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Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste Centro de Ciências Agrárias – C.C.A. Curso de Zootecnia Disciplina de Microbiologia Acadêmicos: Alexsandro Giacomini Jéssica Gabi Jéssica Zismann Lucas Dall’Agnol Mariana Larissa Microbiologia do Rúmen Marechal Cândido Rondon 2014 1 Introdução • As culturas de grãos e fibras possuem numa proporção de 5 para 95%, nutrientes prontamente utilizáveis e resíduos. • Os animais poligástricos nascem não-ruminantes, e após aproximadamente um mês e meio, podem estar com o rúmen em funcionamento. 2 Rúmen • Apesar de uma vasta microbiota nos ruminantes, a única relação simbiótica é dos microrganismos no rúmen e o ruminante. • A diferença de velocidade de passagem dos alimentos pelo rúmen favorece a ação dos microrganismos sobre eles. – Os que estão na fase liquida, 6 a 9% MS – rápidos. – As grandes partículas, 14 a 18% MS – maior tempo. 3 • Ambiente do rúmen: – anaeróbio estrito (raras exceções); – temperatura constante favorável aos mesófilos; – pH entre 6 e 7. • As bactérias aderidas a parede do rúmen são em grande número anaeróbicas facultativas, com atividade ureolítica. • Quando o pH do rúmen é diminuído artificialmente pela adição de ácidos orgânicos, ocorre uma diminuição da digestão das fibras e do consumo da matéria seca. O que pode ser evitado com adição de bicarbonato de sódio. 4 • Bactérias celulolíticas: muito sensíveis ao pH ácido. • Bactérias amilolíticas: ácido tolerante. • As taxas de crescimento bacteriano ruminais diminuem com um decréscimo do pH. • Além do pH, endotoxinas também influenciam no estado geral do animal. 5 • A maior parte dos compostos nitrogenados ingeridos, é degradada pelos microrganismos do rúmen-reticulo, com o produto final - amônia. • A amônia por sua vez constitui a maior fonte de compostos nitrogenados para a síntese proteica microbiana. • “ 78% do nitrogênio das bactérias são derivados da amônia ruminal” PIGRIM at al. (1970). 6 Fluxo de Oxigênio no Rúmen • Grande quantidade de oxigênio penetra no rúmen através dos capilares da mucosa. Este oxigênio é tóxico para os microrganismos anaeróbicos estritos do rúmen. • Protozoários contribuem no controle do fluxo de oxigênio ruminal. • O consumo de oxigênio pela microbiota é de 4,4 µmoles de oxigênio por minuto e por mililitro cúbico. • As espécies aerotolerantes removem o oxigênio do meio protegendo os microrganismos mais sensíveis. 7 Bactérias do Rúmen • As bactérias do rúmen degradam a celulose. • A celulose é um dos materiais orgânicos mais abundante na natureza e pode ser convertida em carboidratos solúveis. 8 Onze grupos de microrganismos podem ser encontrados no rúmen, classificados em função dos principais substratos que fermentam, a saber: 1. Celulolíticas 2. Hemicelulolíticas Ruminococcus albus Bacteroides ruminicola 9 3. Pectinolíticas 4. Amilolíticas 5. Ureolíticas 6. Metanogênicas Treponema Bacteroides amylophilus Selenomonas sp. Methanobacterium thermoautotrophicum 10 7. Sacarolíticas: Treponema bryantii, Lactobacillus vitulinus, Lactiobacilos ruminus. 8. Acetolíticas: Megasphaera elsdenii, Selenomonas ruminatium. 9. Proteolíticas: Bacteroides amylophilus, Bacteroides ruminicola, Butyrivibrio fibrisolvens, Streptococcus boys. 10. Amoniagênicas: Bacteroides ruminicola, Megasphera elsdenii, Selenomonas ruminatium. 11. Lipolíticas: Anaerovibrio lipolytica, Butyrivibrio fibrisolvens, Treponema bryantii, Eubacterium sp., Fusocillus sp., Micrococcus sp. 11 • A fibra das plantas forrageiras e de palhadas é constituída por 40% de celulose, 35 a 48% de hemicelulose, pequenas quantidades de pectina e de lignina (variável). • A resistência da parede celular das plantas para degradação no rúmen, se relaciona com os diferentes tipos e quantidades de pontes de ligações cruzadas. 