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Legislação Penal Especial Crimes Hediondos – Lei nº. 8.072/90 Classificação dos crimes quanto ao potencial ofensivo: 1 – Infrações de lesividade insignificante: crimes de bagatela (a insignificância acarreta a atipicidade do fato); 2- Infrações de menor potencial ofensivo: contravenções penais, crimes cuja pena máxima não excede a 2 anos; 3 – Infrações de médio potencial ofensivo: crimes punidos com reclusão que estão fora do conceito de pequeno potencial ofensivo; 4 – Infrações de grande potencial ofensivo: crimes punidos com pena de reclusão e/ou cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 5 – Crimes Hediondos: assim entendidos aqueles previstos na respectiva Lei. Conceito: Hediondo: que provoca repulsa, repugnante, horrível, sinistro, medonho. Há 3 sistemas para classificação dos crimes hediondos: Legal: a lei determina o rol dos crimes hediondos; Judicial: o magistrado analisando o caso concreto pode atribuir a qualidade de hediondo a qualquer crime submetido à sua análise, considerando principalmente a crueldade presente no mesmo; Misto: a lei estabelece um rol e ao juiz é facultado dentro dos crimes estabelecidos nesse rol, considerando as peculiaridades do caso em concreto atribuir o adjetivo de hediondo ao fato. Critério Adotado: Legal. A Constituição Federal em seu artigo 5º, inc. XLIII, dispõe que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem. Dessa forma, tem-se: Crimes hediondos: aqueles previstos na Lei nº. 8.072/90; Crimes equiparados a hediondos: tortura, terrorismo e tráfico ilícito de entorpecentes. Artigo 1º - Rol dos crimes hediondos: 1- Homicídio qualificado e homicídio simples quando praticado em atividade de grupo de extermínio, ainda que por uma única pessoa; 2 - Lesão corporal gravíssima (§2º) e seguida de morte (§3º), quando praticadas contra autoridades e agentes de segurança pública, seus parentes até o terceiro grau, sempre em razão das funções desempenhadas; 3 - Latrocínio; 4 - Extorsão qualificada pela morte; 5 - Extorsão mediante sequestro e suas formas qualificadas (§§1º, 2º e 3º); 6 - Estupro* na forma simples, com resultado morte e contra vulnerável; 7 - Epidemia com resultado morte; 8 - Falsificação, corrupção, adulteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (e §§); 9 - Genocídio (arts. º, 2º, 3º, da lei 2.889/56). Artigo 2º - Vedações Anistia, graça e indulto. Anistia: Lei de competência do Congresso Nacional com efeito retroativo que retira as conseqüências (ou parte delas) dos crimes nela previstos (pode afastar todos os efeitos penais da condenação); Graça: Espécie de perdão soberano concedido pelo Presidente da República de caráter individual e mediante provocação do interessado (atua somente na pena); Indulto: Espécie de perdão soberano coletivo concedido espontaneamente pelo Presidente da República (atua somente na pena). Obs: A CF somente falou em Graça e Anistia, mas prevalece o entendimento de que o termo graça foi aplicado em sentido amplo, abrangendo também o indulto. Entretanto, há quem discorde do acima exposto. Fiança Fiança: instituto processual consistente em garantia, em regra pecuniária, prestada pelo acusado que lhe permite acompanhar o processo em liberdade até a decisão final. Obs: a redação anterior também vedava a Liberdade provisória. Essa vedação foi suprimida pela alteração legislativa, pondo fim à grande controvérsia. Portanto, hoje os crimes hediondos e equiparados admitem a Liberdade provisória, desde que presentes os requisitos legais (art. 310 e § único do CPP). Cumprimento da pena inicialmente em regime fechado A redação anterior dizia “pena integralmente em regime fechado”. Assim, era vedada a progressão de regime. A alteração do texto encerrou a grande controvérsia (princípio da individualização da pena) e abriu caminho para concessão de outra série de benefícios, como: Trabalho externo, “Sursis” Aplicação de penas restritivas de direito Requisitos para progressão (diferentes das regras gerais do CPP): Art. 2º, §2º - A progressão