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– 1
1. Introdução
O homem, diferentemente de outras espécies, não
se contenta em viver no mundo satisfazendo simples -
mente suas necessidades primárias. Sente a neces sidade
de interpretar o mundo e acaba criando um segundo
mundo: o mundo humano. Assim, podemos definir a
espécie humana como aquela capaz de refletir sobre sua
própria condição, capaz de planejar sua ação, de
simbolizar e de produzir o universo da cultura. 
Deste novo mundo, faz parte a produção de arte fatos,
necessários para complementar uma inacabada estrutura
biológica. O homem, assim, cria lanças para caçar, arma -
men tos para guerrear, instrumentos para construir outras
coisas, máquinas para voar. Além desses objetos, o
homem ritualiza sua rotina, através de come morações,
cerimônias, festas e cultos. Assim, ele se assegura de
que a vida tem algum sentido e garante a reprodução da
vida social. 
O desenho de Escher sugere o exercício da reflexão humana. Segundo
o filósofo Ernst Cassirer, a meta mais elevada da Filosofia é o
conhecimento de si próprio.
Não é só isso. O homem elabora abordagens do real.
Não tolerando o caos ou a desordem, ele busca inter pre -
tações da realidade e acumula saberes que lhe permitem
uma vida plena de consciência, usando a inteligência para
escapar do absurdo da existência; ou seja, o homem, pelo
conhecimento, traça para si uma existência de fato
humana. Tais abordagens se apresentam em diversos
aspectos e versam em diferentes áreas do conhecimento:
a arte, a mitologia, a religião, a ciência, o senso comum e
a filosofia. 
2. O Senso Comum 
O senso comum é um conhecimento empírico,
herdado pelo meio social, pouco questionado, irrefletido,
fragmentário, difuso, elaborado sem método ou qualquer
sistema. Isso não quer dizer que não tenha valor, mas o
senso comum geralmente deve ser transcendido para
que não gere julgamentos errados, preconceituosos e
pobres. A realidade é complexa e exige esforços da
inteligência para que seja mais bem sondada. Cabe ao
bom senso saber usar o senso comum, reconhecendo
seu valor e suas limitações. Assim, desenvolve-se o sen -
so crítico, capacitado a questionar os valores transmi tidos,
sem destruí-los, apta a ade quá-los e transformá-los diante
das situações novas da existência. 
Zeus – Mito grego. Os gregos não se contentaram com as explicações
míticas, por isso desenvolveram a reflexão filosófica.
MÓDULO 1 Do Espanto à Reflexão
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Rodin, O Pensador. 
Só o homem reflete e questiona a sua existência.
3. O Nascimento da Filosofia 
Os gregos antigos contavam com uma mitologia
ampla e rica para explicar o universo e a realidade. Mas é
na Grécia Antiga, mais especificamente nas suas colônias
(Jônica e Magna Grécia), no século VI a.C, que nasce a
reflexão filosófica. Isso não decretou a morte do pensa -
mento mítico, mas muitos filósofos rejeitavam os mitos e
procuravam dessacralizar a natureza, buscando entender
como lógicos os processos naturais. Os mitos se
baseavam em certezas dogmáticas e não resultavam de
processos reflexivos. A filosofia, segundo Platão (428-347
a.C.), nascera do espanto, da per ple xidade, ou seja, da
capacidade humana de ad mirar o mundo. Assim, o
homem problematiza questões da vida, reflete sobre sua
própria condição e existência – filosofa. Sócrates (470-399
a. C.) afirmara que uma existência sem reflexão não valeria
a pena e sabemos que hoje, num mundo pragmático,
numa cultura marcada pelo cons tante culto ao vazio,
muitas pessoas preferem não refletir; abrem mão desse
privilégio ou mesmo desse risco, pois a reflexão
consciente nos mobiliza e então torna-se necessário sair
da nossa zona de conforto. Tudo para essas pessoas é
natural e a realidade não merece questionamento. Per ma -
necem no senso comum. 
Aristóteles, filósofo grego que valorizou a razão humana.
Texto Filosófico: Leia o texto escrito na Antiga Grécia
pelo filósofo Aristóteles em seu livro Metafísica: 
Os homens, no início, encontravam no assombro o
motivo para filosofar, por que no início eles se ma -
ravilhavam diante dos fe nô menos mais simples, dos quais
não podiam dar-se conta. Depois, paulatina mente,
passaram a estar diante de problemas mais com plexos,
como as condições da Lua e do Sol, as es trelas e a origem
do universo. 
Quem se encontra em estado de incerteza e de
assombro acredita ser ignorante (por isso, quem se
interessa pelas lendas também é, de alguma maneira,
filósofo, uma vez que o mito é um conjunto de coisas
maravilhosas). 
Se é verdade que os homens começaram a filosofar
para livrar-se da ignorância, é evidente que procuravam
conhecer por amor ao saber, e não por uma neces sidade
prática. Isso pode ser comprovado também pelo curso
dos eventos, uma vez que os homens buscaram essa
espécie de conhecimento somente depois que tiveram à
sua disposição todos os meios indispensáveis à vida,
assim como aqueles que oferecem comodidade e bem-
estar. 
É claro, então, que nos dedicamos a essa inves -
tigação sem visar vantagens exteriores. Assim como
dizemos que um homem que vive para si, e não para o
outro, é livre, do mesmo modo consideramos tal ciência. 
“Passar do senso comum à consciência filosófica
significa passar de uma concepção fragmentária,
incoerente, desarticulada, implícita, degradada,
mecâ nica, passiva e simplista a uma concepção
unitária, coerente, articulada, explícita, original,
intencional, ativa e cultivada”. 
(Dermeval Saviani) 
2 –
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– 3
O filósofo Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu
em 322 a.C. Seus pensamentos e ideias sobre a
humanidade têm influências significativas na educação e
no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é
considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras
influenciaram também na teologia da cristandade.
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde
conheceu Platão, tornando-se seu discípulo. Passou o ano
de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o
Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335
a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências
naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em
experimentações para comprovar fenômenos da
natureza.
O filósofo valorizava a inteligência humana como a
única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pen -
samentos foram seguidos e propagados pelos dis cípulos.
Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conheci men -
to: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia,
metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia,
psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho
didático, principalmente para o público geral. Valorizava a
educação e a considerava uma das formas crescimento
intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon,
que reúne grande parte de seus pensamentos.
Pensamento: “A educação tem raízes amargas, mas os
frutos são doces”. 
Glossário:
Dessacralizar: retirar determinado elemento cultural da
esfera sagrada. 
Dogmático: de dogma, relativo a uma verdade que não é
passível de questionamento. 
Sobre Aristóteles
1. De acordo com o texto filosófico de Aristóteles, julgue as colocações
abaixo:
a) A filosofia nasce da necessidade de sobrevivência humana. 
b) A filosofia é pura atividade contemplativa.
c) A filosofia é amor puro e desinteressado pelo conhecimento.
d) A filosofia nasce da apatia e da naturalização diante dos fenômenos. 
São coerentes:
a) todas. b) apenas I e II. c) apenas I e III. 
d) apenas II e III. e) apenas III e IV.
RESOLUÇÃO:
Resposta: D
2. “O ato de filosofar não pretende oferecer soluções já prontas,
isentas de todo questionamento... Liberdade e razão se entrecruzam, e
esse entrecruzamento reflete-se no ato de filosofar. É nestes termos
que o ato de filosofar contraria tanto a ideologização quanto a
mistificação, porque está atento à dimensão especificamente
histórica...”. 
(Thomas R. Giles)
Assinale a alternativa que melhor reflete a proposição acima.
a) O ato de filosofar se limita a uma simples contemplação ou
constatação dos fatos,excluindo qualquer engajamento.
b) Filosofar é estar em contato constante com os fatos e com a
experiência desses fatos, numa atitude de radicalidade (no sentido
de raiz, de profundidade) sempre renovada, à procura dos pressu -
postos e dos fundamentos de uma realidade que se manifesta e se
esconde.
c) A interioridade a que a Filosofia nos leva e para a qual nos conclama
é aquela de um eu isolado, contemplativo, absorto e distante do
mundo.
d) O ato de filosofar deve elaborar respostas rápidas e prontas, capazes
de expor soluções práticas às questões fundamentais da existência
e da vida social.
e) A atividade de filosofar se distingue do ato próprio de viver, segundo
o pressuposto de Sócrates.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
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4 –
3. Filósofos sempre tentaram definir o homem distinguindo-o dos
outros animais. Nesse sentido, podemos afirmar:
I. O homem é um ser social, enquanto os outros animais não vivem
em sociedade.
II. O homem tem uma grande capacidade de adaptação ao ambiente
geográfico e à alimentação.
III. O homem produz cultura, que é um mundo especificamente
humano, sem o qual não conseguiria viver adequadamente. 
IV. O homem não é um ser livre, somente os animais verdadeiramente
o são.
São coerentes apenas:
a) I e II b) II e III c) II e IV d) III e IV e) I e IV 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
4. A filosofia sempre procurou definir o homem distinguindo-o dos
demais animais. Avalie as proposições abaixo:
I. O homem é um ser que consegue repousar sobre seu próprio
corpo, prova de seu acabamento biológico.
II. O homem é um ser de linguagem articulada e inventiva.
III. O homem é o único ser social.
IV. O homem produz conhecimento e abordagens do real porque não
tolera o caos.
São coerentes:
a) I e II b) I e III c) II e III d) I e IV e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
5. “Ao homem cabem indagações axiológicas, ou seja, valorativas”.
Isso significa que
a) o homem não tem escolhas diante de sua existência.
b) o homem tem uma estrutura biológica inadequada para sobreviver
em qualquer ambiente geográfico.
c) o homem porta em sua existência consciente uma dimensão moral.
d) o homem não possui habilidades para refletir sobre a sua condição.
e) o homem é indiferente diante do outro, de sua dor e sofrimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
6. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do Universo. A palavra espanto (thauma em grego) teria aqui o sentido
de
a) medo ou receio.
b) perplexidade ou admiração.
c) susto ou pavor.
d) ignorância ou trevas.
e) conhecimento ou esclarecimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
7. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do Universo. No sentido aqui empregado, o contrário de espanto – e
que portanto não promoveria o ato de filosofar – poderia ser:
a) preconceito. b) tranquilidade.
c) indiferença. d) preocupação.
e) senso comum.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
8. Costuma-se dizer que a filosofia assume, por vezes, uma postura
negativa, no sentido de dizer não aos preconceitos, ao óbvio, ao senso
comum. Isso significa dizer que
a) a filosofia é um conhecimento crítico.
b) a filosofia é um conhecimento dogmático e rígido.
c) a filosofia é pessimista.
d) a filosofia não tem habilidade para refletir plenamente sobre a
existência e a condição humana.
e) os filósofos querem elaborar um conhecimento semelhante ao
produzido pela ciências naturais, como a biologia e a física.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
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– 5
1. O homem, diferentemente de outras espécies, não se contenta em
viver no mundo satisfazendo simplesmente suas necessidades
primárias. O homem também sente a necessidade de:
a) interpretar o mundo e de se adaptar a ele, criando a cultura.
b) acumular capital, sendo naturalmente ambicioso.
c) reproduzir-se sexualmente, dando continuidade à espécie.
d) viver em sociedade, coisa observável apenas nessa espécie.
e) dominar as outras espécies, garantindo, assim, a sua sobrevivência. 
2. O conhecimento empírico, herdado pelo meio social, pouco
questionado, irrefletido, fragmentário, difuso, elaborado sem método ou
qualquer sistema. 
A isso costuma-se chamar de:
a) bom senso. b) cientificismo. c) senso comum.
d) ideologia. e) reflexão filosófica.
3. “Os gregos antigos contavam com uma mitologia ampla e rica para
explicar o universo e a realidade. Mas é na Grécia Antiga, mais
especificamente nas suas colônias (Jônica e Magna Grécia), no século
VI a.C, que nasce a reflexão filosófica. Isso não decretou a morte do
pensamento mítico, mas muitos filósofos rejeitavam os mitos e
procuravam dessacralizar a natureza, buscando entender como lógicos
os processos naturais. Os mitos se baseavam em certezas”. No texto,
o termo dessacralizar está relacionado:
a) ao fato da cultura grega nunca ter sofrido qualquer influência de
outras culturas, como a oriental ou cristã.
b) ao fato de o politeísmo (muitos deuses) ser considerado um pecado,
pois só o monoteísmo (um só Deus) constitui a racionalidade e
verdade das religiões.
c) à necessidade dos antigos gregos de interpretar o mundo de acordo
com o advento do pensamento científico e rigoroso.
d) à vontade intelectual dos gregos de entender a natureza de forma
mais reflexiva, pois os mitos se baseavam em certezas dogmáticas
e não resultavam de processos reflexivos. 
e) às exigências do Estado grego de subordinar a religião ao poder
político, o que resultou na formação de um Estado laico (que separa
a esfera religiosa da política). 
4. “Ao buscarem a racionalidade do universo, os filósofos
dessacralizam a natureza”.
Assinale a alternativa que complementa esta sentença.
a) Os primeiros filósofos elaboraram um conhecimento metafísico,
portanto distante da experiência concreta com o mundo.
b) Os filósofos gregos elaboraram um saber mítico que só foi
desmantelado com o advento da ciência na idade moderna.
c) O sucesso tecnológico justifica a supervalorização da ciência e a
exclusão das outras formas de conhecimento ultrapassadas.
d) A natureza nada tem de sagrado, pois a única filosofia possível é
aquela comprometida com uma visão materialista e não mítica.
e) À medida que o mito deixa de ser uma forma abrangente de com -
preensão do real, o conhecimento se seculariza e a razão torna-se
um instrumento de valor para a compreensão filosófica.
9. (ENEM)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o
que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua
descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo
que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A
água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando
condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio,
2006 (adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de
todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas
de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se
origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios,
ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de
quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:
Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para
explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As
teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo
medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
RESOLUÇÃO: 
Osdois autores postulam que um princípio teria ori gi nado o
mundo: para Anaxímenes, seria o ar; en quanto para o medieval
Basílio Magno, seria Deus, em acordo com a concepção criacionista
cristã.
Resposta: D 
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6 –
1) A 2) C 3) D 4) E
5) E 6) D 7) E
8) Do grego Filo: amor, Sofia: saber; portanto, o sentido da
palavra é “amor ao conhecimento”, conforme inclusive está
colocado no texto de Aristóteles.
9) Segundo o filósofo grego, a filosofia nasce somente em
sociedades desenvolvidas materialmente, ou seja, naquelas
em que já são oferecidos conforto e bem-estar. 
10) A frase refere-se ao surgimento da reflexão filosófica na
Grécia Antiga, em que foi deixado de lado, em parte, o saber
dogmático, irrefletido, e substituído por um pensar coerente,
unitário e original. 
11) O senso comum é um conhecimento empírico, herdado pelo
meio social, pouco questionado, elaborado sem método ou
qualquer sistema. O senso comum geralmente deve ser
transcendido para serem evitados julgamentos errados,
preconceituosos e pobres.
12) A competição, para Darwin, e a colaboracão, para Wilson,
funcionam como fatores da natureza evolutiva na sobrevivên -
cia da espécie humana.
Resposta: C
5. Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de
uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita,
degradada, para uma concepção:
a) mecânica e coerente. b) passiva e explícita.
c) simplista e intencional. d) ativa e dogmática.
e) original e cultivada.
6. “Os homens, no início, encontravam no assombro o motivo para
filosofar, porque no início eles se maravilhavam diante dos fenômenos
mais simples, dos quais não podiam dar-se conta, e depois, paula -
tinamente, passaram a estar diante de problemas mais complexos, co -
mo as condições da Lua e do Sol, as estrelas e a origem do universo”. 
(Aristóteles)
No texto, o termo assombro faz referência:
a) à impossibilidade de se encontrar respostas definitivas e verdadeiras
acerca do universo.
b) ao espanto e à perplexidade humana diante da complexidade do
mundo e da existência, o que a leva à reflexão.
c) ao mistério da vida, que só pode ser desvendado progressivamente
com o desenvolvimento científico.
d) à religião, que tem como objeto de entendimento o mistério do
mundo e da existência.
e) à necessidade humana de produzir os mitos que explicam, de fato,
a origem das coisas e do universo.
