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Aposila do 2º Bimestre de 2018

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O presente resumo de matérias para prova do 2º Bimestre de 2018, foi tirado da apostila de estudo particular do Professor, quem anunciou tratar-se de cópias de assuntos trazidos por doutrinadores de Direito Processual Penal.
DA RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS
Durante o inquérito policial, a autoridade policial, ao ensejo das investigações, pode determinar a apreensão dos instrumenta sceleris e dos objetos que tiverem relação com o fato criminoso (artigo 6.º, inciso II, do Código de Processo Penal).
Art. 6º - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais.
Nos termos do artigo 240, § 1.º, alíneas b, c, d, e, f, e h, do Código de Processo Penal, as coisas passíveis de apreensão são as seguintes:
instrumento do crime;
objeto de valor probatório;
produto direto ou imediato do crime (exemplo: coisa furtada, coisa roubada).
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
h) colher qualquer elemento de convicção.
Não são coisas passíveis de apreensão:
produto indireto do crime; não é objeto de apreensão, mas sim de sequestro (exemplo: o ouro roubado é derretido e transformado numa corrente – a corrente é produto indireto);
bem ou valor dado ao criminoso como pagamento ou recompensa pela prática do crime.
Em princípio, todos os objetos apreendidos podem ser restituídos.
Coisas não passíveis de restituição:
coisa apreendida enquanto interessar ao processo (artigo 118);
objeto de valor probatório enquanto interessar ao processo;
instrumento do crime cujo fabrico, alienação, porte, uso ou detenção constitua fato ilícito, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé (artigo 91, inciso II, alínea “a”, do Código Penal);
produto direto do crime cujo fabrico, alienação, porte, uso ou detenção constitua fato ilícito, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé (artigo 91, inciso II, alínea “b”, do Código Penal).
Observações quanto aos últimos dois tópicos:
1) Após a condenação transitada em julgado, são automaticamente perdidos em favor da União (trata-se de efeito genérico da decisão), ressalvado o direito de terceiro de boa-fé e do lesado. No caso de sentença absolutória, no entanto, o perdimento para a União deverá ser declarado pelo juiz, nos termos do artigo 779 do Código de Processo Penal.
2) Quando se restitui instrumento ou produto do crime, é indispensável que o lesado ou o terceiro de boa-fé faça jus, em razão de sua função ou qualidade, ao porte, uso, fabrico, alienação ou detenção da coisa que normalmente é tida como ilícita. Assim, por exemplo, furto de substância entorpecente de um laboratório, que possui autorização para seu fabrico e alienação.
Procedimento (artigo 120 do Código de Processo Penal):
a) Devolução pela autoridade policial:
na fase de inquérito policial, se o objeto for restituível e não houver interesse na sua retenção.
não deve haver dúvida sobre o direito do reclamante (a devolução pela autoridade policial é facultativa, pois se houver dúvida o juiz decidirá).
o objeto não pode ter sido apreendido em poder de terceiro de boa-fé.
o Ministério Público será ouvido.
b) Devolução pelo juiz:
a qualquer momento (na fase policial ou judicial).
quando o direito do reclamante for duvidoso (o requerimento é autuado em apartado, e o reclamante tem 5 dias para provar seu direito – se a questão for complexa, o juiz determinará que o reclamante ingresse com ação própria no juízo cível).
objeto apreendido em poder de terceiro de boa-fé (o juiz dará prazo de 5 dias para o reclamante e igual prazo ao terceiro, e findo o juiz dará prazo comum de 2 dias para arrazoar – se a questão for complexa, o juiz determinará que o reclamante ingresse com ação própria no juízo cível).
O Ministério Público será ouvido.
18. DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
Artigos 125 à 144, do Código de Processo Penal.
Normalmente, até que se ultime o provimento final, inevitável a demora do trâmite processual, logo, a parte pode ser prejudicada.
Assim, a parte interessada pode valer-se de providência urgentes e provisórias, denominadas cautelares, adotadas nos diversos ramos do direito: fiança, hipoteca, sequestro, arresto, depósito etc., tudo, para garantir a satisfação de uma obrigação.
Pode a parte optar pela via da ação civil, como prevê o artigo 64 do CPP, e ao perceber fundado receio de que ao tempo da sentença não subsistirá bens bastantes para solver a execução, poderá, no próprio juízo cível, manejar providência cautelar, até mesmo a hipoteca (art. 1.489, III, CC).
Todavia, caso não trilhe a seara civil, a lei não lhe obsta, no juízo penal, requerer medidas cautelares, como sequestro, arresto e a hipoteca legal.
Tais providências, denominadas medidas assecuratórias, constituem, ainda, questões incidentais e, por isso, são objeto de procedimento em separado, autos apartados, para não tumultuar o andamento normal dos autos principais.
Cumpre salientar que realizada a procidência assecuratória e uma vez proferida sentença penal condenatória com trânsito em julgado, os autos do incidente devem ser remetidos ao juízo cível competente, a teor do artigo 143, do CPP. Obviamente, a remessa se dará após o início da fase de cumprimento de sentença, quando se saberá a que juiz devem ser encaminhados os autos.
Contudo, sobrevindo decisão absolutória ou julgada extinta a punibilidade, depois do manto da coisa julgada, as cautelares são desfeitas, como se abstrai do artigo 141 do CPP.
A depender do fundamento da absolvição ou extinção da punibilidade, nada impede a discussão na seara cível, onde se poderá requerer medidas cautelares, conforme autorização dos artigos 796 e seguintes do CPC.
18.1 Do Sequestro
Sequestro significa retenção da coisa litigiosa, para se proteger sua incolumidade até a decisão final, mas o legislador, aqui, utilizou a expressão em sentido impróprio. Embora não haja controvérsia sobre a coisa (só assim seria sequestro), por outro passo, não podem ser sequestrados quaisquer bens do indiciado, ou seja, somente aqueles imóveis adquiridos por ele com proventos da infração, mesmo que tenham sido transferidos a terceiros, pouco importando se de boa ou má-fé.
O sequestro pode ocorrer mesmo que a aquisição do imóvel tenha ocorrido de forma indireta. Ex. Lucius furta objetos de valor e com o dinheiro da venda destes compra o imóvel.
Bastam indícios veementes da proveniência ilícita para a decretação do sequestro, ou seja, como reproduz Tourinho as lições de Tornaghi, são os que eloquentemente apontam um fato, gerando uma suposição vizinha da certeza.
Legitimidade para requerer (art. 127, CPP)
Ministério Público
Vítima do crime (CCADI – entendimento doutrinário)
Autoridade Policia: mediante representação ao juiz
Juiz, de ofício, através de Portaria autuada em apartado.
Obs.: uma vez que o artigo 125 do CPP prevê o termo “indiciado” e este somente existe na fase do inquérito, conclui-se que é possível o sequestro em sede de inquérito policial.
Tourinho entende, também Mirabete, que o MP possui legitimidade para requerer o sequestro, mesmo que o ofendido não seja pobre, porque um dos efeitos da sentença é o perdimento do bem ou do proveito angariado pelo crime em favor da União (art. 91, II, “b”, CP). Logo, além da satisfação do dano suportado pelo ofendido, incide o interesse público.
Determinado o sequestro, o juizordena a sua inscrição no Registro de Imóveis (art. 128, CPP). Assim, os proprietários do bem são intimados do sequestro pelo Oficial de Justiça e, após, o juiz determina a inscrição no Registro de Imóveis, com isso, se obsta que terceiros tenham ciência do gravame pendente sobre a coisa.
Como dito, como medida cautelar, deve ser autuada em apartado (art. 129, CPP), apensado aos principais.
É possível a oposição de embargos, também, de terceiros (arts. 129 e 130, CPP).
Pode opor embargos:
Terceiro senhor e possuidor;
Acusado;
Terceiro.
Cuidado, o artigo 129 do CPP prevê os embargos de Terceiro e Possuidor, e possui uma particularidade, qual seja, devem ser julgados logo, ou a qualquer tempo, como diz o artigo 675 do CPC, pois não se aplica a regra do parágrafo único, do artigo 130, do CPP, porque não seria justo perdurar a invasão na esfera dos direitos de terceiro absolutamente alheio à infração.
