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AULA 03 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

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Aula 03
Direito Processual Penal p/ PC-AP (Delegado) - Com videoaulas
 Professor: Renan Araujo
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AULA 03: JURISDI‚ÌO E COMPETæNCIA. 
SUMçRIO 
1 JURISDI‚ÌO ............................................................................................... 3 
1.1 Conceito ............................................................................................... 3 
1.2 Caracter’sticas da Jurisdi‹o ................................................................ 4 
1.2.1 InŽrcia ............................................................................................... 4 
1.1.1. Car‡ter substitutivo ............................................................................. 5 
1.1.2. Definitividade ....................................................................................... 5 
1.3 Princ’pios da Jurisdi‹o ....................................................................... 5 
1.3.1 Investidura ......................................................................................... 5 
1.3.2 Indelegabilidade .................................................................................. 6 
1.3.3 Inevitabilidade da jurisdi‹o .................................................................. 6 
1.3.4 Inafastabilidade da jurisdi‹o (ou indeclinabilidade) .................................. 6 
1.3.5 Princ’pio do Juiz natural ........................................................................ 7 
1.3.6 Territorialidade (Aderncia ou improrrogabilidade) .................................... 7 
1.4 EspŽcies de Jurisdi‹o ......................................................................... 8 
2 DA COMPETæNCIA ....................................................................................... 8 
2.1 Competncia em raz‹o da matŽria (ratione materiae) ou competncia 
de Jurisdi‹o ou competncia de Justia. .......................................................... 9 
2.2 Competncia em raz‹o da pessoa (ratione personae) ........................ 12 
2.2.1 Conflito aparente entre a competncia de foro por prerrogativa de fun‹o e a 
competncia do Tribunal do Jœri ........................................................................... 16 
2.3 Competncia Territorial (ratione loci) ................................................ 16 
2.3.1 Em raz‹o do local da infra‹o .............................................................. 17 
2.3.2 Em raz‹o do domic’lio do rŽu ............................................................... 19 
2.4 Da Conex‹o e da Continncia ............................................................. 20 
2.5 Regras aplic‡veis nos casos de determina‹o da competncia pela 
conex‹o ou continncia ................................................................................... 22 
2.6 Competncia penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Ju’zes Federais e dos 
Juizados Especiais Criminais Federais ............................................................. 26 
2.6.1 Da competncia criminal do STF .......................................................... 26 
2.6.2 Competncia Criminal do STJ ............................................................... 31 
2.6.3 Competncia Criminal da Justia Federal (Ju’zes, TRFs e Juizados Especiais 
Federais) 33 
2.6.4 Pontos polmicos ............................................................................... 37 
3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ..................................................... 37 
4 SòMULAS PERTINENTES ........................................................................... 46 
4.1 Sœmulas vinculantes .......................................................................... 46 
4.2 Sœmulas do STF .................................................................................. 47 
4.3 Sœmulas do STJ .................................................................................. 48 
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5 RESUMO .................................................................................................... 51 
6 LISTA DE EXERCêCIOS .............................................................................. 61 
7 EXERCêCIOS COMENTADOS ....................................................................... 73 
8 GABARITO ................................................................................................ 96 
Ol‡, meus amigos! 
Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser 
muito cobrado em provas de concursos pœblicos, que Ž a competncia. 
Antes, daremos uma passada pela Jurisdi‹o, pois Ž fundamental para a 
perfeita compreens‹o da competncia no processo penal. 
Muita aten‹o, pois temos v‡rios entendimentos 
jurisprudenciais importantes! 
Bons estudos! 
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1 JURISDI‚ÌO 
1.1 Conceito 
O Estado, enquanto poder soberano, exerce trs grandes fun›es: 
Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira Ž exercida pelo 
Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judici‡rio. Nas 
aulas de Direito Constitucional vocs ver‹o que, na verdade, cada um 
dos Poderes da Repœblica exerce primordialmente uma fun‹o, e 
n‹o exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocs 
saibam isso. 
Dentre estas fun›es, como eu disse acima, ao Judici‡rio cabe a 
fun‹o jurisdicional. Mas em que consiste a fun‹o jurisdicional? Para 
entendermos, vamos ˆ etimologia da palavra. 
Jurisdi‹o deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O 
DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdi‹o 
como: 
A atua‹o do Estado consistente na aplica‹o do Direito vigente a um caso 
concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo Ž sanar uma crise 
jur’dica e trazer a paz social. 
E o que seriam a CIRCUNSCRI‚ÌO e a ATRIBUI‚ÌO? 
¥ Atribui‹o Ð ƒ a ÒcompetnciaÓ conferida a autoridades 
administrativas para a pr‡tica de determinada fun‹o. Assim, o 
Delegado de Pol’cia possui atribui‹o, e n‹o competncia, pois 
o termo competncia se restringe aos —rg‹os jurisdicionais.
¥ Circunscri‹o Ð A circunscri‹o Ž o espao territorial em que 
uma autoridade policial (Delegado de Pol’cia) exerce sua 
atribui‹o. 
A finalidade da jurisdi‹o, ou seu escopo, Ž trazer a paz social. 
Entretanto, essa Ž sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos 
duas outras finalidades. 
A jurisdi‹o possui um escopo jur’dico, que Ž resolver o imbr—glio 
jur’dico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo 
o sistema jur’dico vigente. O fortalecimento do senso de democracia
participativa tambŽm se insere nesse escopo da jurisdi‹o, quando 
falamos, por exemplo, da A‹o Popular (que tambŽm possui previs‹o 
para o a seara penal). 
Possui tambŽm, uma finalidade pol’tica, que Ž a de fortalecer a 
imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de 
dizer quem est‡ certo e fazer valer essa decis‹o. 
Por fim, a jurisdi‹o possui um escopo educacional ou 
pedag—gico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir ˆ 
popula‹o a aplica‹o pr‡tica do Direito, fazendo com que a popula‹o se 
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torne cada vez mais consciente daquelas condutas que s‹o penalmente 
tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do 
escopo social). 
1.2 Caracter’sticas da Jurisdi‹o 
1.2.1 InŽrcia 
O Princ’pio da inŽrcia da jurisdi‹o significa que o Estado-Juiz s— se 
movimenta, s— presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a 
parte que alega ter o direito lesado ou ameaado acion‡-lo, requerendo 
que exera seu Poder jurisdicional. 
Entretanto, existem exce›es. Vocs n‹o precisam saber todas. O 
que vocs precisam saberŽ que h‡ exce›es, e isso basta. Uma 
delas Ž a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provoca‹o), 
conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa 
mediante abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, ¤ 2¡ do 
CPP: 
¤ 2o Os ju’zes e os tribunais tm competncia para expedir de of’cio ordem 
de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguŽm sofre 
ou est‡ na iminncia de sofrer coa‹o ilegal. 
A jurisdi‹o Ž inerte por alguns motivos, dentre eles: 
Um conflito jur’dico pode n‹o ser um conflito social, e n‹o 
cabe ao Juiz criar um. 
Um Juiz que d‡ in’cio a um processo, mal ou bem, est‡ a indicar 
para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princ’pio da 
imparcialidade de Juiz. 
Assim, n‹o pode um Juiz dar in’cio a um processo (salvo as 
rar’ssimas exce›es legais), sob pena de viola‹o a este princ’pio da 
Jurisdi‹o.1 
Depois de ajuizada a a‹o, e consequentemente, provocado o 
Judici‡rio, a inŽrcia da jurisdi‹o tem fim, e o processo Ž conduzido por 
impulso oficial (sem que haja necessidade de provoca‹o das partes). 
Entretanto, embora n‹o haja necessidade de provoca‹o das partes 
para que o processo tramite, em algumas situa›es, o 
desenvolvimento depender‡ da colabora‹o das partes. Tanto Ž 
1 Um Juiz n‹o pode dar in’cio a um processo sem que haja provoca‹o, nem julgar um pedido que 
n‹o foi feito, porque isso seria uma burla ao princ’pio da inŽrcia. Suponhamos que Pedro tenha 
sido denunciado pela pr‡tica de um crime de homic’dio. N‹o pode o Juiz, valendo-se da denœncia 
oferecida, conden‡-lo, ainda, por um roubo cometido em outro momento, e que n‹o fora objeto da 
denœncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÌO FOI OBJETO DA A‚ÌO. Isso Ž o que se chama 
de princ’pio da adstri‹o, ou congruncia, que Ž um dos corol‡rios da inŽrcia da 
jurisdi‹o. 
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que a inŽrcia do querelante, nas a›es penais privadas, por determinado 
lapso temporal, gera o fen™meno da peremp‹o, j‡ estudado. 
Fato Ž que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o 
tr‰mite do processo, ap—s a movimenta‹o do Estado-Juiz, a parte 
SEMPRE TERç UMA SENTEN‚A. Entretanto, a simples provoca‹o do 
Estado-Juiz n‹o garante ao autor uma SENTEN‚A DE MƒRITO (Mais ˆ 
frente estudaremos as diferenas entre ambas). 
1.1.1. Car‡ter substitutivo 
Diz-se que a jurisdi‹o possui car‡ter substitutivo porque a vontade 
do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, 
nem sempre isso ocorre, visto que, como j‡ dissemos, existem a›es em 
que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional n‹o substituir‡ a 
das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por 
homic’dio em face de B. A, no entanto, concorda com a puni‹o e a 
reconhece como merecida e justa, n‹o se importando em ser preso, pois 
matara o assassino de seu irm‹o. 
1.1.2. Definitividade 
Como o pr—prio nome indica, meus caros alunos, a jurisdi‹o Ž 
dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decis‹o 
prestada pelo Estado-Juiz ser‡ definitiva, imodific‡vel. 
