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Trabalho Humano e Linguagem

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Filosofia
O Homem e a Cultura
Quais são as diferenças entre o trabalho do homem e o animal? Por exemplo, entre o "trabalho" paciente da aranha tecendo a sua teia e o homem que constrói uma estrada? O trabalho da aranha não têm história, não se renova. É o mesmo em todos os tempos, salvo as modificações determinadas pela evolução das espécies e as decorrentes de mutações genéticas. O animal não inventa o instrumento, não o aperfeiçoa, nem o conserva para uso posterior. 
Não há nada que se compare as transformações realizadas pelo homem enquanto criador. O homem é um ser que fala e a palavra se encontra no limiar do seu universo, pois o caracteriza fundamentalmente e o distingue do animal. 
A Linguagem:
Poderíamos dizer, porém, que os animais também têm linguagem. Mas, a natureza dessa comunicação não se compara à revolução que a linguagem humana provoca na relação do homem com o mundo.
 A diferença entre a linguagem humana e a do animal está no fato de que o animal não conhece o símbolo, somente o índice. 
O índice está relacionado de forma fixa e única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, indicam alguma coisa muito específica.
O símbolo é universal e flexível. A palavra cruz não tem um sentido unívoco, o que ela representa no cristianismo não é o mesmo para certos roqueiros, se usada de cabeça para baixo, adquire outro significado.
A linguagem animal visa a adaptação à situação concreta, enquanto a linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distancia o homem da experiência vivida, tornando-o capaz de reorganizá-la numa outra totalidade e lhe dar novo sentido. É pela palavra que somos capazes de nos situar no tempo. Lembramos o que ocorreu no passado e antecipando o futuro pelo pensamento.
 Enquanto o animal vive sempre no presente, as dimensões humanas se ampliam para além de cada momento. A linguagem humana permite a transformação do homem sobre o mundo e com isso completamos a distinção: o homem é um ser que trabalha, produz o mundo e a si mesmo.
O Trabalho:
O animal não produz a sua existência, mas apenas a conserva agindo instintivamente. Na verdade o animal não trabalha de forma racional, ele o faz para preservar a espécie. No trabalho humano a ação é dirigida por finalidades conscientes, como uma resposta aos desafios da natureza, na luta pela sobrevivência, de forma racional.
Ao reproduzir técnicas que outros homens já usaram e ao inventar outras novas, a ação humana se torna fonte de ideias e ao mesmo tempo uma experiência propriamente dita. O trabalho, ao mesmo tempo que transforma a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, altera o próprio homem desenvolvendo suas faculdades. Pelo trabalho, o homem se autoproduz, enquanto o animal permanece sempre o mesmo. A existência humana precede a sua essência na visão existencialista de Sartre. 
 O animal permanece sempre o mesmo já que repete os gestos comuns da sua espécie. Já o homem muda as maneiras pelas quais age sobre o mundo, estabelecendo relações também mutáveis, que por sua vez alteram sua maneira de perceber, de pensar e de sentir. Por ser uma atividade relacional, o trabalho além de desenvolver habilidades, permite que a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos instrumentos, mas também enriqueça a afetividade resultante do relacionamento humano: experimentando emoções de expectativa, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza, as pessoas e a si mesmo.
Humanização:
O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem intervém na natureza e em si mesmo, por ser assim, o trabalho é condição de transcendência, portanto é expressão da liberdade. O mundo resultante da ação humana é um mundo que não podemos chamar de natural, pois se encontra transformado pelo homem, assim como sua Cultura.
A palavra Cultura também tem vários significados, tais como o de Cultura da terra ou Cultura de um homem letrado. Em Antropologia Filosófica, Cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua existência como: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Logo, Cultura é um conjunto de símbolos elaborados por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a infinita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas.
A Comunidade dos Homens:
O homem não se define apenas por um modelo que o antecede, nem é apenas o que as circunstanciais fizeram dele. Ele se define pelo lançar-se no futuro, antecipando por meio de um projeto a sua ação consciente sobre o mundo.
Não há caminho feito, mas a fazer. Não há modelo de conduta, mas um processo contínuo de estabelecimento de valores. Nada mais se apresenta como absolutamente certo e inquestionável. Ao mesmo tempo em que parece ser sua fragilidade (não ter uma essência pronta) é justamente sua característica mais nobre, por ter o homem a capacidade de escolher, construir “o que ele vai ser”. A isso a Filosofia chama de liberdade.
O homem é um ser que fala e por meio da palavra e da ação transforma e é transformado. Por ser a ação humana coletiva, o trabalho é executado como tarefa social e a palavra toma sentido pelo diálogo. O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros, de modo que ao nascer, a criança encontra o mundo de valores já dados, onde ela vai se situar. 
 A língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de sentar, andar, correr, as relações familiares, tudo enfim se acha codificado. Até na emoção, que pareceria ser uma manifestação espontânea, o homem fica à mercê de regras que dirigem de certa forma a sua expressão. Podemos observar como a nossa sociedade, preocupada com a visão estereotipada da masculinidade, por exemplo, vê com complacência o choro feminino e o recrimina no homem. Cabe ao homem a preocupação constante de manter viva a dialética, a contradição fecunda de pólos que se opõem mas, não se separam. Ao mesmo tempo em que o homem é um ser social, ele também é uma pessoa. Logo, tem uma individualidade que o distingue dos demais.
