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Aula 01
Direito Processual Penal p/ PC-MS
(Papiloscopista) - 2021- Pré-Edital
Autores:
Renan Araujo, Equipe Penal e
Processo Penal
Aula 01
8 de Fevereiro de 2021
 
1 
Sumário 
JURISDIÇÃO ...................................................................................................................................... 4	
1	 Conceito ................................................................................................................................. 4	
2	 Características da Jurisdição .................................................................................................. 5	
2.1	 Inércia .............................................................................................................................. 5	
2.2	 Caráter substitutivo ......................................................................................................... 6	
2.3	 Definitividade .................................................................................................................. 6	
3	 Princípios da Jurisdição .......................................................................................................... 6	
3.1	 Investidura ....................................................................................................................... 6	
3.2	 Indelegabilidade ............................................................................................................. 7	
3.3	 Inevitabilidade da jurisdição ............................................................................................ 7	
3.4	 Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) ...................................................... 7	
3.5	 Princípio do Juiz natural .................................................................................................. 8	
3.6	 Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) ........................................................ 8	
3.7	 Espécies de Jurisdição .................................................................................................... 8	
DA COMPETÊNCIA .......................................................................................................................... 9	
1	 Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de Jurisdição ou 
competência de Justiça. .............................................................................................................. 10	
2	 Competência em razão da pessoa (ratione personae) ......................................................... 13	
2.1	 Conflito aparente entre a competência de foro por prerrogativa de função e a 
competência do Tribunal do Júri ............................................................................................. 16	
3	 Competência Territorial (ratione loci) ................................................................................... 18	
3.1	 Em razão do local da infração ....................................................................................... 18	
3.2	 Em razão do domicílio do réu ....................................................................................... 20	
Renan Araujo, Equipe Penal e Processo Penal
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2 
4	 Da Conexão e da Continência .............................................................................................. 21	
5	 Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão ou continência
 23	
6	 Separação de processos em hipóteses de conexão e continência ...................................... 25	
7	 Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais 
Criminais Federais ........................................................................................................................ 28	
7.1	 Da competência criminal do STF .................................................................................. 28	
7.2	 Competência Criminal do STJ ....................................................................................... 33	
7.3	 Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados Especiais Federais)
 35	
7.4	 Pontos polêmicos .......................................................................................................... 40	
DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES .......................................................................................... 40	
SÚMULAS PERTINENTES ................................................................................................................ 51	
1	 Súmulas vinculantes .............................................................................................................. 51	
2	 Súmulas do STF .................................................................................................................... 51	
3	 Súmulas do STJ .................................................................................................................... 53	
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA ..................................................................................................... 55	
EXERCÍCIOS COMENTADOS ......................................................................................................... 61	
EXERCÍCIOS PARA PRATICAR ...................................................................................................... 117	
GABARITO .................................................................................................................................... 141	
 
 
 
 
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Olá, meus amigos! 
Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser muito cobrado em provas de 
concursos públicos, que é a competência. Antes, daremos uma passada pela Jurisdição, pois é 
fundamental para a perfeita compreensão da competência no processo penal. 
Muita atenção, pois temos vários entendimentos jurisprudenciais importantes! 
Nossa aula já está atualizada de acordo com as teses firmadas pelo STF no julgamento da AP 937 
(ação penal 937), na qual o STF restringiu o alcance do foro privilegiado. 
Friso que o chamado “Juiz das Garantias”, incluído no CPP pela Lei 13.964/19, ainda não está 
devidamente implantado, tendo havido a suspensão da eficácia dos artigos do CPP que tratam 
do Juiz das Garantias (decisão liminar proferida na ADI 6298/DF). 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
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 JURISDIÇÃO 
1 Conceito 
O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: Administrativa, legislativa 
e jurisdicional. A primeira é exercida pelo Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo 
Judiciário. Nas aulas de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um dos Poderes 
da República exerce primordialmente uma função, e não exclusivamente. Entretanto, para o nosso 
estudo, basta que vocês saibam isso. 
Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a função jurisdicional. Mas em 
que consiste a função jurisdicional? Para entendermos, vamos à etimologia da palavra. 
Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O DIREITO. Partindo desta 
premissa, podemos conceituar a Jurisdição como: 
A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso 
concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise 
jurídica e trazer a paz social. 
E o que seriam a CIRCUNSCRIÇÃO e a ATRIBUIÇÃO? 
• Atribuição – É a “competência” conferida a autoridades administrativas para a prática 
de determinada função. Assim, o Delegado de Polícia possui atribuição, e não 
competência, pois o termo competência se restringeaos órgãos jurisdicionais. 
• Circunscrição – A circunscrição é o espaço territorial em que uma autoridade policial 
(Delegado de Polícia) exerce sua atribuição. 
A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. Entretanto, essa é sua 
finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos duas outras finalidades. 
A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio jurídico que perdura, dizer 
quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do 
senso de democracia participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando falamos, 
por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão para o a seara penal). 
Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a imagem do Estado como 
entidade soberana, que tem o poder de dizer quem está certo e fazer valer essa decisão. 
Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou pedagógico, que, no processo penal, 
tem por finalidade transmitir à população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a 
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população se torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente tuteladas 
(parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo social). 
2 Características da Jurisdição 
2.1 Inércia 
O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só presta a 
tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-
lo, requerendo que exerça seu Poder jurisdicional. 
Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas. O que vocês precisam saber 
é que há exceções, e isso basta. Uma delas é a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem 
provocação), conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante 
abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do CPP: 
§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de 
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está 
na iminência de sofrer coação ilegal. 
A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles: 
 Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não cabe ao Juiz criar um. 
 Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar para qual lado tende a 
julgar, e isso violaria o princípio da imparcialidade de Juiz. 
Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as raríssimas exceções legais), sob 
pena de violação a este princípio da Jurisdição.1 
Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o Judiciário, a inércia da 
jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por impulso oficial (sem que haja necessidade de 
provocação das partes). Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes para 
que o processo tramite, em algumas situações, o desenvolvimento dependerá da colaboração 
 