Claro que essa definitividade s— ocorrer‡ se a demanda for apreciada 
no mŽrito. Se estivermos diante de uma sentena meramente terminativa 
(que n‹o aprecia o mŽrito da demanda), esta n‹o far‡ coisa julgada 
material, logo, a tutela jurisdicional prestada n‹o ser‡ definitiva. POR 
ISSO SE DIZ QUE AS SENTEN‚AS DE MƒRITO SÌO DEFINITIVAS. 
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de n‹o haver 
sentena de mŽrito, NÌO Hç JURISDI‚ÌO! 
CUIDADO! Nos processos em que h‡ sentena condenat—ria, esta 
nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser 
promovida a revis‹o criminal, desde que preenchidos alguns 
requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP. 
1.3 Princ’pios da Jurisdi‹o 
1.3.1 Investidura 
Para se exercer a Jurisdi‹o, deve-se estar investido do Poder 
jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele Ž quem 
delega esse Poder aos seus agentes. Essa delega‹o do Poder 
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jurisdicional se d‡ atravŽs da posse no cargo de magistrado, que, no 
Brasil, pode ser por concurso pœblico (art. 93, I da CF/88), ou pelo 
quinto constitucional (art. 94 da CF/88). 
1.3.2 Indelegabilidade 
Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional n‹o podem 
deleg‡-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. 
Na sua vertente externa, significa que n‹o pode o Poder Judici‡rio 
(a quem a CF/88 conferiu a fun‹o jurisdicional) deleg‡-la a outros —rg‹os 
ou a outro Poder. 
Na vertente interna, significa que, ap—s fixadas as regras de 
competncia para julgamento de um processo, n‹o pode um —rg‹o do 
Judici‡rio delegar sua fun‹o para outro —rg‹o jurisdicional. 
1.3.3 Inevitabilidade da jurisdi‹o 
Esse princ’pio Ž aplicado em dois momentos distintos. Um Ž a 
vincula‹o obrigat—ria ao processo, e o outro Ž a vincula‹o obrigat—ria 
aos efeitos da jurisdi‹o (ou estado de sujei‹o). 
No primeiro caso, obrigat—ria ou n‹o a utiliza‹o do Poder Judici‡rio 
(a depender do tipo de a‹o penal), iniciado o processo, as partes est‹o 
vinculadas ˆ rela‹o processual. No caso do rŽu, em momento algum ele 
teve op‹o. 
No segundo caso, ap—s obrigatoriamente vinculados a participar do 
processo, estes sujeitos est‹o obrigados a suportar a decis‹o (tutela 
jurisdicional), gostem ou n‹o. Esse estado de sujei‹o torna os efeitos da 
jurisdi‹o inevit‡vel para as partes envolvidas. 
1.3.4 Inafastabilidade da jurisdi‹o (ou indeclinabilidade) 
Estabelece a constitui‹o, em seu art. 5¡, inciso xxxv, que: 
Art. 5¼, XXXV - a lei n‹o excluir‡ da aprecia‹o do Poder Judici‡rio les‹o ou 
ameaa a direito; 
Esse princ’pio tambŽm possui duas vertentes. A primeira refere-se 
ˆ possibilidade que todo cidad‹o tem, de levar ˆ aprecia‹o do 
Poder Judici‡rio uma demanda (nos casos de a demanda ser uma 
a‹o penal, somente os legitimados podem oferec-la), e de ter a 
presta‹o de uma tutela jurisdicional (Isso n‹o garante uma sentena de 
mŽrito, lembre-se!). A segunda vertente Ž a de que o processo deve 
garantir o acesso do cidad‹o ˆ ordem jur’dica justa, na vis‹o de que 
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o Estado s— cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o
interesse da parte. 
Assim, se o Judici‡rio demora 15 anos para julgar um processo 
criminal, n‹o est‡ oferecendo ˆ sociedade uma ordem jur’dica justa. 
Quando nos referimos ao acesso ˆ ordem jur’dica justa, 
especificamente no processo penal, estamos falando em acesso ˆ 
tutela jurisdicional adequada, que se materializa atravŽs: 
Ø Do acesso ao processo Ð Minimizando-se os obst‡culos ˆ 
propositura da demanda (principalmente quando estivermos 
tratando de a‹o penal privada). 
Ø Defesa Satisfat—ria dos hipossuficientes no processo Ð 
Notadamente com a amplia‹o e fortalecimento da Defensoria 
Pœblica. 
Ø Efic‡cia da tutela Ð Com o desenvolvimento das medidas 
cautelares assecurat—rias, a razo‡vel dura‹o do processo e 
fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a 
decis‹o. 
1.3.5 Princ’pio do Juiz natural 
Esse princ’pio visa a evitar que a parte escolha o magistrado 
que ir‡ julgar a sua causa ou, sob a —tica inversa, que o Estado 
determine quem ser‡ o Juiz de uma causa ap—s a propositura desta, 
conforme j‡ vimos na aula 00. 
1.3.6 Territorialidade (Aderncia ou improrrogabilidade) 
Significa que a Jurisdi‹o possui um limite territorial. Esse limite Ž o 
territ—rio brasileiro, as fronteiras onde o pa’s exerce seu poder soberano. 
Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDI‚ÌO EM TODO O 
TERRITîRIO NACIONAL. Entretanto, por quest‹o de organiza‹o 
funcional, a competncia de cada (forma pela qual exercer‡ seu poder 
jurisdicional) Ždelimitada de v‡rias formas. Falaremos mais no t—pico 
sobre COMPETæNCIA. 
Assim, se uma quest‹o afirmar que quando um Juiz de S‹o Paulo 
solicita a outro, do Rio de Janeiro, a pr‡tica de um ato processual (carta 
precat—ria) porque n‹o tem jurisdi‹o no Rio de Janeiro, est‡ ERRADA! O 
Juiz de S‹o Paulo tem jurisdi‹o em todo o territ—rio nacional, o que ele 
n‹o tem Ž competncia fora de sua base territorial. 
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1.4 EspŽcies de Jurisdi‹o 
A doutrina enumera v‡rias espŽcies de Òjurisdi›esÓ, baseada nos 
mais diversos critŽrios. Entretanto, apenas duas nos ser‹o œteis: 
Ø Jurisdi‹o superior e inferior Ð A inferior Ž exercida pelo 
—rg‹o que atua no processo desde o in’cio. J‡ a superior Ž 
exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem 
atuar TANTO COMO JURISDI‚ÌO INFERIOR COMO 
SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas 
cuja competncia origin‡ria para processo e julgamento Ž dos 
Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de 
foro. 
Ø Jurisdi‹o comum e especial Ð A jurisdi‹o especial, no 
processo penal, Ž formada pelas 02 ÒJustias especiaisÓ 
estabelecidas na Constitui‹o, em raz‹o da matŽria: Justia 
Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). J‡ a 
jurisdi‹o comum Ž exercida residualmente. Tudo que n‹o 
for jurisdi‹o especial ser‡ jurisdi‹o comum, que se divide em 
estadual e federal. OBS: A Justia do trabalho n‹o possui 
competncia criminal. 
2 DA COMPETæNCIA 
Conforme estudamos, a Jurisdi‹o Ž o Poder conferido ao Estado, 
para atravŽs dos —rg‹os Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem 
o Direito.
A Competncia, por sua vez, Ž a medida da Jurisdi‹o, ou, 
para outros, o limite da Jurisdi‹o. 
Trocando em miœdos, a Competncia Ž o conjunto de regras que 
estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira 
v‡lida, o seu Poder Jurisdicional.2 
A Competncia pode ser de trs ordens: 
¥ Competncia em raz‹o da matŽria (ratione materiae) Ð ƒ 
aquela definida com base no fato a ser julgado. 
¥ Competncia em raz‹o da pessoa (ratione personae) Ð ƒ 
definida tendo por base determinadas condi›es relativas ˆs 
pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal 
(os acusados). 
¥ Competncia territorial (ratione loci) Ð Considera o local 
onde ocorreu a infra‹o (ou outros critŽrios territoriais) para 
que seja definida a competncia. 
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execu‹o penal. 12.¼ edi‹o. Ed. 
Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 205 
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O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critŽrios para a 
fixa‹o da competncia: 
Art. 69. Determinar‡ a competncia jurisdicional: 
I - o lugar da infra‹o: 
II - o domic’lio ou residncia do rŽu; 
III - a natureza da infra‹o; 
IV - a distribui‹o; 
V - a conex‹o ou continncia; 
VI - a preven‹o; 
VII - a prerrogativa de fun‹o. 
PorŽm, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, 
III, e VII s‹o verdadeiros critŽrios de fixa‹o de competncia 
criminal. Os demais itens s‹o critŽrios utilizados para 
consolida‹o da competncia ap—s a ocorrncia do fato a ser julgado, 
em raz‹o da existncia de mais de um —rg‹o jurisdicional previamente 
competente para julgar o caso. Estes critŽrios de consolida‹o da 
competncia tambŽm s‹o chamados de critŽrios de modifica‹o da 
competncia. 
Vamos estudar, desta forma, cada uma das espŽcies de competncia. 
2.1 Competncia em raz‹o da matŽria (ratione materiae) ou 
competncia de Jurisdi‹o ou competncia de Justia. 
Embora os termos Òcompetncia de jurisdi‹oÓ e Òcompetncia de 
JustiaÓ n‹o me agradem, eles s‹o usados por alguns doutrinadores, 
portanto, vocs devem conhecer estes termos. 
