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BIOMECÂNICA AULA 3 Prof.Andréa Ferian BIOMECÂNICA DO TECIDO ÓSSEO Tecido ósseo Um dos tecidos mais duros e resistentes do corpo humano Tecido ósseo Estrutura dinâmica que sofre remodelagem constante e responde às alterações : -nas cargas mecânicas - nos hormônios sistêmicos - nos níveis séricos de cálcio (tireóide e paratireóide) Tecido ósseo - Funções Fornece estrutura esquelética rígida que sustenta e protege outros tecidos corporais Depósito de minerais Abriga as células da medula óssea Forma um sistema de alavancas que pode ser movido pelas forças musculares aplicadas Tipos de ossos Esqueleto Axial Esqueleto Apendicular Curto Plano Longo Irregular Pneumático Sesamóide Tecido ósseo (macroscopicamente) Cortical: (80% da massa esquelética): compacto, predomina nos ossos longos Mais resistente ao estresse Trabecular : esponjoso, predomina no esqueleto axial e no interior dos ossos longos Suporta mais sobrecarga ou deformação Apesar de possuírem as mesmas céls, seu comportamento mecânico e suas respostas adaptativas são diferentes Propriedades e estrutura do osso Composição Histológica: Matriz óssea (60-70%): Matriz Orgânico X Matriz Inorgânico Água (±30%) Água resistência (fluxo de água nos ossos carrega nutrientes e afasta produtos de desgaste) (Irrigado ricamente por vasos sanguíneos) Matriz Orgânica Fibras de proteína (colágeno) – 90% Colágeno elasticidade (resistência tensiva = capacidade de resistir a uma força de tração ou estiramento) Substâncias de base (proteoglicanas) – 5%. Células ósseas - 3 a 5%. (Osteoblastos, osteoclastos e osteócitos) Células Ósseas Osteoblastos: localizados na superfície óssea e formam osso Osteoclastos: localizados na superfície do osso e reabsorvem osso Osteócitos: permeiam toda a cortical do osso. Derivados de osteoblastos . Matriz Inorgânica Carbonato de cálcio e fosfato de cálcio rigidez (resistência compressiva : capacidade de resistir a uma força de pressão ou esmagamento) Relação entre Matriz Inorgânica e Orgânica Relação entre matéria inorgânica (cálcio e fósforo) e orgânica (colágeno, proteínas não colágenas) - Recém-nascido: 1:1 Grande elasticidade - 60 a 70 anos: 7:1 Fragilidade Propriedades e estrutura do osso A porcentagem relativa de mineralização varia com a idade e também com a localização do osso no corpo Osso poroso: quanto mais poroso, menor a proporção de fosfato e carbonato de cálcio Porosidade baixa: osso cortical (camada externa) Porosidade alta: osso esponjoso (camada interna) Propriedades Biomecânicas do Osso Biomecanicamente, o tecido ósseo é um material composto (bifásico): mineral e colágeno Propriedades mecânicas mais importantes são: resistência e rigidez. Essas e outras podem ser entendidas pelo exame de seus comportamentos sob cargas. Propriedades Biomecânicas do Osso Curva de carga-deformação: Cargas causam uma deformação ou uma mudança nas dimensões da estrutura Quando uma carga numa direção conhecida é imposta na estrutura, a deformação da estrutura pode ser mensurada Curva de carga-deformação Três parâmetros para determinar a resistência da estrutura são refletidos na curva 1) Carga que a estrutura pode sustentar antes de falhar 2) Deformação que a estrutura pode suportar antes de falhar 3) Energia que a estrutura pode acumular antes de falhar (tamanho da área sob a curva inteira) Região Plástica Ponto de cedência Ponto de falha final Curva de estresse-deformação E st re ss e Região Plástica Região elástica: Pouca deformação – carga elevada. Remoção da carga – retorno ao estado original. Região plástica: Muita deformação – pouca carga. Remoção da carga – tecido não retorna ao estado original. Comprometimento do tecido por deformação óssea. Ponto de Fratura: Falência total do tecido. Tecido ósseo Curva de estresse-deformação Estresse é a carga ou força por unidade de área (N/cm2, N/m2 e MN/m2) Deformação (mudança em dimensão) desenvolve-se dentro de uma estrutura em resposta às cargas aplicadas externamente Estresse mecânico Representa o resultado da distribuição interna da força, aplicada externamente sobre o corpo Quantificado por unidade de área sobre a qual ela atua Quando um impacto é aplicado ao corpo humano, a probabilidade de lesão de tecidos corporais está relacionada à magnitude e direção do estresse criado pelo