12 • Fibrobacter succinogenes - bactéria ruminal, com habilidade para degradar extensivamente a parede celular de plantas e várias formas de celulose cristalina. • A degradação da celulose cristalina é um processo complexo que requer a participação de pelo menos três enzimas com atividade celulítica. • Uma alimentação rica em grãos aumenta a densidade energética da dieta, mas interfere negativamente na digestão do material fibroso das plantas. 13 • Estimulantes salivares influenciam na diluição do conteúdo ruminal e no crescimento de microrganismos neste local. • A metanogênese é realizada por arueebactérias metanogênicas que habitam o trato digestivo. • As metanogênicas produzem a maior parte do metano formado nestes ecossistemas, através da utilização do H2 para reduzir CO2 a metano. 14 • A concentração do gás metano esta em função da produção de H2 pela microbiota não- metanogênica presente no rúmen. • O metano sai do rúmen e é eliminado pela respiração dos ruminantes. 15 • O excesso de H2 proveniente da degradação de carboidratos inibe a continuidade do processo. • Isso indica que a digestão poderia estar prejudicada se no houvesse no interior do rúmen bactérias capazes de utilizar H2 e CO2 produzidos em grande quantidade pelos Ruminococcus e Selenomonas. 16 Fase não-ruminante e transição para fase ruminante • O animal recém-nascido entra em contato com bactérias desde o seu nascimento. A origem das bactérias presentes nos seus intestinos podem ser: saliva da fêmea mãe, úbere e o leite, entre outros. • Os microrganismos aeróbios podem estar presentes em grande número no interior do rúmen, até 9 semanas de idade. • Animais que recebem uma dieta com alimentos fibrosos podem apresentar atividade celulíticas já na 4° a 6° semanas. 17 • Os grupos predominantes de bactérias no desenvolvimento do ruminante: – Nas três primeiras semanas de vida são típicas de animais jovens. – Na 6° semana encontram-se grupos de bactérias típicas de animais adultos. – A partir da 9° a 13° semanas as bactérias ruminais refletem a microbiota de um animal adulto. • No caso de ovinos, na 1ª semana já estão presentes: Streptococcus bovis, Bacteroides fragilis e Clostridium spp. • Os protozoários estabelecem-se nos animais após o primeiro contato com a saliva. • O ar aparece com outro veiculo de partículas contendo protozoários – então estes já estão presentes nas primeiras semanas de vida do animal. 18 Fase Ruminante • O aumento de compostos energéticos na ração de ruminantes, provenientes do fornecimento de grãos de cereais, melhora a performance destes animais. • Para manter o pH do rúmen constante, o que favorece a digestão das fibras pelo aumento do numero das bactérias celulolíticas, sugere o uso de solução tampão com sais inorgânicos. • A adição de culturas fúngicas pode aumentar em até 2 Kg/dia a produção de leite e aumentar a ingestão de matéria seca em até 12%. 19 Fungos do Rúmen • A grande maioria dos fungos é aeróbio, porém bolores anaeróbios também foram descritos no rúmen. • Os fungos anaeróbios estritos no rúmen representam 8% da biomassa microbiana nos animais que recebem dieta rica em fibras. • Os fungos anaeróbios do rúmen solubilizam a paredecelular das plantas. As celulases funcionam como um complexo enzimático, e as enzimas celulolíticas do rúmen requerem mais estudos. • Na degradação da celulose cristalina estão envolvidas 3 enzimas: Endoglucanase, Exoglucanase e β-Glicosidase. A completa hidrolise da celulose é resultado sinérgico destas 3 enzimas. 