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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS DBQ – DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO - QUÍMICA INDUSTRIAL DE ALIMENTOS Capítulo 1 - Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 1 A AGROINDÚSTRIA DE FRUTAS Em paises em desenvolvimento, a agricultura é a centro da economia. Como tal, não devia ser surpresa que as indústrias agrícolas e suas atividades relacionadas pudessem ser as responsáveis por uma proporção considerável de sua produção. Dos vários tipos de atividades aquele representado pelo processamento de frutas e hortaliças está entre os mais importantes. No Brasil, a cadeia produtiva de frutas pode ser dividida em dois subsistemas: o agrocomercial o agroindustrial. Em um subsistema a fruta é comercializada in natura e no outro é transformada em produtos industrializados. Teoricamente, estes subsistemas não deveriam interagir, visto que a industrialização, no caso de algumas frutas, exige variedades próprias, com características peculiares, como cor, ºbrix e tamanho, que deveriam ser compatíveis com as operações de fabricação e adequadas aos produtos a que se destinam, e que muitas vezes não atendem aos padrões exigidos pelo mercado in natura. No entanto, é comum que os excedentes da comercialização sejam aproveitados para a indústria em épocas de safra, o que deve ser considerado com reservas. Apesar de ser uma alternativa para épocas em que a oferta de produtos é muito alta, para que seja viável deve-se procurar produzir variedades que possam ser aproveitadas para os dois fins. No Brasil, a fruticultura voltada especificamente para a agroindústria, com exceção da laranja, ainda é bastante limitada. Na maioria dos casos, os fruticultores produzem para o mercado in natura, onde em geral conseguem um retorno maior, vendendo os excedentes a um preço menor para a indústria. Entretanto, a produção da fruta para uso específico da agroindústria exige uma postura diferente do produtor. A indústria tem interesse em estabelecer exigências de qualidade, prazo de entrega, volume, variedade e preço para a matéria-prima que vai receber, e por isso, em alguns casos, trabalha integrada com os produtores, estabelecendo contratos de garantia de compra durante a safra. Embora não muito freqüentes no Brasil, os contratos de integração na fruticultura são uma opção bastante utilizada para a coordenação em cadeias produtivas frutícolas em outros países. Da mesma forma, produções agrícolas das próprias indústrias ainda são muito pouco expressivas no Brasil. As vendas de frutas processadas vêm aumentando no mercado brasileiro, em virtude da melhoria da qualidade dos produtos ofertados, do maior número de mulheres trabalhando fora de casa, do maior numero de pessoas morando sozinhas, do aumento da renda e da maior facilidade para adquirir produtos já prontos para o consumo, muitas vezes até importados. Desta forma, sucos prontos para beber, frutas minimamente processadas, já lavadas, descascadas e fatiadas, e outros alimentos industrializados têm recebido a preferência do consumidor. Principalmente no mercado internacional, a maior barreira ao consumo de frutas tropicais é a dificuldade de preparo, pois na maioria das vezes é necessário descascar ou fatiar, o que representa uma oportunidade para os processadores de alimentos. Capítulo 1 - Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 2 As frutas em calda (pêssego, abacaxi e figo) e as polpas de frutas (goiaba e manga) são os produtos industrializados mais importados pelo mercado interno brasileiro, além de geléias (morango, abacaxi, goiaba, uva e pêssego) e néctares (manga e mamão). Com relação às bebidas à base de frutas, sucos e frutas congeladas (morango e abacaxi), embora seu consumo venha aumentando no mercado nacional, é no exterior que essa produção encontra maior expressão. No entanto, para os demais produtos, como compotas e doces em massa, as exportações tem reduzida expressão, a despeito do enorme volume comercializado em todo o mundo. Alguns aspectos importantes para o aumento das exportações seriam a qualidade dos produtos e a regularidade na oferta . Outra linha de produção nacional é a de frutas cristalizadas (laranja, figo, cidra, mamão e abacaxi) para uso pela indústria de pães, doces e panetones. São produtos pouco exportados e o volume não tem sido suficiente para atender o mercado interno, em grande parte devido à reduzida oferta de matéria prima. No Brasil praticamente inexiste em escala comercial a produção de frutas secas ou dessecadas, como uva passa, ameixa seca, damasco, figo seco, cuja importação chega a ser significativa (US$ 40 milhões por ano em média de 1990 a 1995). O Brasil desenvolveu rapidamente sua agroindústria, principalmente a de laranja, tornando-se o maior exportador de suco de laranja concentrado e congelado do mundo. O caso da laranja é exemplar, mas não é único, visto que temos hoje no Brasil um significativo parque industrial para processamento de frutas. O importante é que existe a “cultura” da agroindústria no país, o que é muito importante para o desenvolvimento do setor de frutas no Brasil, pois permitirá atender ao aumento do consumo que deve acontecer nos próximos 20 anos. O consumo de alimentos preparados tende a ser cada vez maior e em alguns casos, como da laranja, é muito maior do que da fruta fresca. No caso do maracujá e do abacaxi não é muito diferente, já que 40% dos abacaxis produzidos no mundo são transformados em sucos ou conservas. No entanto, a produção nacional de sucos concentrados de abacaxi e maracujá, que estava entre as maiores do mundo, está se reduzindo bastante, dando lugar a países como Equador para o maracujá e Tailândia e Filipinas para o abacaxi, que estão preenchendo este espaço no mercado mundial. A fabricação de pêssego em calda, no mundo, absorve mais de 30% da sua produção, e produtos como licores e essências são cada vez mais procurados. A tendência é de que o consumo das frutas tropicais in natura se torne menor que seu consumo industrializado e por isto a agroindústria é parte importante da cadeia de frutas. Entretanto, há desarticulação neste segmento: na maioria das vezes os excedentes de produção são entregues a baixos preços, durante os picos de safra, o que demonstra a falta de ligação entre os produtores e a indústria de frutas. A demanda por frutas tropicais, altamente positiva no final dos anos 90, só poderá tornar- se um grande mercado se incluirmos os produtos agro-industriais em uma estratégia de desenvolvimento: não se deve privilegiar apenas as frutas frescas. A oferta das frutas frescas vem incentivar a demanda, é a vitrine, a promoção do conceito, porém o grosso do consumo só poderá acontecer com produtos transformados . Capítulo 1 - Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 3 Deste modo, além de atender as tendências de mercado, as agroindústrias processadoras de frutas possuem um papel importante e dinamizador dentro de um pólo frutícola. A implantação de agroindústrias, além de agregar valor às frutas, reduz os desperdícios e as perdas oriundos dos processos de seleção e classificação, promove o aproveitamento dos excedentes de safra, cria empregos permanentes e interioriza o desenvolvimento. O objetivo principal do processamento de frutas e hortaliças é suprir com alimentos sadios seguro, nutritivo e aceitável pelos consumidores ao longo do ano. Processamento de frutas e hortaliças projeta também a substituição de produtos importados, além de incrementaras exportações com produtos processados ou semiprocessados. As atividades agroindustriais de frutas e hortaliças são implementadas, ou deveriam ser implementadas, nos países em desenvolvimento por um ou outro do seguindo motivos: • Diversificação da economia, para reduzir dependência de importações; • Política governamental de industrialização; • Redução de importações e produzir demandas para exportação; • Estimule produção agrícola obtendo produtos negociáveis; • Gerar empregos rurais e urbanos; • Reduzir perdas de frutas e hortaliças; • Melhorar a qualidade de vida das pessoas ligadas ao agroindústria familiar, pois possibilita o consumo das próprias fruta e hortaliças processadas, durante a entressafra; • Gerar novas fontes de receita para pequenos produtores; • Desenvolvimento de novos produtos. Capítulo 2- Introdução a Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 4 1- INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA DE FRUTAS E HORTALIÇAS: O objetivo de todo o processo tecnológico utilizado para a conservação de frutas e hortaliças é paralisar e/ou retardar um processo vivo em uma determinada fase. Para isso se utilizam princípios e métodos para retardar a sua senescência, aliado ao momento oportuno da colheita, no estádio onde o vegetal apresenta-se mais saboroso e com valor nutritivo mais alto, mantendo-o neste estado, impedindo que ocorram transformações que o tornam inadequado para o consumo humano. Outros objetivos são: - Transformar a matéria-prima em subprodutos de aceitação. - Aumentar a durabilidade dos produtos. Conservar mais tempo. - Melhorar a apresentação dos mesmos com adequados processos tecnológicos; - Manter a qualidade e a sanidade dos produtos. 2- COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADES É função de vários fatores: espécie e variedade; condições de cultivo, estádios de maturação; condições e tempo de armazenamento, métodos de análises, etc. 2.1- ÁGUA Componente mais importante quantitativamente, pois constitui 75 a 88% da parte comestível de frutas e mais de 90% de hortaliças. Para a conservação, principalmente, é muito importante o conceito de água livre e água combinada, ou seja, como está distribuída a água nos tecidos. 2.2- PROTEÍNAS As proteínas estão presentes em frutas em pequena proporção. Geralmente entre 0,2 a 1,5%, e nas hortaliças um pouco mais que isso. Em certas hortaliças como o espinafre, alface e leguminosas ocorre uma alta taxa de proteínas e aminoácidos livres. Frutas e hortaliças podem entrar como componentes em regimes alimentares, os chamados alimentos “light”. 2.3- LIPÍDIOS Frutas e hortaliças são pobres em lipídios (0,1 a 0,7%), com algumas exceções como abacate, azeitonas, entre outras. Pode ter maior teor nas cascas. Capítulo 2- Introdução a Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 5 2.4- MINERAIS O conteúdo total em frutas está entre 0,3 e 0,8%. Seu componente principal é o potássio em forma de sais. Também se encontra pela ordem: Ca, Mg, P, S, Cl, Na, Fe, Zn, Cu, Mn, Co, Mo e I. Hortaliças, geralmente, apresentam maiores teores que as frutas. Algumas espécies podem apresentar boas taxas de nitratos (depende do solo). Muitas vezes os minerais são prejudiciais ao processamento de frutas e hortaliças, como por exemplo: • O Cu é oxidante e reduz ao teor de vitamina C • A presença de Fe em processamento de produtos ricos em tanino (banana verde, p.ex.), formará o sal TANATO DE FERRO, de coloração escura. • Vegetais verdes (clorofila) em contato com o cobre ficam com tonalidades verde mais intensa. 2.5- ENZIMAS Mesmos em pequenas proporções podem desenvolver grandes reações em frutas e seus sucos e hortaliças. Para as frutas um grupo de enzimas importantes é as chamadas enzimas pécticas, que processam o amolecimento dos tecidos durante a maturação, pela hidrólise da pectina. Como exemplos, temos: Tomate cortado, após algum tempo torna-se moles sem alterar a cor. Suco de laranja, após algumas horas percebe-se com nitidez a separação em duas partes, uma límpida e outra mais turva, conseqüência da atuação das enzimas sobre as substâncias pécticas. Efeito benéfico é na clarificação de sucos, onde se adicionam enzimas para posterior separação das substâncias degradadas. Outro grupo importante é as chamadas oxidases, que aceleram a oxidação de diversos componentes dos vegetais e seus produtos. Ex. maçã e batatas cortadas expostas ao ar (altera coloração) Alteração da qualidade de odor e sabor Para paralisar o ataque enzimático, faz-se aquecimento, ou utiliza-se outro processo tecnológico, como a ultrafiltração, que retira enzimas sem aquecer os produtos 2.6- ÁCIDOS E VALOR PH Ácidos orgânicos como cítrico, málico e tartárico, bem como oxálico, clorogênico e outros. Capítulo 2- Introdução a Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 6 O conteúdo médio em frutas varia de 0,4 até mais de 1%, que diminui com o avanço da maturação O pH das frutas gira em torno de 3,5. Esse valor expressa a força dos ácidos presentes no suco vegetal e corresponde mais bem a sensação de sabor do que o teor total de ácidos. Para as hortaliças vale os mesmos comentários. Os ácidos cítricos e málico predominam. Nas frutas os ácidos estão na forma livre, mas nas hortaliças estão em forma de sais, por isso o pH destas fica entre 5,5 e 6,5, bem acima do valor das frutas, com gosto menos ácido. 2.7- SUBSTÂNCIAS AROMÁTICAS E PIGMENTOS SUBSTÂNCIAS AROMÁTICAS: são substâncias quimicamente muito variadas e de complexa composição. Compostas por ésteres, álcoois, aldeídos, cetonas, terpenos e ácidos, etc. os quais conferem o sabor e o aroma característico de cada espécie. O aroma é resultante de centenas desses compostos, os quais varia muito durante a maturação das frutas. O armazenamento e o processamento feitos de forma inadequada compromete seriamente a qualidade das frutas para este atributo. COR - Pigmentos localizados nos vacúolos, cloroplastos e líquido citoplasmático das células, muitas vezes presentes só na casca, como é o caso da uva. Podemos classificá-los em: Clorofilas - verdes, lipossolúveis Carotenóides – vermelho e amarelos, lipossolúveis Antocianinas - roxo e azul, hidrossolúveis. 2.8- VITAMINAS Frutas apresentam teores que variam de 10 até mais de 2000 mg/100 g. A vitamina C é a mais importante na composição de frutas. Hortaliças apresentam taxa de vitamina C ao redor de 10 e 20 mg/100 g, com exceção de espinafre e repolho, os quais apresentam teores de até 50 mg/100g. 2.9- CARBOIDRATOS Os principais CHO presentes nas frutas são os açúcares simples, como frutose, glucose, sacarose e sorbitol. O teor varia de 2 até 20%, sendo função da espécie e estádio de maturação As frutas e hortaliças contêm também em suas paredes pequenas quantidades de celulose e hemicelulose. Esse conjunto fornece fibras aos organismos. Outro grupo de CHO importante presente nas frutas é chamado de substâncias pécticas. Também chamadas de cimento celular e quimicamente são polímeros lineares de ácido Capítulo 2- Introdução a Tecnologia de Frutas e Hortaliças Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 7 galacturônico, que possuem grupos carboxílicos esterificados por radicais metílicos em maior ou menor grau. As substâncias pécticas podem ser divididas em três tipos básicos: PROTOPECTINA - Presente em frutas verdes podendo estar associada à celulose ou íons de cálcio(une duas ou + cadeias), sendo insolúveis em água. Diminui com o avanço da maturação, amolecendo os tecidos. É facilmente hidrolisada com aquecimento em meio ácido. PECTINA - Também chamada de ÁCIDOS PECTINICOS. É solúvel em água. Contém uma certa proporção de grupos metílicos esterificados. Em certas condições podem formar gel com açúcar e ácidos ou com sais metálicos, quando o teor metoxílico for baixo. Predominam nas frutas maduras. ÁCIDOS PÉCTICOS - São os ácidos poligalacturônicos isentos de grupos metílicos. Não formam gel. Pode formar precipitados em sucos de frutas. Duas enzimas são bastante importantes por atuarem nas substâncias pécticas: pectinesterase e poligalacturonase. Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 8 TECNOLOGIA DE FRUTAS E HORTALIÇAS APPERTIZADAS 1) INTRODUÇÃO A escolha da temperatura e do tempo a serem usados no tratamento térmico de um alimento dependerá, do efeito que o calor exerça sobre o alimento e dos outros métodos de conservação, que serão empregados conjuntamente. Entre os métodos empregados atualmente para conservação de frutas e hortaliças pelo calor, destaca-se a appertização. O enlatamento é um método de processamento dos mais utilizados na conservação de frutas e hortaliças. Baseia-se na premissa básica de destruição dos microrganismos pelo calor e prevenção de recontaminação do produto por microrganismos do exterior. O tratamento térmico imposto às frutas e hortaliças acondicionadas em recipientes hermeticamente fechados, aliado às condições próprias do alimento, permite a obtenção do produto sob condições de “esterilidade comercial”, onde os microrganismos patogênicos e deterioradores do alimento são destruídos ou inibidos a ponto de não poderem se desenvolver em condições normais de armazenamento. 2) HISTÓRICO DA APPERTIZAÇÃO 1809 - Nicholas Appert desenvolve um método para conservar alimentos enlatados; 1810 – Nicholas Appert escreve o livro “Arte de preservar Substâncias Animais e Vegetais por muitos anos”, que se torna o primeiro tratado sobre a conservação de alimentos enlatados; 1810 - Utilização da lata, patenteado por Peter Durand; 1861 – utilização da salmoura de cloreto de Cálcio por Winslow, para elevar a temperatura de esterilização para 116 ºC; 1865 - Raimond Appert desenvolve a esterilização de alimentos em autoclaves a vapor; 1904 – Surge a lata recravada (Sanitary Can Company),que foi o grande impulso na industrialização de alimentos enlatados 3) PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALIMENTOS ENLATADOS E relação aos alimentos appertizados pode-se dizer que os EUA respondem pelo consumo de 50% do total produzido no mundo e a Europa responde por 45% do consumo. Frutas e hortaliças respondem por aproximadamente 75% dos alimentos appertizados consumidos no mundo, seguidos pela carne e peixes. Os países maiores exportadores de alimentos appertizados são: Itália, EUA, Espanha, Países Baixos, Formosa, França, África do Sul, Dinamarca, Portugal, Israel, Austrália, Filipinas. 