1 Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um pedido que não foi feito, porque 
isso seria uma burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prática de um crime 
de homicídio. Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo cometido em 
outro momento, e que não fora objeto da denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA AÇÃO. 
Isso é o que se chama de princípio da adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição. 
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das partes. Tanto é que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado lapso 
temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado. 
Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o trâmite do processo, 
após a movimentação do Estado-Juiz, a parte SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a 
simples provocação do Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à 
frente estudaremos as diferenças entre ambas). 
2.2 Caráter substitutivo 
Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade do Estado (vontade da 
lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, nem sempre isso ocorre, visto que, como já 
dissemos, existem ações em que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não 
substituirá a das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicídio em 
face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a reconhece como merecida e justa, não se 
importando em ser preso, pois matara o assassino de seu irmão. 
2.3 Definitividade 
Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é dotada de definitividade, ou 
seja, em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável. 
Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada no mérito. Se 
estivermos diante de uma sentença meramente terminativa (que não aprecia o mérito da 
demanda), esta não fará coisa julgada material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será 
definitiva. POR ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. Entretanto, 
alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver sentença de mérito, NÃO HÁ 
JURISDIÇÃO! 
CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta nunca faz coisa julgada 
material, pois, a qualquer tempo, pode ser promovida a revisão criminal, desde que preenchidos 
alguns requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP. 
3 Princípios da Jurisdição 
3.1 Investidura 
Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder 
pertence ao Estado, ele é quem delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder 
jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por concurso 
público (art. 93, I da CF/88), ou pelo quinto constitucional (art. 94 da CF/88). 
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3.2 Indelegabilidade 
Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Possui 
duas vertentes: Externa e Interna. 
Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário (a quem a CF/88 conferiu 
a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos ou a outro Poder. 
Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de competência para julgamento 
de um processo, não pode um órgão do Judiciário delegar sua função para outro órgão 
jurisdicional. 
3.3 Inevitabilidade da jurisdição 
Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a vinculação obrigatória ao 
processo, e o outro é a vinculação obrigatória aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição). 
No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário (a depender do tipo de 
ação penal), iniciado o processo, as partes estão vinculadas à relação processual. No caso do réu, 
em momento algum ele teve opção. 
No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do processo, estes sujeitos 
estão obrigados a suportar a decisão (tutela jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição 
torna os efeitos da jurisdição inevitável para as partes envolvidas. 
3.4 Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) 
Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que: 
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito; 
Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se à possibilidade que todo 
cidadão tem, de levar à apreciação do Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda 
ser uma ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a prestaçãode uma 
tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de mérito, lembre-se!). A segunda vertente é 
a de que o processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que o 
Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o interesse da parte. 
Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo criminal, não está oferecendo 
à sociedade uma ordem jurídica justa. 
Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, especificamente no processo penal, 
estamos falando em acesso à tutela jurisdicional adequada, que se materializa através: 
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Ø Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à propositura da demanda 
(principalmente quando estivermos tratando de ação penal privada). 
Ø Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – Notadamente com a ampliação 
e fortalecimento da Defensoria Pública. 
Ø Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas cautelares assecuratórias, a 
razoável duração do processo e fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer 
valer a decisão. 
3.5 Princípio do Juiz natural 
Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que irá julgar a sua causa ou, 
sob a ótica inversa, que o Estado determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura 
desta. Evita-se, portanto, a escolha casuística do Juízo que irá analisar a causa. 
3.6 Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) 
Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o território brasileiro, as 
fronteiras onde o país exerce seu poder soberano. 
Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL. 
Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada (forma pela qual 
exercerá seu poder jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico sobre 
COMPETÊNCIA. 
Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo solicita a outro, do Rio de 
Janeiro, a prática de um ato processual (carta precatória) porque não tem jurisdição no Rio de 
Janeiro, está ERRADA! O Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele 
não tem é competência fora de sua base territorial. 
3.7 Espécies de Jurisdição 
A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos mais diversos critérios. 
Entretanto, apenas duas nos serão úteis: 
Ø Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo 
desde o início. Já a superior é exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais 
podem atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO SUPERIOR, a depender 
da demanda, pois existem demandas cuja competência originária para processo e 
julgamento é dos Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro. 
Ø Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é formada 
pelas 02 “Justiças especiais” estabelecidas na Constituição, em razão da matéria: 
Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum 
é exercida residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, 
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que se divide em estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui 
competência criminal. 
 DA COMPETÊNCIA 
Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado, para através dos órgãos 
Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem o Direito. 
A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou, para outros, o limite da 
Jurisdição. 
Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que estabelecem os limites em 
que cada Juiz pode exercer, de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional.2 
A Competência pode ser de três ordens: 
• Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É aquela definida com base no 
fato a ser julgado. 
• Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É definida tendo por base 
determinadas condições relativas às pessoas que se encontram no polo passivo do 
processo criminal (os acusados). 
• Competência territorial (ratione loci) – Considera o local onde ocorreu a infração (ou 
outros critérios territoriais) para que seja definida a competência. 
O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a fixação da competência: 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
 