7. “Não há filosofia que se possa aprender; só se aprende a filosofar”. 
(I. Kant)
A frase do filósofo Kant pretende afirmar que:
a) a filosofia deve ser um conhecimento fechado, lógico e dogmático
(indiscutível).
b) a filosofia é, na verdade, uma doutrina que estabelece respostas e
verdades.
c) a filosofia não é um conhecimento coerente, tampouco lógico,
necessitando grande flexibilidade de interpretação, como acontece
com a arte.
d) a filosofia é um conjunto de ideias que foram expostas pelos gregos
do passado e hoje constitui uma ideologia. 
e) o ato de filosofar implica autonomia de pensamento, ou seja, não se
trata de uma ideologia fechada ou de uma doutrina dogmática.
8. Pesquise o sentido e a origem do termo filosofia. 
9. Como, no texto, Aristóteles argumenta contra a ideia de que a filo so -
fia teria nascido em razão da necessidade de sobrevivência dos homens? 
10.“O conhecimento filosófico não é dado pelos deuses, mas procurado
pelos homens.” (Maria Lúcia de Arruda Aranha).
Qual o sentido dessa frase?
11.Explique o senso comum e fale sobre a sua limitação.
12.(UNESP) – Encontrar explicações convincentes para a origem e a
evolução da vida sempre foi uma obsessão para os cientistas. A
competição constante, embora muitas vezes silenciosa, entre os
indivíduos, teria preservado as melhores linhagens, afirmava Charles
Darwin. Assim, um ser vivo com uma mutação favorável para a
sobrevivência da espécie teria mais chances de sobreviver e espalhar
essa característica para as futuras gerações. Ao fim, sobreviveriam os
mais fortes, como interpretou o filósofo Herbert Spencer. Um século e
meio depois, um biólogo americano agita a comunidade científica
interna cional ao ousar complementar a teoria da seleção darwinista.
Segundo Edward Wilson, da Universidade de Harvard, o processo
evolutivo é mais bem-sucedido em sociedades nas quais os indivíduos
colaboram uns com os outros para um objetivo comum. Assim, grupos
de pessoas, empresas e até países que agem pensando em benefício
dos outros e de forma coletiva alcançam mais sucesso, segundo o
americano. 
(Rachel Costa. O poder da generosidade. IstoÉ. 11.05.2012.
Adaptado)
Embora divergentes no que se refere aos fatores que explicam a
evolução da espécie humana, ambas as teorias, de Darwin e de Wilson,
apresentam como ponto comum a concepção de que 
a) influências religiosas e metafísicas são o principal veículo no
processo evolutivo humano ao longo do tempo.
b) são os condicionamentos psicológicos que infuenciam de maneira
decisiva o progresso na história.
c) a sobrevivência da espécie humana ao longo da história é explicada
pela primazia de fatores de natureza evolutiva.
d) os fatores econômicos e materiais são os principais responsáveis
pelas transformações históricas.
e) os fatores intelectuais são os principais responsáveis pelo sucesso
dos homens em dominar a natureza.
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– 7
“Deve-se exigir de mim que procure a verdade, 
mas não que a encontre” –
Diderot (1713 – 1784), Pensamentos Filosóficos.
“Não exageres o culto da verdade, não há homem que
ao fim de um dia não tenha mentido com razão 
muitas vezes” – 
Jorge Luis Borges (1899), Elogio da Sombra.
1. Introdução
A busca por uma Verdade universalmente válida tem
sido um dos motores da história do pensamento filo -
sófico. Muitos veem nisso, como Nietzsche (1844-1900),
uma obsessão desvairada e sem sentido. Outros, os
relativistas, afirmam que não há Verdade, mas pequenas
verdades de valor particular, sem qualquer vocação de
aplicação universal. 
Trata-se do mais polêmico tema filosófico e um
tratamento baseado no senso comum compromete a
qualidade da discussão. 
Protágoras, filósofo sofista da Antiga Grécia. 
Na Antiga Grécia, o problema já estava presente. Os
sofistas eram filósofos mestres em persuasão e o mais
famoso foi Protágoras (485-410 a.C.). Esses sábios
pensadores eram itinerantes, ou seja, viajavam muito, e
tiveram, portanto, contato com povos diferentes e com
concepções diversas de realidade e verdade. Assim,
chegaram à conclusão de que não havia uma verdade
universal. Do outro lado, temos a posição de Sócrates, já
citado na aula anterior. Sócrates jamais saíra de Atenas,
hoje capital da Grécia, e não achava que precisasse viajar
para adquirir sabedoria, pois essa se encontrava exata -
mente dentro do homem. Em Atenas, muitos jovens
buscavam o filósofo na via pública para aprender.
Interpelava transeuntes e fazia tantas per gun tas que, no
final, eles reconheciam a própria ignorância; para Sócrates,
é exatamente no reconheci mento da própria ignorância
que começa o caminho para a sa bedoria. Só sei que nada
sei é uma frase que foi atribuída a ele. Nada escreveu,
como Jesus, e seus ensina mentos foram registrados
pelos discípulos, particular mente por Platão. Sua peda go -
gia foi chamada de Maiêutica, ou seja, relativo ao parto,
pois, como um parteiro, ajudava a sabedoria nascer de
dentro dos seus alunos. A Verdade, então, viria à luz.
Sócrates, filósofo grego que acreditava que a verdade estava dentro do
homem.
MÓDULO 2 A Busca da Verdade
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Texto Filosófico Antigo
Sócrates: Protágoras afirma que a medida de todas
as coisas é o homem: daquelas coisas que são, pelo que
são, daquelas que não são, pelo que não são, entendendo
por medida a norma de juízo e por coisas o fato geral.
Logo o homem é a norma que julga todos os fatos:
daqueles que são pelo que são, daqueles que não são
pelo que não são. Por isso, ele admite somente aquiloque parece a cada indivíduo, introduzindo, dessa forma, o
princípio de relatividade. Segundo ele, portanto, quem
julga as coisas é o homem. De fato, tudo o que parece
aos homens também é; e o que não parece a nenhum
homem tampouco é... 
Protágoras: Eu afirmo, sim, que a verdade é mesmo
como escrevi: que cada um de nós é a medida das coisas
que são e que não são; mas existe uma diferença infinita
entre homem e homem, e exatamente por isso as coisas
parecem e são de um jeito para uma pessoa e, de outro
jeito, para outra pessoa. 
(Fonte: Platão, Teeteto)
Texto moderno
E se o Relativismo fosse verdade – Uma ilustração
(Matthew J. Slick - Tradução: Hamilton B. Furtado)
Relativismo é a posição em que todos os pontos de
vista são tão válidos quanto quaisquer outros e em que o
indivíduo é a medida do que é verdade para si.
Eu vejo um grande problema nisso. A seguir está uma
ilustração para demonstrar por quê.
O contexto: um ladrão está sondando uma joalheria a
fim de roubá-la. Ele entra para checar se há algum alarme
visível, fechaduras, o espaço etc. Neste pro cesso ele
inesperadamente se vê envolvido em uma discussão com
o proprietário da joalheria, cujo passa tempo é o estudo
de filosofia e que acredita que a verdade e a moral são
relativas. 
– Então – diz o proprietário – Tudo é relativo. É por
isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta é
que certo e errado é algo que o indivíduo deve deter mi nar
dentro dos limites da sociedade. Mas não há um certo e
errado absoluto.
– É uma perspectiva muito interessante – diz o ladrão. 
– Eu entrei acreditando que existia um Deus e que
existia certo e errado. Mas eu abandonei tudo isso e
concordo com você que não existe um certo e errado
absoluto e que nós somos livres para fazer o que queremos.
O ladrão deixa a loja e volta à tarde para assaltar. Ele
desarma todos os alarmes e travas e está no processo de
roubar a loja. Neste momento entra o proprietário por uma
porta lateral. O ladrão saca uma arma. O proprietário não
pode ver a face do ladrão porque este usa uma máscara
de esqui.
– Não atire em mim – diz o proprietário. – Por favor,
pegue o que quiser e me deixe em paz.
– É exatamente isso que eu pretendo fazer. – Diz o
ladrão.
– Espere um pouco. Eu conheço você. Você é o homem
que estava na loja hoje cedo. Eu reconheço sua voz.
– Isso é muito ruim para você – diz o ladrão. – Porque
agora você também sabe como eu sou. E como eu não
quero ir para a cadeia eu vou ter que matar você.
– Você não pode fazer isso – diz o proprietário.
– Por que não?
– Porque não é certo – implora o homem, deses perado.
– Mas você não me disse hoje cedo que não há um
certo e errado? 
– Sim, mas eu tenho uma família, filhos que precisam
de mim e uma esposa. 
– E daí? Eu tenho certeza que você tem seguro e eles
vão faturar um bom dinheiro. Mas como não há certo ou
errado não faz diferença se eu mato ou não você. E já que
se eu deixá-lo vivo você irá me delatar e eu irei para a
prisão. Lamento, mas isso não vai acontecer.
– Mas é um crime contra a sociedade me matar.
– Isso é errado porque a sociedade diz que é. Como
você pode ver, eu não reconheço o direito da sociedade
impor moralidade sobre mim. Tudo é relativo. Lembra-se? 
– Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro. Eu
prometo não contar para ninguém como você é. Eu juro!
– Eu não acredito em você e não posso arriscar.
– Mas é verdade! Eu juro que não conto para
ninguém.
– Desculpe, mas isso não pode ser verdade, porque
não há verdade absoluta, não há certo nem errado, nem
erro, lembra-se? Se eu deixar você viver e sair você vai
quebrar sua promessa porque isso tudo é relativo. Não há
chance de confiar em você. Nossa conversa esta manhã
convenceu-me que você acredita que tudo é relativo. Por
causa disso eu não posso crer que você irá conservar sua
palavra. Eu não posso confiar em você.
– Mas é errado me matar. Não está certo! 
– Para mim não é nem certo nem errado matar você.
Uma vez que a verdade é relativa ao indivíduo, se eu
matar você, esta é a minha verdade. E é obviamente
verdadeiro que se eu deixá-lo vivo eu irei para a prisão.
Lamento, mas você mesmo se matou.
– Não! Por favor, não atire em mim. Eu lhe imploro.
– Implorar não faz diferença. (Bang!)
Se o relativismo é verdadeiro, então qual o problema
em puxar o gatilho?
Talvez alguém possa dizer que é errado tirar a vida de
outra pessoa sem necessidade. Mas porque seria errado
se não há um padrão de certo e errado?Outros podem
dizer que é um crime contra a sociedade. Mas, e daí? Se
o que é verdade para você é simplesmente verdade,
então qual é o erro em matar alguém para se proteger
depois de roubá-lo? Se o que é verdade para você que
para se proteger você deve matar, então quem se importa
com o que a sociedade diz? Por que alguém seria
obrigado a se conformar com normas sociais? Agir assim
é uma decisão pessoal.
Embora nem todos os relativistas ajam de maneira
não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor
para a anarquia geral. Por quê? Porque é uma justificação
para fazer o que você quiser.
8 –
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O sentido grego. Sobre Sócrates
O sentido grego
Em grego, a palavra para ‘verdade’ é aletheia e
significa o não oculto, não escondido, não dissimulado.
O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e
do espírito, a verdade é a manifestação daquilo que é ou
existe tal como é. O verdadeiro, neste sentido, se opõe
ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o
dissimulado, o que parece ser e não é como parece.
Verdadeiro é o evidente, numa acepção quase ‘visual’ da
palavra; o ‘verdadeiro’ é claro, delineado, estruturado,
visível. 
Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas
e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e
dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto,
a verdade depende de que a realidade se manifeste,
enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou
se dissimule em aparências. 
Sobre Sócrates
Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três
fontes contemporâneas: os diálogos de Platão, as peças
de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há
evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado
alguma obra. As obras de Aristófanes retratam Sócrates
como um personagem cômico e sua representação não
deve ser levada ao pé da letra.
Sócrates casou-se com Xântipe, que era bem mais
jovem que ele, e teve três filhos: Lamprocles, Sophronis -
cus e Menexenus. Seu amigo Críton criticou-o por ter
abandonado seus filhos quando ele se recusou a tentar
escapar antes de sua execução, mostrando que ele
(assim como seus outros discípulos) parece não ter
entendido a mensagem que Sócrates tenta passar sobre
a morte (diálogo Fédon), antes de ser executado.
Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se
é que houve outro além da Filosofia. De acordo com
algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de
pedreiro com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates
aparece declarando que se dedicava àquilo que ele
considerava a arte ou ocupação mais importante: debater
filosofia. Platão afirma que Sócrates não recebia
pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que
não era um professor. Várias fontes, inclusive os diálogos
de Platão, mencionam que Sócrates tinha participado no
exército em várias batalhas. Na Apologia, Sócrates
compara seu período no serviço militar a seus problemas
no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri que imagine
que ele deveria se retirar da filosofia deveria também
imaginar que os soldados devessem bater em retirada
quando era provável que pudessem morrer em uma
batalha. Algumas curiosidades: Sócrates costumava
caminhar descalço e não tinha o hábito de tomar banho.
Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse
fazendo, ficando imóvel por horas, meditando sobre
algum problema. Certa vez o fez descalço sobre a neve,
segundo os escritos de Platão, o que demonstra o caráter
legendário da figura socrática.
As crenças de Sócrates, em comparação às de
Platão, são difíceis de discernir. Há poucasdistinções
entre as duas ideias filosóficas. Consequentemente,
diferenciar as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e
Xenofonte é uma tarefa árdua e deve-se sempre lembrar
que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensa -
mento dos outros autores.
Se algo pode ser dito sobre as ideias de Sócrates é
que ele foi moralmente, intelectualmente e filosofica -
mente diferente de seus contemporâneos atenienses.
Quando estava sendo julgado por heresia e por corrom per
a juventude, usou seu método de elenchos para
demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores.
Sócrates acreditava na imortalidade da alma e que teria
recebido, em um certo momento de sua vida, uma
missão especial do deus Apolo. Sócrates também duvi da -
va da ideia sofista de que a arete (virtude) podia ser
ensinada. Acreditava que a excelência moral é uma
questão de divindade e não de parentesco, pois pais
moralmente perfeitos não tinham filhos semelhantes a
eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se
importado muito com o futuro de seus próprios filhos.
Sócrates frequentemente diz que suas ideias não são
próprias, mas de seus professores, entre eles Pródico e
Anaxágoras de Clazômenas.
Sócrates apontando para o alto, sereno, no leito de morte.
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1. Platão afirmava que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas.
Sua pobreza era prova de que não era um professor. Isso indica que,
para Sócrates,
a) o conhecimento não era suficiente para ser considerado professor.
b) a sabedoria não era comerciável e condenava os sofistas por
cobrarem por suas aulas.
c) as aulas, que eram ministradas nas ruas de Atenas, e não numa
escola, não deveriam ser cobradas.
d) o conhecimento era para os pobres e não para os ricos.
e) a filosofia não era uma profissão, mas uma religião.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
2. Na Apologia, Sócrates compara seu período no serviço militar a seus
problemas no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri que imagine
que ele deveria retirar-se da filosofia deveria também imaginar que os
soldados devessem bater em retirada quando fosse provável que
morressem em uma batalha.