Esta espŽcie de competncia Ž a primeira que deve ser analisada 
para que possamos, no caso concreto, definir qual o —rg‹o Jurisdicional Ž 
competente para julgar o processo. 
Esta espŽcie leva em considera‹o a natureza do fato criminoso para 
definir qual a ÒJustiaÓ competente (Justia Eleitoral, Comum, Militar, 
etc.). 
Assim, a competncia em raz‹o da matŽria se divide da seguinte 
forma: 
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Assim, existem basicamente duas ordens de competncia criminal 
em raz‹o da matŽria: Comum e especial. A Justia comum se divide 
em Federal e Estadual. J‡ a Justia Especial se divide em Eleitoral 
e Militar. 
Desta maneira, o primeiro passo na fixa‹o da competncia Ž definir 
ˆ qual ÒJustiaÓ cabe julgar o fato. 
A Justia Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que 
sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes s‹o de competncia 
da Justia Comum. Dizemos, assim, que a Justia comum possui 
competncia residual. 
Mas como saber quando um crime ser‡ julgado pela Justia 
Comum Federal e quando ser‡ julgado pela Justia Comum 
Estadual? Nesses casos, somente ser‡ competente a Justia Comum 
Federal se estivermos diante de uma das hip—teses previstas no 
art. 109 da Constitui‹o: 
Art. 109. Aos ju’zes federais compete processar e julgar: 
(...) IV - os crimes pol’ticos e as infra›es penais praticadas em detrimento 
de bens, servios ou interesse da Uni‹o ou de suas entidades aut‡rquicas ou 
empresas pœblicas, exclu’das as contraven›es e ressalvada a 
competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou conven‹o internacional, quando, 
iniciada a execu‹o no Pa’s, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o ¤ 5¼ deste 
artigo;(Inclu’do pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organiza‹o do trabalho e, nos casos determinados 
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econ™mico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matŽria criminal de sua competncia ou quando 
o constrangimento provier de autoridade cujos atos n‹o estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdi‹o; 
COMPETæNCIA 
CRIMINAL EM 
RAZÌO DA 
MATƒRIA 
JUSTI‚A 
COMUM 
JUSTI‚A 
ESPECIAL 
ELEITORAL MILITAR FEDERAL ESTADUAL 
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VIII - os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais 
federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competncia da Justia Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a 
execu‹o de carta rogat—ria, ap—s o "exequatur", e de sentena estrangeira, 
ap—s a homologa‹o, as causas referentes ˆ nacionalidade, inclusive a 
respectiva op‹o, e ˆ naturaliza‹o; 
XI - a disputa sobre direitos ind’genas. 
(...) 
¤ 5¼ Nas hip—teses de grave viola‹o de direitos humanos, o Procurador-
Geral da Repœblica, com a finalidade de assegurar o cumprimento de 
obriga›es decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos 
quais o Brasil seja parte, poder‡ suscitar, perante o Superior Tribunal de 
Justia, em qualquer fase do inquŽrito ou processo, incidente de 
deslocamento de competncia para a Justia Federal. (Inclu’do pela Emenda 
Constitucional n¼ 45, de 2004) 
Todas as causas que n‹o se enquadrem na competncia da Justia 
Comum Federal, ser‹o de competncia da Justia Comum Estadual. 
Assim, a Justia comum estadual possui competncia duplamente 
residual: 1) primeiro, Ž residual porque a Justia Comum Ž residual em 
rela‹o ˆ Justia Especial; 2) Ž residual em rela‹o ˆ Justia Comum 
Federal. 
Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele Òpassa 
batidoÓ pela defini‹o da competncia em raz‹o da matŽria (que ele 
chama de Ònatureza da infra‹oÓ), limitando-se a dizer queesta ser‡ 
definida conforme as Leis de Organiza‹o Judici‡ria. Por ÒLeis de 
Organiza‹o Judici‡riaÓ entenda-se, atualmente, ÒConstitui‹o FederalÓ, 
pois quando do advento do CPP (1941), a defini‹o destas normas era 
mera quest‹o de organiza‹o judici‡ria, e n‹o uma quest‹o de ’ndole 
constitucional como hoje. 
No entanto, o CPP trata de uma hip—tese de competncia em raz‹o 
da natureza da infra‹o: A competncia do Tribunal do Jœri. Nos 
termos do art. 74 do CPP: 
Art. 74. A competncia pela natureza da infra‹o ser‡ regulada pelas leis de 
organiza‹o judici‡ria, salvo a competncia privativa do Tribunal do Jœri. 
¤ 1¼ Compete ao Tribunal do Jœri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 
121, ¤¤ 1o e 2o, 122, par‡grafo œnico, 123, 124, 125, 126 e 127 do C—digo 
Penal, consumados ou tentados. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, de 
23.2.1948) 
¤ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassifica‹o para 
infra‹o da competncia de outro, a este ser‡ remetido o processo, salvo se 
mais graduada for a jurisdi‹o do primeiro, que, em tal caso, ter‡ sua 
competncia prorrogada. 
¤ 3o Se o juiz da pronœncia desclassificar a infra‹o para outra atribu’da ˆ 
competncia de juiz singular, observar-se-‡ o disposto no art. 410; mas, se a 
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desclassifica‹o for feita pelo pr—prio Tribunal do Jœri, a seu presidente 
caber‡ proferir a sentena (art. 492, ¤ 2o). 
A competncia do Tribunal do Jœri est‡ prevista, ainda, na 
pr—pria Constitui‹o Federal, em seu art. 5¡, XXXVIII, d: 
XXXVIII - Ž reconhecida a institui‹o do jœri, com a organiza‹o que lhe der a 
lei, assegurados: 
(...) d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes s‹o os 
previstos no cap’tulo I do T’tulo I da parte especial do CP, 
compreendendo os crimes de homic’dio, instiga‹o ou induzimento 
ao suic’dio, infantic’dio e aborto3. 
Com rela‹o a estes crimes, entende-se que a Constitui‹o 
estabeleceu uma cl‡usula pŽtrea, ou seja, cl‡usula que n‹o pode ser 
modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as 
hip—teses de competncia do Tribunal do Jœri podem ser ampliadas, mas 
nunca reduzidas! 
2.2 Competncia em raz‹o da pessoa (ratione personae) 
Ap—s definida qual ÒJustiaÓ ir‡ julgar o processo, devemos definir a 
competncia do —rg‹o Jurisdicional verificando as condi›es pessoais dos 
acusados. 
Em regra, os processos criminais s‹o julgados pelos —rg‹os 
jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Ju’zes de primeiro 
grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando 
a presena de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que 
essa competncia pertena originariamente aos Tribunais. Essa Ž a 
chamada prerrogativa de fun‹o (vulgarmente conhecida como 
Òforo privilegiadoÓ). 
EXEMPLO: O art. 96, III da Constitui‹o Federal estabelece que cabe 
aos Tribunais de Justia dos Estados e do DF, julgar os Ju’zes estaduais 
de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira 
inst‰ncia, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de 
responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral (hip—tese 
na qual ser‹o julgados pelo TRE local): 
Art. 96. Compete privativamente: 
(...) 
III - aos Tribunais de Justia julgar os ju’zes estaduais e do Distrito Federal e 
Territ—rios, bem como os membros do MinistŽrio Pœblico, nos crimes comuns e de 
3 Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genoc’dio (Lei 
2.889/56). Neste caso, a competncia tambŽm ser‡ do Tribunal do Jœri (STF, RE 351.487/RR). 
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responsabilidade, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral. 
Existem inœmeras outras hip—teses previstas na Constitui‹o Federal, 
nas quais h‡ prerrogativa de foro em raz‹o da fun‹o exercida pelo 
acusado. Para facilitar a compreens‹o de vocs, reuni estas hip—teses no 
quadro abaixo: 
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATçRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE 
COMPETæNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
Tribunais de 
Justiça 
estaduais e do 
Distrito Federal 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes estaduais e 
do Distrito Federal e membros do 
Ministério Público estadual ou do DF, 
nos crimes comuns e de 
responsabilidade, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral.4 
Art. 96, III, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Prefeito Municipal.5 Art. 29, X, da CF
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE 
COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
Tribunais 
Regionais 
Federais 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes federais da 
área de sua jurisdição, incluídos os da 
Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, 
nos crimes comuns e de 
responsabilidade, os membros do 
Ministério Público da União (ressalva a 
competência da Justiça Eleitoral)6 e 
Prefeitos Municipais, se praticarem 
crimes na órbita federal. 
Art. 108, I, “a”, da CF 
Somente nas Infrações penais 
comuns: Presidente da República, o 
Vice-Presidente, os membros do 
4 Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e n‹o ao TRF. A ressalva 
constitucional Ž apenas em rela‹o ˆ Justia ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de 
Souza. Op. Cit., p. 214/215 
5 Nos crimes de responsabilidade PRîPRIOS a competncia para julgar o prefeito municipal Ž da 
CåMARA DE VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-1/MG). 
6 Em rela‹o aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que est‹o vinculados ser‡ competente, 
mesmo em se tratando de crime que seria de competncia da Justia Estadual. Ver, por todos, 
PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 214 
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Supremo 
Tribunal 
Federal 
Congresso Nacional, seus próprios 
Ministros e o Procurador-Geral da 
República. 
Art. 102, I, “b”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, 
do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no art. 52, I 
(estabelecendo a competência do 
Senado Federal para julgar os 
comandantes das forças armadas em 
crimes de responsabilidade conexos 
com os do Presidente da República e 
Vice), os membros dos Tribunais 
Superiores, os do Tribunal de contas 
da União e os chefes de missão 
diplomática de caráter permanente. 
