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Aula 03 Direito Processual Penal p/ PC-AP (Delegado) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 98 AULA 03: JURISDIÌO E COMPETæNCIA. SUMçRIO 1 JURISDIÌO ............................................................................................... 3 1.1 Conceito ............................................................................................... 3 1.2 Caractersticas da Jurisdio ................................................................ 4 1.2.1 Inrcia ............................................................................................... 4 1.1.1. Carter substitutivo ............................................................................. 5 1.1.2. Definitividade ....................................................................................... 5 1.3 Princpios da Jurisdio ....................................................................... 5 1.3.1 Investidura ......................................................................................... 5 1.3.2 Indelegabilidade .................................................................................. 6 1.3.3 Inevitabilidade da jurisdio .................................................................. 6 1.3.4 Inafastabilidade da jurisdio (ou indeclinabilidade) .................................. 6 1.3.5 Princpio do Juiz natural ........................................................................ 7 1.3.6 Territorialidade (Aderncia ou improrrogabilidade) .................................... 7 1.4 Espcies de Jurisdio ......................................................................... 8 2 DA COMPETæNCIA ....................................................................................... 8 2.1 Competncia em razo da matria (ratione materiae) ou competncia de Jurisdio ou competncia de Justia. .......................................................... 9 2.2 Competncia em razo da pessoa (ratione personae) ........................ 12 2.2.1 Conflito aparente entre a competncia de foro por prerrogativa de funo e a competncia do Tribunal do Jri ........................................................................... 16 2.3 Competncia Territorial (ratione loci) ................................................ 16 2.3.1 Em razo do local da infrao .............................................................. 17 2.3.2 Em razo do domiclio do ru ............................................................... 19 2.4 Da Conexo e da Continncia ............................................................. 20 2.5 Regras aplicveis nos casos de determinao da competncia pela conexo ou continncia ................................................................................... 22 2.6 Competncia penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juzes Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais ............................................................. 26 2.6.1 Da competncia criminal do STF .......................................................... 26 2.6.2 Competncia Criminal do STJ ............................................................... 31 2.6.3 Competncia Criminal da Justia Federal (Juzes, TRFs e Juizados Especiais Federais) 33 2.6.4 Pontos polmicos ............................................................................... 37 3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ..................................................... 37 4 SòMULAS PERTINENTES ........................................................................... 46 4.1 Smulas vinculantes .......................................................................... 46 4.2 Smulas do STF .................................................................................. 47 4.3 Smulas do STJ .................................................................................. 48 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 98 5 RESUMO .................................................................................................... 51 6 LISTA DE EXERCêCIOS .............................................................................. 61 7 EXERCêCIOS COMENTADOS ....................................................................... 73 8 GABARITO ................................................................................................ 96 Ol, meus amigos! Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser muito cobrado em provas de concursos pblicos, que a competncia. Antes, daremos uma passada pela Jurisdio, pois fundamental para a perfeita compreenso da competncia no processo penal. Muita ateno, pois temos vrios entendimentos jurisprudenciais importantes! Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 98 1 JURISDIÌO 1.1 Conceito O Estado, enquanto poder soberano, exerce trs grandes funes: Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira exercida pelo Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judicirio. Nas aulas de Direito Constitucional vocs vero que, na verdade, cada um dos Poderes da Repblica exerce primordialmente uma funo, e no exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocs saibam isso. Dentre estas funes, como eu disse acima, ao Judicirio cabe a funo jurisdicional. Mas em que consiste a funo jurisdicional? Para entendermos, vamos etimologia da palavra. Jurisdio deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdio como: A atuao do Estado consistente na aplicao do Direito vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo sanar uma crise jurdica e trazer a paz social. E o que seriam a CIRCUNSCRIÌO e a ATRIBUIÌO? ¥ Atribuio Ð a ÒcompetnciaÓ conferida a autoridades administrativas para a prtica de determinada funo. Assim, o Delegado de Polcia possui atribuio, e no competncia, pois o termo competncia se restringe aos rgos jurisdicionais. ¥ Circunscrio Ð A circunscrio o espao territorial em que uma autoridade policial (Delegado de Polcia) exerce sua atribuio. A finalidade da jurisdio, ou seu escopo, trazer a paz social. Entretanto, essa sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos duas outras finalidades. A jurisdio possui um escopo jurdico, que resolver o imbrglio jurdico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurdico vigente. O fortalecimento do senso de democracia participativa tambm se insere nesse escopo da jurisdio, quando falamos, por exemplo, da Ao Popular (que tambm possui previso para o a seara penal). Possui tambm, uma finalidade poltica, que a de fortalecer a imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de dizer quem est certo e fazer valer essa deciso. Por fim, a jurisdio possui um escopo educacional ou pedaggico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir populao a aplicao prtica do Direito, fazendo com que a populao se Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 98 torne cada vez mais consciente daquelas condutas que so penalmente tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo social). 1.2 Caractersticas da Jurisdio 1.2.1 Inrcia O Princpio da inrcia da jurisdio significa que o Estado-Juiz s se movimenta, s presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaado acion-lo, requerendo que exera seu Poder jurisdicional. Entretanto, existem excees. Vocs no precisam saber todas. O que vocs precisam saber que h excees, e isso basta. Uma delas a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocao), conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, ¤ 2¡ do CPP: ¤ 2o Os juzes e os tribunais tm competncia para expedir de ofcio ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que algum sofre ou est na iminncia de sofrer coao ilegal. A jurisdio inerte por alguns motivos, dentre eles: Um conflito jurdico pode no ser um conflito social, e no cabe ao Juiz criar um. Um Juiz que d incio a um processo, mal ou bem, est a indicar para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princpio da imparcialidade de Juiz. Assim, no pode um Juiz dar incio a um processo (salvo as rarssimas excees legais), sob pena de violao a este princpio da Jurisdio.1 Depois de ajuizada a ao, e consequentemente, provocado o Judicirio, a inrcia da jurisdio tem fim, e o processo conduzido por impulso oficial (sem que haja necessidade de provocao das partes). Entretanto, embora no haja necessidade de provocao das partes para que o processo tramite, em algumas situaes, o desenvolvimento depender da colaborao das partes. Tanto 1 Um Juiz no pode dar incio a um processo sem que haja provocao, nem julgar um pedido que no foi feito, porque isso seria uma burla ao princpio da inrcia. Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prtica de um crime de homicdio. No pode o Juiz, valendo-se da denncia oferecida, conden-lo, ainda, por um roubo cometido em outro momento, e que no fora objeto da denncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÌO FOI OBJETO DA AÌO. Isso o que se chama de princpio da adstrio, ou congruncia, que um dos corolrios da inrcia da jurisdio. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 98 que a inrcia do querelante, nas aes penais privadas, por determinado lapso temporal, gera o fenmeno da perempo, j estudado. Fato que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o trmite do processo, aps a movimentao do Estado-Juiz, a parte SEMPRE TERç UMA SENTENA. Entretanto, a simples provocao do Estado-Juiz no garante ao autor uma SENTENA DE MRITO (Mais frente estudaremos as diferenas entre ambas). 1.1.1. Carter substitutivo Diz-se que a jurisdio possui carter substitutivo porque a vontade do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, nem sempre isso ocorre, visto que, como j dissemos, existem aes em que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional no substituir a das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicdio em face de B. A, no entanto, concorda com a punio e a reconhece como merecida e justa, no se importando em ser preso, pois matara o assassino de seu irmo. 1.1.2. Definitividade Como o prprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdio dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a deciso prestada pelo Estado-Juiz ser definitiva, imodificvel. Claro que essa definitividade s ocorrer se a demanda for apreciada no mrito. Se estivermos diante de uma sentena meramente terminativa (que no aprecia o mrito da demanda), esta no far coisa julgada material, logo, a tutela jurisdicional prestada no ser definitiva. POR ISSO SE DIZ QUE AS SENTENAS DE MRITO SÌO DEFINITIVAS. Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de no haver sentena de mrito, NÌO Hç JURISDIÌO! CUIDADO! Nos processos em que h sentena condenatria, esta nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser promovida a reviso criminal, desde que preenchidos alguns requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP. 1.3 Princpios da Jurisdio 1.3.1 Investidura Para se exercer a Jurisdio, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele quem delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegao do Poder Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 98 jurisdicional se d atravs da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por concurso pblico (art. 93, I da CF/88), ou pelo quinto constitucional (art. 94 da CF/88). 1.3.2 Indelegabilidade Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional no podem deleg-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. Na sua vertente externa, significa que no pode o Poder Judicirio (a quem a CF/88 conferiu a funo jurisdicional) deleg-la a outros rgos ou a outro Poder. Na vertente interna, significa que, aps fixadas as regras de competncia para julgamento de um processo, no pode um rgo do Judicirio delegar sua funo para outro rgo jurisdicional. 1.3.3 Inevitabilidade da jurisdio Esse princpio aplicado em dois momentos distintos. Um a vinculao obrigatria ao processo, e o outro a vinculao obrigatria aos efeitos da jurisdio (ou estado de sujeio). No primeiro caso, obrigatria ou no a utilizao do Poder Judicirio (a depender do tipo de ao penal), iniciado o processo, as partes esto vinculadas relao processual. No caso do ru, em momento algum ele teve opo. No segundo caso, aps obrigatoriamente vinculados a participar do processo, estes sujeitos esto obrigados a suportar a deciso (tutela jurisdicional), gostem ou no. Esse estado de sujeio torna os efeitos da jurisdio inevitvel para as partes envolvidas. 1.3.4 Inafastabilidade da jurisdio (ou indeclinabilidade) Estabelece a constituio, em seu art. 5¡, inciso xxxv, que: Art. 5¼, XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito; Esse princpio tambm possui duas vertentes. A primeira refere-se possibilidade que todo cidado tem, de levar apreciao do Poder Judicirio uma demanda (nos casos de a demanda ser uma ao penal, somente os legitimados podem oferec-la), e de ter a prestao de uma tutela jurisdicional (Isso no garante uma sentena de mrito, lembre-se!). A segunda vertente a de que o processo deve garantir o acesso do cidado ordem jurdica justa, na viso de que Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 98 o Estado s cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o interesse da parte. Assim, se o Judicirio demora 15 anos para julgar um processo criminal, no est oferecendo sociedade uma ordem jurdica justa. Quando nos referimos ao acesso ordem jurdica justa, especificamente no processo penal, estamos falando em acesso tutela jurisdicional adequada, que se materializa atravs: Ø Do acesso ao processo Ð Minimizando-se os obstculos propositura da demanda (principalmente quando estivermos tratando de ao penal privada). Ø Defesa Satisfatria dos hipossuficientes no processo Ð Notadamente com a ampliao e fortalecimento da Defensoria Pblica. Ø Eficcia da tutela Ð Com o desenvolvimento das medidas cautelares assecuratrias, a razovel durao do processo e fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a deciso. 1.3.5 Princpio do Juiz natural Esse princpio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que ir julgar a sua causa ou, sob a tica inversa, que o Estado determine quem ser o Juiz de uma causa aps a propositura desta, conforme j vimos na aula 00. 1.3.6 Territorialidade (Aderncia ou improrrogabilidade) Significa que a Jurisdio possui um limite territorial. Esse limite o territrio brasileiro, as fronteiras onde o pas exerce seu poder soberano. Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÌO EM TODO O TERRITîRIO NACIONAL. Entretanto, por questo de organizao funcional, a competncia de cada (forma pela qual exercer seu poder jurisdicional) delimitada de vrias formas. Falaremos mais no tpico sobre COMPETæNCIA. Assim, se uma questo afirmar que quando um Juiz de So Paulo solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prtica de um ato processual (carta precatria) porque no tem jurisdio no Rio de Janeiro, est ERRADA! O Juiz de So Paulo tem jurisdio em todo o territrio nacional, o que ele no tem competncia fora de sua base territorial. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 98 1.4 Espcies de Jurisdio A doutrina enumera vrias espcies de ÒjurisdiesÓ, baseada nos mais diversos critrios. Entretanto, apenas duas nos sero teis: Ø Jurisdio superior e inferior Ð A inferior exercida pelo rgo que atua no processo desde o incio. J a superior exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem atuar TANTO COMO JURISDIÌO INFERIOR COMO SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas cuja competncia originria para processo e julgamento dos Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro. Ø Jurisdio comum e especial Ð A jurisdio especial, no processo penal, formada pelas 02 ÒJustias especiaisÓ estabelecidas na Constituio, em razo da matria: Justia Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). J a jurisdio comum exercida residualmente. Tudo que no for jurisdio especial ser jurisdio comum, que se divide em estadual e federal. OBS: A Justia do trabalho no possui competncia criminal. 2 DA COMPETæNCIA Conforme estudamos, a Jurisdio o Poder conferido ao Estado, para atravs dos rgos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem o Direito. A Competncia, por sua vez, a medida da Jurisdio, ou, para outros, o limite da Jurisdio. Trocando em midos, a Competncia o conjunto de regras que estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira vlida, o seu Poder Jurisdicional.2 A Competncia pode ser de trs ordens: ¥ Competncia em razo da matria (ratione materiae) Ð aquela definida com base no fato a ser julgado. ¥ Competncia em razo da pessoa (ratione personae) Ð definida tendo por base determinadas condies relativas s pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal (os acusados). ¥ Competncia territorial (ratione loci) Ð Considera o local onde ocorreu a infrao (ou outros critrios territoriais) para que seja definida a competncia. 