Vê-se nessa afirmação:
I. O grande valor que a verdade tinha para Sócrates.
II. O posicionamento relativista desse grande filósofo.
III. Que foi no serviço militar que Sócrates se tornou filósofo.
IV. A coerência moral desse filósofo ateniense
São verdadeiras apenas:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) I e IV e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
3. Não existe um critério de juízo objetivo: toda verdade é verdade para
um sujeito. Cada indivíduo percebe o mundo à sua maneira. Segundo
ele, até os diferentes sabores que os homens experimentam nos
alimentos constituem uma prova do subjetivismo perceptivo, não
podendo servir como critério de sabedoria. Sobre essa ideia, podemos
afirmar:
I. Trata-se do pensamento de Sócrates.
II. Trata-se do pensamento de Protágoras.
III. Revela que o homem é a medida de todas as coisas.
IV. O subjetivismo significa que a verdade é interna e universal.
São verdadeiras apenas:
a) I e III b) II e III c) I e IV 
d) III e IV e) I e II
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
4. Se toda verdade é relativa, isso também é relativo. Essa frase tenta
demonstrar
a) a coerência do relativismo
b) o absurdo de se acreditar numa única verdade.
c) o paradoxo do relativismo.
d) de que só existe uma verdade.
e) de que não há verdades relativas.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
5. A imagem de Jacques-Louis David mostra
a) a serenidade de Sócrates antes de sua morte. 
b) uma pregação de Sócrates.
c) a indignação de Sócrates diante da condenação à morte.
d) uma reunião de Sócrates e seus discípulos.
e) o confronto entre sócrates e Protágora.s
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
6. A gravura de Escher, entrando um pouco na filosofia, sugere
a) que o homem reflete sobre sua própria condição.
b) que o homem deforma a realidade por meio do conhecimento.
c) que a ciência é o único conhecimento que retrata fielmente a
realidade.
d) que a reflexão filosófica não permite a exposição do sujeito. 
e) que a única função da filosofia é promover o autoconhecimento.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
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– 11
7. “Sócrates (470-399 a. C.) afirmara que uma existência sem reflexão
não valeria a pena e sabemos hoje que, num mundo pragmático, numa
cultura marcada pelo constante culto ao vazio, muitas pessoas preferem
não refletir, abrem mão desse privilégio ou mesmo desse risco”. O
termo “risco” aqui utilizado refere-se
a) ao fato de que a reflexão pode desembocar em alguma forma de
patologia e isolamento social.
b) ao fato de que a reflexão é sempre imprecisa, podendo recorrer ao
senso comum.
c) ao fato de que a reflexão consciente nos mobiliza e então nos vemos
sair da nossa zona de conforto, momento em que transcendemos o
senso comum.
d) ao fato de que a reflexão filosófica não se insere numa das
possibilidades de sobrevivência material e sucesso econômico.
e) ao fato de a filosofia não se apropriar dos métodos científicos, mais
coerentes e autênticos. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
8. “Não exageres o culto da verdade, não há homem que ao fim de um
dia não tenha mentido com razão muitas vezes” – (Jorge Luis Borges).
Pensando em moral ou ética, poderíamos dizer que a frase do escritor
argentino Borges, de certa forma,
a) relacionou a verdade e a ética, mostrando que uma não existe sem
a outra.
b) revelou que o escritor era um relativista e portanto não cria em
verdades universais.
c) relativizou a importância acerca da verdade, pois, algumas vezes,
mentir pode ter uma justificativa.
d) dissociou verdade e razão.
e) revelou que o escritor era antiético. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
1. Na antiga Grécia, os sofistas:
a) Eram mestres da retórica e da persuasão.
b) Seguiam a escola filosófica de Sócrates.
c) Assumiam uma postura relativista.
d) Raramente saíam de Atenas, pois achavam que não precisavam
viajar para encontrar a verdade. 
e) São verdadeiras apenas:
a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) II e III. e) I e IV.
2. No debate entre Protágoras e Sócrates, podemos afirmar que:
a) Para o sofista Protágoras, há uma verdade e ela está dentro dos
homens.
b) Sócrates incitava seus alunos a viajarem muito para encontrar a
verdade.
c) Protágoras via o homem como portador de uma dimensão moral
interior.
d) Para Sócrates, existiam apenas verdades relativas e culturais.
e) A maiêutica (parto) socrática era o exercício filosófico de trazer à luz
a verdade de dentro do homem. 
3. Assinale a alternativa que expõe corretamente o sentido da
pedagogia socrática da maiêutica.
a) Maiêutica é a pedagogia expositiva, em que o mestre expõe aos
discípulos suas ideias e princípios.
b) Maiêutica é a exposição pelos sermões religiosos e filosóficos.
c) Maiêutica é a prática de viajar para buscar a verdade.
d) Maiêutica é a pedagogia do “parto”, no sentido de fazer nascer a
verdade de dentro do homem através da dialética (diálogo)
e) Maiêutica é a pedagogia que considera o aluno uma tábula rasa, um
papel em branco e, assim, transmite-se o conhecimento de forma
unidirecional.
4. “Sócrates: Protágoras afirma que a medida de todas as coisas é o
homem: daquelas coisas que são, pelo que são, daquelas que não são,
pelo que não são, entendendo por medida a norma de juízo e por coisas
o fato geral. Logo o homem é a norma que julga todos os fatos: daqueles
que são pelo que são, daqueles que não são pelo que não são. Por isso,
ele admite somente aquilo que parece a cada indivíduo, introduzindo,
dessa forma, o princípio de relatividade. Segundo ele, portanto, quem
julga as coisas é o homem. De fato, tudo o que parece aos homens
também é; e o que não parece a nenhum homem tampouco é...”
(Platão, Teeteto)
Sobre a colocação de Sócrates, podemos afirmar que:
a) Sócrates concordará com Protágoras, pois de fato o homem é a
medida de todas as coisas.
b) Sócrates deverá concordar com Protágoras, pois um foi discípulo do
outro.
c) Sócrates nãoconcordará com o relativismo de Protágoras.
d) Sócrates afirmará que Protágoras não foi relativista o suficiente para
considerá-lo seu discípulo.
e) Sócrates era sofista e, portanto, não podia concordar com a
colocação de Protágoras.
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5. Sócrates foi condenado a tomar a cicuta (veneno) por influenciar
negativamente os jovens. Sócrates teve a oportunidade de fugir e evitar
a sua morte, porém optou por envenenar-se. Assinale a alternativa que
melhor explica o gesto do filósofo grego.
a) Ao tomar o veneno, pretendeu ensinar a obediência ao poder públi -
co.
b) Pretendia provar a sua coragem como último ensinamento.
c) Como Jesus, desejou cumprir as escrituras.
d) Uma fuga poderia significar uma negação (ou uma renúncia) de tudo
quanto ensinara.
e) Pretendia com esse gesto fundar uma religião.
6. Leia o texto e assinale a alternativa que melhor completa a frase de
Matthew J. Slick. “Embora nem todos os relativistas ajam de maneira
não-ética, eu vejo o relativismo como um contribuidor para a anarquia
geral. Por quê?” 
a) Porque é uma justificação para fazer o que se quer.
b) Porque torna o homem intolerante para com a “verdade de cada
um”.
c) Porque fomenta conflitos e guerras entre os povos.
d) Porque essa postura cai no fundamentalismo que dificulta a
compreensão de outros pontos de vista.
e) Porque se trata de uma postura radical e alimenta os conflitos
especificamente religiosos e políticos.
7. Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo:
Em Atenas, muitos jovens buscavam Sócrates na via pública para
aprender. O filósofo interpelava os transeuntes e fazia tantas perguntas
que, no final, eles reconheciam a própria ignorância e, para Sócrates,…
a) é exatamente no reconhecimento da própria ignorância que
começava o caminho para a sabedoria.
b) as pessoas eram desprovidas da verdade.
c) as pessoas que reconhecessem a própria ignorância não estavam
habilitadas para adquirir o conhecimento.
d) somente as inteligências mais aguçadas teriam acesso à verdade.
e) toda verdade é relativa.
8. “... existe uma diferença infinita entre homem e homem...”
(Protágoras). A frase do filósofo refere-se:
a) à verdade única que está dentro do Homem, concebido abstra -
tamente.
b) ao universo íntimo do homem, em que vive latente a verdade.
c) à universalidade da busca de uma verdade única.
d) ao relativismo que é atribuído aos sofistas.
e) à impossibilidade de duas pessoas se parecerem entre si. 
9. “É por isso que eu acredito que toda a moral não é absoluta e que
certo e errado é algo que o indivíduo deve determinar dentro dos limites
da sociedade. Mas não há um certo e errado absoluto”. Isso significa
que para quem tivesse pronunciado tais palavras:
a) Existe uma verdade universal.
b) Não existem verdades relativas.
c) A moral não tem qualquer relação com a cultura.
d) Não há verdades produzidas pelos homens.
e) Toda verdade é relativa.
10.O texto de Matthew Slick compactua com a postura filosófica de
Protágoras ou de Sócrates? Justifique.
11.Se toda verdade é relativa, isso também é relativo. Comente o
sentido dessa frase.
12.Qual é o sentido da expressão de Protágoras: o homem é a medida
de todas as coisas?
13.Explique a Maiêutica socrática. 
14.Explique o sentido grego da palavra aletheia.
1) B 2) E 3) D 4) C 5) D
6) A 7) A 8) D 9) E
10) Com a de Sócrates, pois o texto critica o relativismo, segundo
o qual não há uma verdade universalmente válida; esta era a
postura de Protágoras, para quem o homem era a medida de
todas as coisas. 
11) A frase denuncia uma contradição do relativismo, pois afirmar
que tudo é relativo parece uma verdade muito rígida, o que
não combina com a pregação aparentemente democrática
dos relativistas. Claro que há pequenas verdades pessoais,
culturais e historicamente construídas, mas alguns filósofos
reivindicam verdades éticas, morais, humanitárias ou mesmo
religiosas (metafísicas), de aplicação universal. 
12) Para Protágoras, não existe um critério de juízo objetivo: toda
verdade é verdade para um sujeito. Cada indivíduo percebe o
mundo à sua maneira. Segundo ele, até os diferentes sabores
que os homens experimentam nos alimentos constituem uma
prova do subjetivismo perceptivo, não podendo servir como
critério de sabedoria. 
13) Para Sócrates, a verdade se encontrava dentro do homem, e
sua pedagogia consistia em trazer à luz essa verdade,
desvelá-la. Maiêutica significa o que é relativo ao parto. 
14) Aletheia significa o não oculto, não escondido, não
dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do
corpo e do espírito, a verdade é a manifestação daquilo que é
ou existe tal como é. Assim, a verdade é uma qualidade das
próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas.
Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade
e, portanto, a verdade depende de que a realidade se
manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se
esconda ou se dissimule em palavras. 
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PLATÃO E A REPÚBLICA
1. Introdução
Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 
427 a.C. e morreu em 347 a.C. É considerado um dos
mais impor tantes filósofos gregos, e influenciou profunda -
mente a forma de ver o mundo no ocidental. Toda a sua
filosofia se fundamentou na divisão do mundo em duas
realida des: o das coisas sensíveis (mundo das ideias e a
inteligência) e das coisas visíveis (seres vivos e a matéria). 
Platão procedia de uma família de aristocratas e
vangloriava-se dos antepassados. Iniciou seus estudos
em filosofia quando tinha vinte e nove anos de idade e
conheceu seu mestre Sócrates. Fundou a Academia, uma
escola de filosofia com o propósito de recuperar e
desenvolver as ideias e pensamentos socráticos.
Convidado pelo rei Dionísio, passou um tempo em
Siracusa, ensinando filosofia na corte. 
Voltou para Atenas para administrar a Academia, onde
desenvolveu estudos em matemática, ciências, retórica
e filosofia. Escreveu importantes e imortais obras, como:
Apologia de Sócrates, em que valoriza os pensamentos
do mestre; O Banquete, em que fala sobre o amor de
uma forma dialética; e A República, em que analisa a
política grega, a ética, o funcionamento das cidades, a
cidadania e questões sobre a imortalidade da alma.
Considerava a política uma decorrência natural da filosofia
e acreditava que o poder estava reservado aos sábios. 
Platão valorizava os métodos de debate e diálogo
como formas de alcançar o conhecimento. Para ele, os
alunos deveriam descobrir as coisas superando os
problemas impostos pela vida e o objetivo maior da
educação era o desenvolvimento do homem moral. 
Platão deixou influências culturais em todo o Ocidente.
O famoso Mito da Caverna é narrado por Platão no
livro VII da República. Trata-se de uma metáfora filosófica
que já teve várias interpretações, mas possui um sentido
universal e profundo que descreve a condição da exis -
tência humana. Para o filósofo, todos nós estamos
condenados a ver sombras à nossa frente e tomá-las
como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos
homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e
ainda inspira inúmeras reflexões. Uma delas é o livro A
Caverna, do escritor português José Saramago.
Platão enxergava na humanidade numa condição infeliz.
Imaginou os homens todos aprisionados numa caverna e
imobilizados, obrigados a olharem sempre a parede em
frente. Então o que veriam? O bruxuleio das sombras dos
objetos e animais, por conta de uma luminosidade vinda
detrás. Assim, os homens acreditavam que as imagens
fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que
Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o
espectro pela realidade. A sua existência era, pois,
totalmente dominada pela ignorância (agnóia). 
Imagem de Mats Halldin. O mito da caverna é uma alegoria da condição
de ignorância dos homens. 
2. O Mito
Imaginemos uma caverna separada do mundo
externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da
cavernahá uma fresta por onde passa um fino feixe de luz
exterior, deixando a caverna na obscuridade quase
completa. Desde o nascimento, geração após geração,
Platão e a República 
Aristóteles e o Pensamento LógicoMÓDULO 3
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14 –
seres humanos encontram-se ali, de costas para a
entrada, acorrentados, sem poder mover a cabeça nem
se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo,
vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz
do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros,
nem a si mesmos, apenas suas sombras e as dos outros,
porque estão no escuro e imo bilizados. Abaixo do muro,
do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina
vagamente o interior sombrio e faz com que tudo o que
se passa do lado de fora seja projetado como sombra nas
paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas
passam conver sando e carregando nos ombros figuras
ou imagens de homens, mulheres e animais cujas
sombras também são projetadas na parede da caverna,
como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam
que as sombras, os sons de suas falas e as imagens que
transportam nos ombros são as próprias coisas externas,
e que os artefatos projetados são seres vivos que se
movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição
em que se encontra, decide abandonar a caverna. Fa brica
um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início,
move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na
direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos
de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No pri -
mei ro instante, fica totalmente cego pela luminosidade
do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados.
Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu
corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de
seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o
fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna.
Sente-se dividido entre a incre dulidade e o deslumbra -
mento.
Ao permanecer no exterior, o prisioneiro, aos poucos,
se habitua à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem
a felicidade de ver a realidade, descobrindo que estivera
prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas
sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para
sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar
a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos
outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de
regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais
o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não
acreditando em suas palavras e, se não conseguem silen -
ciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espan cando-o.
Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os
convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-
lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a
vontade dos demais, também decidir sair da caverna
rumo à realidade?
3. A República de Platão (Resumo)
Quem nunca construiu em sua mente uma sociedade
perfeita, infalível em funcionamento e estrutura? Todos
os que almejam mais de si mesmo e do mundo devem
ter se rendido à técnica da idealização. Platão faz o
mesmo em sua República. Idealiza uma sociedade
perfeita, harmônica, simbiótica. Para isso lança mão da
alegoria da caverna, que põe em xeque um par de
distinções muito ligado à natureza da alma do ser
humano: é o par essência e aparência, repre sen tadas,
respectivamente, pelo mundo inteligível e pelo mundo
sensível. Platão utiliza, para desenvolver a dicotomia
aparência/ideias, dois mecanismos bastante peculiares e
acessórios ao desenvolvimento retórico-filosófico, a
saber: a dialética e a alegoria, cuja conceituação se dará
a seguir. A dialética é, segundo Platão, o único meio de
levar o filósofo até o Bem, já que consiste em estender os
limites lógicos das reflexões filosófico-ideológicas. Este
“estender” implica submeter o próprio pensamento às
opiniões e/ou contradições de outrem, justamente o que
acontece n’A República, em que há um constante diálogo
entre, por exemplo, Só crates e Glauco. Já a alegoria
representa um papel ainda mais relevante na difusão do
axioma filosófico proposto. Conceituada, grosso modo,
como um conjunto interli gado de metáforas, ela se
manifesta de maneira mais relevante no “mito da
caverna” (livro VII). Nele, Platão cria dois planos: “a
caverna” e “o dia”, cada qual com seus elementos
específicos. A caverna, que representa o mundo sensível,
é composta pelos seguintes elementos: a sombra das
marionetes, as marionetes e o fogo (respectivamente
representando as sombras do real, a realidade e o Sol). O
dia (metáfora do mundo inteligível), por sua vez, também
é composto por três elementos, sendo eles as sombras
e reflexos, a realidade e o Sol (que representam, também
respectivamente, as sombras das ideias, as ideias
propriamente ditas e o Bem). Construída esta alegoria,
Platão ressalta a necessidade de sair da caverna e
contemplar o Sol, ou seja, de libertar-se das falsas
realidades, conhecer por inteiro as realidades palpáveis,
partir em busca das ideias e, finalmente, atingir o Bem.