Art. 102, I, “c”, da CF 
Superior 
Tribunal de 
Justiça 
Somente nas infrações penais 
comuns: Governadores dos Estados e 
do Distrito Federal. 
Art. 105, I, “a”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Desembargadores 
dos Tribunais de Justiça dos Estados e 
do Distrito Federal, os membros dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do 
Distrito Federal, os dos Tribunais 
Regionais Federais, dos Tribunais 
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os 
membros dos Conselhos ou Tribunais 
de Contas dos Municípios e os do 
Ministério Público da União que oficiem 
perante tribunais. 
Art. 105, I, “a”, da CF 
E se o acusado comea o processo sem foro por prerrogativa 
de fun‹o e, posteriormente, passa a ter foro por prerrogativa de 
fun‹o? Qual a solu‹o? O STF firmou entendimento no sentido de que 
a competncia, nesse caso, se desloca para o —rg‹o jurisdicional 
competente em raz‹o do foro por prerrogativa de fun‹o, ainda que o 
processo j‡ esteja em fase recursal.7 
7 (...) Manifestando-se a prerrogativa de foro ap—s a sentena proferida pelo ju’zo de 
primeiro grau e pendente de julgamento a apela‹o, passa a causa ˆ jurisdi‹o do STF, 
para aqui ter seu prosseguimento a partir do estado em que se encontra, leg’timos os 
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EXEMPLO:JosŽ est‡ respondendo a processo por crime de corrup‹o 
passiva, no Ju’zo de primeira inst‰ncia da comarca do Rio de Janeiro. 
Contudo, durante o processo, JosŽ Ž diplomado Deputado Federal. Neste 
caso, a competncia para processar e julgar o delito passa a ser do STF, 
que Ž o —rg‹o jurisdicional competente para processar e julgar os 
deputados federais nas infra›es penais comuns. 
CUIDADO! EXCE‚ÌO! Se j‡ foi iniciado o julgamento da apela‹o, 
eventual supervenincia do foro por prerrogativa de fun‹o n‹o desloca a 
competncia.8 
Mas, e se ao invŽs de o acusado passar a ter foro privilegiado, 
ele DEIXAR de ter foro privilegiado? Neste caso, o STF entende que: 
REGRA - A competncia tambŽm se desloca, ou seja, o 
Tribunal deixa de ser competente e o processo vai para a 
primeira inst‰ncia. 
Exce‹o Ð Se o julgamento j‡ se iniciou, o Tribunal continua 
competente. 
Exce‹o MASTER Ð Se, embora n‹o tendo se iniciado o 
julgamento (mas ap—s a instru‹o processual), o acusado 
RENUNCIA ao cargo para ÒfugirÓ do julgamento pelo Tribunal, o 
Tribunal continua competente, pois adotar entendimento 
contr‡rio seria privilegiar a fraude processual.9 
atos anteriormente nela praticados. 3. Nesses casos, o julgamento da apela‹o pelo Supremo 
Tribunal Federal deve observar, inclusive quanto ˆs sustenta›es orais (ordem de apresenta‹o e 
tempo de dura‹o), o regime pr—prio dos recursos (e n‹o o das a›es penais origin‡rias). (...) (AP 
563, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 21/10/2014, DJe-234 
DIVULG 27-11-2014 PUBLIC 28-11-2014 EMENT VOL-02760-01 PP-00001) 
8 (...) Proferido o primeiro voto em julgamento de apela‹o criminal por Tribunal de 
Justia, o exerc’cio superveniente de mandato parlamentar pelo rŽu, antes da conclus‹o 
do julgamento, n‹o tem o cond‹o de deslocar a competncia para o Supremo Tribunal 
Federal. (...) 
(AP 634 QO, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2014, 
ACîRDÌO ELETRïNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 
9 (...) A Turma, por maioria de votos, j‡ decidiu que a renœncia de parlamentar, ap—s o 
final da instru‹o, n‹o acarreta a perda de competncia do Supremo Tribunal Federal. 
Precedente: AP 606-QO, Rel. Min. Lu’s Roberto Barroso (Sess‹o de 07.10.2014). (...) (AP 568, 
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 14/04/2015, ACîRDÌO 
ELETRïNICO DJe-091 DIVULG 15-05-2015 PUBLIC 18-05-2015) 
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2.2.1 Conflito aparente entre a competncia de foro por prerrogativa de 
fun‹o e a competncia do Tribunal do Jœri 
CUIDADO! No aparente conflito de competncias entre o Tribunal do 
Jœri e a competncia de foro por prerrogativa de fun‹o, qual 
prevalece? Depende. 
Se a competncia de foro por prerrogativa de fun‹o est‡ prevista na 
CF/88, ela prevalece sobre a competncia do Jœri. 
Contudo, se estiver prevista apenas na Constitui‹o Estadual, prevalece a 
competncia do Tribunal do Jœri, conforme sœmula 721 do STF, que foi 
convertida na sœmula vinculante 45: 
"A competncia constitucional do tribunal do jœri prevalece sobre o foro 
por prerrogativa de fun‹o estabelecido exclusivamente 
pela Constitui‹o estadual" 
EXEMPLO: Paulo Ž Juiz de Direito e pratica um homic’dio doloso. Neste 
caso, no aparente conflito entre a competncia constitucional do TJ para 
processar e julgar Paulo (foro por prerrogativa de fun‹o) e a 
competncia do Tribunal do Jœri (crime doloso contra a vida), prevalece a 
competncia de foro por prerrogativa de fun‹o, eis que esta prerrogativa 
de foro est‡ prevista na Constitui‹o Federal. 
EXEMPLO 2: Jœlio Ž Secretario Estadual de Fazenda em determinado 
estado XYZ, e pratica um homic’dio doloso. No estado XYZ os Secret‡rios 
possuem foro por prerrogativa de fun‹o perante o TJ (s— est‡ previsto 
isso na Constitui‹o ESTADUAL, n‹o na Federal). Neste caso, no aparente 
conflito entre a competncia do TJ para processar e julgar Jœlio (foro por 
prerrogativa de fun‹o NÌO PREVISTO NA CF/88), e a competncia do 
Tribunal do Jœri (crime doloso contra a vida), prevalece a competncia de 
do Tribunal do Jœri, eis que a competncia do Jœri est‡ prevista na CF/88 
e a competncia por prerrogativa de fun‹o (neste caso) n‹o. 
OBS.: Os deputados estaduais possuem prerrogativa de foro perante o 
TJ. Isso n‹o est‡ previsto expressamente na CF/88, mas entende-se que 
est‡ IMPLêCITO, pelo princ’pio da SIMETRIA. Assim, caso um deputado 
estadual cometa crime doloso contra a vida, prevalecer‡ a competncia 
de foro por prerrogativa de fun‹o. 
2.3 Competncia Territorial (ratione loci) 
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2.3.1 Em raz‹o do local da infra‹o 
A terceira e œltima fase para a defini‹o da competncia para 
julgamento de um processo criminal, compreende a an‡lise do local 
de ocorrncia da infra‹o (ou, em alguns casos, o local do domic’lio do 
rŽu), que ir‡ determinar em que base territorial ser‡ o processo julgado 
(comarca, na Justia Estadual, e Se‹o Judici‡ria, quando for da 
competncia da Justia Federal). 
Para definirmos a competncia territorial devemos, 
primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, 
precisamos saber qual o critŽrio para defini‹o do Òlugar do crimeÓ. 
Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do 
resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o 
resultado se consuma10. A exce‹o s‹o os crimes plurilocais contra 
a vida, onde se aplica a teoria da atividade.11 
Existem ainda alguns regramentos espec’ficos, como nos crimes 
de competncia dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se 
aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se 
considera lugar do crime o local em que foi decretada a falncia. Assim: 
Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado 
Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade 
Juizados Especiais Teoria da atividade 
Crimes falimentares Local onde foi decretada a 
falncia 
Atos infracionais Teoria da atividade 
AlŽm disso, temos: 
10 Art. 70. A competncia ser‡, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infra‹o, 
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o œltimo ato de execu‹o. 
¤ 1o Se, iniciada a execu‹o no territ—rio nacional, a infra‹o se consumar fora dele, a 
competncia ser‡ determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o œltimo ato de 
execu‹o. 
¤ 2o Quando o œltimo ato de execu‹o for praticado fora do territ—rio nacional, ser‡ competente o 
juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu 
resultado. 
¤ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdi›es, ou quando incerta a 
jurisdi‹o por ter sido a infra‹o consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdi›es, a 
competncia firmar-se-‡ pela preven‹o. 
Art. 71. Tratando-se de infra‹o continuada ou permanente, praticada em territ—rio de duas ou 
mais jurisdi›es, a competncia firmar-se-‡ pela preven‹o. 
11 Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produ‹o probat—ria, na 
busca pela verdade real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209 
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Crime praticado no exterior e consumado no exterior - 
Na capital do estado em que o rŽu (acusado), no Brasil, tenha 
fixado seu œltimo domic’lio, ou, caso nunca tenha sido 
domiciliado no Brasil, na capital federal. 
Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarca›es, 
mas, por determina‹o da Lei Penal, estejam sujeitos ˆ 
Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou 
pousar a embarca‹o ou aeronave, ou, ainda, no œltimo 
local em que tenha aportado ou pousado.12 
No caso de o crime n‹o se consumar, sendo, portanto, 
umcrime tentado (art. 14, II do CP) - Nessa hip—tese, 
aplica-se o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, 
considerando-se como lugar do crime o local onde 
ocorreu o œltimo ato de execu‹o. 