4) APPERTIZAÇÃO Consiste no aquecimento do produto, convenientemente preparado, em recipientes fechados, na ausência relativa de ar, até uma certa temperatura e num tempo suficiente para a destruição dos microrganismos, porém sem alterar de forma sensível o alimento Processamento Térmico: é a aplicação de calor durante um determinado tempo, sendo influenciado, pelo menos, pelos seguintes fatores: Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 9 4.1)- PH DO PRODUTO O pH é, sem dúvida, o fator mais importante a ser considerado, porque é em função dele que o produto sofrerá um tratamento térmico mais ou menos severo. Os microrganismos de importância para a saúde pública, isto é, aquelas bactérias que causam infecção ou intoxicação alimentar não podem se desenvolver em pH 4,5 ou menor. Este é o pH mágico dos alimentos - um valor de pH abaixo do qual os alimentos são considerados livres de deterioração por bactérias produtoras de toxinas. Entretanto, há um número de microrganismos que conseguem se desenvolver em valores de pH abaixo de 4,5 e podem deteriorar o alimento. Certas bactérias ácido-tolerantes, como as bactérias do ácido láctico e as bactérias acéticas são capazes de se desenvolver em valores de pH entre 3,5 e 4,5. A maioria das leveduras e fungos consegue se desenvolver em níveis de pH tão baixos como ao redor de pH 3. A importância do pH é tamanha na determinação da intensidade do tratamento térmico a ser aplicado que levou a uma classificação dos alimentos segundo o critério único de pH. Segundo DESROSIER, os alimentos são classificados em: alcalinos pH 7,0 ou maior de baixa acidez pH entre 5,0 e 6,8 de mediana acidez pH entre 4,5 e 5,0 ácidos pH entre 3,7 e 4,5 de alta acidez pH 3,7 ou menor Os alimentos com pH 4,5 ou abaixo, por não permitirem o desenvolvimento de esporos de bactérias patogênicas, são submetidos a um tratamento térmico suave, em temperaturas ao redor de 100 ºC, destinado à destruição de células vegetativas de microrganismos deterioradores do alimento. Quando o alimento apresenta um pH natural acima de 4,5 há necessidade de submeter o produto enlatado a temperaturas acima de 100 ºC (usualmente 115 ºC ou 120 ºC) para destruição dos esporos de bactérias patogênicas. A divisão ou classificação dos alimentos em relação ao pH 4,5 é em função do desenvolvimento da bactéria Clostridium botulinum, que em condições de pH superiores a 4,5 e anaerobiose pode produzir uma violenta toxina e causar graves intoxicações, como o botulismo. 4.2) VELOCIDADE DE PENETRAÇÃO E PROPAGAÇÃO DO CALOR Forma, tamanho e condutibilidade do recipiente, tipo de alimento (líquido, sólido, misto, com ar), composição da salmoura ou xarope, recipientes em rotação ou estacionário. 4.3) TEMPERATURA INICIAL DO PRODUTO ¾ pré-aquecimento ¾ acondicionamento do produto já aquecido Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 10 4.4) RESISTÊNCIA DOS MICROORGANISMOS AO CALOR É um dos principais fatores que afetam a duração do tratamento térmico O tempo e a temperatura do processamento é função da resistência térmica doe esporos do Clostridium botulinum. Essa destruição é o mínimo do processamento térmico para alimentos appertizados. FATORES QUE INFLUEM NA TERMORRESISTÊNCIA ¾ organismo (espécie, nº de esporos, condições de crescimento, idade) ¾ meio ambiente (pH, composição do meio, concentração de componentes) ¾ natureza do calor (úmido ou seco, tempo x temperatura) Temperatura (ºC) Tempo para destruir esporos (minutos) 100 105 110 120 130 135 1.200 600 190 19 3 1 Fonte: Bigelow e Esty, com 1,6 x 105 esporos de fermentação simples por ml de suco de milho com pH 6,1. MORTE - impossibilidade de reprodução Curva de Sobrevivência Térmica (Thermal Destruction Curve), destruição em ordem logaritmica. A inclinação da reta é chamada de tempo de redução decimal (Decimal Reduction Time - DRT) ou valor D. Figura - Curva de Sobrevivência Térmica (Thermal Destruction Curve) Valor D - tempo em minutos, a uma dada temperatura, necessários para destruir 90% dos organismos de uma população ou para reduzir uma população em 1/10 do nº original. O valor D é usado para comparar a resistência térmica dos microrganismos. Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 11 5) PROCESSAMENTO DE FRUTAS E HORTALIÇAS APPERTIZADAS As operaçõesde processamento de frutas e hortaliças appertizadas variam com a natureza do produto, mas certas operações básicas são comuns a muitos produto appertizados, incluindo- se aqueles de origem animal. A seguir são descritas as operações envolvidas no processo de enlatamento, bem como relatado o procedimento necessário para o cálculo da intensidade do processamento térmico, de modo a se obter a esterilização comercial do produto enlatado. A) COLHEITA Deve ser feita, preferencialmente , nas primeiras horas do dia, quando os produtos se apresentam bem frescos. O ponto de maturação adequado para a colheita é um fator importante na qualidade do produto final. B) TRANSPORTE O material colhido acomodado em caixas ou a granel deve ser enviado a unidade de processamento o quanto antes possível, para evitar qualquer tipo de alteração. A quantidade de impurezas que normalmente acompanham o material colhido deve ser a mínima possível. C) SELEÇÃO Tem por finalidade separar da matéria-prima o material de qualidade inferior como defeituoso, verde, manchado e de coloração diferente, porque o sucesso na industrialização é assegurado quando se utiliza matéria-prima de boa qualidade. D) LIMPEZA E LAVAGEM A limpeza do material selecionado consiste na separação de impurezas como detritos vegetais, terra, poeira, etc. Segundo CRUESS (1973), frutas e hortaliças podem ser lavadas em água de três maneiras distintas: por imersão, por agitação e por borrifo. A imersão, que pode ser considerado o método menos eficiente para remover as impurezas, é usualmente utilizada como um tratamento preliminar na lavagem por borrifo ou por agitação. A imersão do produto, que vem sujo com terra e outras substâncias, possibilita o amolecimento das impurezas, visando facilitar as suas retiradas por borrifo ou agitação. A água utilizada que, na maioria das vezes, é clorada, costuma ser renovada com freqüência para evitar que os tanques se tornem focos de contaminação. E) CLASSIFICAÇÃO, INSPEÇÃO E ESCOLHA A classificação dos produtos antes da industrialização visa tanto obter produtos finais com maior uniformidade, como facilitar e melhorar as operações de preparo, tratamento e conservação, também garante a demarcação rigorosa nos tempos de tratamento térmico. Além disso, a classificação costuma, muitas vezes, ser efetuada como forma de determinação final dos Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 12 preços dos lotes de matérias-primas, tendo em vista a sua estreita relação com a qualidade do produto final. Embora no Brasil ainda não haja normas de classificação dos produtos enlatados, de acordo com a qualidade, é de se esperar que com o aprimoramento gradual da consciência crítica do consumidor, passe a prevalecer cada vez mais a qualidade como fator determinante do potencial de consumo. A classificação de frutas e hortaliças previamente ao enlatamento pode ser efetuada, tanto antes como após o preparo da matéria-prima para o processamento. A classificação pode ser procedida com base em diferentes parâmetros, como tamanho, cor e densidade. A inspeção e escolha do material ao longo das várias etapas componentes da fase de preparo da matéria-prima visa tanto à remoção de peças ou pedaços defeituosos, como à retirada de substâncias estranhas ou impurezas que não são eliminadas pelas operações convencionais. A inspeção ou escolha é normalmente realizada em esteiras ou correias que se movimentam ao longo da linha de produção, permitindo a visualização do material a ser inspecionado, devendo ser efetuada, para sua maior eficiência, por escolhedores experimentados. F) ESCALDAMENTO OU BRANQUEAMENTO O branqueamento ou escaldamento de frutas e hortaliças consiste no aquecimento do material por meio de água ou vapor vivo, antes do enlatamento, visando atingir um ou vários dos seguintes objetivos: ¾ Eliminação do ar dos tecidos do material, reduzindo as possibilidades de oxidação durante a estocagem e evitando problemas de contrapressão durante autoclavagem do produto enlatado. ¾ Fixação e realce da coloração do produto. ¾ Diminuição da carga microbiana pela eliminação de células vegetativas, fungos e leveduras e inativação de enzimas deterioratiyas previamente á esterilização. ¾ Realce de partes defeituosas do alimento, facilitando uma inspeção mais apurada do produto. ¾ Alteração de textura, facilitando o enchimento das latas. ¾ Eliminação de odores e sabores desagradáveis. ¾ Remoção de substâncias mucilaginosas. O procedimento e o equipamento de branqueamento variam conforme o tipo de produto. De modo geral, a intensidade do branqueamento deve ser regulada, de acordo com o estado de maturação e a maciez do produto, através da variação do tempo de branqueamento e da temperatura da água. O branqueamento das frutas e hortaliças, tanto por meio de água aquecida como de injeção direta de vapor vivo, costuma ser procedido, de forma geral, em um intervalo de tempo de 2 a 4 minutos. Em seguida, após o branqueamento, procede-se ao resfriamento do material branqueado para evitar a manutenção em uma temperatura propícia ao desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 13 G) ENCHIMENTO DAS LATAS E ADIÇÃO DE SALMOURA OU XAROPE O enchimento das latas, no caso de alimentos particulados, costuma ser procedido através de máquinas que envasam as latas com o produto, funcionando por gravidade. As máquinas consistem, normalmente, de um conjunto de bolsas que recebem