Platão privilegia a filosofia em detrimento da poesia. O
pensamento platônico deixa claro que tornar-se um
filósofo não é tarefa das mais fáceis, pois exige o
desapego das coisas subjetivas e piegas e exige o
direcionamento da atenção fundamentalmente para o
mundo inteligível. Se apenas os filósofos podem alcançar
este grau absoluto de verdade, conclui-se que só mesmo
eles podem orientar os que ainda não conseguiram “sair
da caverna e con templar o Sol”. Desta forma, cabe a eles,
na so ciedade perfeita de Platão, ocupar o posto de
dirigentes, con trolando desde os contribuintes para o bem
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material até os encarregados da proteção e defesa da já
mencionada cidade. Por outro lado, o poeta não pode ria
ser um constituinte da cidade perfeita, visto que está a
três passos da realidade (já que sua produção espelha-se
na sombra da realidade). Por estar tão distante do mundo
inteligível, sua obra nos revela apenas a aparência e
apresenta uma descrição, sobretudo dos aspectos
trágicos e taciturnos da natureza humana, o que, por
conseguinte, corrompe a alma. O poeta, em suma, é duas
vezes ilusório, visto que não imita o mundo ima nente, e
sim apenas o mundo sensível. Isso não quer dizer,
contudo, que a poesia deveria ser totalmente descartada.
O pensamento platônico impu nha que o aprimoramento
da educação dos guardiões deveria ser feito através de
“ginástica para o corpo e música para a alma”. Desta
forma, urgia a necessidade de selecionar o conteúdo das
letras das músicas, uma vez que elas poderiam conter
apenas parte da verdade. A poesia poderia, sim, ser
utilizada com fins educativos, desde que não disseminas -
sem concepções deturpadas da realidade. O próprio
filósofo admite a utilidade de poetas como Homero, que
exaltou o grego do passado e transmitiu às gerações
posteriores um grande exemplo de procedimento que leva
ao Bem. Todavia, obras, por exemplo, como a Ilíada, que
atribuía aos deu ses tanto o bem quanto o mal, deveriam
ser termi nantemente descar tadas. Não obstante a
possibilidade de utilização da poesia com fins educativos,
Platão deixa transparecer o desejo de substituição da
poesia pela filosofia como meio didático, pois somente
esta última pode nos revelar, na sua forma dialética, o que
são, de fato, as realidades verdadeiras. 
(Disponível em: <www.logosofia.org.br>.)
Academia de Platão da Vila de T. Siminus Sephanus, Pompeia (I a.C.)
4. Excertos de A República, de Platão
SÓCRATES – Reflete agora sobre o que te vou dizer.
Qual é o objeto da pintura? O de representar o que é, tal
qual é, ou o que parece, tal qual parece? Imita a aparência
ou a realidade?
GLAUCO – A aparência. 
SÓCRATES – Logo, a arte de imitar está muito
afastada do verdadeiro; e a razão por que faz tantas coisas
é que só toma uma pequena parte de cada uma, e esta
mesmo não passa de simulacro ou fantasma. Um pintor,
por exemplo, pinta um sapateiro,um carpinteiro ou outro
artesão qualquer, sem ter nenhum conhecimento de suas
respectivas artes. Isso não impede, se é bom pintor, de
iludir as crianças e os ignorantes, mostrando-lhes de
longe um carpinteiro por ele representado e que tomem
por imitação da verdade.
GLAUCO – Sem dúvida. 
SÓCRATES – O mesmo se deve entender, meu caro
amigo, de todos os que fazem como o pintor. Sempre que
alguém nos vier dizer ter encontrado um homem que
sabe todos os ofícios e reúne em si, em elevado grau,
todos os conhecimentos que se acham repartidos entre
muitos, é preciso desenganá-lo, mostrando-lhe que não
passa de um tolo por se ter deixado lograr por um imitador
ou mágico a quem tomou por sábio, simples mente
porque não sabe discernir a ciência da ignorân cia, a
realidade da imitação. 
GLAUCO – É a pura verdade. 
SÓCRATES – Resta-nos agora considerar a tragédia
e Homero, seu criador. Como ouvimos diariamente a
certas pessoas que os poetas trágicos entendem muito
de todas as artes e ciências humanas que se referem ao
vício e à virtude e mesmo com as de natureza divina; visto
que a um bom poeta é necessário estar perfeitamente
instruído nos assuntos de que trata se quiser versá-lo com
êxito que de outra sorte lhe seria impossível, cumpre
verificarmos se os que assim falam não se deixam iludir
por esta espécie de imitadores; se, vendo-lhes as
produções, esqueceram de notar que se afastam três
graus da realidade e que, sem conhecer a verdade, é fácil
compô-los, visto que não passam, ao cabo, de meros
fantasmas sem sombra do real; ou se há algo de sólido no
que dizem; e se, realmente, os bons poetas entendem das
matérias sobre as quais o comum dos homens pensa que
escreveram bem. 
(...)
SÓCRATES – A poesia imitativa produz em nós
também o amor, a ira e todas as paixões da alma que têm
por objetivo o prazer e a dor, influindo em todas as nossas
ações, porque as alimenta e orvalha em vez de dessecá-
las; faz-nos mais viciados e infelizes, pelo domínio que dá
a estas paixões sobre nossa alma, em vez de mantê-las
inteiramente dependentes, o que nos tornaria melhor e
mais felizes. 
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GLAUCO – Tenho de concordar contigo.
SÓCRATES – Assim, pois, caro Glauco, quando
encontrares admiradores de Homero a dizer que este
poeta instruiu e formou a Grécia e que a gente aprende,
lendo-o, a governar-se e a bem conduzir-se nas várias
contingências da vida e que o melhor a fazer é pautar os
atos por seus preceitos, será de bom conselho acolhê-los
com toda a atenção e respeito, como a homens bem
intencionados e virtuosos que são, e admitir que Homero
é o maior dos poetas e o primeiro dos trágicos. Mas, ao
mesmo tempo, não esqueças que em nossa república só
se hão de tolerar como obras poéticas os hinos de louvor
dos deuses e os elogios de homens ilustres. Por que
assim que aí deres entrada à musa mais voluptuosa da
poesia lírica ou épica, desde esse momento o prazer e a
dor reinarão no Estado em lugar da lei e da razão, cuja
excelência todos os homens reconheceram sempre. 
GLAUCO – Nada é mais certo.
SÓCRATES – Visto que surgiu nova ocasião de falar
em poesia, já ouviste o que tenho a dizer sobre o assunto
para provar que, sendo o que é, tivemos razão de
desterrá-la de uma vez por todas de nossa república;
porquanto fora impossível resistir à força dos motivos que
a isso nos levaram. 
PLATÃO. A República. São Paulo: Livraria e Exposição do Livro, s.d.
(p.280-81 e 289) 
Platão acredita que a educação deva começar muito cedo na vida das
pessoas, e que se desenvolva, sobretudo, em torno de um treinamento
físico adequado. 
ARISTÓTELES E O PENSAMENTO LÓGICO
5. Introdução
Aristóteles foi um dos mais importantes filósofos
gregos e deixou grande rastro na história do pensamento
ocidental. Nasceu em 384 a.C., em Estagira, e morreu em
324 a. C. na cidade de Cálcis.
Aristóteles é considerado o criador do pensamento
lógico. Suas obras influenciaram profundamente a teo -
logia cristã e islâmica. 
Escreveu uma quantidade enorme de livros, entre
eles: Ética a Nicômaco, Política, Arte Poética, Retórica
das Paixões, O Homem de Gênio e a Melancolia, De
Anima, A Metafísica, e muito mais. 
Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico.
6. Filosofia da Natureza 
Para Platão, as coisas concretas que se movem são
simples aparências, sombras da verdadeira realidade que
está no mundo das ideias. Aristóteles critica esse
idealismo de seu mestre, e desenvolve uma concepção
mais realista ou empirista. Assim, cria uma dualidade: o
mundo é feito de matéria (ou substância) e forma. A
matéria é passividade, contendo a virtualidade da forma
em potência. A forma, por sua vez, é o princípio inteligível,
a essência comum a todos os indivíduos de uma mesma
espécie. Assim, a coisa comum a todos os seres de uma
mesma espécie é a forma e tudo o que é distintivo ou
singular é a matéria ou substância. O movimento,
portanto, é a atualização da forma realizada pelo ser. 
Há uma ontologia aristotélica. Entende-se por
ontologia o estudo da natureza do ser (verificar glossário).
Para o filósofo, as substâncias interagem de várias
maneiras para produzir objetos que diferem em proprie -
dades como quantidade, qualidade, tempo, posição e
condição de ação. Assim, Aristóteles criou uma filosofia
da natureza, afirmando que a matéria sofre processos de
16 –
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– 17
mudança dinâmica e espontânea mediados por princípios
estruturais preexistentes. Elaborou assim, uma espécie de
hierarquia de existências que começam com os quatro
corpos primários: terra, água, fogo, ar, os quais formam
substâncias inorgânicas e, depois, os seres vivos: as
plantas apresentam as funções de crescimento, nutrição
e reprodução; os animais possuem, além dessas, as de
sensação, desejo e locomoção; e os seres humanos, a
faculdade da razão. Segundo a antropologia aristotélica, o
homem pode exercer a suprema atividade que é a
obtenção do conhecimento, através de sua alma racional. 
Metafísica estuda o ser e a sua origem primeira.
7. A Metafísica
O sentido da palavra metafísica deve-se a Aristóteles
e a Andrônico de Rodes. Aristóteles escreveu sobre
temas relacionados à e sobre temas relacionados à ética
e à política, entre outros semelhantes. Andrônico, ao
organizar os escritos de Aristóteles, o fez de forma que,
espacialmente, aqueles que tratavam de temas
relacionados à physis viessem antes dos outros. Assim,
eles vinham além da física (Meta = depois, além; Physis
= física). Neste sentido, a metafísica é algo intocável, que
só existe no mundo das ideias. Assim, Andrônico orga -
nizou os escritos de acordo com a classificação dos dois
temas. Ética, política etc. são assuntos que não tratam de
seres físicos, mas de seres não-físicos exis tentes apesar
da sua imaterialidade. Metafísica, portanto, trata de
problemas sobre o propósito e a origem da existência e
dos seres. Especulação em torno dos primeiros princípios
e das causas primeiras do ser. Metafísica, portanto, pode
estar relacionado à reflexão filosófica ou à Teologia. 
A metafísica é, segundo o pensamento aristotélico, a
filosofia primeira que analisa os métodos e as premissas
das filosofias secundárias (as ciências particulares), e ela
estuda o ser enquanto ser. Assim, a metafísica analisa
abstratamente a noção de realidade. O que define um
homem e em que ele se distingue dos animais, por
exemplo, é a sua forma universalmente humana e não
particularidades materialmente observáveis. Nesse caso,
a forma humana é a racionalidade. Em Aristóteles, porém,
a razão difere da concepção platônica, pois ela não
provém do mundo das ideias, ao contrário, trata-se de
uma habilidade e não de uma dimensão espiritual. Assim,
o homem não nasce, segundo esse filósofo, com ideias
inatas, como pensava Platão.
Texto: 
Política em Aristóteles
Aristóteles começou a escrever suas teorias políticas
quando foi preceptor de Alexandre, o Grande. Para
Aristóteles, a Política é a ciência mais suprema, à qual as
outras ciências estão subordinadase da qual todas as
demais se servem numa cidade. A tarefa da Política é
investigar qual a melhor forma de governo e instituições
capazes de garantir a felicidade coletiva. Segundo
Aristóteles, a pouca experiência da vida torna o estudo da
Política supérfluo para os jovens, por regras impru dentes,
que só seguem suas paixões. Embora não tenha proposto
um modelo de Estado, como seu mestre Platão,
Aristóteles foi o primeiro grande sistematizador das coisas
públicas. Diferentemente de Platão, Aristóteles faz uma
filosofia prática e não ideal e de especulação como seu
mestre. O Estado, para Aristó teles, constitui a expressão
mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza.
Segundo Aristóteles, assim como é impos sível conceber
a mão sem o corpo, é impossível con ceber o indivíduo
sem o Estado. O homem é um animal social e político por
natureza. E, se o homem é um animal político, significa
que tem necessidade natural de conviver em sociedade,
de promover o bem comum e a felicidade. A polis grega
encarnada na figura do Estado é uma necessidade
humana. O homem que não necessita de viver em
sociedade, ou é um deus ou uma besta. Para Aristóteles,
toda cidade é uma forma de associação e toda associação
se estabelece tendo como finalidade algum bem. A
comunidade política forma-se de forma natural pela
própria tendência que as pessoas têm de se agruparem.
E ninguém pode ter garantido seu próprio bem sem a
família e sem alguma forma de governo. Para Aristóteles,
os indivíduos não se associam somente para viver, mas
para viver bem. Dos agrupa mentos das famílias formam-
se as aldeias, do agru pamento das aldeias forma-se a
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18 –
cidade, cuja finalidade é a virtude dos seus cidadãos para
o bem comum. A cidade aristotélica deve ser composta
por diversas classes, mas quem entrará na categoria de
cidadãos livres que podem ser virtuosos são somente
três classes su periores: os guerreiros, os magistrados e
os sacerdo tes. Aristóteles aceita a escravidão e a
considera desejável para os que são escravos por
natureza. Estes são os incapazes de governar a si
mesmos, e, portanto, devem ser gover nados. Segundo
Aristóteles, um cidadão é alguém politicamente ativo e
participante da coisa pública. Segundo Aristóteles, sem
um mínimo de ócio não se pode ser cidadão. Assim, o
escravo ou um arte são não se encontra suficientemente
livre e com tempo para exercer a cidadania e alcançar a
virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica. E
os escravos devem trabalhar para o sustento dos
cidadãos livres e virtuosos. Aristóteles contesta o
comunismo de bens, mulheres e crianças proposto por
Platão. Segundo ele, quanto mais comum for uma coisa
menos se cuida dela.
Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics
Autoria: Filosofolionessantos Adaptado
Aristóteles deixou inúmeros textos que versam em diversas áreas. 
Texto: 
O Pensamento de Aristóteles.
“Mestre dos que sabem”, assim se lhe refere Dante
na Divina Comédia. Com Platão, Aristóteles criou o núcleo
propulsionador de toda a Filosofia posterior. Mais realista
do que o seu professor, Aristóteles percorre todos os
caminhos do saber: da biologia à metafísica, da psicologia
à retórica, da lógica à política, da ética à poesia.
Impossível resumir a fecundidade do seu pensa mento em
todas as áreas. Apenas algumas ideias. A obra aristotélica
só se integra na cultura filosófica europeia da Idade
Média, através dos árabes, no século XIII, quando é
conhecida a versão (orientalizada) de Averróis, o seu mais
importante comentarista. Depois, S. Tomás de Aquino vai
incorporar muitos passos das suas teses no pensamento
cristão.
A teoria das causas. O conhecimento é o conhe -
cimento das causas – a causa material (aquilo de que uma
coisa é feita), a causa formal (aquilo que faz com que uma
coisa seja o que é), a causa eficiente (a que transforma a
matéria) e a causa final (o objetivo com que a coisa é
feita). Todas pressupõem uma causa primeira, uma causa
não causada, o motor imóvel do cosmos, a divindade, que
é a realidade suprema, a substância plena que determina
o movimento e a unidade do universo. Mas, para
Aristóteles, a divindade não tem a faculdade da criação
do mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã
que vai dar à divindade o poder da Criação.
Aristóteles opõe-se, frequentemente, a Platão e à sua
teoria das Ideias. Para o estagirita, não é possível pensar
uma coisa sem lhe atribuir uma substância, uma quanti -
dade, uma qualidade, uma atividade, uma passividade,
uma posição no tempo e no espaço etc. Há duas es -
pécies de Ser: os verdadeiros, que subsistem por si, e os
acidentes. Quando se morre, a matéria fica; a forma, o
que caracteriza as qualidades particulares das coisas,
desaparece. Os objetos sensíveis são constituí dos pelo
princípio da perfeição (o ato), são enquanto são e pelo
princípio da imperfeição (a potência), através do qual se
lhes permite a aquisição de novas perfeições. O ato
explica a unidade do ser, a potência, a multiplicidade e a
mudança.