O ¤ 3¡ e o art. 71 tratam do fen™meno da preven‹o. O que isso 
significa? Quando dois ou mais —rg‹os jurisdicionais s‹o competentes 
para apreciar determinada demanda, a competncia ser‡ fixada naquele 
que primeiro atuar no caso. Assim, a competncia ser‡ fixada naquele 
Ju’zo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato 
prŽ-processual (pris‹o prŽ-processual, por exemplo), relativo ao 
processo. Essa Ž a defini‹o de competncia fixada por preven‹o. 
Nos termos do art. 83 do CPP: 
Art. 83. Verificar-se-‡ a competncia por preven‹o toda vez que, 
concorrendo dois ou mais ju’zes igualmente competentes ou com jurisdi‹o 
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na pr‡tica de algum ato do 
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denœncia ou da queixa (arts. 70, ¤ 3o, 71, 72, ¤ 2o, e 78, II, c). 
12 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do territ—rio brasileiro, ser‡ competente o ju’zo 
da Capital do Estado onde houver por œltimo residido o acusado. Se este nunca tiver residido no 
Brasil, ser‡ competente o ju’zo da Capital da Repœblica. 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarca‹o nas ‡guas territoriais da Repœblica, ou nos 
rios e lagos fronteirios, bem como a bordo de embarca›es nacionais, em alto-mar, ser‹o 
processados e julgados pela justia do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarca‹o, ap—s 
o crime, ou, quando se afastar do Pa’s, pela do œltimo em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espao aŽreo 
correspondente ao territ—rio brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro 
do espao aŽreo correspondente ao territ—rio nacional, ser‹o processados e julgados pela justia 
da comarca em cujo territ—rio se verificar o pouso ap—s o crime, ou pela da comarca de onde 
houver partido a aeronave. 
Art. 91. Quando incerta e n‹o se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 
e 90, a competncia se firmar‡ pela preven‹o. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 4.893, de 9.12.1965) 
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Se dois ou mais Ju’zes, na mesma comarca, forem competentes para 
julgar a demanda, a competncia ser‡ fixada pelo critŽrio da 
distribui‹o, ou seja, a competncia ser‡ fixada naquele —rg‹o 
jurisdicional ao qual fora distribu’da a a‹o penal. Nos termos do art. 75 
do CPP: 
Art. 75. A precedncia da distribui‹o fixar‡ a competncia quando, na 
mesma circunscri‹o judici‡ria, houver mais de um juiz igualmente 
competente. 
Par‡grafo œnico. A distribui‹o realizada para o efeito da concess‹o de fiana 
ou da decreta‹o de pris‹o preventiva ou de qualquer diligncia anterior ˆ 
denœncia ou queixa prevenir‡ a da a‹o penal. 
Entretanto, conforme disse a vocs, tanto o critŽrio da preven‹o 
quanto o critŽrio da distribui‹o n‹o passam de critŽrios de 
consolida‹o da competncia territorial, pois a competncia daquele 
Juiz j‡ existia antes da preven‹o ou distribui‹o, tendo apenas se 
consolidado quando da ocorrncia de um destes fen™menos. 
2.3.2 Em raz‹o do domic’lio do rŽu 
Existem casos em que a competncia territorial poder‡ ser fixada 
levando-se em conta o domic’lio do rŽu. Vejamos13: 
N‹o sendo conhecido o lugar da infra‹o Ð Ser‡ regulada 
pelo lugar do domic’lio ou residncia do rŽu. 
Se o rŽu tiver mais de uma residncia Ð Preven‹o. 
Se o rŽu n‹o tiver residncia ou for ignorado seu 
paradeiro - juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 
Se for hip—tese de crime de a‹o exclusivamente privada 
Ð Poder‡ o querelante escolher ajuizar a queixa no lugar do 
domic’lio ou residncia do rŽu, ainda que conhecido o lugar 
da infra‹o. 
Gostaria de chamar a aten‹o de vocs para um 
13 Art. 72. N‹o sendo conhecido o lugar da infra‹o, a competncia regular-se-‡ pelo domic’lio ou 
residncia do rŽu. 
¤ 1o Se o rŽu tiver mais de uma residncia, a competncia firmar-se-‡ pela preven‹o. 
¤ 2o Se o rŽu n‹o tiver residncia certa ou for ignorado o seu paradeiro, ser‡ competente o juiz 
que primeiro tomar conhecimento do fato. 
Art. 73. Nos casos de exclusiva a‹o privada, o querelante poder‡ preferir o foro de domic’lio ou 
da residncia do rŽu, ainda quando conhecido o lugar da infra‹o. 
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fato: O art. 73 fala em Òcasos de exclusiva a‹o privadaÓ. Assim, no 
caso de a‹o penal privada subsidi‡ria da pœblica, n‹o pode o 
querelante optar pela comarca do domic’lio do rŽu em detrimento 
da comarca do local da infra‹o, caso este local seja conhecido, 
pois esta a‹o n‹o Ž exclusivamente privada, mas, na verdade, Ž pœblica. 
Muito cuidado com isso!! 
2.4 Da Conex‹o e da Continncia 
A conex‹o e a continncia s‹o fen™menos que importam na 
modifica‹o da competncia previamente estabelecida. 
A conex‹o est‡ prevista no art. 76 do CPP: 
Art. 76. A competncia ser‡ determinada pela conex‹o: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infra›es, houverem sido praticadas, ao 
mesmo tempo, por v‡rias pessoas reunidas, ou por v‡rias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por v‡rias pessoas, umas 
contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou 
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em rela‹o a 
qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infra‹o ou de qualquer de suas circunst‰ncias 
elementares influir na prova de outra infra‹o. 
A Doutrina, em sua maioria, classifica a conex‹o em14: 
¥ Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do 
CPP) Ð Ocorre quando pessoas diversas cometem infra›es 
diversas no mesmo local, na mesma Žpoca, mas desde que n‹o 
estejam ligadas por nenhum v’nculo subjetivo. 
¥ Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) Ð Nesta 
hip—tese n‹o importa o local e o momento da infra‹o, desde 
que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. 
Assim, exige-se para esta hip—tese de conex‹o que os agentes 
tenham agido unidos por um v’nculo subjetivo, uma comunh‹o 
de esforos para a pr‡tica das infra›es penais. 
¥ Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) Ð 
Traduz a hip—tese de conex‹o de infra›es praticadas no 
mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram 
as infra›es uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de 
les›es corporais praticados reciprocamente entre fulano e 
beltrano. 
¥ Conex‹o objetiva teleol—gica (art. 76, II do CPP) Ð Uma 
infra‹o deve ter sido praticada para ÒfacilitarÓ a outra. Assim, 
14 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243 
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imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para 
entrar na casa e assassinar o dono da residncia. 
¥ Conex‹o objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) Ð 
Nesta hip—tese uma infra‹o Ž cometida para ocultar a outra, 
ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a 
vantagem da outra infra‹o. Imaginem o caso de alguŽm que 
comete homic’dio e, logo ap—s, mata tambŽm a œnica 
testemunha, para garantir que ninguŽm poder‡ provar sua 
culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. 
¥ Conex‹o instrumental (art. 76, III do CPP) Ð Exige-se, nesse 
caso, que a prova da ocorrncia de uma infra‹o e de sua 
autoria influencie na caracteriza‹o da outra infra‹o. Exemplo 
cl‡ssico Ž a conex‹o entre o crime de furto e de recepta‹o, no 
qual a prova da existncia do furto, e de sua autoria, influencia 
na caracteriza‹o do crime de recepta‹o. 
A continncia, por sua vez, est‡ prevista no art. 77 do CP; 
Art. 77. A competncia ser‡ determinada pela continncia quando: 
I -duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infra‹o; 
II - no caso de infra‹o cometida nas condi›es previstas nos arts. 51, ¤ 1o, 
53, segunda parte, e 54 do C—digo Penal. 
Os mencionados arts. 51, ¤ 1¡, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto 
original da parte geral do C—digo penal, que foi totalmente alterado pela 
Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem ˆs 
hip—teses de concurso formal e suas aplica›es no caso de erro na 
execu‹o (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos 
arts. 70, 73 e 74 do CP. 
Assim, por quest›es did‡ticas, a doutrina divide a continncia 
em: 
¥ Continncia por cumula‹o subjetiva (art. 77, I do CPP) Ð 
ƒ o caso no qual duas ou mais pessoas s‹o acusadas pela 
mesma infra‹o (concurso de pessoas). Diferentemente da 
hip—tese de conex‹o, aqui h‡ apenas um fato criminoso, e n‹o 
v‡rios.15 
¥ Continncia por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 
70 do CP) Ð Aqui, mediante uma s— conduta, o agente pratica 
dois ou mais crimes, sem que tenha tido a inten‹o de pratic‡-
los. 
15 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244 
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As hip—teses de continncia e conex‹o podem ser melhor explicadas 
atravŽs do gr‡fico abaixo: 
2.5 Regras aplic‡veis nos casos de determina‹o da 
competncia pela conex‹o ou continncia 
O CPP prev algumas regras que devem ser observadas quando da 
consolida‹o da competncia pela conex‹o ou continncia. Nos termos do 
seu art. 78: 
Art. 78. Na determina‹o da competncia por conex‹o ou continncia, ser‹o 
observadas as seguintes regras: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, de 
23.2.1948) 
I - no concurso entre a competncia do jœri e a de outro —rg‹o da jurisdi‹o 
comum, prevalecer‡ a competncia do jœri; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, 
de 23.2.1948) 
Il - no concurso de jurisdi›es da mesma categoria: (Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 263, de 23.2.1948) 
a) preponderar‡ a do lugar da infra‹o, ˆ qual for cominada a pena mais
grave; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
b) prevalecer‡ a do lugar em que houver ocorrido o maior nœmero de
infra›es, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Reda‹o dada 
pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
c) firmar-se-‡ a competncia pela preven‹o, nos outros casos; (Reda‹o
dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
III - no concurso de jurisdi›es de diversas categorias, predominar‡ a de 
maior gradua‹o; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
IV - no concurso entre a jurisdi‹o comum e a especial, prevalecer‡ esta. 