 A função de "estranhamento" é fundamental para o homem desencadear as forças criativas e que se manifesta de múltiplas formas, ou seja, quando paramos para refletir na vida diária, quando o filósofo se admira com o que parece óbvio, quando o artista lança um olhar novo sobre a sensibilidade já embaçada pelo costume, quando o cientista descobre uma nova hipótese.
 O "sair de si" é remédio para o preconceito, para o dogmatismo, as convicções inabaláveis e portanto paralisantes. A finalidade da Filosofia é levar o homem para um mergulho dentro do seu próprio ser e ao retomar dessa "viagem", ele possa entender o significado da existência.
Do Mito à Razão - O Nascimento da Filosofia
na Grécia Antiga
Há controvérsia a respeito da época em que teria vivido o poeta Homero e até se ele realmente teria existido (séc. IX a.C). É costume atribuir-lhe a autoria de dois poemas épicos (epopeias): a Ilíada, que trata da guerra de Tróia e Odisseia que relata o retorno de Ulisses a Ítaca, após a guerra de Tróia. 
As epopeias tiveram função didática importante na vida dos gregos porque transmitiam os valores da cultura por meio das histórias dos deuses e antepassados, expressando uma determinada concepção de vida. Por isso, desde cedo as crianças decoravam passagens dos poemas de Homero. As ações heroicas relatadas nas epopeias mostram a constante intervenção dos deuses, ora para auxiliar um protegido seu, ora para perseguir um inimigo. O homem homérico é presa do Destino (Moira), que é fixo, imutável e não pode ser alterado. 
O homem vive, portanto, na dependência dos deuses e do destino, faltando a ele a nossa noção de vontade pessoal, de livre-arbítrio. Mas isto não o diminui diante dos outros. Ao contrário, ter sido escolhido pelos deuses é sinal de valor e em nada tal ajuda desmerece a sua virtude. A virtude do homem se manifesta pela coragem e pela força, sobretudo nocampo de batalha, mas também na assembleia como no discurso, pelo poder de persuasão. 
Hesíodo é outro poeta que teria vivido por volta do final do século VIII e princípios do VII a.C., que produz uma obra chamada Teogonia de (teo: deus; gonia: origem) que reflete ainda a preocupação com a crença nos mitos e relata as origens do mundo, dos deuses, e as forças que surgem como: Gaia (Terra), Urano (Céu), Cronos (Tempo). 
Mas, é no período arcaico que surgem os primeiros filósofos gregos, por volta de fins do século VII a.C. e durante o século VI a.C. Alguns autores costumam chamar de “milagre grego" a passagem do pensamento mítico para o pensamento crítico racional e filosófico. 
Algumas novidades surgidas no período arcaico ajudaram a transformar a visão que o homem mítico tinha do mundo e de si mesmo, são elas: A invenção da escrita, o surgimento da moeda, a lei escrita, o nascimento da pólis (cidade-estado), todas elas tornando-se condição para o surgimento do filósofo. 
Os primeiros filósofos viveram por volta do século VI a.C. e, mais tarde, foram classificados como pré-socráticos (a divisão da filosofia grega se centraliza na figura de Sócrates). 
É interessante notar que Hesíodo, ao relatar o princípio do mundo e dos deuses, refere-se a sua gênese e de como as preocupações dos primeiros pensadores levam à elaboração de uma cosmologia, já que eles procuram a racionalidade do universo. 
Mas, como seria possível emergir do Caos um "cosmos" ou seja, como da confusão inicial surgiu o mundo ordenado? Os pré-socráticos procuram o princípio (a arché) de todas as coisas. Buscar a arché é explicar qual é o elemento constitutivo de todas as coisas.
Já podemos observar a diferença entre o pensamento mítico e a filosofia nascente: os filósofos divergem entre si e a Filosofia se distingue da tradição dogmática dos mitos oferecendo uma pluralidade de explicações possíveis. Assim justificamos a perspectiva comumente aceita da ruptura entre mythos e logos (razão). 
Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a Filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. Enquanto no mito a inteligibilidade é dada, na Filosofia ela é procurada. 
A Filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos. Ainda mais: a Filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a discussão, racional.
Na nova abordagem do real caracterizada pelo pensamento filosófico, podemos ainda notar a vinculação entre Filosofia e Ciência. O próprio teor das preocupações dos primeiros filósofos é de natureza racional, de maneira que, na Grécia Antiga, o filósofo é também o homem do saber científico. Só no século XVII as Ciências encontram seu próprio método e separam-se da Filosofia, formando as chamadas Ciências Particulares. 
Quando se dá a passagem da consciência mítica para a racional, aparecem os primeiros sábios, sophos. Um deles, chamado Pitágoras (séc. VI a.C.), que também era matemático, usou pela primeira vez a palavra filosofia (philos-sophia), que significa "amor à sabedoria". 
 É bom observar que a própria etimologia mostra que a Filosofia não é puro logos, pura razão: ela é a procura amorosa da verdade..
 Para Platão, a primeira virtude do filósofo é admirar-se. A admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar, o que marca a Filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. 
 Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, "não há Filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar". Isto significa que a Filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.. 
A teoria do filósofo não constitui um saber abstrato. O próprio tecido do seu pensar é a existência e seus acontecimentos. Por isso a Filosofia se encontra no seio mesmo da história. No entanto, está mergulhada no mundo e fora dele: eis o paradoxo enfrentado pelo filósofo. Isso significa que o filósofo inicia a caminhada a partir dos problemas da existência, mas precisa se afastar deles para melhor compreendê-los, retornando depois a fim de dar subsídios para as mudanças.
