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Monitora: Erica Marques BIOQUÍMICA DA DIGESTÃO DE RUMINANTES E MONOGÁSTRICOS As hemiceluloses são polissacarídeos. Junto com celulose, a pectina, a lignina e as glicoproteínas formam a parede celular das células vegetais. A celulose é substância fibrosa, resistente e insolúvel, encontrado em todas as partes lenhosas dos tecidos vegetais e é um homopolissacarídeo linear, não ramificados de 10 a 15 mil unidades de D-glicose (as ligações entre as unidades é do tipo β 1-4). A celulase é capaz de quebrar ligações β1-4. Os cupins abrigam a Trichonympha: microrganismo que secreta celulase. Já os ruminantes contém bactérias que secretam celulase. OBS: celulose e hemicelulose: principais fontes de energia dos herbívoros. NUTRIENTES PRESENTES NAS PLANTAS ● Lipídeos: ácidos graxos insaturados C18 (Oléico, Linoléico e Linolênico). ● Proteínas: aminoácidos essenciais (isoleucina, leucina, valina, fenilalanina, metionina, treonina, triptofano, lisina e histidina) e aminoácidos não essenciais (alanina, ácido aspártico, asparagina, ácido glutâmico e serina). NATUREZA DA MICROFLORA INTESTINAL Microorganismos habitam o aparelho digestivo de omnívoros e de carnívoros chegando a constituir cerca de 25% do peso seco das fezes. Nesses animais, contudo, a flora intestinal não chega a ser de fundamental importância, se bem que de sua ação pode resultar síntese de certas vitaminas como as do grupo K e algumas do complexo B. Nos herbívoros, contudo, a ação bioquímica dos microrganismos já apresenta importância muito mais acentuada, tendo em conta o amplo aproveitamento que esses animais fazem da celulose como material nutritivo. Nos herbívoros monogástricos, essa atividade se desenvolve no cólon e no ceco, resultando na formação de produtos que são absorvidos e utilizados pelo hospedeiro. Aliás, a capacidade relativa do ceco e do cólon dos herbívoros monogástricos, como é caso do cavalo, é muito maior do que a dos poligástricos ou ruminantes. Nos herbívoros poligástricos, contudo, a capacidade relativa do seu estômago é muito maior que a das restantes partes do aparelho digestivo e contém enormes quantidades de microrganismos - bactérias e protozoários - cuja atividade bioquímica é fundamental para o animal. A ação das bactérias no intestino grosso dos herbívoros monogástricos se faz principalmente sobre a celulose e outros carboidratos, resultando na formação de produtos similares aos da digestão do rúmen, principalmente ácidos graxos inferiores. No ceco e no cólon de ruminantes, do cavalo e também do porco há grandes quantidades de ácidos graxos voláteis. No cavalo, a digestão da celulose se faz mais amplamente no cólon. Além do mais, a ação das bactérias do intestino grosso resulta na formação de gases como o metano e o gás carbônico, além do hidrogênio. O oxigênio e o nitrogênio, este em quantidades consideráveis, existem entre os gases intestinais bem como o H2S que por ser solúvel no meio aquoso aparece em menor quantidade. Ácidos fórmico, butírico, esteárico e láctico também fazem parte dos produtos da digestão fermentativa microbiana. Presença de bactérias anaeróbias (celulolíticas, hemicelulolíticas, amilocelulolíticas, fermentadoras de CHOs solúveis) e de protozoários (Isotrichia; Entodinium; Diplodinium; Ophryscolex). DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS A digestão dos carboidratos vai ocorrer por fermentação intestinal. A degradação vai acontecer por via glicolítica de Embden-Meyerhof-Parnas (converte glicose em piruvato). Após isso, ocorre catabolismo do ácido pirúvico, nos diversos processos de fermentação por microrganismos. DIGESTÃO DE PROTEÍNAS A digestão de proteínas vai ocorrer por putrefação intestinal (ou seja, por bactérias). INTESTINO GROSSO DE MONOGÁSTRICOS É uma das estruturas mais importantes do trato digestivo, presença de microrganismos que realizam a fermentação: 1. das fibras; 2. dos nutrientes não absorvidos no ID. OBS: microrganismos: semelhante número e espécie a população ruminal, bactérias e protozoários; pH ótimo: 6,5. Absorção de AGVs: ● Ocorre na forma livre por gradiente de concentração; ● A absorção libera bicarbonato no intestino que auxilia na manutenção do pH. ● A absorção dos nutrientes ao longo do intestino se dá por co-transporte principalmente de sódio. ● A água é absorvida em todo intestino por osmose. OBS: a absorção dos AGV é depende do antiporte de Na+/H+ bem como das trocas de Cl-/HCO3- Os carboidratos estruturais são importantes fontes de energia