O réu pode alegar que o imóvel não é decorrente do produto de crime.
Terceiro, mencionado no inciso II, do artigo 130, do CPP, deve comprovar não só a boa-fé na aquisição do imóvel, mas que o recebeu a título oneroso. Primeiro demonstra este, depois aquela.
Ressalta-se que a decisão dos embargos somente poderá ser proferida após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
O juízo competente é o penal, pois a regra do art. 143 do CPP é aplicável à hipoteca legal e ao arresto de que trata o artigo 137 do mesmo diploma processual; fosse o cível, o caput, do art. 133 teria a mesma redação do art. 143.
Levantamento do sequestro (art. 131, CPP)
Não ajuizada ação penal no prazo de 60 dias, contados da data da conclusão da diligência;
Se o terceiro, a quem tiver sido transferidos os bens prestar caução apta a assegurar a aplicação do art. 91, II, “b”, CP (antigo art. 74, II, “b”, CP). Cuida-se do terceiro de boa-fé mencionado no inciso II, do artigo 130, do CPP.
Obs.: a caução pode ser: depósito em dinheiro, papéis de crédito, títulos da União ou dos Estados, pedras e metais preciosos, hipoteca penhor ou fiança (art. 827, CPC).
Quando julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.
Obs.: por si, tais decisões nem sempre impossibilitam a discussão da satisfação do dano na seara cível, onde se poderá requerer cautelares.
Sequestro de bens móveis (art. 132, CPP).
Aplicam-se ao sequestro de bens móveis, as disposições concernentes ao de imóveis, salvo, o registro. Ainda, a medida é cabível desde que não seja possível a busca e apreensão, esta também constritiva.
Ex.: Lucius furta joia, vende e compra um televisor, logo, este não é produto do crime, logo, não cabe busca e apreensão, o que torna necessário o manejo do sequestro.
Alienação de bens (art. 133, CPP).
Transitada em julgado a sentença condenatória, os bens serão avaliados e vendidos em leilão público, mediante requerimento do interessado ou por ato de ofício do juiz.
Referido artigo cuida da avaliação e venda não só dos bens adquiridos com o produto do crime (art. 121, CPP), como daqueles dos arts. 125 e 132. Tais bens não são produtos do crime, mas, sim bens adquiridos com ele, portanto, passíveis de valerem ainda mais, razão pela qual se justifica a medida.
Assim, o montante que ultrapassar a reparação do lesado ou do terceiro de boa-fé será recolhido ao Tesouro Nacional, motivo pelo qual a competência, aqui, é do juízo penal.
Salienta-se que a regra do artigo 143 refere-se à hipoteca legal e ao arresto previsto no art. 137 e, dessa forma, o saldo do leilão servirá somente para o ressarcimento ou reparação do dano; por isso, nesses casos, os autos seguem ao juízo cível.
18.2 Da Hipoteca Legal
Destina-se, exclusivamente, ao ressarcimento do dano e despesas processuais, enquanto o bem sequestrado (arts. 125 e 132) visa à satisfação do dano e, eventualmente, recolhimento ao Tesouro Nacional.
Ressalva Tourinho, que se já há medida no cível decorrente de requerimento do ofendido, descabe outra no penal.
Em síntese: a satisfação do dano ex delicto se concretiza pela restituição, ressarcimento ou reparação; assim, se o produto do crime puder ser apreendido, poderá ocorrer a restituição, inclusive, na esfera policial, mediante busca e apreensão. Todavia, se, com os proventos do crime o criminoso adquirir bens imóveis ou móveis, a providência cautelar é o sequestro; quando este for incabível, pode ser requerida a especialização de hipoteca legal sob os imóveis do réu.
Momento: qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes de autoria.
Lembra-se que a medida cautelar cabe em qualquer tipo de crime: contra o patrimônio, honra, liberdade sexual, integridade física, vida etc. Basta haver prejuízo à vítima, pode ela mesmo antes de iniciada a ação penal propor a medida, porque o dispositivo traz o termo “indiciado”, embora fale de “fase do processo”.
Especialização da hipoteca (art. 135, CPP).
Especializar é individualizar o imóvel sobre o qual incidirá a medida.
Competência: juízo penal.
Legitimidade ativa: ofendido, representante legal e herdeiros.
MP: atua como fiscal da lei.
Procedimento: estimativa da responsabilidade civil e dos valores dos imóveis; juiz determina autuação em apartado; nomeação de perito; avaliação do valor do prejuízo e imóveis, vista às partes para manifestação no prazo comum de dois dias; manifestação MP como fiscal da lei; decisão do juiz; inscrição da hipoteca nos limites do necessário.
Poderá haver novo arbitramento após a condenação.
Possibilidade de caução suficiente: pode o juiz deixar de mandar proceder a inscrição.
18.2 Do Arresto
O procedimento de especialização da hipoteca, como se viu, pode ser moroso, logo, o legislador permitiu ao ofendido valer-se da medida cautelar de arresto, que se destina gravar bens bastantes à satisfação do prejuízo, até que se ultime a hipoteca.
A lei estabelece o prazo de 15 dias para o interessado promover o processo de especialização e inscrição da hipoteca legal, sob pena de ser revogada a medida de arresto.
Cabe em duas situações:
O bem especializado na hipoteca inscrita possui valor inferior ao do dano, situação que permite o reforço;
O réu não possui imóveis.
São passíveis de arresto quaisquer bens penhoráveis (impenhoráveis – art. 649, CPC)
Obs.: 
- autos apartados
- depósito e administração dos bens arrestados sujeitam-se ao regime do CPC (arts. 148, 149 e 150, CPC).
- as providências tomadas em todas medidas assecuratórias não visam apenas ao ressarcimento do dano, mas, também, as despesas processuais e das penas pecuniária, preponderando sobre estas a satisfação do dano.
Levantamento do arresto ou cancelamento da hipoteca: sentença irrecorrível, onde o réu foi absolvido ou julgada extinta a punibilidade.
O MP deve promover as medidas de hipoteca e arresto, caso houver interesse da Fazenda Pública ou se o réu for pobre e assim o requerer.
Transitada em julgado a sentença condenatória, os autos de hipoteca ou arresto serão remetidos ao juízo cível.
Obs.: por vezes, não é responsável civil o que é criminalmente. Ex.: empregador pelos atos dos seus empregados. Assim, os interessados ou o MP (casos do art. 142), poderão requerer no juízo cível as medidas dos artigos 134, 136 e 137 (hipoteca legal e arresto).
Alienação Antecipada dos bens
O artigo 144-A, acrescentado pela Lei nº 12.694/2012, permite a alienação antecipada para a preservação do valor real dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou, ainda, dificuldade para sua manutenção.
Procedimento:
Alienação preferencialmente por meio eletrônico;
Venda pelo preço da avaliação judicial ou maior valor;
Caso não vendido, novo leilão em até 10 dias do primeiro, permitida a venda por preço não inferior a 80% estipulado na avaliação judicial;
Produto da venda fica depositado em conta vinculado ao juízo até o final do processo; caso houver condenação, ocorre sua conversão em renda para a União, Estado ou Município; absolvição resulta em devolução ao acusado;Indisponibilidade de dinheiro, moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques: conversão em moeda nacional e depósito em conta judicial;
Alienação de veículos, embarcações ou aeronaves: juiz ordena ao órgão de trânsito o registro e controle de documentos ao arrematante, ficando livre de multas, encargos e tributos anteriores – execução fiscal contra o antigo proprietário.
19. JURISDIÇÃO
Conceito:
Na Roma antiga não se conhecia a letra “j”. Era tudo com “i”. Por isso, Iuris Dictio, ou seja, jurisdictio = dizer o Direito.
Como o Estado limitou a autotutela, ele se incumbiu de administrar a Justiça. Assim, caso o particular age em seu lugar, comete crime de usurpação de função.
Nesse passo, para exercer tal função o Estado criou órgãos jurisdicionais.
Jurisdição + poder de julgar.
Lembrar da independência dos poderes, como por exemplo: quem faz o Regimento Interno do TJ é o próprio Judiciário.
