aula 7

Prévia do material em texto

A FAMÍLIA BRASILEIRA 
 
 Base da sociedade que goza de proteção especial do 
Estado, e para efeito dessa proteção, a CF reconhece a 
união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar, entendendo como sendo também parte dessa 
entidade, a comunidade formada por qualquer dos pais 
e seus descendentes (art. 226, §§ 3ª e 4ª, da CF/88). 
 
 A CF/88, o Código Civil e a lei nº 9.278/96 
reconheceram como família a decorrente de matrimônio 
e como entidade não só oriunda de união estável como 
também a comunidade monoparental formada por 
qualquer dos pais e seus descendentes 
independentemente de existência de vínculo conjugal 
que a tenha originado. 
 
FAMÍLIA 
Família 
• “Família em um contexto amplo, são duas ou mais pessoas que 
vivem em uma mesma casa (usualmente), têm um vínculo 
emocional ou afetivo e desempenham tarefas sociais inter-
relacionadas” (LIPPINCOTT, 1999). 
• “Família são relacionamentos em que pessoas vivem juntas, 
comprometidas, formam uma unidade econômica, cuidam dos 
mais jovens, identificam-se entre si e no grupo a que 
pertencem” (NELSON, 1998). 
• Na perspectiva da Teoria Sistêmica, a família é vista como um 
sistema de relações, no qual os indivíduos são considerados 
sistemas por si só, que fazem parte de sistemas mais amplos, 
como o sociocultural, e assim por diante, em que o 
comportamento de cada um dos membros afeta e é afetado 
pelos outros membros do grupo e pelos sistemas mais amplos 
(CERVENY, 2003). 
 
 
 
 Aquela que além dos 
indivíduos integrantes do 
conceito estrito de família, 
estão integrados os parentes 
que são ligados com vínculos 
consanguíneos ou de 
afinidade. 
SENTIDO AMPLO DE FAMÍLIA 
 Família inclui pai, mãe e filhos, 
esses constituindo um núcleo. 
Mesmo em caso do casal ter 
tido relações anteriores à 
atual, os filhos dessas outras 
uniões, fazem parte do núcleo 
familiar, ou seja, no sentido 
estrito de família. Fazem parte 
desse conceito anterior não só 
o casal homem e mulher que é 
o único que a lei reconhece, 
mas também casais 
homosexuais com a sua prole. 
SENTIDO ESTRITO DE FAMÍLIA 
FAMÍLIA 
• Grupo social cujos movimentos de organização-
desorganização-reorganização mantêm estreita relação com 
o contexto sociocultural (AFONSO; FIGUEIRAS apud 
CARVALHO et al, 2002). 
• A família representa o espaço de socialização, de busca 
coletiva de estratégias de sobrevivência, local para o 
exercício da cidadania, possibilidade para o 
desenvolvimento individual e grupal de seus membros, 
independentemente dos arranjos apresentados ou das 
novas estruturas que vêm se formando. 
• A família antiga tinha por missão a conservação dos bens, a 
prática comum de um ofício, a ajuda mútua cotidiana, mas 
não tinha função afetiva. A transmissão dos valores e dos 
conhecimentos, e de modo mais geral, a socialização das 
crianças, não eram asseguradas nem controladas pela 
família (ARIÈS, 1981). 
FAMÍLIA 
• A família é um complexo sistema de organização, com 
crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas 
diretamente às transformações da sociedade, em busca 
da melhor adaptação possível para a sobrevivência de 
seus membros e da instituição como um todo. 
 
• O sistema familiar muda à medida que a sociedade 
muda, e todos os seus membros podem ser afetados 
por pressões interna e externa, fazendo que ela se 
modifique com a finalidade de assegurar a continuidade 
e o crescimento psicossocial de seus membros. 
FAMÍLIA 
 A família brasileira ganhou sua atual estrutura na 
história da colonização (Freyre, 1987). 
 
