Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Felipe P Carpes Biomecânica do tecido ósseo e articulações Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Veja 04/1996 Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Objetivos da aula Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Discutir as propriedades mecânicas de ossos, músculos, articulações, tendões e ligamento; Apresentar conceitos básicos referentes ao sistema músculo- esquelético e suas características biomecânicas; Descrever mecanismos de interação entre os tecidos ósseo, muscular e nervoso com base na neuromecânica; Apresentar fatores selecionados que influenciam as propriedades mecânicas destes tecidos. Músculos Ossos Articulações Tendões Ligamentos Cinemática Cinética Eletromiografia Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Matriz orgânica (cálcio, fosfato, colágeno): Água: Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html 60 a 70% 25 a 30% Tecido ósseo Funções – Suporte mecânico – Locomoção – Proteção para órgãos internos – Ponto para fixação muscular – Medula óssea – vértebras, fêmur e crista ilíaca Você sabia? Os ossos constituem cerca de 16% da massa corporal total Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Diferentes formas Diferentes tamanhos Forma e tamanho são determinadas pelas cargas mecânicas Ossos longos e “ ocos” Ossos curtos e “sólidos” Ossos com formato não comparável a outros objetos. Anatomia óssea Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Basicamente, as características de sobrecarga e uso definem o formato dos ossos Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Forma dos ossos Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Diáfise – corpo Epífise – extremidades Placa/linha Epifisal– região de crescimento Artérias Nutrientes– medula e osso compacto Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Arquitetura de ossos chatos Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Cortical ou compacto - córtex do osso - estrutura densa - resistente a deformação Trabecular ou esponjoso -interno ao cortical - estrutura de malha frouxa -espaços intersticiais preenchidos com medula óssea Arquitetura óssea Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Perfuração / Canais de VolkmannCentral / Canais Haversianos cortical trabecul ar Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Hierarquia Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html C om pr es sã o Te ns ão C is al ha Es tr es se (M pa ) 200 150 100 50 Te ns ão C om pr es sã o Força e dureza do tecido ósseo Cortical Trabecular Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Força e dureza (cortical mais resistente) (diferentes respostas a cargas em diferentes Anisotropia direções) (diferentes respostas de acordo com a Viscoelasticidade velocidade) Resposta elástica (absorção do impacto – deformação) Resposta plástica (mudança na forma – micro-rupturas) Piezoeletricidade (campo elétrico atrai ou repele moléculas do plasma, o que participa no fortalecimento da estrutura. Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Características biomecânicas Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Força durante ação isométrica de (a) flexores, (b) extensores, (c) adutores e (d) abdutores do quadril. Força axial sobre o fêmur (linha preta) em comparação com a FRS (linha fina) Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html A geometria do osso adaptou- se ao exercício de impacto, especialmente na região média do fêmur. O número e intensidade de impactos diários são os principais fatores influenciando a adaptação Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html De acordo com a Lei de Wolff, a densidade, e em menor proporção o tamanho e a forma, dos ossos são determinadas pela magnitude e direção das forças atuando sobre eles. Lei de Roux: A orientação do sistema trabecular depende da direção das forças Vídeo Reconstrução da cabeça do fêmur Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Osso normal Implante de crômio Implante de titânio ANDAR Gafaniz et al 2007 Características mecânicas dos ossos Tensão (stress) - σ = F/A Deformação (strain) - ε = (L-L0)/L0 Elasticidade Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Sem carga Comprimento Diâmetro Sobrecargas mecânicas Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Sobrecargas mecânicas Efeito Poisson Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Você sabia? Simeón Poisson foi estudante de Doutorado de Joseph Lagrange Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html COMPORTAMENTO MECÂNICO – Lei de Hooke –” Tensão é proporcional à deformação” – Não-Hookeano – não responde de forma linear à aplicação de carga. ca rg a inclin = módulo de elasticidade deformação Displacement (strain) Fo rc e (s tr es s) Elasticmaterial Displacement (strain) Non elasticmaterial Fo rc e (s tr es s) Robert Hooke (1635-1703) Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html RESPOSTA ELÁSTICA Quando submetido a uma carga, o osso deforma-se na busca de absorção de impacto e energia Essa deformação atinge cerca de 3% do comprimento Região elástica Deformação Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html RESPOSTA PLÁSTICA Deformação Es tr es se (c ar ga ) Após o ponto de deformação, ocorrem micro-rupturas no tecido e o osso experimenta uma fase plástica Com isso, ao remover-se a carga, o osso não retorna mais a sua forma original Fratura / falha Região plástica Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Resistência a falha Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Diminuição com a idade Diferença entre ossos e regiões do corpo Envelhecimento Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html jovem Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html idoso Viscoelasticidade Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Diferentes respostas a diferentes velocidades de aplicação de carga Anisotropia Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Diferentes respostas a cargas aplicadas em diferentes direções Remodelação óssea Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Como os ossos resistem por tanto tempo ao longo da vida? Qual é o processo que determina essa resistência ? Remodelagem e depósito ósseo Cargas mecânicas Intermitentes Reabsorção > depósito: osteoporose Miosite ossificante ~ calcificação precoce Ação de: Osteócitos - mineralização Osteoclastos – digerem matriz Osteoblastos - reconstroem Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Os processos ocorrem devido à atividade de: ✓Osteoblasto - célula óssea responsável pela produção de tecido ósseo ✓Osteoclasto - célula óssea responsávelpela reabsorção de tecido ósseo ✓Osteócito - osteoblastos envolvidos pela própria matriz que produziram. Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html E quando a resistência não é suficiente? Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html 1º - Osteoclastos reabsorvem / alargam cavidade 2º -Inversão de 1 a 2 dias: Células mononucleares revestem a parede cavitária em pequena extensão 3º Surgem osteoblastos, começam a depositar uma junção osteóide (pré- osso), que mineraliza. 4 º É realizado o preenchimento das lamelas concentricamente, apresentando enchimento cônico da cavidade. Humanos: levam de 3 a 4 meses para completar Um ósteon Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html E quando a resistência não é suficiente? ♣Fratura ♣Hematoma (vasos rompidos) ♣Fluxo sanguíneo interrompido ♣Formação de um calo mole ♣Preenchimento a parte fraturada ♣Osteoclastos digerem as estruturas mortas ♣Forma o calo ósseo (dá estabilidade) ♣Atividade dos osteoblastos ♣Consolidação do osso novamente ♣Ação dos osteoclastos para reduzir o calo ósseo que ficou Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html E quando a resistência não é suficiente? Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Adaptação do Tecido Ósseo: IMOBILIZAÇÃO Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html ✓ Indivíduos acamados sofrem severa perda do tecido ósseo (1% / sem); Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html ✓ Estado estável de perda óssea é atingido após perda da ordem de 30 a 40% Densidade óssea em crianças (12 - 13 anos) em função da atividade física (Grimston et al., 1993) Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Características do tecido Mai or Proporção de ósseo de crianças Colágeno ✓ Aumento da flexibilidade óssea ✓Maior tolerância à deformação plástica. Diminuição da resistência à compressão Alto potencial de remodelagem Sobrecarga Adulto FRATURA Criança Deformação Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html ✓Corredores (cross-country) apresentam mais massa óssea quando comparados à sedentários de mesma idade e peso (Dalin & Olsson, 1974). ✓ Atletas (mulheres) de nível universitário, apresentam maior densidade óssea vertebral que o grupo controle (sedentárias). Na pós-menopausa esta diferença se acentua. ✓Mulheres no período de pós-menopausa, praticantes de atividade física (1 hora / 3x semanais / 1 ano) aumentaram sua densidade óssea. Inativas diminuíram sua densidade no mesmo período (Aloia et al., 1978). Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html ✓ Dança x Caminhada: Dança preservou melhor a integridade óssea de mulheres (pós-menopausa) do que a caminhada. Ambas as atividades condicionaram adaptações biopositivas (Zetterberg et al., 1990) ✓ Soldados: Observa-se grande aumento (5 - 10 %) da massa óssea de recrutas, após 16 semanas de treinamento. Grupo apresenta alto índice de lesões ósseas. ✓Astronautas apresentam grande excreção de cálcio através da urina. Após 1 ano de permanência no espaço podem ocorrer perdas de massa óssea da ordem de 25 % (Raumbaut et al., 1979). Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Terminações ósseas Articulações Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html movimento Quais as características da terminação óssea? Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Líquido Sinovial Produzido pela membrana sinovial Nutrição da cartilagem Proteção Discos fibrocartilaginosos Otimiza a função da cartilagem Estabiliza a articulação Estruturas protetoras Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Conexão entre ossos – formando segmentos: articulações Imóveis (sinartroses) Semi-móveis (anfiartroses) Móveis (diartroses) Bola e soquete, pivô, sela, dobradiça, elipsóide, plana Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Fibrosa Cartilaginosa Sinovial Conexão entre ossos – formando segmentos: articulações Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Cartilagem articular (CA) 5% células 95% matriz 65 – 80% água Espessura de 1 a 7 mm ↑ quadril e joelho ↓ tornozelo e cotovelo Anisotrópica Você sabia? Que a CA da patela tem ~ 5mm de espessura Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html CARTILAGEM ARTICULAR Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Características Espessura de 1 a 5 mm (diminui com a idade) Deformável Avascular Baixa taxa metabólica Anisotrópicas Funções Transferir forças Distribuição de força Reduzir atrito e limitar movimento articular Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Baixo conteúdo de proteoglicanos, possui camadas alinhadas e uniformes de colágeno Maior conteúdo de proteoglicanos, e uma rede de fibras de colágeno e células esferoidais entre elas. Elevado conteúdo de proteoglicanos, fibras de colágeno alinhadas perpendicularmente a articulação e células arredondadas em colunas entre as redes de colágeno. Elevada concentração de cálcio, ausência de proteoglicanos, fibras de colágeno e condrócitos Proteoglicanos Atraem água para o tecido Ação sobre enzimas Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Fatores responsáveis pela degeneração da cartilagem articular Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html ⎫Magnitude do estresse imposto (Carga total + Distribuição do estresse) ⎫Irregularidades na superfície articular ⎫Freqüência do estresse aplicado ⎫Mudanças na estrutura molecular microscópica da estrutura de colágeno- proteoglicanos ⎫Degeneração associada a artrite reumatóide ⎫Hemorragias associadas a hemofilia ⎫Desordens no metabolismo do colágeno ⎫Degradação do tecido por enzimas proteolíticas ⎫Mudanças na propriedade mecânica intrínseca do tecido ⎫Afrouxamento da rede de colágeno ⎫Diminuição da rigidez da cartilagem ⎫Aumento na pearmeabilidade Artrite reumatóide Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Compressão Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Tensão/ Compressão Cisalhamento Torção Pilar anterior Pilar posterior Segmento passivo ( vértebra) Segmento ativo Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html EXEMPLO DA APLICAÇÃO NA COLUNA VERTEBRAL Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html EXEMPLO DA APLICAÇÃO NA COLUNA VERTEBRAL Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html WHIT E III e PANJABI ( 1990) Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Resistência das vértebras Cargas compressivas Wilke et al. (1999) Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Já sabemos algumas peculiaridades biomecânicas do osso Já vimos como funciona a conexão entre os ossos - articulação Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html Referênciasbásicas Biomecânica - Felipe Carpes – www.ufsm.br/gepec/biomec.html • Hamill J, Knutzen KM. Bases biomecânicas do movimento humano. Manole: São Paulo, 1999. • Enoka RM. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2.ed. Manole: São Paulo, 2000. • Hall S. Basic biomechanics. 5.ed. McGrow Hill: Boston, 2007. • Winter D.A. Biomechanics and motor control of human movement. 2.ed. John Wiley & Sons: New York, 1990.
Compartilhar