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Apostila - Introdução a Filosofia

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Prévia do material em texto

– 1
1. Introdução
O homem, diferentemente de outras espécies, não
se contenta em viver no mundo satisfazendo simples -
mente suas necessidades primárias. Sente a neces sidade
de interpretar o mundo e acaba criando um segundo
mundo: o mundo humano. Assim, podemos definir a
espécie humana como aquela capaz de refletir sobre sua
própria condição, capaz de planejar sua ação, de
simbolizar e de produzir o universo da cultura. 
Deste novo mundo, faz parte a produção de arte fatos,
necessários para complementar uma inacabada estrutura
biológica. O homem, assim, cria lanças para caçar, arma -
men tos para guerrear, instrumentos para construir outras
coisas, máquinas para voar. Além desses objetos, o
homem ritualiza sua rotina, através de come morações,
cerimônias, festas e cultos. Assim, ele se assegura de
que a vida tem algum sentido e garante a reprodução da
vida social. 
O desenho de Escher sugere o exercício da reflexão humana. Segundo
o filósofo Ernst Cassirer, a meta mais elevada da Filosofia é o
conhecimento de si próprio.
Não é só isso. O homem elabora abordagens do real.
Não tolerando o caos ou a desordem, ele busca inter pre -
tações da realidade e acumula saberes que lhe permitem
uma vida plena de consciência, usando a inteligência para
escapar do absurdo da existência; ou seja, o homem, pelo
conhecimento, traça para si uma existência de fato
humana. Tais abordagens se apresentam em diversos
aspectos e versam em diferentes áreas do conhecimento:
a arte, a mitologia, a religião, a ciência, o senso comum e
a filosofia. 
2. O Senso Comum 
O senso comum é um conhecimento empírico,
herdado pelo meio social, pouco questionado, irrefletido,
fragmentário, difuso, elaborado sem método ou qualquer
sistema. Isso não quer dizer que não tenha valor, mas o
senso comum geralmente deve ser transcendido para
que não gere julgamentos errados, preconceituosos e
pobres. A realidade é complexa e exige esforços da
inteligência para que seja mais bem sondada. Cabe ao
bom senso saber usar o senso comum, reconhecendo
seu valor e suas limitações. Assim, desenvolve-se o sen -
so crítico, capacitado a questionar os valores transmi tidos,
sem destruí-los, apta a ade quá-los e transformá-los diante
das situações novas da existência. 
Zeus – Mito grego. Os gregos não se contentaram com as explicações
míticas, por isso desenvolveram a reflexão filosófica.
MÓDULO 1 Do Espanto à Reflexão
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Rodin, O Pensador. 
Só o homem reflete e questiona a sua existência.
3. O Nascimento da Filosofia 
Os gregos antigos contavam com uma mitologia
ampla e rica para explicar o universo e a realidade. Mas é
na Grécia Antiga, mais especificamente nas suas colônias
(Jônica e Magna Grécia), no século VI a.C, que nasce a
reflexão filosófica. Isso não decretou a morte do pensa -
mento mítico, mas muitos filósofos rejeitavam os mitos e
procuravam dessacralizar a natureza, buscando entender
como lógicos os processos naturais. Os mitos se
baseavam em certezas dogmáticas e não resultavam de
processos reflexivos. A filosofia, segundo Platão (428-347
a.C.), nascera do espanto, da per ple xidade, ou seja, da
capacidade humana de ad mirar o mundo. Assim, o
homem problematiza questões da vida, reflete sobre sua
própria condição e existência – filosofa. Sócrates (470-399
a. C.) afirmara que uma existência sem reflexão não valeria
a pena e sabemos que hoje, num mundo pragmático,
numa cultura marcada pelo cons tante culto ao vazio,
muitas pessoas preferem não refletir; abrem mão desse
privilégio ou mesmo desse risco, pois a reflexão
consciente nos mobiliza e então torna-se necessário sair
da nossa zona de conforto. Tudo para essas pessoas é
natural e a realidade não merece questionamento. Per ma -
necem no senso comum. 
Aristóteles, filósofo grego que valorizou a razão humana.
Texto Filosófico: Leia o texto escrito na Antiga Grécia
pelo filósofo Aristóteles em seu livro Metafísica: 
Os homens, no início, encontravam no assombro o
motivo para filosofar, por que no início eles se ma -
ravilhavam diante dos fe nô menos mais simples, dos quais
não podiam dar-se conta. Depois, paulatina mente,
passaram a estar diante de problemas mais com plexos,
como as condições da Lua e do Sol, as es trelas e a origem
do universo. 
Quem se encontra em estado de incerteza e de
assombro acredita ser ignorante (por isso, quem se
interessa pelas lendas também é, de alguma maneira,
filósofo, uma vez que o mito é um conjunto de coisas
maravilhosas). 
Se é verdade que os homens começaram a filosofar
para livrar-se da ignorância, é evidente que procuravam
conhecer por amor ao saber, e não por uma neces sidade
prática. Isso pode ser comprovado também pelo curso
dos eventos, uma vez que os homens buscaram essa
espécie de conhecimento somente depois que tiveram à
sua disposição todos os meios indispensáveis à vida,
assim como aqueles que oferecem comodidade e bem-
estar. 
É claro, então, que nos dedicamos a essa inves -
tigação sem visar vantagens exteriores. Assim como
dizemos que um homem que vive para si, e não para o
outro, é livre, do mesmo modo consideramos tal ciência. 
“Passar do senso comum à consciência filosófica
significa passar de uma concepção fragmentária,
incoerente, desarticulada, implícita, degradada,
mecâ nica, passiva e simplista a uma concepção
unitária, coerente, articulada, explícita, original,
intencional, ativa e cultivada”. 
(Dermeval Saviani) 
2 –
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– 3
O filósofo Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu
em 322 a.C. Seus pensamentos e ideias sobre a
humanidade têm influências significativas na educação e
no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é
considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras
influenciaram também na teologia da cristandade.
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde
conheceu Platão, tornando-se seu discípulo. Passou o ano
de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o
Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335
a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências
naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em
experimentações para comprovar fenômenos da
natureza.
O filósofo valorizava a inteligência humana como a
única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pen -
samentos foram seguidos e propagados pelos dis cípulos.
Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conheci men -
to: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia,
metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia,
psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho
didático, principalmente para o público geral. Valorizava a
educação e a considerava uma das formas crescimento
intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon,
que reúne grande parte de seus pensamentos.
Pensamento: “A educação tem raízes amargas, mas os
frutos são doces”. 
Glossário:
Dessacralizar: retirar determinado elemento cultural da
esfera sagrada. 
Dogmático: de dogma, relativo a uma verdade que não é
passível de questionamento. 
Sobre Aristóteles
1. De acordo com o texto filosófico de Aristóteles, julgue as colocações
abaixo:
a) A filosofia nasce da necessidade de sobrevivência humana. 
b) A filosofia é pura atividade contemplativa.
c) A filosofia é amor puro e desinteressado pelo conhecimento.
d) A filosofia nasce da apatia e da naturalização diante dos fenômenos. 
São coerentes:
a) todas. b) apenas I e II. c) apenas I e III. 
d) apenas II e III. e) apenas III e IV.
RESOLUÇÃO:
Resposta: D
2. “O ato de filosofar não pretende oferecer soluções já prontas,
isentas de todo questionamento... Liberdade e razão se entrecruzam, e
esse entrecruzamento reflete-se no ato de filosofar. É nestes termos
que o ato de filosofar contraria tanto a ideologização quanto a
mistificação, porque está atento à dimensão especificamente
histórica...”. 
(Thomas R. Giles)
Assinale a alternativa que melhor reflete a proposição acima.
a) O ato de filosofar se limita a uma simples contemplação ou
constatação dos fatos,excluindo qualquer engajamento.
b) Filosofar é estar em contato constante com os fatos e com a
experiência desses fatos, numa atitude de radicalidade (no sentido
de raiz, de profundidade) sempre renovada, à procura dos pressu -
postos e dos fundamentos de uma realidade que se manifesta e se
esconde.
c) A interioridade a que a Filosofia nos leva e para a qual nos conclama
é aquela de um eu isolado, contemplativo, absorto e distante do
mundo.
d) O ato de filosofar deve elaborar respostas rápidas e prontas, capazes
de expor soluções práticas às questões fundamentais da existência
e da vida social.
e) A atividade de filosofar se distingue do ato próprio de viver, segundo
o pressuposto de Sócrates.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
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4 –
3. Filósofos sempre tentaram definir o homem distinguindo-o dos
outros animais. Nesse sentido, podemos afirmar:
I. O homem é um ser social, enquanto os outros animais não vivem
em sociedade.
II. O homem tem uma grande capacidade de adaptação ao ambiente
geográfico e à alimentação.
III. O homem produz cultura, que é um mundo especificamente
humano, sem o qual não conseguiria viver adequadamente. 
IV. O homem não é um ser livre, somente os animais verdadeiramente
o são.
São coerentes apenas:
a) I e II b) II e III c) II e IV d) III e IV e) I e IV 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
4. A filosofia sempre procurou definir o homem distinguindo-o dos
demais animais. Avalie as proposições abaixo:
I. O homem é um ser que consegue repousar sobre seu próprio
corpo, prova de seu acabamento biológico.