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 205 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 98 O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critrios para a fixao da competncia: Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional: I - o lugar da infrao: II - o domiclio ou residncia do ru; III - a natureza da infrao; IV - a distribuio; V - a conexo ou continncia; VI - a preveno; VII - a prerrogativa de funo. Porm, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, III, e VII so verdadeiros critrios de fixao de competncia criminal. Os demais itens so critrios utilizados para consolidao da competncia aps a ocorrncia do fato a ser julgado, em razo da existncia de mais de um rgo jurisdicional previamente competente para julgar o caso. Estes critrios de consolidao da competncia tambm so chamados de critrios de modificao da competncia. Vamos estudar, desta forma, cada uma das espcies de competncia. 2.1 Competncia em razo da matria (ratione materiae) ou competncia de Jurisdio ou competncia de Justia. Embora os termos Òcompetncia de jurisdioÓ e Òcompetncia de JustiaÓ no me agradem, eles so usados por alguns doutrinadores, portanto, vocs devem conhecer estes termos. Esta espcie de competncia a primeira que deve ser analisada para que possamos, no caso concreto, definir qual o rgo Jurisdicional competente para julgar o processo. Esta espcie leva em considerao a natureza do fato criminoso para definir qual a ÒJustiaÓ competente (Justia Eleitoral, Comum, Militar, etc.). Assim, a competncia em razo da matria se divide da seguinte forma: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 98 Assim, existem basicamente duas ordens de competncia criminal em razo da matria: Comum e especial. A Justia comum se divide em Federal e Estadual. J a Justia Especial se divide em Eleitoral e Militar. Desta maneira, o primeiro passo na fixao da competncia definir qual ÒJustiaÓ cabe julgar o fato. A Justia Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes so de competncia da Justia Comum. Dizemos, assim, que a Justia comum possui competncia residual. Mas como saber quando um crime ser julgado pela Justia Comum Federal e quando ser julgado pela Justia Comum Estadual? Nesses casos, somente ser competente a Justia Comum Federal se estivermos diante de uma das hipteses previstas no art. 109 da Constituio: Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou conveno internacional, quando, iniciada a execuo no Pas, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o ¤ 5¼ deste artigo;(Includo pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) VI - os crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matria criminal de sua competncia ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio; COMPETæNCIA CRIMINAL EM RAZÌO DA MATRIA JUSTIA COMUM JUSTIA ESPECIAL ELEITORAL MILITAR FEDERAL ESTADUAL Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 98 VIII - os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competncia da Justia Militar; X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo de carta rogatria, aps o "exequatur", e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causas referentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao; XI - a disputa sobre direitos indgenas. (...) ¤ 5¼ Nas hipteses de grave violao de direitos humanos, o Procurador- Geral da Repblica, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigaes decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poder suscitar, perante o Superior Tribunal de Justia, em qualquer fase do inqurito ou processo, incidente de deslocamento de competncia para a Justia Federal. (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) Todas as causas que no se enquadrem na competncia da Justia Comum Federal, sero de competncia da Justia Comum Estadual. Assim, a Justia comum estadual possui competncia duplamente residual: 1) primeiro, residual porque a Justia Comum residual em relao Justia Especial; 2) residual em relao Justia Comum Federal. Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele Òpassa batidoÓ pela definio da competncia em razo da matria (que ele chama de Ònatureza da infraoÓ), limitando-se a dizer queesta ser definida conforme as Leis de Organizao Judiciria. Por ÒLeis de Organizao JudiciriaÓ entenda-se, atualmente, ÒConstituio FederalÓ, pois quando do advento do CPP (1941), a definio destas normas era mera questo de organizao judiciria, e no uma questo de ndole constitucional como hoje. No entanto, o CPP trata de uma hiptese de competncia em razo da natureza da infrao: A competncia do Tribunal do Jri. Nos termos do art. 74 do CPP: Art. 74. A competncia pela natureza da infrao ser regulada pelas leis de organizao judiciria, salvo a competncia privativa do Tribunal do Jri. ¤ 1¼ Compete ao Tribunal do Jri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, ¤¤ 1o e 2o, 122, pargrafo nico, 123, 124, 125, 126 e 127 do Cdigo Penal, consumados ou tentados. (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) ¤ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificao para infrao da competncia de outro, a este ser remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdio do primeiro, que, em tal caso, ter sua competncia prorrogada. ¤ 3o Se o juiz da pronncia desclassificar a infrao para outra atribuda competncia de juiz singular, observar-se- o disposto no art. 410; mas, se a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 98 desclassificao for feita pelo prprio Tribunal do Jri, a seu presidente caber proferir a sentena (art. 492, ¤ 2o). A competncia do Tribunal do Jri est prevista, ainda, na prpria Constituio Federal, em seu art. 5¡, XXXVIII, d: XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes so os previstos no captulo I do Ttulo I da parte especial do CP, compreendendo os crimes de homicdio, instigao ou induzimento ao suicdio, infanticdio e aborto3. Com relao a estes crimes, entende-se que a Constituio estabeleceu uma clusula ptrea, ou seja, clusula que no pode ser modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as hipteses de competncia do Tribunal do Jri podem ser ampliadas, mas nunca reduzidas! 2.2 Competncia em razo da pessoa (ratione personae) Aps definida qual ÒJustiaÓ ir julgar o processo, devemos definir a competncia do rgo Jurisdicional verificando as condies pessoais dos acusados. Em regra, os processos criminais so julgados pelos rgos jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juzes de primeiro grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando a presena de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que essa competncia pertena originariamente aos Tribunais. Essa a chamada prerrogativa de funo (vulgarmente conhecida como Òforo privilegiadoÓ). EXEMPLO: O art. 96, III da Constituio Federal estabelece que cabe aos Tribunais de Justia dos Estados e do DF, julgar os Juzes estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira instncia, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral (hiptese na qual sero julgados pelo TRE local): Art. 96. Compete privativamente: (...) III - aos Tribunais de Justia julgar os juzes estaduais e do Distrito Federal e Territrios, bem como os membros do Ministrio Pblico, nos crimes comuns e de 3 Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genocdio (Lei 2.889/56). Neste caso, a competncia tambm ser do Tribunal do Jri (STF, RE 351.487/RR). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 98 responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral. Existem inmeras outras hipteses previstas na Constituio Federal, nas quais h prerrogativa de foro em razo da funo exercida pelo acusado. Para facilitar a compreenso de vocs, reuni estas hipteses no quadro abaixo: TRIBUNAL COMPETENTE DESTINATçRIO DA NORMA CONSTITUCIONAL DE COMPETæNCIA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL Tribunais de Justiça estaduais e do Distrito Federal Infrações penais comuns e de responsabilidade: Juízes estaduais e do Distrito Federal e membros do Ministério Público estadual ou do DF, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.4 Art. 96, III, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: Prefeito Municipal.5 Art. 29, X, da CF TRIBUNAL COMPETENTE DESTINATÁRIO DA NORMA CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL Tribunais Regionais Federais Infrações penais comuns e de responsabilidade: Juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, os membros do Ministério Público da União (ressalva a competência da Justiça Eleitoral)6 e Prefeitos Municipais, se praticarem crimes na órbita federal. Art. 108, I, “a”, da CF Somente nas Infrações penais comuns: Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do 4 Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e no ao TRF. A ressalva constitucional apenas em relao Justia ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 214/215 5 Nos crimes de responsabilidade PRîPRIOS a competncia para julgar o prefeito municipal da CåMARA DE VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-1/MG). 