 Na ordem do saber estipulada por Platão, o homem começa a conhecer pela forma imperfeita da opinião (doxa), depois passa ao grau mais avançado da ciência (episteme), para só então ser capaz de atingir o nível mais alto do saber filosófico. 
 Na medida em que somos seres racionais e sensíveis, estamos sempre dando sentido às coisas. Ao “pensar espontâneo” do homem comum, costumamos chamar de Senso Comum e a compreensão crítica da realidade chamamos de Senso Crítico.
Enquanto o Senso Comum é fragmentário, incoerente, preso a preconceitos e dogmático, o Senso Crítico ou Reflexão Filosófica é radical, rigorosa e de conjunto.
 É radical no sentido de "fundamento, base“ pois busca explicitar os conceitos fundamentais usados em todos os campos do pensar e do agir.
 No Senso Crítico o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor, garantindo a coerência e o exercício da crítica. Mesmo porque o filósofo não faz afirmações apenas, precisa justificá-las com argumentos, por ter rigor nas suas afirmações.
 As Ciências são particulares, porque abordam "recortes" da realidade, mas ainda sim se distinguem de outras formas de conhecimento como a magia, por exemplo. Já a Filosofia é de conjunto, porque examina os problemas sob a perspectiva universal, relacionando os diversos aspectos entre si. 
A Filosofia é portanto, conhecimento crítico da realidade, como da ideologia, enquanto forma ilusória de conhecimento que visa a manutenção de privilégios. 
 Atentando para a etimologia do vocábulo grego correspondente à verdade (a-létheia “desnudar”), vemos que a verdade é pôr a nu aquilo que estava escondido, 
 Aí reside a vocação do filósofo: o desvelamento do que está encoberto pelo costume, pelo convencional, pelo poder.
 Finalmente, a Filosofia exige coragem. Filosofar não é um exercício puramente intelectual. Descobrir a verdade é ter a coragem de enfrentar as formas estagnadas do poder que tentam manter o status. 
 É aceitar o desafio da mudança ou seja, saber para transformar. 
Na tragédia Édipo-Rei de Sófocles (496 c. 406 a.C. Grécia) Laio, senhor de Tebas, soube pelo oráculo que seu filho recém-nascido haveria um dia de assassiná-lo, casando-se em seguida com a própria mãe. 
Por isso, Laio antecipa-se ao destino e manda matá-lo, mas suas ordens não são cumpridas, e a criança cresce em lugar distante. 
Quando adulto, Édipo consulta o oráculo e ao tomar conhecimento do destino que lhe fora reservado, foge da casa dos supostos pais para evitar o cumprimento daquela sina. 
No caminho desentende-se com um desconhecido e o mata. Esse desconhecido era, sem que Édipo soubesse, seu verdadeiro pai. 
Entrando em Tebas, casa com Jocasta, viúva de Laio, ignorando ser sua mãe. 
E assim se cumpre o destino... 
Os Pré-Socráticos,
Os Sofistas e Sócrates
Os Pré-Socráticos:
Heráclito (544-484 a.C.)
Nasceu em Éfeso, na Jônia (atual Turquia). Para ele “tudo flui”, e assim busca compreender a multiplicidade do real. Ele não rejeita as contradições e quer apreender a realidade na sua mudança, no seu devir, ou no vir-a-ser. Para Heráclito, todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: 
“Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez não somos os mesmos, e também o rio mudou”.
Portanto, para Heráclito não há ser estático, e o dinamismo pode bem ser representado pela metáfora do fogo, forma visível da instabilidade, símbolo da eterna agitação do devir,
“O fogo eterno e vivo, que ora se acende e ora se apaga”.
 Para Heráclito o ser é o múltiplo, não apenas no sentido de que existe a multiplicidade das coisas, mas por estar constituído de oposições internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples aparecer de novos seres, mas a lutados contrários, pois é da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.
Parmênides (c.540-c.470 a.C.) 
Viveu em Eléia, cidade do sul da Magna Grécia (atual Itália), para ele o ser é imóvel.Parmênides elaborou importantíssima teoria filosófica na medida em que ocupou-se longamente em criticar a filosofia de Heráclito, ao seu "tudo flui" . Para ele é absurdo e impensável considerar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo, assim contrapôs a mobilidade do ser. Parmênides conclui, a partir do princípio estabelecido, que o ser é único, imutável, infinito e imóvel.
Os Sofistas:
Os Sofistas são interlocutores de Sócrates e os mais famosos foram: Protágoras, de Abdera (485-411 a.C.) e Górgias, de Leôncio (485-380 a.C.). A palavra Sofista, etimologicamente vem de sophos, que significa "sábio", ou melhor, "professor de sabedoria". Posteriormente Sofista adquiriu o sentido pejorativo de "homem que emprega sofismas", ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, com intenção de enganar. 
Sóphisma significa "sutileza de sofista".
Um dos motivos dessa visão contra os sofistas está na sua enorme diversidade teórica de atuação. Talvez o que possa melhor identificá-los seja o fato de serem considerados sábios e pedagogos. Vindos de todas as partes do mundo grego, desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício do pensar resultante da circulação da busca de ideias diferentes. Os sofistas deram importante contribuição para a sistematização do ensino. Formaram um currículo de estudos da gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e a música. Por cobrar pelas aulas, Sócrates acusava os Sofistas de prostituição. Na Grécia Antiga, apenas os nobres se ocupavam com o trabalho intelectual, pois gozavam do ócio da disponibilidade de tempo decorrente do fato de que o trabalho manual, de subsistência, era ocupação de escravos. Os homens saídos da classe média, faziam das aulas seu oficio, já que não eram suficientemente ricos para filosofarem descompromissadamente. Os sofistas buscaram aperfeiçoar os instrumentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor da argumentação, porque não basta dizer o que se considera verdadeiro, é preciso demonstrá-lo pelo raciocínio. 