Jurisdição, como poder de julgar, consiste na emanação da soberania. É aquela atividade desenvolvida pelos seus órgãos jurisdicionais vidando a solucionar as lides, aplicando, para tanto, o direito objetivo a uma situação litigiosa concreta.
Como função, é a solução das lides, por meio do processo. 
Como atividade, a jurisdição é toda aquela diligência do Juiz dentro do processo objetivando a dar a cada um o que é seu.
Há exclusividade do Judiciário em julgar?
- Não. As Constituições Federal e Estaduais permitem que outros órgãos não os judiciários, julguem, como ocorre no Senado, com a Assembleia Legislativa ou órgão formado de Deputados e Desembargadores quando processam e julgam certas autoridades que cometeram crimes de responsabilidade, e até mesmo a Câmara de Vereadores quando julga os Prefeitos nos crimes de responsabilidade. 
Há entendimento de que nesses casos a função do Senado não é jurisdicional, por faltar-lhe a “definitividade” que é própria da jurisdição. Mas se o Senado absolve o Presidente ou Ministro não há recurso, logo, parece existir definitividade. Além desses, também há o Tribunal Penal Internacional, criado em julho de 1988 pela Conferência de Roma, com competência para julgar os crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio.
Jurisdição, Administração e legislação.
O primeiro diz o direito ao caso concreto; o legislador declara o direito em abstrato, o direito objetivo.
Quanto à Administração esta pode decidir por via administrativa, mas com interesse na própria Administração. Somente faz coisa julgada as decisões judiciais.
Caracteres da Jurisdição
Pressupõe situação litigiosa concreta;
é inerte, visto que só se movimenta se provocada;
consiste numa função substitutiva, uma vez que o Juiz se põe de permeio entre os contendores para dizer quem tem razão.
Elementos
São cinco;
A notio ou cognitio: é o poder de conhecer dos litígios;
Judicium: é a função conclusiva, característica e mais eminente e essencial à jurisdição, consistindo no poder de compor a lide, isto é, aplicar o Direito em relação a uma pretensão;
Vocatio: consiste na faculdade de fazer comparecer em juízo todos aqueles cuja a presença seja necessária ao regular andamento do processo;
Coercio ou coercitivo: abrange todas as medidas coercitivas, desde o poder de fazer comparecer em juízo testemunhas, vítimas, peritos e interpretes, até o de privar preventivamente o imputado da sua liberdade.
Executio: poder de tornar obrigatória sua decisão.
Princípios
Da iniciativa das partes - Ne procedat judex ex officio ; não pode haver jurisdição sem ação, precisa existir provocação da parte interessada. Nemo judex sine actore (não há juiz sem autor).
Todavia, isso se aplica para ação penal condenatória, pois na hipótese de habeas corpus, a lei confere ao Juiz poderes para conceder a ordem sem provocação de ninguém (art. 654, § 2º, CPP), bem como nos casos de ação penal de natureza cautelar (art. 311, CPP).
Investidura: para que a pessoa possa exercer a função jurisdicional é preciso seja investida, conforme prevê a lei.
Indeclinabilidade da Jurisdição: o Juiz não pode subtrair-se ao exercício do seu ministério jurisdicional, em geral. Proíbe-se o non liquet (abstenho-me). Exceção: incompetência, impedimento e suspeição.
Improrrogabilidade da Jurisdição ou Princípio da Aderência: O Juiz somente pode exercer a função jurisdicional dentro dos limites que lhe são traçados por lei.
Comporta exceções: conexão ou continência (arts. 76, 77 e 79, CPP); hipótese do art. 74, § 2º, última parte, do CPP; quando oposta e admitida a exceção da verdade (art. 85, CPP); desaforamento (art. 427, CPP).
Juiz Natural: é aquele que resulta, no momento do fato, das normas legais abstratas, previsto explícita ou implicitamente no Texto da Carta e investido do poder de julgar.
Unidade da Jurisdição: como a função é soberana do Estado, é única em si e nos seus fins. A divisão que se estabelece entre a “jurisdição penal” e a “jurisdição civil” assenta-se na natureza do conflito intersubjetivo, pelas vantagens que a divisão do trabalho proporciona. Por tal motivo, pena natureza do conflito a ser dirimido, que existem a jurisdição ou Justiça do Trabalho, Eleitoral, Militar, Federal etc.
“Nulla poena sine judicio”: consiste na impossibilidade absoluta de se aplicar qualquer sanção penal sem a intervenção do Juiz, vale dizer, sem processo. Não há exceção. Mesmo na Lei 9.099/95, a aplicação da multa ou pena alternativa, somente são concretizadas com a homologação do Juiz.
Duplo Grau de Jurisdição: constata-se pelo art. 92 da CF, bem como se abstrai do art. 93, III, da Carta.
O art. 108, II, diz competir aos Trib, Regionais Federais julgar, em grau e recurso, as causas decididas pelos juízes federais...
No mesmo sentido o art. 8º, 2, alínea “h”, do Pacto de San José da Costa Rica c.c. o § 2º, do artigo 5º, da CF.
Quando se fala em duplo grau, refere-se a órgãos de primeira e segunda instância, porque a estes cabem apreciar as questões de fato e de direito antes decididas.
Salienta-se que tanto os Recursos Extraordinário e Especial, STF e STJ, respectivamente, não permitem a apreciação das questões de fato. Apenas, aferem se a CF foi violada, Lei Federal ou Tratado desrespeitado. Logo, inexiste triplo grau de jurisdição entre nós.
Identidade física do Juiz: § 2º, art. 399, CPP = antiga redação do art. 120 do revogado CC.
Divisão da Jurisdição
Quanto à categoria ou graduação: inferior (1ª instância) e superior (apreciam recursos tirados da decisão de primeira instância – Tribunais).
Ordinária ou comum: é aquela a que se atribuem todas as causas que não estejam expressamente destinadas a outras jurisdições; e especial ou extraordinária: tratam de causas específicas que lhe são confiadas por lei. Ex.: a jurisdição eleitoral é especial porque conhece somente das questões ao sufrágio; a militar é especial visto que sua alçada está calcada apenas ao julgamento dos crimes militares; a política é especial uma vez que julga o impeachment; a trabalhista é especial posto que conhece, apenas, dos dissídios entre empregados e empregadores.
Obs.: pela amplitude das causas que lhe são afetas, a Justiça Federal é comum, mas há quem a considere Especial se comparada a Estadual, esta comum.
Quanto à matéria: pode ser jurisdição penal ou civil.
Quanto à forma: há quem distinga a jurisdição em contenciosa e voluntária. Contudo, o pensamento dominante na doutrina de que a jurisdição voluntária nada tem de jurisdição e, muito menos, de voluntária.
20. COMPETÊNCIA
Noções.
Considerando a vastidão de território e população, além do número elevado de litígios impõe a criação de uma numerosa quantidade de órgãos jurisdicionais.
Logo, se define competência, como “medida da jurisdição”.
Conceito: consiste no âmbito, legislativamente delimitado, dentro do qual o órgão Jurisdicional exerce o seu poder jurisdicional.
Em outras palavras, parcela de jurisdição que o órgão judicial por ela se tornou responsável. A competência organiza a justiça.
Espécies de Competência
Competência “ratione materiae” (em razão da matéria,da natureza do crime praticado – art. 69, III, CPP). Ex.: crimes eleitorais = Justiça Eleitoral.
Competência “ratione personae”: estabelecida de acordo com a qualidade das pessoas acusadas. Ex.: comp. prerrogativa de função (não se fala foro privilegiado) – art. 69, VII, CPP.
Competência “ratinone loci”: em razão do lugar em que o delito foi praticado ou local da residência do réu (art. 69, I e II, CPP).
Competência Funcional: fixada conforme a função que cada um dos órgãos jurisdicionais exerce no processo. Possui três:
d.1. Competência Funcional por fase do processo: de acordo com a fase do processo em um órgão jurisdicional diferente exerce a competência. Ex.: Júri. 1ª fase sumariante (pode ou não pronunciar, absolver, desclassificar); 2ª fase + Juiz Presidente – Júri.
d.2. Competência Funcional por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões. Geralmente, quando existe juízo colegiado heterogêneo. Ex.: Júri
d.3. Competência Funcional por grau de jurisdição: é aquela que divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e inferiores (competência recursal).