Aristóteles é o criador da biologia. A sua observação
da natureza, sem dispor dos mais elementares meios de
investigação (o microscópio, por exemplo), apesar de ter
hoje um valor quase só histórico, não deixa de ser
extraordinária. O que mais o interessava era a natureza
viva. A ele se deve a origem da linguagem técnica das
ciências e o princípio da sua sistematização e organi zação.
Tudo se move e existe em círculos concêntricos,
tendente a um fim. Todas as coisas se separam em
função do lugar próprio que ocupam, determinado pela
natureza. Enquanto Platão age no plano das ideias,
usando só a razão e mal reparando nas transformações da
natureza, Aristóteles interessa-se por estas e pelos
processos físicos. Não deixando de se apoiar na razão, o
filho de Nicômaco usa também os sentidos. Para Platão,
a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles, é tam -
bém o que percebemos ou sentimos. O que vemos na
natureza – diz Platão – é o reflexo do que existe no mundo
das ideias, ou seja, na alma dos homens. Aristóteles dirá:
o que está na alma do homem é apenas o reflexo dos
objetos da natureza, a razão está vazia enquanto não
sentimos nada. Daí a diferença de estilos: Platão é
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poético, Aristóteles é pormenorizado, preferindo, porém,
o fragmento ao detalhe. Chegaram até nós 47 textos do
fundador do Liceu, provavelmente inacabados por serem
apontamentos para as lições. Um dos vetores
fundamentais do pensamento de Aristóteles é a Lógica,
assim chamada posteriormente (ele preferiu sempre a
designação de Analítica). A Lógica é a arte de orientar o
pensamento nas suas várias direções para impedir o
homem de cair no erro. O Organon será para sempre um
modelo de instrumento científico a serviço da reflexão. O
Estado deve ser uma associação de seres iguais pro -
curando uma existência feliz. O fim último do homem é a
felicidade. Esta atinge-se quando o homem realiza,
devidamente, as suas tarefas, o seu trabalho, na polis, a
cidade. A vida da razão é a virtude. Uma pessoa virtuosa
é a que possui a coragem (não a cobardia, não a au dácia),
a competência (a eficiência), a qualidade mental (a razão)
e a nobreza moral (a ética). O verda deiro homem virtuoso
é o que dedica largo espaço à medi tação. Mas nem o
próprio sábio se pode dedicar, totalmente, à reflexão. O
homem é um ser social. O que vive, isoladamente,
sempre, ou é um deus ou uma besta. A razão orienta o
ser humano para que este evite o excesso ou o defeito (a
coragem – não a cobardia ou a temeridade). O homem
deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver
usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente, os
prazeres, e conhecer, corretamente, o que deve temer.
Também na Poética, o contributo ordenador de
Aristóteles será definitivo: ele estabelecerá as caracte -
rísticas e os fins da tragédia. Uma das suas leis sobre ela
estender-se-á, por séculos, a todo o teatro: a regra das
três unidades, ação, tempo e lugar.
Erros, incorreções, falhas,terá cometido Aristóteles.
Alguns são célebres. Na zoologia, por exemplo, considera
que o homem tinha oito pares de costelas, não reconhece
os ossos do crânio humano (três para o homem, um,
circular, para a mulher), supõe que as artérias estão cheias
de ar (como, aliás, supunham os médicos gregos), pensa
que o homem tem um só pulmão. Não esqueçamos:
Aristóteles classificou e descreveu cerca de quinhentas
espécies animais, das quais cinquenta terá dissecado –
mas nunca dissecou um ser humano. 
A grandeza genial da sua obra não pode ser questio -
na da por tão raros erros, frutos da época – mais de 2 000
anos antes de nós.
(Por Orlando Neves – Intelectual português. Adaptado.)
– 19
Platão e a educação (uma reflexão)
“Os ideais de educação formulados por Platão podem
ser encontrados em sua maneira mais acabada nos
diálogos A República e As Leis, nos quais o filósofo
demonstra a importância do processo pedagógico para a
constituição de um estado soberano e justo. E é
precisamente sobre o tema da Justiça que o primeiro livro
da República discorre, no intuito de se estabelecer um
conceito que possa ser a base para um projeto educacional. 
Podemos, a partir de este exemplo, compreender que
a educação deve ser norteada por valores considerados
justos para todos os agentes envolvidos no processo. Por
justiça, neste caso, podemos entender a igual
oportunidade para todos, em que nenhuma pessoa possa
cercear o direito de outro com base na ideia de uma
equidade consignada, ou seja, o aspecto de que meu
acesso a determinado direito seja condicionado à perda
de tal direito por outrem. A questão da educação inclusiva
nos rende alguns exemplos de como isso vem
acontecendo. Não é justo que deficientes auditivos, por
exemplo, fiquem sem acesso à educação formal em
instituições de ensino públicas, pois é direito deles, como
de todos os outros cidadãos, receberem educação
gratuita e de qualidade. Contudo, o que acontece neste
caso é que muitas vezes tais educandos com estas
necessidades são simplesmente inseridos em sala de
aula sem nenhuma forma de reestruturação física ou
cognitiva das mesmas. Em muitos casos, os professores,
que não receberam preparo adequado para lidar com
estas situações de educação inclusiva, acabam se
deparando com situações que resultam em um
constrangimento para os próprios estudantes. Assim, por
mais que os docentes desejem promover a educação
inclusiva, ficam impossibilitados pela ausência de um
intérprete ou por uma formação em linguagem de sinais,
e os próprios alunos não terão acesso, pois não há uma
porta que possibilite a comunicação plena entre mestres e
discentes. Fez-se a inclusão de maneira injusta, e o escopo
disto é que não se promoveu o acesso à educação.
Ulteriormente, Platão acredita que a educação deva
começar muito cedo na vida das pessoas, e que se
desenvolva, sobretudo, em torno de um treinamento
físico adequado. Evitar os excessos da alimentação e
preparar o corpo físico nos moldes da educação espartana
era o caminho para o desenvolvimento de uma população
saudável, aspecto imprescindível para a estruturação de
um estado com alto nível de bem-estar social. Neste
caso, analisando os dias atuais, é comum observar a
desmedida que pode ocasionar vícios, ou seja, é comum
Platão e a Educação (uma reflexão)
Revolução da Alma, texto de Aristóteles
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encontrar pessoas que não praticam atividade física
nenhuma – a grande maioria da população –, e uma
pequena fração que vive apenas para a academia, ambos
equivocados. No âmbito da educação, é normal observar
nas instituições de ensino que o espaço destinado para a
prática de educação física muitas vezes se limita a uma
quadra de cimento rústica comprimida entre muros ou
paredes das salas de aula. Gerações inteiras de jovens
cresceram e crescem sem nunca praticarem atletismo,
natação, e outros esportes que podem desenvolver as
habilidades físicas e o fortalecimento do corpo. Aqueles
pais que não possuem condições de proporcionar o
acesso a academias particulares ou colégios com boas
condições estruturais para seus filhos os verão desen -
volverem-se apenas sob a prática massiva de futsal ou
vôlei. Platão ainda alerta para o fato de que os jovens
recebam uma boa educação musical para que possam
poten cializar sua sensibilidade e criatividade. Novamen -
te, hoje, aqueles que não podem pagar por um serviço
particular para fornecer educação musical aos filhos,
observam a prole crescer embalada pelos ritmos musicais
da pior manifestação cultural musical da história da
civilização, fruto da indústria cultural de massa.
Platão escreveu sobre isto há cerca de 2400 anos, e talvez
estejamos a esperar outros 2400 anos para ouvir os
conselhos de um homem sábio. Pena que não tenho
certeza de que haverá alguém ainda para ser educado
quando a civilização chegar lá.”
Por Maurício Fernando Bozatski (Mestre em Filosofia. Coordenandor
do Curso de Filosofia da Faculdade Sant’Ana. Professor do SESI e 
da SEED/PR e escritor)
Revolução da Alma, texto de Aristóteles
“Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não
entregues a tua alegria, a tua paz, a tua vida, nas mãos de
ninguém, absolutamente de ninguém. Somos livres, não
pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos
dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que
seja. A razão da tua vida és tu mesmo. A tua paz interior é
a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma,
quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo
tendo tudo, remete o teu pen samento para os teus desejos
mais íntimos e busca a divindade que existe em ti. Para de
colocar a tua felici dade, cada dia, mais distante de ti. Não
coloques objeti vos longe demais de tuas mãos, abraça os
que estão ao teu alcance, hoje. Se andas desesperado por
problemas financeiros, amorosos ou de relacionamentos
familiares... busca no teu interior a resposta para te
acalmares, tu és o reflexo do que pensas diariamente. Para
de pensar mal de ti mesmo e sê teu melhor amigo,
sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então, abre
um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o
melhor. Com um sorriso no rosto, as pessoas terão as
melhores impressões de ti e tu estarás afirmando para ti
mesmo que estás ‘pronto’ para seres feliz. Trabalha,
trabalha muito a teu favor. Para de esperar a felicidade sem
esforços. Para de exigir das pessoas aquilo que nem tu
conquistaste, ainda. Critica menos, trabalha mais. E não te
esqueças, nunca, de agrade cer. Agradece tudo que está na
tua vida neste momento, inclusive a dor. A nossa
compreensão do universo ainda é muito pequena para
julgar o que quer que seja na nossa vida.”
Glossário 
Ontologia: Conforme o dicionário Aurélio, “ontologia” é
a “parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é,
do ser concebido como tendo uma natureza comum que
é inerente a todos e a cada um dos seres (...)”. Tendo-se
em conta que “onto”, do grego, significa indivíduo ou ser,
e “logia” comumente significa estudo, tem-se que
“ontologia” vem a ser o estudo investigativo e compa -
rativo do indivíduo – aqui tido como exemplar da espécie
humana – frente aos demais seres vivos, passando pela
sua concepção, criação, evolução e extinção. Busca,
portanto, o conhecimento profundo acerca da natureza do
ser humano, levando em conta os aspectos fisiológicos
e espirituais, confrontando-os com aqueles que
caracterizam e distinguem os demais seres vivos.
Frases de Platão
“O belo é o esplendor da verdade”. 
“O que mais vale não é viver, mas viver bem”. 
“Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias”. 
“O amor é uma perigosa doença mental”. 
“Praticar injustiças é pior que sofrê-las”. 
“A harmonia se consegue através da virtude”. 
“Teme a velhice, pois ela nunca vem só”. 
“A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda
a perfeição e a beleza que podem ter”. 
Frases de Aristóteles
“O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar
o mestre.” 
“A principal qualidade do estilo é a clareza.” 
“O homem que é prudente não diztudo quanto pensa,
mas pensa tudo quanto diz.” 
“O homem livre é senhor de sua vontade e somente
escravo de sua própria consciência.” 
“Devemos tratar nossos amigos como queremos que
eles nos tratem.” 
“O verdadeiro sábio procura a ausência de dor, e não o
prazer.” 
“A educação tem raízes amargas, mas os frutos são
doces”.
20 –
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– 21
1. (UFU) – “Todo aquele que ama o saber conhece por experiência que,
quando a filosofia toma conta de uma alma, vai encontrá-la prisioneira do
seu corpo, totalmente grudada a ele. Vê que, impelida a observar os
seres, não em si e por si, mas por meio desse seu caráter, paira por isso
na mais completa ignorância. Mas mais se dá ainda conta do absurdo de
tal prisão: é que ela não tem outra razão de ser senão o desejo do próprio
prisioneiro, que é assim levado a colaborar, da maneira mais segura, no
seu próprio encarceramento”. 
Platão, Fédon. Trad. Maria Tereza S. de Azevedo. Brasília: 
UnB, 2000, p. 66. 
Após analisar o texto acima, assinale a alternativa correta 
a) A ignorância é fruto da observação do que é em si e por si.
b) A filosofia para Platão é inata, não sendo necessário nenhum esforço
de quem a ela se dedica para obtê-la.
c) A alma encontra-se prisioneira do corpo por desejo do próprio
homem.
d) A alma do filósofo encontra-se desde o início liberta dos entraves do
corpo, como demonstram, claramente, a Alegoria da Caverna e o
texto acima.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
2. (UFU) – A Alegoria da Caverna de Platão, além de ser um texto de
teoria do conhecimento, é também um texto político. No sentido
político, é correto afirmar que Platão sustentava um modelo
a) monárquico, cujo governo deveria ser exercido por um filósofo e cujo
poder deveria ser absoluto, centralizador e hereditário.
b) aristocrático, baseado na riqueza e que representava os interesses
dos comerciantes e nobres atenienses, por serem eles os mecenas
das artes, das letras e da filosofia.
c) democrático, baseado, principalmente, na experiência política de
governo da época de Péricles.
d) aristocrático, cujo governo deveria ser confiado aos melhores em
inteligência e em conduta ética.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
3. (UFU) – “Mas quem fosse inteligente (…) lembrar-se-ia de que as
perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, da passagem da luz
à sombra, e da sombra à luz. Se compreendesse que isso se passa com
a alma, quando visse alguma perturbada e incapaz de ver, não riria sem
razão, mas repararia se ela não estaria antes ofuscada por falta de
hábito, por vir de uma vida mais luminosa, ou se, por vir de uma maior
ignorância a uma luz mais brilhante, não estaria deslumbrada por
reflexos demasiadamente refulgentes [brilhantes]; à primeira, deveria
felicitar pelas suas condições e pelo seu gênero de vida; da segunda, ter
compaixão e, se quisesse troçar dela, seria menos risível esta zombaria
do que aquela que descia do mundo luminoso.”
(A República, 518 a-b, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.)
Sobre esse trecho do livro VII de A República de Platão, é correto
afirmar.
I. A condição de quem vive nas sombras é digna de compaixão.
II. O filósofo, sendo aquele que passa da luz à sombra, não tem
problemas em retornar às sombras.
III. O trecho estabelece uma relação entre o mundo visível e o
inteligível, fundada em uma comparação entre o olho e a alma.
IV. No trecho, é afirmado que o conhecimento não necessita de
educação, pois quem se encontraria nas sombras facilmente se
acostumaria à luz.
Marque a alternativa que contém todas as afirmações corretas.
a) II e III b) I e IV c) I e III
d) III e IV e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
4. Leia, abaixo, o trecho de Platão, extraído da Apologia de Sócrates.
“(…) descobrem uma multidão de pessoas que supõem saber alguma
coisa, mas que na verdade pouco ou nada sabem. (…) e afirmam que
existe um tal Sócrates (…) que corrompe a juventude. Quando se lhes
pergunta por quais atos ou ensinamentos, não têm o que responder;
não sabem, mas para não mostrar seu embaraço apresentam aquelas
acusações que repetem contra todos os que filosofam: ‘as coisas do
céu e o que há sob a terra; o não crer nos deuses; fazer prevalecer o
discurso e a razão mais fraca’. Isso porque não querem dizer a verdade:
terem dado prova de que fingem saber, mas nada sabem.” 
Apologia, 23.
Nessas palavras,
a) Platão acusa Sócrates de corromper a juventude.
b) Platão afirma que Sócrates não tem o que responder quando
acusado de corromper a juventude.
c) Platão defende Sócrates, afirmando a inconsistência das acusações
que lhe fazem.
d) Platão revela-se opositor das ideias socráticas. 
e) Platão afirma que Sócrates faz prevalecer o discurso, mas com a
razão fraca.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
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22 –
5. Sobre o conceito de Política em Aristóteles, julgue as frases abaixo
e coloque V para as verdadeiras e F para as falsas.
I. ( ) A Política é uma ciência de importância menor, pois trata da
questão do poder, um princípio que facilmente corrompe a alma
humana.
II. ( ) A tarefa da Política é investigar qual a melhor forma de governo
e instituições capazes de garantir a felicidade coletiva.
III. ( ) Assim como fez o seu mestre Platão, Aristóteles traça uma
concepção ideal para o conceito e teorização da política.