Sócrates:
Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito, e teve suas idéias divulgadas pelo seu principal discípulo, Platão. Nos diálogos que Platão escreveu, Sócrates figura sempre como o principal interlocutor. Sócrates se indispôs com os poderosos do seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a mocidade. Por isso foi condenado e morto. Costumava conversar com todos, fossem velhos ou moços, nobres ou escravos, ele se preocupava com o método do conhecimento, ou seja, como conhecemos. Sócrates parte do seguinte pressuposto filosófico:
“Só sei que nada sei"
Que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber. Por isso seu método começa pela parte considerada "destrutiva", chamada:
Ironia (em grego, "perguntar")
Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do seu método filosófico:
Maiêutica (em grego, "parto")
O nome Maiêutica é dado em homenagem a sua mãe, que era parteira. Se ela fazia parto de corpos, ele fazia parto de ideias “trazia à luz“ as ideias. Sócrates, por meio de perguntas, destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura do entendimento. As questões que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí pergunta em que consiste: 
“O conhecimento, a coragem, a covardia, a piedade, a justiça” e cria “diálogos” para responder.
Por ser a Filosofia ainda nascente, é preciso inventar palavras novas, ou usar as antigas dando-lhes sentido diferente. Por isso Sócrates utiliza o termo logos, que na linguagem comum significa "palavra", "conversa", e que no sentido filosófico passa a significar "a razão que se dá de algo", ou mais propriamente, conceito. O método socrático aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão.
Platão
Platão (428-347 a.C.) viveu em Atenas, onde fundou uma escola denominada Academia. Para melhor sintetizar as ideias de Platão, recorremos ao livro VII de A República, onde seu pensamento é ilustrado pelo famoso "mito da caverna". Platão imagina uma caverna onde estão acorrentados os homens desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguisse se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, quando regressasse, relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco, não acreditando em suas palavras. 
A análise do mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista: o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o político (relativo ao poder).
 Pela dimensão epistemológica, o mito da caverna é uma alegoria a respeito das formas de conhecimento ou a teoria das ideias, nela Platão distingue o mundo sensível (dos fenômenos), e o mundo inteligível (das ideias). Aqui Platão responde a Heráclito e Parmênides.
 O mundo sensível, é o acessível aos sentidos, é o mundo da multiplicidade, do movimento, e é ilusório, por ser pura sombra do verdadeiro mundo. 
 Se percebemos inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a ideia de abelha deve ser una, imutável, a verdadeira realidade. Desta forma Platão elabora uma teoria original. Do seu mestre (Sócrates) aproveita a noção nova de logos, e continuando o processo de compreensão do real, cria a palavra ideia (eidos), para referir-se à intuição intelectual que é distinta da intuição sensível.
 Para Platão as ideias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a idéia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem senão enquanto participam do Bem e o Bem supremo é também a Suprema Beleza. 
Para os homens ultrapassarem o mundo das aparências ilusórias, Platão supõe que eles já teriam vivido como puro espírito quando contemplaram o mundo das idéias. Mas tudo esquecem quando se degradam ao se tornarem prisioneiros do corpo, que é considerado o "túmulo da alma".
Pela teoria da reminiscência, Platão explica como os sentidos se constituem apenas na ocasião para despertar nas almas as lembranças adormecidas. Em outras palavras, conhecer é lembrar. 
No mito da caverna: o filósofo (aquele que se libertou das correntes), ao contemplar a verdadeira realidade e ter passado da opinião (doxa) à ciência (episteme), deve retornar ao meio dos homens para orientá-los.
Eis assim a segunda dimensão do mito, a política, surgida da pergunta: como influenciar os homens que não vêem? Cabe ao sábio ensinar e governar. Trata-se da necessidade da ação política, da transformação dos homens e da sociedade.
Seu posicionamento de valorização da reflexão filosófica o leva a conceber uma “sofocracia” (poder da sabedoria), porque os homens comuns são vítimas do conhecimento imperfeito, da "opinião", e portanto devem ser dirigidos por homens que se distinguem pelo saber
A Utopia Platônica: A República
Platão imagina uma cidade utópica, a Callipolis (Cidade Bela). Etimologicamente, utopia significa "em nenhum lugar" (em grego, ou-topos). Ele imagina uma cidade que não existe, mas que deve ser o modelo da cidade ideal.
Partindo do princípio de que as pessoas são diferentes e por isso devem ocupar lugares e funções diversas na sociedade, Platão imagina que o Estado, e não a família, deveria se incumbir da educação das crianças. Para isso, propõe estabelecer-se uma forma de comunismo em que é eliminada a propriedade e a família, a fim de evitar a cobiça e os interesses decorrentes dos laços afetivos. O Estado orientaria as pessoas para evitar casamentosentre desiguais, oferecendo melhores condições de reprodução e, ao mesmo tempo, criando creches para a educação coletiva das crianças.
A educação promovida pelo Estado deveria, segundo Platão, ser igual para todos até os 20 anos, quando dar-se-ia o primeiro corte identificando as pessoas que, por possuírem “alma de bronze”, por terem a sensibilidade grosseira devem se dedicar à agricultura, ao artesanato e ao comércio. Estes cuidariam da subsistência da cidade.