Competência absoluta e competência Relativa
Absolutas: “a” (matéria), “b” (pessoa) e “d” (função). Prevalece o interesse público e não o de uma das partes; não admite modificação; é improrrogável; a consequência da violação é a nulidade absoluta e pode ser alegada a qualquer momento, sem demonstração de prejuízo, visto que este é presumido. A anulação do processo é desde o início (recebimento da denúncia ou queixa).
Relativa: prevalece o interesse de uma das partes; a inobservância pode gerar, no máximo, uma nulidade relativa. Se nbão arguida no momento oportuno, estará preclusa esta arguição. É necessário demonstrar prejuízo; esssa competência é prorrogável. A competência territorial é relativa (ex.: comp. por prevenção, por distribuição).
Súmula 708, STF 
Súmula 107, STJ
Delimitação do poder de Julgar, em razão da matéria, feita pela Constituição.
A delimitação do poder jurisdicional é feita em vários planos e levando em conta a natureza da lide (ratione materiae), o território e as funções que os órgãos podem exercer dentro nos processos.
A primeira é feita pela Carta, distribuindo o poder de julgar entre os vários órgãos Jurisdicionais, de acordo com a natureza da lide.
Artigos 69 a 91 do CPP. 
Portanto, a CF fixa a competência ratione materiae (em razão da matéria).
Justiça do trabalho; Justiça Eleitoral; Justiça Militar da União; Justiça Militar dos Estados; Justiça Comum Federal e Justiça Comum dos Estados.
Delimitação do poder de Julgar, no Plano Constitucional, em razão do lugar.
De nada adiantaria a divisão acima (em razão da matéria) se o Juiz de Florianópolis tivesse que julgar alguém de Manaus, logo, outra delimitação sobreveio: em razão do lugar.
Exceção feita à Justiça Militar Federal, cada Estado e Distrito Federal possui órgãos Jurisdicionais representativos de todas essas Justiças mencionadas.
Assim, se um crime eleitoral ocorreu na Bahia, um Juiz daquele Estado processará e julgará o infrator; eventual recurso será apreciado pelo Tribunal Regional Eleitoral sediado na Capital daquele ente federativo.
Os Artigos 69 a 91 do CPP tratam da competência, no plano infraconstitucional.
Nesse cenário, podemos fixar etapas para se alcançar, finalmente, qual o órgão Jurisdicional competente à apreciação da pretensão deduzida.
1. Etapas na fixação da competência
a) preliminar: foro especial ou foro por prerrogativa de função; se não houver:
b) definição da justiça competente;
c) foro competente;
d) juízo competente que normalmente se dá por meio de regras de organização judiciária.
2. Justiça Competente
a) Justiça Comum ou ordinária:
- estadual: competência residual; julga as demais matérias que não forem de competência dos outros ramos.
- federal: crimes federais e comuns conexos.
b) Justiça especial ou especializada:
- militar: julgamento dos crimes militares, em caso de conexão haverá separação de processos.
- eleitoral: responsável pelo julgamento dos crimes eleitorais e conexos.
A violação às regras constitucionais de competência acarreta a inexistência dos atos praticados.
1) Justiça Eleitoral
Artigo 121, CF. O código eleitoral, com o apoio do CPP dispõe que essa justiça julgará crimes eleitorais e comuns conexos. É formada pelos juízos e juntas eleitorais.
Promotor eleitoral é função e não cargo.
2) Justiça Militar
Artigos 124 e 125, §§ 3º a 5º, CF.
a) Justiça Militar Federal: se encarrega de crimes militares que atinjam interesses das forças armadas. É formado por:
- Auditorias militares federais (primeira instância);
- Superior Tribunal Militar (segunda instância).
Quem atua é o MP militar.
b) Justiça Militar Estadual: se encarrega de crimes militares que atinjam interesses das instituições militares estaduais (PM e bombeiros). É formado por:
- Auditorias militares estaduais (primeira instância); 
- Tribunal da Justiça Militar (existe nos Estados de SP, RJ e RS) ou Tribunal de Justiça na falta do TJM (segunda instância).
Quem atua é o MP Estadual; trata-se de um cargo, durante a evolução da carreira pode chegar a esse cargo.
Ambas julgam crimes militares definidos no Código Penal Militar.
Juiz auditor militar presta concurso, trata-se de cargo concursado e nas auditorias os julgamentos são feitos por órgãos colegiados.
Súmulas STJ: 6, 53, 75, 78, 90 e 172.
Súmula STJ: 47 – não se aplica mais, foi revogada há 19 anos pela lei 9299/96.
Súmula 6 do STJ
Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de polícia militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade.
Súmula 53 STJ
Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais.
Súmula: 75
Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
Súmula: 78
Compete a Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.
Súmula: 90
Compete a Justiça Estadual militar processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo aquele.
Súmula: 172
Compete a Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.
3) Justiça Comum Federal: artigo 109, CF – julgamento de crimes federais e comuns conexos. Súmula 122 do STJ.
Súmula: 122
Compete a Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do código de processo penal. 
São crimes federais:
a) crimes políticos: prevalece entendimento de que crime político é aquele praticado contra a ordem constitucional ou contra o regime democrático. No Brasil seriam os crimes tipificados na lei 7170/83. Da sentença relativa à crime político cabe ROC dirigido ao STF.
b) infrações praticadas em detrimento de bens, serviços, interesses da União, suas empresas públicas ou suas autarquias. Ressalvadas as contravenções penais e competência da Justiça Eleitoral e militar. Súmula 38 do STJ. 
Obs.: Contravenções penais serão julgadas pela Justiça Estadual.
Súmula: 38
Compete a Justiça Estadual comum, na vigência da constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas entidades.
Infrações praticadas em detrimento de bens, serviços, interesses de Sociedade de Economia Mista: a justiça competente será a Justiça Estadual – súmula 42 STJ.
Infrações praticadas em detrimento de bens, serviços, interesses de Fundação: a justiça competente será da Justiça Federal.
Súmula: 42
Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que e parte sociedade de economia mista e os crimespraticados em seu detrimento.
Interesses da União: não se trata de interesse econômico. Compete à Justiça Federal julgar crimes praticados por e contra servidores federais, em razão da função, isso prova que não há qualquer interesse econômico (exemplo: desacato). Súmula 147, STJ.
Súmula: 147
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 91, STJ foi cancelada! Competia à Justiça Federal julgar crimes contra a fauna. Foi revogada pela lei 9605/98, na época de vigor desta lei, fauna era bem da União, com a lei atual a fauna deixou de ser um bem da União, então, a princípio, crime contra a fauna será da Justiça Estadual.
- crimes ambientais: é da Justiça Federal (art. 109, IV, c/c o art. 20, II, III, IV, VII e XI, CF): STJ entende que somente aquelas infrações que ocorrem em áreas instituídas pela União, denominadas Unidades de Conservação de Proteção Integral (estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos nacionais e de refúgios de vida silvestre). Não importa o local onde se situem e atinge um raio de 10km que circundam as Unidades.
c) crimes à distância quando previstos em Tratado ou Convenção Internacional (do contrário a competência será estadual): crimes à distância são crimes em que o iter criminis atinge países diferentes (a conduta ocorre num país e o resultado em outro país).
Exemplos de crimes à distância:
- tráfico internacional de seres humanos;
- tráfico transnacional de drogas;
- corrupção ativa e tráfico de influência nas transações comerciais internacionais.
- julgamento de crimes contra a organização coletiva do trabalho: CP, artigos 197 a 207. Se a conduta atingir a organização individual do trabalho será competente a Justiça Comum Estadual.
Esse entendimento surgiu no Tribunal Federal de Recursos (TFR – surgiu antes da CF/88, atualmente é extinto) que tinha a súmula 115 que dizia que a JF só julgará crimes contra a organização do trabalho quando atingir direitos coletivos. Esse entendimento foi mantido pelo STJ e foi confirmado pelo STF.
- Crime que atinge de forma mais grave o direito dos trabalhadores encontra-se no artigo 149 do CP – plágio ou redução à condição análoga à de escravo. Esse crime era de competência comum estadual porque está fora dos artigos 197 a 207, CP. Porém, em 2007, o STF modificando jurisprudência passou a entender que trata-se de crime de competência federal.
- crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem econômica nos casos previstos em lei:
a) crimes contra o sistema financeiro: Lei 7942/86 – diploma que trata de crimes de competência da Justiça Comum federal;
b) crimes contra a ordem econômica: somente será de competência da Justiça Comum federal, quando houver expressa previsão legal, do contrário será de competência da Justiça Comum Estadual.
Exemplos de crimes contra a ordem econômica:
- Lei 8137/90: Justiça Estadual;
- Lei 8176/91 (venda de combustível adulterado): Justiça Estadual;
- Lei 9613/98 (lei de lavagem): a própria lei estipula que a competência pode ser tanto federal quanto estadual. A competência será federal quando: 1) a lavagem for praticada através do sistema financeiro (exemplo: lavou dinheiro investindo na bolsa de valores); 2) quando o crime antecedente for de competência federal. A competência será de competência estadual nos demais casos.
- crimes praticados a bordo de navio ou aeronave, salvo competência da Justiça Militar: basta que a infração ocorra no interior (a bordo de) navio ou aeronave, não é necessário que esses veículos estejam em deslocamento. Navio não é o mesmo que embarcação, embarcação é gênero e navio é espécie. O STF entendeu que navio sujeito à competência da Justiça Federal é a embarcação de médio ou grande porte, que tem autonomia para fazer a cabotagem internacional (navegação entre portos de países diferentes).
Embarcação pública nacional e pública estrangeira: extensão do território da nação, não importa onde estejam.
Embarcação estrangeira mercante: competência Justiça brasileira, se estiverem em porto ou mar territorial do Brasil.
Embarcação nacional: igualmente, se aguas territoriais brasileira ou em alto-mar.
Demais embarcações: todas as pequenas embarcações a competência será da Justiça Comum Estadual.
Plataforma de exploração de petróleo: há uma lei que define plataforma como embarcação, a plataforma é fixa, é embarcação, mas não é navio, então a competência é da Justiça Estadual (STJ). O foro competente (comarca responsável pelo julgamento), o STJ utilizou um critério do CPP – crimes praticados à bordo de embarcações devem ser julgados no local do primeiro porto ou do último porto, porém a plataforma é fixa, não sai do lugar, então entende o STJ que a competência será firmada pela prevenção (artigo 91 do CPP).
Tocante às infrações cometidas a bordo de aeronaves, sujeitam-se a Convenção de Tóquio de 1970, por adesão do Brasil. 
Mesmo raciocínio quanto às embarcações, se em território pa´trio, mesmo o correspondente ao espaço aéreo do alto-mar.
Caso estiver pousada a aeronave e com os motores desligados, a competência é da Justiça Estadual, sob pena de se entender que um furto no interior de uma aeronave em hangar seria da Justiça Federal.
- crimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro: artigo 338 do CP, Lei 6.815/80 (estatuto do estrangeiro).
- federalização: EC 45/2004 – federalização é um incidente de deslocamento de competência, quem julga é o STJ e a iniciativa para requerer se dá exclusivamente ao Procurador Geral da República, se deferida, a competência será deslocada para a Justiça Comum Federal. Essa medida é cabível quando (requisitos cumulativos):
a) houver grave violação de direitos humanos;
b) a medida seja necessária para assegurar o cumprimento de obrigações assumidas no Brasil pelo plano internacional, por meio de Tratados ou Convenções.
Exemplo: caso Maria da Penha – foi levado à Comissão de Direitos Humanos pela inércia da Justiça brasileira.
Não basta a violação de direitos humanos, é necessário que haja a inércia da justiça competente para que seja aplicada a federalização.
A quem compete julgar crime praticado por ou contra indígena?
O STJ na súmula 140 diz: a competência é da Justiça Comum Estadual.
Exceção: será competência da Justiça Federal – se o crime tiver relação com a disputa sobre os direitos das comunidades indígenas (exemplo: fazendeiro que tentou matar o indígena por disputa de terra).
Súmula 140 STJ:
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
4) Justiça Comum dos Estados: competência residual (art. 125, CF).
Foro Competente
Foro é o território dentro do qual determinado órgão exerce sua jurisdição.
Foro de um juiz estadual é a Comarca, há também os foros regionais e distritais.
Na Justiça Federal o foro é chamado de seção judiciário, às vezes dividido em subseção judiciária.
Trata-se de competência territorial (rationi loci), a inobservância gera nulidade relativa. No CPP o juiz pode reconhecer de ofício a competência territorial. Qualquer violação às regras de competência pode ser conhecida de ofício, artigo 109 do CPP. 
Critérios:
a) lugar da infração;
b) domicílio ou residência do réu.
1) Lugar da Infração: artigos 70, 71 e 88 a 91 do CPP.
- Regra: lugar da consumação do crime, a Teoria do Resultado prevaleceu, o crime deve ser punido no local em que produziu seus feitos. Em caso de tentativa será no local do último ato executório.
- Crimes plurilocais:
Exemplo: sujeito passa cheque numa loja e compra mercadorias. A loja estava na capital e a conta bancária no interior. O cheque era do próprio sujeito, mas não tinha fundo. Foro competente: trata-se do crime de estelionato mediante emissão de cheque sem fundo, o crime se consuma no momento da recusa do pagamento do cheque pelo banco sacado, que foi no interior, logo, será competente a comarca do interior – Súmulas 521 do STF e 244 do STJ.
Súmula521
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Súmula 244 STJ.
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
Exemplo: o cheque não era do comprador, era de terceira pessoa. Trata-se de crime de estelionato na modalidade fundamental (artigo 171, “caput”), na obtenção da vantagem indevida consuma-se o crime, a obtenção se deu na capital que será o foro competente – súmula 48 do STJ.
Súmula 48, STJ.
Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
Exemplo: fraude de conta bancária pela internet – retira dinheiro da conta da vítima que fica na capital e transfere para uma conta no interior e faz o saque. O STF entende que se trata de furto mediante fraude. Sendo a conduta furto, o momento consumativo é o momento da consumação, o foro competente será a capital, local onde se situa a agência da vítima.
- infração consumada em lugar incerto na divisa de dois ou mais foros: (exemplo: divisa entre SP e SBC) A competência será firmada pela prevenção. 
- crimes à distância:
a) se a conduta se inicia no exterior será no local em que ocorreu ou deveria ocorrer o resultado no Brasil;
b) se a conduta foi cometida no Brasil: local do ultimo ato executório em território nacional.
- crime permanente e crime continuado quando atingirem mais de um território:
Crime permanente é o delito único cuja consumação se prolonga no tempo (exemplo: tráfico de drogas em que a guarda da droga se prolonga por anos). O foro competente se dá por prevenção.
Crime continuado: o foro competente também se dá por prevenção. Modalidade de concurso de crimes, podem ser cometidos em comarcas distintas.
- crime ocorrido integralmente no exterior: artigo 7º, CP – extraterritorialidade da lei penal. O foro competente é a capital do Estado do último domicílio ou residência do réu no Brasil, se nunca teve domicílio ou residência será na capital da República (DF).
- crime praticado a bordo de embarcação: o foro competente será o primeiro porto que a embarcação tocar após o crime ou no caso de embarcação indo para o exterior será no local do último porto antes do crime.
- crimes praticados a bordo de aeronave: o foro competente será tanto o local da decolagem antes do crime quanto o local do pouso depois do delito.
Obs: Há determinados casos em que não são usadas as regras do CPP:
1- lei 9099/095, artigo 63: local em que a infração for praticada. A infração de pequeno potencial ofensivo será praticada no local da conduta (STF);
2- crimes dolosos contra a vida e em homicídio culposo, a competência se dá no local da conduta e não no local do resultado. Teoria da aparência do resultado, por esta teoria o reflexo da infração se dá no local em que foi praticada.
2) Domicílio ou residência do réu: artigos 72 a 73 do CPP.
Quando se utiliza domicílio ou residência do réu?
a) em crimes de ação pública o domicílio ou residência atua como critério subsidiário. Somente é utilizado quando for desconhecido o local da infração. Exemplo: viagem de ônibus que percorre vários Estados, durante a viagem um passageiro furta uma carteira de outro passageiro, este é descoberto e é preso em flagrante. Não dá para saber exatamente em que comarca o crime ocorreu. A competência será firmada com base na residência ou domicílio do réu, se desconhecido, será no local em que a subtração foi oficialmente conhecida (no local de destino do ônibus em que foi preso em flagrante).