II. O homem é um ser de linguagem articulada e inventiva.
III. O homem é o único ser social.
IV. O homem produz conhecimento e abordagens do real porque não
tolera o caos.
São coerentes:
a) I e II b) I e III c) II e III d) I e IV e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
5. “Ao homem cabem indagações axiológicas, ou seja, valorativas”.
Isso significa que
a) o homem não tem escolhas diante de sua existência.
b) o homem tem uma estrutura biológica inadequada para sobreviver
em qualquer ambiente geográfico.
c) o homem porta em sua existência consciente uma dimensão moral.
d) o homem não possui habilidades para refletir sobre a sua condição.
e) o homem é indiferente diante do outro, de sua dor e sofrimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
6. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do Universo. A palavra espanto (thauma em grego) teria aqui o sentido
de
a) medo ou receio.
b) perplexidade ou admiração.
c) susto ou pavor.
d) ignorância ou trevas.
e) conhecimento ou esclarecimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
7. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do Universo. No sentido aqui empregado, o contrário de espanto – e
que portanto não promoveria o ato de filosofar – poderia ser:
a) preconceito. b) tranquilidade.
c) indiferença. d) preocupação.
e) senso comum.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
8. Costuma-se dizer que a filosofia assume, por vezes, uma postura
negativa, no sentido de dizer não aos preconceitos, ao óbvio, ao senso
comum. Isso significa dizer que
a) a filosofia é um conhecimento crítico.
b) a filosofia é um conhecimento dogmático e rígido.
c) a filosofia é pessimista.
d) a filosofia não tem habilidade para refletir plenamente sobre a
existência e a condição humana.
e) os filósofos querem elaborar um conhecimento semelhante ao
produzido pela ciências naturais, como a biologia e a física.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
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– 5
1. O homem, diferentemente de outras espécies, não se contenta em
viver no mundo satisfazendo simplesmente suas necessidades
primárias. O homem também sente a necessidade de:
a) interpretar o mundo e de se adaptar a ele, criando a cultura.
b) acumular capital, sendo naturalmente ambicioso.
c) reproduzir-se sexualmente, dando continuidade à espécie.
d) viver em sociedade, coisa observável apenas nessa espécie.
e) dominar as outras espécies, garantindo, assim, a sua sobrevivência. 
2. O conhecimento empírico, herdado pelo meio social, pouco
questionado, irrefletido, fragmentário, difuso, elaborado sem método ou
qualquer sistema. 
A isso costuma-se chamar de:
a) bom senso. b) cientificismo. c) senso comum.
d) ideologia. e) reflexão filosófica.
3. “Os gregos antigos contavam com uma mitologia ampla e rica para
explicar o universo e a realidade. Mas é na Grécia Antiga, mais
especificamente nas suas colônias (Jônica e Magna Grécia), no século
VI a.C, que nasce a reflexão filosófica. Isso não decretou a morte do
pensamento mítico, mas muitos filósofos rejeitavam os mitos e
procuravam dessacralizar a natureza, buscando entender como lógicos
os processos naturais. Os mitos se baseavam em certezas”. No texto,
o termo dessacralizar está relacionado:
a) ao fato da cultura grega nunca ter sofrido qualquer influência de
outras culturas, como a oriental ou cristã.
b) ao fato de o politeísmo (muitos deuses) ser considerado um pecado,
pois só o monoteísmo (um só Deus) constitui a racionalidade e
verdade das religiões.
c) à necessidade dos antigos gregos de interpretar o mundo de acordo
com o advento do pensamento científico e rigoroso.
d) à vontade intelectual dos gregos de entender a natureza de forma
mais reflexiva, pois os mitos se baseavam em certezas dogmáticas
e não resultavam de processos reflexivos. 
e) às exigências do Estado grego de subordinar a religião ao poder
político, o que resultou na formação de um Estado laico (que separa
a esfera religiosa da política). 
4. “Ao buscarem a racionalidade do universo, os filósofos
dessacralizam a natureza”.
Assinale a alternativa que complementa esta sentença.
a) Os primeiros filósofos elaboraram um conhecimento metafísico,
portanto distante da experiência concreta com o mundo.
b) Os filósofos gregos elaboraram um saber mítico que só foi
desmantelado com o advento da ciência na idade moderna.
c) O sucesso tecnológico justifica a supervalorização da ciência e a
exclusão das outras formas de conhecimento ultrapassadas.
d) A natureza nada tem de sagrado, pois a única filosofia possível é
aquela comprometida com uma visão materialista e não mítica.
e) À medida que o mito deixa de ser uma forma abrangente de com -
preensão do real, o conhecimento se seculariza e a razão torna-se
um instrumento de valor para a compreensão filosófica.
9. (ENEM)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o
que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua
descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo
que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A
água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando
condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio,
2006 (adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de
todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas
de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se
origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios,
ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de
quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:
Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para
explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As
teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo
medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
RESOLUÇÃO: 
Osdois autores postulam que um princípio teria ori gi nado o
mundo: para Anaxímenes, seria o ar; en quanto para o medieval
Basílio Magno, seria Deus, em acordo com a concepção criacionista
cristã.
Resposta: D 
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6 –
1) A 2) C 3) D 4) E
5) E 6) D 7) E
8) Do grego Filo: amor, Sofia: saber; portanto, o sentido da
palavra é “amor ao conhecimento”, conforme inclusive está
colocado no texto de Aristóteles.
9) Segundo o filósofo grego, a filosofia nasce somente em
sociedades desenvolvidas materialmente, ou seja, naquelas
em que já são oferecidos conforto e bem-estar. 
10) A frase refere-se ao surgimento da reflexão filosófica na
Grécia Antiga, em que foi deixado de lado, em parte, o saber
dogmático, irrefletido, e substituído por um pensar coerente,
unitário e original. 
11) O senso comum é um conhecimento empírico, herdado pelo
meio social, pouco questionado, elaborado sem método ou
qualquer sistema. O senso comum geralmente deve ser
transcendido para serem evitados julgamentos errados,
preconceituosos e pobres.
12) A competição, para Darwin, e a colaboracão, para Wilson,
funcionam como fatores da natureza evolutiva na sobrevivên -
cia da espécie humana.
Resposta: C
5. Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de
uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita,
degradada, para uma concepção:
a) mecânica e coerente. b) passiva e explícita.
c) simplista e intencional. d) ativa e dogmática.
e) original e cultivada.
6. “Os homens, no início, encontravam no assombro o motivo para
filosofar, porque no início eles se maravilhavam diante dos fenômenos
mais simples, dos quais não podiam dar-se conta, e depois, paula -
tinamente, passaram a estar diante de problemas mais complexos, co -
mo as condições da Lua e do Sol, as estrelas e a origem do universo”. 
(Aristóteles)
No texto, o termo assombro faz referência:
a) à impossibilidade de se encontrar respostas definitivas e verdadeiras
acerca do universo.
b) ao espanto e à perplexidade humana diante da complexidade do
mundo e da existência, o que a leva à reflexão.
c) ao mistério da vida, que só pode ser desvendado progressivamente
com o desenvolvimento científico.
d) à religião, que tem como objeto de entendimento o mistério do
mundo e da existência.
e) à necessidade humana de produzir os mitos que explicam, de fato,
a origem das coisas e do universo.
7. “Não há filosofia que se possa aprender; só se aprende a filosofar”. 
(I. Kant)
A frase do filósofo Kant pretende afirmar que:
a) a filosofia deve ser um conhecimento fechado, lógico e dogmático
(indiscutível).
b) a filosofia é, na verdade, uma doutrina que estabelece respostas e
verdades.
c) a filosofia não é um conhecimento coerente, tampouco lógico,
necessitando grande flexibilidade de interpretação, como acontece
com a arte.
d) a filosofia é um conjunto de ideias que foram expostas pelos gregos
do passado e hoje constitui uma ideologia. 
e) o ato de filosofar implica autonomia de pensamento, ou seja, não se
trata de uma ideologia fechada ou de uma doutrina dogmática.
8. Pesquise o sentido e a origem do termo filosofia. 
9. Como, no texto, Aristóteles argumenta contra a ideia de que a filo so -
fia teria nascido em razão da necessidade de sobrevivência dos homens? 
10.“O conhecimento filosófico não é dado pelos deuses, mas procurado
pelos homens.” (Maria Lúcia de Arruda Aranha).
Qual o sentido dessa frase?
11.Explique o senso comum e fale sobre a sua limitação.
12.(UNESP) – Encontrar explicações convincentes para a origem e a
evolução da vida sempre foi uma obsessão para os cientistas. A
competição constante, embora muitas vezes silenciosa, entre os
indivíduos, teria preservado as melhores linhagens, afirmava Charles
Darwin. Assim, um ser vivo com uma mutação favorável para a
sobrevivência da espécie teria mais chances de sobreviver e espalhar
essa característica para as futuras gerações. Ao fim, sobreviveriam os
mais fortes, como interpretou o filósofo Herbert Spencer. Um século e
meio depois, um biólogo americano agita a comunidade científica
interna cional ao ousar complementar a teoria da seleção darwinista.
Segundo Edward Wilson, da Universidade de Harvard, o processo
evolutivo é mais bem-sucedido em sociedades nas quais os indivíduos
colaboram uns com os outros para um objetivo comum. Assim, grupos
de pessoas, empresas e até países que agem pensando em benefício
dos outros e de forma coletiva alcançam mais sucesso, segundo o
americano. 