exatamente a quantidade necessária do produto, para enchimento unitário, provinda de uma moega de suprimento. Em seguida, o produto é descarregado em funis, de onde passa, por gravidade, para as latas. As latas cheias vão para o fornecedor de salmoura ou xarope, que também costuma fazer parte do mesmo conjunto da enchedeira. A porção de salmoura ou xarope necessário ao enchimento de cada lata é injetada por intermédio de tubos medidores, de tal forma que haja pouco desperdício de solução. A salmoura para os alimentos particulados costuma conter, segundo CRUESS (1973), de 1 a 3% de sal e de 3 a 10% de açúcar. A salmoura costuma ser aquecida, para diminuir o tempo necessário de exaustão na operação subseqüente (no caso de fechamento a pressão atmosférica). A concentração do xarope varia conforme a fruta que esta sendo industrializada, mas de uma forma geral podemos dizer que varia de 40 a 60 ºBrix. Podemos também substituir parte dos açúcares por glicose, cerca de 20 a 30 %. F) EXAUSTÃO O FECHAMENTO DAS LATAS A exaustão representa a operação procedida na indústria de enlatamento previamente ao fechamento das latas, objetivando, principalmente, a produção de vácuo no espaço-livre do recipiente. A exaustão, embora procedida comumente através do aquecimento da lata e do seu conteúdo antes do fechamento, também pode ser obtida através da produção de vácuo mecanicamente. As principais finalidades da retirada de ar através da exaustão são: reduzir a corrosão da lata, provocada pela presença de oxigênio; evitar as tensões excessivas nas latas durante a esterilização, as quais poderiam provocar empenamento (distorção permanente das extremidades) do recipiente; e manutenção das extremidades do recipiente em posição côncava, indicativas de boas condições, durante o armazenamento. De modo geral, a capacidade de produção de vácuo varia inversamente com o volume do espaço-livre existente no recipiente, acima do produto, na ocasião do fechamento. Se houver um grande espaço vazio na ocasião do fechamento, este conterá considerável quantidade de ar que, se não totalmenteretirado, vai exercer pressão depois do fechamento e resfriamento, resultando em menor vácuo. A exaustão obtida por meio de aquecimento é normalmente realizada em câmaras de exaustão, cujo aquecimento é efetuado por injeção de vapor sobre o corpo da lata, de modo a permitir o aquecimento indireto do produto e a saída de ar remanescente no recipiente. Uma variante da exaustão obtida por injeção de vapor sobre o corpo da lata consiste na injeção de um jato de vapor sobre o topo do frasco e do seu conteúdo (processo denominado “steam flow”), Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 14 expelindo a maior parte do ar contido no espaço vazio. Simultaneamente, nesse caso, uma tampa é posta e ajustada mecanicamente ao frasco, obtendo-se, dessa forma, o vácuo desejado. G) TRATAMENTO TÉRMICO DO PRODUTO ENLATADO O processamento térmico do produto enlatado consiste no fornecimento de condições ambientais adversas, correspondentes a temperaturas elevadas por um tempo suficiente ao produto, visando destruir os microrganismos naturalmente contaminantes dos alimentos, de modo a atingir uma condição de esterilidade comercial. Estando o produto acondicionado em recipientes hermeticamente fechados, a alta temperatura empregada mata os microrganismos já presentes, que teriam condições de desenvolvimento nas condições de armazenamento e o recipiente fechado impede uma posterior recontaminação do alimento. Os principais equipamentos utilizados no tratamento térmico de produtos appertizados: A pressão atmosférica, autoclaves, cozedor-rotativo, esterilizador hidrostático, “flash 18” e esterilização a chama. H) RESFRIAMENTO Após o aquecimento, as latas ou vidros devem ser resfriados o mais rapidamente possível ,não só para evitar excesso de cozimento mas também para diminuir a possibilidade de desenvolvimento de microrganismos termófilos. O modo de resfriar vai depender do sistema térmico utilizado, podendo ser executado por meio de ar, água ou substância refrigerantes. A água de resfriamento deve ser sempre clorada para evitar contaminações por vazamento devido ao vácuo existente dentro da lata, caso ocorra uma imperfeição na recravação ou solda lateral. A intensidade e duração do resfriamento dependerão do produto e métodos de manuseio das latas após o resfriamento. De uma maneira geral as latas devem ser resfriadas até uma temperatura de 38-40ºC, pois a esta temperatura haver calor suficiente dentro das latas pára a sua secagem rápida, evitando corrosão, mas insuficiente para permitir o crescimento dos microrganismos termófilos. I) ARMAZENAMENTO Após os recipientes serão rotulados, acondicionados em caixas de papelão e armazenados em locais secos e arejados para evitar problemas de corrosão e/ou desenvolvimento microbiano. 6 - CONCEITO DE ESTERILIDADE COMERCIAL A esterilidade comercial corresponde à verificação das seguintes condições no produto enlatado: ¾ ausência de microrganismos capazes de crescimento e/ou deterioração do produto nas condições normais de armazenamento; ¾ ausência de microrganismos patogênicos capazes de proliferação no alimento. Obviamente, a partir do conceito de esterilidade comercial, fica evidente que nem todos os microrganismos são destruídos com o processamento térmico (o que corresponderia, neste Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 15 caso, a uma condição de esterilidade absoluta) restando, porém, a probabilidade de sobrevivência de poucos microrganismos (ditos viáveis) em condições normais de armazenamento latente e que ficam impedidos de crescimento nas condições normais de armazenamento. Com efeito, não há um ponto especifico de morte térmica para todos os microrganismos, tendo em vista que a destruição térmica ocorre em progressão geométrica e, assim, a sobrevivência dos microrganismos deve ser encarada de forma probabilística e não absoluta. A determinação do processamento térmico, ou seja, da temperatura e tempo de aquecimento adequados para alcançar a esterilidade comercial, pode ser procedida a partir do conhecimento da resistência térmica dos microrganismos contaminantes, ou seja, sabendo-se a quantidade de calor requerida para a sua destruição e conhecendo-se como se sucede o aquecimento do produto, a partir dos parâmetros que caracterizam a penetração de calor. 7) ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS APPERTIZADOS As alterações dos alimentos appertizados podem ser de origem microbiológica, química e física. Dentre os vários tipos de alterações, o estufamento (bombeamento) adquire lugar de destaque. Os extremos da lata, que eram ligeiramente côncavos, passam a ser ligeiramente convexos, devido ao aumento da pressão interna pela formação de gases (CO2, H2, etc.) como conseqüência da atividade microbiana ou ação química (corrosão). Nem sempre a decomposição microbiana se caracteriza pela produção de gás. Algumas vezes só há produção de ácidos, como é o caso de contaminações do tipo “flat-sour”. Em outros casos, ao lado da formação do ácido, temos sempre a formação de um gás, como é o caso comum de decomposição por Clostridium sporogenes. Pela ação química geralmente teremos formação de gás, resultando com isto o estufamento do recipiente. Esse gás poderá ser o hidrogênio, o gás sulfídrico (ação dos componentes do recipiente) ou gás carbônico, resultante de certas reações, sendo o primeiro o mais importante. Quanto aos danos físicos, poderemos mencionar o efeito da congelação em um recipiente completamente cheio. Nos recipientes de vidro, a luz poderá catalisar certas reações, com conseqüências desagradáveis para o produto. O manejo impróprio dos alimentos no transporte poderá causar alterações na sua textura. 8) INFLUÊNCIA DA APERTIZAÇÃO NA QUALIDADE DO ALIMENTO Infelizmente a aplicação de calor suficiente para a destruição dos microrganismos ou inativação das enzimas provocará mudanças indesejáveis no alimento como, por exemplo, alterações de cor, sabor, textura e valor nutritivo. A cor poderá sofrer alteração não só pela modificação estrutural de certas substâncias como pelo aparecimento de substâncias coloridas como nas reações de caramelização e de Maillard. O sabor, aroma e textura são comumente alterados no processamento térmico de produtos appertizados. As proteínas poderão ser desnaturadas ao passo que os hidratos de Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 16 carbono poderão participar de reações de escurecimento. As vitaminas são os nutrientes mais sensíveis e poucas perdas apresentam nos alimentos enlatados devidamente processados. A tiamina (B1) é lábil ao calor e sua perda na appertização poderá ser consubstancial, principalmente nos alimentos de baixa acidez. A riboflavina (B2) é estável ao calor, porém, é sensível à luz; por isso, apresenta problemas em recipientes de vidro. O ácido ascórbico (vitamina C) é destruído por aquecimento a baixas temperaturas com tempo longo. A sua destruição é acelerada com o oxigênio, íons cobre e a oxidase do ácido ascórbico. De maneira geral, altas temperaturas com tempos curtos afetam menos as vitaminas hidrossolúveis do que os tratamentos a baixas temperaturas com tempos longos. A vitamina A é relativamente estável ao calor, porém seu aquecimento na presença do oxigênio causará perdas apreciáveis. Na ausência de ar, o tratamento a 116ºC pouco efeito tem sobre a vitamina A. A vitamina D tem se mostrado moderadamente estável ao calor e resistente à oxidação. Entretanto, calor e oxigênio juntos causam sua destruição rápida.A vitamina E é estável ao calor na ausência de oxigênio, porém é rapidamente destruída na sua presença. A vitamina K é bem resistente aos tratamentos térmicos. 9) CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS APPERTIZADOS Controle de qualidade pode ser definido como a manutenção de qualidade em níveis de tolerância aceitáveis pelo consumidor ao mesmo tempo em que minimiza os custos do produtor. O controle de qualidade na indústria alimentícia geralmente apresenta três objetivos básicos: 1) estar de acordo com a legislação; 2) manter e melhorar a qualidade a fim de aumentar o valor do produto na sua área de mercado; e 3) reduzir os riscos de deterioração e os prejuízos econômicos resultantes. As operações do controle de qualidade podem ser divididas em três áreas: inspeção e classificação da matéria-prima, exame do produto acabado. Um programa de controle de qualidade pode ser iniciado com o mínimo de despesas e ampliado quando surgirem novas necessidades. Uma parte do trabalho é efetuado na linha de produção, na inspeção de cada fase da operação; e a outra parte é no laboratório, local da conferência dos resultados de controle de qualidade da unidade. Na organização do controle de qualidade deve-se cuidar das especificações do produto, especificações do processo, inspeções de operação e relatório. As informações devem ser dadas em forma de relatório e submetidas à cúpula de administração e não à de produção. Deve ser lembrado que a qualidade de um produto final appertizado começa no campo, e que a matéria-prima deve ser controlada através de toda operação, para que a qualidade não seja Capítulo3- Conservação de frutas e hortaliças pelo calor Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 17 prejudicada. Nenhuma operação na fábrica de produtos appertizados poderá melhorar o produto, ao passo que cada operação individual na fábrica poderá reduzir a qualidade, particularmente se não for adequadamente controlada. Portanto, o produto final appertizado jamais terá melhor qualidade do que o produto entrando na fábrica. Portanto, o controle será feito na matéria-prima (qualidade da água de lavagem, grau de maturação, textura, presença de insetos e microrganismos, etc.), passando pelas operações de processamento (salmoura ou calda, codificação, branqueamento, enchimento, exaustão, recravação, tratamento térmico e resfriamento) e exame do produto acabado. Dentre algumas determinações do alimento acabado pode-se mencionar vácuo, espaço livre, enchimento do recipiente, peso drenado, ºbrix, peso líquido, pH, acidez titulável, sabor, cor, sanidade, estado do recipiente. Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 18 TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO PARA POLPAS E NÉCTARES DE FRUTAS DEFINIÇÃO Polpa de fruta é o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, através de processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto. O teor mínimo de Sólidos totais será estabelecido para cada polpa de fruta específica. Néctar de fruta é o produto líquido oriundo da mistura de polpas ou sucos de frutas adicionados de açúcar e ácidos orgânicos. DESIGNAÇÃO 1. Polpa de fruta simples: são aquelas polpas originadas de uma única fruta. 2. Polpa de fruta mista: são aquelas polpas originadas de duas ou mais frutas. 3. A polpa de fruta será designada de acordo com o fruto que lhe deu origem. No caso da polpa de fruta simples a designação "simples", no rótulo, será opcional. No caso da polpa de fruta mista, os nomes das frutas deverão ser declarados na mesma dimensão da designação "polpa mista". 4. Na polpa de fruta mista o percentual mínimo de cada polpa que compõe o produto deverá ser declarado no rótulo COMPOSIÇÃO A polpa de fruta é obtida de frutas frescas, sadias e maduras com características físicas, químicas e organolépticas do fruto. CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS, MICROSCÓPICAS, FÍSICAS E QUÍMICAS 1. As características físicas, químicas e organolépticas deverão ser as provenientes do fruto de sua origem, observando-se os limites mínimos e máximos fixados para cada polpa de fruta, previstos nas normas específicas. 2. As características físicas, químicas e organolépticas da polpa mista deverão manter a mesma relação de proporcionalidade com as quantidades de cada polpa que compõe o produto. 3. A polpa de fruta não deverá conter terra, sujidade, parasitas, fragmentos de insetos e pedaços das partes não comestíveis da fruta e da planta. 4. A polpa de fruta não deverá ter suas características físicas, químicas e organolépticas alteradas pelos equipamentos, utensílios, recipientes e embalagens utilizados durante o seu processamento e comercialização. Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 19 ADITIVOS 1. A polpa de fruta destinada à industrialização de outras bebidas e não destinado ao consumo direto poderá ser adicionada de aditivos químicos previstos para a bebida a que se destina. 2. Na polpa de fruta poderá ser adicionado de acidulantes como regulador de acidez, conservadores químicos e corantes naturais, nos mesmos limites estabelecidos para sucos de frutas, ressalvados os casos específicos HIGIENE 1. A polpa de fruta deverá observar os limites máximos microbiológicos abaixo fixados: - Soma de bolores e leveduras: máximo 5x10³/g para polpa "in-natura", congelada ou não, e 2x103 para polpa conservada quimicamente e/ou que sofreu tratamento térmico. - Coliformes fecais: máximo 1/g - Salmonella: ausente em 25 g 2. Os limites acima podem ser alterados em normas específicas para cada tipo de polpa de fruta, conforme as suas características peculiares. PROCESSAMENTO DE NÉCTARES DE FRUTAS Pode-se dizer que três processamentos distintos podem ser usados: a) Processamento de enchimento a quente (“hot-fill”). b) Processamento “spin-cooker” c) Processo asséptico. Destes processos, o mais utilizado é o do enchimento à quente sendo que, neste caso, o produto é previamente aquecido (pasteurizado), embalado a quente, seguindo-se o fechamento, inversão do recipiente (lata) e resfriamento, que poderá ser efetuado no “spin cooker”. No entanto, o processo de enchimento asséptico vem se tomando uma opção atraente. O açúcar utilizado pode ser a sacarose ou glicose de milho. Em ambos os casos oi xarope a ser formulado deve ser usada água previamente tratada, potável e declorada. Quanto á adição de ácidos orgânicos ao xarope, deve ser sempre que possível, com o ácido predominante da fruta que dará origem ao produto. Exemplo: - néctar de maçã: ácido málico; - néctar de uva: ácido tartárico - néctar de abacaxi: ácido cítrico A quantidade de ácido a ser adicionado deve ser sempre complementar àquela existente na fruta, para se obter um produto final com a relação (ratio) previamente estabelecida. A homogeneização tem como finalidade reduzir as partículas (fibras) a um tamanho uniforme, tendo em vista principalmente a estabilidade física do produto. Posteriormente se faz a desaeração, que tem por finalidade eliminar o ar. E executada em equipamentos que funcionam a alto vácuo (25 pol Hg), sendo mais eficiente para produtos previamente aquecidos em torno de 50 ºC, também são mais eficientes para produtos menos Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 20 viscosos. O tratamento térmico é efetuado levando-se em consideração a relação tempo/temperatura, a qual é função do processo a que foi submetidaa polpa anteriormente. Se a polpa já sofreu inativação enzimática, é suficiente um tratamento térmico que vise à eliminação de microrganismos deteriorantes, dentre estes, as leveduras, que são as mais importantes, sendo suficiente um tratamento de 80 ºC durante 20 segundos ou 65 ºC durante 15 segundos ou 90 ºC durante 15 segundos. Por outro lado, se a polpa não sofreu inativação enzimática e com possíveis ocorrências de leveduras esporogênicas, o tratamento térmico deverá ser efetuado com temperaturas de 90-95 ºC, por tempo de 30 segundos. Existem três formas básicas de efetuar o tratamento térmico e embalagem: processo asséptico, enchimento a quente e appertização. PROCESSAMENTO DE POLPAS DE FRUTAS Há vários métodos para a fabricação de polpa ou purê. Eles se baseiam, principalmente, nos processos finais de conservação do produto. Há, portanto, vários processos que podem ser utilizados na preservação da polpa ou purê de frutas. MATÉRIA-PRIMA A matéria-prima para a elaboração de polpa pode ser a fruta inteira, selecionada quanto á variedade, maturação, estado fitossanitário, sabor e aroma agradáveis, cor, etc e, também, pode ser o material descartado de uma linha de outro processamento. As frutas devem ser transportadas para o local de processamento em caixas adequadas, rasas, para evitar o esmagamento das frutas das camadas de baixo e processadas o mais rapidamente possível. Se há necessidade de armazenamento da fruta, devem ser utilizadas