de regime, no caso dos condenados por crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. Atenção: O STF julgou inconstitucional a exigência de regime inicial obrigatoriamente fechado baseado no princípio da individualização da pena. Dessa forma, aos crimes hediondos e equiparados o regime inicial de cumprimento de pena privativa de liberdade será fixado de acordo com as regras gerais do Art. 33, § 2º, CP. §3º - Apelação em liberdade Diz o texto legal que nos caso de crimes previstos nessa lei o juiz deverá decidir fundamentadamente se o réu deve ou não apelar em liberdade. Por sua vez, o CPP adotava regra diferente. Segundo a antiga redação do diploma processual o réu deveria ser recolhido à prisão para poder apelar, salvo se for primário e de bons antecedentes (antiga redação do art. 594, CPP). Entretanto, tal artigo foi revogado. Assim, a regra atual para todos os crimes é que o réu apele em liberdade, salvo se existirem motivos concretos para a decretação ou manutenção da custódia cautelar. §4º - Permissão e prazo da prisão temporária (lei nº. 7.960/89): regra geral: 5 dias prorrogáveis excepcionalmente por mais 5 dias; regra específica: 30 dias prorrogáveis excepcionalmente por mais 30 dias. Art. 5º - Alteração introduzida ao CPP referente ao Livramento Condicional: Conceito: espécie de antecipação da liberdade para os presos condenados à pena privativa de liberdade superior a 2 anos (art. 83, CP), desde que: em se tratando de crime hediondo que o agente tenha cumprido 2/3 da pena e não se trata de reincidente específico (além dos demais requisitos comuns: bom comportamento atestado pelo diretor do estabelecimento, aptidão para prover sua subsistência, reparação do dano, salvo comprovada impossibilidade de fazê-lo). Conceito de reincidência específica: Teoria ampliativa: reincidência em qualquer crime hediondo ou equiparado (ex: condenado pelo estupro depois do trânsito da sentença é condenado por latrocínio, dentro do prazo de 5 anos). Teoria restritiva: crimes previstos no mesmo tipo penal. Art. 7º - Delação eficaz ou premiada Natureza Jurídica: causa de redução de pena (1/3 a 2/3) Conceito: delação realizada por membro de grupo de criminosos que permite a identificação dos demais agentes e resolução dos crimes por eles praticados. Aplicação Crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159, CP). Há outros casos em que se admite aplicação de benefício análogo, para tanto é necessária previsão específica (ex. lei de proteção à testemunha, 9.807/99, art. 13). Redação: Art. 159, §4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. Requisitos: crime cometido em concurso de agentes; denúncia feita pelo concorrente (co-autor ou partícipe); dirigida à autoridade – juiz, promotor ou delegado de polícia; que efetivamente facilite a libertação da vítima. Art. 8º - Associação criminosa “qualificada” O art. 8º estabelece uma nova modalidade de associação criminosa (antiga quadrilha ou bando) diversa daquela prevista no art. 244 do CP. Requisitos: associação estável de mais de três pessoas; com a intenção reiterada de praticar crimes hediondos ou equiparados. Pena: 3 a 6 anos e em dobro se o bando é armado. *A redação atual do artigo 288, CP, com as recentes alterações trazidas pela Lei dasOrganizações Criminosas – 12.850/13, não fala mais em quadrilha ou bando, mas em Associação Criminosa e prevê pena de reclusão de 1 a 3 anos. Art. 8º, parágrafo ùnico – Traição Benéfica Natureza Jurídica: causa de redução de pena (1/3 a 2/3) Pressupostos: existência da quadrilha ou bando para a prática de crimes previstos nessa lei; denúncia à autoridade ; eficácia da denúncia (desmantelamento da quadrilha). Abrangência: esse instituto somente se aplica à associação criminosa (antiga quadrilha ou bando) quando voltada à prática de crimes hediondos ou equiparados. O critério usado para redução será a eficácia da delação. Quanto mais eficaz maior a redução. Art. 9º - Causa de Aumento de Pena (prejudicado) �PAGE � �PAGE \* MERGEFORMAT�2�
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