IV. ( ) Aristóteles acreditava que a vida social era um artifício, pois,
originalmente, o homem vivia em estado de natureza, à qual
renunciou para formar um contrato social. Assim, Aristóteles
pode ser enquadrado entre os filósofos contratualistas. 
V. ( ) Para Aristóteles, toda cidade é uma forma de associação e toda
associação se estabelece tendo como finalidade algum bem. A
comunidade política forma-se de forma natural pela própria
tendência que as pessoas têm de se agruparem.
VI. ( ) Aristóteles aceita a escravidão e a considera desejável para os
que são escravos por natureza. Estes são os incapazes de
governar a si mesmos, e, portanto, devem ser governados.
RESOLUÇÃO: 
F, V, F, F, V, V.
6. “O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre.”
Considerando a relação mestre-discípulo e os pensamentos que
expressou em discordância com seus mestres, pode-se deduzir que
essas palavras são de:
a) Platão b) Sócrates c) Aristóteles
d) Tomás de Aquino e) Averróis
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
7. Assinale a única alternativa errada sobre a filosofia aristotélica.
a) Há uma ontologia aristotélica. Entende-se por ontologia o estudo da
natureza do ser (verificar glossário). 
b) Para o filósofo, as substâncias interagem de várias maneiras para
produzir objetos que diferem em propriedades como quantidade,
qualidade, tempo, posição e condição de ação. 
c) Aristóteles criou uma filosofia da natureza, afirmando que a matéria
sofre processos de mudança dinâmica e espontânea mediados por
princípios estruturais preexistentes. 
d) Aristóteles elaborou uma espécie de hierarquia de existências que
começam com os quatro corpos primários: terra, água, fogo, ar, os
quais formam substâncias inorgânicas e, depois, os seres vivos: as
plantas apresentam as funções de crescimento, nutrição e
reprodução; os animais possuem, além dessas, as de sensação,
desejo e locomoção; e os seres humanos, a faculdade da razão. 
e) Segundo a antropologia aristotélica, o homem pode exercer a
suprema atividade, que é a obtenção do conhecimento, por meio de
sua alma racional. Essa alma tem natureza transcendente, assim, a
razão provém de um mundo sobrenatural. Aristóteles foi um
pensador racionalista. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
8. Assinale a única alternativa correta com relação à vida de Aristóteles
e ao pensamento aristotélico.
a) Aristóteles começou a escrever suas teorias políticas quando foi
preceptor de Pedro, “O Grande”. 
b) Para Aristóteles, a Política é a ciência mais suprema, à qual as outras
ciências estão subordinadas e da qual todas as demais se servem
numa cidade. 
c) A tarefa da Política é investigar qual a melhorforma de governo e
instituições capazes de assegurar a ordem coletiva. Nesse sentido,
expressou um pensamento político autoritário.
d) Segundo Aristóteles, a grande experiência de vida torna o estudo da
Política supérfluo para os jovens, pois estes seguem regras
imprudentes, baseadas apenas em suas razões.
e) Há uma natureza única no Universo, que expressa a realidade divina
e transcendente.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
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– 23
9. Leia o texto “Platão e a educação”e assinale a alternativa que o
completa corretamente.
Para Platão, as coisas concretas que se movem são simples aparências,
sombras da verdadeira realidade que está no mundo das ideias.
Aristóteles
a) critica esse idealismo de seu mestre, e desenvolve uma concepção
mais realista ou empirista.
b) concorda perfeitamente com seu mestre, tendo-se tornado o
principal expositor da filosofia platônica.
c) concorda parcialmente com a concepção de seu mestre, tendo
elaborado uma filosofia mais mística se comparada à de Platão. 
d) critica radicalmente seu mestre, tendo sido expulso da Academia e
sendo relegado na história do pensamento, com mínima influência
até o fim da Idade Média.
e) concorda com a posição se seu mestre, mas discorda num único
ponto, pois Aristóteles crê que a origem da razão está no mundo das
ideias, numa realidade mais transcendente.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
10. (ENEM) – A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais
aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados
como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a
mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que
amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos,
Aristoteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
RESOLUÇÃO: 
Para Aristóteles, a felicidade está ligada à virtude intelectual, o bem
maior, sendo necessário, para alcançá-la, levar uma vida prazerosa,
política e filosófica. Trata-se de um bem perfeito alcançado no agir,
objetivando o que todos desejam.
Resposta: C
11.Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o
objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era
preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível
ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo.
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua
mente.
M. Zingano. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. 
São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto
essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo
com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conheci mento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são
inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a
sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à
razão.
RESOLUÇÃO: 
Platão teorizou a dualidade entre mundo das ideias, que seria o
real e original, e o mundo sensível (referência aos sentidos), em
que dominam as aparências. Para o clássico filósofo grego, a razão
é preexistente e se origina justamente do mundo das ideias; por
isso, concordaria com Parmênides, para quem a razão é fonte
confiável de conhecimento, enquanto dever-se-ia desconfiar dos
sentidos.
Resposta: D
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24 –
1. Para Platão, a filosofia é superior à poesia. Por quê?
2. “Sócrates: A poesia imitativa produz em nós também o amor, a ira
e todas as paixões da alma que têm por objetivo o prazer e a dor,
influindo em todas as nossas ações, porque as alimenta e orvalha em
vez de dessecá-las; faz-nos mais viciados e infelizes, pelo domínio que
dá a estas paixões sobre nossa alma, em vez de mantê-las inteiramente
dependentes, o que nos tornaria melhor e mais felizes”. (Platão)
Relacione o texto acima com o pensamento político-filosófico de Platão.
3. “Praticar injustiças é pior que sofrê-las”. “O belo é o esplendor da
verdade”. Nessas duas frases Platão revelou sua preocupação em
questões:
a) políticas e econômicas b) sociais e filosóficas.
c) éticas e estéticas. d) religiosas e morais.
e) abstratas e reais.
4. “Ao homem cabem indagações axiológicas, ou seja, valorativas”.
Isso significa que:
a) O homem não tem escolhas diante de sua existência.
b) O homem tem uma estrutura biológica inadequada para sobreviver
em qualquer ambiente geográfico.
c) O homem porta em sua existência consciente uma dimensão moral.
d) O homem não possui habilidades para refletir sobre a sua condição.
e) O homem é indiferente diante do outro, de sua dor e sofrimento.
5. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do Universo. A palavra espanto (thauma, em grego) teria aqui o sentido
de:
a) Medo ou receio.
b) Perplexidade ou admiração.
c) Susto ou pavor.
d) Ignorância ou trevas.
e) Conhecimento ou esclarecimento.
6. Platão dizia que a filosofia nascera do espanto humano diante da vida
e do universo. No sentido aqui empregado, o contrário de espanto – e
que, portanto não promoveria o ato de filosofar – poderia ser:
a) Preconceito. b) Tranquilidade. c) Indiferença.
d) Preocupação. e) Senso comum. 
7. O que Platão chamava de ídolos?
8. Platão ressalta a necessidade de sair da caverna e contemplar o Sol.
O que isso significava para ele?
9. Aristóteles foi discíplulo de Platão. Explique um importante enfoque
que difere entre os dois filósofos.
10.Que representa a lógica para Aristóteles?
11.Explique a concepção aristotélica de Deus. 
12.Explique a distinção e a relação entre matéria e forma no pensamen -
to de Aristóteles. 
13.Defina Metafísica.
14.Explique a teoria das causas em Aristóteles.
15.Na história da filosofia grega, sempre foi central a questão política. 
Leia e julgue as assertivas abaixo.
I. Diferentemente de Platão, Aristóteles faz uma filosofia ideal e de
especulação e não prática como seu mestre. 
II. O Estado, para Aristóteles, constitui a expressão mais feliz da
comunidade em seu vínculo com a natureza. 
III. Segundo Aristóteles, assim como é impossível conceber a mão sem
o corpo, é impossível conceber o indivíduo sem o Estado. 
IV. O homem não é um animal social e político por natureza. E, se o
homem não é um animal político, significa que não tem neces sidade
natural de conviver em sociedade, de promover o bem comum e a
felicidade. Tais conceitos surgiram apenas no mundo moderno. 
São verdadeiras:
a) I e II b) I e III c) I e IV 
d) II e III e) III e IV
16.“Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se
encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual
quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a
seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obs táculos
de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No pri meiro instante,
fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos
não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos
que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofusca mento de seus
olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo
que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade
e o deslumbramento”.
(d’ O Mito da Caverna)
O sentimento de incredulidade e deslumbramento pode ser uma
metáfora ao impulso humano que deu origemà filosofia segundo aos
antigos gregos. Explique.
17.(UEL) – “Mas a cidade pareceu-nos justa, quando existiam dentro
dela três espécies de naturezas, que executavam cada uma a tarefa que
lhe era própria; e, por sua vez, temperante, corajosa e sábia, devido a
outras disposições e qualidades dessas mesmas espécies.
– É verdade.
– Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua
alma estas mesmas espécies, merece bem, devido a essas mesmas
qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade”. 
(PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7.ª ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em Platão, é
correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por benefícios
pessoais, havendo a possibilidade de ficarem invisíveis aos olhos dos
outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de direito,
conforme o princípio universal de igualdade entre todos os seres
humanos, homens e mulheres.
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c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o qual,
quando ocupa cargos políticos, faz as leis de acordo com os seus
interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem na
alma, isto é, deve habitar o interior do homem, sendo independente
das circunstâncias externas.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos demais
aquilo que se tomou emprestado, atitudes que asseguram uma
velhice feliz.
18.Leia e julgue as proposições abaixo sobre a teoria da matéria de
Aristóteles.
I. Existe uma espécie de hierarquia de existências que começam com
os quatro corpos primários: terra, água, fogo, ar, os quais formam
substâncias inorgânicas. 
II. Os seres vivos vêm depois: as plantas apresentam as funções de
crescimento, nutrição e reprodução; os animais possuem, além
dessas, as de sensação, desejo e locomoção.
III. Os seres humanos possuem a faculdade da razão. Assim, o homem
pode exercer a suprema atividade que é a obtenção do
conhecimento, através de sua alma racional. 
São verdadeiras:
a) Todas. b) Apenas I e II. c) Apenas II e III. 
d) Apenas I e III. e) Apenas I.
19.Leia e julgue as assertivas abaixo, segundo a concepção de metafí -
sica no pensamento aristotélico.
I. A metafísica é, segundo o pensamento aristotélico, a filosofia primeira
que analisa os métodos e as premissas das filosofias secundárias (as
ciências particulares), e ela estuda o ser enquanto ser. 
II. Assim, a metafísica analisa concretamente a noção de realidade. O
que define um homem e em que ele se distingue dos animais, por
exemplo, é a sua substância universalmente humana e não
particularidades materialmente observáveis. 
III. A forma humana não é a sua animalidade, ou seja, o conjunto de
suas pulsões de sobrevivência.
IV. Em Aristóteles, a razão difere da concepção platônica na qual ela
provém do mundo das ideias; ao contrário, trata-se de uma
dimensão espiritual e não de uma habilidade. Assim, o homem
nasce, segundo esse filósofo, com ideias inatas. 
São verdadeiras:
a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) III e IV
– 25
1) Para Platão, o poeta não poderia ser um constituinte da cidade
perfeita, visto que está a três passos da realidade e sua
produção está espelhada na sombra da realidade. Estando tão
distante do mundo inteligível, sua obra nos revela apenas a
aparência e apresenta uma descrição, sobretudo dos aspectos
trágicos e taciturnos da natureza humana, corrompendo a
alma. O poeta, assim, é duas vezes ilusório, visto que não
imita o mundo imanente, e sim apenas o mundo sensível.
2) Platão idealizava uma república em que não haveria espaço
para as paixões, e pensava que somente a razão e as leis
possuem excelência política na formação de um estado. 
3) C 4) C 5) B 6) C
7) As imagens fantasmagóricas e sombras projetadas na parede
da caverna do mito da caverna. Representam a condição de
ignorância que os homens mantém sobre o mundo das ideias
que é o mundo original. 
8) A necessidade de libertar-se das falsas realidades, conhecer
por inteiro as realidades palpáveis, partir em busca das ideias
e, finalmente, atingir o Bem.
9) Enquanto Platão age no plano das ideias, usando só a razão e
mal reparando nas transformações da natureza, Aristóteles
interessa-se por estas e pelos processos físicos. Não deixando
de se apoiar na razão, Aristóteles usa também os sentidos.
Para Platão a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles é
também o que percebemos ou sentimos.
10) A Lógica é a arte de orientar o pensamento nas suas várias
direções para impedir o homem de cair no erro.
11) Deus seria a causa não causada, o motor imóvel do cosmos, a
divindade, que é a realidade suprema, a substância plena que
determina o movimento e a unidade do universo. Mas, para
Aristóteles, a divindade não tem a faculdade da criação do
mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã que vai
dar à divindade o poder da Criação.
12) O mundo seria feito de matéria (ou substância) e forma. A
matéria é passividade, contendo a virtualidade da forma em
potência. A forma, por sua vez, é o princípio inteligível, a
essência comum a todos os indivíduos de uma mesma
espécie. Assim, a coisa comum a todos os seres de uma
espécie é a forma e tudo o que é distintivo ou singular é a
matéria ou substância. 
13) Metafísica é a parte da Filosofia que trata de problemas sobre
o propósito e a origem da existência e dos seres, especulando em
torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser.
14) Para esse filósofo, o conhecimento é o conhecimento das
causas: a causa material (aquilo de que uma coisa é feita), a causa
formal (aquilo que faz com que uma coisa seja o que é), a causa
eficiente (a que transforma a matéria) e a causa final (o objetivo
com que a coisa é feita). Todas pressupõem uma causa primeira,
uma causa não causada, o motor imóvel do cosmos, a divindade,
que é a realidade suprema, a substância plena que determina o
movimento e a unidade do universo.
15) D
16) Os antigos gregos acreditavam que a filosofia nascera do
espanto, no sentido de admiração. A filosofia, segundo o
próprio Platão, nascera da perplexidade, ou seja, da
capacidade humana de se admirar com o mundo. Assim, o
homem problematiza questões da vida, reflete sobre sua
própria condição e existência. 
17) D 18) A 19) B 
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26 –
1. Introdução
Entre tantas coisas, a Filosofia ocupou-se de estudar
o ato de pensar e de conhecer. Como o homem pensa e
produz conhecimento? A teoria do conhecimento foi
chamada de epistemologia e essa área da Filosofia tornou-
se fundamental para o desenvolvimento de métodos
científicos. Relacionada a isso, está outra questão: qual é
o critério necessário para identificar verdades? 
Sabemos que o conhecimento é transmitido, pela
família ou pela escola, por exemplo. Mas não é só isso: o
conhecimento não é só transmitido, mas construído, caso
contrário, não haveria acúmulo e evolução dos saberes e
da forma de pensar ou interpretar o mundo. Como o
homem pode elaborar teorias e explicações válidas em
torno da realidade?
A imagem sugere a descoberta da racionalidade humana, exaltada pelos
filósofos iluministas.
2. Racionalismo e Empirismo
O filósofo René Descartes (1596-1650) iniciou uma
teoria do conhecimento. Descartes é um representante
do racionalismo ou do inatismo, segun do o qual o
homem desenvolve ideias a partir de seu próprio sujeito,
pois a realidade está primeiramente no espírito. Diante do
polo sujeito e objeto (conhecedor e conhecido), Descartes
prioriza o papel do primeiro, pois as ideias não vêm de
fora, mas estão dormentes no sujeito e somente um
conhecimento baseado no critério da racionalidade interna
do homem pode assegurar um conhecimento verdadeiro.
Por outro lado, temos os empiricistasque afirmam o
contrário: a alma é como uma tábula rasa e o conhecimen -
to só é construído em virtude do contato com a realidade
empírica, ou seja, em con tato com a realidade sensível.
Um filósofo repre sentante dessa concepção é John
Locke (1632-1704) e Francis Bacon (1561-1626).
Comparando Descartes a Locke, podemos afirmar que
enquanto o primeiro en fatiza o sujeito conhecedor, o
segundo enfatiza o ob jeto conhecido, pois a realidade é
acessível ao pensa mento humano pela experimentação. 