(Rachel Costa. O poder da generosidade. IstoÉ. 11.05.2012.
Adaptado)
Embora divergentes no que se refere aos fatores que explicam a
evolução da espécie humana, ambas as teorias, de Darwin e de Wilson,
apresentam como ponto comum a concepção de que 
a) influências religiosas e metafísicas são o principal veículo no
processo evolutivo humano ao longo do tempo.
b) são os condicionamentos psicológicos que infuenciam de maneira
decisiva o progresso na história.
c) a sobrevivência da espécie humana ao longo da história é explicada
pela primazia de fatores de natureza evolutiva.
d) os fatores econômicos e materiais são os principais responsáveis
pelas transformações históricas.
e) os fatores intelectuais são os principais responsáveis pelo sucesso
dos homens em dominar a natureza.
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– 7
“Deve-se exigir de mim que procure a verdade, 
mas não que a encontre” –
Diderot (1713 – 1784), Pensamentos Filosóficos.
“Não exageres o culto da verdade, não há homem que
ao fim de um dia não tenha mentido com razão 
muitas vezes” – 
Jorge Luis Borges (1899), Elogio da Sombra.
1. Introdução
A busca por uma Verdade universalmente válida tem
sido um dos motores da história do pensamento filo -
sófico. Muitos veem nisso, como Nietzsche (1844-1900),
uma obsessão desvairada e sem sentido. Outros, os
relativistas, afirmam que não há Verdade, mas pequenas
verdades de valor particular, sem qualquer vocação de
aplicação universal. 
Trata-se do mais polêmico tema filosófico e um
tratamento baseado no senso comum compromete a
qualidade da discussão. 
Protágoras, filósofo sofista da Antiga Grécia. 
Na Antiga Grécia, o problema já estava presente. Os
sofistas eram filósofos mestres em persuasão e o mais
famoso foi Protágoras (485-410 a.C.). Esses sábios
pensadores eram itinerantes, ou seja, viajavam muito, e
tiveram, portanto, contato com povos diferentes e com
concepções diversas de realidade e verdade. Assim,
chegaram à conclusão de que não havia uma verdade
universal. Do outro lado, temos a posição de Sócrates, já
citado na aula anterior. Sócrates jamais saíra de Atenas,
hoje capital da Grécia, e não achava que precisasse viajar
para adquirir sabedoria, pois essa se encontrava exata -
mente dentro do homem. Em Atenas, muitos jovens
buscavam o filósofo na via pública para aprender.
Interpelava transeuntes e fazia tantas per gun tas que, no
final, eles reconheciam a própria ignorância; para Sócrates,
é exatamente no reconheci mento da própria ignorância
que começa o caminho para a sa bedoria. Só sei que nada
sei é uma frase que foi atribuída a ele. Nada escreveu,
como Jesus, e seus ensina mentos foram registrados
pelos discípulos, particular mente por Platão. Sua peda go -
gia foi chamada de Maiêutica, ou seja, relativo ao parto,
pois, como um parteiro, ajudava a sabedoria nascer de
dentro dos seus alunos. A Verdade, então, viria à luz.
Sócrates, filósofo grego que acreditava que a verdade estava dentro do
homem.
MÓDULO 2 A Busca da Verdade
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Texto Filosófico Antigo
Sócrates: Protágoras afirma que a medida de todas
as coisas é o homem: daquelas coisas que são, pelo que
são, daquelas que não são, pelo que não são, entendendo
por medida a norma de juízo e por coisas o fato geral.
Logo o homem é a norma que julga todos os fatos:
daqueles que são pelo que são, daqueles que não são
pelo que não são. Por isso, ele admite somente aquiloque parece a cada indivíduo, introduzindo, dessa forma, o
princípio de relatividade. Segundo ele, portanto, quem
julga as coisas é o homem. De fato, tudo o que parece
aos homens também é; e o que não parece a nenhum
homem tampouco é... 
Protágoras: Eu afirmo, sim, que a verdade é mesmo
como escrevi: que cada um de nós é a medida das coisas
que são e que não são; mas existe uma diferença infinita
entre homem e homem, e exatamente por isso as coisas
parecem e são de um jeito para uma pessoa e, de outro
jeito, para outra pessoa. 
(Fonte: Platão, Teeteto)
Texto moderno
E se o Relativismo fosse verdade – Uma ilustração
(Matthew J. Slick - Tradução: Hamilton B. Furtado)
Relativismo é a posição em que todos os pontos de
vista são tão válidos quanto quaisquer outros e em que o
indivíduo é a medida do que é verdade para si.
Eu vejo um grande problema nisso. A seguir está uma
ilustração para demonstrar por quê.
O contexto: um ladrão está sondando uma joalheria a
fim de roubá-la. Ele entra para checar se há algum alarme
visível, fechaduras, o espaço etc. Neste pro cesso ele
inesperadamente se vê envolvido em uma discussão com
o proprietário da joalheria, cujo passa tempo é o estudo
de filosofia e que acredita que a verdade e a moral são
relativas. 
– Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por
isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é
que certo e errado é algo que o indivíduo deve deter mi nar
dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e
errado absoluto.
– É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. 
– Eu entrei acreditando que existia um Deus e que
existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e
concordo com você que não existe um certo e errado
absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.
O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele
desarma todos os alarmes e travas e está no processo de
roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma
porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não
pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara
de esqui.
– Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor,
pegue o que quiser e me deixe em paz.
– É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o
ladrão.
– Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem
que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
– Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. – Porque
agora você também sabe como eu sou. E como eu não
quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
– Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
– Por que não?
– Porque não é certo – implora o homem, deses perado.
– Mas você não me disse hoje cedo que não há um
certo e errado? 
– Sim, mas eu tenho uma família, filhos que precisam
de mim e uma esposa. 
– E daí? Eu tenho certeza que você tem seguro e eles
vão faturar um bom dinheiro. Mas como não há certo ou
errado não faz diferença se eu mato ou não você. E já que
se eu deixá-lo vivo você irá me delatar e eu irei para a
prisão. Lamento, mas isso não vai acontecer.
– Mas é um crime contra a sociedade me matar.
– Isso é errado porque a sociedade diz que é. Como
você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade
impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se? 
– Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu
prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
– Eu não acredito em você e não posso arriscar.
– Mas é verdade! Eu juro que não conto para
ninguém.
– Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque
não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem
erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai
quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Não há
chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã
convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por
causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua
palavra. Eu não posso confiar em você.
– Mas é errado me matar. Não está certo! 
– Para mim não é nem certo nem errado matar você.
Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu
matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente
verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão.
Lamento, mas você mesmo se matou.
– Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
– Implorar não faz diferença. (Bang!)
Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema
em puxar o gatilho?
Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de
outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado
se não há um padrão de certo e errado?Outros podem
dizer que é um crime contra a sociedade. Mas, e daí? Se
o que é verdade para você é simplesmente verdade,
então qual é o erro em matar alguém para se proteger
depois de roubá-lo? Se o que é verdade para você que
para se proteger você deve matar, então quem se importa
com o que a sociedade diz? Por que alguém seria
obrigado a se conformar com normas sociais? Agir assim
é uma decisão pessoal.
Embora nem todos os relativistas ajam de maneira
não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor
para a anarquia geral. Por quê? Porque é uma justificação
para fazer o que você quiser.
8 –
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O sentido grego. Sobre Sócrates
O sentido grego
Em grego, a palavra para ‘verdade’ é aletheia e
significa o não oculto, não escondido, não dissimulado.
O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e
do espírito, a verdade é a manifestação daquilo que é ou
existe tal como é. O verdadeiro, neste sentido, se opõe
ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o
dissimulado, o que parece ser e não é como parece.
Verdadeiro é o evidente, numa acepção quase ‘visual’ da
palavra; o ‘verdadeiro’ é claro, delineado, estruturado,
visível. 
Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas
e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e
dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto,
a verdade depende de que a realidade se manifeste,
enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou
se dissimule em aparências. 
Sobre Sócrates
Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três
fontes contemporâneas: os diálogos de Platão, as peças
de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há
evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado
alguma obra. As obras de Aristófanes retratam Sócrates
como um personagem cômico e sua representação não
deve ser levada ao pé da letra.
Sócrates casou-se com Xântipe, que era bem mais
jovem que ele, e teve três filhos: Lamprocles, Sophronis -
cus e Menexenus. Seu amigo Críton criticou-o por ter
abandonado seus filhos quando ele se recusou a tentar
escapar antes de sua execução, mostrando que ele
(assim como seus outros discípulos) parece não ter
entendido a mensagem que Sócrates tenta passar sobre
a morte (diálogo Fédon), antes de ser executado.
Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se
é que houve outro além da Filosofia. De acordo com
algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de
pedreiro com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates
aparece declarando que se dedicava àquilo que ele
considerava a arte ou ocupação mais importante: debater
filosofia. Platão afirma que Sócrates não recebia
pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que
não era um professor. Várias fontes, inclusive os diálogos
de Platão, mencionam que Sócrates tinha participado no
exército em várias batalhas. Na Apologia, Sócrates
compara seu período no serviço militar a seus problemas
no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri que imagine
que ele deveria se retirar da filosofia deveria também
imaginar que os soldados devessem bater em retirada
quando era provável que pudessem morrer em uma
batalha. Algumas curiosidades: Sócrates costumava
caminhar descalço e não tinha o hábito de tomar banho.
Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse
fazendo, ficando imóvel por horas, meditando sobre
algum problema. Certa vez o fez descalço sobre a neve,
segundo os escritos de Platão, o que demonstra o caráter
legendário da figura socrática.
As crenças de Sócrates, em comparação às de
Platão, são difíceis de discernir. Há poucasdistinções
entre as duas ideias filosóficas. Consequentemente,
diferenciar as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e
Xenofonte é uma tarefa árdua e deve-se sempre lembrar
que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensa -
mento dos outros autores.
Se algo pode ser dito sobre as ideias de Sócrates é
que ele foi moralmente, intelectualmente e filosofica -
mente diferente de seus contemporâneos atenienses.
Quando estava sendo julgado por heresia e por corrom per
a juventude, usou seu método de elenchos para
demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores.
Sócrates acreditava na imortalidade da alma e que teria
recebido, em um certo momento de sua vida, uma
missão especial do deus Apolo. Sócrates também duvi da -
va da ideia sofista de que a arete (virtude) podia ser
ensinada. Acreditava que a excelência moral é uma
questão de divindade e não de parentesco, pois pais
moralmente perfeitos não tinham filhos semelhantes a
eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se
importado muito com o futuro de seus próprios filhos.
Sócrates frequentemente diz que suas ideias não são
próprias, mas de seus professores, entre eles Pródico e
Anaxágoras de Clazômenas.
Sócrates apontando para o alto, sereno, no leito de morte.
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1. Platão afirmava que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas.
Sua pobreza era prova de que não era um professor. Isso indica que,
para Sócrates,
a) o conhecimento não era suficiente para ser considerado professor.
b) a sabedoria não era comerciável e condenava os sofistas por
cobrarem por suas aulas.
c) as aulas, que eram ministradas nas ruas de Atenas, e não numa
escola, não deveriam ser cobradas.
d) o conhecimento era para os pobres e não para os ricos.
e) a filosofia não era uma profissão, mas uma religião.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
2. Na Apologia, Sócrates compara seu período no serviço militar a seus
problemas no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri que imagine
que ele deveria retirar-se da filosofia deveria também imaginar que os
soldados devessem bater em retirada quando fosse provável que
morressem em uma batalha.
Vê-se nessa afirmação:
I. O grande valor que a verdade tinha para Sócrates.
II. O posicionamento relativista desse grande filósofo.
III. Que foi no serviço militar que Sócrates se tornou filósofo.
IV. A coerência moral desse filósofo ateniense
São verdadeiras apenas:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) I e IV e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
3. Não existe um critério de juízo objetivo: toda verdade é verdade para
um sujeito. Cada indivíduo percebe o mundo à sua maneira. Segundo
ele, até os diferentes sabores que os homens experimentam nos
alimentos constituem uma prova do subjetivismo perceptivo, não
podendo servir como critério de sabedoria. Sobre essa ideia, podemos
afirmar:
I. Trata-se do pensamento de Sócrates.
II. Trata-se do pensamento de Protágoras.
III. Revela que o homem é a medida de todas as coisas.
IV. O subjetivismo significa que a verdade é interna e universal.
São verdadeiras apenas:
a) I e III b) II e III c) I e IV 
d) III e IV e) I e II
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
4. Se toda verdade é relativa, isso também é relativo. Essa frase tenta
demonstrar
a) a coerência do relativismo
b) o absurdo de se acreditar numa única verdade.
c) o paradoxo do relativismo.
d) de que só existe uma verdade.
e) de que não há verdades relativas.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
5. A imagem de Jacques-Louis David mostra
a) a serenidade de Sócrates antes de sua morte. 
b) uma pregação de Sócrates.
c) a indignação de Sócrates diante da condenação à morte.
d) uma reunião de Sócrates e seus discípulos.
e) o confronto entre sócrates e Protágora.s
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
6. A gravura de Escher, entrando um pouco na filosofia, sugere
a) que o homem reflete sobre sua própria condição.
b) que o homem deforma a realidade por meio do conhecimento.
c) que a ciência é o único conhecimento que retrata fielmente a
realidade.
d) que a reflexão filosófica não permite a exposição do sujeito. 
e) que a única função da filosofia é promover o autoconhecimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
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– 11
7. “Sócrates (470-399 a. C.) afirmara que uma existência sem reflexão
não valeria a pena e sabemos hoje que, num mundo pragmático, numa
cultura marcada pelo constante culto ao vazio, muitas pessoas preferem
não refletir, abrem mão desse privilégio ou mesmo desse risco”. O
termo “risco” aqui utilizado refere-se
a) ao fato de que a reflexão pode desembocar em alguma forma de
patologia e isolamento social.
b) ao fato de que a reflexão é sempre imprecisa, podendo recorrer ao
senso comum.
c) ao fato de que a reflexão consciente nos mobiliza e então nos vemos
sair da nossa zona de conforto, momento em que transcendemos o
senso comum.
d) ao fato de que a reflexão filosófica não se insere numa das
possibilidades de sobrevivência material e sucesso econômico.
e) ao fato de a filosofia não se apropriar dos métodos científicos, mais
coerentes e autênticos. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
8. “Não exageres o culto da verdade, não há homem que ao fim de um
dia não tenha mentido com razão muitas vezes” – (Jorge Luis Borges).
Pensando em moral ou ética, poderíamos dizer que a frase do escritor
argentino Borges, de certa forma,
a) relacionou a verdade e a ética, mostrando que uma não existe sem
a outra.
b) revelou que o escritor era um relativista e portanto não cria em
verdades universais.
c) relativizou a importância acerca da verdade, pois, algumas vezes,
mentir pode ter uma justificativa.
d) dissociou verdade e razão.
e) revelou que o escritor era antiético. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
1. Na antiga Grécia, os sofistas:
a) Eram mestres da retórica e da persuasão.
b) Seguiam a escola filosófica de Sócrates.
c) Assumiam uma postura relativista.
d) Raramente saíam de Atenas, pois achavam que não precisavam
viajar para encontrar a verdade. 
e) São verdadeiras apenas:
a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) II e III. e) I e IV.
2. No debate entre Protágoras e Sócrates, podemos afirmar que:
a) Para o sofista Protágoras, há uma verdade e ela está dentro dos
homens.
b) Sócrates incitava seus alunos a viajarem muito para encontrar a
verdade.
c) Protágoras via o homem como portador de uma dimensão moral
interior.
d) Para Sócrates, existiam apenas verdades relativas e culturais.
e) A maiêutica (parto) socrática era o exercício filosófico de trazer à luz
a verdade de dentro do homem. 
3. Assinale a alternativa que expõe corretamente o sentido da
pedagogia socrática da maiêutica.
a) Maiêutica é a pedagogia expositiva, em que o mestre expõe aos
discípulos suas ideias e princípios.
b) Maiêutica é a exposição pelos sermões religiosos e filosóficos.
c) Maiêutica é a prática de viajar para buscar a verdade.
d) Maiêutica é a pedagogia do “parto”, no sentido de fazer nascer a
verdade de dentro do homem através da dialética (diálogo)
e) Maiêutica é a pedagogia que considera o aluno uma tábula rasa, um
papel em branco e, assim, transmite-se o conhecimento de forma
unidirecional.
4. “Sócrates: Protágoras afirma que a medida de todas as coisas é o
homem: daquelas coisas que são, pelo que são, daquelas que não são,
pelo que não são, entendendo por medida a norma de juízo e por coisas
o fato geral. Logo o homem é a norma que julga todos os fatos: daqueles
que são pelo que são, daqueles que não são pelo que não são. Por isso,
ele admite somente aquilo que parece a cada indivíduo, introduzindo,
dessa forma, o princípio de relatividade. Segundo ele, portanto, quem
julga as coisas é o homem. De fato, tudo o que parece aos homens
também é; e o que não parece a nenhum homem tampouco é...”
(Platão, Teeteto)
Sobre a colocação de Sócrates, podemos afirmar que:
a) Sócrates concordará com Protágoras, pois de fato o homem é a
medida de todas as coisas.
b) Sócrates deverá concordar com Protágoras, pois um foi discípulo do
outro.
c) Sócrates nãoconcordará com o relativismo de Protágoras.
d) Sócrates afirmará que Protágoras não foi relativista o suficiente para
considerá-lo seu discípulo.
e) Sócrates era sofista e, portanto, não podia concordar com a
colocação de Protágoras.
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5. Sócrates foi condenado a tomar a cicuta (veneno) por influenciar
negativamente os jovens. Sócrates teve a oportunidade de fugir e evitar
a sua morte, porém optou por envenenar-se. Assinale a alternativa que
melhor explica o gesto do filósofo grego.
a) Ao tomar o veneno, pretendeu ensinar a obediência ao poder públi -
co.
b) Pretendia provar a sua coragem como último ensinamento.
c) Como Jesus, desejou cumprir as escrituras.
d) Uma fuga poderia significar uma negação (ou uma renúncia) de tudo
quanto ensinara.
e) Pretendia com esse gesto fundar uma religião.