2 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 
2015, p. 205 
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VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
Porém, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, III, e VII são verdadeiros 
critérios de fixação de competência criminal. Os demais itens são critérios utilizados para 
consolidação da competência após a ocorrência do fato a ser julgado, em razão da existência de 
mais de um órgão jurisdicional previamente competente para julgar o caso. Estes critérios de 
consolidação da competência também são chamados de critérios de modificação da competência. 
Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de competência. 
1 Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou 
competência de Jurisdição ou competência de Justiça. 
Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de Justiça” não me 
agradem, eles são usados por alguns doutrinadores, portanto, vocês devem conhecer estes 
termos. 
Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada para que possamos, no 
caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é competente para julgar o processo. 
Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para definir qual a “Justiça” 
competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.). 
Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte forma: 
 
COMPETÊNCIA 
CRIMINAL EM 
RAZÃO DA MATÉRIA
Justiça Especializada
Justiça Eleitoral
Justiça Militar
Justiça Comum
Justiça Federal
Justiça Estadual
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Assim, existem basicamente duas ordens de competência criminal em razão da matéria: 
Comum e especial. A Justiça comum se divide em Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se 
divide em Eleitoral e Militar. 
Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir à qual “Justiça” cabe 
julgar o fato. 
A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que sejam eleitorais e militares. 
Todos os outros crimes são de competência da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiça 
comum possui competência residual. 
Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça Comum Federal e quando será 
julgado pela Justiça Comum Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum 
Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas 
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar 
e da Justiça Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesseter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste 
artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, 
contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente 
sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de 
carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a 
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homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, 
e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
(...) 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja 
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase 
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a 
Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça Comum Federal, serão 
de competência da Justiça Comum Estadual. Assim, a Justiça comum estadual possui 
competência duplamente residual: 1) primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em 
relação à Justiça Especial; 2) é residual em relação à Justiça Comum Federal. 
Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa batido” pela definição 
da competência em razão da matéria (que ele chama de “natureza da infração”), limitando-se a 
dizer que esta será definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de Organização 
Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, pois quando do advento do CPP 
(1941), a definição destas normas era mera questão de organização judiciária, e não uma questão 
de índole constitucional como hoje. 
No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão da natureza da infração: 
A competência do Tribunal do Júri. Nos termos do art. 74 do CPP: 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de 
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, 
§§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, 
consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração 
da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada 
for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. 
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à 
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a 
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desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá 
proferir a sentença (art. 492, § 2º). 
A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na própria Constituição Federal, em 
seu art. 5°, XXXVIII, d: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
(...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os previstos no capítulo I do 
Título I da parte especial do CP, compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou 
induzimento ao suicídio3, infanticídio e aborto4. 
Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição estabeleceu uma cláusula pétrea, 
ou seja, cláusula que não pode ser modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina 
entende que as hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas nunca 
reduzidas! 
2 Competência em razão da pessoa (ratione personae) 
Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definir a competência do órgão 
Jurisdicional verificando as condições pessoais dos acusados. 
Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos jurisdicionais mais baixos, 
inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados 
casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que 
essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada prerrogativa de 
função (vulgarmente conhecida como “foro privilegiado”). 
 
3 Vale frisar que o art. 122 do CP, com a redação dada pela Lei 13.968/19, passou a se chamar “induzimento, instigação 
ou auxílio a suicídio ou a automutilação”. Todavia, apenas quando for induzimento, instigação ou auxílio a SUICÍDIO 
é que a competência será do Júri, por se tratar de crime doloso contra a vida. 
4 Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genocídio (Lei 2.889/56). Neste caso, 
a competência também será do Tribunal do Júri (STF, RE 351.487/RR). 
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EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe aos Tribunais de Justiça dos 
Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP que 
atuem na primeira instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese na qual serão julgados pelo TRE local): 
Art. 96. Compete privativamente: 
(...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e 
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 
Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal, nas quais há 
prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo acusado. Para facilitar a compreensão de 
vocês, reuni estas hipóteses no quadro abaixo: 
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
Tribunais de 
Justiça estaduais e 
do Distrito 
Federal 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes estaduais e do 
Distrito Federal e membros do Ministério 
Público estadual ou do DF, nos crimes 
comuns e de responsabilidade, 
ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral.5 
Art. 96, III, da CF 
 Infrações penais comuns e de responsabilidade: Prefeito Municipal.6 Art. 29, X, da CF 
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
 