Os outros continuariam os estudos por mais dez anos, até o segundo corte. Aqueles que tivessem a "alma de prata" e a virtude da coragem essencial aos guerreiros constituiriam a guarda do Estado, os soldados que cuidariam da defesa da cidade.
Os mais notáveis, que sobrariam desses cortes, por terem a "alma de ouro", seriam instruídos na arte de pensar a dois, ou seja, na arte de dialogar. Estudariam filosofia, que eleva a alma até o conhecimento mais puro e é a fonte de toda verdade. Aos cinquenta anos, aqueles que passassem com sucesso pela série de provas estariam aptos a ser admitidos no corpo supremo dos magistrados. Caberia a eles o governo da cidade, o exercício do poder, pois apenas eles teriam a ciência da política. Sua função seria manter a cidade coesa. Por serem os mais sábios, também seriam os mais justos, uma vez que justo é aquele que conhece a justiça. A justiça constitui a principal virtude, a própria condição das outras virtudes. Para que o Estado seja bem governado, é preciso que os filósofos se tornem reis, ou que os reis se tornem filósofos". Platão propõe um modelo aristocrático de poder. No entanto, como já vimos, não se trata de uma aristocracia da riqueza, mas da inteligência, em que o poder é confiado aos melhores, ou seja, é uma sofocracia.
 O rigor do Estado concebido por Platão ultrapassa de muito a proposta de educação. Se a virtude suprema é a obediência à lei, o legislador tem de conseguir o seu cumprimento pela persuasão ou pela lei. Caso não o consiga pelo convencimento, deve usar a força: a prisão, o exílio ou a morte. Da mesma forma, a censura é justificável quando visa manter a integridade do Estado. 
 A democracia é inadequada, pois desconhece que a igualdade deve se dar apenas na repartição dos bens, mas nunca no igual direito ao poder. 
As Formas de Governo:
Como vimos, a democracia não corresponde aos ideais platônicos porque, por definição, o povo é incapaz de possuir a ciência política. Quando o poder pertence ao povo, é fácil prevalecer a demagogia, característica do político que manipula e engana o povo (etimologicamente, "o que conduz o povo"). Platão critica a noção de igualdade na democracia, pois para ele a verdadeira igualdade não se baseia no valor pessoal que é sempre desigual (já que uns são melhores do que outros), não considerando todos igualmente cidadãos. Por fim, a democracia levaria fatalmente à tirania, a pior forma de governo, exercida pela força por um só homem e sem ter por objetivo o bem comum. O tirano é a antítese do magistrado-filósofo. 
Aristóteles
O Pensamento de Aristóteles:
Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira e aos dezoito anos vai para Atenas o grande centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos outros, vem atraído pela intensa vida cultural da cidade que lhe acenava com oportunidades para prosseguir seus estudos. 
 Não era belo e para os padrões vigentes no mundo grego, principalmente na Atenas daquele tempo, apresentava características que poderiam dificultar-lhe a carreira e a projeção social. Em particular uma certa dificuldade em pronunciar corretamente as palavras, deveria criar-lhe embaraços e mesmo complexos numa sociedade que além de valorizar a beleza física e enaltecer os atletas, admirava a eloquência e deixava-se conduzir por oradores. Naquela época duas grandes instituições educacionais disputavam em Atenas a preferência dos jovens, que através de estudos superiores, pretendiam se preparar para exercer com êxito suas prerrogativas de cidadãos e ascender na vida pública. 
 De um lado, Isócrates, seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a desenvolver no educando a Aretê Política - ou seja, a “virtude”, capacitação para lidar com os assuntos relativos à pólis, transmitindo-lhe a arte de “emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis”. 
 E de fato, numa Democracia como a ateniense, cujos destinos dependiam em grande parte da atuação de oradores, a arte de persuasão por meio da palavra manipulada com o brilho e a eficácia dos recursos retóricos era fator imprescindível para o desempenho de um papel relevante na Cidade-Estado. 
Platão ensinava na sua Academia que a atividade humana desde que pretendesse ser correta e responsável, não poderia ser norteada por valores instáveis, formulados segundo a diversidade das opiniões, requeria uma Ciência (episteme) dos fundamentos da realidade na qual aquela ação estaria inserida.
 Por trás do inseguro universo das palavras sujeitas à arte encantatória dos retóricos o educando deveria ser levado, por via do socrático exame do significado das palavras à contemplação e ao ápice da ascensão dialética, das essências estáveis, que é a razão de ser das próprias coisas e modelos de todos os existentes do mundo físico. 
 Para além do plano da palavra-convenção dos sofistas e de Isócrates, Platão apontava um ideal de linguagem construída em função das ideias, essas justas medidas de significação e de realidade. 
Diante dos dois caminhos o de Isócrates e o de Platão, Aristóteles não hesita e ingressa na Academia, que viria a frequentar durante cerca de vinte anos. 
 Em 347 a.C, com a morte de Platão, Aristóteles deixa Atenas e em 343 a.C, Filipe, rei da Macedônia convida Aristóteles para uma importante missão a de educar seu filho, Alexandre. Durante anos o filósofo, encarrega-se dessa missão e ainda preceptor de Alexandre em 338 a.C acompanha os Macedônios derrotarem os Gregos chegando ao fim a autonomia das Cidades-Estados que caracterizara a Grécia. Em 336 a.C, Filipe é assassinado e Alexandre sobe ao trono, então Aristóteles volta para Atenas onde funda uma escola, o Liceu, que passou a rivalizar com a Academia então dirigida por Xenócrates. Depois da morte de Alexandre, em 323 a.C, Aristóteles deixou Atenas e refugiou-se em Cálcis, na Eubéia. Aí morreu no ano de 322 a.C. A compreensão dos fenômenos que ocorrem no mundo físico depende de uma hipótese para Platão: a existência de um plano superior da realidade, atingido apenas pelo intelecto e constituído de formas ou ideias. 
