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Zeros de Função I Existência e Unicidade; Método da Bisseção Existência e Unicidade Seja 𝑓 uma função. Dizemos que 𝜉 é um zero da equação (ou raiz da equação) 𝒇 𝒙 = 𝟎 quando 𝑓 𝜉 = 0. Perguntas: • A equação tem solução? • A solução é única? Existência e Unicidade Teorema do Valor Intermediário Seja 𝑓: [𝑎, 𝑏] → ℝ uma função contínua. Se 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑏 < 0 então existe pelo menos um 𝜉 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que 𝑓 𝜉 = 0. Existência e Unicidade Exemplo 1 Seja a função 𝑓: (0, +∞) → ℝ dada por 𝑓 𝑥 = ln 𝑥 . Verifique a existência de uma raiz da equação 𝑓 𝑥 = 0. Vamos encontrar um intervalo [𝑎, 𝑏] tal que 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑏 < 0 e aplicar o Teorema do Valor Intermediário. • 𝑓 0.5 = −0.6931 • 𝑓 1.5 = 0.4055 𝑓 0.5 ⋅ 𝑓 1.5 < 0 Logo, pelo Teorema do Valor Intermediário, existe uma raiz no intervalo (0.5,1.5). Existência e Unicidade Exemplo 2 Seja a função 𝑓: (0, +∞) → ℝ dada por 𝑓 𝑥 = 𝑥 ln 𝑥 − 1. Verifique a existência de uma raiz da equação 𝑓 𝑥 = 0. 𝑥𝑙𝑛 𝑥 − 1 ⇔ ln 𝑥 = 1 𝑥 Fazendo 𝑔 𝑥 = 𝑙𝑛𝑥 e h 𝑥 = 1 𝑥 , temos os esboços das funções na figura ao lado. Logo, a raiz está na interseção dos gráficos e concluímos que a raiz está no intervalo (2,3). Existência e Unicidade Exemplo 3 Seja a função 𝑓: [0, +∞) → ℝ dada por 𝑓 𝑥 = 𝑥 − 5𝑒−𝑥. Verifique a existência de uma raiz da equação 𝑓 𝑥 = 0. Podemos também tabelar alguns valores da função e verificar se há mudança de sinal. Pelo Teorema do Valor Intermediário temos que existe uma raiz no intervalo [1,2]. Esta raiz é única? 𝑥 0 1 2 3 ⋯ 𝑓(𝑥) - - + + ⋯ Existência e Unicidade Teorema (Unicidade) Seja 𝑓: [𝑎, 𝑏] → ℝ uma função derivável. Se 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑏 < 0 e 𝑓′ 𝑥 não troca de sinal em (a,b), então existe uma único 𝜉 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que 𝑓 𝜉 = 0. Existência e Unicidade Exemplo 3 Seja a função 𝑓: (0, +∞) → ℝ dada por 𝑓 𝑥 = 𝑥 − 5𝑒−𝑥. Verifique a existência de uma raiz da equação 𝑓 𝑥 = 0. Esta raiz é única? 𝑓′ 𝑥 = 1 2 𝑥 + 5𝑒−𝑥 > 0, ∀ 𝑥 > 0 Logo, pelo Teorema anterior a raiz é única. Existência e Unicidade Como obter uma aproximação inicial para a raiz? • Esboçar o gráfico da função • Rearranjar a equação 𝑓 𝑥 = 0 de modo a obter uma equação do tipo 𝑔 𝑥 = ℎ(𝑥) e observar onde esses gráficos se interceptam. • Tabelar os valores da função, verificar onde há mudança de sinal e aplicar o Teorema do Valor Intermediário. Existência e Unicidade Exemplo 4 Determine o(s) intervalo(s) no(s) qual(ais) se encontram a(s) raiz(es) da equação x3 − 9x + 3 = 0. Existência e Unicidade Exemplo 4 Determine o(s) intervalo(s) no(s) qual(ais) se encontram a(s) raíz(es) da equação x3 − 9x + 3 = 0. 1) Esboço do gráfico: Existência e Unicidade Exemplo 4 Determine o(s) intervalo(s) no(s) qual(ais) se encontram a(s) raíz(es) da equação x3 − 9x + 3 = 0. 2) Rearranjar a equação: 𝑥3 = 9𝑥 − 3 → 𝑔 𝑥 = 𝑥3 → ℎ 𝑥 = 9𝑥 − 3 Existência e Unicidade Exemplo 4 Determine o(s) intervalo(s) no(s) qual(ais) se encontram a(s) raíz(es) da equação x3 − 9x + 3 = 0. 2) Tabelar valores da função: Assim, pelo T. do Valor Intermediário existe uma raíz nos intervalos [-5,-3], [0,1] e [2,3]. Observe que essas são as únicas raízes! 