6. Leia o texto e assinale a alternativa que melhor completa a frase de
Matthew J. Slick. “Embora nem todos os relativistas ajam de maneira
não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor para a anarquia
geral. Por quê?” 
a) Porque é uma justificação para fazer o que se quer.
b) Porque torna o homem intolerante para com a “verdade de cada
um”.
c) Porque fomenta conflitos e guerras entre os povos.
d) Porque essa postura cai no fundamentalismo que dificulta a
compreensão de outros pontos de vista.
e) Porque se trata de uma postura radical e alimenta os conflitos
especificamente religiosos e políticos.
7. Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo:
Em Atenas, muitos jovens buscavam Sócrates na via pública para
aprender. O filósofo interpelava os transeuntes e fazia tantas perguntas
que, no final, eles reconheciam a própria ignorância e, para Sócrates,…
a) é exatamente no reconhecimento da própria ignorância que
começava o caminho para a sabedoria.
b) as pessoas eram desprovidas da verdade.
c) as pessoas que reconhecessem a própria ignorância não estavam
habilitadas para adquirir o conhecimento.
d) somente as inteligências mais aguçadas teriam acesso à verdade.
e) toda verdade é relativa.
8. “... existe uma diferença infinita entre homem e homem...”
(Protágoras). A frase do filósofo refere-se:
a) à verdade única que está dentro do Homem, concebido abstra -
tamente.
b) ao universo íntimo do homem, em que vive latente a verdade.
c) à universalidade da busca de uma verdade única.
d) ao relativismo que é atribuído aos sofistas.
e) à impossibilidade de duas pessoas se parecerem entre si. 
9. “É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta e que
certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites
da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto”. Isso significa
que para quem tivesse pronunciado tais palavras:
a) Existe uma verdade universal.
b) Não existem verdades relativas.
c) A moral não tem qualquer relação com a cultura.
d) Não há verdades produzidas pelos homens.
e) Toda verdade é relativa.
10.O texto de Matthew Slick compactua com a postura filosófica de
Protágoras ou de Sócrates? Justifique.
11.Se toda verdade é relativa, isso também é relativo. Comente o
sentido dessa frase.
12.Qual é o sentido da expressão de Protágoras: o homem é a medida
de todas as coisas?
13.Explique a Maiêutica socrática. 
14.Explique o sentido grego da palavra aletheia.
1) B 2) E 3) D 4) C 5) D
6) A 7) A 8) D 9) E
10) Com a de Sócrates, pois o texto critica o relativismo, segundo
o qual não há uma verdade universalmente válida; esta era a
postura de Protágoras, para quem o homem era a medida de
todas as coisas. 
11) A frase denuncia uma contradição do relativismo, pois afirmar
que tudo é relativo parece uma verdade muito rígida, o que
não combina com a pregação aparentemente democrática
dos relativistas. Claro que há pequenas verdades pessoais,
culturais e historicamente construídas, mas alguns filósofos
reivindicam verdades éticas, morais, humanitárias ou mesmo
religiosas (metafísicas), de aplicação universal. 
12) Para Protágoras, não existe um critério de juízo objetivo: toda
verdade é verdade para um sujeito. Cada indivíduo percebe o
mundo à sua maneira. Segundo ele, até os diferentes sabores
que os homens experimentam nos alimentos constituem uma
prova do subjetivismo perceptivo, não podendo servir como
critério de sabedoria. 
13) Para Sócrates, a verdade se encontrava dentro do homem, e
sua pedagogia consistia em trazer à luz essa verdade,
desvelá-la. Maiêutica significa o que é relativo ao parto. 
14) Aletheia significa o não oculto, não escondido, não
dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do
corpo e do espírito, a verdade é a manifestação daquilo que é
ou existe tal como é. Assim, a verdade é uma qualidade das
próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas.
Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade
e, portanto, a verdade depende de que a realidade se
manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se
esconda ou se dissimule em palavras. 
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PLATÃO E A REPÚBLICA
1. Introdução
Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 
427 a.C. e morreu em 347 a.C. É considerado um dos
mais impor tantes filósofos gregos, e influenciou profunda -
mente a forma de ver o mundo no ocidental. Toda a sua
filosofia se fundamentou na divisão do mundo em duas
realida des: o das coisas sensíveis (mundo das ideias e a
inteligência) e das coisas visíveis (seres vivos e a matéria). 
Platão procedia de uma família de aristocratas e
vangloriava-se dos antepassados. Iniciou seus estudos
em filosofia quando tinha vinte e nove anos de idade e
conheceu seu mestre Sócrates. Fundou a Academia, uma
escola de filosofia com o propósito de recuperar e
desenvolver as ideias e pensamentos socráticos.
Convidado pelo rei Dionísio, passou um tempo em
Siracusa, ensinando filosofia na corte. 
Voltou para Atenas para administrar a Academia, onde
desenvolveu estudos em matemática, ciências, retórica
e filosofia. Escreveu importantes e imortais obras, como:
Apologia de Sócrates, em que valoriza os pensamentos
do mestre; O Banquete, em que fala sobre o amor de
uma forma dialética; e A República, em que analisa a
política grega, a ética, o funcionamento das cidades, a
cidadania e questões sobre a imortalidade da alma.
Considerava a política uma decorrência natural da filosofia
e acreditava que o poder estava reservado aos sábios. 
Platão valorizava os métodos de debate e diálogo
como formas de alcançar o conhecimento. Para ele, os
alunos deveriam descobrir as coisas superando os
problemas impostos pela vida e o objetivo maior da
educação era o desenvolvimento do homem moral. 
Platão deixou influências culturais em todo o Ocidente.
O famoso Mito da Caverna é narrado por Platão no
livro VII da República. Trata-se de uma metáfora filosófica
que já teve várias interpretações, mas possui um sentido
universal e profundo que descreve a condição da exis -
tência humana. Para o filósofo, todos nós estamos
condenados a ver sombras à nossa frente e tomá-las
como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos
homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e
ainda inspira inúmeras reflexões. Uma delas é o livro A
Caverna, do escritor português José Saramago.
Platão enxergava na humanidade numa condição infeliz.
Imaginou os homens todos aprisionados numa caverna e
imobilizados, obrigados a olharem sempre a parede em
frente. Então o que veriam? O bruxuleio das sombras dos
objetos e animais, por conta de uma luminosidade vinda
detrás. Assim, os homens acreditavam que as imagens
fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que
Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o
espectro pela realidade. A sua existência era, pois,
totalmente dominada pela ignorância (agnóia). 
Imagem de Mats Halldin. O mito da caverna é uma alegoria da condição
de ignorância dos homens. 
2. O Mito
Imaginemos uma caverna separada do mundo
externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da
cavernahá uma fresta por onde passa um fino feixe de luz
exterior, deixando a caverna na obscuridade quase
completa. Desde o nascimento, geração após geração,
Platão e a República 
Aristóteles e o Pensamento LógicoMÓDULO 3
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14 –
seres humanos encontram-se ali, de costas para a
entrada, acorrentados, sem poder mover a cabeça nem
se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo,
vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz
do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros,
nem a si mesmos, apenas suas sombras e as dos outros,
porque estão no escuro e imo bilizados. Abaixo do muro,
do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina
vagamente o interior sombrio e faz com que tudo o que
se passa do lado de fora seja projetado como sombra nas
paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas
passam conver sando e carregando nos ombros figuras
ou imagens de homens, mulheres e animais cujas
sombras também são projetadas na parede da caverna,
como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam
que as sombras, os sons de suas falas e as imagens que
transportam nos ombros são as próprias coisas externas,
e que os artefatos projetados são seres vivos que se
movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição
em que se encontra, decide abandonar a caverna. Fa brica
um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início,
move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na
direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos
de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No pri -
mei ro instante, fica totalmente cego pela luminosidade
do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados.
Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu
corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de
seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o
fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna.
Sente-se dividido entre a incre dulidade e o deslumbra -
mento.
Ao permanecer no exterior, o prisioneiro, aos poucos,
se habitua à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem
a felicidade de ver a realidade, descobrindo que estivera
prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas
sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para
sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar
a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos
outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de
regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais
o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não
acreditando em suas palavras e, se não conseguem silen -
ciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espan cando-o.
Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os
convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-
lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidir sair da caverna
rumo à realidade?
3. A República de Platão (Resumo)
Quem nunca construiu em sua mente uma sociedade
perfeita, infalível em funcionamento e estrutura? Todos
os que almejam mais de si mesmo e do mundo devem
ter se rendido à técnica da idealização. Platão faz o
mesmo em sua República. Idealiza uma sociedade
perfeita, harmônica, simbiótica. Para isso lança mão da
alegoria da caverna, que põe em xeque um par de
distinções muito ligado à natureza da alma do ser
humano: é o par essência e aparência, repre sen tadas,
respectivamente, pelo mundo inteligível e pelo mundo
sensível. Platão utiliza, para desenvolver a dicotomia
aparência/ideias, dois mecanismos bastante peculiares e
acessórios ao desenvolvimento retórico-filosófico, a
saber: a dialética e a alegoria, cuja conceituação se dará
a seguir. A dialética é, segundo Platão, o único meio de
levar o filósofo até o Bem, já que consiste em estender os
limites lógicos das reflexões filosófico-ideológicas. Este
“estender” implica submeter o próprio pensamento às
opiniões e/ou contradições de outrem, justamente o que
acontece n’A República, em que há um constante diálogo
entre, por exemplo, Só crates e Glauco. Já a alegoria
representa um papel ainda mais relevante na difusão do
axioma filosófico proposto. Conceituada, grosso modo,
como um conjunto interli gado de metáforas, ela se
manifesta de maneira mais relevante no “mito da
caverna” (livro VII). Nele, Platão cria dois planos: “a
caverna” e “o dia”, cada qual com seus elementos
específicos. A caverna, que representa o mundo sensível,
é composta pelos seguintes elementos: a sombra das
marionetes, as marionetes e o fogo (respectivamente
representando as sombras do real, a realidade e o Sol). O
dia (metáfora do mundo inteligível), por sua vez, também
é composto por três elementos, sendo eles as sombras
e reflexos, a realidade e o Sol (que representam, também
respectivamente, as sombras das ideias, as ideias
propriamente ditas e o Bem). Construída esta alegoria,
Platão ressalta a necessidade de sair da caverna e
contemplar o Sol, ou seja, de libertar-se das falsas
realidades, conhecer por inteiro as realidades palpáveis,
partir em busca das ideias e, finalmente, atingir o Bem.
