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09 – EVICÇÃO
1. DEFINIÇÃO E PARTES: a evicção é a perda total ou parcial de um bem ou de uma fruição sobre esse bem causada por um fato preexistente a alienação e por uma decisão judicial, dito de outra maneira, a evicção se dá quando um bem alienado acaba sendo direcionando a terceira pessoa que se apresente como justo e verdadeiro proprietário do bem reconhecido em uma sentença judicial. 
Quando se fala em evicção se tem três personagens: o alienante, o evicto que é o adquirente e o evictor. 
O Alienante é aquele que aliena a coisa, que repassa a coisa, quando diz que aliena a coisa entenda que está repassando o uso, posse ou propriedade.
O evicto, adquirente, aquele que recebe a coisa e que perde está coisa para o terceiro, verdadeiro proprietário em função de uma sentença judicial, ou seja, é aquele que perde o uso, posse ou propriedade de determinada coisa; 
Evictor é aquele que sai vitorioso na disputa da coisa por ser o verdadeiro proprietário reconhecidamente em sentença judicial.
2. FLEXIBILIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE: ao alienante tem a responsabilidade sobre o bem que aliena, o que significa que se por acaso o bem alienado contiver um defeito representado por um vicio redibitório ou uma evicção, quem suporta eventual prejuízo é o alienante, daí porque se diz que o alienante é garante do bem alienado, essa é a regra. Há possibilidade de flexibilizar a regra porque o próprio legislador assim permite, como mostra o artigo abaixo.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
O que o legislador faz é admitir uma modificação da regra segundo a qual o alienante é responsável pelo bem alienado, daí porque se diz que é possível flexibilizar a regra da responsabilidade do alienante. E se faz isso através de um ajuste entre as partes, ou seja, através de uma clausula contratual, essa disposição deve ser uma clausula expressa, que significa que deve ser clara/induvidosa. 
Através da clausula contratual as partes flexibilizam a responsabilidade no que diz respeito a indenização, ao que diz respeito a evicção. 
Reforçar: em termo de evicção, significa aumentar o quanto indenizatório, o valor devido. É dizer que as partes podem ajustar, combinar em uma clausula que se por acaso houver evicção, haverá um reforço da indenização, ou seja, o alienante vai pagar mais em termos de indenização, pode até ser o dobro do devido, o que não pode ser mais do que o prejuízo efetivamente sofrido, isso porque seria um enriquecimento sem causa. 
Diminuir: nesse caso, significa que as partes acordam nessa clausula que se por acaso houver evicção e, portanto, prejuízo em função da evicção haverá indenização, porém de forma diminuta, significa dizer que as partes ajustam no sentido de que a indenização seja menor.
Excluir: significa afastar a possibilidade de indenização se por acaso houver evicção. Nesse caso, ele pode excluir eventual indenização, o que não significa que o alienante não deva devolver o valor pago, pois se não haveria enriquecimento sem causa. Essa clausula de exclusão só poderá acontecer se o adquirente tiver conhecimento da possibilidade de evicção, isso porque neste caso ele assume o risco da perda da coisa. Por exemplo, A está vendendo o imóvel para B, só que a A está discutindo a propriedade desse imóvel com C, C está discutindo porque é legitima proprietária. B sabe que está sendo discutida a propriedade do imóvel e mesmo assim quer fazer negócio, então ela assume o risco de se perder e não poderá pedir indenização. Quando sair a sentença e se ela for favorável a C, A perde a propriedade. Ou seja, é a perda do direito sobre o bem em função de uma sentença judicial.