temperaturas adequadas em câmaras frigoríficas, a saber 5 a 7 ºC para as frutas tropicais e 0 a 2 ºC para frutas de clima temperado. LAVAGEM, SELEÇÃO E DESCASAMENTO Pode-se utilizar água tratada com cloro, na dosagem de 10 a 15 ppm de cloro livre. A seleção tem por finalidade separar os frutos verdes, amassados ou atacados por microorganismos. Muitas frutas necessitam passar pelo processo de descascamento, antes de seguirem para as fases posteriores de despolpamento e acabamento. Pode ser descascamento mecanizado (abacaxi, mamão, maçã, acerola), ou descascamento químico (pêssego, goiaba,) ou ainda descascamento manual (banana, manga). A casca é retirada pois transfere para a polpa sabores estranhos. DESINTEGRAÇÃO: A desintegração ou trituração, pode ser feita em moinho triturador do tipo de facas e martelos, contendo sempre uma peneira de malha de furos de tamanho variável de acordo com a fruta que se está processando, a fim de reduzir a mesma, a pequenos fragmentos. Nesse processo, Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 21 deve-se ter o cuidado de não desintegrar as sementes, que deverão ser eliminadas em fase posterior. Para frutas que apresentam problemas de escurecimento de caráter enzimático, deve-se proceder a trituração em presença de um composto antioxidante, como é o ácido ascórbico, aplicado em solução diretamente sobre o produto. DESPOLPAMENTO É a etapa seguinte à desintegração, sendo executada em despolpador horizontal ou vertical, com uma peneira acoplada e visa eliminar sementes, restos florais, fibras, etc. E importante que as sementes sejam retiradas inteiras, pelos motivos já explicados anteriormente. A velocidade dos braços do despolpador e a temperatura de despolpamento influem decisivamente na velocidade e rendimento do processo. ACABAMENTO É uma das etapas mais importantes no processamento da polpa de fruta, pois dela dependerá, em grande parte, a qualidade do produto final, quanto à aparência, à consistência e, muitas vezes, á cor. Pode ser feita num despolpador que utiliza uma peneira de malha bem fina, da ordem de 0,020/pol. Com isso, consegue-se eliminar pequenas frações de fibras, pedaços de sementes, etc, além de dará polpa uma consistência tal que se pode eliminar uma fase posterior do processamento, conhecida como homogeneização. Após o acabamento o produto é bombeado para um tanque de equilíbrio onde são feitas as correções de brix, pH, ratio, para definir as características físico-químicas da polpa final. Esse tipo de equipamento, normalmente, possui um sistema de agitação do produto, visando uniformizar a mistura. DESAERAÇÃO Quando se incorpora ar ao produto sabe-se que ocorrem alterações de cor, aroma e sabor na polpa processada e armazenada, bem como degrada o ácido ascórbico. A eliminação do ar do produto é operação aconselhável e pode ser efetuada num desaerador do tipo centrifugo ou do tipo instantâneo (“flash”). PASTEURIZAÇÃO A pasteurização da polpa é geralmente feita em trocadores de calor. Em trocadores de calor de superfície raspada a temperatura de 90ºC por 60 segundos é suficiente. Para a pasteurização lenta do produto recomenda-se 90ºC por 5 minutos para polpas de frutas ácidas. CONSERVAÇÃO A conservação de polpas de frutas pode se feita pelos seguintes métodos: a) Enchimento a quente: Neste processo, a polpa devidamente pasteurizada é enviada imediatamente para um Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 22 sistema de enchimento, sendo então embalada à temperatura de pasteurização ou próximo dela. É adequado para polpas de frutas ácida (pH abaixo de 4,5), ou então que aceitam acidificação (caso da banana, do mamão, etc,). b) Produtos Químicos: Neste processo a adição do conservante químico é feita, geralmente, após o resfriamento da polpa pasteurizada até a temperatura ambiente. Os conservantes mais comuns são os ácidos sórbico e benzóico ou seus derivados de sais de sódio e potássio. O teor máximo destes compostos legalmente permitido para produtos de consumo direto é de 0,1% em peso. As polpas de muitas frutas, que têm pH ao redor de 3,9 a 4,0, mantêm-se conservadas em perfeitas condições durante um período de 8 meses com estes conservantes. Para tanto, há necessidade de uma pasteurização prévia, sem a qual a vida útil se reduz consideravelmente. Como a polpa funciona mais como uma matéria-prima, essa dosagem pode ser aumentada, pois haverá uma posterior diluição como acontece no caso de néctares, de doces, etc. Neste caso, pode-se chegar a valores da ordem de 0,2 a 0,3% em peso, O produto final, todavia, para ser ingerido, não poderá ter valor superior ao permitido na legislação (0,1%). Outro conservador muito utilizado para a conservação de polpas, em geral a nível doméstico, é o SO2 (dióxido de enxofre). Este aditivo pode ser empregado com certas vantagens no caso da conservação de purês para a fabricação de doces, principalmente, pois o SO2 volátil, a grande maioria dele é eliminada por ocasião da concentração do produto. Aqui se situa o caso dos doces de corte, das geléias, etc. O S02 é um conservador que atua bastante bem contra bactérias, fungos e leveduras. Atua também, de maneira extremamente eficiente nos processos de escurecimento, evitando-os, seja eles de caráter enzimático ou mesmo outros que costumam ocorrer em polpas de frutas. c) Embalagem asséptica O processo difere dos tradicionais porque o produto é rapidamente esterilizado e resfriado, antes de ser embalado sob condições de assepsia. O produto devidamente esterilizado flui para unidades de acondicionamento, onde é colocado em embalagens previamente esterilizadas, sem nenhum contato, portanto, com o ar atmosférico ou outra qualquer fonte de contaminação. d) Congelamento O uso do congelamento rápido para a produção de polpa de fruta dá origem, a um produto final de excelentes características quanto à cor, aroma e sabor, todas elas muito próximas das características da fruta ao natural. A polpa conservada por congelamento encontra mercado mais fácil e mais seguro, mesmo a nível de pequenos estabelecimentos, de restaurantes, da reutilização industrial nas indústriasde balas, chocolates, em artigos de panificação, etc. No congelamento, após a fase de pasteurização, a polpa é resfriada imediatamente ao redor de 0 a 2 ºC em trocador de calor. Em seguida, o material é acondicionado em embalagens Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 23 dos mais diversos tipos, flexíveis ou mesmo em sacos plásticos acondicionados em tambores de aço de até 200kg. A seguir o produto é levado a um túnel de congelamento, que deverá estar à temperatura de - 40 ºC, para o congelamento rápido de polpa. Após o congelamento rápido em túnel, que normalmente não excede 24 horas, o produto deverá ser transferido para câmaras de armazenamento à temperatura de -18 a –20 ºC. e) Concentração Eventualmente, uma polpa ou purê de fruta pode ser concentrado para posterior reutilização no processamento de néctares, sucos, bebidas misturadas, doces, manufaturados de confeitaria, iogurtes, sorvetes, na indústria de balas, etc. A conservação desse tipo de polpa é comumente feita pelos quatro processos mencionados, quais sejam: enchimento a quente, por meio de conservantes químicos, assepticamente e por congelamento. Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.or 24 Figura - Fluxograma do processame Recepção da matéria-prima Lavagem das frutas Seleção Descascamento Desintegração Despolpamento - fase 1 Despolpamento - fase II ou acabamento Pasteurização Enchimento das embalagens Fechamento e Inversão g.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br nto de polpa pelo processo de enchimento a quente. Tratamento térmico Resfriamento Armazenamento Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.o 25 Figura - Fluxograma do processam Recepção da matéria-prima Lavagem das frutas Seleção Descascamento Desintegração D ou Pasteurização Resfriamento Formulação - adição do conservante rg. en espolpamento - fase II acabamento Despolpamento - fase 1 br/r to E t aul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br de polpa, conservada por meio de aditivo químico. mbalagem em grandes recipientes Armazenamento à emperatura ambiente Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.or 26 Figura - Fluxograma do pro Lavagem das frutas Seleção Descascamento Desintegração Despolpamento - fase 1 Despolpamento - fase II ou acabamento Desaeração Esterilização Comercial Resfriamento g c .br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br essamento asséptico para polpas ou purês de frutas. Embalagem - recipientes rígidos e flexíveis Armazenamento Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.or 27 Figura - Fluxograma de processame Seleção Descascamento Desintegração Despolpamento - fase 1 Despolpamento - fase II ou acabamento Desaeração Pasteurização em trocador de calor Resfriamento (0 a –2ºC) em trocador de calor Co Lavagem das frutas A g.b nto ng rm r/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br de polpa ou purê de fruta por congelamento Acondicionamento em Embalagens elamento rápido (- 40ºC) azenamento (-18 a -20 ºC) Capítulo 4- Polpas e néctares de frutas Pr 28 (b) (c) Fi Tanque com agitador Homogeneização Desaeração Polpa Tratamento Térmico (Trocador de calor) Enchimento a frio Tratamento Térmico (Trocador de calor) Enchimento a quente (“Hot-Fill”) Recravação a vácuo Resfriamento Recravação Tratamento térmico ( ) Enchimento asséptico (“Tetra-Brik”) Inversão das latas Resfriamento Fechamento Armazenamento Armazenamento Armazenamento of. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com (a) (a) Processo de enchimento a quente (“hot-fill”) (b) Processo “Spin-Cooker” (c) Processo Asséptico gura - Fluxograma de processamento de néctar de frutas Resfriamento (“Spin-Cooler”) “Spin-Cooker” .br Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 29 TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE GELÉIAS E DOCES EM MASSA 1- DEFINIÇÕES: Geléia de fruta é o produto preparado com frutas e/ou sucos ou extratos aquosos das mesmas, podendo apresentar frutas inteiras, partes, ou pedaços sob variadas formas, devendo tais ingredientes ser misturados com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ácidos e outros ingredientes permitidos por esta norma. Tal mistura será convenientemente processada até uma consistência semi-sólida adequada e, finalmente, acondicionada de forma a assegurar sua perfeita conservação. O produto deverá ser preparado com frutas sadias e limpas Não deverá conter substâncias estranhas à sua composição normal, exceto as previstas na norma. Poderão ser adicionados glicose ou açúcar invertido. Deverá estar isento de pedúnculo e cascas, mas poderá conter fragmentos de frutas, dependendo da espécie vegetal empregada no preparo do produto. Não poderá ser colorido e nem aromatizado artificialmente. Será tolerada adição de acidulantes e de pectina para compensar qualquer deficiência no conteúdo natural de pectina ou acidez da fruta. DOCE EM MASSA: É o produto resultante do processamento adequado das partes comestíveis desintegradas de vegetais com açúcar com ou sem adição de água, pectina, ajustador de pH e outros ingredientes ou aditivos permitidos por estes padrões até uma consistência apropriada, sendo finalmente, acondicionado de forma a assegurar sua perfeita conservação. Pode ser classificado como: CREMOSO - Quando a massa é homogênea e de consistência mole, não permitindo o corte. A concentração final é da ordem de 55 -65 ºBrix. EM PASTA - Quando a massa é homogênea e de consistência que possibilite o corte. A concentração de sólidos final é da ordem de 73 a 80 ºBrix. 2. ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA O PROCESSAMENTO DE GELÉIAS: São considerados elementos básicos para elaboração de geléia a fruta, pectina, ácido, açúcar e água. Uma combinação adequada deles, tanto na quantidade como na ordem de colocação durante o processamento, irá definir a qualidade de uma geléia. 2.1. FRUTA: As frutas devem encontrar-se em seu estado de maturação ótima, quando apresentam seu melhor sabor, cor e aroma e são ricas em açúcar e pectina. As frutas muito verdes, além de apresentarem deficiência nas qualidades anteriores, podem desenvolver cor castanha no produto final e as demasiado maduras, além de sofrerem perda de pectina são susceptíveis de maior contaminação por microorganismos. De acordo com a quantidade de fruta, segundo a legislação, a geléia pode ser classificada em: Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 30 Comum: Quando preparada numa proporção de 40 partes de fruta fresca ou seu equivalente para60 partes de açúcar. Extra: Quando preparada numa proporção de 50 partes de fruta fresca, ou seu equivalente para 50 partes de açúcar. Na prática aproveita-se o material de descarte de processamento de frutas, pedaços, fatias ou recortes, que embora apresentando boa qualidade, não podem ser aproveitados, desde que não constitua a maior percentagem de material. Esse aproveitamento é que torna econômico o processo, aumentando o rendimento da fruta e diminuindo o custo do produto. Também podem ser empregadas polpas de frutas ou frutas pré-processadas, congeladas, ou preservadas quimicamente. Aproveita-se a época de safra das frutas para preservá-las e guardá-las para ocasiões posteriores, distribuindo, assim, a produção de geléia o ano todo. Quantidade de frutas e açúcar nas geléias e doces em massa Produto Partes de frutas Partes de açúcar Geléias comum 40 60 Geléia marmelo, maçã, laranja 35 65 Geléias extras 50 50 Doce em massa 50 50 2.2. PECTINA: A indústria utiliza a maçã e as frutas cítricas como fontes principais de matéria prima para obtenção de pectina, obtida por extração ácida do albedo (parte branca) dos citrus ou polpa de maçã. As pectinas, no comércio, apresentam-se em pó ou em forma de concentrados. As pectinas em pó têm a vantagem sobre as líquidas de que sua atividade permanece inalterada durante o armazenamento à temperatura ambiente. A graduação da pectina é a medida do seu poder de geleificação. Geralmente mede-se em unidades convencionais denominadas grau “SAG”. Os graus SAG de uma pectina são o número de gramas de sacarose que é capaz de geleificar usando- se 1 grama de pectina, dando um gel de determinados graus Brix, consistência e pH. Ex: Pectina 150º SAG - Quando l grama de pectina geleifica 150 gramas de sacarose. * Extração de pectina líquida do albedo de citrus: Usa-se o albedo (parte branca) dos citrus onde está situada a pectina. Quanto mais finamente for cortado o albedo, maior o rendimento. INGREDIENTES: -Uma parte de albedo -Duas partes de água -Acidulante (para cada litro de água, suco de um limão) -Ferver por aproximadamente 15 minutos. Coar e armazenar em vidros. Usar uma quantidade de pectina líquida de 8 a 10 vezes mais que a pectina em pó. A quantidade de pectina em pó é determinada da seguinte forma: -Observar o número do SAG contido na embalagem Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 31 -Considerar o valor total do açúcar a ser usado. Pectina = açúcar total/SAG Em geléias, a percentagem de pectina utilizada é em torno de 1% sobre o açúcar total. Para ter a certeza de um produto final satisfatório, faça um teste, colocando uma colher (chá) do cozimento num recipiente e, quando esfriar, adicione três colheres (chá) de álcool metílico e agite num movimento rotatório. A seguir, deixe-a repousar por um minuto. Passe a mistura para um recipiente e observe a formação de uma massa gelatinosa, o que indica a presença de uma boa proporção de pectina. Caso isto não ocorra, o produto deverá ser fervido por mais alguns minutos (a evaporação ajuda na obtenção do produto final) e testado novamente. Também não deve ficar muito firme, porque quando frio tende a endurecer, impossibilitando o seu uso. 2.3. AÇÚCARES: Costuma-se utilizar na elaboração de geléias a sacarose, ou seja, o açúcar de cana ou de beterraba. Durante a cocção da geléia, a sacarose sofre um processo de inversão em meio ácido que a transforma parcialmente em glicose e frutose. Essa inversão parcial é necessária para evitar a cristalização que pode ocorrer em determinadas ocasiões de armazenamento. Quando se faz uma concentração final de mais de 65% de sólidos solúveis totais (açúcar total), é necessário substituir parte da sacarose, cerca de 30 a 40%, usando glicose de milho ou açúcar invertido. O açúcar invertido é obtido durante o cozimento, porém, não se recomenda prolongar o tempo de cozimento desnecessariamente, então, adiciona-se o açúcar invertido ou glicose. Vários são as vantagens da utilização da glicose: Evita a cristalização da sacarose, mantém a maciez , melhora a qualidade da geléia (brilho), diminui a sinerese, reduz a doçura da geléia, maior pode conservante do que a sacarose. Um tempo prolongado de cozimento pode degradar ou mesmo destruir a capacidade de geleificação da pectina e ainda em perdas de cor, sabor e aroma do produto. Exemplo de preparo do açúcar invertido: Para 8 Kg de açúcar (sacarose) - 4 litros de água - 40 ml de suco de limão - ferver por aproximadamente 40 minutos. 2.4. ÁCIDOS Para uma adequada geleificação, o pH final deve estar entre 3,0 e 3,2. Geralmente este pH não é alcançado com o pH natural das frutas, por isso, é necessária a acidificação da matéria- prima empregada. Os ácidos empregados para esse fim são os orgânicos constituintes naturais das frutas como o cítrico, tartárico e málico. O ácido cítrico é o mais usado pois se encontra em praticamente todas as frutas e também devido ao seu sabor agradável. O ácido tartárico tem sabor menos detectável, possui a vantagem de que, quando utilizados nas mesmas quantidades do cítrico, fornece valores de pH mais baixo. Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 32 Esse por sua vez não deve ser usado em geléias de uva e maçã. O ácido málico tem o mesmo efeito que o cítrico em sabor e pH, entretanto, dá um sabor ácido menos intenso, porém mais persistente. A quantidade normalmente usada em geléias é de 0,2% sobre o açúcar total. Esse ácido pode ser substituído por suco de limão. Neste caso usa-se uma quantidade 10 vezes maior que o ácido cítrico comercial. Em relação a acidez total titulável,deve estar entre 0,5 a 0,8% Ácido Gosto Ácido Capacidade redutora de pH Ácido cítrico 1,00 1,00 Ácido tartárico 1,00 1,80 Ácido lático 1,25 1,00 CONSISTÊNCIA DA GELÉIA Continuidade da Estrutura Rigidez da Estrutura Concentração de Pectina (%) Acidez (pH) Açúcar (%) 0,5 1,0 1,5 2,5 Gel fraco 2,7 Sinerese 3,0 Ótimo 3,4 Gel Fraco 64% Gel fraco 67,5% Ótimo 71% Formação de cristais 3. FORMULAÇÃO E PREPARAÇÃO Quando se faz a formulação de uma geléia, deve-se levar em conta o melhor resultado é sempre obtido quando as matérias-primas são combinadas de modo a se obter o menor tempo de cozimento possível. Desse modo, conservam-se melhor a cor e o sabor natural da fruta. 