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
HIPîTESES DE 
MODIFICA‚ÌO DA 
COMPETæNCIA
CONEXÌO CONTINæNCIA 
CUMULA‚ÌO 
SUBJETIVA 
EM RAZÌO DE CONCURSO 
FORMAL DE CRIMES 
INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL 
OU PROBATîRIA 
SIMULTANEIDADE 
OCASIONAL 
CONCURSO 
RECIPROCIDADE 
TELEOLîGICA 
CONSEQUENCIAL 
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Assim, em resumo: 
1. Havendo conex‹o ou continncia entre um crime de competncia
do Tribunal do Jœri e outro crime, de competncia do Juiz singular, a 
competncia dever‡ ser fixada naquele. 
2. No caso de Jurisdi›es da mesma categoria, primeiro se utiliza o
critŽrio de fixa‹o da competncia territorial com base na local em que 
ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem 
idnticas, utiliza-se o critŽrio do lugar onde ocorreu o maior 
nœmero de infra›es penais. Caso as penas sejam idnticas e tenha 
sido cometido o mesmo nœmero de infra›es penais, ou, ainda, em 
qualquer outro caso, aplica-se a fixa‹o da competncia pela preven‹o 
(Lembram-se da preven‹o, n‹o Ž?) 
3. Se as Jurisdi›es forrem de graus diferentes (Um Tribunal
Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competncia ser‡ fixada no 
—rg‹o de Jurisdi‹o superior. 
4. Se houver conex‹o entre uma causa de competncia da Justia
Comum e outra da Justia Especial, ser‡ fixada a competncia nesta. Ex.: 
Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Ser‡ da 
competncia da Justia Eleitoral o julgamento de ambos os processos. 
Inclusive, o STF editou o verbete n¡ 704 da sœmula de sua 
Jurisprudncia, afirmando que a atra‹o de um processo por conex‹o 
ou continncia, no caso de correu, por prerrogativa de fun‹o do outro 
rŽu, n‹o viola a Constitui‹o: 
SòMULA N¼ 704 
NÌO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO 
DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRA‚ÌO POR CONTINæNCIA OU CONEXÌO 
DO PROCESSO DO CO-RƒU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUN‚ÌO DE 
UM DOS DENUNCIADOS. 
1.2. Separa‹o de processos em hip—teses de conex‹o e 
continncia 
Embora a regra seja a de que, havendo conex‹o ou continncia, 
todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo 
—rg‹o jurisdicional, existem algumas exce›es, ou seja, existem 
casos em que mesmo ocorrendo conex‹o ou continncia, n‹o 
haver‡ reuni‹o de processos. 
Estas hip—teses est‹o previstas no art. 79 do CPP: 
Art. 79. A conex‹o e a continncia importar‹o unidade de processo e 
julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdi‹o comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdi‹o comum e a do ju’zo de menores. 
¤ 1o Cessar‡, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em rela‹o a 
algum co-rŽu, sobrevier o caso previsto no art. 152. 
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¤ 2o A unidade do processo n‹o importar‡ a do julgamento, se houver co-rŽu 
foragido que n‹o possa ser julgado ˆ revelia, ou ocorrer a hip—tese do art. 
461. 
Art. 80. Ser‡ facultativa a separa‹o dos processos quando as infra›es 
tiverem sido praticadas em circunst‰ncias de tempo ou de lugar diferentes, 
ou, quando pelo excessivo nœmero de acusados e para n‹o Ihes prolongar a 
pris‹o provis—ria, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a 
separa‹o. 
Vamos analisar as hip—teses isoladamente: 
¥ Concurso entre a Jurisdi‹o comum e militar Ð A œnica 
ressalva que deve ser feita Ž a de que, no caso de militar que 
comete crime doloso contra a vida de um civil, responde 
perante o Tribunal do Jœri, e n‹o perante a Justia Militar, nos 
termos do art. 82, ¤ 2¡ do C—digo de Processo Penal Militar Ð 
CPPM. 
¥ Concurso entre crime e infra‹o de competncia do 
Juizado da Inf‰ncia e da Juventude Ð Nestas hip—teses (por 
exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um 
menor, que responde perante o ECA, e um adulto), n‹o pode 
haver reuni‹o de processos. 
¥ Insanidade mental superveniente de um dos corrŽus (art. 
152 do CPP) Ð Nesse caso, havendo a insanidade mental do 
corrŽu sido regularmente apurada em incidente de insanidade 
mental, os processos devem ser separados, pois o processo, 
em rela‹o ao corrŽu declarado mentalmente insano, ser‡ 
suspenso, nos termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa 
insanidade mental do rŽu deve ser posterior ao fato criminoso 
(art. 151 do CPP). 
¥ Impossibilidade de forma‹o do conselho de sentena no 
Tribunal do Jœri Ð Embora o ¤ 2¡ do art. 79 mencione o Òart. 
461Ó, com as altera›es promovidas pela Lei 11.689/08, vocs 
devem entender como Òart. 469, ¤ 1¡ do CPPÓ. Este artigo trata 
da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Jœri, 
formar-se o conselho de sentena (m’nimo de sete jurados), 
em raz‹o das recusas legalmente permitidas realizadas pelos 
advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do 
Jœri, dois ou mais rŽus, e sendo diferentes os advogados, as 
recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) 
impossibilitarem a forma‹o do conselho de sentena, o 
processo dever‡ ser desmembrado. 
¥ Separa‹o facultativa quando os fatos criminosos 
tenham sido praticados em circunst‰ncias de tempo e 
lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reuni‹o de 
processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa 
ou puder implicar em retardamentodo processo (art. 80 
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do CPP) Ð O importante Ž saber que, nestas hip—teses, a 
separa‹o dos processos Ž discricion‡ria, ou seja, o Juiz pode, 
ou n‹o, a seu critŽrio, decidir pela separa‹o dos processos. 
ATEN‚ÌO! Existe uma outra hip—tese de separa‹o de processos, no 
entendimento jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a 
vida praticados em concurso de pessoas, quando um dos 
acusados possui foro por prerrogativa de fun‹o fixado na 
Constitui‹o Federal, ao invŽs de todos os acusados serem julgados 
perante o Tribunal (em raz‹o da prerrogativa de foro de um dos 
comparsas), haver‡ a separa‹o dos processos, de forma que o 
detentor de prerrogativa de foro ser‡ julgado perante o Tribunal 
respectivo e os demais pelo Tribunal do Jœri. 
EXEMPLO: JosŽ e Valter s‹o contratados por Ricardo Albuquerque, 
deputado federal, para matarem Lœcio, desafeto de Ricardo. JosŽ e Valter 
executam o crime. No caso em tela, Ricardo de Albuquerque possui foro 
privilegiado (como Ž deputado federal, a Constitui‹o prev que cabe ao 
STF julg‡-lo nos crimes comuns), mas os demais n‹o possuem. Neste 
caso, Ricardo ser‡ julgado pelo STF e os demais ser‹o julgados pelo 
Tribunal do Jœri. 
Por que, neste caso, n‹o h‡ atra‹o por continncia? N‹o h‡ 
porque as regras de continncia s‹o infraconstitucionais, e tanto a 
competncia do Jœri quanto a do STF (por prerrogativa de fun‹o) est‹o 
previstas na pr—pria Constitui‹o Federal. Assim, normas 
infraconstitucionais n‹o podem se sobrepor a normas de ’ndole 
constitucional. 
O art. 81 trata da hip—tese de perpetua‹o da competncia. 
Vejamos: 
Art. 81. Verificada a reuni‹o dos processos por conex‹o ou continncia, ainda 
que no processo da sua competncia pr—pria venha o juiz ou tribunal a 
proferir sentena absolut—ria ou que desclassifique a infra‹o para outra que 
n‹o se inclua na sua competncia, continuar‡ competente em rela‹o aos 
demais processos. 
Par‡grafo œnico. Reconhecida inicialmente ao jœri a competncia por conex‹o 
ou continncia, o juiz, se vier a desclassificar a infra‹o ou impronunciar ou 
absolver o acusado, de maneira que exclua a competncia do jœri, remeter‡ o 
processo ao ju’zo competente. 
O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois 
processos (reunidos por conex‹o ou continncia), e no processo de sua 
competncia origin‡ria (e n‹o aquele que lhe foi remetido em raz‹o da 
conex‹o ou continncia) ele profere sentena absolut—ria ou desclassifica 
o fato para outro crime, que n‹o seja de sua competncia, mesmo assim
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ele continua competente para julgar o processo recebido pela 
conex‹o. 
O ¤ 1¡, por sua vez, estabelece uma exce‹o ˆ regra. Se houver 
reuni‹o de processos para julgamento pelo Tribunal do Jœri, havendo 
desclassifica‹o, absolvi‹o sum‡ria ou impronœncia, dever‡ o Juiz 
remeter o processo conexo ao Ju’zo competente (que n‹o era o Tribunal 
do Jœri).16 
O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conex‹o ou 
continncia, mas terem sido instaurados processos em Ju’zos diversos, o 
Juiz cuja competncia Ž prevalente poder‡ avocar (trazer para si) o 
julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se j‡ houver 
sentena definitiva naqueles (j‡ tiverem transitado em julgado). Se j‡ 
tiver ocorrido o tr‰nsito em julgado, os processos ser‹o reunidos 
posteriormente para fins de execu‹o de pena: 
Art. 82. Se, n‹o obstante a conex‹o ou continncia, forem instaurados 
processos diferentes, a autoridade de jurisdi‹o prevalente dever‡ avocar os 
processos que corram perante os outros ju’zes, salvo se j‡ estiverem com 
sentena definitiva. Neste caso, a unidade dos processos s— se dar‡, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unifica‹o das penas. 