6 Em relao aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que esto vinculados ser competente, mesmo em se tratando de crime que seria de competncia da Justia Estadual. Ver, por todos, PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 214 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 98 Supremo Tribunal Federal Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. Art. 102, I, “b”, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I (estabelecendo a competência do Senado Federal para julgar os comandantes das forças armadas em crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República e Vice), os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. Art. 102, I, “c”, da CF Superior Tribunal de Justiça Somente nas infrações penais comuns: Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Art. 105, I, “a”, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. Art. 105, I, “a”, da CF E se o acusado comea o processo sem foro por prerrogativa de funo e, posteriormente, passa a ter foro por prerrogativa de funo? Qual a soluo? O STF firmou entendimento no sentido de que a competncia, nesse caso, se desloca para o rgo jurisdicional competente em razo do foro por prerrogativa de funo, ainda que o processo j esteja em fase recursal.7 7 (...) Manifestando-se a prerrogativa de foro aps a sentena proferida pelo juzo de primeiro grau e pendente de julgamento a apelao, passa a causa jurisdio do STF, para aqui ter seu prosseguimento a partir do estado em que se encontra, legtimos os Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 98 EXEMPLO:Jos est respondendo a processo por crime de corrupo passiva, no Juzo de primeira instncia da comarca do Rio de Janeiro. Contudo, durante o processo, Jos diplomado Deputado Federal. Neste caso, a competncia para processar e julgar o delito passa a ser do STF, que o rgo jurisdicional competente para processar e julgar os deputados federais nas infraes penais comuns. CUIDADO! EXCEÌO! Se j foi iniciado o julgamento da apelao, eventual supervenincia do foro por prerrogativa de funo no desloca a competncia.8 Mas, e se ao invs de o acusado passar a ter foro privilegiado, ele DEIXAR de ter foro privilegiado? Neste caso, o STF entende que: REGRA - A competncia tambm se desloca, ou seja, o Tribunal deixa de ser competente e o processo vai para a primeira instncia. Exceo Ð Se o julgamento j se iniciou, o Tribunal continua competente. Exceo MASTER Ð Se, embora no tendo se iniciado o julgamento (mas aps a instruo processual), o acusado RENUNCIA ao cargo para ÒfugirÓ do julgamento pelo Tribunal, o Tribunal continua competente, pois adotar entendimento contrrio seria privilegiar a fraude processual.9 atos anteriormente nela praticados. 3. Nesses casos, o julgamento da apelao pelo Supremo Tribunal Federal deve observar, inclusive quanto s sustentaes orais (ordem de apresentao e tempo de durao), o regime prprio dos recursos (e no o das aes penais originrias). (...) (AP 563, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 21/10/2014, DJe-234 DIVULG 27-11-2014 PUBLIC 28-11-2014 EMENT VOL-02760-01 PP-00001) 8 (...) Proferido o primeiro voto em julgamento de apelao criminal por Tribunal de Justia, o exerccio superveniente de mandato parlamentar pelo ru, antes da concluso do julgamento, no tem o condo de deslocar a competncia para o Supremo Tribunal Federal. (...) (AP 634 QO, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2014, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 9 (...) A Turma, por maioria de votos, j decidiu que a renncia de parlamentar, aps o final da instruo, no acarreta a perda de competncia do Supremo Tribunal Federal. Precedente: AP 606-QO, Rel. Min. Lus Roberto Barroso (Sesso de 07.10.2014). (...) (AP 568, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-091 DIVULG 15-05-2015 PUBLIC 18-05-2015) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 98 2.2.1 Conflito aparente entre a competncia de foro por prerrogativa de funo e a competncia do Tribunal do Jri CUIDADO! No aparente conflito de competncias entre o Tribunal do Jri e a competncia de foro por prerrogativa de funo, qual prevalece? Depende. Se a competncia de foro por prerrogativa de funo est prevista na CF/88, ela prevalece sobre a competncia do Jri. Contudo, se estiver prevista apenas na Constituio Estadual, prevalece a competncia do Tribunal do Jri, conforme smula 721 do STF, que foi convertida na smula vinculante 45: "A competncia constitucional do tribunal do jri prevalece sobre o foro por prerrogativa de funo estabelecido exclusivamente pela Constituio estadual" EXEMPLO: Paulo Juiz de Direito e pratica um homicdio doloso. Neste caso, no aparente conflito entre a competncia constitucional do TJ para processar e julgar Paulo (foro por prerrogativa de funo) e a competncia do Tribunal do Jri (crime doloso contra a vida), prevalece a competncia de foro por prerrogativa de funo, eis que esta prerrogativa de foro est prevista na Constituio Federal. EXEMPLO 2: Jlio Secretario Estadual de Fazenda em determinado estado XYZ, e pratica um homicdio doloso. No estado XYZ os Secretrios possuem foro por prerrogativa de funo perante o TJ (s est previsto isso na Constituio ESTADUAL, no na Federal). Neste caso, no aparente conflito entre a competncia do TJ para processar e julgar Jlio (foro por prerrogativa de funo NÌO PREVISTO NA CF/88), e a competncia do Tribunal do Jri (crime doloso contra a vida), prevalece a competncia de do Tribunal do Jri, eis que a competncia do Jri est prevista na CF/88 e a competncia por prerrogativa de funo (neste caso) no. OBS.: Os deputados estaduais possuem prerrogativa de foro perante o TJ. Isso no est previsto expressamente na CF/88, mas entende-se que est IMPLêCITO, pelo princpio da SIMETRIA. Assim, caso um deputado estadual cometa crime doloso contra a vida, prevalecer a competncia de foro por prerrogativa de funo. 2.3 Competncia Territorial (ratione loci) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 98 2.3.1 Em razo do local da infrao A terceira e ltima fase para a definio da competncia para julgamento de um processo criminal, compreende a anlise do local de ocorrncia da infrao (ou, em alguns casos, o local do domiclio do ru), que ir determinar em que base territorial ser o processo julgado (comarca, na Justia Estadual, e Seo Judiciria, quando for da competncia da Justia Federal). Para definirmos a competncia territorial devemos, primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual o critrio para definio do Òlugar do crimeÓ. Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o resultado se consuma10. A exceo so os crimes plurilocais contra a vida, onde se aplica a teoria da atividade.11 Existem ainda alguns regramentos especficos, como nos crimes de competncia dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se considera lugar do crime o local em que foi decretada a falncia. Assim: Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade Juizados Especiais Teoria da atividade Crimes falimentares Local onde foi decretada a falncia Atos infracionais Teoria da atividade Alm disso, temos: 10 Art. 70. A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo. ¤ 1o Se, iniciada a execuo no territrio nacional, a infrao se consumar fora dele, a competncia ser determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o ltimo ato de execuo. ¤ 2o Quando o ltimo ato de execuo for praticado fora do territrio nacional, ser competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. ¤ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdies, ou quando incerta a jurisdio por ter sido a infrao consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdies, a competncia firmar-se- pela preveno. Art. 71. Tratando-se de infrao continuada ou permanente, praticada em territrio de duas ou mais jurisdies, a competncia firmar-se- pela preveno. 11 Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produo probatria, na busca pela verdade real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 98 Crime praticado no exterior e consumado no exterior - Na capital do estado em que o ru (acusado), no Brasil, tenha fixado seu ltimo domiclio, ou, caso nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal. Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcaes, mas, por determinao da Lei Penal, estejam sujeitos Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou pousar a embarcao ou aeronave, ou, ainda, no ltimo local em que tenha aportado ou pousado.12 No caso de o crime no se consumar, sendo, portanto, umcrime tentado (art. 14, II do CP) - Nessa hiptese, aplica-se o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se como lugar do crime o local onde ocorreu o ltimo ato de execuo. O ¤ 3¡ e o art. 71 tratam do fenmeno da preveno. O que isso significa? Quando dois ou mais rgos jurisdicionais so competentes para apreciar determinada demanda, a competncia ser fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competncia ser fixada naquele Juzo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato pr-processual (priso pr-processual, por exemplo), relativo ao processo. Essa a definio de competncia fixada por preveno. Nos termos do art. 83 do CPP: Art. 83. Verificar-se- a competncia por preveno toda vez que, concorrendo dois ou mais juzes igualmente competentes ou com jurisdio cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prtica de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denncia ou da queixa (arts. 70, ¤ 3o, 71, 72, ¤ 2o, e 78, II, c). 12 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do territrio brasileiro, ser competente o juzo da Capital do Estado onde houver por ltimo residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, ser competente o juzo da Capital da Repblica. Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcao nas guas territoriais da Repblica, ou nos rios e lagos fronteirios, bem como a bordo de embarcaes nacionais, em alto-mar, sero processados e julgados pela justia do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcao, aps o crime, ou, quando se afastar do Pas, pela do ltimo em que houver tocado. Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espao areo correspondente ao territrio brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espao areo correspondente ao territrio nacional, sero processados e julgados pela justia da comarca em cujo territrio se verificar o pouso aps o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Art. 91. Quando incerta e no se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competncia se firmar pela preveno. (Redao dada pela Lei n¼ 4.893, de 9.12.1965) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 98 Se dois ou mais Juzes, na mesma comarca, forem competentes para julgar a demanda, a competncia ser fixada pelo critrio da distribuio, ou seja, a competncia ser fixada naquele rgo jurisdicional ao qual fora distribuda a ao penal. Nos termos do art. 75 do CPP: Art. 75. A precedncia da distribuio fixar a competncia quando, na mesma circunscrio judiciria, houver mais de um juiz igualmente competente. Pargrafo nico. A distribuio realizada para o efeito da concesso de fiana ou da decretao de priso preventiva ou de qualquer diligncia anterior denncia ou queixa prevenir a da ao penal. Entretanto, conforme disse a vocs, tanto o critrio da preveno quanto o critrio da distribuio no passam de critrios de consolidao da competncia territorial, pois a competncia daquele Juiz j existia antes da preveno ou distribuio, tendo apenas se consolidado quando da ocorrncia de um destes fenmenos. 2.3.2 Em razo do domiclio do ru Existem casos em que a competncia territorial poder ser fixada levando-se em conta o domiclio do ru. Vejamos13: No sendo conhecido o lugar da infrao Ð Ser regulada pelo lugar do domiclio ou residncia do ru. Se o ru tiver mais de uma residncia Ð Preveno. Se o ru no tiver residncia ou for ignorado seu paradeiro - juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Se for hiptese de crime de ao exclusivamente privada Ð Poder o querelante escolher ajuizar a queixa no lugar do domiclio ou residncia do ru, ainda que conhecido o lugar da infrao. Gostaria de chamar a ateno de vocs para um 13 Art. 72. No sendo conhecido o lugar da infrao, a competncia regular-se- pelo domiclio ou residncia do ru. ¤ 1o Se o ru tiver mais de uma residncia, a competncia firmar-se- pela preveno. ¤ 2o Se o ru no tiver residncia certa ou for ignorado o seu paradeiro, ser competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Art. 73. Nos casos de exclusiva ao privada, o querelante poder preferir o foro de domiclio ou da residncia do ru, ainda quando conhecido o lugar da infrao. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 98 fato: O art. 73 fala em Òcasos de exclusiva ao privadaÓ. Assim, no caso de ao penal privada subsidiria da pblica, no pode o querelante optar pela comarca do domiclio do ru em detrimento da comarca do local da infrao, caso este local seja conhecido, pois esta ao no exclusivamente privada, mas, na verdade, pblica. Muito cuidado com isso!! 2.4 Da Conexo e da Continncia A conexo e a continncia so fenmenos que importam na modificao da competncia previamente estabelecida. A conexo est prevista no art. 76 do CPP: Art. 76. A competncia ser determinada pela conexo: I - se, ocorrendo duas ou mais infraes, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas, ou por vrias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por vrias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relao a qualquer delas; III - quando a prova de uma infrao ou de qualquer de suas circunstncias elementares influir na prova de outra infrao. A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexo em14: ¥ Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do CPP) Ð Ocorre quando pessoas diversas cometem infraes diversas no mesmo local, na mesma poca, mas desde que no estejam ligadas por nenhum vnculo subjetivo. ¥ Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) Ð Nesta hiptese no importa o local e o momento da infrao, desde que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. Assim, exige-se para esta hiptese de conexo que os agentes tenham agido unidos por um vnculo subjetivo, uma comunho de esforos para a prtica das infraes penais. ¥ Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) Ð Traduz a hiptese de conexo de infraes praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram as infraes uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de leses corporais praticados reciprocamente entre fulano e beltrano. ¥ Conexo objetiva teleolgica (art. 76, II do CPP) Ð Uma infrao deve ter sido praticada para ÒfacilitarÓ a outra. Assim, 14 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 98 imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para entrar na casa e assassinar o dono da residncia. ¥ Conexo objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) Ð Nesta hiptese uma infrao cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem da outra infrao. Imaginem o caso de algum que comete homicdio e, logo aps, mata tambm a nica testemunha, para garantir que ningum poder provar sua culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. ¥ Conexo instrumental (art. 76, III do CPP) Ð Exige-se, nesse caso, que a prova da ocorrncia de uma infrao e de sua autoria influencie na caracterizao da outra infrao. Exemplo clssico a conexo entre o crime de furto e de receptao, no qual a prova da existncia do furto, e de sua autoria, influencia na caracterizao do crime de receptao. A continncia, por sua vez, est prevista no art. 77 do CP; Art. 77. A competncia ser determinada pela continncia quando: I -duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infrao; II - no caso de infrao cometida nas condies previstas nos arts. 51, ¤ 1o, 53, segunda parte, e 54 do Cdigo Penal. Os mencionados arts. 51, ¤ 1¡, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto original da parte geral do Cdigo penal, que foi totalmente alterado pela Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem s hipteses de concurso formal e suas aplicaes no caso de erro na execuo (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 e 74 do CP. Assim, por questes didticas, a doutrina divide a continncia em: ¥ Continncia por cumulao subjetiva (art. 77, I do CPP) Ð o caso no qual duas ou mais pessoas so acusadas pela mesma infrao (concurso de pessoas). Diferentemente da hiptese de conexo, aqui h apenas um fato criminoso, e no vrios.15 ¥ Continncia por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 70 do CP) Ð Aqui, mediante uma s conduta, o agente pratica dois ou mais crimes, sem que tenha tido a inteno de pratic- los. 15 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 98 As hipteses de continncia e conexo podem ser melhor explicadas atravs do grfico abaixo: 2.5 Regras aplicveis nos casos de determinao da competncia pela conexo ou continncia