3.1. Preparação da fruta: No caso de frutas frescas, essas deverão sofrer processamento geral de uma linha de conservas, como: lavagem, seleção, descascamento e trituração, quando necessário. Algumas frutas podem sofrer um cozimento prévio para melhorar a textura. A quantidade de água não deve exceder a 20%, para evitar o cozimento excessivo que causa escurecimento e perda de sabor e aroma. Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 33 3.2. Adição da pectina: É uma fase muito importante pois é necessário dissolver toda a pectina, a fim de se obter o efeito desejado e aproveitar toda sua capacidade de formação de gel. A pectina poderá ser adicionada tanto na forma sólida como na líquida. Para pectina pó, deve-se misturar em uma pequena quantidade de açúcar e ao acrescentar na fruta espalhar bem para evitar a formação de grumos. Continua-se a agitação e deixar ferver durante 2 a 3 minutos para sua completa dissolução. Então, pode-se adicionar o restante do açúcar para completar a formulação. A adição dapectina em solução pode ser efetuada em qualquer fase da cocção, o que evita riscos de degradação por cocção excessiva. É mais empregada nos processamentos a vácuo. Sua dissolução é mais fácil e segura, e o rendimento é constante. A única desvantagem é que a forma líquida está sujeita à degradação e fermentação, que poderá reduzir a sua capacidade geleificante. 3.3. Adição do açúcar: O açúcar em pó requer um peneiramento antes de sua adição para evitar materiais estranhos como fio de sacos, metais, etc. É conveniente que a adição seja lenta, para evitar caramelização nas bordas do tacho e que o açúcar fique preso no agitador. 20% do açúcar deve ser de glicose. 3.4. Adição do ácido: O ácido deve ser adicionado ao final do processo. A adição de ácido é necessária para baixar o pH e proporcionar um gel satisfatório, mas se não for feito na hora correta, poderá ter efeito exatamente oposto. A pectina, quando aquecida em meio ácido, sofre hidrólise, perdendo totalmente o poder geleificante, portanto, depois da colocação do ácido, n deverá permanecer em cocção. A acidez deve estar entre 0,5 e 0,8 % de ácidos. 3.5. Concentração: O controle da cocção é de grande importância. Sua duração deve estar em torno de 15 minutos. O tempo de cocção depende de vários fatores, dentre eles, a relação entre o volume do evaporador ou tacho e a sua superfície de calefação, a condutividade térmica do aparelho e do produto. Quando a cocção é à pressão atmosférica, convém usar tachos pequenos Durante esta fase ocorre o amolecimento dos tecidos da fruta e a associação íntima de todos os componentes, a inversão parcial da sacarose e a concentração propriamente dita do produto. Períodos longos de cocção dão lugar a caramelização do açúcar com conseqüente escurecimento do produto, excessiva inversão da sacarose, grande perdas de aroma, degradação da pectina, além de gastos inúteis de tempo e energia. 3.6. Controle do ponto final. Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 34 O ponto final de processamento de uma geléia pode ser determinado por vários métodos: -Termômetro: usar um termômetro com escala até 150ºC. Quando o tempo decorrido for de mais ou menos 15min., começar o controle da temperatura. Quando esta chegar em torno de 105 a 106ºC está no ponto. -Refratômetro: determina a concentração do açúcar em graus Brix. É um método bastante empregado nas indústrias pela sua precisão. O índice ideal para o ponto final é de 68-70ºBrix. Cada grau representa 1% de açúcar. -Pode-se ainda, principalmente no caso de geléias determinar o ponto final através do chamado TESTE DE COLHER. Para efetuar este teste deve-se retirar uma amostra de geléia com uma colher grande ou pá; deve-se então resfriá-la lentamente na própria colher. Em seguida deixa- se o produto escorrer. se este escorrer em forma de fios ou gotas, o produto requer mais concentração e se escorrer formando picos no produto está pronto. 3.7. Enchimento a quente e resfriamento: Logo que o ponto final for detectado, procede-se o enchimento dos recipientes. Após o enchimento e o fechamento hermético, os vasilhames devem ser resfriados, e esse processo de resfriamento deve ser feito o mais rápido possível, para evitar alterações de sabor e cor, assim como o desenvolvimento de alguns microrganismos termófilos (que se desenvolvem a altas temperaturas), que se presentes podem deteriorar o produto. Deve-se tomar muito cuidado neste procedimento (resfriamento), já que é um choque térmico e, se for feito bruscamente, pode ocasionar rachaduras e até quebras de embalagens. Uma das formas de resfriar sem correr risco é fazer a circulação de água fria no recipiente do banho-maria. 3.8. Fechamento das embalagens: Deve ser feito logo após o enchimento para evitar que o produto se resfrie e seja recontaminado na superfície. A maioria dos recipientes com alimentos processados, são fechados de modo que neles se produza vácuo. Desse modo, se houver alguma falha no fechamento, poderá ocorrer aspiração de ar, água ou outras partículas para o interior do recipiente. Assim, o produto provavelmente sofrerá uma deterioração devido à entrada de bactérias do material aspirado. Essa deterioração é chamada “Vazamento” ou deterioração devido à contaminação bacteriana após o processamento . Após o fechamento, todos os potes devem ser invertidos por cerca de 3 minutos para esterilização das tampas. 3.9. Conservação Pode-se recorrer ao uso de substâncias químicas para a conservação destes produtos. Os conservantes mais comumente usados são Benzoato de Sódio e o Sorbato de Potássio. Costumam ser combinados, ou seja, usados em conjunto, já que o benzoato age sobre bactérias e o sorbato sobre fungos (bolores e leveduras). O teor máximo dessas substâncias, legalmente permitido é de Capítulo 5 – Geléias e Doces em Massa Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 35 0,1%, o que corresponde a 1000 ppm. Os conservantes devem ser dissolvidos numa pequena quantidade de água e depois de incorporados a geléia. Normalmente, quando embalada em recipientes plásticos, a geléia recebe conservante, conforme disposto anteriormente. Pode-se, também, lançar mão de tratamentos físicos, como a esterilização, quando o produto é embalado em recipientes de vidro, não havendo necessidade do uso de conservante. É um tratamento térmico do produto já embalado. Trata-se de um banho-maria com aquecimento em água fervente, pois como é um produto de baixo pH, tratamento térmico com temperaturas da ordem de 90 – 95ºC por 10 minutos é suficiente para sua esterilização. Capítulo 6 – Frutas cristalizadas Prof. Raul Vicenzi http://www.sinprors.org.br/raul.vicenzi; e-mail: raulvicenzi@ibest.com.br 36 TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO DE FRUTAS SATURADAS COM AÇÚCARES: 1. DEFINIÇÃO: Também chamadas de frutas cristalizadas ou glaceadas. É o produto preparado com frutas, atendendo as definições destes padrões, nas quais se substitui parte da água de constituição por açúcar, por meio de tecnologia adequada, recobrindo-as ou não com uma camada de açúcares. Há relatos que a origem destes produtos encontra-se na China e Extremo Oriente, há séculos passados. 2. COMPOSIÇÃO: frutas, sacarose, açúcares redutores e especiarias (opcionais). O teor de umidade final deve ser menor que 25%. Pode conter aditivos e coadjuvantes como ácido ascórbico, sais de cálcio, ácidos orgânicos, pectina e espessantes 3. PREPARAÇÃO DA FRUTA: lavagem, seleção/descascamento, cortes (pode ser em cubos, fatias, etc,), cozimento (para evitar escurecimento e abrandar os tecidos) e fermentação (para aquelas frutas muito duras, fibrosas ou com muita adstringência). 4. XAROPE: deve ser líquido e transparente mesmo em altas concentrações de açúcares, sendo preparado com sacarose e glicose, tendo em vista que o teor final de açúcares redutores deve estar entre 30 e 40% do total dos açúcares e o pH deve estar em torno de 4. 5. SATURAÇÃO: o processo lento é o mais usado pelo baixo custo dos equipamentos, embora utilize muita mão-de-obra. O processo lento consiste em deixar a fruta submersa em um xarope concentrado até que ocorra o equilíbrio osmótico, posteriormente aumenta-se o teor de açúcares no xarope, na proporção de 10% e deixa-se mais um período em repouso, até novo equilíbrio osmótico, assim sucessivamente até que a fruta apresente uma concentração final de aproximadamente 65 a 72% de sólidos solúveis totais. A velocidade de saturação é diretamente proporcional a fatores como: superfície de contato, temperatura, concentração de xarope dentro e fora da fruta e inversamente proporcional por fatores como o diâmetro da fruta e a viscosidade do xarope.
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