Numa queixa subsidiária se aplicará o foro subsidiário, tem natureza de ação pública.
b) em crimes de ação privada atua como critério optativo. O querelante escolhe. 
Fixação do Juízo Competente
Essa regra de competência nem sempre é utilizada, somente é aplicada quando houver mais de uma vara na mesma comarca.
a) juízos com competência distinta: com base em normas de organização judiciária.
b) juízos com a mesma competência: com base no CPP:
- prevenção
- distribuição
ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO
REGIÕES DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO
DISTRIBUIÇÃO DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL - TRFs
Distribuição das Comarcas – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Obs.: não confundir com regiões administrativas
PARTICULARIDADES
Princípio da Simetria
Os Estados gozam de autonomia, mas não de soberania. Assim, podem, através de suas Constituições, atribuir ao Tribunal competência para julgar pessoas que exerçam funções análogas na União. 
Assim, atentos ao princípio da Simetria o Estado pode conferir competência, por exemplo, para o Tribunal julgar, originariamente (foro prerrogativa de função): governador, secretários de estado, comandante geral da Polícia Militar, prefeitos etc.
Não podem, por exemplo, deferir o foro por prerrogativa aos Procuradores de Estado e das Assembleias, porque a CF não conferiu isso em sede da União.
20.1 Conexão e Continência
Artigos 76 a 82, do Código de Processo Penal.
A conexão existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo que aconselha a junção dos processos, propiciando ao julgador perfeita visão do quadro probatório e, de consequência, melhor conhecimento dos fatos, com repercussão na adequada prestação jurisdicional.
É vínculo processual objetivo ou subjetivo que resulta na reunião de processos.
 1) Separação dos processos 
São situações em que apesar da conexão ou continência haverá separação dos processos. 
a) Obrigatoriedade (art. 79 do CPP): Haverá a cisão dos processos quando: 
. Justiça militar X Justiça comum 
. Justiça criminal X Justiça da infância e juventude 
. Cisão de processos decorrente da impossibilidade de julgar conjuntamente um dos corréus 
b) Facultativa (art. 80 do CPP): É facultativa a separação, quando as infrações forem praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, para evitar que o excessivo número de corréus prolongue a prisão provisória, ou por outro motivo relevante. 
 “Perpetuatio jurisdictionis” – Perpetuação da competência (art. 81, CPP): Nos casos de conexão e continência, ainda que o juiz ou tribunal absolva ou desclassifique o crime de sua competência, continua competente para o julgamento da causa. Ex.: Prefeito e secretário são julgados pelo tribunal, em razão do foro especial do prefeito. Se o prefeito por absolvido o tribunal ainda julga o secretário. 
Exceção: no rito do júri se o juiz impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar, deverá remeter o crime conexo para julgamento perante o juízo singular. 
Avocação (art. 82, CPP): Cabe ao órgão com “vis attractiva” implementar a reunião de processos, avocando-os perante os demais órgãos judiciais. Havendo divergência quanto à reunião, instaura-se um incidente de conflito de competência (conflito de jurisdição). 
Espécies de Conexão
Conexão intersubjetiva (art. 76, I, CPP):
Conexão intersubjetiva por simultaneidade, também chamada de conexão subjetiva-objetiva ou meramente ocasional: duas ou mais pessoas praticam um crime ocasionalmente no mesmo momento, sem ajuste prévio entre elas. Em outras palavras, duas ou mais pessoas, em duas ou mais infrações, praticadas ao mesmo tempo. Ex.: pessoas caminham pela estrada, quando tomba um caminhão de produtos eletrônicos e ela põem-se a furtar aquilo que conseguem carregar (art. 76, I, 1ª parte, e art. 79, ambos CPP);
Conexão intersubjetiva por concurso, também nominada conexão subjetiva concursal: duas ou mais pessoas promovem ajuste prévio, a fim de cometerem crimes, ou seja, duas ou mais pessoas, previamente ajustadas, praticam crimes diverso no tempo ou lugar. (quadrilha ou bando, associação para o tráfico de drogas etc.);
Conexão intersubjetiva por reciprocidade: várias pessoas umas contra as outras. Ex.: invasão de campo e luta entre torcidas dos times, com lesões recíprocas.
Conexão Objetivaou lógica (art. 76, II, CPP): “Se no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”.
Esta conexão objetiva ou lógica também é chamada de material, porque traz consequências de ordem penal, como agravante de cometimento de infração para facilitar ou assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime (art. 61, II, b, CP).
Teleológica: um crime é praticado pata garantir a execução de ouro crime (Ex.: falsificação de documento para receber dinheiro em nome de alguém).
Consequencial: O crime é praticado para ocultar outro, conseguir a impunidade de outro crime ou conseguir vantagem em relação ao outro criminoso. (Ex.: incendiar o local para ocultar o furto de coisa; matar a testemunha; matar o comparsa par ficar com o produto do crime, respectivamente).
Conexão Instrumental, Probatória ou Processual (art. 76, III, CPP): quando a prova de uma infração puder influenciar na prova de outra infração. Ex.: Crime de furto e receptação.
2) Continência 
I) Por Cumulação Subjetiva (art. 29, CP): uma infração praticada por duas ou mais pessoas. É o concurso de agentes. 
II) Por Cumulação Objetiva: são todos os casos de concurso formal (art. 70, art. 73, §2º, art. 74, §2º, CP).
 Critérios de determinação do órgão prevalente (art. 78 do CPP) 
É a chamada “vis attractiva” 
a) Justiça Eleitoral X Justiça Comum = Prevalece a Justiça Eleitoral. 
b) Júri X Justiça Comum = Prevalece o Júri. 
c) Júri X Justiça Eleitoral = Há separação dos processos. 
d) Justiça Comum Federal X Justiça Comum Estadual = Prevalece a Justiça Comum Federal (STJ, 122).
STJ, 122: Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do código de processo penal.
e) Órgão de diferente grau de jurisdição = Prevalece o órgão mais graduado. 
f) Órgãos da mesma justiça e de mesmo grau de jurisdição = Deve obedecer a três critérios: 
1º Critério: prevalece o juízo do local do crime mais grave (Rec > Det; > pena máx.; > pena mín.).
2º Critério: Juízo do local do maior número de crimes. 
3º Critério: Prevenção. 
Atenção: Se houver concurso material (conexão) ou formal (continência) aplicamos o art. 78 do CPP. Se houver crime continuado (conexão) não se aplica o art. 78, mas sim o art. 71 do CPP, aplicando diretamente a prevenção.
Competência Absoluta: prevalece o interesse público e não das partes. Não admite modificações, é improrrogável; logo, a consequência da inobservância é a nulidade absoluta, podendo ser alegada a qualquer momento e não necessita de demonstração do prejuízo, porquanto este é presumido. (Ex.: quanto à matéria; pessoa e funcional).
Competência Relativa: prevalece o interesse de uma das partes; a inobservância pode gerar, no máximo, uma nulidade relativa. Se não arguida no momento oportuno ocorre a preclusão. Portanto, é prorrogável e precisa ser demonstrado o prejuízo. 
Obs.: diferente do cível, a competência relativa pode ser declarada de ofício.
Ex.: competência territorial é relativa = prevenção, distribuição.
21. ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
As leis de Organização Judiciária são um conjunto de normas jurídicas que regulamentam a formação, composição, competência e atribuições dos Órgãos Jurisdicionais e dos seus auxiliares.
Conteúdo da Organização Judiciária:
Magistratura
Duplo Grau de Jurisdição
Composição dos Juízos
Divisão Judiciária
21.1 Magistratura
Conjunto dos Juízes que integram o Poder Judiciário
Organizada em carreira:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; 
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última entrância ou, onde houver, no Tribunal de Alçada, quando se tratar de promoção para o Tribunal de Justiça, de acordo com o inciso II e a classe de origem;
Recrutamento de Juízes:
	Cooptação
	Escolha
	Eleição
	Concurso
Concurso: A nossa Constituição (art. 93, I) adotou o sistema de concursos de provas e títulos para o ingresso na Magistratura, exigindo do bacharel em Direito um mínimo de 3 anos de atividade jurídica. Sem dúvidas, é o melhor sistema, deixando a Magistratura livre das injunções políticas.