impacto. Estresse mecânico Propriedades mecânicas Osso cortical é mais rígido e mais forte que o esponjoso, sustentando maior estresse; Osso esponjoso tem maior capacidade de absorção de choques (pode sustentar cargas até 50% de deformação antes de falhar, enquanto o osso cortical cede e fratura quando a deformação excede 1,5% a 2%); Diferença física entre os dois tecidos é a densidade; Osso esponjoso: 25% menos denso, 5 a 10% menos rígido e 5x mais flexível do que o cortical TECIDO ÓSSEO SOLICITAÇÕES MECÂNICAS Cargas mecânicas sobre os ossos Forças e momentos podem ser aplicados a uma estrutura em várias direções produzindo: Compressão Tensão (tração) Deslizamento (cisalhamento) Envergamento Torção Cargas combinadas Compressão Cargas iguais e opostas são aplicadas na direção interna à superfície da estrutura resultando em estresse e deformação Estresse compressivo pode ser visto como várias pequenas forças direcionadas para dentro da estrutura Estrutura encurta-se e alarga-se Fraturas compressivas nas vértebras Tensão/Tração Cargas iguais e opostas são aplicadas na direção externa à superfície da estrutura Estresse de tensão pode ser visto como muitas pequenas forças direcionadas para fora da estrutura Estrutura alonga-se e estreita-se Fraturas no calcâneo por intensa contração do tríceps que produz carga de tensão Deslizamento Aplicação de cargas tangenciais, a carga aplicada é paralela à superfície da estrutura e o estresse e a deformação tangenciais resultam dentro da estrutura Fraturas tangenciais são mais comumente vistas em ossos esponjosos Envergamento As cargas são aplicadas na estrutura, de modo que causam o envergamento da estrutura em um eixo Combinação de tensão e compressão. Estresse e deformação de tensão agem em um lado de um eixo neutro e, estresse e deformação compressivo agem no outro lado Envergamento pode ser produzido por 3 forças ou 4 forças Fraturas comumente nos ossos longos Torção A carga é aplicada na estrutura num modo que causa à estrutura um giro em torno de um eixo, e um torque é produzido dentro da estrutura Estresse tangenciais são distribuídos em toda a estrutura Os estresses tangencias máximos agem nos planos paralelos e perpendiculares ao eixo neutro da estrutura Cargas combinadas Osso humano é raramente carregado em somente um modo Carregamento em ossos vivos é complexo Osso submetido a cargas múltiplas indeterminadas Geometria irregular Influência da atividade muscular As contrações musculares diminuem ou eliminam o estresse de tensão no osso pela produção de estresse compressivo que neutraliza o de tensão, parcial ou totalmente Prevenção da fratura anterior da tíbia por envergamento numa bota de esqui pela contração do tríceps sural Cargas repetitivas X traumáticas Traumática: uma única força, grande o suficiente para causar lesão Repetitivas: repetição sustentada de forças relativamente pequenas Fraturas de fadiga ou de estresse Fraturas por overuse: Cargas repetidas de baixa magnitude. Mais frequenteem atividades físicas. Fraturas agudas: Uma única carga de alta magnitude. Acidentes. Cargas repetitivas X traumáticas Sobrecarga no tecido ósseo Microtraumas Remodelagem óssea: Osteoclastos reabsorvem tecido lesionado. Osteoblastos depositam nova estrutura. Fratura por estresse: Processo de remodelação é ultrapassado pelo processo de desgaste. Lesões Ósseas Lesões Ósseas Fraturas Avulsão: fratura induzida por uma carga de tração na qual uma parte do osso é puxada para fora por um tendão ou ligamento inserido nele Cominutiva: caracterizada por numerosos múltiplos fragmentos Impactada: pressionado um contra o outro por uma carga compressiva Lesões Ósseas Fraturas Fratura de estresse: uma fratura resultante de uma carga repetida de magnitude relativamente pequena Fratura em galho verde: uma fratura resultante de uma inclinação ou torção na qual um lado do osso é quebrado e o outro lado permanece intacto Cintilografia Óssea – Fratura por estresse Crescimento e Desenvolvimento Crescimento longitudinal: ocorre somente quando a epífise óssea está presente (produz continuamente novas células em sua diáfise). Fecha por volta dos 18 anos. Crescimento circunferencial: os ossos crescem em diâmetro durante quase toda a vida Osteoblasto: forma tecido ósseo novo Osteoclasto: reabsorve tecido ósseo Crescimento e Desenvolvimento