5 Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e não ao TRF. A ressalva constitucional é 
apenas em relação à Justiça ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 214/215 
6 Nos crimes de responsabilidade PRÓPRIOS a competência para julgar o prefeito municipal é da CÂMARA DE 
VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-1/MG). 
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Tribunais 
Regionais Federais 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes federais da área 
de sua jurisdição, incluídos os da Justiça 
Militar e da Justiça do Trabalho, nos 
crimes comuns e de responsabilidade, os 
membros do Ministério Público da União 
(ressalva a competência da Justiça 
Eleitoral)7 e Prefeitos Municipais, se 
praticarem crimes na órbita federal. 
Art. 108, I, “a”, da CF 
Supremo 
Tribunal Federal 
Somente nas Infrações penais comuns: 
Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República. 
Art. 102, I, “b”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: os Ministros de Estado 
e os Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o 
disposto no art. 52, I (estabelecendo a 
competência do Senado Federal para 
julgar os comandantes das forças 
armadas em crimes de responsabilidade 
conexos com os do Presidente da 
República e Vice), os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de 
contas da União e os chefes de missão 
diplomática de caráter permanente. 
 
Art. 102, I, “c”, da CF 
Superior Tribunal 
de Justiça 
Somente nas infrações penais comuns: 
Governadores dos Estados e do Distrito 
Federal. 
Art. 105, I, “a”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Desembargadores dos 
Tribunais de Justiça dos Estados e do 
Distrito Federal, os membros dos 
Tribunais de Contas dos Estados e do 
Distrito Federal, os dos Tribunais 
Regionais Federais, dos Tribunais 
Art. 105, I, “a”, da CF 
 
7 Em relação aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que estão vinculados será competente, mesmo em se 
tratando de crime que seria de competência da Justiça Estadual. Ver, por todos, PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 214 
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Regionais Eleitorais e do Trabalho, os 
membros dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante 
tribunais. 
Mas, o foro privilegiado se aplica a todo e qualquer crime? Sempre se entendeu que sim, ou seja, 
não havia diferença entre crime praticado no exercício das funções (e com elas relacionados) ou 
crimes sem relação com as funções. Todavia, o STF, mais recentemente, quando do julgamento 
da AP 937, fixou duas teses importantes: 
⇒ O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o 
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas 
⇒ Após o término da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para 
apresentação de alegações finais, a competência não mais se altera pelo fato de o agente 
deixar de ocupar o cargo, seja qual for o motivo (renúncia ao cargo, posse em outro cargo, 
etc.). 
Ou seja, além de o crime ter que ter sido praticado durante o exercício do cargo, deve ter 
relação com as funções desempenhadas no cargo. 
Além disso, a segunda tese visa a evitar manobras processuais, como muitas vezes ocorria (o 
processo seguia no Tribunal até quase a prolação da sentença, quando então o réu renunciava ao 
cargo e o processo tinha que ser remetido à primeira instância). 
Assim, com relação à perda do cargo durante o processo, temos o seguinte regramento 
atualmente: 
 REGRA - A competência também se desloca, ou seja, o Tribunal deixa de ser 
competente e o processo vai para a primeira instância. 
 EXCEÇÃO – Se já terminou a instrução processual, tendo já havido intimação para a 
apresentação de alegações finais, a competência permanece no Tribunal, não se 
deslocando. 
2.1 Conflito aparente entre a competência de foro por prerrogativa de 
função e a competência do Tribunal do Júri 
 
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CUIDADO! No aparente conflito de competências entre o Tribunal do Júri e a competência de 
foro por prerrogativa de função, qual prevalece? Depende. 
Se a competência de foro por prerrogativa de função está prevista na CF/88, ela prevalece sobre 
a competência do Júri. 
Contudo, se estiver prevista apenas na Constituição Estadual, prevalece a competência do 
Tribunal do Júri, conforme súmula 721 do STF, que foi convertida na súmula vinculante 45: 
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro 
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente 
pela Constituição estadual" 
EXEMPLO: Paulo é Juiz de Direito e pratica um homicídio doloso. Neste caso, no 
aparente conflito entre a competência constitucional do TJ para processar e julgar 
Paulo (foro por prerrogativa de função) e a competência do Tribunal do Júri (crime 
doloso contra a vida), prevalece a competência de foro por prerrogativa de função, 
eis que esta prerrogativa de foro está prevista na Constituição Federal. 
EXEMPLO 2: Júlio é Secretario Estadual de Fazenda em determinado estado XYZ, 
e pratica um homicídio doloso. No estado XYZ os Secretários possuem foro por 
prerrogativa de função perante o TJ (só está previsto isso na Constituição 
ESTADUAL, não na Federal). Neste caso, no aparente conflito entre a competência 
do TJ para processar e julgar Júlio (foro por prerrogativa de função NÃO 
PREVISTO NA CF/88), e a competência do Tribunal do Júri (crime doloso contra a 
vida), prevalece a competência de do Tribunal do Júri, eis que a competência do 
Júri está prevista na CF/88 e a competência por prerrogativa de função (neste 
caso) não. 
OBS.: Os deputados estaduais possuem prerrogativa de foro perante o TJ. Isso não está previsto 
expressamente na CF/88, mas entende-se que está IMPLÍCITO, pelo princípio da SIMETRIA. 
Assim, caso um deputado estadual cometa crime doloso contra a vida, prevalecerá a competência 
de foro por prerrogativa de função. 
Todavia, é importante destacar que como o STF restringiu o foro privilegiado, entendendo que o 
foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício do 
cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF – AP 937), estas disposições sobre um 
eventual conflito entre a competência do júri e a competência de foro por prerrogativa de função 
perderam bastante de sua utilidade, pois hoje só possuem razão de ser quando estamos diante 
de um crime doloso contra a vida praticado durante o exercício das funções e que tenha relação 
com as funções, por alguém que possui foro por prerrogativa de função. 
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3 Competência Territorial (ratione loci) 
3.1 Em razão do local da infração 
A terceira e última fase para a definição da competência para julgamento de um processo 
criminal, compreende a análise do local de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do 
domicílio do réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado (comarca, na 
Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da competência da Justiça Federal). 
Para definirmos a competência territorial devemos, primeiramente, saber onde o crime foi 
praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”. 
Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, considerando-se como local 
do crime o lugar onde o resultado se consuma8. A exceção são os crimes plurilocais contra a vida, 
onde se aplica a teoria da atividade.9 
Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes de competência dos 
Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se aplica a teoria da atividade, e nos crimes 
falimentares, em que se considera lugar do crime o local em que foi decretada afalência. Assim: 
TIPO DE CRIME TEORIA ADOTADA 
Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado 
Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade 
Juizados Especiais Teoria da atividade 
Crimes falimentares Local onde foi decretada a falência 
Atos infracionais Teoria da atividade 
 