Platão privilegia a filosofia em detrimento da poesia. O
pensamento platônico deixa claro que tornar-se um
filósofo não é tarefa das mais fáceis, pois exige o
desapego das coisas subjetivas e piegas e exige o
direcionamento da atenção fundamentalmente para o
mundo inteligível. Se apenas os filósofos podem alcançar
este grau absoluto de verdade, conclui-se que só mesmo
eles podem orientar os que ainda não conseguiram “sair
da caverna e con templar o Sol”. Desta forma, cabe a eles,
na so ciedade perfeita de Platão, ocupar o posto de
dirigentes, con trolando desde os contribuintes para o bem
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material até os encarregados da proteção e defesa da já
mencionada cidade. Por outro lado, o poeta não pode ria
ser um constituinte da cidade perfeita, visto que está a
três passos da realidade (já que sua produção espelha-se
na sombra da realidade). Por estar tão distante do mundo
inteligível, sua obra nos revela apenas a aparência e
apresenta uma descrição, sobretudo dos aspectos
trágicos e taciturnos da natureza humana, o que, por
conseguinte, corrompe a alma. O poeta, em suma, é duas
vezes ilusório, visto que não imita o mundo ima nente, e
sim apenas o mundo sensível. Isso não quer dizer,
contudo, que a poesia deveria ser totalmente descartada.
O pensamento platônico impu nha que o aprimoramento
da educação dos guardiões deveria ser feito através de
“ginástica para o corpo e música para a alma”. Desta
forma, urgia a necessidade de selecionar o conteúdo das
letras das músicas, uma vez que elas poderiam conter
apenas parte da verdade. A poesia poderia, sim, ser
utilizada com fins educativos, desde que não disseminas -
sem concepções deturpadas da realidade. O próprio
filósofo admite a utilidade de poetas como Homero, que
exaltou o grego do passado e transmitiu às gerações
posteriores um grande exemplo de procedimento que leva
ao Bem. Todavia, obras, por exemplo, como a Ilíada, que
atribuía aos deu ses tanto o bem quanto o mal, deveriam
ser termi nantemente descar tadas. Não obstante a
possibilidade de utilização da poesia com fins educativos,
Platão deixa transparecer o desejo de substituição da
poesia pela filosofia como meio didático, pois somente
esta última pode nos revelar, na sua forma dialética, o que
são, de fato, as realidades verdadeiras. 
(Disponível em: <www.logosofia.org.br>.)
Academia de Platão da Vila de T. Siminus Sephanus, Pompeia (I a.C.)
4. Excertos de A República, de Platão
SÓCRATES – Reflete agora sobre o que te vou dizer.
Qual é o objeto da pintura? O de representar o que é, tal
qual é, ou o que parece, tal qual parece? Imita a aparência
ou a realidade?
GLAUCO – A aparência. 
SÓCRATES – Logo, a arte de imitar está muito
afastada do verdadeiro; e a razão por que faz tantas coisas
é que só toma uma pequena parte de cada uma, e esta
mesmo não passa de simulacro ou fantasma. Um pintor,
por exemplo, pinta um sapateiro,um carpinteiro ou outro
artesão qualquer, sem ter nenhum conhecimento de suas
respectivas artes. Isso não impede, se é bom pintor, de
iludir as crianças e os ignorantes, mostrando-lhes de
longe um carpinteiro por ele representado e que tomem
por imitação da verdade.
GLAUCO – Sem dúvida. 
SÓCRATES – O mesmo se deve entender, meu caro
amigo, de todos os que fazem como o pintor. Sempre que
alguém nos vier dizer ter encontrado um homem que
sabe todos os ofícios e reúne em si, em elevado grau,
todos os conhecimentos que se acham repartidos entre
muitos, é preciso desenganá-lo, mostrando-lhe que não
passa de um tolo por se ter deixado lograr por um imitador
ou mágico a quem tomou por sábio, simples mente
porque não sabe discernir a ciência da ignorân cia, a
realidade da imitação. 
GLAUCO – É a pura verdade. 
SÓCRATES – Resta-nos agora considerar a tragédia
e Homero, seu criador. Como ouvimos diariamente a
certas pessoas que os poetas trágicos entendem muito
de todas as artes e ciências humanas que se referem ao
vício e à virtude e mesmo com as de natureza divina; visto
que a um bom poeta é necessário estar perfeitamente
instruído nos assuntos de que trata se quiser versá-lo com
êxito que de outra sorte lhe seria impossível, cumpre
verificarmos se os que assim falam não se deixam iludir
por esta espécie de imitadores; se, vendo-lhes as
produções, esqueceram de notar que se afastam três
graus da realidade e que, sem conhecer a verdade, é fácil
compô-los, visto que não passam, ao cabo, de meros
fantasmas sem sombra do real; ou se há algo de sólido no
que dizem; e se, realmente, os bons poetas entendem das
matérias sobre as quais o comum dos homens pensa que
escreveram bem. 
(...)
SÓCRATES – A poesia imitativa produz em nós
também o amor, a ira e todas as paixões da alma que têm
por objetivo o prazer e a dor, influindo em todas as nossas
ações, porque as alimenta e orvalha em vez de dessecá-
las; faz-nos mais viciados e infelizes, pelo domínio que dá
a estas paixões sobre nossa alma, em vez de mantê-las
inteiramente dependentes, o que nos tornaria melhor e
mais felizes. 
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GLAUCO – Tenho de concordar contigo.
SÓCRATES – Assim, pois, caro Glauco, quando
encontrares admiradores de Homero a dizer que este
poeta instruiu e formou a Grécia e que a gente aprende,
lendo-o, a governar-se e a bem conduzir-se nas várias
contingências da vida e que o melhor a fazer é pautar os
atos por seus preceitos, será de bom conselho acolhê-los
com toda a atenção e respeito, como a homens bem
intencionados e virtuosos que são, e admitir que Homero
é o maior dos poetas e o primeiro dos trágicos. Mas, ao
mesmo tempo, não esqueças que em nossa república só
se hão de tolerar como obras poéticas os hinos de louvor
dos deuses e os elogios de homens ilustres. Por que
assim que aí deres entrada à musa mais voluptuosa da
poesia lírica ou épica, desde esse momento o prazer e a
dor reinarão no Estado em lugar da lei e da razão, cuja
excelência todos os homens reconheceram sempre. 
GLAUCO – Nada é mais certo.
SÓCRATES – Visto que surgiu nova ocasião de falar
em poesia, já ouviste o que tenho a dizer sobre o assunto
para provar que, sendo o que é, tivemos razão de
desterrá-la de uma vez por todas de nossa república;
porquanto fora impossível resistir à força dos motivos que
a isso nos levaram. 
PLATÃO. A República. São Paulo: Livraria e Exposição do Livro, s.d.
(p.280-81 e 289) 
Platão acredita que a educação deva começar muito cedo na vida das
pessoas, e que se desenvolva, sobretudo, em torno de um treinamento
físico adequado. 
ARISTÓTELES E O PENSAMENTO LÓGICO
5. Introdução
Aristóteles foi um dos mais importantes filósofos
gregos e deixou grande rastro na história do pensamento
ocidental. Nasceu em 384 a.C., em Estagira, e morreu em
324 a. C. na cidade de Cálcis.
Aristóteles é considerado o criador do pensamento
lógico. Suas obras influenciaram profundamente a teo -
logia cristã e islâmica. 
Escreveu uma quantidade enorme de livros, entre
eles: Ética a Nicômaco, Política, Arte Poética, Retórica
das Paixões, O Homem de Gênio e a Melancolia, De
Anima, A Metafísica, e muito mais. 
Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico.
6. Filosofia da Natureza 
Para Platão, as coisas concretas que se movem são
simples aparências, sombras da verdadeira realidade que
está no mundo das ideias. Aristóteles critica esse
idealismo de seu mestre, e desenvolve uma concepção
mais realista ou empirista. Assim, cria uma dualidade: o
mundo é feito de matéria (ou substância) e forma. A
matéria é passividade, contendo a virtualidade da forma
em potência. A forma, por sua vez, é o princípio inteligível,
a essência comum a todos os indivíduos de uma mesma
espécie. Assim, a coisa comum a todos os seres de uma
mesma espécie é a forma e tudo o que é distintivo ou
singular é a matéria ou substância. O movimento,
portanto, é a atualização da forma realizada pelo ser. 