20 • O Neocallimastix frontalis é um fungo anaeróbio estrito encontrado no interior do rúmen, apresenta ciclo de vida alternado. • Esse fungo produz enzimas responsáveis pela degradação da planta, como: celulase, β- glicosidase, xilanase, α-amilase. • Sua temperatura de crescimento de 37 a 39ºC e o pH entre 6 e 6,9, sendo que o ciclo de vida demora entre 24 e 32 h. 21 Protozoários do Rúmen • Os protozoários do rúmen foram os primeiros microrganismos a serem descritos neste nicho. Eles são maiores que as bactérias. • Representam 2% do peso do conteúdo ruminal, 40% do N total e 60% do produto final da fermentação. • Os protozoários flagelados somente aumentam em número de modo significativo quando os ciliados são removidos. • A maioria dos protozoários do rúmen são ciliados. Os ciliados pertencem a família Ophryoscolecidae e Isotrichidae. Os ciliados são principalmente de dois tipos: – Holotríqueos. – Entodinomorfos. 22 Ciliados: Holotríqueos e Entodinomorfos 23 • O papel dos protozoários no rúmen é bastante controverso. – Eles possuem uma atividade marcante do ponto de vista fermentativo. – Os ruminantes não precisam dos protozoários, uma vez que seu desenvolvimento não se altera em animais desfaunados. • Os protozoários tem tempo de retenção maior no rúmen quando comparados com as bactérias. Os protozoários ingerem as bactérias, transformando proteína bacteriana em proteína de protozoário. 24 • Uma dieta rica em material fibroso provoca uma diminuição no número de protozoários ruminais, enquanto uma dieta rica em açúcares favorece seu aumento. • Existe uma relação inversa entre o número de protozoários e bactérias na fase liquida ruminal. • O papel dos protozoários na fermentação parece ser semelhantes ao das bactérias: – Fermentar o material vegetal, reduzindo a pequenas cadeias ácidas. – Reproduzir-se. • A fermentação produz energia disponível para o animal, na passagem das células dos microrganismos para fora do rúmen. Os protozoários aparecem principalmente como produtores de acetato e butirato com traços de proprionato. 25 Micoplasmas do Rúmen • Anaeroplasma bactoclasticum e A. absctoclasticum são micoplasmas aeróbios estritos isolados de ruminantes, e apesar de exercerem uma atividade bacteriolítica sua função no rúmen, não está completamente esclarecida. 26 Bacteriófagos • São vírus bacterianos, que também foram isolados no interior do rúmen de bovinos e ovinos. Sua função e o significado de sua presença ainda não foram estudados. 27 Variação do número de espécies de microrganismos no rúmen • A mudança da microbiota, tanto qualitativo como quantitativo, pode ocorrer tanto em função de idade como da qualidade do material ingerido. • Os microrganismos presentes no interior do rúmen das diferentes espécies de ruminantes variam pouco, mesmo levando em conta o fator geográfico. Exemplo que mostra a diferença: a intoxicação dos ruminantes que ingerem Leucaena leucocephala na Austrália; o mesmo não ocorre no Havai. 28 Aditivos • O PH ótimo do rúmen esta entre 6,2 e 6,5. Neste valor de pH ocorre uma melhor digestão ruminal do alimento e otimiza a síntese protéica. • Para manter o valor do PH , uma série de aditivos na ração podem ser utilizados. – Exemplo: Bicarbonato de sódio. 29 Nitrogênio • No rúmen, a amônia é o maior produto final da digestão do N proteico e não-proteico da dieta. A amônia pode então ser ressintetizada em proteína microbiana. • Muitas bactérias do rúmen preferem utilizar o N- amoniacal. • Entre 20 e 40% da proteína microbiana é derivada de outras fontes que não amônia. 30 31
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