O CPP prev algumas regras que devem ser observadas quando da consolidao da competncia pela conexo ou continncia. Nos termos do seu art. 78: Art. 78. Na determinao da competncia por conexo ou continncia, sero observadas as seguintes regras: (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) I - no concurso entre a competncia do jri e a de outro rgo da jurisdio comum, prevalecer a competncia do jri; (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) Il - no concurso de jurisdies da mesma categoria: (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) a) preponderar a do lugar da infrao, qual for cominada a pena mais grave; (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) b) prevalecer a do lugar em que houver ocorrido o maior nmero de infraes, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) c) firmar-se- a competncia pela preveno, nos outros casos; (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) III - no concurso de jurisdies de diversas categorias, predominar a de maior graduao; (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) IV - no concurso entre a jurisdio comum e a especial, prevalecer esta. (Redao dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) HIPîTESES DE MODIFICAÌO DA COMPETæNCIA CONEXÌO CONTINæNCIA CUMULAÌO SUBJETIVA EM RAZÌO DE CONCURSO FORMAL DE CRIMES INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL OU PROBATîRIA SIMULTANEIDADE OCASIONAL CONCURSO RECIPROCIDADE TELEOLîGICA CONSEQUENCIAL Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 98 Assim, em resumo: 1. Havendo conexo ou continncia entre um crime de competncia do Tribunal do Jri e outro crime, de competncia do Juiz singular, a competncia dever ser fixada naquele. 2. No caso de Jurisdies da mesma categoria, primeiro se utiliza o critrio de fixao da competncia territorial com base na local em que ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem idnticas, utiliza-se o critrio do lugar onde ocorreu o maior nmero de infraes penais. Caso as penas sejam idnticas e tenha sido cometido o mesmo nmero de infraes penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, aplica-se a fixao da competncia pela preveno (Lembram-se da preveno, no ?) 3. Se as Jurisdies forrem de graus diferentes (Um Tribunal Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competncia ser fixada no rgo de Jurisdio superior. 4. Se houver conexo entre uma causa de competncia da Justia Comum e outra da Justia Especial, ser fixada a competncia nesta. Ex.: Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Ser da competncia da Justia Eleitoral o julgamento de ambos os processos. Inclusive, o STF editou o verbete n¡ 704 da smula de sua Jurisprudncia, afirmando que a atrao de um processo por conexo ou continncia, no caso de correu, por prerrogativa de funo do outro ru, no viola a Constituio: SòMULA N¼ 704 NÌO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÌO POR CONTINæNCIA OU CONEXÌO DO PROCESSO DO CO-RU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÌO DE UM DOS DENUNCIADOS. 1.2. Separao de processos em hipteses de conexo e continncia Embora a regra seja a de que, havendo conexo ou continncia, todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo rgo jurisdicional, existem algumas excees, ou seja, existem casos em que mesmo ocorrendo conexo ou continncia, no haver reunio de processos. Estas hipteses esto previstas no art. 79 do CPP: Art. 79. A conexo e a continncia importaro unidade de processo e julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdio comum e a militar; II - no concurso entre a jurisdio comum e a do juzo de menores. ¤ 1o Cessar, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relao a algum co-ru, sobrevier o caso previsto no art. 152. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 98 ¤ 2o A unidade do processo no importar a do julgamento, se houver co-ru foragido que no possa ser julgado revelia, ou ocorrer a hiptese do art. 461. Art. 80. Ser facultativa a separao dos processos quando as infraes tiverem sido praticadas em circunstncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo nmero de acusados e para no Ihes prolongar a priso provisria, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separao. Vamos analisar as hipteses isoladamente: ¥ Concurso entre a Jurisdio comum e militar Ð A nica ressalva que deve ser feita a de que, no caso de militar que comete crime doloso contra a vida de um civil, responde perante o Tribunal do Jri, e no perante a Justia Militar, nos termos do art. 82, ¤ 2¡ do Cdigo de Processo Penal Militar Ð CPPM. ¥ Concurso entre crime e infrao de competncia do Juizado da Infncia e da Juventude Ð Nestas hipteses (por exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um menor, que responde perante o ECA, e um adulto), no pode haver reunio de processos. ¥ Insanidade mental superveniente de um dos corrus (art. 152 do CPP) Ð Nesse caso, havendo a insanidade mental do corru sido regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os processos devem ser separados, pois o processo, em relao ao corru declarado mentalmente insano, ser suspenso, nos termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade mental do ru deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do CPP). ¥ Impossibilidade de formao do conselho de sentena no Tribunal do Jri Ð Embora o ¤ 2¡ do art. 79 mencione o Òart. 461Ó, com as alteraes promovidas pela Lei 11.689/08, vocs devem entender como Òart. 469, ¤ 1¡ do CPPÓ. Este artigo trata da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Jri, formar-se o conselho de sentena (mnimo de sete jurados), em razo das recusas legalmente permitidas realizadas pelos advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Jri, dois ou mais rus, e sendo diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) impossibilitarem a formao do conselho de sentena, o processo dever ser desmembrado. ¥ Separao facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados em circunstncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunio de processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder implicar em retardamentodo processo (art. 80 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 98 do CPP) Ð O importante saber que, nestas hipteses, a separao dos processos discricionria, ou seja, o Juiz pode, ou no, a seu critrio, decidir pela separao dos processos. ATENÌO! Existe uma outra hiptese de separao de processos, no entendimento jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a vida praticados em concurso de pessoas, quando um dos acusados possui foro por prerrogativa de funo fixado na Constituio Federal, ao invs de todos os acusados serem julgados perante o Tribunal (em razo da prerrogativa de foro de um dos comparsas), haver a separao dos processos, de forma que o detentor de prerrogativa de foro ser julgado perante o Tribunal respectivo e os demais pelo Tribunal do Jri. EXEMPLO: Jos e Valter so contratados por Ricardo Albuquerque, deputado federal, para matarem Lcio, desafeto de Ricardo. Jos e Valter executam o crime. No caso em tela, Ricardo de Albuquerque possui foro privilegiado (como deputado federal, a Constituio prev que cabe ao STF julg-lo nos crimes comuns), mas os demais no possuem. Neste caso, Ricardo ser julgado pelo STF e os demais sero julgados pelo Tribunal do Jri. Por que, neste caso, no h atrao por continncia? No h porque as regras de continncia so infraconstitucionais, e tanto a competncia do Jri quanto a do STF (por prerrogativa de funo) esto previstas na prpria Constituio Federal. Assim, normas infraconstitucionais no podem se sobrepor a normas de ndole constitucional. O art. 81 trata da hiptese de perpetuao da competncia. Vejamos: Art. 81. Verificada a reunio dos processos por conexo ou continncia, ainda que no processo da sua competncia prpria venha o juiz ou tribunal a proferir sentena absolutria ou que desclassifique a infrao para outra que no se inclua na sua competncia, continuar competente em relao aos demais processos. Pargrafo nico. Reconhecida inicialmente ao jri a competncia por conexo ou continncia, o juiz, se vier a desclassificar a infrao ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competncia do jri, remeter o processo ao juzo competente. O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois processos (reunidos por conexo ou continncia), e no processo de sua competncia originria (e no aquele que lhe foi remetido em razo da conexo ou continncia) ele profere sentena absolutria ou desclassifica o fato para outro crime, que no seja de sua competncia, mesmo assim Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 98 ele continua competente para julgar o processo recebido pela conexo. O ¤ 1¡, por sua vez, estabelece uma exceo regra. Se houver reunio de processos para julgamento pelo Tribunal do Jri, havendo desclassificao, absolvio sumria ou impronncia, dever o Juiz remeter o processo conexo ao Juzo competente (que no era o Tribunal do Jri).16 O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexo ou continncia, mas terem sido instaurados processos em Juzos diversos, o Juiz cuja competncia prevalente poder avocar (trazer para si) o julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se j houver sentena definitiva naqueles (j tiverem transitado em julgado). Se j tiver ocorrido o trnsito em julgado, os processos sero reunidos posteriormente para fins de execuo de pena: Art. 82. Se, no obstante a conexo ou continncia, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdio prevalente dever avocar os processos que corram perante os outros juzes, salvo se j estiverem com sentena definitiva. Neste caso, a unidade dos processos s se dar, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificao das penas. 