2.6 Competncia penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Ju’zes 
Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais 
Conforme estudamos, a competncia nada mais Ž que uma divis‹o 
funcional para o exerc’cio leg’timo da Jurisdi‹o. As normas que definem 
a competncia est‹o previstas em diversos diplomas legislativos, dentre 
eles, a pr—pria Constitui‹o. 
Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competncia criminal 
de cada um dos —rg‹os do Judici‡rio citados: 
2.6.1 Da competncia criminal do STF 
Nos termos da Constitui‹o Federal, compete ao STF julgar: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constitui‹o, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infra›es penais comuns, o Presidente da Repœblica, o Vice-Presidente,
os membros do Congresso Nacional, seus pr—prios Ministros e o Procurador-
Geral da Repœblica; 
c) nas infra›es penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do ExŽrcito e da 
16 Isso n‹o ocorrer‡ se a desclassifica‹o ocorrer apenas no momento da quesita‹o formulada 
aos jurados (art. 492, ¤1¼ do CPP). 
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Aeron‡utica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais 
Superiores, os do Tribunal de Contas da Uni‹o e os chefes de miss‹o 
diplom‡tica de car‡ter permanente; (Reda‹o dada pela Emenda 
Constitucional n¼ 23, de 1999) 
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas 
al’neas anteriores; o mandado de segurana e o "habeas-data" contra atos do 
Presidente da Repœblica, das Mesas da C‰mara dos Deputados e do Senado 
Federal, do Tribunal de Contas da Uni‹o, do Procurador-Geral da Repœblica e 
do pr—prio Supremo Tribunal Federal; 
(...) 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator 
ou o paciente for autoridade ou funcion‡rio cujos atos estejam sujeitos 
diretamente ˆ jurisdi‹o do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime 
sujeito ˆ mesma jurisdi‹o em uma œnica inst‰ncia; (Reda‹o dada pela 
Emenda Constitucional n¼ 22, de 1999) 
j) a revis‹o criminal e a a‹o rescis—ria de seus julgados;
l) a reclama‹o para a preserva‹o de sua competncia e garantia da
autoridade de suas decis›es; 
m) a execu‹o de sentena nas causas de sua competncia origin‡ria,
facultada a delega‹o de atribui›es para a pr‡tica de atos processuais; 
(...) 
II - julgar, em recurso ordin‡rio: 
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurana, o "habeas-data" e o 
mandado de injun‹o decididos em œnica inst‰ncia pelos Tribunais 
Superiores, se denegat—ria a decis‹o; 
b) o crime pol’tico; 
III - julgar, mediante recurso extraordin‡rio, as causas decididas em œnica ou 
œltima inst‰ncia, quando a decis‹o recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constitui‹o;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar v‡lida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constitui‹o. 
d) julgar v‡lida lei local contestada em face de lei federal. (Inclu’da pela
Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
Perceba, meu caro aluno, que a competncia criminal do STF, 
segundo a constitui‹o, pode ser de duas ordens: Origin‡ria e 
Recursal. 
A competncia origin‡ria est‡ prevista no inciso I do art. 102, e 
engloba as seguintes situa›es: 
¥ Nas infra›es penais comuns, o Presidente da Repœblica, o 
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus 
pr—prios Ministros e o Procurador-Geral da Repœblica. 
¥ Nas infra›es penais comuns e nos crimes de 
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes 
da Marinha, do ExŽrcito e da Aeron‡utica, ressalvado o 
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os 
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do Tribunal de Contas da Uni‹o e os chefes de miss‹o 
diplom‡tica de car‡ter permanente. 
¥ O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoasreferidas nas al’neas anteriores (Presidente, Vice, Membros 
do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais Superiores, PGR, 
ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das 
Foras Armadas e chefes de miss‹o diplom‡tica de car‡ter 
permanente). 
¥ O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior 
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou 
funcion‡rio cujos atos estejam sujeitos diretamente ˆ 
jurisdi‹o do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de 
crime sujeito ˆ mesma jurisdi‹o em uma œnica 
inst‰ncia. 
¥ A revis‹o criminal de seus pr—prios julgados; 
¥ A execu‹o de sentena nas causas de sua competncia 
origin‡ria, facultada a delega‹o de atribui›es para a pr‡tica 
de atos processuais. 
CUIDADO MASTER! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral 
da Uni‹o possuem status de Ministros de Estado. 
Na competncia origin‡ria o processo criminal comea diretamente 
no STF, sem passar antes por qualquer outro —rg‹o do Judici‡rio. 
A competncia para a execu‹o dos seus pr—prios julgados e para 
julgar a revis‹o criminal de seus pr—prios julgados s‹o competncias 
l—gicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal M‡ximo do pa’s, n‹o faria 
sentido submeter a Revis‹o Criminal, por exemplo, a outro —rg‹o do 
Judici‡rio. 
As hip—teses de competncia constitucional origin‡ria do STF s‹o, na 
verdade, TODAS POR PRERROGATIVA DE FUN‚ÌO, sendo, portanto, 
ratione personae. 
A primeira hip—tese trata dos crimes comuns praticados pelo: 
ü Presidente da Repœblica 
ü Vice-Presidente da Repœblica 
ü Membro do Congresso Nacional 
ü Ministros do STF 
ü Procurador-Geral da Repœblica 
Estas s‹o as cinco ÒfigurasÓ que possuem prerrogativa de fun‹o, 
devendo ser julgadas, por crimes comuns, no STF. Mas, e quem as 
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julga no caso de crimes de responsabilidade? A resposta est‡ no art. 
52, I e II da Constitui‹o, que prev a competncia do SENADO 
FEDERAL: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repœblica nos 
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do ExŽrcito e da Aeron‡utica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles; (Reda‹o dada pela Emenda Constitucional 
n¼ 23, de 02/09/99) 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros 
do Conselho Nacional de Justia e do Conselho Nacional do MinistŽrio Pœblico, 
o Procurador-Geral da Repœblica e o Advogado-Geral da Uni‹o nos crimes de
responsabilidade; (Reda‹o dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
CUIDADO! Isso n‹o se aplica aos membros do Congresso 
Nacional. N‹o h‡ na CF/88 previs‹o de julgamento dos congressistas 
por crime de responsabilidade. H‡ previs‹o, apenas, de julgamento 
perante a pr—pria Casa (C‰mara ou Senado) por quebra de decoro 
parlamentar. 
A segunda hip—tese de competncia criminal origin‡ria do STF se 
refere aos crimes comuns e aos crimes de responsabilidade praticados por 
algumas autoridades. Vejamos: 
ü Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I) 
ü Comandantes da Marinha, do ExŽrcito e da Aeron‡utica 
(ressalvado o disposto no art. 52, I) 
ü Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ) 
ü Membros do Tribunal de Contas da Uni‹o 
ü Chefes de miss‹o diplom‡tica de car‡ter permanente 
Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constitui‹o? 
Essa ressalva se refere ˆ possibilidade de o crime de responsabilidade 
praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO com um crime de 
responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da 
Repœblica. Neste caso, a competncia para julgamento do crime de 
responsabilidade praticado por alguma destas figurinhas n‹o ser‡ do STF, 
mas do SENADO FEDERAL. 
Por fim, h‡ ainda a competncia origin‡ria do STF para processo e 
julgamento das a›es de Habeas Corpus. 
Primeiramente, devemos ter em mente que o HC n‹o Ž um recurso, 
mas uma a‹o aut™noma, ou seja, um processo aut™nomo. 
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Existem trs figuras espec’ficas no HC. S‹o elas: 
A competncia do STF para processar e julgar HCs depende da 
presena de determinadas autoridades como coatoras ou pacientes, de 
acordo com a tabela abaixo: 
HABEAS CORPUS NO STF - ORIGINçRIA 
PACIENTE COATOR COATOR OU PACIENTE 
§ Presidente
§ Vice-presidente
§ Membros do 
Congresso
§ Ministros do TCU
§ Ministros dos 
Tribunais Superiores
§ Ministros de Estado
§ PGR
§ Comandantes das 
Foras Armadas
§ Chefes de Miss‹o
diplom‡tica de car‡ter
permanente
Tribunal 
Superior 
§ Autoridade ou 
funcion‡rio cujos atos
estejam sujeitos 
diretamente ˆ jurisdi‹o
do Supremo Tribunal
Federal
§ Crime sujeito ˆ mesma
jurisdi‹o em uma œnica
inst‰ncia
AlŽm da competncia origin‡ria, o STF possui uma competncia 
criminal recursal, que est‡ prevista no inciso II do art. 102, trazendo as 
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seguintes hip—teses, nas quais o STF julgar‡ o Recurso Ordin‡rio 
interposto: 
ü Crime pol’tico 
ü Habeas Corpus, quando o decidido em òNICA INSTåNCIA 
pelos TRIBUNAIS SUPERIORES 
Vejam, portanto, que s‹o apenas duas as hip—teses de competncia 
criminal mediante Recurso Ordin‡rio. 