 No código de 1916, “família legítima” era definida 
apenas pelo casamento oficial. 
 O Código Civil de 2003 incorporou uma série de 
novidades, sendo que a definição de família 
passou a abranger as unidades formadas por 
casamento, união estável ou comunidade de 
qualquer genitor e descendentes. 
 Art. 1.565 desse código - Pelo casamento, homem 
e mulher assumem mutuamente a condição de 
consortes, companheiros e responsáveis pelos 
encargos da família. 
A FAMÍLIA BRASILEIRA 
• Art. 1.565 § 2o - O planejamento familiar é de livre 
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar 
recursos educacionais e financeiros para o exercício 
desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por 
parte de instituições privadas ou públicas. 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será 
exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, 
sempre no interesse do casal e dos filhos. 
A FAMÍLIA BRASILEIRA 
Quando falamos em família na sociedade 
brasileira atual, é muito importante perceber as 
diferenças sócio-étnico-culturais presentes, 
respeitando suas diferenças. 
 
Evitar categorizar a família “regular” ou 
“normal” x família “irregular” ou 
“desestruturada” 
A FAMÍLIA BRASILEIRA 
 Política social contemporânea: microssolidariedades e 
sociabilidades sociofamiliares; 
 Serviços coletivos: Programa Saúde da Família, 
Agentes Comunitários de Saúde, Cuidador domiciliar; 
 Programas de complementação de renda 
 A família é convocada a exercer autoridade e definir 
limites: parceria entre escola e família; 
 Beneficiária, parceira e miniprestadora de serviços de 
proteção e inclusão social. 
 (CARVALHO et al, 2002). 
 
A FAMÍLIA BRASILEIRA 
 
 Papéis sexuais e as obrigações entre pais e filhos não 
estão mais claramente preestabelecidos; 
 
 Família nuclear própria 
 
 Família composta por várias famílias nucleares 
 
 Família sem laços consanguíneos 
 (CARVALHO et al, 2002) 
 
ALTERAÇÃO DA ORDEM FAMILIAR 
TRADICIONAL (AUTORIDADE PATRIARCAL / 
DIVISÃO DE PAPÉIS AMILIARES) 
 
Êxodo rural 
Moradia 
Insegurança 
Instabilidade econômica e afetiva 
 (CARVALHO et al, 
2002). 
 
FATORES CONTRIBUINTES PARA 
ALTERAÇÕES DA ORDEM FAMILIAR 
 
Diversidade organizacional: composição e formas de 
sociabilidade 
 
Do ponto de vista formal, a composição da instituição 
doméstica funda-se nos laços de parentesco criados 
por relações de aliança estabelecidas pelo casamento – 
ou uniões consensuais – e por vínculos de 
descendência e de consanguinidade 
 (CARVALHO et al, 2002). 
 
MUDANÇAS NA ORGANIZAÇÃO DA FAMÍLIA 
BRASILEIRA 
 Permanência dominante da família nuclear : marido, 
esposa e filhos (biológicos ou adotivos) 
 Aumento das famílias matrifocais : uma mulher, seus 
filhos e um companheiro (permanente ou ocasional) 
 Diminuição do número de famílias ampliadas 
 Modelos de família DINÂMICOS - A ação da família, 
como um grupo de convivência, é marcada por uma 
dinâmica intensa, que demanda de seus integrantes um 
constante exercício de repensar o presente e o futuro, o 
que os leva a reorganizarem continuamente suas 
estratégias. 
 (CARVALHO et al, 2002). 
 
 
AS PESQUISAS DEMONSTRAM 
Mudanças na dinâmica familiar 
 
Nova posição da mulher na estrutura doméstica 
 
Alteração dos vínculos entre marido e filhos 
 
 Redimensionamento da divisão sexual do trabalho 
 
Afastamento da função de cuidar 
 (CARVALHO et al, 2002). 
 
CONSEQUÊNCIASDA CRESCENTE 
PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORÇA DE TRABALHO 
Igualdade de direitos entre homens e mulheres 
Art. 5º: “ Homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição”. 
 
