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A Cultura da Criatividade no Ambiente das Organizações Renata Mateus Introdução Hoje, as organizações precisam se reinventar constantemente para fazer parte do mercado competitivo. Para isso, necessitam estar abertas à criatividade e à inovação. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer os casos de empresas certificadas como criativas, tais como Google, Disney etc.; • identificar cenários indicativos de organizações inovadoras e produtivas temperadas pela cultura da criatividade. 1 As empresas criativas A criatividade está cada vez mais presente no mundo empresarial e temos diversos exemplos de empresas criativas. Uma delas é a Google, referência para muitas organizações, principalmente pela criatividade que emprega no trabalho. Segundo Casaqui (2009), a empresa oferece aos cola- boradores condições que se tornaram diferenciais, como massagens gratuitas, design inusitado, liberdade para personalizar as estações de trabalho e de poder dedicar 20% do tempo de trabalho a projetos pessoais. FIQUE ATENTO! A Google tornou-se reconhecida pelas condições únicas e fora do comum de seus ambientes de trabalho. Para a empresa, o modelo de gestão adotado é o principal fator de sucesso, que acaba atraindo os talentos que irão compor suas equipes de trabalho pelo mundo. Os colaboradores acreditam na missão que a organização possui de “transformar o mundo em um lugar melhor para viver, organizando todas as informações existentes” (CASAQUI, 2009, p.170). Outro fator de sucesso é o próprio ambiente, que lembra mais um parque de diversões, estimulando os colabora- dores e fazendo com que passem boa parte de seu tempo na empresa. Figura 1 – Sede da Google na Califórnia Fonte: Benny Marty/Shutterstock.com Por fim, a Google sustenta a ideia de ambiente democrático, no qual as colaborações e opini- ões dos funcionários são estimuladas e bem aceitas, pois o sentido da criatividade para eles é algo ligado à manifestação do jogo no trabalho, o qual serve à estratégia mercadológica. EXEMPLO Há outras empresas consideradas criativas. Entre elas estão a 3M, focada em inova- ção com o post-it; o grupo Pão de Açúcar, que antecipa tendências, como no caso dos alimentos orgânicos; e as experiências que o Airbnb proporciona. Outra empresa vista como exemplo de criatividade e inovação é a Apple, reconhecida por seus produtos com excelência no design, nas cores e formatos, por propiciar uma experiência inovadora ao cliente e pelo conceito de tecnologia de ponta. Operando em 180 pontos de venda no mundo e com mais de 20 mil funcionários, a Apple demonstrou que investir em criatividade e consequentemente na inovação, sua filosofia organizacional, transformou-se numa vantagem competitiva valiosa e comprovadamente bem-sucedida. Segundo Almeida (2015), esse foco em inovação tem sido vital para que a empresa se mantenha competitiva em um mercado com acir- rada concorrência. Hoje, os concorrentes já desenvolveram produtos semelhantes, o que ajuda a Apple a conservar a motivação para que a empresa dê continuidade em suas inovações, criando novos produtos. SAIBA MAIS! Em “Nos bastidores da Disney”, o autor Tom Connellan revela os sete segredos do su- cesso da empresa, que também é considerada inovadora. Acesse: <http://www.pro- jeto.camisetafeitadepet.com.br/imagens/banco_imagem_livros/87_livro_site.pdf>. Como último case, vamos discutir sobre a Disney. Connellan (1998) relata que a organização tem a capacidade de ouvir qualquer colaborador que tenha uma ideia criativa. Como empresa, estão sempre procurando novas maneiras de fazer as coisas e de encontrar soluções criativas para os problemas. Em muitas organizações, os executivos acabam deixando seus egos interferir no trabalho, ou seja, se a ideia não for dada por eles, não é boa. Na Disney, é diferente. Os executi- vos não estão preocupados com a origem da ideia, escutam a todos, seja o funcionário um mem- bro do elenco, um convidado, um vice-presidente ou até mesmo o faxineiro. O que importa é que, se a ideia for boa, deve ser aproveitada e receber o devido crédito. 2 Criatividade como âmbito da inovação organizacional De acordo com Rosenfeld e Servo (1984 apud CRESPO; WECHSLER, 2001), é importante per- ceber a diferença entre os conceitos de criatividade organizacional e inovação. A primeira refere-se à geração de novas ideias, enquanto a segunda está vinculada a colocá-la em prática, ao processo de introduzir, adotar e implementar uma nova ideia. FIQUE ATENTO! A criatividade, segundo Rosenfeld e Servo (1984 apud CRESPO; WECHSLER, 2001), é um atributo que até pode pertencer a uma única pessoa, porém a inovação requer a colaboração de muitas pessoas. Crespo e Wechsler (2001) ressaltaram que a empresa que pretende incentivar a criatividade deve preocupar-se mais no recrutamento de colaboradores, bem como na capacidade que estes têm de inovar, do que com suas próprias experiências educacionais. As empresas precisam desen- volver constantemente produtos e serviços inovadores e de qualidade, renovando o modo que operam, para manterem-se competitivas no mercado global e, para isso, precisam da capacidade de seus colaboradores para inovar. Então, segundo Bruno-Faria (2008), a inovação possui uma relação muito próxima com a criatividade, mesmo usando outras fontes de inspiração. Figura 2 – Criatividade e inovação Fonte: Ivelin Radkov/Shutterstock.com Para Petrini (1998, p. 21 apud BRUNO-FARIA, 2008), o que “costuma faltar não é criatividade no sentido de criação de ideias, mas a inovação no sentido de produção de ações, o que pode caracterizar a baixa inovação nas organizações”. Isso quer dizer que o líder pode tanto estimular quanto inibir a criatividade de sua equipe, impactando no processo de inovação e evidenciando o vínculo entre inovação e criatividade. Além disso, a liderança criativa passa a ser um dos facilita- dores para colocar em prática a criatividade e as estruturas flexíveis e inovadoras que permitem ao potencial criativo ser exposto. 