 Através da dialética seria possível ascender do mundo físico (apreendido pelos sentidos) para a contemplação dos modelos ideais (objetos da verdadeira Ciência). Mas, Aristóteles discorda e retomando a problemática do conhecimento se preocupa em definir a Ciência como conhecimento verdadeiro, conhecimento capaz de superar os enganos da opinião e de compreender a natureza do Devir. Ao analisar a oposição entre o mundo Sensível e o Inteligível segundo a tradição de Platão, inspirado em Heráclito e Parmênides, Aristóteles recusa as soluções apresentadas e critica o mundo “separado” das ideias platônicas.
Aristóteles tinha percebido que a dialética platônica entre mundo Sensível e Inteligível não poderia lhe garantir aprofundar o entendimento científico então parte para um projeto de forjar um instrumento mais seguro para a constituição da Ciência.
 Este instrumento é o Organon que também é um tratado sobre Lógica e que significa “ferramenta” porque os Peripatéticos consideravam que a Lógica era um instrumento para o entendimento da Filosofia. 
 Para se atingir a certeza científica e construir um conjunto de conhecimentos seguros, torna-se necessário, possuir normas de pensamento que permitam demonstrações corretas e irretorquíveis. O estabelecimento dessas normas confere a Aristóteles o papel de criador da Lógica Formal, que estabelece a forma correta das operações do pensamento. 
Se as regras forem aplicadas adequadamente assim o raciocínio é considerado válido e verdadeiro. Vejamos o exemplo clássico da LógicaFormal que é um processo substancialmente dedutivo de silogismo:
 Se todos os homens são mortais, 
→ e se Sócrates é homem, 
→ então Sócrates é mortal. 
 Ela extrai verdades particulares (conclusão) de verdades universais (premissas). Logo, sua conclusão está contida nas premissas e retira daí sua validade. 
 Como se vê: “Sócrates é mortal” por consequência necessariamente de ter estabelecido que “todos os homens são mortais” e de “Sócrates é homem”, sendo “homem” o termo sobre o qual se apoia para concluir.
Logo, silogismo é um discurso (raciocínio) no qual, postos alguns dados (premissas) segue necessariamente algo por força deles, pelo simples fato de terem sido postos. 
 No entanto, a Lógica Formal não implica a verdade, pois nem sempre o que é correto é verdadeiro (Falácia). Exemplo: 
 Todos os homens são loiros.
→ Sócrates é homem.
 →Logo, Sócrates é loiro.
 Como se vê: das premissas “todos os homens são loiros” e “Sócrates é homem” podemos concluir que “logo, Sócrates é loiro”. 
 O que temos aqui é um raciocínio correto, mas que não é verdadeiro pois, é uma falácia afirmar tal silogismo.
Aristóteles divide as Ciências em três grandes ramos do saber. São elas:
Teoréticas: que buscam o saber, por si mesmo, no entendimento da realidade sensível e supra-sensível (Metafísica, Física, Psicologia e a Matemática).
Práticas: que buscam o saber para alcançar através dele a perfeição moral (Ética e Política). 
Poiéticas ou Produtivas: que buscam o saber em vista do fazer, isto é, com a finalidade de produzir determinados objetos, como a Retórica que é a arte de fazer discursos persuasivos e a Poética que é a arte de compor enredos ou narrativas como o drama, tragédia, comédia, poesia épica e lírica).
 As mais elevadas por dignidade e valor são as primeiras. As Ciências Teoreticas, onde está incluída à Metafísica, que Aristóteles chamava de Filosofia primeira.
Aristóteles usava a expressão Filosofia primeira ou também Teologia em oposição à Filosofia segunda ou Física. Mas o termo Metafísica é mais significativo e assim ficou definitivamente consagrado.
 A Metafísica aristotélica é a Ciência que se ocupa das realidades que estão acima das Físicas. Trata-se da parte nuclear da Filosofia, onde se estuda “o ser enquanto ser” isto é, o ser independentemente de suas determinações particulares. 
 É a Metafísica que fornece a todas as outras Ciências o fundamento comum, o objeto ao qual todas se referem e os princípios dos quais dependem. 
 Todas as ciências se referem continuamente ao ser mas, nenhuma Ciência a examina como a Metafísica para Aristóteles pois considera que seu objeto consiste em examinar o ser e suas propriedades. 
Toda a estrutura teórica da filosofia aristotélica desemboca na Teologia. A descrição das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e necessário, ou seja, Deus. 
 Se as coisas são contingentes, já que não têm em si mesmas a razão de sua existência, é preciso concluir que são produzidas por causas a elas exteriores. Assim, todo ser contingente foi produzido por outro ser, que também é contingente e assim por diante. Para não ir ao infinito na seqüência de causas, é preciso admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um ser necessário (e não contingente). 
 Esse primeiro motor imóvel é também um puro ato (sem nenhuma potência). Chamamos Deus ao primeiro motor imóvel, ato puro, ser necessário, causa primeira de todo existente.
Dado que há um movimento eterno, para Aristóteles é necessário haver um princípio eterno que o produza e que esse princípio seja: 
Eterno: se eterno é o que ele causa. 
