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Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) MACHADO – CAPÍTULO 12: Sistema Nervoso Autônomo O sistema nervoso visceral é responsável pela inervação das estruturas viscerais e é muito importante para a integração da atividade das vísceras, no sentido da manutenção da constância do meio interno (homeostase). Assim como no sistema nervoso somático, distingue-se no sistema nervoso visceral uma parte aferente e outra eferente. O componente aferente conduz os impulsos nervosos originados em receptores das vísceras (visceroceptores) a áreas específicas do SNC. O componente eferente traz impulsos de alguns centros nervosos até estruturas viscerais, terminando, pois, em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco, e é chamado de SNA. SNA – componentes eferentes do sistema nervoso visceral. As fibras eferentes viscerais especiais não fazem parte do sistema nervoso autônomo, pois inervam músculos estriados esqueléticos. Assim, apenas as fibras eferentes viscerais gerais integram este sistema. Sistema nervoso visceral aferente As fibras viscerais aferente conduzem impulsos nervosos originados em receptores situados nas vísceras. Os impulsos nervosos aferentes viscerais antes de penetrar no SNC, passam por gânglios sensitivos. Ao contrário das fibras que se originam em receptores somáticos, grande parte das fibras viscerais conduz impulsos que não se tornam conscientes. A sensibilidade visceral difere da somática principalmente por ser mais difusa, não permitindo localização precisa. Diferenças entre o sistema nervoso somático eferente e visceral eferente ou autônomo Os impulsos que seguem pelo sistema nervoso somático eferente terminam em músculo estriado esquelético, enquanto os que seguem pelo sistema nervoso autônomo terminam em músculo estriado cardíaco, músculo liso ou glândula. Assim, o sistema nervoso eferente somático é voluntário, enquanto o sistema nervoso autônomo é involuntário. No sistema nervoso autônomo, há dois neurônios unindo o SNC ao órgão efetuador. Um deles tem o corpo dentro do SNC (medula ou tronco encefálico), o outro tem seu corpo localizado no sistema nervoso periférico. Corpos de neurônios situados fora Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) do SNC tendem a se agrupar, formando dilatações denominadas gânglios. Assim, os neurônios do SNA, cujos corpos estão situados fora do SNC, se localizam em gânglios e são denominados neurônios pós-ganglionares; aqueles que têm seus corpos dentro do SNC são denominados neurônios pré-ganglionares. Organização geral do SNA O axônio do neurônio pré-ganglionar, envolvido pela bainha de mielina e pela bainha de neurilema, constitui a chamada fibra pré-ganglionar, assim denominada por estar situada antes de um gânglio, onde termina fazendo sinapse com o neurônio pós-ganglionar. O axônio do neurônio pós-ganglionar envolvido apenas pela bainha de neurilema constitui a fibra pós-ganglionar. Portanto, a fibra pós-ganglionar se diferencia Histologicamente da pré- ganglionar por ser amielínica com neurilema (fibras de Remak). Diferenças entre Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático Diferenças anatômicas a) Posição dos neurônios pré-ganglionares: no sistema nervoso simpático, os neurônio pré-ganglionares, localizam-se na medula torácica e lombar (entre T1 e L2). Diz-se, pois, que o sistema nervoso simpático é toracolombar. No sistema nervoso parassimpático, eles se localizam no tronco encefálico (portanto, dentro do crânio) e na medula sacral (S2,S3,S4). Diz-se que o sistema nervoso parassimpático é craniossacral. b) Posição dos neurônios pós-ganglionares: no sistema nervoso simpático, os neurônios pós- ganglionares, ou seja, os gânglios, localizam- se longes das vísceras e próximos da coluna vertebral. Formam os gânglios paravertebrais e pré-vertebrais. No sistema nervoso parassimpático, os neurônios pós- ganglionares localizam-se próximos ou dentro das vísceras. c) Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: em consequência da posição dos gânglios, o tamanho das fibras é diferente nos dois sistemas. Assim, no simpático, a fibra pré-ganglionar é curta e a pós-ganglionar