CUIDADO! Se uma pessoa aju’za Habeas 
Corpus perante o STJ, por exemplo, (em raz‹o de uma ilegalidade 
praticada por um Tribunal de Justia) e a ordem de Habeas Corpus Ž 
denegada (Indeferido o pedido), a pessoa pode optar por: 
ü Interpor Recurso Ordin‡rio perante o STF (pois o HC foi 
decidido pelo Tribunal Superior em œnica inst‰ncia); ou 
ü Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do 
Tribunal Superior, negando o HC, transforma o Tribunal em 
autoridade coatora)17. 
Assim, sendo julgado e negado um HC, em œnica inst‰ncia por um 
Tribunal Superior, pode ser que o STF aprecie a matŽria em grau de 
recurso (Recurso Ordin‡rio) ou mediante competncia origin‡ria (Novo 
HC). 
2.6.2 Competncia Criminal do STJ 
Nos termos do art. 105 da Constitui‹o Federal: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e,
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de 
Justia dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de 
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, 
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos 
ou Tribunais de Contas dos Munic’pios e os do MinistŽrio Pœblico da Uni‹o que 
oficiem perante tribunais; 
b) os mandados de segurana e os habeas data contra ato de Ministro de
Estado, dos Comandantes da Marinha, do ExŽrcito e da Aeron‡utica ou do 
pr—prio Tribunal;(Reda‹o dada pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 1999) 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na al’nea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito ˆ sua 
jurisdi‹o, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do ExŽrcito ou da 
17 CUIDADO: O STF vem rechaando a utiliza‹o do HC como substitutivo de recurso, autorizando 
apenas em casos excepcionais. 
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Aeron‡utica, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; (Reda‹o dada 
pela Emenda Constitucional n¼ 23, de 1999) 
d) os conflitos de competncia entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e ju’zes a ele n‹o 
vinculados e entre ju’zes vinculados a tribunais diversos; 
e) as revis›es criminais e as a›es rescis—rias de seus julgados;
f) a reclama‹o para a preserva‹o de sua competncia e garantia da
autoridade de suas decis›es;(...) 
II - julgar, em recurso ordin‡rio: 
a) os "habeas-corpus" decididos em œnica ou œltima inst‰ncia pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territ—rios, quando a decis‹o for denegat—ria; 
(...) 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em œnica ou œltima 
inst‰ncia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, 
do Distrito Federal e Territ—rios, quando a decis‹o recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia;
b) julgar v‡lido ato de governo local contestado em face de lei
federal;(Reda‹o dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
c) der a lei federal interpreta‹o divergente da que lhe haja atribu’do outro
tribunal. 
A competncia criminal do STJ, tal qual a do STF, tambŽm Ž dividida 
em ORIGINçRIA e RECURSAL. 
A competncia origin‡ria se dar‡ nos seguintes casos: 
§ Crimes comuns - Praticados por Governadores de estados ou
do DF
§ Crimes comuns e de responsabilidade - Praticados por (1)
Desembargadores dos TJs, TRFs, TRTs e TREs; (2) Membros
dos Tribunais de Contas dos Estados e dos Tribunais e
Conselhos de Contas dos Munic’pios; (3) Membros do MPU que
oficiem perante Tribunais.
§ Revis‹o Criminal dos seus pr—prios julgados Ð Se o STJ
proferir condena‹o definitiva em processo de sua competncia
origin‡ria (Ex.: crime comum praticado por Governador),
eventual revis‹o criminal (caso surja prova nova) dever‡ ser
ajuizada perante o pr—prio STJ.
§ Habeas corpus Ð Conforme tabela abaixo:
HABEAS CORPUS NO STJ - ORIGINçRIA 
COATOR COATOR OU PACIENTE 
§ Tribunal sujeito ˆ jurisdi‹o do STJ
(TJ e TRFs)
Qualquer das autoridades que 
o STJ julga originariamente:
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§ Ministro de Estado ou Comandante
das Foras Armadas OBS.:
Ressalvada a competncia da
Justia Eleitoral
§ Nos crimes comuns (Ex.:
Governador)
§ Nos crimes comuns e nos
de responsabilidade (Ex.:
Desembargador de TJ)
A competncia recursal criminal do STJ, por sua vez, se d‡ no caso 
de Recurso Ordin‡rio em Habeas Corpus, quando a decis‹o for 
proferida em òNICA OU òLTIMA INSTåNCIA por Tribunal de Justia 
ou TRF, quando for DENEGATîRIA A DECISÌO (indeferido o pedido do 
HC). 
2.6.3 Competncia Criminal da Justia Federal (Ju’zes, TRFs e Juizados 
Especiais Federais) 
A competncia criminal da Justia Federal Ž tambŽm definida na 
Constitui‹o, possuindo algumas regras de competncia ratione 
personae e outras de competncia ratione materiae. Vejamos: 
Art. 109. Aos ju’zes federais compete processar e julgar: 
(...) 
IV - os crimes pol’ticos e as infra›es penais praticadas em detrimento de 
bens, servios ou interesse da Uni‹o ou de suas entidades aut‡rquicas ou 
empresas pœblicas, exclu’das as contraven›es e ressalvada a competncia 
da Justia Militar e da Justia Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou conven‹o internacional, quando, 
iniciada a execu‹o no Pa’s, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o ¤ 5¼ deste 
artigo;(Inclu’do pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organiza‹o do trabalho e, nos casos determinados 
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econ™mico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matŽria criminal de sua competncia ou quando 
o constrangimento provier de autoridade cujos atos n‹o estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdi‹o; 
VIII - os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais 
federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competncia da Justia Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a 
execu‹o de carta rogat—ria, ap—s o "exequatur", e de sentena estrangeira, 
ap—s a homologa‹o, as causas referentes ˆ nacionalidade, inclusive a 
respectiva op‹o, e ˆ naturaliza‹o; 
XI - a disputa sobre direitos ind’genas. 
No caso do inciso IV, temos duas hip—teses: 
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a) Crimes pol’ticos Ð Praticados com motiva‹o pol’tica (art. 2¡ da
Lei 7.170/83 Ð NÌO PRECISA LER A LEI!). 
b) Crimes praticados contra bens, interesses e servios da
Uni‹o, suas autarquias e empresas pœblicas Ð Nesse caso, ser‹o 
julgadas pela Justia Federal (Ju’zes de primeiro grau) as condutas 
delituosas que ofendam a Uni‹o, suas autarquias ou empresas pœblicas. 
Imaginem um roubo a uma reparti‹o federal, ou um homic’dio praticado 
contra um agente da Pol’cia Federal em servio. Por ofenderem bens 
jur’dicos da Uni‹o, ser‹o julgados pela Justia Federal. 
Temos, ainda, as seguintes hip—teses de julgamento de a›es penais, 
previstas nos incisos V, VI, IX e X: 
ü Crimes previstos em tratado ou conven‹o internacional, 
quando, iniciada a execu‹o no Pa’s, o resultado tenha ou 
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente 
ü Crimes contra a organiza‹o do trabalho e, nos casos 
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem 
econ™mico-financeira 
ü Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada 
a competncia da Justia Militar 
ü Crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro; 
ü Crimes envolvendo disputas sobre direitos ind’genas 
Em todas estas cinco hip—teses, a competncia para julgamento ser‡ 
da Justia Federal (em regra, de primeiro grau). 
Mas, e quando ser‡ competente o TRF? A competncia do TRF 
est‡ prevista no art. 108 da Constitui‹o: 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) os ju’zes federais da ‡rea de sua jurisdi‹o, inclu’dos os da Justia Militar e
da Justia do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os 
membros do MinistŽrio Pœblico da Uni‹o, ressalvada a competncia da Justia 
Eleitoral; 
b) as revis›es criminais e as a›es rescis—rias de julgados seus ou dos ju’zes
federais da regi‹o; 
c) os mandados de segurana e os "habeas-data" contra ato do pr—prio
Tribunal ou de juiz federal; 
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competncia entre ju’zes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos ju’zes federais e 
pelos ju’zes estaduais no exerc’cio da competncia federal da ‡rea de sua 
jurisdi‹o. 
O TRF possui, assim como o STF e o STJ, tanto competncia 
origin‡ria quanto recursal. 
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A competncia criminal origin‡ria dos TRFs se dar‡ em apenas duas 
hip—teses. 
No caso de Crimes comuns e de responsabilidade, o TRF ter‡ 
competncia origin‡ria para processar e julgar: 
§ Ju’zes federais, Ju’zes do Trabalho e da Justia Militar 
Federalizada 
§ Membros do MinistŽrio Pœblico da Uni‹o. 
OBS.: Ressalvada a competncia da Justia Eleitoral. 
EXEMPLO: Paulo Ž Juiz Federal no Rio de Janeiro, vinculado ao TRF2. 
Paulo comete um crime de estelionato (competncia, em tese, da 
Justia Estadual). Neste caso, Paulo ser‡ julgado pelo TRF2, mesmo em 
se tratando de crime estadual (n‹o Ž crime federal). Caso Paulo tivesse 
praticado um crime ELEITORAL, o TRF NÌO teria competncia para 
julg‡-lo. Neste caso, a competncia seria da Justia Eleitoral (TRE). 
Na hip—tese de Revis‹o Criminal o TRF ser‡ competente para 
apreciar as revis›es criminais interpostas contra os seus pr—prios julgados 
e contra os julgados dos Ju’zes Federais que a ele estiverem vinculados. 
AlŽm destas, o TRF ter‡ competncia para processar e julgar os 
HCs quando a autoridade coatora for JUIZ FEDERAL a ele vinculado 
ou TURMA RECURSAL18 a ele vinculada. 
Por fim, o TRF tem ainda

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