Imóvel: se a causa absolutamente primeira do móvel é o imóvel, 
Ato puro: se é sempre em ato o movimento que ele causa.
 Esse é o Motor imóvel, é a substância supra-sensível. Evidentemente, a causalidade do Primeiro Motor não é uma causalidade do tipo daquela exercida pela mão que move um corpo, ou pelo pai que gera o filho. 
 Mas, que pensa Deus? Deus pensa o que há de mais excelente. Deus pensa a si mesmo. E atividade contemplativa de si mesmo, é pensamento de pensamento. É pura abstração.
A inteligência pensa a si mesma, captando-se como inteligível: de fato, ela se torna inteligível intuindo e pensando a si, de modo a coincidirem inteligência e inteligível. 
 A inteligência ao captar o inteligível tem através dessa atividade contemplativa é o que há de mais aprazível e mais excelente. A Inteligência divina é o que há de mais excelente. 
 Deus é eterno, imóvel, ato puro privado de potencialidade e de matéria. Sendo assim, obviamente, Deus “não pode ter nenhuma grandeza”, mas deve ser “sem partes e indivisível”. E deve também ser “impassível e inalterável”.
 Deus é para Aristóteles como o entendimento de Parmênides para o ser, ou seja, Deus é o que é, não podendo deixar de ser o que ele é: imóvel, imutável e infinito. 
Por ser Deus um Motor imóvel, puro ato sem nenhuma potencialidade, um ser não contingente, uma causa incausada, Aristóteles vai determinar ser ele o criador, que tudo cria e não foi criado, que tudo gera mas nunca foi gerado. 
 A Física ou segunda ciência teorética para Aristóteles ou ainda “filosofia segunda”, tem por objeto pesquisar a realidade sensível, caracterizada pelo movimento.
 Já a Metafísica tem por objeto a realidade supra-sensível que é caracterizada pela falta absoluta de movimento. Logo, a Física em Aristóteles trata da substância sensível afetada pelo movimento. O ser é ao mesmo tempo, em ato e em potência. Por ser finito a natureza humana, Aristóteles vai atribuir ao entendimento de Heráclito do Devir, do vir-a-ser. 
Na sistematização aristotélica do saber, depois das ciências teoréticas, em segundo lugar aparecem as ciências práticas. Estas são hierarquicamente inferiores às primeiras, enquanto nelas o saber não é mais fim para si mesmo em sentido absoluto, mas subordinado e em certo sentido servo da atividade prática. 
Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos homens, bem como ao fim que através dessa conduta eles querem alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto fazendo parte de uma sociedade, sobretudo da sociedade política. 
Aristóteles chama em geral, “Política” (mas também “filosofia das coisas humanas”) a ciência da atividade moral dos homens, quer como indivíduos, quer como cidadãos. Em seguida subdivide a “Política” em Ética e em Teoria do Estado. 
Nessa subordinação da Ética à Política, incidiu clara e determinantemente a doutrina platônica que entendia o homem unicamente como cidadão e punha o Estado completamente acima da família e do homem individual: o indivíduo existia em função do Estado e não o Estado em função do indivíduo. 
Sendo idêntico o bem para o indivíduo e para a cidade é mais importante defender o bem da cidade. É certo que o bem é desejável mesmo quando diz respeito só a uma pessoa, porém é mais belo e mais divino quando se refere a um povo e às cidades. 
É verdade, porém, que na medida em que Aristóteles procede na sua Ética, a relação entre indivíduo e Estado corre o risco de inverter-se, pois é como se o Estado tivesse uma simples função subsidiária com relação à vida moral do indivíduo, fornecendo o elemento de compulsão para tornar os desejos dos homens submissos à razão.
Nas suas várias ações, o homem tende sempre a precisos fins, que se configuram como bens. Na Ética à Nicômaco, Aristóteles diz que toda arte e toda pesquisa e do mesmo modo, toda ação e todo projeto parecem visar a algum bem, por isso o bem foi definido como aquilo a que tendem todas as coisas.
Há fins e bens que nós queremos em vista de vários fins e que são fins e bens relativos, mas os que interessam a Aristóteles são os fins e os bens aos quais tende o homem para um fim último e de um bem supremo. 
Mas, qual é esse bem supremo? Aristóteles não tem dúvidas: todos os homens, sem distinção, consideram que tal bem é a felicidade. Quanto ao seu nome, a maioria está praticamentede acordo: felicidade o chamam, tanto o vulgo como as pessoas cultas, supondo que ser feliz consiste em viver bem e em ter sucessos.
Portanto, a felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos os homens. Mas que é a felicidade? A multidão dos homens considera que a felicidade consiste no prazer e no gozo. Mas as pessoas mais evoluídas e mais cultas põem o bem supremo e a felicidade na honra. E a honra buscam, sobretudo, aqueles que se dedicam ativamente à vida política. Contudo, este não pode ser o fim último que buscamos, porque, nota Aristóteles, é algo exterior.
A vida política parece depender mais de quem confere a honra do que de quem é honrado: nós, ao invés, consideramos que o bem é algo individualmente inalienável. Ademais, os homens buscam a honra não por ela mesma, mas como prova e reconhecimento público da sua bondade e virtude, as quais demonstram ser mais importantes que a honra. 
Aristóteles diz ser inadequada a vida dedicado ao prazer e a esse tipo de honras, e rejeita a vida dedicado a acumular riquezas, pois a riqueza só existe em vista do lucro e é um meio para outra coisas. Já as virtudes Éticas permitem a vitória da razão sobre os impulsos, pois buscam a justa medida entre dois excessos (nada em demasia). Ao manifesta-se como hábitos elas fixam o fim do ato moral.