8 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada 
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em 
que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a 
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a 
competência firmar-se-á pela prevenção. 
9 Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produção probatória, na busca pela verdade 
real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209 
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Além disso, temos: 
 Crime praticado no exterior e consumado no exterior - Na capital do estado em que 
o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso nunca tenha sido 
domiciliado no Brasil, na capital federal. 
 Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da 
Lei Penal, estejam sujeitos à Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou pousar 
a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último local em que tenha aportado ou 
pousado.10 
 No caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, um crime tentado (art. 14, II 
do CP) - Nessa hipótese, aplica-se o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, 
considerando-se como lugar do crime o local onde ocorreu o último ato de execução. 
O § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso significa? Quando dois ou 
mais órgãos jurisdicionais são competentes para apreciar determinada demanda, a competência 
será fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele Juízo 
que primeiro praticar algum ato relativo ao caso. Essa é a definição de competência fixada por 
prevenção. Nos termos do art. 83 do CPP: 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo 
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um 
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de 
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da 
queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). 
Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para julgar a demanda, a 
competência será fixada pelo critério da distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele 
órgão jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 do CPP: 
 
10 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado 
onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital 
da República. 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos 
fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do 
primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em 
que houver tocado. 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território 
brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território 
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou 
pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência 
se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965) 
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Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma 
circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou 
da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia 
ou queixa prevenirá a da ação penal. 
Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção quanto o critério da 
distribuição não passam de critérios de consolidação da competência territorial, pois a 
competência daquele Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se 
consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos. 
3.2 Em razão do domicílio do réu 
Existem casos em que a competência territorial poderá ser fixada levando-se em conta o 
domicílio do réu. Vejamos11: 
 Não sendo conhecido o lugar da infração – Será regulada pelo lugar do domicílio ou 
residência do réu. 
 Se o réu tiver mais de uma residência – Prevenção. 
 Se o réu não tiver residência ou for ignorado seu paradeiro - juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato. 
 Se for hipótese de crime de ação exclusivamente privada – Poderá o querelante 
escolher ajuizar a queixa no lugar do domicílio ou residência do réu, ainda que 
conhecido o lugar da infração. 
 
Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em “casos de exclusiva ação 
privada”. Assim, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, não pode o querelante 
optar pela comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local da infração, caso este 
 
11 Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato. 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, 
ainda quando conhecido o lugar da infração. 
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local seja conhecido, pois esta ação não é exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. 
Muito cuidado com isso!! 
4 Da Conexão e da Continência 
A conexão e a continência são fenômenos que importam na modificação da competência 
previamente estabelecida. 
A conexão está prevista no art. 76 do CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo 
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora 
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as 
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infraçãoou de qualquer de suas circunstâncias 
elementares influir na prova de outra infração. 
A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em12: 
⇒ Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do CPP) – Ocorre quando 
pessoas diversas cometem infrações diversas no mesmo local, na mesma época, mas 
desde que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo. 
⇒ Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta hipótese não importa o local 
e o momento da infração, desde que os agentes tenham atuado em concurso de 
pessoas. Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes tenham 
agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão de esforços para a prática das 
infrações penais. 
⇒ Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – Traduz a hipótese de conexão 
de infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes 
praticaram as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de lesões 
corporais praticados reciprocamente entre fulano e beltrano. 
 
12 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243 
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⇒ Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma infração deve ter sido 
praticada para “facilitar” a outra. Assim, imaginem que um assassino tenha 
espancado um vigia para entrar na casa e assassinar o dono da residência. 
⇒ Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – Nesta hipótese uma infração é 
cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou 
garantir a vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que comete 
homicídio e, logo após, mata também a única testemunha, para garantir que 
ninguém poderá provar sua culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. 
⇒ Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse caso, que a prova da 
ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na caracterização da outra 
infração. Exemplo clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no 
qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia na caracterização do 
crime de receptação. 
A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP; 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53, 
segunda parte, e 54 do Código Penal. 
Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto original da parte geral do 
Código penal, que foi totalmente alterado pela Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos 
se referem às hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na execução 
(aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 e 74 do CP. 
Assim, por questões didáticas, a doutrina divide a continência em: 
⇒ Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – É o caso no qual duas ou 
mais pessoas são acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas). 
Diferentemente da hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não 
vários.13 
⇒ Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 70 do CP) – Aqui, mediante 
uma só conduta, o agente pratica dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção 
de praticá-los. 
 