2.6 Competncia penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juzes Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais Conforme estudamos, a competncia nada mais que uma diviso funcional para o exerccio legtimo da Jurisdio. As normas que definem a competncia esto previstas em diversos diplomas legislativos, dentre eles, a prpria Constituio. Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competncia criminal de cada um dos rgos do Judicirio citados: 2.6.1 Da competncia criminal do STF Nos termos da Constituio Federal, compete ao STF julgar: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituio, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) b) nas infraes penais comuns, o Presidente da Repblica, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus prprios Ministros e o Procurador- Geral da Repblica; c) nas infraes penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da 16 Isso no ocorrer se a desclassificao ocorrer apenas no momento da quesitao formulada aos jurados (art. 492, ¤1¼ do CPP). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 98 Aeronutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da Unio e os chefes de misso diplomtica de carter permanente; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 1999) d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alneas anteriores; o mandado de segurana e o "habeas-data" contra atos do Presidente da Repblica, das Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da Unio, do Procurador-Geral da Repblica e do prprio Supremo Tribunal Federal; (...) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito mesma jurisdio em uma nica instncia; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 22, de 1999) j) a reviso criminal e a ao rescisria de seus julgados; l) a reclamao para a preservao de sua competncia e garantia da autoridade de suas decises; m) a execuo de sentena nas causas de sua competncia originria, facultada a delegao de atribuies para a prtica de atos processuais; (...) II - julgar, em recurso ordinrio: a) o "habeas-corpus", o mandado de segurana, o "habeas-data" e o mandado de injuno decididos em nica instncia pelos Tribunais Superiores, se denegatria a deciso; b) o crime poltico; III - julgar, mediante recurso extraordinrio, as causas decididas em nica ou ltima instncia, quando a deciso recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituio; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituio. d) julgar vlida lei local contestada em face de lei federal. (Includa pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) Perceba, meu caro aluno, que a competncia criminal do STF, segundo a constituio, pode ser de duas ordens: Originria e Recursal. A competncia originria est prevista no inciso I do art. 102, e engloba as seguintes situaes: ¥ Nas infraes penais comuns, o Presidente da Repblica, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus prprios Ministros e o Procurador-Geral da Repblica. ¥ Nas infraes penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 98 do Tribunal de Contas da Unio e os chefes de misso diplomtica de carter permanente. ¥ O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoasreferidas nas alneas anteriores (Presidente, Vice, Membros do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais Superiores, PGR, ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das Foras Armadas e chefes de misso diplomtica de carter permanente). ¥ O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito mesma jurisdio em uma nica instncia. ¥ A reviso criminal de seus prprios julgados; ¥ A execuo de sentena nas causas de sua competncia originria, facultada a delegao de atribuies para a prtica de atos processuais. CUIDADO MASTER! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral da Unio possuem status de Ministros de Estado. Na competncia originria o processo criminal comea diretamente no STF, sem passar antes por qualquer outro rgo do Judicirio. A competncia para a execuo dos seus prprios julgados e para julgar a reviso criminal de seus prprios julgados so competncias lgicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal Mximo do pas, no faria sentido submeter a Reviso Criminal, por exemplo, a outro rgo do Judicirio. As hipteses de competncia constitucional originria do STF so, na verdade, TODAS POR PRERROGATIVA DE FUNÌO, sendo, portanto, ratione personae. A primeira hiptese trata dos crimes comuns praticados pelo: ü Presidente da Repblica ü Vice-Presidente da Repblica ü Membro do Congresso Nacional ü Ministros do STF ü Procurador-Geral da Repblica Estas so as cinco ÒfigurasÓ que possuem prerrogativa de funo, devendo ser julgadas, por crimes comuns, no STF. Mas, e quem as Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 98 julga no caso de crimes de responsabilidade? A resposta est no art. 52, I e II da Constituio, que prev a competncia do SENADO FEDERAL: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 02/09/99) II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justia e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o Procurador-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio nos crimes de responsabilidade; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) CUIDADO! Isso no se aplica aos membros do Congresso Nacional. No h na CF/88 previso de julgamento dos congressistas por crime de responsabilidade. H previso, apenas, de julgamento perante a prpria Casa (Cmara ou Senado) por quebra de decoro parlamentar. A segunda hiptese de competncia criminal originria do STF se refere aos crimes comuns e aos crimes de responsabilidade praticados por algumas autoridades. Vejamos: ü Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I) ü Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica (ressalvado o disposto no art. 52, I) ü Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ) ü Membros do Tribunal de Contas da Unio ü Chefes de misso diplomtica de carter permanente Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constituio? Essa ressalva se refere possibilidade de o crime de responsabilidade praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO com um crime de responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da Repblica. Neste caso, a competncia para julgamento do crime de responsabilidade praticado por alguma destas figurinhas no ser do STF, mas do SENADO FEDERAL. Por fim, h ainda a competncia originria do STF para processo e julgamento das aes de Habeas Corpus. Primeiramente, devemos ter em mente que o HC no um recurso, mas uma ao autnoma, ou seja, um processo autnomo. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 98 Existem trs figuras especficas no HC. So elas: A competncia do STF para processar e julgar HCs depende da presena de determinadas autoridades como coatoras ou pacientes, de acordo com a tabela abaixo: HABEAS CORPUS NO STF - ORIGINçRIA PACIENTE COATOR COATOR OU PACIENTE § Presidente § Vice-presidente § Membros do Congresso § Ministros do TCU § Ministros dos Tribunais Superiores § Ministros de Estado § PGR § Comandantes das Foras Armadas § Chefes de Misso diplomtica de carter permanente Tribunal Superior § Autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do Supremo Tribunal Federal § Crime sujeito mesma jurisdio em uma nica instncia Alm da competncia originria, o STF possui uma competncia criminal recursal, que est prevista no inciso II do art. 102, trazendo as Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 98 seguintes hipteses, nas quais o STF julgar o Recurso Ordinrio interposto: ü Crime poltico ü Habeas Corpus, quando o decidido em òNICA INSTåNCIA pelos TRIBUNAIS SUPERIORES Vejam, portanto, que so apenas duas as hipteses de competncia criminal mediante Recurso Ordinrio. CUIDADO! Se uma pessoa ajuza Habeas Corpus perante o STJ, por exemplo, (em razo de uma ilegalidade praticada por um Tribunal de Justia) e a ordem de Habeas Corpus denegada (Indeferido o pedido), a pessoa pode optar por: ü Interpor Recurso Ordinrio perante o STF (pois o HC foi decidido pelo Tribunal Superior em nica instncia); ou ü Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do Tribunal Superior, negando o HC, transforma o Tribunal em autoridade coatora)17. Assim, sendo julgado e negado um HC, em nica instncia por um Tribunal Superior, pode ser que o STF aprecie a matria em grau de recurso (Recurso Ordinrio) ou mediante competncia originria (Novo HC). 2.6.2 Competncia Criminal do STJ Nos termos do art. 105 da Constituio Federal: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municpios e os do Ministrio Pblico da Unio que oficiem perante tribunais; b) os mandados de segurana e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica ou do prprio Tribunal;(Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 1999) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alnea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito sua jurisdio, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exrcito ou da 17 CUIDADO: O STF vem rechaando a utilizao do HC como substitutivo de recurso, autorizando apenas em casos excepcionais. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 98 Aeronutica, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 1999) d) os conflitos de competncia entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juzes a ele no vinculados e entre juzes vinculados a tribunais diversos; e) as revises criminais e as aes rescisrias de seus julgados; f) a reclamao para a preservao de sua competncia e garantia da autoridade de suas decises;(...) II - julgar, em recurso ordinrio: a) os "habeas-corpus" decididos em nica ou ltima instncia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territrios, quando a deciso for denegatria; (...) III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em nica ou ltima instncia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territrios, quando a deciso recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia; b) julgar vlido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) c) der a lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo outro tribunal. A competncia criminal do STJ, tal qual a do STF, tambm dividida em ORIGINçRIA e RECURSAL. A competncia originria se dar nos seguintes casos: § Crimes comuns - Praticados por Governadores de estados ou do DF § Crimes comuns e de responsabilidade - Praticados por (1) Desembargadores dos TJs, TRFs, TRTs e TREs; (2) Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municpios; (3) Membros do MPU que oficiem perante Tribunais. § Reviso Criminal dos seus prprios julgados Ð Se o STJ proferir condenao definitiva em processo de sua competncia originria (Ex.: crime comum praticado por Governador), eventual reviso criminal (caso surja prova nova) dever ser ajuizada perante o prprio STJ. § Habeas corpus Ð Conforme tabela abaixo: HABEAS CORPUS NO STJ - ORIGINçRIA COATOR COATOR OU PACIENTE § Tribunal sujeito jurisdio do STJ (TJ e TRFs) Qualquer das autoridades que o STJ julga originariamente: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 98 § Ministro de Estado ou Comandante das Foras Armadas OBS.: Ressalvada a competncia da Justia Eleitoral § Nos crimes comuns (Ex.: Governador) § Nos crimes comuns e nos de responsabilidade (Ex.: Desembargador de TJ) A competncia recursal criminal do STJ, por sua vez, se d no caso de Recurso Ordinrio em Habeas Corpus, quando a deciso for proferida em òNICA OU òLTIMA INSTåNCIA por Tribunal de Justia ou TRF, quando for DENEGATîRIA A DECISÌO (indeferido o pedido do HC). 2.6.3 Competncia Criminal da Justia Federal (Juzes, TRFs e Juizados Especiais Federais) A competncia criminal da Justia Federal tambm definida na Constituio, possuindo algumas regras de competncia ratione personae e outras de competncia ratione materiae. Vejamos: Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou conveno internacional, quando, iniciada a execuo no Pas, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o ¤ 5¼ deste artigo;(Includo pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) VI - os crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matria criminal de sua competncia ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio; VIII - os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competncia da Justia Militar; X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo de carta rogatria, aps o "exequatur", e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causas referentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao; XI - a disputa sobre direitos indgenas. No caso do inciso IV, temos duas hipteses: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 98 a) Crimes polticos Ð Praticados com motivao poltica (art. 2¡ da Lei 7.170/83 Ð NÌO PRECISA LER A LEI!). b) Crimes praticados contra bens, interesses e servios da Unio, suas autarquias e empresas pblicas Ð Nesse caso, sero julgadas pela Justia Federal (Juzes de primeiro grau) as condutas delituosas que ofendam a Unio, suas autarquias ou empresas pblicas. Imaginem um roubo a uma repartio federal, ou um homicdio praticado contra um agente da Polcia Federal em servio. Por ofenderem bens jurdicos da Unio, sero julgados pela Justia Federal. Temos, ainda, as seguintes hipteses de julgamento de aes penais, previstas nos incisos V, VI, IX e X: ü Crimes previstos em tratado ou conveno internacional, quando, iniciada a execuo no Pas, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente ü Crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira ü Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competncia da Justia Militar ü Crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro; ü Crimes envolvendo disputas sobre direitos indgenas Em todas estas cinco hipteses, a competncia para julgamento ser da Justia Federal (em regra, de primeiro grau). Mas, e quando ser competente o TRF? A competncia do TRF est prevista no art. 108 da Constituio: Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juzes federais da rea de sua jurisdio, includos os da Justia Militar e da Justia do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministrio Pblico da Unio, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; b) as revises criminais e as aes rescisrias de julgados seus ou dos juzes federais da regio; c) os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato do prprio Tribunal ou de juiz federal; d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competncia entre juzes federais vinculados ao Tribunal; II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juzes federais e pelos juzes estaduais no exerccio da competncia federal da rea de sua jurisdio. O TRF possui, assim como o STF e o STJ, tanto competncia originria quanto recursal. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 98 A competncia criminal originria dos TRFs se dar em apenas duas hipteses. No caso de Crimes comuns e de responsabilidade, o TRF ter competncia originria para processar e julgar: § Juzes federais, Juzes do Trabalho e da Justia Militar Federalizada § Membros do Ministrio Pblico da Unio. OBS.: Ressalvada a competncia da Justia Eleitoral. EXEMPLO: Paulo Juiz Federal no Rio de Janeiro, vinculado ao TRF2. Paulo comete um crime de estelionato (competncia, em tese, da Justia Estadual). Neste caso, Paulo ser julgado pelo TRF2, mesmo em se tratando de crime estadual (no crime federal). Caso Paulo tivesse praticado um crime ELEITORAL, o TRF NÌO teria competncia para julg-lo. Neste caso, a competncia seria da Justia Eleitoral (TRE). Na hiptese de Reviso Criminal o TRF ser competente para apreciar as revises criminais interpostas contra os seus prprios julgados e contra os julgados dos Juzes Federais que a ele estiverem vinculados. Alm destas, o TRF ter competncia para processar e julgar os HCs quando a autoridade coatora for JUIZ FEDERAL a ele vinculado ou TURMA RECURSAL18 a ele vinculada. Por fim, o TRF tem ainda
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