para equinos. A produção de AGV no ceco é capaz de suprir 30% da energia de mantença do eqüino, e somados aos produzidos no cólon, são capazes de nutrir os equinos em pastejo exclusivo. Acetato e Butirato: podem fornecer carbonos para a síntese de lipídios. Propionato: substrato gliconeogênico (fígado) e contribui para o metabolismo da glicose. OBS: a degradação de proteínas no IG produz amônia ➨ amônia é absorvida pela corrente sanguínea ➨ fígado ➨ síntese de aminoácidos não essenciais. OBS: a proteína microbiana sintetizada no IG tem poucas chances de ser aproveitada, pois já se encontra no final do tubo digestivo e logo é excretada nas fezes. OBS: não possui vesícula biliar, liberação de bile é constante. HERBÍVOROS POLIGÁSTRICOS Percurso do alimento: boca, rúmen, retículo, boca, retículo, omaso, abomaso e intestinos. As partículas que saem do rúmen são selecionadas no retículo. Somente partículas de menor tamanho (<1 - 2 mm) e com alta densidade (> 1,2 g/mL) vão para o omaso. As demais retornam a boca para remastigação. ● Saliva: umedece o alimento, presença de uréia (proteína microbiana) e presença de HCO3, que neutraliza os ácidos orgânicos da fermentação microbiana. Bioquímica do rúmen As características mais marcantes dos animais da subordem Ruminantia são os detalhes anatômicos do seu aparelho digestivo e os seus hábitos digestivos. Dotados de estômago poligástrico (com vários compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso), os ruminantes aprenderam a viver em associação simbiótica com uma numerosa população de microrganismos do rúmen (bactérias e protozoários) cuja atividade bioquímica é fundamental para o seu comportamento fisiológico. A capacidade do estômago varia com a idade e o tamanho do animal. E em bezerros recém-natos, o rúmen e o retículo somam cerca de metade do tamanho do abomaso. Como são alimentados só com leite materno, o rúmen dos bezerros fica sem função, já que o leite vai direto para o abomaso, sem passar pelo rúmen. A dilatação da pança começa a ter lugar quando o animal inicia a ingestão de alimentos sólidos. Uma das características dos ruminantes é a de ingerir os alimentos com certa rapidez e com pouca mastigação, armazenando-o no rúmen onde sofrem mistura, maceração e fermentação. Daí, por regurgitação, retornam à boca onde são longamente remastigados, reinsalivados e são depois deglutidos de volta ao retículo e daí ao omaso, que separa a parte aquosa por compressão do bolo. A digestão normal se processa no abomaso ou coagulador. Conteúdo do rúmen e a microflora No rúmen há, por grama de conteúdo, cerca de 10 bilhões de bactérias distribuídas emmais de mil espécies e de 1 milhão de protozoários em mais de 30 espécies. O ambiente aquoso do rúmen é bem adaptado para a manutenção de tal população microbiana já que a sua temperatura é relativamente constante, e seu pH (cerca de 6,9) mantido dentro de limites muito estreitos graças a ação tamponante da saliva que é rica em NaHCO3. Por outro lado, a tensão de oxigênio no rúmen é baixa, os produtos da atividade microbiana são constantemente removidos por fermentações secundárias, por absorção na corrente circulatória ou pelo deslocamento natural do digesto. Aliás, nas paredes da pança há também papilas estratificadas que atuam na metabolização dos ácidos graxos voláteis produzidos pela fermentação dos alimentos. As bactérias do rúmen são todas anaeróbias ou aeróbias facultativas, podendo exercer ação bioquímica variada. Nesse particular, podem ser caracterizadas bactérias celulolíticas, hemicelulolíticas, amilolíticas, bactérias que fermentam carboidratos solúveis, bactérias que metabolizam ácidos orgânicos bem como as metanobactérias. Além dessas, há ainda uma bactéria que hidrolisa glicerídeos, bem como bactérias proteolíticas. Ações bioquímicas do rúmen Da ação fermentativa dos microrganismos do rúmen se formam, a partir da degradação de carboidratos e de outros componentes da dieta, produtos finais tais como ácidos orgânicos voláteis, CO2 e metano (CH4). Entre os ácidos orgânicos voláteis estão o fórmico, o acético, o propiônico, o n-butírico, o isobutírico, o n-valérico, o 2-metil-butírico, traços de ácidos graxos superiores de cadeias retas ou ramificadas, bem como ácido lático e traços de outros ácidos como o succínico. O maior volume de fermentação e consequentemente de ácidos orgânicos voláteis são formados no rúmen e retículo (nos ruminantes) e no intestino grosso, particularmente no ceco (herbívoros monogástricos). Os ácidos acético, propiônico