A família e o idoso 
Art. 229: “Os filhos maiores têm o dever de ajudar a 
amparar os pais na velhice, carência e enfermidade” 
 
Art. 230 : “A família, a sociedade e o Estado têm o dever 
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua 
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e 
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. 
 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Mulheres menos instruídas têm mais filhos 
• As mulheres com até 3 anos de estudo chegam a ter, 
em média, mais que o dobro do número de filhos das 
mulheres com 8 anos ou mais de estudo. Ao considerar 
a cor ou raça, invariavelmente são observados, no 
segmento de mulheres brancas, níveis mais baixos de 
fecundidade que os de mulheres pretas e pardas. 
A FAMÍLIA BRASILEIRA 
• Famílias menos numerosas 
• Diminuição da Natalidade e Fecundidade 
• A mulher assumiu novos papéis na sociedade 
• Aumento do nível de escolaridade 
 
• 
• 
• Anticoncepcionais - Retomar as funções reprodutivas 
• Esterilização - Usada em grande escala 
• Abortamento – 
• 1,4 milhões de abortamentos no Brasil 
• 288 mil internações decorrentes de complicações do 
abortamento clandestino 
• Metade das gestações no Brasil não são planejadas 
 
CONTROLE DE NATALIDADE 
• De acordo com o IBGE, aumenta o número de famílias 
chefiadas por mulheres com cônjuge. 
• Nos últimos dez anos, a chefia feminina na família 
aumentou cerca de 35%. 
• A chefia feminina é mais expressiva entre as idosas 
(27,5%), reflexo da maior expectativa de vida das 
mulheres e da maior presença delas em domicílios 
unipessoais (com um só morador). 
• Reduziu-se também o percentual de casal com filhos, 
de 57,6% para 49,8% no país; e de 57,7% para 51,3% no 
Nordeste. 
• Mulheres gastam 25,2 horas semanais, em média, com 
afazeres domésticos. 
• As mulheres estão predominantemente no setor de 
serviços, em áreas que poderiam ser consideradas 
extensões das atribuições familiares e domésticas. 
 
A MULHER NA FAMÍLIA BRASILEIRA 
• Entre idosos: maior incidência de doenças crônicas, 
piores capacidades funcionais e menor autonomia 
(consequentemente, exige maior atenção da família e 
da sociedade.) 
• As mulheres são maioria nesse grupo, numa razão de 
62 homens para cada 100 mulheres. 
• Em 2005, 65,3% dos idosos foram consideradas 
pessoas de referência no domicílio. 
• De 1995 a 2005, no Sudeste, houve de crescimento na 
proporção de pessoas maiores de 60 anos, homens ou 
mulheres, morando sozinhas. Já no Nordeste, caiu de 
13,7% para 11,7% a proporção de idosas sozinhas. 
 
 
O IDOSO NA FAMÍLIA BRASILEIRA 
• Desde 1995, a mortalidade infantil reduziu-se em 32% 
• No Brasil, o Planejamento Familiar é privilégio 
exclusivo da classe média e alta, sendo pouco adotado 
por quem mais precisa planejar, a classe de baixa 
renda. 
• A Constituição de 1988 transformou crianças e 
adolescentes em sujeitos de direitos, que devem ser 
assegurados conjuntamente pela família, pela 
sociedade e pelo Estado. 
• O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA aponta 
para a responsabilidade da família como primeira 
agência social para a efetivação dos direitos de 
crianças e adolescentes. 
 
• 
CRIANÇA E ADOLESCENTE NA 
FAMÍLIA BRASILEIRA 
• Atentado aos direitos humanos 
• Exploração e abuso 
• Barreiras econômicas, sociais e culturais ao 
desenvolvimento integral dos seus membros 
• Saúde reprodutiva de baixa qualidade 
• Riscos de complicações da gravidez, parto e 
puerpério 
• Desnutrição 
• Possibilidades de evitar e tratar estas 
complicações e outros agravos à saúde 
 
PROBLEMAS SOCIAIS: A SITUAÇÃO 
DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS 
• A família deve ser compreendida historicamente, na 
especificidade de cada época e dependendo dos grupos 
sociais aos quais pertencem. 
• Há famílias com laços afetivos e estabilidade econômica 
definidos, famílias sem recursos assistenciais ou direitos 
sociais, famílias nucleares ou famílias por conveniência 
ou sobrevivência. 
• Em sociedades tão desiguais como a que vivemos 
devemos, primeiramente, esforçarmo-nos para 
incorporar, nas análises e propostas de trabalho, como 
essas relações vêm se transformando e ganhando novas 
significações 
• A família deve ser o objeto de atenção, entendida a partir 
do ambiente onde vive. 
AS FAMÍLIAS BRASILEIRAS COMO FOCO DA ESF