Há uma ontologia aristotélica. Entende-se por
ontologia o estudo da natureza do ser (verificar glossário).
Para o filósofo, as substâncias interagem de várias
maneiras para produzir objetos que diferem em proprie -
dades como quantidade, qualidade, tempo, posição e
condição de ação. Assim, Aristóteles criou uma filosofia
da natureza, afirmando que a matéria sofre processos de
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mudança dinâmica e espontânea mediados por princípios
estruturais preexistentes. Elaborou assim, uma espécie de
hierarquia de existências que começam com os quatro
corpos primários: terra, água, fogo, ar, os quais formam
substâncias inorgânicas e, depois, os seres vivos: as
plantas apresentam as funções de crescimento, nutrição
e reprodução; os animais possuem, além dessas, as de
sensação, desejo e locomoção; e os seres humanos, a
faculdade da razão. Segundo a antropologia aristotélica, o
homem pode exercer a suprema atividade que é a
obtenção do conhecimento, através de sua alma racional. 
Metafísica estuda o ser e a sua origem primeira.
7. A Metafísica
O sentido da palavra metafísica deve-se a Aristóteles
e a Andrônico de Rodes. Aristóteles escreveu sobre
temas relacionados à e sobre temas relacionados à ética
e à política, entre outros semelhantes. Andrônico, ao
organizar os escritos de Aristóteles, o fez de forma que,
espacialmente, aqueles que tratavam de temas
relacionados à physis viessem antes dos outros. Assim,
eles vinham além da física (Meta = depois, além; Physis
= física). Neste sentido, a metafísica é algo intocável, que
só existe no mundo das ideias. Assim, Andrônico orga -
nizou os escritos de acordo com a classificação dos dois
temas. Ética, política etc. são assuntos que não tratam de
seres físicos, mas de seres não-físicos exis tentes apesar
da sua imaterialidade. Metafísica, portanto, trata de
problemas sobre o propósito e a origem da existência e
dos seres. Especulação em torno dos primeiros princípios
e das causas primeiras do ser. Metafísica, portanto, pode
estar relacionado à reflexão filosófica ou à Teologia. 
A metafísica é, segundo o pensamento aristotélico, a
filosofia primeira que analisa os métodos e as premissas
das filosofias secundárias (as ciências particulares), e ela
estuda o ser enquanto ser. Assim, a metafísica analisa
abstratamente a noção de realidade. O que define um
homem e em que ele se distingue dos animais, por
exemplo, é a sua forma universalmente humana e não
particularidades materialmente observáveis. Nesse caso,
a forma humana é a racionalidade. Em Aristóteles, porém,
a razão difere da concepção platônica, pois ela não
provém do mundo das ideias, ao contrário, trata-se de
uma habilidade e não de uma dimensão espiritual. Assim,
o homem não nasce, segundo esse filósofo, com ideias
inatas, como pensava Platão.
Texto: 
Política em Aristóteles
Aristóteles começou a escrever suas teorias políticas
quando foi preceptor de Alexandre, o Grande. Para
Aristóteles, a Política é a ciência mais suprema, à qual as
outras ciências estão subordinadase da qual todas as
demais se servem numa cidade. A tarefa da Política é
investigar qual a melhor forma de governo e instituições
capazes de garantir a felicidade coletiva. Segundo
Aristóteles, a pouca experiência da vida torna o estudo da
Política supérfluo para os jovens, por regras impru dentes,
que só seguem suas paixões. Embora não tenha proposto
um modelo de Estado, como seu mestre Platão,
Aristóteles foi o primeiro grande sistematizador das coisas
públicas. Diferentemente de Platão, Aristóteles faz uma
filosofia prática e não ideal e de especulação como seu
mestre. O Estado, para Aristó teles, constitui a expressão
mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza.
Segundo Aristóteles, assim como é impos sível conceber
a mão sem o corpo, é impossível con ceber o indivíduo
sem o Estado. O homem é um animal social e político por
natureza. E, se o homem é um animal político, significa
que tem necessidade natural de conviver em sociedade,
de promover o bem comum e a felicidade. A polis grega
encarnada na figura do Estado é uma necessidade
humana. O homem que não necessita de viver em
sociedade, ou é um deus ou uma besta. Para Aristóteles,
toda cidade é uma forma de associação e toda associação
se estabelece tendo como finalidade algum bem. A
comunidade política forma-se de forma natural pela
própria tendência que as pessoas têm de se agruparem.
E ninguém pode ter garantido seu próprio bem sem a
família e sem alguma forma de governo. Para Aristóteles,
os indivíduos não se associam somente para viver, mas
para viver bem. Dos agrupa mentos das famílias formam-
se as aldeias, do agru pamento das aldeias forma-se a
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cidade, cuja finalidade é a virtude dos seus cidadãos para
o bem comum. A cidade aristotélica deve ser composta
por diversas classes, mas quem entrará na categoria de
cidadãos livres que podem ser virtuosos são somente
três classes su periores: os guerreiros, os magistrados e
os sacerdo tes. Aristóteles aceita a escravidão e a
considera desejável para os que são escravos por
natureza. Estes são os incapazes de governar a si
mesmos, e, portanto, devem ser gover nados. Segundo
Aristóteles, um cidadão é alguém politicamente ativo e
participante da coisa pública. Segundo Aristóteles, sem
um mínimo de ócio não se pode ser cidadão. Assim, o
escravo ou um arte são não se encontra suficientemente
livre e com tempo para exercer a cidadania e alcançar a
virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica. E
os escravos devem trabalhar para o sustento dos
cidadãos livres e virtuosos. Aristóteles contesta o
comunismo de bens, mulheres e crianças proposto por
Platão. Segundo ele, quanto mais comum for uma coisa
menos se cuida dela.
Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics
Autoria: Filosofolionessantos Adaptado
Aristóteles deixou inúmeros textos que versam em diversas áreas. 
Texto: 
O Pensamento de Aristóteles.
“Mestre dos que sabem”, assim se lhe refere Dante
na Divina Comédia. Com Platão, Aristóteles criou o núcleo
propulsionador de toda a Filosofia posterior. Mais realista
do que o seu professor, Aristóteles percorre todos os
caminhos do saber: da biologia à metafísica, da psicologia
à retórica, da lógica à política, da ética à poesia.
Impossível resumir a fecundidade do seu pensa mento em
todas as áreas. Apenas algumas ideias. A obra aristotélica
só se integra na cultura filosófica europeia da Idade
Média, através dos árabes, no século XIII, quando é
conhecida a versão (orientalizada) de Averróis, o seu mais
importante comentarista. Depois, S. Tomás de Aquino vai
incorporar muitos passos das suas teses no pensamento
cristão.
A teoria das causas. O conhecimento é o conhe -
cimento das causas – a causa material (aquilo de que uma
coisa é feita), a causa formal (aquilo que faz com que uma
coisa seja o que é), a causa eficiente (a que transforma a
matéria) e a causa final (o objetivo com que a coisa é
feita). Todas pressupõem uma causa primeira, uma causa
não causada, o motor imóvel do cosmos, a divindade, que
é a realidade suprema, a substância plena que determina
o movimento e a unidade do universo. Mas, para
Aristóteles, a divindade não tem a faculdade da criação
do mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã
que vai dar à divindade o poder da Criação.
Aristóteles opõe-se, frequentemente, a Platão e à sua
teoria das Ideias. Para o estagirita, não é possível pensar
uma coisa sem lhe atribuir uma substância, uma quanti -
dade, uma qualidade, uma atividade, uma passividade,
uma posição no tempo e no espaço etc. Há duas es -
pécies de Ser: os verdadeiros, que subsistem por si, e os
acidentes. Quando se morre, a matéria fica; a forma, o
que caracteriza as qualidades particulares das coisas,
desaparece. Os objetos sensíveis são constituí dos pelo
princípio da perfeição (o ato), são enquanto são e pelo
princípio da imperfeição (a potência), através do qual se
lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato
explica a unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a
mudança.
Aristóteles é o criador da biologia. A sua observação
da natureza, sem dispor dos mais elementares meios de
investigação (o microscópio, por exemplo), apesar de ter
hoje um valor quase só histórico, não deixa de ser
extraordinária. O que mais o interessava era a natureza
viva. A ele se deve a origem da linguagem técnica das
ciências e o princípio da sua sistematização e organi zação.
