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2 Contestação cível à ação de indenização por engavetamento no trânsito

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MAFRA, ESTADO DE SANTA CATARINA
AUTOS Nº XXXXXX-XX.X.XX.XXXX
FERNANDO XXXXX, nacionalidade XXXX, estado civil XXXX, profissional da área de XXXXXXX, portador do RG nº XX.XX.XXX e do CPF n.º XXX.XXX.XXX-XX, endereço eletrônico: XXXXXX@XXXX.com, residente na Rua XXXXXXX, nº XX, bairro XXXXX, Cidade XXXXX, estado XXXXXXX, por intermédio de seu advogado e bastante procurador (procuração em anexo), com escritório profissional na Rua XXXXXXXX, nº XX, Bairro XXXXXX, Cidade XXXXXX, Estado XXXXXXXXXX, e endereço eletrônico XXXXXX@XXXXX.com, onde recebe notificações e intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência com fulcro nos artigos 485, VI do CPC e 927 do CC, propor:
CONTESTAÇÃO
À ação de indenização proposta por TEODORO XXXXXX, nacionalidade XXXX, estado civil XXXX, profissional da área de XXXXXX, portador do RG nº XX.XX.XXX e do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente na Rua XXXXXXX nº XX, Bairro XXXXXX, Cidade XXXXXXXX, estado XXXXXXX, CEP XXXXX-XXX, pelos motivos a seguir aduzidos.
I FATOS
Ajuizou o Autor a presente ação na tentativa de obter ressarcimento de danos ocasionados a seu veículo após colisão com o veículo do réu, alegando este culpa exclusiva de Fernando no abalroamento dos carros.
Viajavam de Riozinho a Mafra, Teodoro, Fernando e Jorge, nesta sequencia, cada qual com seu veículo, no dia XX/02/2018. Narra o autor, que trafegava normalmente quando ao parar na rótula na entrada da cidade, o veículo de Fernando o abalroou a lotação conduzida por Teodoro. Tendo o réu seu veículo também atingido na traseira pelo terceiro condutor, nomeado como Jorge, que se encontrava acima da velocidade permitida e com freios apresentando problemas (segundo vistoria), relata o autor, supostamente, que o causador de todo o transtorno foi de Fernando.
É veraz o esforço do autor em fazer crer que possui interesse de agir para propor a presente ação em face do réu, bem como o direito de requerer indenização, não obstante sua pretensão não é digna de prosperar, vejamos.
 