13 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244 
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As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas através do gráfico 
abaixo: 
 
5 Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência 
pela conexão ou continência 
O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da consolidação da 
competência pela conexão ou continência. Nos termos do seu art. 78: 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão 
observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição 
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 
23.2.1948) 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, 
se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, 
de 23.2.1948) 
HIPÓTESES DE 
MODIFICAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA
Continência
Cumulação subjetiva
Concurso formal de 
crimes
Conexão
Intersubjetiva
Por simultaneidade 
ocasional
Por concurso
Por reciprocidade
Objetiva
Teleológica
Consequencial
Instrumental ou 
probatória
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c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada 
pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior 
graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação 
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
Assim, em resumo: 
1. Havendo conexão ou continência entre um crime de competência do Tribunal do Júri 
e outro crime, de competência do Juiz singular, a competência deverá ser fixada naquele. 
2. No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o critério de fixação 
da competência territorial com base na local em que ocorreu o crime que possuir pena mais 
grave. Se as penas forem idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior 
número de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido o mesmo 
número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, aplica-se a fixação da 
competência pela prevenção (Lembram-se da prevenção, não é?) 
3. Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal Superior e um Juiz singular, 
por exemplo), a competência será fixada no órgão de Jurisdição superior. 
4. Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça Comum e outra da 
Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: Imaginem um crime eleitoral conexo 
com um crime comum. Será da competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os 
processos. 
Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua Jurisprudência, afirmando que a atração 
de um processo por conexão ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do 
outro réu, não viola a Constituição: 
SÚMULA Nº 704 
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO 
DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO 
DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE 
UM DOS DENUNCIADOS. 
Isso significa que se duas pessoas estão sendo acusadas pelo mesmo crime, e apenas ela possui 
foro por prerrogativa de função, ambas serão processadas e julgadas no Tribunal competente para 
julgar aquela que possui foro privilegiado (como regra). Ex.: José, deputado federal, e Pedro, 
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empresário, são acusados de praticar, em conluio, o crime de peculato. Neste caso, cabe ao STF 
julgar José, por conta do foro por prerrogativa de função. Todavia, em razão da continência, Pedro 
também será julgado pelo STF. 
6 Separação de processos em hipóteses de conexão e 
continência 
Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência,todos os processos conexos 
ou continentes sejam julgados pelo mesmo órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou 
seja, existem casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não haverá reunião de 
processos. 
Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP: 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, 
salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum 
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. 
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu 
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem 
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando 
pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, 
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
Vamos analisar as hipóteses isoladamente: 
⇒ Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única ressalva que deve ser feita é 
a de que, no caso de militar que comete crime doloso contra a vida de um civil, 
responde perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos termos do 
art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – CPPM. 
⇒ Concurso entre crime e infração de competência do Juizado da Infância e da 
Juventude – Nestas hipóteses (por exemplo, um crime cometido em concurso de 
pessoas por um menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode haver 
reunião de processos. 
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⇒ Insanidade mental superveniente de um dos corréus (art. 152 do CPP) – Nesse caso, 
havendo a insanidade mental do corréu sido regularmente apurada em incidente de 
insanidade mental, os processos devem ser separados, pois o processo, em relação 
ao corréu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos termos do art. 152 do 
CPP. Frise-se que essa insanidade mental do réu deve ser posterior ao fato criminoso 
(art. 151 do CPP). 
⇒ Impossibilidade de formação do conselho de sentença no Tribunal do Júri – Embora 
o § 2° do art. 79 mencione o “art. 461”, com as alterações promovidas pela Lei 
11.689/08, vocês devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata da 
impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, formar-se o conselho de 
sentença (mínimo de sete jurados), em razão das recusas legalmente permitidas 
realizadas pelos advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Júri, dois 
ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito de 
recusar algum jurado) impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o 
processo deverá ser desmembrado. 
⇒ Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados em 
circunstâncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de 
processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder implicar em 
retardamento do processo (art. 80 do CPP) – O importante é saber que, nestas 
hipóteses, a separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, ou não, 
a seu critério, decidir pela separação dos processos. 
 