3. Immanuel Kant (1724-1804) 
Entre a postura dos racionalistas, que valorizam o
sujeito, e dos empiricistas, que valorizam o objeto,
encontramos a posição de Kant, para quem o conheci -
mento esbarra com os limites da razão e com as
possibilidades da experiência. Se não se pode confiar
totalmente na razão, também não se pode confiar
totalmente nos sentidos. 
Para Kant:
“... o nosso conhecimento experimental é um
composto do que recebemos por impressões e do que a
nossa própria faculdade de conhecer de si mesma tira por
ocasião de tais impressões”.
Em suma, para Kant, o conhecimento resulta da
apreensão dos conteúdos pela experiência empírica e
pela razão humana. 
Kant, o filósofo que procurou conciliar o empiricismo e o racionalismo.
O Pensamento e o ConhecimentoMÓDULO 4
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– 27
4. Texto Filosófico Clássico
Fonte: I. Kant, Crítica da Razão Pura
O efeito de um objeto sobre a capacidade represen -
tativa enquanto somos por ele afetados é a sensação. 
Diz-se empírica a intuição que se refere ao objeto
mediante uma sensação. O objeto indeterminado de uma
intuição empírica recebe o nome de fenômeno.
No fenômeno, denomino matéria aquilo que corres -
ponde à sensação; e denomino forma do fenô meno o que
faz com que o que o fenômeno tem de diversificado
possa ser ordenado em determinadas relações.
Como aquilo em que somente as sensações se
ordenam e podem ser postas de uma determinada forma
não pode, por sua vez, ser a sensação, resulta que a
matéria de todo fenômeno só nos pode ser dada a
posteriori, mas a forma relativa, para todos os fenômenos,
já deve estar a priori no espírito e deve, portanto, poder
ser considerada separadamente de cada sensação. 
5. Texto moderno: Conhecimento
Cristina G. M. de Oliveira
Dá-se o nome de conhecimento à relação que se
estabelece entre um sujeito cognoscente e um objeto.
Assim, todo conhecimento pressupõe dois elementos: o
sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido.
Por extensão, dá-se também o nome de conheci men -
to ao saber acumulado pelo homem através das gerações.
O conhecimento pode ser concreto, quando o sujeito
estabelece uma relação com o objeto individual. E pode
ser abstrato, quando estabelece uma relação com um
objeto geral, universal. Por exemplo, o conhecimento que
temos de homem, como gênero.
Devemos ressaltar que a relação de conhecimento
implica uma transformação tanto do sujeito quanto do
objeto. O sujeito se transforma mediante o novo saber, e
o objeto também se transforma, pois o conhecimento lhe
dá sentido.
Há muitos modos de se conhecer o mundo, que
dependem da postura do sujeito frente ao objeto de
conhecimento: o mito, o senso comum, a ciência, a
filosofia, a arte.
Todos eles são formas de conhecimento, pois cada
um, ao seu modo, desvenda os segredos do mundo,
atribuindo-lhe um sentido.
O mito proporciona um conhecimento que é mágico
porque ainda vem permeado pelo desejo de atrair o bem
e afastar o mal, dando segurança e conforto ao homem.
O senso comum ou conhecimento espontâneo é a
primeira compreensão do mundo resultante da herança
do grupo a que pertencemos e das experiências atuais
que continuam sendo efetuadas.
A ciência, procurando descobrir o funcionamento da
natureza através, principalmente, das relações de causa e
efeito, busca o conhecimento objetivo, lógico, através de
métodos desenvolvidos para manter a coerência interna
de suas afirmações.
A Filosofia, por sua vez, propõe-se oferecer um tipo
de conhecimento que busca, com todo o rigor, a origem
dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida
humana, numa abordagem globalizante.
Já o conhecimento proporcionado pela arte nos dá
não o conhecimento de um objeto, mas de um mundo,
interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido numa
obra individual.
Bibliografia: ARANHA, Maria Lúcia A., MARTINS, Maria H..P.Temas de
filosofia.São Paulo: moderna,1992
6. Diversos modos de ver o mundo
Observe o quadro expondo modos de conhecer o mundo, os critérios de verdade, método e relação objeto-sujeito: 
Modos de
Conhecer o
Mundo
Critérios de
verdade
Objetivação Metodologia Relação Sujeito-Objeto
1. O Mito A fé A expe riência pes soal discursiva
A experiência
pessoal 
Relação Suprapessoal, onde a Revelação do Sagrado se
manifesta (revela) sobrenaturalmente ao profano através do
rito (Dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa).
2. A
Filosofia
A razão
Esteticismo = A subjetividade do
artista e do contemplador
A dialética (O
discurso)
Relação transpessoal onde a palavra diz as coisas. O mundo
se manifesta pelos fenômenos e é dizível através do λογοσ.
3. O Senso
Comum
A cultura
ética e moral
A tradição cultural
As crenças
silenciosas
(Ideologias)
Relação interpessoal, onde a ideologia é estabelecida pelas
ideias dominantes e pelos poderes estabelecidos.
4. A Arte A estética
Esteticismo = A subjetividade do
artista e do contemplador (obser-
vador) da arte.
O gosto
Relação pessoal, onde a criatividade é a percepção da
realidade do autor e a interpretação é sensibilidade do
observador.
5. A Ciência
A experi-
mentação
Objetividade = Comprovação de uma
determinada tese de modo obje tivo
A observação
Relação “impessoal”. A ausência do sujeito do cientista
diante de sua pesquisa: O mito da neutralidade científica.
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28 –
– Prof. Vanderlei e Barros Rosa – Professor de Filosofia e
Teologia. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Bacharel em
Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil;
Pós-graduado em Missiologia pelo Centro Evangélico de
Missões; Pós-graduado em Educação Religiosa pelo
Instituto Batista de Educação Religiosa.
Glossário
Empírico: conhecimento baseado na experiência
sensível.
Inatismo: teoria que prega a ideia de algo inato, por tanto,
não adquirido durante a existência.
1. A teoria do conhecimento foi chamada de
a) Epistemologia. b) Filosofia. c) Ciência.
d) Metodologia. e) Hermenêutica.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
2. “Devemos ressaltar que a relação de conhecimento implica uma
transformação tanto do sujeito quanto do objeto. O sujeito se transforma
mediante o novo saber, e o objeto também se transforma, pois o
conhecimento lhe dá sentido”. (Cristina de Oliveira): 
Com isso, a autora quis
a) ressaltar o caráter dinâmico do processo de conhecimento.
b) indicar os limites do conhecimento.
c) mostrar a impossibilidade de se produzir um saber rigoroso, pois ele
está sempre se modificando.
d) valorizar a ciência sobre as demais formas de saber.
e) relativizar a capacidade racional humana.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
3. Sobre a produção de conhecimento, julgue as proposições abaixo:
I. Há várias formas de conhecer o mundo, com diferentes peculia -
ridades.
II. A arte aparece como uma forma de conhecimento predomi nan -
temente objetivo, pois resulta da experiência empírica.
III. O mito deve ser desclassificado como forma de conhecimento, pois
se baseia no inexistente e fantasioso. 
IV. A filosofia é um conhecimento racional e elaborado com rigor. 
São corretas:
a) apenas I e II. b) apenas II e III.
c) apenas I e III. d) apenas I e IV. 
e) apenas III e IV.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
4. Segundo o “inatismo”, o homem desenvolve ideias a partir
a) de seu próprio sujeito.
b) da observação empírica.
c) dos dados coletados cientificamente.
d) de uma metodologia científica rigorosa, que deixe de lado
pressupostos racionais não comprovados.e) da realidade externa.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
5. Diante do polo sujeito e objeto (conhecedor e conhecido), Descartes
prioriza o papel do primeiro, pois 
a) as ideias vêm de fora e estão disponíveis na observação.
b) as ideias não vêm de fora, mas estão dormentes no sujeito.
c) somente um conhecimento baseado no critério da racionalidade
externa do homem pode assegurar um conhecimento verdadeiro.
d) esse filósofo é um empiricista.
e) deve-se confiar apenas na realidade concreta.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
6. Sobre o Empirismo, pode-se dizer:
I. A alma é como uma tábula rasa.
II. O conhecimento só é construído em virtude do contato com a
realidade empírica, ou seja, em contato com a realidade sensível. 
III. Um filósofo representante dessa concepção é John Locke.
IV. O homem é portador de uma racionalidade confiável e segura na
produção de conhecimento e deve-se desconfiar dos sentidos.
São verdadeiras apenas:
a) I e II. b) II e III. c) I, III e IV. 
c) I, II e III. d) II, III e IV. e) III e IV.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
7. Comparando Descartes a Locke, podemos afirmar: 
a) Enquanto o primeiro enfatiza o sujeito conhecedor, o segundo
enfatiza o objeto conhecido.
b) Para o primeiro, a realidade é acessível ao pensamento humano pela
experimentação. 
c) Os dois são adeptos de uma mesma metodologia e linha epistemo -
lógica.
d) Enquanto o primeiro é um empirista, o segundo é um inatista.
e) Enquanto o primeiro é um realista, o segundo é um racionalista.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:15 Página 28
8. (ENEM)
TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos,
recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que
depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão
mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em
minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera
crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme
e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. 
São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio
processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer
certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela
própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram
anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F.L. Descartes. a metafísica da modernidade. 
São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar
a reconstrução radical do conhecimento, deve-se
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com
legitimidade.
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e
concepções.
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos
esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e
ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser
questionados.
RESOLUÇÃO:
Os textos enfatizam o papel questionador do cognoscente, que
deve deixar de lado toda concepção anterior, e o termo “radical”
empregado no texto II tem o sentido de raiz, portanto, de profundo.
Descartes introduziu o ceticismo metodológico, que consiste no
exercício de afastar toda dúvida até se chegar ao conhecimento.
9. (ENEM)
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de
prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. 
São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja
sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível
atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar
nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:
Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do
conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir
que Descartes e Hume
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um
conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia
na reflexão filosófica e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do
conhecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às
ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de
obtenção do conhecimento.
RESOLUÇÃO:
René Descartes é representante da concepção racionalista,
segundo a qual a razão humana, e não a experiência empírica
(sensorial, concreta e real), é fonte confiável de produção de
conhecimento.
Já David Hume representa a concepção empirista, segundo a qual
a mente humana é uma tábula rasa e todo conhecimento se origina
na experiência empírica e sensorial.
Portanto, os dois filósofos discordam quanto ao papel dos sentidos
no processo de obtenção do conhecimento.
Resposta: E
10. (UNICAMP-2013) – A dúvida é uma atitude que contribui para o
surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste comportamento,
a verdade é atingida através da supressão provisória de todo
conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinião. A
dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da Filosofia.
(Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. 
Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.)
A partir do texto, é correto afirmar que: 
a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são
conceitos equivalentes. 
b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser
espontânea e dispensar o rigor metodológico. 
c) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando
opiniões e verdades são coincidentes. 
d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são
fundamentos do pensamento filosófico moderno. 
RESOLUÇÃO:
O ceticismo metodológico foi introduzido pelo filósofo René
Descartes no século XVII e esse método surge como resposta ao
ambiente de incerteza de seu próprio tempo. Seria preciso
construir um saber racional a partir de certezas indubitáveis.
Descartes foi consi derado o fundador da filosofia moderna.
Resposta: D
– 29
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 17/12/13 11:52 Página 29
30 –
1. Sobre o texto de Cristina de Oliveira e o quadro de Vanderlei de B.
Rosas, podemos afirmar:
I. Ambos valorizam várias formas de conhecer o mundo, apontando
peculiaridades.
II. A arte aparece como uma forma de conhecimento predominan -
temente objetivo, pois resulta da experiência empírica.
III. O mito é desclassificado como forma de conhecimento, pois se
baseia no inexistente e fantasioso. 
IV. A filosofia é apresentada como um conhecimento racional e
elaborado com rigor. 
São coerentes:
a) apenas I e II. b) apenas II e III. 
c) apenas I e III. d) apenas I e IV. 
e) apenas III e IV.
2. Aponte as diferenças fundamentais da postura dos racionalistas e
dos empiricistas acerca da forma como o homem produz conhecimento.
3. Sobre a distinção entre racionalistas e empiricistas, qual é a posição
assumida pelo filósofo Immanuel Kant?
4. “ Devemos ressaltar que a relação de conhecimento implica uma
transformação tanto do sujeito quanto do objeto. O sujeito se transforma
mediante o novo saber, e o objeto também se transforma, pois o
conhecimento lhe dá sentido”. (Cristina de Oliveira): 
Com isso, a autora quis
a) ressaltar o caráter dinâmico do processo de conhecimento.
b) indicar os limites do conhecimento.
c) mostrar a impossibilidade de se produzir um saber rigoroso, pois ele
está sempre se modificando.
d) valorizar a ciência sobre as demais formas de saber.
e) relativizar a capacidade racional humana.
5. “... o nosso conhecimento experimental é um composto do que
recebemos por impressões e do que a nossa própria faculdade de
conhecer de si mesma tira por ocasião de tais impressões”.Segundo o seu conhecimento em epistemologia, a frase anterior deve
ser atribuída a:
a) Descartes b) Bacon c) Locke 
d) Platão e) Kant
6. No debate sobre epistemologia, Kant situa-se
a) ao lado dos racionalistas, valorizando o sujeito produtor de
conhecimento.
b) ao lado dos empiristas, sobrevalorizando o papel da razão humana.
c) ao lado dos inatistas, valorizando a produção de conhecimento pela
obsrvação da realidade concreta.
d) ao lado dos empiristas, valorizando a observação e o papel dos
sentidos.
e) entre a postura dos racionalistas, que valorizam o sujeito, e a dos
empiricistas, que valorizam o objeto.
7. Para Kant,
a) só se pode confiar nos sentidos.
b) deve-se confiar sobretudo na razão.
c) a razão é incapaz de reconhecer seus próprios limites para conhecer.
d) não há limites na racionalidade humana e não se deve confiar nos
sentidos.
e) se não se pode confiar totalmente na razão, também não se pode
confiar totalmente nos sentidos.
8. Conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo
resultante da herança do grupo a que pertencemos e das experiências
atuais que continuam sendo efetuadas. Trata-se da seguinte produção
de conhecimento.
a) Arte. b) Ciência. c) Filosofia.
d) Senso comum. e) Religião.
9. Procura descobrir o funcionamento da natureza, princi palmente,
pelas relações de causa e efeito, busca o conhecimento objetivo, lógico,
por métodos desenvolvidos para manter a coerência interna de suas
afirmações. Trata-se da seguinte produção de conhecimento.
a) Arte. b) Ciência. c) Filosofia.
d) Senso Comum. e) Religião.
10.Propõe-se oferecer um tipo de conhecimento que busca, com todo
o rigor, a origem dos problemas, relacionando-os com outros aspectos
da vida humana, numa abordagem globalizante. Trata-se da seguinte
produção de conhecimento.
a) Arte. b) Ciência. c) Filosofia.
d) Senso comum. e) Religião.
11.Essa forma de saber nos dá não o conhecimento de um objeto, mas
de um mundo, interpretado pela sensibilidade do criador e traduzido
numa obra individual. Trata-se da seguinte produção de conhecimento.
a) Arte. b) Ciência. c) Filosofia.
d) Senso Comum. e) Religião.
12.Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de
uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita,
degradada, para uma concepção
a) mecânica e coerente. b) passiva e explícita.
c) simplista e intencional. d) ativa e dogmática.
e) original e cultivada.
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:15 Página 30
– 31
1) D
2) Segundo o racionalismo, o homem desenvolve ideias a partir
de seu próprio sujeito, pois a realidade está primeiramente no
espírito. Diante do polo sujeito e objeto os racionalistas
valorizam o papel do primeiro, pois as ideias não vêm de fora,
mas estão dormentes no sujeito e somente um conhecimento
baseado no critério da racionalidade interna do homem pode
assegurar um conhecimento verdadeiro. Os empiricistas
afirmam o contrário: a alma é como uma tábula rasa e o
conhecimento só é construído em virtude do contato com a
realidade empírica, ou seja, em contato com a realidade
sensível, enfatizando o objeto conhecido, pois a realidade é
acessível ao pensamento humano pela experimentação. 
