta forma, como esta relação se baseia no AFETO, entendo que esta 
relação será muito melhor compreendida e regulada numa vara de família competente. A matéria sen-
do tratada na seara do Direito de Família garante muito mais direitos, como por exemplo: alimentos 
e direitos sucessórios.
Como pode ser observado nas decisões dos Tribunais, a nossa Justiça anda a passos largos à frente 
de nossa Sociedade, o que já é um grande avanço a ser comemorado.
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3 - Conclusão:
Uma sociedade que rotula os indivíduos pela sexualidade e não por sua essência interior e valores 
íntimos, só pode espelhar uma profunda ferida social. E enquanto os valores não forem revistos e a 
sociedade se auto-analisar sem máscaras e preconceitos, esta ferida permanecerá aberta e indivíduos 
sofrerão uma mutilação em seus direitos mais essenciais e primários, ficando sempre à margem social.
É necessário o avanço social e de uma vez por todas a cicatrização destas feridas. Uma sociedade 
digna e justa não pode ser utopia, deve ser uma realidade perfeitamente alcançável por todos nós.
Ao contrário do que muitos pensam, não é a Sociedade que segue o Direito e sim o Direito que 
segue a Sociedade. O Direito apenas regula os fatos existentes na Sociedade. A partir do momento, que 
estes fatos geram conflitos, é chegado o momento do Direito entrar em ação e compor tais conflitos, 
realizando a tão desejada Justiça, onde é dado a cada um, o que lhe é de direito.
E como a união homoafetiva é fato em nossa sociedade. Conflitos de interesses têm nascido destas 
uniões, só restando bater-se às portas do Judiciário, na esperança de reconhecimento e pacificação dos 
conflitos. E o Judiciário, ao contrário do Legislativo, tem brilhantemente cumprido seu papel, o que 
já é um grande alento.
Não se trata de qualquer benesse ou levante da bandeira colorida dos gays, mas uma questão da 
mais profunda justiça, que deve reconhecer estas relações de afeto e todos os seus direitos e suas con-
seqüências jurídicas.
Tudo o que se espera é o reconhecimento tanto social como jurídico das uniões homoafetivas, por 
ser ato da mais inteira, límpida e sublime justiça.
(*) Advogada do Rio de Janeiro Especializada em Direito Homoafetivo.
Bibliografia:
BRANDÃO, Débora Vanessa Caús. Parcerias homossexuais: aspectos jurídicos. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2002.
DIAS, Maria Berenice; Pereira, Rodrigo da Cunha (Coord.). Direito de Família e o Novo Código 
Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
DIAS, Maria Berenice. União homossexual: o preconceito & a justiça. Porto Alegre: Livraria do Ad-
vogado, 2000. 
DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade: O que diz a Justiça!, 1ª Edição, Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2003.
FARIAS, Cristiano Chaves de. Temas atuais de Direito e Processo de Família. Rio de Janeiro: Lúmen 
Júris, 2004.
RIOS, Roger Raupp. O princípio da igualdade e a discriminação por orientação sexual: a homossexua-
lidade no direito brasileiro e norte-americano. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. 
Vade Mecum Acadêmico-forense. São Paulo: Vértice, 2005. 
Sites consultados:
Conselho da Justiça Federal: http://www.cjf.gov.br
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Menezes Jurídico: http://www.menezesjuridico.com.br
Superior Tribunal de Justiça: http://www.stj.gov.br
Supremo Tribunal Federal: http://www.stf.gov.br
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: http://www.tj.rj.gov.br
Tribunal de Justiça do Rio Grandedo Norte: http://www.tjrn.gov.br
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: http://www.tj.rs.gov.br
 
(Fonte: http://www.ibdfam.com.br/public/artigos.aspx?codigo=206 – acesso em 05-02-2006)
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Leia o texto a seguir para realização de tarefa a ser indicada pelo professor.
17/01/2006
assassino De alUgUel nÃo mata Cliente e paga inDenizaÇÃo 
Da Redação 
O Editor do UOL Tablóide acha que a vida não tem preço. Mas tem gente que não pensa da mesma 
maneira. Uma britânica, por exemplo, avaliou a sua vida em 30 mil euros. Ou melhor, esse foi o valor 
que ela pagou a um assassino de aluguel para matá-la.
Parece conversa de doido, e é. Christine Ryder, 53 anos, conheceu Kevin Reeves, de 40, em um 
hospital psiquiátrico. Ficaram amigos e Christine pediu a Kevin que a matasse em troca do polpudo 
pagamento. 
Kevin não cumpriu o trato. A atitude de Kevin, longe de arrancar aplausos pela preservação da vida, 
arrancou, sim, uma pesada multa. Ele foi condenado por um tribunal britânico a 15 meses de prisão 
e a pagar 2 mil libras (cerca de 3 mil euros) por danos e prejuízos à sua vítima voluntária, segundo o 
jornal The Times.
Reeves afirmou a Ryder que disparariam contra ela de um carro em um determinado dia, o que não 
aconteceu. Para justificar o descumprimento, Reeves disse à mulher que ele mesmo tinha matado o 
assassino contratado e que tinha utilizado o dinheiro para indenizar à viúva. Depois de receber parte 
do dinheiro, Kevin inventou uma desculpa atrás da outra, tudo para embolsar o dinheiro sem ter que 
matar a cliente.