ATENÇÃO! Existe uma outra hipótese de separação de processos, no entendimento 
jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a vida praticados em concurso de pessoas, 
quando um dos acusados possui foro por prerrogativa de função fixado na Constituição Federal, 
ao invés de todos os acusados serem julgados perante o Tribunal (em razão da prerrogativa de 
foro de um dos comparsas), haverá a separação dos processos, de forma que o detentor de 
prerrogativa de foro será julgado perante o Tribunal respectivo e os demais pelo Tribunal do Júri. 
EXEMPLO: José e Valter são contratados por Ricardo Albuquerque, deputado federal, para 
matarem Lúcio, também deputado, e que é desafeto de Ricardo por questões relacionadas às 
funções por eles exercidas. José e Valter executam o crime. No caso em tela, Ricardo de 
Albuquerque possui foro privilegiado (como é deputado federal, a Constituição prevê que cabe 
ao STF julgá-lo nos crimes comuns), mas os demais não possuem. Neste caso, Ricardo será julgado 
pelo STF e os demais serão julgados pelo Tribunal do Júri. 
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Por que, neste caso, não há atração por continência? Não há porque as regras de continência são 
infraconstitucionais, e tanto a competência do Júri quanto a do STF (por prerrogativa de função) 
estão previstas na própria Constituição Federal. Assim, normas infraconstitucionais não podem se 
sobrepor a normas de índole constitucional. 
O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. Vejamos: 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que 
no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir 
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua 
na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou 
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver 
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao 
juízo competente. 
O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois processos (reunidos por 
conexão ou continência), e no processo de sua competência originária (e não aquele que lhe foi 
remetido em razão da conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica o 
fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim ele continua competente 
para julgar o processo recebido pela conexão. 
O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver reunião de processos para 
julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, 
deverá o Juiz remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal do Júri).14 
O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou continência, mas terem sido 
instaurados processos em Juízos diversos, o Juiz cuja competência é prevalente poderá avocar 
(trazer para si) o julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver sentença 
definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver ocorrido o trânsito em julgado, 
os processos serão reunidos posteriormente para fins de execução de pena: 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos 
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que 
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. 
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de 
soma ou de unificação das penas. 
 
14 Isso não ocorrerá se a desclassificação ocorrer apenas no momento da quesitação formulada aos jurados (art. 492, 
§1º do CPP). 
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7 Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes 
Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais 
Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão funcional para o exercício 
legítimo da Jurisdição. As normas que definem a competência estão previstas em diversos 
diplomas legislativos, dentre eles, a própria Constituição. 
Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal de cada um dos órgãos 
do Judiciáriocitados: 
7.1 Da competência criminal do STF 
Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os 
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral 
da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o 
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de 
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas 
anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente 
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do 
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio 
Supremo Tribunal Federal; 
(...) 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou 
o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente 
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma 
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jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
22, de 1999) 
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade 
de suas decisões; 
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a 
delegação de atribuições para a prática de atos processuais; 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se 
denegatória a decisão; 
b) o crime político; 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última 
instância, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
Perceba, meu caro aluno, que a competência criminal do STF, segundo a constituição, pode 
ser de duas ordens: Originária e Recursal. 
A competência originária está prevista no inciso I do art. 102, e engloba as seguintes 
situações: 
• Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os 
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da 
República. 
• Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o 
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disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas 
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. 
• O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas 
anteriores (Presidente, Vice, Membros do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais 
Superiores, PGR, ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das Forças 
Armadas e chefes de missão diplomática de caráter permanente). 
• O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o 
paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma 
jurisdição em uma única instância. 
• A revisão criminal de seus próprios julgados; 
• A execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a 
delegação de atribuições para a prática de atos processuais. 
 
ATENÇÃO! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral da União possuem status de 
Ministros de Estado. 
Na competência originária o processo criminal começa diretamente no STF, sem passar antes 
por qualquer outro órgão do Judiciário. 
A competência para a execução dos seus próprios julgados e para julgar a revisão criminal 
de seus próprios julgados são competências lógicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal 
Máximo do país, não faria sentido submeter a Revisão Criminal, por exemplo, a outro órgão do 
Judiciário. 
As hipóteses de competência constitucional originária do STF são, na verdade, TODAS POR 
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, sendo, portanto, ratione personae. 
A primeira hipótese trata dos crimes comuns praticados pelo: 
ü Presidente da República 
ü Vice-Presidente da República 
ü Membro do Congresso Nacional 
ü Ministros do STF 
ü Procurador-Geral da República 
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Estas são as cinco “figuras” que possuem prerrogativa de função, devendo ser julgadas, por 
crimes comuns, no STF. Mas, e quem as julga no caso de crimes de responsabilidade? A resposta 
está no art. 52, I e II da Constituição, que prevê a competência do SENADO FEDERAL: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da 
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos 
com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do 
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o 
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de 
responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
CUIDADO! Isso não se aplica aos membros do Congresso Nacional. Não há na 
CF/88 previsão de julgamento dos congressistas por crime de responsabilidade. 
Há previsão, apenas, de julgamento perante a própria Casa (Câmara ou Senado) 
por quebra de decoro parlamentar. 
A segunda hipótese de competência criminal originária do STF se refere aos crimes comuns 
e aos crimes de responsabilidade praticados por algumas autoridades. Vejamos: 
ü Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I) 
ü Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (ressalvado o disposto no art. 
52, I) 
ü Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ) 
ü Membros do Tribunal de Contas da União 
ü Chefes de missão diplomática de caráter permanente 
Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constituição? Essa ressalva se refere à 
possibilidade de o crime de responsabilidade praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO 
com um crime de responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da 
República. Neste caso, a competência para julgamento do crime de responsabilidade praticado 
por alguma destas figurinhas não será do STF, mas do SENADO FEDERAL. 
Por fim, há ainda a competência originária do STF para processo e julgamento das ações de 
Habeas Corpus. 
Primeiramente, devemos ter em mente que o HC não é um recurso, mas uma ação autônoma, 
ou seja, um processo autônomo. 
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Existem três figuras específicas no HC. São elas: 
 