é longa. Já no sistema nervoso parassimpático, temos o contrário: a fibra pré-ganglionar é longa, a pós-ganglionar, curta. d) Ultraestrutura da fibra pós-ganglionar: sabe-se que as fibras pós-ganglionares contêm vesículas sinápticas de dois tipos: granulares e agranulares, podendo as primeiras ser grandes ou pequenas. A presença de vesículas granulares pequenas é uma característica exclusiva das fibras pós-ganglionares simpáticas, o que permite separá- las das parassimpáticas, nas quais predominam as vesículas agranulares. No sistema nervoso periférico, as vesículas agranulares contem acetilcolina. Essa diferença torna- Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) se especialmente relevante para interpretação das diferenças farmacológicas entre fibras pós-ganglionares simpáticas e parassimpáticas. Diferenças farmacológicas entre o sistema nervoso simpático e o parassimpático. Neurotransmissores As diferenças farmacológicas dizem respeito à ação de drogas. Drogas que imitam a ação do sistema nervoso simpático são denominadas simpaticomiméticas, enquanto as que imitam as ações do parassimpático são chamadas de parassimpaticomimérticas. As fibras nervosas que liberam a acetilcolina são chamadas colinérgicas e as que liberam noradrenalina, adrenérgicas. As fibras pré-ganglionares, tanto simpáticas como parassimpáticas e as fibras pós-ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. Contudo, a grande maioria das fibras pós-ganglionares do sistema simpático é adrenérgica. Fazem exceção as fibras que inervam as glândulas sudoríparas e os vasos dos músculos esqueléticos que, apesar de simpáticas, são colinérgicas. Diferenças fisiológicas entre o sistema nervoso simpático e o parassimpático De modo geral, o sistema simpático tem ação antagônica à do parassimpático em um determinado órgão. Esta afirmação, entretanto, não é valida em todos os casos. Assim, por exemplo, nas glândulas salivares os dois sistemas aumentam a secreção, embora a asecreção produzida por ação parassimpática seja mais fluida e muito mais abundante. Além do mais, é importante acentuar que os dois sistemas, apesar de, na maioria dos casos, terem ações antagônicas, colaboram e trabalham harmonicamente na coordenação da atividade visceral, adequando o funcionamento de cada órgão às diversas situações a que é submetido cada organismo. Uma das diferenças fisiológicas entre o simpático e o parassimpático é que este tem ações sempre localizadas a um órgão ou setor do organismo, enquanto as ações do simpático, embora possam ser também localizadas, tendem a ser difusas, atingindo vários órgãos. A base anatômica desta diferença reside no fato de que os gânglios do parassimpático, estando próximos das vísceras, fazem com que o território de distribuição das fibras pós-ganglionares seja necessariamente restrito. Além do mais, no sistema parassimpático, um fibra pré- ganglionar faz sinapse com um número relativamente pequeno de fibras pós-ganglionares. Já no sistema simpático, os gânglios estão longes das vísceras e uma fibra pré-ganglionar faz Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) sinapse com grande número de fibras pós-ganglionares que se distribuem a territórios consideravelmente maiores. Os impulsos nervosos resultantes da visão de algo perigoso são levados ao cérebro, resultando uma forma de emoção, o medo. Do cérebro, mais especificamente do hipotálamo, partem impulsos nervosos que descendem pelo tronco encefálico e medula, ativando neurônios pré- ganglionares simpáticosda coluna lateral, de onde os impulsos nervosos ganham os diversos órgãos. Iniciando a reação de alarme. Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) Anotações da aula SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 16/08/2017 Neurônios pré-ganglionares Neurônios pós-ganglionares SISTEMA NERVOSO VISCERAL Aferente Eferente o Simpático (toracolombar, T1-L2) o Parassimpático (craniossacral, alguns nervos cranianos [III, VII, IX e X] e de S2- S4) Aferente Características Visceroceptores Ex. Corpo carotídeo detecta variação da oxigenação Gânglios sensitivos Impulsos aferentes inconscientes Dor visceral Localização imprecisa, estimulada pela distensão da víscera, dor referida ou projetada. Ação involuntária Órgãos efetuadores M. estriado cardíaco. M. liso e glândulas (suprarrenal/adrenal, parótida ...) Neurônios 1. Pré-ganglionares 2. Pós-ganglionares ou Ganglionares Terminações nervosas livres Critérios Simpático Parassimpático Posição do neurônio pós- ganglionar Longe das vísceras Próximo ou dentro das vísceras Tamanho das fibras pré- ganglionares Curtas Longas Tamanho das fibras pós- ganglionares Longas Curtas Classificação farmacológica das fibras pós-ganglionares Adrenérgicas (maioria) colinérgicas Posição do neurônio pré- ganglionar T1 a L2 Tronco encefálico e S4 a S4 Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) Níveis superiores de controle o Bulbo o Ponte o Hipotálamo o Sistema límbico PARTE SIMPÁTICA DO SNA Funções o Constrição de vasos sanguíneos cutâneos o Aceleração do fluxo sanguíneo para os mm. esqueléticos e para o encéfalo o Estimulação da secreção de glândulas sudoríparas o Estimulação dos músculos eretores dos pelos o Dilatação das pupilas e focalização de objetos distantes Tronco simpático o Base do crânio até o cóccix o Gânglios paravertebrais o Ramos interganglionares o Ramos comunicantes - Branco - cinzento o Localização de sinapse entre neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares: em um gânglio paravertebral situado no mesmo nível em um gânglio paravertebral situado acima ou abaixo em um gânglio pré-vertebral/colateral (localizado anteriormente à coluna) o Trajeto das fibras pós-ganglionares por intermédio de um nervo espinal por intermédio de um nervo independente por intermédio de uma artéria o porção cervical três gânglios - cervical superior: relacionado aos olhos e glândulas - cervical médio - cervical inferior o porção torácica n. esplâncnico maior n. esplâncnico menor n. esplâncnico inferior Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) plexo cardíaco e pulmonar gânglio celíaco gânglio mesentérico superior o gânglio colateral gânglio celíaco gânglio mesentérico superior gânglio mesentérico inferior o porção lombar gânglio mesentérico inferior o Porção sacral Plexo hipogástrico inferior o Porção coccígea Gânglio ímpar Medula suprarrenal Função: liberação de adrenalina na circulação geral PARTE PARASSIMPÁTICA Funções o Constrição das pupilas o Secreções de glândulas digestivas o Aumento da atividade dos mm. lisos do trato digestório o Contração da bexiga urinário o Estimulação e coordenação da defecação o Constrição de vias aéreas o Redução da frequência cardíaca o Parte craniana Núcleos de nervos cranianos Gânglios - ciliar - pterigopalatino - ótico - submandibular Plexo submucoso (de Meissner) Plexo mioentérico (de Auerbach) o Parte sacral Neurônios pré-ganglionares S2, S3 e S4 Nervos esplâncnicos pélvicos/eretores Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) Pupila Simpática: dilatação da pupila (midríase) Parassimpático: constrição da pupila (miose) Glândula lacrimal Simpático: pouco efeito sobre a secreção Parassimpática: secreção abundante Glândulas sudoríparas Simpático: secreção copiosa Parassimpática: ausente Glândulas salivares Simpático: secreção viscosa e pouco abundante Parassimpático: secreção fluida e abundante Musculores eretores dos pelos Simpático: ereção dos pelos Parassimpático: ausente Coração Simpático: taquicardia; dilatação das coronárias Parassimpático: bradicardia; constrição das coronárias Brônquios Simpático: dilatação Parassimpático: constrição Tubo digestivo Simpático: diminuição do peristaltismo e fechamento dos esfíncteres Parassimpático: aumento do peritaltismo e abertura dos esfíncteres Estomago é inervado pelo tronco vagal anterior e tronco vagal posterior Fígado Simpático: aumento da liberação de glicose Parassimpático: armazenamento de glicogênio Thiago Picco – Medicina UFMT (LX) Pâncreas Simpático: diminui a secreção Parassimpática: ausente Bexiga Simpático: facilita o enchimento pelo relaxamento interno da parede e contração do esfíncter interno Parassimpático: contração da parede e esvaziamento Genital masculino Simpático: vasoconstrição e ejaculação Parassimpático: vasodilatação e ereção Glândula suprarrenal Simpático: secreção de adrenalina Parassimpático: ausente