3. REQUISITOS DA EVICÇÃO
a) Posse ou uso da coisa alienada em condições perfeitas: para que se fala em evicção a posse ou o uso da coisa que foi alienada e que está sendo perdida por sentença judicial (evicção) deve ser tranquila, perfeita, porque se já possui um vicio não se fala em evicção, isso porque se, por exemplo, existe um vicio de vontade, uma coação, um erro, um dolo, então o caso é de vicio de consentimento e não de vicio redibitório, se a venda é feita por quem não é dono, então se está diante de um instituto chamado venda “as non domino”, e não de evicção, os efeitos da venda “as non domino" são outros, nessa venda é possível que o negócio seja ratificado, concretizado se no futuro quem vendeu venha a adquirir a propriedade, desde que o adquirente esteja de boa-fé, o que não acontece na evicção. E se por acaso a posse, a propriedade do bem está sendo perturbada, então, é caso das ações ou medidas de interditos possessórios, que pode ser a ação de manutenção da posse, reintegração da posse, etc. 
b) Que a aquisição da coisa seja onerosa: só é possível se falar em evicção se o negócio jurídico realizado foi um negócio jurídico bilateral e oneroso, significa dizer, que não se fala em evicção nos negócios jurídicos gratuitos, como na doação, isso em regra, pois se for uma doação com encargo ou uma doação remuneratória pode se falar em evicção. 
c) Ignorância da litigiosidade da coisa: significa dizer que só é possível se falar em evicção se o adquirente ignorava que a coisa estava sendo discutida em processo judicial, ele não sabia, se ele não sabia logo ele pode reclamar o dinheiro de volta e a indenização porque teve prejuízo. Dito de outra forma, se ele sabia que a coisa estava sendo discutida em processo judicial e que, portanto, tinha o risco de perder e ainda assim realizou o negócio, então assumiu o risco transformando o negócio jurídico em negócio aleatório, aleatório é de risco e, portanto, não pode reclamar a evicção. 
d) Anterioridade do direito do evictor: Esse requisito significa que só é possível se falar em evicção quando o direito desse legitimo proprietário se dá antes da alienação, é por isso que se diz que a evicção é a perda da coisa por uma causa pré-existente. 
Exemplo: se alguém vende um bem para outra pessoa, mas este bem já era objeto de processo de desapropriação por parte do poder público, então há evicção, agora, por outro lado, se a perda de se dá por acontecimento posterior a alienação, então não se fala em evicção, caso em que o adquirente deverá absorver prejuízo, porque muito provavelmente agiu com culpa. A vende para B um imóvel que estava na posse de C, porem após o negocio quando B pretende tomar posse do bem vendido ele descobre que C acabará de adquirir a legitimidade sobre o bem em função da usucapião.
e) Denunciação da lide ao alienante: é uma espécie de intervenção de terceiros, onde alguém que faz parte de um processo judicial denuncia, ou seja, aponta outra pessoa para que venha a fazer parte deste processo para que o juiz na sentença decida direitos envolvendo ambas as partes, denunciante e denunciado. 
Se entende que o evicto ao ser demandado pelo evictor e, portanto, na eminencia de perda do bem deve denunciar o alienante a lide, ou seja, fazer com que ele venha ao processo, e deve fazer isso porque para que o juiz na sentença desse processo, se por acaso, julgar procedente a evicção, na mesma sentença ele já decide a obrigação do alienante para com o evicto, aquele que está perdendo para o evictor. 
Foi se formando uma jurisprudência no sentido de que ainda que o evicto não denuncie o alienante, não significa que ele perde o direito de litigar contra o alienante, no sentido de ser indenizado pela evicção, ou seja, esse requisito não está contando mais, pois ainda que o evicto não denuncie o alienante, isso não significa que ele não possa depois entrar com uma ação contra o alienante, a diferença é que se ele faz a denunciação da lide e, portanto, vem a sentença ele tem um titulo executivo judicial, fica mais fácil ele executar o alienante. Agora se ele não denunciou a lide ele pode ainda assim denunciar, só que é uma açõa judicial comem, ou seja, um processo de conhecimento onde tem que provar o seu direitoe depois executar a sentença, não quer dizer que não tenha o direito, só que fica mais difícil. Na verdade isso não é requisito, é uma forma de executar o alienante na evicção.