e n-butírico compreendem a maior parte. Ácido acético e ácido propiônico se formam por ação de bactérias que realizam fermentação propiônica ou fermentação formica. ácido acético também se forma, juntamente com o ácido n-butírico, por ação de bactérias que promovem fermentações butíricas. ● Ácidos orgânicos: ácidos orgânicos que se originam da fermentação do rúmen são absorvidos pela parede da pança e através do sistema porta atingem o fígado e são metabolizados. Desses compostos convém mencionar o ácido propiônico que se forma tanto por fermentação de carboidratos como do glicerol. Este provém dos triglicerídeos e da fermentação de aminoácidos como a alanina. O ácido propiônico é utilizado pelos ruminantes para produzir glicose por gliconeogênese e, nesse particular, assume fundamental importância tendo em conta que os carboidratos da dieta são fermentados no rúmen. Assim pouco significado tem a absorção intestinal de hexoses na manutenção dos níveis glicêmicos normais desses animais que, por sinal são mais baixos nos ruminantes em relação aos demais herbívoros ou aos onívoros e carnívoros, O ácido butírico é metabolizado no fígado para formação de corpos cetônicos, enquanto que o ácido acético na forma de acetil-s-CoA, por ser substância anfibólica, é tanto degradado via ciclo de krebs-johnson liberando energia utilizada pela célula para sintetizar ATP ou é empregado em processos biossintéticos de várias substâncias tais como ácidos graxos, porfirinas, aminoácidos e proteínas, colesterol e, a partir deste, pro-vitamina D, hormônios sexuais, hormônios corticoadrenal e ácidos biliares. ● Formação de gases: gás carbônico, metano e hidrogênio são os gases mais frequentemente produzidos por ação das bactérias do rúmen e, também, do ceco. Assim, tais gases são formados tanto em ruminantes como em herbívoros monogástricos, sempre como produtos da dissimilação fermentativa do ácido pirúvico. OBS: ruminante recebe pouco amido por conta da digestão microbiana OBS: no rúmen e no IG ocorre a absorção de AGV´s e NH3. Degradação de lipídios ● Digestão micelar dos lipídeos. ● Formação da micela mista com a bile. ● Digestão pela lipase pancreática. Digestão de proteínas ● Degradação de proteínas por CATENASES: enzimas microbianas não específicas. ● Fermentação dos AMINOÁCIDOS: geração de ácidos graxos de cadeia curta. ● Dieta pobre em PROTEÍNAS: por isso a importância da proteína microbiana, 100 g de proteínas/dia da digestão das suas bactérias endossimbióticas. Metabolismo nitrogenado Os aminoácidos que se formam no rúmen são fermentados liberando, por desaminação, amônia como um dos seus produtos finais, em reações que envolvem sempre processos de hidrogenação e desidrogenação. NH3: o + importante constituinte nitrogenado solúvel do líquido ruminal, o NH3 pode se originar da proteína da dieta, ureia (CH4N2O) da saliva e a ureia que se difunde através da parede ruminal. Rúmen: líquido ruminal tem a urease ativa microbiana, uréia é hidrolisada em NH3 e CO2. Um dos fatores mais importantes é a intensa excreção de uréia pela saliva dos ruminantes. Essa uréia vai para o rúmen que, em lugar de ser excretada pela urina, é utilizada pelo animal como fonte de NH3. Microrganismos do rúmen possuem ureases, e decompõem a uréia em amônia e gás carbônico. Ciclo da uréia ● Ureia sintetizada no FÍGADO e secretada na saliva. ● Deglutida e degradada em CO2 e 2 NH3 (amônia) pelas ureases bacterianas. ● O NH3 é utilizado para síntese protéica pelos microrganismos. Abomaso ● PEPSINA: atua sobre ligações peptídicas onde o resíduo carboxi equivale a Phe, Tyr, Trp, Met ou Leu, seu precursor (pepsinogênio) é ativado por ↓ pH ou pela ação da própria pepsina. ● RENINA: coagula a caseína do leite, baixa atividade ou inativa em animais adultos, sua atividade depende de Ca2+. Ruminantes jovens também secretam renina. O coágulo retarda a passagem do leite → para que + digestão protéica ocorra no estômago. Filhotes de outros animais não secretam renina → acredita-se que o HCl realize a coagulação necessária. ● Digestão pela pepsina ➨ proteína microbiana através do HCl e pepsina ● Não tem digestão lipídica ● Não há digestão de CHO´s ● A digestão é continua (não é pulsátil) Secreções pancreáticas ● TRIPSINA: hidrolisa ligações peptídicas onde resíduo carbonílico é lisina ou arginina. ● QUIMOTRIPSINA: hidrolisa ligações peptídicas onde resíduo carbonílico corresponde a: fenilalanina, tirosina, triptofano, leucina e metionina.
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