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AINES | Taciana Valente ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS Efeitos AAA: antiinflamatórios, analgésicos e antipiréticos. Antipiréticos: citocinas inflamatórias (IL-1 e 8) aumentam a síntese de PGE2, que estimulam o hipotálamo a aumentar a temperatura. Os AINES inibem as prostaglandinas de ação hipotalâmicas (PGE2), produzidas pela COX. Analgésico: diminuem a produção das prostaglandinas que sensibilizam os nociceptores. Antiinflamatório: reduzem a vasodilatação, o edema e a dor. A lesão produz citocinas que estimulam as células do sistema imune a expressarem a COX-2, que vão produzir PGE e PGI. É um tratamento sintomático: não trata a causa, apenas os sintomas. Amplamente utilizados. Maiores exemplos: ibuprofeno, paracetamol, meloxicam, dorflex, aspirina, nimesulida. Todos são classificados como AINES pelo mecanismo de ação semelhante. MECANISMO DE INFLAMAÇÃO: 1. A partir de uma lesão, os fosfolipídios da membrana celular são expostos à ação da enzima fosfolipase-A2, produzindo o ácido araquidônico. 2. Esse ácido será substrato para as enzimas COX e Lipoxigenase. 3. Lipoxigenase: produz leucotrienos, que induzem tosse. 4. COX: produz prostaglandinas, que induzirão dor, febre, inflamação; prostaciclinas e tromboxano. COX É o alvo dos AINES e é dividida em COX 1 e COX 2. COX-1: está sempre sendo produzida pelo organismo no estômago, nos rins, no útero, nas plaquetas e no SNC. Quando degrada o ác. araquidônico vai dar origem as prostaglandinas que estão envolvidas com homeostase renal, agregação plaquetária e proteção gástrica (aumento do muco, aumento do fluxo sanguíneo e renovação celular). FISIOLÓGICA. COX-2: É induzida pelos macrófagos, linfócitos e endotélio quando o corpo sofre uma injúria. É essa enzima que produz prostaglandinas relacionadas com a dor, febre e inflamação. Ou seja, quando o tecido é lesionado que a COX 2 é ativada. PATOLÓGICA. FÁRMACOS SELETIVOS INIBIDORES DE COX-1 Inibem somente COX-1. Aspirina (AAS): Inibidor irreversível da COX-1. Utilizado hoje em doses baixas, como antiagregante plaquetário. Indicado também para câncer colorretal (diminuir inflamação) e diarreia por radiação Contra-indicado em suspeita de dengue (inibição de Tromboxano A2, risco de hemorragia); não utilizar junto com varfarina (anticoagulante plaquetário). Em caso de cirurgia, deve se parar o uso de 7 a 10 dias (tempo de renovação das plaquetas) antes por conta do risco de hemorragia. Efeitos colaterais: síndrome de Reye, náuseas, vômitos, gastrite, úlceras com pontos de hemorragia, induz descamação de células epiteliais, hiperventilação pulmonar e espasmos em pacientes asmáticos. FÁRMACOS SELETIVOS INIBIDORES DE COX-2 Inibem somente COX-2. Derivados do Oxicam Alta ligação com proteína-plasmática – geralmente utilizados somente uma vez ao dia, a depender da dose. Menos efeitos colaterais e ações antiinflamatórias mais específicas. Efeitos colaterais: alterações no TGI (principalmente piroxicam), cefaleia, edema, prurido, erupções cutâneas, zumbido, alterações plaquetárias e broncoconstrição. Piroxicam – hérnia de disco, artrite e bursite. Tenoxicam – antiinflamatório pós-cirúrgico. Meloxicam – cólica menstrual e endometriose. Nimesulida Bom antiinflamatório, antitérmico e analgésico. Indicado para: dores musculares (ex: torções), afecções das vias aéreas, utilizado na área odontológica Efeito colateral: risco de hepatotoxicidade e síndrome de Reye por uso indiscriminado, foi substituída por ibuprofeno no RENAME. ALTAMENTE SELETIVOS PARA COX-2: Pacientes não desenvolvem ulcerações gástricas. Efeitos colaterais: relacionado com efeitos cardiovasculares (não indicado no caso de insuficiência cardíaca); problemas renais (vasoconstrição da mácula densa). Celecoxibe – dor grave e forte; usado como analgésico; Etoricoxibe – junto com o celecoxibe, são vendidos em dosagens e quantidades específicas na caixa justamente pelos problemas cardiovasculares que podem causar. Além disso, são altamente caros por conta da adição de grupo sulfidrila. Parecoxibe e Rofecoxibe – usados como analgésicos para dores fortes. FÁRMACOS INIBIDORES DE COX NÃO SELETIVOS Inibem tanto COX-1 como COX-2. Paracetamol: Bom antitérmico, analgésico leve e não é indicado como antiinflamatório. Não é indicado como antiinflamatório porque o ambiente