Tudo se move e existe em círculos concêntricos,
tendente a um fim. Todas as coisas se separam em
função do lugar próprio que ocupam, determinado pela
natureza. Enquanto Platão age no plano das ideias,
usando só a razão e mal reparando nas transformações da
natureza, Aristóteles interessa-se por estas e pelos
processos físicos. Não deixando de se apoiar na razão, o
filho de Nicômaco usa também os sentidos. Para Platão,
a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles, é tam -
bém o que percebemos ou sentimos. O que vemos na
natureza – diz Platão – é o reflexo do que existe no mundo
das ideias, ou seja, na alma dos homens. Aristóteles dirá:
o que está na alma do homem é apenas o reflexo dos
objetos da natureza, a razão está vazia enquanto não
sentimos nada. Daí a diferença de estilos: Platão é
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poético, Aristóteles é pormenorizado, preferindo, porém,
o fragmento ao detalhe. Chegaram até nós 47 textos do
fundador do Liceu, provavelmente inacabados por serem
apontamentos para as lições. Um dos vetores
fundamentais do pensamento de Aristóteles é a Lógica,
assim chamada posteriormente (ele preferiu sempre a
designação de Analítica). A Lógica é a arte de orientar o
pensamento nas suas várias direções para impedir o
homem de cair no erro. O Organon será para sempre um
modelo de instrumento científico a serviço da reflexão. O
Estado deve ser uma associação de seres iguais pro -
curando uma existência feliz. O fim último do homem é a
felicidade. Esta atinge-se quando o homem realiza,
devidamente, as suas tarefas, o seu trabalho, na polis, a
cidade. A vida da razão é a virtude. Uma pessoa virtuosa
é a que possui a coragem (não a cobardia, não a au dácia),
a competência (a eficiência), a qualidade mental (a razão)
e a nobreza moral (a ética). O verda deiro homem virtuoso
é o que dedica largo espaço à medi tação. Mas nem o
próprio sábio se pode dedicar, totalmente, à reflexão. O
homem é um ser social. O que vive, isoladamente,
sempre, ou é um deus ou uma besta. A razão orienta o
ser humano para que este evite o excesso ou o defeito (a
coragem – não a cobardia ou a temeridade). O homem
deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver
usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente, os
prazeres, e conhecer, corretamente, o que deve temer.
Também na Poética, o contributo ordenador de
Aristóteles será definitivo: ele estabelecerá as caracte -
rísticas e os fins da tragédia. Uma das suas leis sobre ela
estender-se-á, por séculos, a todo o teatro: a regra das
três unidades, ação, tempo e lugar.
Erros, incorreções, falhas,terá cometido Aristóteles.
Alguns são célebres. Na zoologia, por exemplo, considera
que o homem tinha oito pares de costelas, não reconhece
os ossos do crânio humano (três para o homem, um,
circular, para a mulher), supõe que as artérias estão cheias
de ar (como, aliás, supunham os médicos gregos), pensa
que o homem tem um só pulmão. Não esqueçamos:
Aristóteles classificou e descreveu cerca de quinhentas
espécies animais, das quais cinquenta terá dissecado –
mas nunca dissecou um ser humano. 
A grandeza genial da sua obra não pode ser questio -
na da por tão raros erros, frutos da época – mais de 2 000
anos antes de nós.
(Por Orlando Neves – Intelectual português. Adaptado.)
– 19
Platão e a educação (uma reflexão)
“Os ideais de educação formulados por Platão podem
ser encontrados em sua maneira mais acabada nos
diálogos A República e As Leis, nos quais o filósofo
demonstra a importância do processo pedagógico para a
constituição de um estado soberano e justo. E é
precisamente sobre o tema da Justiça que o primeiro livro
da República discorre, no intuito de se estabelecer um
conceito que possa ser a base para um projeto educacional. 
Podemos, a partir de este exemplo, compreender que
a educação deve ser norteada por valores considerados
justos para todos os agentes envolvidos no processo. Por
justiça, neste caso, podemos entender a igual
oportunidade para todos, em que nenhuma pessoa possa
cercear o direito de outro com base na ideia de uma
equidade consignada, ou seja, o aspecto de que meu
acesso a determinado direito seja condicionado à perda
de tal direito por outrem. A questão da educação inclusiva
nos rende alguns exemplos de como isso vem
acontecendo. Não é justo que deficientes auditivos, por
exemplo, fiquem sem acesso à educação formal em
instituições de ensino públicas, pois é direito deles, como
de todos os outros cidadãos, receberem educação
gratuita e de qualidade. Contudo, o que acontece neste
caso é que muitas vezes tais educandos com estas
necessidades são simplesmente inseridos em sala de
aula sem nenhuma forma de reestruturação física ou
cognitiva das mesmas. Em muitos casos, os professores,
que não receberam preparo adequado para lidar com
estas situações de educação inclusiva, acabam se
deparando com situações que resultam em um
constrangimento para os próprios estudantes. Assim, por
mais que os docentes desejem promover a educação
inclusiva, ficam impossibilitados pela ausência de um
intérprete ou por uma formação em linguagem de sinais,
e os próprios alunos não terão acesso, pois não há uma
porta que possibilite a comunicação plena entre mestres e
discentes. Fez-se a inclusão de maneira injusta, e o escopo
disto é que não se promoveu o acesso à educação.
Ulteriormente, Platão acredita que a educação deva
começar muito cedo na vida das pessoas, e que se
desenvolva, sobretudo, em torno de um treinamento
físico adequado. Evitar os excessos da alimentação e
preparar o corpo físico nos moldes da educação espartana
era o caminho para o desenvolvimento de uma população
saudável, aspecto imprescindível para a estruturação de
um estado com alto nível de bem-estar social. Neste
caso, analisando os dias atuais, é comum observar a
desmedida que pode ocasionar vícios, ou seja, é comum
Platão e a Educação (uma reflexão)
Revolução da Alma, texto de Aristóteles
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encontrar pessoas que não praticam atividade física
nenhuma – a grande maioria da população –, e uma
pequena fração que vive apenas para a academia, ambos
equivocados. No âmbito da educação, é normal observar
nas instituições de ensino que o espaço destinado para a
prática de educação física muitas vezes se limita a uma
quadra de cimento rústica comprimida entre muros ou
paredes das salas de aula. Gerações inteiras de jovens
cresceram e crescem sem nunca praticarem atletismo,
natação, e outros esportes que podem desenvolver as
habilidades físicas e o fortalecimento do corpo. Aqueles
pais que não possuem condições de proporcionar o
acesso a academias particulares ou colégios com boas
condições estruturais para seus filhos os verão desen -
volverem-se apenas sob a prática massiva de futsal ou
vôlei. Platão ainda alerta para o fato de que os jovens
recebam uma boa educação musical para que possam
poten cializar sua sensibilidade e criatividade. Novamen -
te, hoje, aqueles que não podem pagar por um serviço
particular para fornecer educação musical aos filhos,
observam a prole crescer embalada pelos ritmos musicais
da pior manifestação cultural musical da história da
civilização, fruto da indústria cultural de massa.
Platão escreveu sobre isto há cerca de 2400 anos, e talvez
estejamos a esperar outros 2400 anos para ouvir os
conselhos de um homem sábio. Pena que não tenho
certeza de que haverá alguém ainda para ser educado
quando a civilização chegar lá.”
Por Maurício Fernando Bozatski (Mestre em Filosofia. Coordenandor
do Curso de Filosofia da Faculdade Sant’Ana. Professor do SESI e 
da SEED/PR e escritor)
Revolução da Alma, texto de Aristóteles
“Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não
entregues a tua alegria, a tua paz, a tua vida, nas mãos de
ninguém, absolutamente de ninguém. Somos livres, não
pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos
dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que
seja. A razão da tua vida és tu mesmo. A tua paz interior é
a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma,
quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo
tendo tudo, remete o teu pen samento para os teus desejos
mais íntimos e busca a divindade que existe em ti. Para de
colocar a tua felici dade, cada dia, mais distante de ti. Não
coloques objeti vos longe demais de tuas mãos, abraça os
que estão ao teu alcance, hoje. Se andas desesperado por
problemas financeiros, amorosos ou de relacionamentos
familiares... busca no teu interior a resposta para te
acalmares, tu és o reflexo do que pensas diariamente. Para
de pensar mal de ti mesmo e sê teu melhor amigo,
sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então, abre
um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o
melhor. Com um sorriso no rosto, as pessoas terão as
melhores impressões de ti e tu estarás afirmando para ti
mesmo que estás ‘pronto’ para seres feliz. Trabalha,
trabalha muito a teu favor. Para de esperar a felicidade sem
esforços. Para de exigir das pessoas aquilo que nem tu
conquistaste, ainda. Critica menos, trabalha mais. E não te
esqueças, nunca, de agrade cer. Agradece tudo que está na
tua vida neste momento, inclusive a dor. A nossa
compreensão do universo ainda é muito pequena para
julgar o que quer que seja na nossa vida.”
Glossário 
Ontologia: Conforme o dicionário Aurélio, “ontologia” é
a “parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é,
do ser concebido como tendo uma natureza comum que
é inerente a todos e a cada um dos seres (...)”. Tendo-se
em conta que “onto”, do grego, significa indivíduo ou ser,
e “logia” comumente significa estudo, tem-se que
“ontologia” vem a ser o estudo investigativo e compa -
rativo do indivíduo – aqui tido como exemplar da espécie
humana – frente aos demais seres vivos, passando pela
sua concepção, criação, evolução e extinção. Busca,
portanto, o conhecimento profundo acerca da natureza do
ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos
e espirituais, confrontando-os com aqueles que
caracterizam e distinguem os demais seres vivos.
Frases de Platão
“O belo é o esplendor da verdade”. 
“O que mais vale não é viver, mas viver bem”. 
“Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias”. 
“O amor é uma perigosa doença mental”. 
“Praticar injustiças é pior que sofrê-las”. 
“A harmonia se consegue através da virtude”. 
“Teme a velhice, pois ela nunca vem só”. 
“A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda
a perfeição e a beleza que podem ter”. 
Frases de Aristóteles
“O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar
o mestre.” 
“A principal qualidade do estilo é a clareza.” 
“O homem que é prudente não diz

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