Depois de muitas idas e vindas, cheques trocados, depósitos, mentiras e confusão, a promotora 
chegou à conclusão de que Reeves não tinha intenção alguma de cumprir o trato e matar Ryder nem 
de contratar alguém para que o fizesse.
A juíza acusou Reeves de “engano manifesto e reiterado”, e o condenou a 15 meses de prisão, além 
de ele ter de pagar uma indenização à vítima de sua fraude. O Editor do UOL Tablóide acha que, a 
essa altura, Christine deve ter morrido. De raiva.
Fonte: EFE
(Fonte: http://noticias.uol.com.br/tabloide/tabloideanas/2006/01/17/ult1594u752.jhtm – acesso 
em 30/01/2006)
Leia também o texto a seguir para realização de uma tarefa de expressão escrita a ser indicada pelo 
professor.
sentenÇa jUDiCial
O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 
do mês de Nossa Senhora Sant’Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o 
supracitado cabra que estava de tocaia em uma moita de mato , sahiu della de supetão e fez proposta a 
dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito 
cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará.
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Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em assucare della Nocreto Correia e Nor-
berto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam 
a qualquer naufrágio do sucesso faz prova.
CONSIDERO que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com 
ella e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo 
regime da Santa Igreja Cathólica Romana; que o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que 
nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a 
Quitéria e Clarinha, moças donzellas; que Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma 
cousa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPA-
DO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta 
Villa. Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos Juiz de Direito
Vila de Porto da Folha (Sergipe) 15 de outubro de 1833
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pArtE ii
Unidade 1– níVEis dE LEiturA
Realizamos, a partir de uma frase ou texto, os seguintes níveis de leitura:
– intelecção
– compreensão
– interpretação
– extrapolação
a intelecção:
É a capacidade de decodificar os sinais escritos, percebendo o sentido de cada palavra e das palavras 
na frase.
a compreensão:
É a capacidade de entender o que está escrito, podendo-se reproduzir seu sentido com outras palavras.
a interpretação:
É a habilidade de ler nas entrelinhas, identificar índices do metadiscurso e recursos estilísticos e 
conferir significação às opções lexicais e sintáticas.
a extrapolação:
É a possibilidade de se ir além do escrito, associando idéias não presentes no texto. A extrapolação 
pode ser positiva, quando se dialoga com outros textos e contextos. Entretanto, também pode ser ne-
gativa, quando ocorre a falta de delimitação do campo da interpretação, inferindo-se dados que não 
estão presentes no texto.
Observe a frase a seguir:
“A princípio, os bávaros não foram aceitos pela comunidade.”
Em sala, vamos construir os diferentes níveis de leitura.
Intelecção:
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
Compreensão:
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
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Interpretação:
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
Extrapolação:
 _________________________________________________________________________
 _________________________________________________________________________
exercícios:
1) Leia o texto a seguir para realização de atividade a ser indicada pelo professor.
o Rg De DeUs
(Célio levyman)
Existe uma categoria de pessoas, os trekkies, fanáticos pela série televisiva “Star Trek” ou, como 
conhecida por aqui, “Jornada nas Estrelas”. A série teve várias continuações no vídeo, mas filmes de 
longa-metragem também.Um deles, a “Última Fronteira”, dirigido pelo próprio William Shattner, não 
é o melhor da série, mas contém algumas coisas interessantes.
Por motivos que não vêm ao caso, a nave Enterprise vai procurar um planeta no centro da Galáxia, 
onde todas as civilizações conhecidas acreditavam ser o Éden, a morada de Deus. Em determinada 
cena, após um diálogo com o “Deus”, o famoso Capitão James T. Kirk questiona sua autoridade. O 
seu sempre companheiro, médico Dr. Mc Coy, intervém preocupadíssimo e pergunta a ele: “Mas Jim, 
você vai pedir a identidade de Deus?”. Aos fãs da série ou que não viram o episódio no cinema, ele está 
à disposição nas lojas em DVD, em promoção...
Mas eis que a realidade superou a ficção: nesta semana, o portal da Internet BBC Brasil publicou 
uma matéria de sua correspondente em Roma intitulada “Italiano processa padre para que prove exis-
tência de Jesus”. Não, não é piada, nem está na seção de humor.
Resumidamente, um ex-agrônomo aposentado chamado Luigi Cascioli, que se autodefine como 
“ateu militante”, desafiou o pároco da cidadezinha italiana de Bagnorregio, perto de Roma, a provar 
na Justiça que Cristo existiu de verdade. A primeira audiência já ocorreu em 4 de Janeiro passado, com 
base em “abuso da credulidade popular” e “substituição de pessoa”.
O pároco da pequena cidade foi escolhido pelo litigante, após cinqüenta anos de sacerdócio, devido 
a suas pregações na Igreja local e pela legislação italiana, como representante do Vaticano e mesmo do 
papa, pois não se pode processar um chefe de estado estrangeiro. Dessa maneira, esse padre vai respon-
der por todo o Vaticano a essa acusação.

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