Promoção:
	Antiguidade
	Merecimento
	
	A carreira inicia-se com o cargo de Juiz substituto, passando, em seguida, para Juiz de Direito de 1ª entrância, 2ª entrância, 3ª entrância e entrância especial. (possível que as entrâncias sejam classificadas de forma diferentes em cada estado)
Prerrogativas:
Prerrogativa de foro: O juiz deve ser sempre julgado pelo Tribunal em que está vinculado, independentemente do crime e do local da infração. Art. 108, CF.
O juiz só pode ser preso em flagrante delito por crimes inafiançáveis. O delegado deverá comunicar o fato ao Tribunal ao qual ele está vinculado.
O Juiz não tem o dever de comparecer quando for arrolado como testemunha. Art. 221, CPP.
21.2 Duplo Grau de Jurisdição
Possibilidade de revisão, por via de recurso, em órgãos de jurisdição superior ou de segundo grau das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau.
Nos órgãos de 1ª instância: Juiz único;
Órgãos de 2ª instância: colegiado.
Exceções: Justiça Militar: órgãos de 1ª e 2ª instância são colegiados.
Na Justiça Comum, o Tribunal do Júri é órgão colegiado de 1ª instância.
21.3 Divisão dos Tribunais
Tendo em vista os numerosos recursos que chegam aos Tribunais, estes, com a finalidade de se ter uma maior especialização do órgão e maior celeridade nos julgamentos das causas que lhes são afetas, foram divididos em:
Seções;
Câmaras;
Grupos de Câmaras ou Turmas.
Obs: a expressão “Turma” significa grupo de Magistrados de um Tribunal com competência para proferir julgamento. O mesmo para “Câmara”. Todavia, “Turma” é empregado no STF, STJ, STM nos Tribunais Regionais Federais, enquanto nos Tribunais de Justiça usa-se o termo “Câmara”.
Composição dos Juízos:
21.4 Funções do Poder Judiciário
Os Juízes exercem, especificamente, a função de julgar, a função de dar a cada um o que é seu. Essa é a sua predominante atividade, que é, salvante, raríssimas exceções, indelegável e improrrogável.
Atividades Secundárias Judiciárias: aquelas atribuições de cunho nitidamente administrativo ou normativo, conferidas aos Juízes e Tribunais, desempenhada nos chamados processos de jurisdição voluntária.
Atividades Anômalas:destaca-se:
a) A de requisitar a instauração de inquérito policial, nos termos do art. 5º, II, do CPP;
b) A de fiscalizar o princípio da obrigatoriedade da ação penal, atividade que ele exerce remetendo os autos do inquérito policial ou peças de informação ao Procurador-Geral da Justiça todas as vezes que discordar do pedido de arquivamento formulado pelo órgão do Ministério Público (CPP, art. 28);
c) Ser destinatário da representação, nos termos do art. 39 do CPP;
d) Decretar, de ofício, a prisão preventiva (art. 311, do CPP);
e) determinar, de ofício, aquelas diligências referidas nos incisos I e II, do art. 156, do CPP, com a redação dada pela Lei nº 11.690/2008.
21.5 Órgãos do Poder Judiciário
a) Supremo Tribunal Federal;
b) Conselho Nacional de Justiça;
c) Superior Tribunal de Justiça;
d) Tribunais Regionais Federais, Juízes Federais, Tribunal do Júri Federal e Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais;
e) Tribunais e Juízes do Trabalho;
f) Tribunais e Juízes Eleitorais;
g) Tribunais e Juízes Militares;
h) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal;
i) Turmas de Recursos e os Juizados Especiais Criminais.
21.6 Supremo Tribunal Federal – STF
Órgão de cúpula do Poder Judiciário. É o seu vértice, sua mais alta Corte, por isso mesmo chamado “Excelso Pretório”.
Composição: constituído por 11 Ministros.
Funções Institucionais: Guarda da Constituição
Ação declaratória de constitucionalidade ou direta de inconstitucionalidade;
Arguição de descumprimento de preceito fundamental;
Competência originária;
Recurso Extraordinário;
Súmula Vinculantes.
Graus de Jurisdição:
Ingresso, Composição e Funcionamento:
11 Ministros;
Nomeação pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal;
Brasileiro nato, gozo dos direitos políticos, mais de 35 e menos de 65 anos de idade, notável saber jurídico e reputação ilibada.
Funcionamento:
Plenário
2 Turmas (5 Ministros cada)
21.7 Conselho Nacional de Justiça – CNJ
Esse órgão foi instituído pela Emenda Constitucional nº 45/2004.
É composto de 15 membros; dentre suas funções, destaca-se a de controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e com cumprimento dos deveres funcionais dos Juízes.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes:
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.
21.8 Superior Tribunal de Justiça – STJ
O Superior Tribunal de Justiça é criação da Constituição de 1988. Compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros.
É o órgão de cúpula das Justiças Estadual, do Distrito Federal e Comum Federal.
Funções Institucionais: Defensor e Unificador do Direito Infraconstitucional
Competência originária;
Órgão de Superposição;
Competência Recursal (Recurso Especial)
Ingresso, Composição e Funcionamento:
33 Ministros:
1/3 nomeados entre Desembargadores Federais (TRF’s)
1/3 nomeados entre Desembargadores Estaduais (TJ’s)
1/3 entre membros do Ministério Público e Advogados
A escolha é feita pelo Presidente da República com base em lista tríplice apresentada pelo próprio Tribunal.
A nomeação depende da aprovação do Senado Federal.
21.9 Justiças Estaduais
Divisão Judiciária:
Comarcas:
Entrânciainicial
Entrância intermediária
Entrância final
Justiça Militar Estadual
Art. 125, § 3º, da Constituição Federal
Crimes militares dos quais sejam acusados os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares
Tribunal (segundo grau)
Conselhos de Justiça (primeiro grau)
Justiça Militar da União
Justiça Eleitoral
Justiça do Trabalho
22. SUJEITOS PROCESSUAIS
Em síntese: são as pessoas que atuam no processo: promotor, réu, advogado, perito, escrevente, intérprete, juiz etc.
Sujeitos processuais são as pessoas entre as quais se constitui a relação processual: a que propõe a ação, aquela perante quem ela é proposta e a pessoa em relação à qual é ela dirigida. A primeira e a última têm um direito em fase da segunda, direito à decisão, e a esta cabe a obrigação de proferi-la.
Os sujeitos processuais dividem-se em: principais e secundários/acessórios (este, Capez).
Principais ou essenciais são aqueles cuja ausência torna impossível a existência da relação jurídico-processual: o juiz e as partes. O juiz é o sujeito processual imparcial e as partes são os sujeitos processuais parciais, representados pela acusação, que é o Ministério Público ou o querelante, e pela defesa, que é o réu ou o querelado.
Os sujeitos acessórios ou secundários não são indispensáveis ao processo, mas nele intervêm de alguma forma: são os órgãos auxiliares da justiça, o assistente de acusação e os terceiros (interessados e não-interessados).
O rol de terceiros interessados consta do artigo 31 do Código de Processo Penal (CAADI). 
Os terceiros não-interessados são as testemunhas, os peritos, o tradutor e o intérprete. 
São nominadas de:
partes materiais: o réu e a vítima;
Partes processuais: aqueles que atuam em juízo, quais sejam, parte acusadora e parte acusada (pessoa viva maior de 18 anos).
Exemplos parte acusadora:
Crime de ação pública: em regra, MP, excepcionalmente, a parte (art. 29, CP – ação subsidiária da pública).
Crime ação penal privada: parte constituída de advogado;
Crime de responsabilidade: cidadão constituído de advogado;
Parte contingente: é o assistente de acusação (arts. 268/273, CPP); se existir ou não o processo segue.
Art. 268.  Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
Obs.:
Distinções:
Capacidade de ser parte: aptidão para direitos e obrigações. Assim, qualquer pessoa natural (qualquer pessoa tem). A capacidade de ser parte começa a existir a partir do momento em que a pessoa adquire a capacidade civil. Essa capacidade civil é adquirida com o nascimento com vida.