4. A EXTENSÃO DO RESSARCIMENTO: quando se fala em evicção se tem a ideia de que o alienante deve indenizar o evicto na medida em que por lei ele é o garante do bem alienado. 
4.1 Amplitude do ressarcimento: significa dizer que se o alienante deve indenizar o evicto, ou seja, o adquirente em função de que ele é o garante do bem, na verdade ele não indeniza somente o valor pago pelo bem que se perdeu, ele indeniza outros gastos, ou seja, eventuais despesas secundarias, essas despesas que podem acontecer são, por exemplo, registros em cartório, registro com realização de contrato, entre outros. O ressarcimento feito pelo alienante em favor do adquirente ou invicto deve ser amplo, deve englobar, portanto, todos os custos que o adquirente teve e ficou sem utilidade em razão da perda do bem. Engloba danos emergentes e lucros cessantes, cessante, que é aquilo que ele perdeu e que teve expectativa de ganho. A indenização ampla será feita se for demonstrado o prejuízo, portanto, o ônus da prova do prejuízo é do adquirente, ou seja, do evicto. 
4.2 A deterioração da coisa: significa dizer que se por acaso o bem, objeto da evicção, vier a se perder nas mãos do adquirente, durante o processo da evicção, ainda assim permanece a responsabilidade do alienante em função da evicção, ou seja, ainda que haja culpa permanece, só ficará afastada essa responsabilidade se houver dolo do adquirente ou evicto na destruição da coisa. 
4.3 As benfeitorias realizadas: se no período de discussão judicial relacionado a evicção o adquirente ou evicto, aquele que vai perder, fizer benfeitorias no bem, objeto da execução, terá o direito de ser ressarcido pelo evictor, isso porque ele irá se beneficiar das benfeitorias, se ele receber a benfeitoria e não indenizar caracterizará enriquecimento sem causa. Se essas benfeitorias forem uteis ou necessárias o adquirente, se quiser, poderá se utilizar do chamado direito de retenção, o que significa que tem o direito de não entregar o bem enquanto não for indenizado. Se o evictor não pagar ele cobra do alienante os valores relacionados as benfeitorias, isso porque como tem responsabilidade pela coisa principal também tem pela coisa acessória, mas o alienante não ficará no prejuízo ele cobra do evictor. 
5. EVICÇÃO PARCIAL
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Hipótese: a evicção parcial acontece quando o adquirente perde parte do bem adquirido ou pelo menos parte da fruição/usar do bem adquirido. Além da evicção parcial e total, se verifica também a hipótese de uma outra situação, pois o legislador diz que dentro da evicção parcial quando é possível o adquirente desfazer o contrato e quando é possível pedir somente a indenização. Essa evicção parcial é encarada como considerável, considerável, significa parte importante do bem adquirido ou da punição dele. 
Exemplo: alguém adquire uma propriedade rural em certo momento perde parte dessa propriedade rural, 40%. Isso é considerável se a utilidade que se esperava da propriedade rural foi retirada de forma substancial ou não. Então, nesse exemplo, na primeira hipótese o que se perde é parte da casa cede, uma nascedouro de agua; na segunda hipóteses perde uma parte da plantação da propriedade. Na primeira hipótese, onde a perda foi considerável; na segunda hipótese não é considerável. 
Isso implica dizer que no primeiro caso onde a perda foi considerável, o adquirente tem duas opções: 1- rescindir o contrato; 2 – pede uma restituição do preço, ou seja, uma indenização. A escolha aqui é do adquirente.
Já na segunda hipótese a perda não foi considerável não cabe ao adquirente escolher, cabe a ele tão somente o direito de indenização pela parte perdida. 
A consequência de ser parcial depende se a perda é considerável ou se a perda não é considerável. 
O momento que se verifica o valor da parte que perdeu no momento em que se evenceu, ou seja, no momento em que houve perda da propriedade ou perda da posse útil e que corresponde a sentença judicial.

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