𝑥 -5 -3 -1 0 1 2 3 4 𝑓(𝑥) - + + + - - + + Método da bisseção O método da bisseção é um método iterativo (também conhecido como um método intervalar) que parte de um intervalo inicial que contenha a raiz e vai refinando o intervalo até que o tamanho do intervalo atinja uma precisão pré-definida. Considere um intervalo [a,b] para o qual 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑏 < 0. Uma primeira aproximação para a raiz é dada por 𝑥0 = 𝑎 + 𝑏 2 Depois, calcula-se 𝑓(𝑥0). Se 𝑓 𝑥0 = 0, encontramos a raiz! Método da bisseção Caso contrário, analisamos o sinal de 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓(𝑥0). • Se 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑥0 < 0 então 𝑓 possui uma raiz no entre 𝑎 e 𝑥0 e repetimos o procedimento para o intervalo [𝑎, 𝑥0]. • Se 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑥0 > 0 então 𝑓 𝑏 ⋅ 𝑓 𝑥0 < 0 e 𝑓 possui uma raiz no entre 𝑏 e 𝑥0. Daí e repetimos o procedimento para o intervalo [𝑥0, 𝑏]. Método da bisseção Exemplo 5 Utilize o método da bisseção para calcular a solução da equação 𝑒𝑥 − 𝑥 − 2 = 0 no intervalo [-2,0], com precisão 𝜖 = 10−1. Método da bisseção Critério de Parada: Seja 𝑥𝑘 uma aproximação para a solução da equação 𝑓 𝑥 = 0. • 𝑓 𝑥𝑘 < 𝜖 • 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 < 𝜖 • 𝑘< Número máximo de iterações Método da bisseção Exemplo 5 Utilize o método da bisseção para calcular a solução da equação 𝑒𝑥 − 𝑥 − 2 = 0 no intervalo [-2,0], com precisão 𝜖 = 10−1. k 𝑥𝑘 𝑓(𝑥𝑘) 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 0 -1 -0.632 2 1 -1.5 -0.277 1 2 -1.75 -0.076 0.5 3 -1.075 0.028 0.25 4 -1.8125 0.024 0.125 5 -1.843975 0.00197 0.0625 Método da bisseção Convergência O método da bisseção sempre converge para a raiz. Estimativa do número de iterações Dada uma precisão 𝜖 e um intervalo inicial [a,b], o número mínimo de iterações 𝑘 do método da bisseção tal que 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 < 𝜖 é dado por 𝑘 > log10 𝑏 − 𝑎 − log10(𝜖) log10(2) Método da bisseção Exemplo 6 Para encontrar a raiz da equação 𝑒𝑥 − 𝑥 − 2 = 0 no intervalo [-2,0] com precisão 𝜖 = 10−2, quantas iterações do método da bisseção, no mínimo, devemos efetuar? 𝑘 > log10 0 − (−2) − log10(10 −2) log10(2) = log10 2 + 2 log10(2) = 7.64 Ou seja, são necessárias, no mínimo, 8 iterações. Método da bisseção Observações: • O método da bisseção sempre converge para a raiz; • As iterações não envolvem cálculos muitos laboriosos; • A convergência do método é lenta pois de (𝑏 − 𝑎) é muito grande e 𝜖 muito pequeno o número de iterações tende a ser grande. Método da bisseção Algoritmo: Seja 𝑓 uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e tal que 𝑓 𝑎 ⋅ 𝑓 𝑏 < 0. Dados iniciais: f x , 𝑎, 𝑏 e 𝜖; 1) Se 𝑏 − 𝑎 < 𝜖 então escolha para 𝑥 qualquer número em [𝑎, 𝑏]. 2) 𝑘 = 1 3) 𝑀 = 𝑓 𝑎 4) 𝑥 = 𝑎+𝑏 2 5) Se 𝑀 ⋅ 𝑓 𝑥 > 0 faça 𝑎 = 𝑥 e vá para o passo 7) 6) 𝑏 = 𝑥 7) Se 𝑏 − 𝑎 < 𝜖, escolha para 𝑥 = 𝑥. 8) 𝑘 = 𝑘 + 1 e volte para o passo 4). Método da bisseção Exemplo 7 Aplique o método da bisseção para encontrar a menor raiz positiva da equação 𝑒𝑥 − 3𝑥 = 0, com precisão 𝜖 = 10−1. Método da bisseção Exemplo 7 Aplique o método da bisseção para encontrar a menor raiz positiva da equação 𝑒𝑥 − 3𝑥 = 0, com precisão 𝜖 = 10−1. k 𝑥𝑘 𝑓(𝑥𝑘) 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 0 0.75 -0.133 0.5 1 0.625 -0.0067 0.25 2 0.5625 0.0675 0.125 3 0.59375 0.0295 0.0625 Referências Bibliográficas • Vera Lopes e Márcia Ruggiero. Cálculo Numérico - Aspectos Teóricos e Computacionais. 2. Pearson. 2000 • Neide Franco. Cálculo Numérico. 1. Pearson Prentice Hall. 2006 •Selma Arenales, Artur Darezzo. Cálculo numérico : aprendizagem com apoio de software. 1. Thomson Learning. 2008 • Richard L. Burden, J. Douglas Faires. Numerical Analysis. 9. Cengage Learning. 2011 • José Vargas, Luciano Araki. Cálculo Numérico Aplicado. 1. Manoele. 2016 Profa. Dra. Julianna Pinele julianna.pinele@ufrb.edu.br
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