No 3 grande ramo do saber estão as ciências Poiéticas ou Produtivas como Retórica e a Poética. A Retórica estuda as estruturas do raciocinar, mas que não procedem de elementos fundados cientificamente, e sim da opinião que se mostra aceitável a todos ou à grande maioria dos homens. Logo a Retórica estuda os procedimentos com os quais os homens aconselham, acusam, defendem-se, elogiam que em geral, não procedem de conhecimentos científicos, mas de opiniões prováveis.
A Retórica refere-se à estrutura da persuasão em geral, pois é também verdade que os homens exercem essas atividades para persuadir.Por exemplo: nos tribunais (para acusar ou defender), nas assembleias (para aconselhar e fazer adotar determinadas deliberações) e em geral, para louvar ou lastimar (sobre o bem e o mal, sobre a virtude e o vício). 
A Retórica é o correlativo equivalente da Dialética, se consideramos a seu procedimento formal. Ela é estritamente ligada à Ética e à Política, se consideramos a sua esfera de aplicação. Portanto, Aristóteles pode, corretamente, concluir que: A Retórica é como um ramo da Dialética e da ciência dos costumes, que se denomina, justamente, Política. Na Retórica, conforme o estado de ânimo no qual se encontra o ouvinte, ele julga de modo diferente as mesmas coisas. Por ser assim, um conhecimento da Psicologia das paixões que Platão punha como um dos fundamentos da verdadeira retórica é indispensável ao orador. 
 A aplicação da Psicologia na Retórica levou Aristóteles não só à análise das paixões individuais, mas à descrição das características psíquicas das diferentes idades da vida humana (juventude, maturidade e velhice). 
 Até mesmo à determinação das diferentes disposições de ânimo ligadas às características provenientes dos diferentes bens de fortuna, ou seja, à determinação das diferentes psicologias dos ricos, dos nobres e dos poderosos, revela um conhecimento verdadeiramente surpreendente dos homens. 
Quanto ao entendimento platônico de poder, Aristóteles faz duras criticas, considerando sua utopia impraticável. Recusa sua Sofocracia por tornar a sociedade muito hierarquizada e não aceita a proposta de dissolução da família. A reflexão aristotélica sobre a política não se separa da ética, pois a vida individual está ligada a vida comunitária. Se a finalidade da ação moral é a felicidade do individuo, também a política tem por fim organizar a cidade feliz. 
 Aristóteles considera que a justiça não pode vir separada da philia. Embora possa ser traduzida por “amizade” philia é um conceito mais amplo quando se refere à cidade. Significa a concordância entre as pessoas que tem ideias semelhantes e interesses comuns, donde resulta a camaradagem, o companheirismo. A amizade não pode ser separada da justiça pois, essas duas virtudes se relacionam e se complementam, fundamentando a unidade que deve existir na cidade. Se a cidade é a associação de homens iguais, a justiça é o que garante o princípio da igualdade. Justo é o que se apodera de parte que lhe cabe, é o que distribui o que é devido a cada um.
 É preciso lembrar que Aristóteles não se refere à igualdade simples mas à justiça distributiva, segundo a qual a distribuição justa é a que leva em conta o mérito das pessoas. Isso significa que não se pode dar o igual para desiguais, já que as pessoas são diferentes. A justiça está intimamente ligada ao império da lei, pela qual se faz prevalecer a razão sobre as paixões cegas. Retomando a tradição grega, a lei é para Aristóteles o princípio que rege a ação dos cidadãos, é a expressão política da ordem natural.
Aristóteles exclui da cidadania a classe dos comerciantes e trabalhadores braçais, porque a ocupação não lhes permite o tempo de ócio necessário para participar do governo e também por reforçar o desprezo que os antigos tinham pelo trabalho manual. Esse tipo de atividade embrutece a alma e torna o indivíduo incapaz da prática de uma virtude esclarecida. A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa.
Formas de Governo:
 Boas Corrompidas
 UM Monarquia Tirania 
 Poucos Aristocracia Oligarquia
 Muitos Politéia Democracia
 Aristóteles usa o critério da quantidade, para distinguir a Monarquia (ou governo de um só), a Aristocracia (ou governo de um pequeno grupo) e a Politéia (ou governo da maioria). As formas podem ser consideradas boas, quando visam o interesse comum e corrompidas, quando têm como objetivo o interesse particular. A tirania se refere ao governo de um só quando visa o interesse próprio; a Oligarquia prevalece quando vence o interesse dos mais ricos ou nobres; e a Democracia quando a maioria pobre governa em detrimento da minoria rica. Aristóteles prefere a Politéia como forma correta e adequada ao exercício do poder, porque à constatação feita de que a tensão política sempre deriva da luta entre ricos e pobres e se um regime conseguir conciliar esses antagonismos, torna-se mais propício para assegurar a paz social. Aristóteles retoma o critério já usado na Ética, o de que a virtude sempre está no meio-termo. É o justo meio termo como equilíbrio, como neutralidade política. A teoria política grega está voltada para a busca dos parâmetros do bom governo. Platão e Aristóteles envolvem-se nas questões políticas do seu tempo e criticam os maus governos. O que ambos concordam é que a ligação entre Ética e Política é evidente, na medida em que a questão do bom governo, do regime justo, da cidade boa, depende da virtude do bom governante.

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