3 Criatividade e produtividade As empresas são impactadas diariamente por pressões e desafios, efeitos da economia, da tecnologia, das questões sociais, da qualificação profissional, da busca pelo conhecimento etc. Com isso, sentem-se obrigadas a adequarem-se a essa realidade e, ao mesmo tempo, a reagirem, com o propósito de alcançar, constantemente, a qualidade, o conhecimento e a produtividade. FIQUE ATENTO! No cenário atual, a criatividade tem mostrado cada vez mais ser importante para os profissionais que buscam o sucesso pessoal e profissional. Colocar a criatividade em prática eleva a produção e diminuindo custos, aumentando assim a satisfação de clientes e a própria autoestima do trabalhador. A pressão e o desafio do dia a dia devem transformar-se em motivação para alcançar a produtividade. SAIBA MAIS! Leia “Criativo e Produtivo: Os 5 passos da inovação empresarial que geram resul- tados imediatos” (Josh Linkner), que trata do tema de produtividade e criatividade. Para as empresas serem criativas e inovadoras, é necessário que haja um gerenciamento dos colaboradores que promovem a criatividade e a inovação, além disso a liderança deve ser voltada para o desenvolvimento de novas formas de trabalho. Ou seja, a meta do gerenciamento criativo e inovador é incrementar a produtividade, a fim de que possa melhor competir no mercado de trabalho. Figura 3 – Criatividade e produtividade Fonte: This Is Me/Shutterstock.com A partir de novas soluções para problemas nas empresas, conquista-se inovações valiosas, motivações, desenvolvimento das habilidades pessoais e do desempenho efetivo do grupo, tudo isso vinculando o aprimoramento da produtividade com a criatividade e a qualidade no trabalho. 4 Criatividade como facilitador na resolução de problemase tomada de decisões Através da criação e do trabalho criativo, as empresas poderão desenvolver um potencial predisposto a enfrentar problemas e situações difíceis, que não podem ser resolvidos apenas com investimentos. Figura 4 – Tomada de decisão e resolução de problemas Fonte: Vladgrin/ Shutterstock.com Para aproveitar o potencial criativo da força de trabalho, a empresa deve manter gestores e colaboradores criativos, além disso deve proporcionar um ambiente de confiança, onde as pes- soas se sintam livres e motivados a contribuir para o sucesso da organização. EXEMPLO São necessárias outras condições que incentivem as pessoas a colaborar na eficácia da organização, como uma liderança de apoio, incentivos ao conhecimento e proces- sos de grupo que favoreçam a criatividade. Algumas empresas já possuem projetos que estimulam a inovação onde as pessoas apresentam novas soluções para a em- presa e são premiadas por isso. Por fim, a partir do momento em que os colaboradores recebem treinamento para a resolu- ção de problemas em equipe e se envolvem em projetos de inovação, Borghini (2005) afirma que se espera uma melhoria no seu envolvimento com a organização, seguida de uma sistematização do conhecimento que passa a ser explicado claramente, sem restrições. Fechamento Chegamos ao final desta aula, que abordou sobre a relação de criatividade, inovação e reso- lução de problemas no mundo corporativo. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer os casos de empresas certificadas como criativas, tais como Google, Disney e Apple; • perceber como a criatividade está relacionada com a inovação e produtividade organizacional; • identificar a criatividade como facilitadora na resolução de problemas e tomada de decisões. Referências ALMEIDA, Rodrigo Figueredo de et al. A inovação como vantagem competitiva: Estudo de caso Apple. X Workshop de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Paula Souza, São Paulo, 2015. Dis- ponível em: <http://www.cps.sp.gov.br/pos-graduacao/workshop-de-pos-graduacao-e-pesquisa/ 010-workshop-2015/workshop/trabalhos/Sistemas_Produtivos/Gest_Estrat_TI/A_inov_como_ vantagem_competitiva.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2017. BRUNO-FARIA, Maria de Fátima; VEIGA, Heila Magali da Silva; MACÊDO, Laura Ferreira. Criatividade nas organizações: análise da produção científica nacional em periódicos e livros de Administração e Psicologia. rPot, v. 8, n. 1, janeiro-junho 2008, p. 142-163. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud. org/pdf/rpot/v8n1/v8n1a09.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2017. CASAQUI, Vander; RIEGEL, Viviane. Google e o consumo simbólico do trabalho criativo. Comunica- ção, mídia e consumo. São Paulo, v. 6, n. 17, p. 161-180, novembro 2009. CONNELLAN, Tom. Nos bastidores da Disney: os segredos do sucesso da mais poderosa empresa de diversões do mundo. 19. ed. São Paulo: Futura, 1998. Disponível em: <http://www.projeto.cami- setafeitadepet.com.br/imagens/banco_imagem_livros/87_livro_site.pdf>. CRESPO, Mari Lucia Figueiredo; WECHSLER, Solange Muglia. Clima criativo: um diagnóstico para inovação nas organizações educacionais e empresariais. Psicodebate. Psicologia, Cultura y Sociedad. Ano I, n. 1, 2001. Disponível em: <http://www.palermo.edu/cienciassociales/publicacio- nes/pdf/Psico1/1%20PSICO%20005.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2017.