Capacidade para estar em juízo: somente pessoa maior de 18 anos, quem pode ingressar em juízo, contratar advogado e atuar. Ex.: menor de idade não tem capacidade para estar em juízo, então, o genitor supre, representando-o.
Legitimidade ad causam (legitimidade para a causa): legitimidade para agir. Possuem tal capacidade os titulares do direito em litígio (Estado X réu), salvo na ação penal privada, onde a vítima atua como substituto processual do Estado. Consiste em uma condição da ação.
Legitimidade ad processum (legitimidade para o processo): legitimidade para agir no processo (ou capacidade processual). Trata-se da aptidão para a prática dos atos processuais, independentemente de assistência ou representação legal. Tais atos podem ser praticados pessoalmente ou por representantes indicados em lei. Cuida-se de instituto de direito processual, portanto, um dos pressupostos processuais de existência.
Em outras palavras, há que se verificar se há legitimidade para o processo, isto é, por exemplo, no caso de pessoa menor de idade, tem legitimidade o seu representante legal (tutor, curador, genitor).
Dessa forma, a legitimidade para a causa não se confunde com a legitimidade para o processo, pois aquela é condição da ação, enquanto esta é pressuposto processual que se relaciona com a capacidade para estar em juízo. Ou seja, o menor de 16 anos tem legitimidade ad causam para propor ação contra seu suposto pai, mas não tem legitimidade ad processum, por não ter capacidade para estar em juízo, devendo ser representado.
Capacidade postulatória: capacidade de praticar atos processuais. Assim, aquele maior de 18 anos não pode por si oferecer queixa. Somente advogado pode praticar atos processuais; assim, tem-se a representação voluntária, ocasião em que o advogado representa a vítima, porquanto detém conhecimento técnico sobre o direito (art. 263, CPP).
Em resumo esquemático:
legitimidade ad causam (condição da ação) - é a legitimidade para agir, a pertinência subjetiva da demanda;
legitimidade ad processum (pressuposto processual objetivo) - é a capacidade de estar em juízo ou capacidade processual;
capacidade de ser parte (pressuposto processual subjetivo) - personalidade judiciária, aptidão para ser sujeito de uma relação jurídica processual (autor, réu, assistente, excipiente etc.).
Salienta-se que, a nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais, ao sabor do artigo 568 do CPP).
Não podem ser acusadas as pessoas que dispõem de imunidade parlamentar ou diplomática.
Quem pode ser imputado?
- pessoa humana viva maior de 18 anos.
- Morto não pode figurar ser pessoa acusada: cuida-se da primeira causa extintiva de punibilidade (art. 107, I, CP).
Tourinho patenteia que somente o homem vivo pratica conduta criminosa; pessoa jurídica não.
Entende que Pessoa Jurídica não pode ser parte acusada no processo penal, eis que é uma ficção e que a acusação deve recair sobre o dirigente.
Obs.: art. 225, § 3º, CF.
A Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente, prevê, no seu artigo 3º, a responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pelapessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Direitos do imputado
A Constituição Federal prevê uma série de garantias ao acusado no processo penal, entre as quais:
Devido processo legal (artigo 5.º, inciso LIV, da Constituição Federal).
Contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (artigo 5.º, inciso LV, da Constituição Federal). A ampla defesa compreende a defesa técnica, exercida por profissional habilitado, e a autodefesa, manifestada no interrogatório, no direito de audiência com o juiz, possibilidade de interpor recurso etc. Observação: o acusado poderá, sem o defensor: impetrar habeas corpus, interpor recurso (salvo algumas exceções), promover revisão criminal, pagar fiança arbitrada pelo juiz e argüir suspeição.
Direito de estar em juízo, devendo para tanto ser regularmente citado. Sendo citado, o acusado poderá ou não comparecer em juízo, conforme sua conveniência. Poderá até utilizar sua ausência como meio de defesa. Há casos, entretanto, em que a presença do acusado é obrigatória, como nos crimes inafiançáveis da competência do Tribunal do Júri, cujo julgamento não se realiza à revelia (artigo 451, § 1.º, do Código de Processo Penal). Há também outros atos que reclamam a presença do acusado. “Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que sem ele não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença” (artigo 260 do Código de Processo Penal). Quanto ao interrogatório vale a seguinte observação: o réu pode calar-se quanto aos fatos, mas deve comparecer para ser qualificado.
Direito à defesa técnica. “O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado” (artigo 5.º, inciso LXIII, da Constituição Federal). “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor” (artigo 261 do Código de Processo Penal). Se o réu não tiver advogado constituído, o juiz deverá nomear um. A ausência de defesa técnica gera nulidade absoluta. A defesa deficiente poderá gerar nulidade, se houver demonstração de prejuízo para o réu.
Direito de permanecer em silêncio.
Direito à integridade física e moral.
A Constituição Federal assegura ao acusado muitos outros direitos em seu artigo 5.º: 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
Além desses, outros dispositivos da Constituição Federal dispõem sobre direitos individuais (artigo 5.º, § 2.º, da Constituição Federal).
A Constituição Federal previu a possibilidade de a pessoa jurídica ser o sujeito passivo da infração penal nos casos de crime contra a economia popular, contra a ordem econômica e financeira e nas condutas lesivas ao meio ambiente.
Art. 186 e 295 do CPP, dentre outros:
direito de ser notificado;
intimado;
não ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, ressalvado nos caos dos militares (transgressão militar ou crime propriamente militar);
não ser recolhido à prisão, nos crimes afiançáveis, quando prestada a fiança;
liberdade provisória com ou sem fiança ou a outra medida cautelar menos invasiva;
ampla defesa e devido processo legal;
não ver contra si prova ilícita;
não submissão identificação criminal, quando civilmente identificado, salvo hipóteses legais (Lei 12.037/2009);
não considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
informação, quando preso, de seus direitos, assegurada a assistência da família e de advogado;
apelar em liberdade ou mesmo preso etc.
Lembrar que as cláusulas pétreas vão além do artigo 5º da CF.
Diferença entre:
CITAÇÃO: Tanto no Processo Penal quanto no Civil, a citação é o chamamento do réu a juízo, para que se defenda.
INTIMAÇÃO: a maior parte dos autores defende que intimação é o ato pelo qual se dá ciência de algum termo ou ato processual que já ocorreu, como na intimação de sentença, ou intimação de decisões.
NOTIFICAÇÃO: a notificação, seria o instrumento pelo qual se ordena que se faça ou que se deixe de fazer algo, sob pena de alguma cominação (normalmente as pessoas pensam que isso é a legítima intimação, mas esta não é a definição precisa do termo). Como exemplo, mencionamos a notificação da testemunha para que compareça à audiência (sob pena de ser conduzida) e a notificação dos jurados para que venham ao tribunal do juri sob pena de incidência de multa. 
Cabe ressaltar também, que tanto no Código de Processo Penal quanto no Código de Processo Civil, o termo é usado indiscriminadamente, vendo-se que o legislador não se preocupou em distinguir um termo do outro.
23. JUIZ
O juiz exerce o papel de maior relevo no processo. A lei confere-lhe os poderes necessários para zelar pelo processo e solucionar a lide em nome do Estado.
Vedadas que estão, em matéria penal, a autotutela e a autocomposição, exceção feita em casos restritos, o Estado assume o dever de prestar jurisdição, sempre que presentes determinadas condições, sendo defeso ao juiz, diante de um caso complexo ou incômodo, eximir-se de sentenciar (artigo 5.º, inciso XXXV, da Constituição Federal). Trata-se do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.
Para desempenhar suas funções, o Estado confere ao juiz poderes que são na verdade instrumentos para que o juiz possa julgar (artigo 251 do Código de Processo Penal). Esses poderes são:
Poderes de polícia ou administrativos: representa o poder de praticar atos para manter a ordem e o decoro no decorrer do processo. É o que ocorre, por exemplo, nas hipóteses dos artigos 792, § 1.º, 794 e 497, todos do Código de Processo Penal.
Cumpre salientar que o Juiz deixou de ser um espectador inerte

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