 
 
A competência do STF para processar e julgarHCs depende da presença de determinadas 
autoridades como coatoras ou pacientes, de acordo com a tabela abaixo: 
HABEAS CORPUS NO STF - ORIGINÁRIA 
PACIENTE COATOR COATOR OU PACIENTE 
§ Presidente 
§ Vice-presidente 
§ Membros do Congresso 
§ Ministros do TCU 
§ Ministros dos Tribunais 
Superiores 
§ Ministros de Estado 
§ PGR 
§ Comandantes das Forças 
Armadas 
§ Chefes de Missão diplomática 
de caráter permanente 
Tribunal 
Superior 
§ Autoridade ou funcionário cujos atos 
estejam sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal 
§ Crime sujeito à mesma jurisdição em 
uma única instância 
Além da competência originária, o STF possui uma competência criminal recursal, que está 
prevista no inciso II do art. 102, trazendo as seguintes hipóteses, nas quais o STF julgará o Recurso 
Ordinário interposto: 
⇒ Crime político 
⇒ Habeas Corpus, quando o decidido em ÚNICA INSTÂNCIA pelos TRIBUNAIS 
SUPERIORES 
PACIENTE QUEM ESTÁ SOFRENDO A VIOLAÇÃO ÀLIBERDADE
COATOR QUEM ESTÁ PRATICANDO A ILEGALIDADE
IMPETRANTE QUEM AJUÍZA O HC
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Vejam, portanto, que são apenas duas as hipóteses de competência criminal mediante 
Recurso Ordinário. 
 
CUIDADO! Se uma pessoa impetra um Habeas Corpus perante o STJ, por exemplo, (em razão de 
uma ilegalidade praticada por um Tribunal de Justiça) e a ordem de Habeas Corpus é denegada 
(Indeferido o pedido), o poderia, em tese, optar por: 
⇒ Interpor Recurso Ordinário perante o STF (pois o HC foi decidido pelo Tribunal 
Superior em única instância); ou 
⇒ Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do Tribunal Superior, 
negando o HC, transforma o Tribunal em autoridade coatora). 
Assim, sendo julgado e negado um HC, em única instância por um Tribunal Superior, pode ser que 
o STF aprecie a matéria em grau de recurso (Recurso Ordinário) ou mediante competência 
originária (Novo HC). 
CUIDADO! O STF vem, contudo, rechaçando a utilização do HC como substitutivo de recurso, 
autorizando apenas em casos excepcionais. 
7.2 Competência Criminal do STJ 
Nos termos do art. 105 da Constituição Federal: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, 
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça 
dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais 
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de 
Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante 
tribunais; 
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b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, 
dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio 
Tribunal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, 
Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 23, de 1999) 
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no 
art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes 
vinculados a tribunais diversos; 
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade 
de suas decisões; 
(...) 
II - julgar, em recurso ordinário: 
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando a decisão for denegatória; 
(...) 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro 
tribunal. 
A competência criminal do STJ, tal qual a do STF, também é dividida em ORIGINÁRIA e 
RECURSAL. 
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A competência originária se dará nos seguintes casos: 
§ Crimes comuns - Praticados por Governadores de estados ou do DF 
§ Crimes comuns e de responsabilidade - Praticados por (1) Desembargadores dos TJs, 
TRFs, TRTs e TREs; (2) Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e dos Tribunais 
e Conselhos de Contas dos Municípios; (3) Membros do MPU que oficiem perante 
Tribunais. 
§ Revisão Criminal dos seus próprios julgados – Se o STJ proferir condenação definitiva 
em processo de sua competência originária (Ex.: crime comum praticado por 
Governador), eventual revisão criminal (caso surja prova nova) deverá ser ajuizada 
perante o próprio STJ. 
§ Habeas corpus – Conforme tabela abaixo: 
 
HABEAS CORPUS NO STJ - ORIGINÁRIA 
COATOR COATOR OU PACIENTE 
§ Tribunal sujeito à jurisdição do STJ (TJ e TRFs) 
§ Ministro de Estado ou Comandante das Forças 
Armadas OBS.: Ressalvada a competência da 
Justiça Eleitoral 
Qualquer das autoridades que o STJ julga 
originariamente: 
§ Nos crimes comuns (Ex.: Governador) 
§ Nos crimes comuns e nos de 
responsabilidade (Ex.: 
Desembargador de TJ) 
A competência recursal criminal do STJ, por sua vez, se dá no caso de Recurso Ordinário em 
Habeas Corpus, quando a decisão for proferida em ÚNICA OU ÚLTIMA INSTÂNCIA por Tribunal 
de Justiça ou TRF, quando for DENEGATÓRIA A DECISÃO (indeferido o pedido do HC). 
7.3 Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados 
Especiais Federais) 
A competência criminal da Justiça Federal é também definida na Constituição, possuindo 
algumas regras de competência ratione personae e outras de competência ratione materiae. 
Vejamos: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, 
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas 
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar 
e da Justiça Eleitoral; 
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V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, 
contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente 
sujeitos a outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça

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