II PRELIMINARMENTE
A presente ação não deve ser movida contra o réu, não tendo ele legitimidade para compor o polo passivo da demanda, pois não foi o causador do acidente, falta a Fernando legitimidade para tal, conforme disposto no art. 337, IX do CPC. 
Os danos foram todos causados em decorrência da ação do terceiro veículo, que tinha por condutor o Sr. Jorge, o qual trafegava em velocidade acima do permitido e com o sistema de frenagem apresentando problemas, atestado por vistoria em órgão competente, provocando o acidente em questão. Tal acidente resultou no engavetamento dos três veículos, ocasionando danos na parte traseira do veículo do Autor, danos nas partes dianteira e traseira do automóvel do réu e danos na dianteira do veículo do Sr. Jorge. 
Vez que os danos foram causados por terceiro, não goza o réu de legitimidade passiva, sendo o responsável o Sr. Jorge, é indispensável que seja excluso o nome de Fernando como Réu e acrescente Jorge como o legitimo responsável pelo dano.
Deixando claro que o autor deverá receber seu prejuízo do sujeito correto, este sendo, o condutor do terceiro carro, Sr. Jorge. Termo afirmado nos artigos 338 e 339, caput e §1º do Código de Processo Civil, dando o prazo de 15 (quinze) dias ao Autor, após aceitar a indicação, para a alteração da petição inicial para substituição do réu. Recordando o Parágrafo único do artigo 338 do CPC:
“Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.”.
Que seja então declarada a extinção do feito com fulcro no artigo 485, VI do CPC, em razão da ilegitimidade do réu para ser parte do processo, o mesmo não contribuiu de forma alguma no acidente, vez que não agiu de maneira imprudente, pelo contrário, foi apenas um intermédio da imprudência do terceiro veículo, vez que, observando a distância permitida, teve o mesmo impulsionado de tal força que alcançou a traseira da lotação do Autor que estava em sua frente. 
II. II DO MÉRITO
Conforme mencionado na inicial, Teodoro, Fernando e Jorge se envolveram em um engavetamento no qual Jorge por estar em alta velocidade e com problemas no freio de seu carro (de acordo com a vistoria) abalroou o veículo de Fernando, cujo se encontrava sem nenhum defeito e cônscio de todas as normas de trânsito, colidiu com a lotação dirigida por Teodoro. 
Destarte, o réu que zela regularmente as leis de trânsito, com seu veículo em perfeitas condições não pode ser responsabilizado pela conduta nefasta do terceiro veículo que, imprudentemente, provocou o engavetamento. 
Ainda se torna oportuno considerar as infrações cometidas pelo Sr. Jorge, que procedeu com desleixo, desatenção, negligência e imprudência no trânsito. Oportuno vislumbrar, o teor do Art. 27 do Código de Trânsito Brasileiro que expressamente dispõe: 
“Art. 27: Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório (...)”.
Sabemos, por laudo, que o veículo de Jorge estava com o sistema de frenagem apresentando problemas, portanto, em íntegro desacordo com o CTB. Todavia, ainda descumprindo o disposto no artigo 28 do código mencionado, que aduz visivelmente o dever do condutor em ter o domínio de seu veículo com atenção e cuidados. Ademais, não se pode ignorar o Art. 29, II e alínea “d” do CTB, que expressa a obrigação do condutor em manter uma distância segura dos outros veículos e a redução da velocidade em cruzamentos, obedecidos outra vez os dispostos de segurança deste Código. Presenciamos aí outra negligência causada pelo terceiro veículo.
Ao lado disso, o réu dirigia seu veículo em velocidade permitida para o local, se encontrava de acordo com todas as normas citadas acima, não é justificável, que seja o réu condenado por este acidente. 
Da mesma forma que o autor, o réu também é considerado vítima, uma vez que não tenha cometido ato ilícito, quem o cometeu foi Jorge, conforme art. 927 do Código Civil. Logo, não tem o dever de reparar dano causado por terceiro.
O nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de responsabilidade civil. Sergio Cavalieri Filho (2012. p. 67) define nexo causal como “elemento referencial entre a conduta e o resultado. É através dele que poderemos concluir quem foi o causador do dano.” O autor em referência ainda ressalta que o nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de responsabilidade civil. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem nexo causal. De modo que a Jurisprudência manifesta tal circunstância.
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. DIREITO CIVIL. ACIDENTE ENTRE VEÍCULOS. COLISÃO TRASEIRA. ENGAVETAMENTO. QUANTUM DEBEATUR CORRETO. FIXAÇÃO COM BASE NO EFETIVO DANO MATERIAL COMPROVADO NOS AUTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1.Em caso de acidente entre veículos, onde há teses conflitantes, cumpre ao magistrado analisar o conjunto fático-probatório, decidindo segundo seu livre convencimento, porquanto destinatário da prova (artigo 131, CPC). A presunção de culpa pelo sinistro deve ser daquele que atinge a traseira do veículo que segue imediatamente à sua frente, conforme expressa disposição contida no art. 29, II, do CTB, principalmente porque não manteve a distância adequada do veículo que o precede. 2.Deve ser considerada a avaliação da testemunha inquirida de que a responsabilidade do acidente seria do condutor do último veículo envolvido no engavetamento, uma vez que, conforme bem explicitado pelo juízo "não se mostra crível que um caminhão baú, como é aquele do demandado, em razão do seu porte, possa ser arremessado em uma subida, após ser atingido por outro veículo (Hilux) que também sofrerauma colisão anterior (Tempra)". 3.Demonstrada a culpa do recorrente pelo acidente de trânsito, correta a sentença que julga procedente o pedido de indenização por danos materiais (artigo 186 e 927, CC), [...] 4.Recurso conhecido e desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos. [...].
(TJ-DF - ACJ: 20140310080579 DF 0008057-41.2014.8.07.0003, Relator: MARCO ANTONIO DO AMARAL, Data de Julgamento: 29/07/2014, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 01/08/2014 . Pág.: 349)
Ainda abordando jurisprudências, esta não diverge do entendimento de que a culpa por abalroamentos é do condutor do último veículo, o qual desencadeia as colisões sucessivas. 
Neste sentido:
RECURSO INOMINADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ENGAVETAMENTO. PRESUNÇÃO DE CULPA DAQUELE QUE COLIDE PRIMEIRO E CAUSA O ENGAVETAMENTO DOS VEÍCULOS A SUA FRENTE. [...] MERECE O RÉU RETER OS SALVADOS DO VEÍCULO DO AUTOR, A FIM DE SE EVITAR O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. [...] (Recurso Cível Nº 71005701925, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 23/02/2016).
Em momento algum o Autor comprovou culpa de Fernando entre os supostos prejuízos e o acidente mencionado. Ademais, o acidente além de envolver os veículos do Autor e do réu, envolveu o automóvel de Jorge, havendo prejuízo para ambas às partes.
Na inicial, o autor pleiteou o pagamento de indenização pelos danos sofridos no valor de R$ XXXXXXX, todavia, tal pretensão não merece acolhimento. 
O art. 186, caput, do Código Civil Brasileiro estatui que todo "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano".
Para o ressarcimento dos danos causados, o Autor não em sua exordial nenhuma comprovação do serviço de mecânica e, muito menos, qualquer nota fiscal que comprovasse os reais gastos. Não sendo possível assim o pagamento de nenhum suposto prejuízo.
III DOS PEDIDOS
Antes o exposto, requer-se:
1 - A extinção do feito sem resolução de mérito, por carência de ação, em função da ilegitimidade passiva. (art. 485, VI, do CPC);
2 - Que seja declarada a improcedência do pedido do autor, ante a ausência de culpa do réu no evento danoso; (art. 337, IX, do CPC);
3 - Seguido da substituição do polo passivo. (art. 337, XI, CPC);
5 - A extinção do processo quanto ao réu Fernando. (art. 338, Parágrafo Único, CPC);
4 - Que seja o autor condenado a pagamento dos honorários devidos ao advogado do réu e das despesas processuais;
5 - A intimação do advogado da parte autora para conhecimento de tal contestação;
Todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, pelos documentos amparados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários. (art. 370, CPC).
Nestes termos, pede deferimento.
Mafra, XX, XXXXXXX, XXXX
_________________________
ADVOGADO
OAB XXXX/XX

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