inflamado tem alto teor de peróxido, o que inativa o paracetamol. É muito lipossolúvel – boa ação como antitérmico. Demora para fazer efeito – 40 a 45min. Único com ensaios clínicos indicados para bebês (0-6 meses). Risco de intoxicação aguda (15g): seu metabólito é tóxico e precisa de glutationa para ser eliminado. O antídoto é aumentar a ingestão de proteínas para produzir mais ou utilizar acetilcisteína (antitussígeno) que vai aumentar a concentração de glutationa, eliminando em até 12hrs. Dipirona: Bom antitérmico, bom analgésico e bom antiinflamatório. Começa a fazer efeito de 20 min a 30 min. Risco de choque anafilático: vários pacientes tem alergias à dipirona e por isso é mais recomendado paracetamol. Pode ser utilizada por bebês acima de 6 meses. Gosto ruim e por isso recusada por crianças. Efeitos colaterais: hipotensão, agranulocitose, Síndrome de Stevens-Johnsons. Diclofenaco de Sódio (Cataflam) e de Potássio (Voltarem): Bons analgésicos e antiinflamatórios. Já foi bastante utilizado por dentistas. Principal efeito colateral: úlcera gástrica, principalmente em idosos. Hipertensão (no caso do diclofenaco de sódio). Ibuprofeno: Bom antitérmico, bom analgésico e bom antiinflamatório. Boa absorção oral – aproximadamente 80%. Início da ação rápida – 15 a 30 min. Tem menos toxicidade – pouco relato de dor gástrica. Substitui a nimesulida no RENAME. Estava sendo muito utilizado para zika e Chikungunya, intercalando com paracetamol e dipirona. Ponto negativo: durabilidade do efeito – com 3h, a febre começa a voltar e é necessário tomar outro medicamento (dipirona e paracetamol). Outros efeitos adversos dos não-seletivos: Irritação gástrica Eventos cardiovasculares Hemorragia Lesão renal Respostas anafilactóides CASO CLÍNICO 1. Relacionar o tratamento com AINES, ao surgimento da úlcera péptica. R - O problema aí reside na utilização de um medicamento não seletivo para COX, inibindo a COX 1. Então, ao inibir COX 1, perde proteção gástrica: renovação celular, muco e fluxo sanguíneo. Isso estava fazendo o estômago ficar mais susceptível a problemas gástricos, como gastrite devido ao uso crônico. 2. Justifique o emprego de derivados de prostaglandina na úlcera péptica? R – Esse derivado é o Misoprostol. É usado por causa da úlcera, como é um análogo de prostaglandina, aquilo que foi perdido com a inibição da COX 1 vai ser recuperado. 3. Se o paciente fizesse uso do inibidor seletivo da COX 2, estaria isento do efeito apresentado? R – Estaria, pois ele é seletivo COX 2. Lembrando que a COX 1 é constitutiva e a COX 2 é induzida e são as prostaglandinas produzidas pela COX 2 que vão causar dor, febre e inflamação. Então, se vai ter seletividade para COX 2, o problema gástrico não será manifestado. Logo, não terá problemas referentes a COX 1, como agregação plaquetária, problemas renais e úlcera. O que poderia se ter seria problemas cardiovasculares que é desencadeado pela COX 2. 4. Explique por que nesse estudo de caso é destacado a informação seguinte: “Médico não indagou a possibilidade de gravidez”. R – Devido ao Misoprostol. Ele vai aumentar a contração no músculo liso e se, caso, ela esteja grávida, existe um risco abortivo. Quanto menor o tempo de gestação maior o risco abortivo. Como ela está usando via oral, a ação abortiva será diminuída, pois para se ter uma ação abortiva é geralmente, recomendado, oral e o local. Mas, como provavelmente ela está no início da gestação, pois aparentemente o médico não visualizou, a utilização oral já se torna perigosa.5. Mesmo não estando grávida, qual o possível efeito colateral que a paciente poderia apresentar com o uso do Misoprostol? R – Diarreias muito fortes, devido à contração do músculo liso; Cólica (TGI); Contrações uterinas; Bexiga (Músculo liso); Bronconstricção (Asma). Se ela fosse asmática, e ele não perguntou, ela poderia ter outros efeitos que não seriam descritos e observados pelo médico, por exemplo. 6. Qual outro AINE você indicaria para o tratamento de artrite reumatoide e explique a indicação. R – Procurar um AINE que não causasse tanto efeito gástrico na paciente, uma vez que é a queixa principal dela. Poderia ser um Ibuprofeno, Meloxicam, Nimesulida. Poderia ser um seletivo COX 2, mas teria que se avaliar se a paciente tem problemas cardiovasculares.
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