Resposta óssea ao estresse Remodelagem óssea Ação de osteoblastos e osteoclastos continuamente remodelam o osso Depende da magnitude e direção do estresse mecânico aplicado Hipertrofia óssea Os ossos sofrem uma hipertrofia em resposta a certas atividades físicas regulares. Quanto maior a força ou a carga habitualmente encontrada, maior é a mineralização do osso. Resposta óssea ao estresse Estresse reduzido: atrofia óssea Cálcio diminui, peso e resistência decrescem Cálcio vai para a circulação sanguínea cálculos renais LEI DE WOLFF Osso se remodela para suportar demandas mecânicas impostas a ele Osso ganha ou perde tecido ósseo (compacto ou esponjoso) em resposta ao estresse mecânico Estresse mecânico: atividade e gravidade Maior atividade e maior massa corporal Maior estresse mecânico Maior tecido ósseo Resposta óssea ao estresse Volume Resultados de densidade óssea, de diferentes regiões do corpo (braço, perna, vértebras lombares, colo fêmur, trocanter do fêmur), dos jogadores de futebol das diferentes categorias em relação ao controle. Adaptado de Karlsson et al25. Obs: a primeira divisão treinava cerca de 12 h/semana; a terceira, 8 h/semana; e a sexta, 6 h/semana. Evidências: Astronautas e imobilização Atletas de diferentes modalidades Sedentarismo Resposta óssea ao estresse Desuso e Inatividade: Declínio de massa óssea. Reabsorção óssea. Difícil recuperação. Astronauta - Comportamento semelhante. Estudos no espaço: Ratos em atividades vigorosas. Mesma atividade osteoclástica. Menor atividade osteoblástica. Resposta óssea ao estresse Densidade óssea x modalidade Estímulo de tração gerada pelo músculo é insuficiente para aumentar densidade. Preferência pelo estímulo compressivo. Piezoeletricidade Comportamento piezoelétrico: Aplicação de cargas mecânicas geram cargas elétricas. Piezoeletricidade no osso Compressão carga negativa construção Tração carga positiva reabsorção Densidade mineral óssea das atletas do sexo feminino de diferentes modalidades, para diferentes regiões do corpo, expressa em valores percentuais em relação ao grupo controle. Densidade óssea em crianças (12 - 13 anos) em função da atividade física (Grimston et al., 1993) “Impacto”: 3 vezes o Peso Corporal (corredores, ginastas, dançarinos) Carga ativa: Contração muscular (natação) Criança e adolescente Características de composição importantes: Maior quantidade de colágeno Menor quantidade de cristais de cálcio. Presença dos discos epifisários. Maior quantidade de colágeno: Aumento da flexibilidade do tecido. Diminuição de rigidez do tecido. Menor tolerância às cargas de compressão. Maior possibilidade de atingir a região plástica. Discos epifisários Características: Disco cartilaginoso. Região de proliferação do tecido ósseo. Região de maior vulnerabilidade. Forças aplicadas nos ossos longos de crianças geram mais lesões nas epífises do que nas articulações. (WILKINS, 1980 e SPEER & BRAUN, 1985) Cargas excessivas na linha de crescimento. (discos epifisários) Comprometimento irreversível das estruturas responsáveis pelo crescimento do tecido. (células e suporte sanguíneo) Conseqüência: Distúrbio do Crescimento. Distúrbios de crescimento: Intensidade X modalidade Ex: ginasta. Exercícios intensos: aceleração da maturação óssea de animais (macacos) Supressão permanente do crescimento longitudinal do osso. Lesivo é a intensidade, não a modalidade. Comprometimento do tecido ósseo Maior Proporção de Colágeno - Aumento da flexibilidade óssea - Maior tolerância à deformação plástica - Diminuição da resistência à compressão - Alto potencial de remodelagem Características do tecido ósseo de crianças Sobrecarga Adulto Criança FRATURA Deformação Osteoporose Perda excessiva de componente mineral e da resistência do osso Hiperatividade dos osteoclastos Hipoatividade dos osteoblastos Fatores hormonais Ingestão insuficiente de cálcio ou outros minerais e nutrientes Tecido ósseo - idoso Envelhecimento: Diminuição na quantidade de trabéculas. Diminuição da espessura do osso cortical. Redução da resistência e da rigidez. Efeitos: Mulheres > Homens. Menopausa e Amenorréia: Interrupção da menstruação. Pouca gordura corporal pouco estrogênio. Baixo estrogênio: Diminuição na absorção do cálcio. Facilita reabsorção do osso. Tecido ósseo - idoso
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