3) Kant assume uma posição intermediária, pois, para ele, o
conhecimento resulta da apreensão dos conteúdos pela
experiência empírica e pela razão humana. 
4) A 5) E 6) E 7) E 8) D
9) B 10) C 11) A 12) E
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:15 Página 31
32 –
MAQUIAVEL E POLÍTICA SOCIAL
1. Introdução
Nicolau Maquiavel (Niccolò Machiavelli) nasceu na
Florença, no dia 3 de maio de 1469 e morreu na mesma
cidade em 21 de Junho de 1527. Filósofo, historiador,
poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento, foi
um filho do Antropocentrismo de seu século. Considerado
fundador do pensamento político moderno, por ter escrito
sobre o Estado e o governo como realmente são e não
como deveriam ser. De Maquiavel, surgiu o adjetivo
maquiavélico que significa espírito oportunista, astuto e
esperto.
O contexto histórico em que viveu foi marcado pelo
esplendor cultural do Renascimento italiano, pelo retorno
à cultura clássica e pelo governo florentino de Lourenço
de Médici. Aos 29 anos de idade, foi secretário da
Segunda Chancelaria (responsável pelas guerras e política
interna) em Florença. Teve assim a oportunidade de
estudar o comportamento e atitudes dos políticos de sua
época, experiência que fundamentou a sua obra. 
Florença, em que viveu Maquiavel, foi um centro cultural e de arte na
Itália renascentista. 
Escreveu várias obras, entre as quais, destacam-se
“O Prín cipe” e os “Discursos sobre a primeira década de
Tito Lívio.” 
O “Príncipe” (1513) é a obra mais popular e mais
estudada de Maquiavel. O filósofo italiano enxergou a
possibilidade de um príncipe unificar a Itália e defendê-la
contra os estrangeiros, com a união de Juliano de Médici
e do Papa Leão X, porém, dedicou a obra a Lourenço de
Médici II, mais jovem, com o claro objetivo de estimulá-
lo a realizar a unificação. O livro divide-se em 26 capítulos.
Define o principado, criando uma tipificação. Além disso,
defende a necessidade do príncipe de fundamentar suas
forças não em mercenários, mas em exércitos próprios,
e, após tratar do governo propriamente dito e dos motivos
por trás da fraqueza dos Estados italianos, faz uma exorta -
ção a que um novo príncipe conquiste e liberte a Itália.
2. Conceitos importantes
A obra de Maquiavel está intimamente relacionada
com o mundo em que viveu. Foi um empirista, ou seja,
não era um teórico sistemático, não separava a teoria da
prática. Pregou o Estado laico, ou seja, a separação da
esfera política da religiosa. 
Na sua obra, encontramos dois conceitos centrais:
virtù e fortuna. Tais conceitos aparecem muitas vezes e
definem parte do seu pensamento. 
Para ele, a virtù seria a habilidade de adaptação aos
acontecimentos políticos que levaria à permanência no
poder. A virtù funcionaria como uma barragem que deteria
os desígnios do destino. O poder de um príncipe é
ameaçado se esse não tiver a capacidade de mudar,
acompanhando as alterações da situação. Caso não
utilizar a virtù, o governante perderá o poder.
Fortuna era, na mitologia romana, a deusa da sorte,
boa ou má, e dos acontecimentos inevitáveis. Para
Maquiavel, nunca se sabe se a sorte sorrirá, ou seja, se as
circunstâncias históricas serão favoráveis ao governante
ou não. Porém, dizia, quem fosse portador da virtù, seria
agraciado pela fortuna.
Maquiavel foi um pensador típico de sua época: uma renascentista
italiano.
Maquiavel e a Política da Astúcia
Filosofia Social: Thomas HobbesMÓDULO 5
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 16/01/14 13:14 Página 32
– 33
3. Antropologia maquiavélica.
Para Maquiavel, o homem era naturalmente portador
de uma natureza egoísta e má. Os homens querem obter
os máximos ganhos a partir do menor esforço, e fazem o
bem quando forçados a isso. Não compreendia o homem
como fruto de processos históricos e culturais, e assim,
para ele, o homem era sempre o mesmo, não alterando
suas más inclinações. 
Lourenço de Médici, príncipe de Florença na época de Maquiavel.
Texto 1
Maquiavel 
Mais de quatro séculos nos separam da época em
que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua
obra, mas um número consideravelmente maior de
pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que
aí tem sua origem. “Maquiavélico e maquiavelismo” são
adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso
erudito, no debate político, quanto na fala do dia a dia. Seu
uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma
cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer
de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associa -
do a ideia de perfídia, a um procedimento astucio so,
velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejora tivas so bre vi -
ve ram de certa forma incólumes no tempo e no espaço,
apenas alastrando-se da luta política para as desavenças
do cotidiano. Assim, hoje em dia , na maioria das vezes,
Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel,ao escrever sua
principal obra, O PRÍNCIPE, criou um “manual da
política”, que pode ser interpretado de muitas maneiras
diferentes. Talvez por isso sua frase mais famosa: -”Os
fins justificam os meios”- seja tão mal interpretada.
Mas para entender Maquiavel em seu real contexto,
é necessário conhecer o período histórico em que viveu.
É exatamente isso que vamos fazer.
(Extraído de www.culturabrasil)
4. O Panorama Político 
Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana, o que
explica boa parte das suas ideias.
Na Itália do Renascimento reina grande confusão. 
A tirania impera em pequenos principados, governados
despoticamente por casas reinantes sem tradição
dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do
poder gera situações de crise e instabilidade permanente,
onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida
e fulminante contra os adversários são capazes de manter
o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição
interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e
realizar alianças com outros principados constituem o eixo
da administração. Como o poder se funda exclusivamente
em atos de força, é previsível e natural que pela força seja
deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem
a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem
de contar exclusivamente com sua energia criadora. A au -
sên cia de um Estado central e a extrema multipola rização
do poder criam um vazio, que as mais fortes individuali -
dades têm capacidade para ocupar. Até 1494, graças aos
esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experi -
men tou uma certa tranquilidade.
Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram
muito. A desordem e a instabilidade ficaram incontro -
láveis. Para piorar a situação, que já estava grave, devido
aos conflitos internos entre os principados, somaram-se
as constantes e desestruturadoras invasões dos países
próximos como a França e a Espanha. E foi nesse cenário
conturbado, onde nenhum governante conseguia se
manter no poder por um período superior a dois meses,
que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.
5. Vida e obra
Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de
1469, numa Itália “esplendorosa, mas infeliz”, segundo
o historiador Garin. Sua família não era aristocrática nem
rica. Seu pai, advogado como um típico renascentista, era
um estudioso das humanidades, tendo se empenhado
em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu
filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo
e, em latim. Mas apesar do brilhantismo precoce, só em
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 17/12/13 11:52 Página 33
34 –
1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo
na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a
ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a
deposição de Savonarola, acompanhado de todos os
detentores de cargos importantes da república florentina.
Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto
fora da Itália como internamente, destacando-se sua
diligência em instituir uma milícia nacional.
Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici
volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido
em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido
que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima
de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de
Tito-Lívio, mas interrompe esse trabalho para escrever sua
obra prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que
se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada
mais que um manual da política.
Maquiavel viveu uma vida tranquila em S. Cassiano.
Pela manhã, ocupava-se com a administração da pequena
propriedade onde está confinado.
À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas
simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia
para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do
passado, fato que levou algumas pessoas a considerá-lo
louco.
A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua
própria experiência, seja ela com os livros dos grandes
escritores que o antecederam, ou sejam os anos como
segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de
olhar de fora e analisar o complicado governo do qual
terminou fazendo parte.
Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a
restauração da república, Maquiavel que achava estarem
findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens
republicanos como alguém que tinha ligações com os
tiranos depostos. Então se viu vencido. Esgotaram-se
suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A
república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece
e morre em junho.
Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso.
Foi posto no Índex pelo concílio de Trento, o que o levou,
desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.
6. A Nova Ciência Política
Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais
pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira pessoal
nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com
o retorno dos Médicis e, quando estes deixaram o poder,
os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a
fortuna tinha feito capaz de discorrer apenas sobre
assuntos de Estado”. Também não chegou a ver a Itália
forte e unificada. 
Deixou, porém um valioso legado: o conjunto de
ideias elaborado em cinco ou seis anos de meditação
forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse
avaliar a importância desses pensamentos dentro do
panorama mais amplo da história, pois “especulou
sempre sobre os problemas mais imediatos que se
apresentavam”. Apesar disso, revolucionou a história das
teorias políticas, costituindo-se um marco que modificou
o fato das teorias do Estado e da sociedade não
ultrapassarem os limites da especulação filosófica.
O universo mental de Nicolau Maquiavel é completa -
mente diverso. Em São Cassiano, tem plena consciência
de sua originalidade e trilha um novo caminho. Delibera -
damente distancia-se dos “tratados sistemáticos da
escolástica medieval” e, à semelhança dos renascen tistas
preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe
com o pensamento anterior, através da defesa do método
da investigação empírica.
7. O pensamento de Maquiavel
Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais
famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com certeza
ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria
praticamente impossível analisar num só trabalho, todo o
pensamento de Nicolau Maquiavel, portanto, vamos
analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão
diferentemente interpretada.
Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitida -
men te os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália
poderosa e unificada. Expressa também a necessidade
(não só dele, mas de todo o povo Italiano) de um monarca
com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei
e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir
esforços.
Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa
a César Bórgia, que após ter encontrado na recém
conquistada Romanha, um lugar assolado por pilhagens ,
furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a Dom
Ramiro de Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa
e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda
parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a
Bórgia suprimir seu ministro. E um dia em plena praça,
no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O
povo por sua vez ficou, ao mesmo tempo, satisfeito e
chocado.
Para Maquiavel, um príncipe não deve medir esforços
nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da
trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade
nacional e o bem do seu povo. 
“... sou de parecer de que é melhor ser ousado do
que prudente, pois a fortuna (oportunidade) é mulher e,
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 17/12/13 11:52 Página 34
– 35
para conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la.
Vê-se, que prefere, não raramente, deixar-se vender
pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por
isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos
respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais
audácia”.
Para Maquiavel, como renascentista que era, quase
tudo que veio antes estava errado.Esse tudo deve incluir
os pensamentos e as ideias de Aristóteles. Ao contrário
deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o
melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte
de governar.
Maquiavel procura a prática. A execução fria das
obser vações meticulosamente analisadas, feitas sobre o
Es ta do, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renas -
cen tista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer
separar os interesses do Estado dos dogmas e interes -
ses da igreja.
Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam.
Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem sido
constantemente mal interpretado. “Os fins justificam os
meios”. Maquiavel, ao dizer essa frase, provavelmente
não fazia ideia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer
isso, Maquiavel não quis dizer que qualquer atitude é
justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente
absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins
determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo
que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.
8. Conclusão
Assim, a contribuição de Nicolau Maquiavel para o
mundo é imensa e fantástica. Maquiavel ensinou, através
da sua obra , a vários políticos e governantes. Aliás, a obra
de Maquiavel entrou para sempre não só na história,
como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a
todos os tempos.
É possível perceber que “Maquiavel, fingindo ensinar
aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por isso
que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será
reconhecido como um dos maiores pensadores da
história do mundo. 
Trecho de O Príncipe
Quem quiser praticar a bondade em tudo o que faz
está condenado a penar, entre tantos que não são bons.
É necessário, portanto, que o príncipe que deseja manter-
se aprenda a agir sem bondade, faculdade que usará ou
não, em cada caso, conforme seja necessário.
[…] 
Pode-se observar que todos os homens – espe cial -
men te os soberanos, colocados em posição mais elevada
– têm a reputação de certas qualidades que lhe valem
elogios ou vitupérios (palavra ou atitude ofensiva). Assim,
alguns são tidos como liberais, outros por miseráveis […];
um é considerado generoso; o outro, ávido; um cruel; o
outro, misericordioso; um, efeminado e pusilânime
(covarde); e outro bravo e corajoso; […] e assim por
diante. 
Naturalmente, seria muito louvável que um príncipe
possuísse todas as boas qualidades acima mencionadas,
mas como isso não é possível, pois as condições
humanas não o permitem, é necessário que tenha a
prudência necessária para evitar o escândalo provocado
pelos vícios que poderiam fazê-lo perder seus domínios,
evitando os outros, se for possível; se não for, poderá
praticá-los com menores escrúpulos. Contudo não deverá
preocupar-se com a prática escandalosa daqueles vícios
sem os quais é difícil salvar o Estado; isto porque, se se
refletir bem, será fácil perceber que certas qualidades que
parecem virtudes levam à ruína, e outras, que parecem
vícios, trazem como resultado o aumento da segurança e
do bem-estar. 
Edição antiga de O Príncipe
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36 –
Texto 2
Maquiavel e a política contemporânea. 
Por Alexandre Gomes
Maquiavel é talvez um dos autores – como a imensa
maioria dos clássicos de qualquer área – mais mal
compreendidos tanto pela crítica como, principalmente,
pelo senso comum. A própria significação que se dá ao
termo maquiavélico revela esta incompreensão.
A principal destas incompreensões provavelmente é
a que o vincula à ação inescrupulosa e ao desejo do poder
pelo Poder. Nada mais contrário a Maquiavel, ao definir
que “os fins justificam os meios” – frase habitualmente
utilizada fora de contexto - ele não desprezava os fins, os
objetivos, mas sim os colocava em seu devido lugar: no
centro de planejamento de qualquer ação política.
E quais eram os fins que Maquiavel almejava,
pergunta que poucos se fazem. Em primeiro lugar ele
desejava trazer para a Itália uma instituição republicana na
qual a vontade do povo fosse respeitada. É bastante
evidente em um texto dele – muito menos conhecido que
"O Príncipe" – Comentários sobre a Primeira Década de
Tito Lívio sua vocação republicana e em certa medida
democrática.
Mas, mesmo nas páginas do Príncipe, ele adverte ao
soberano que é perigoso ser odiado pelo povo e que a um
governante que não é capaz de manter-se em paz com o
povo é inútil a proteção dos exércitos e fortificações. Isto
se dá porque na sua compreensão de sociedade há atores
múltiplos – o príncipe, os nobres, o povo – e, portanto ele
é capaz de perceber que sempre existirão conflitos na
sociedade.
Este modelo é muito diferente dos posteriores que
irão imaginar a existência de um Estado acima da
sociedade – como o pensado pelo modelo liberal – ou
apenas como apêndice de uma parte da sociedade –
como os marxistas. Ainda hoje parece ser um paradigma
eficiente para analisar a política.
Metas realistas
Maquiavel dedica boa parte dos seus textos a avaliar
que é necessário ver a política como ela é, não como ela
deveria ser. Ao afirmar isto ele em momento nenhum
advogou que os muitos truques – do assassinato à
corrupção - analisados por ele fossem um padrão ou um
ideal do que deveria ser a política – tampouco de que ela
sempre haveria de ser assim. Ele apenas constatou fatos
e analisou os dados presentes.
Assim a visão de Maquiavel é essencialmente
estratégica: definir o objetivo, enxergar a realidade como
ela é, refletir como a partir daquela realidade dada se pode
chegar à situação desejada no objetivo, rever os objetivos
a partir desta reflexão e, finalmente, pensar nas táticas
que podem ajudar a concretizar o objetivo através de um
processo gradual de metas realistas e concretas. 
Além disto, ele adverte de um lado para que não se
perca o objetivo de vista e de outro para que nem toda
tática é recomendável. A questão não é, portanto linear
nem são infinitas as escolhas porque algumas delas
ampliam o risco admissível. Os riscos, avalia ele, às vezes
devem ser corridos porque a sorte em geral favorece aos
audazes, mas se deve estar conscientes deles. Mais ou
menos o conceito de risco calculado da estratégia militar
contem porânea.
Assim ele sabe que o Estado que ele deseja não será
obtido enquanto a Itália não for unificada. Sabe que ela
Não será unificada a não ser por um Príncipe forte e que
este processo inevitavelmente conduzirá a guerras e
violência. Sabe que esta centralização precisa se dar em
torno de um nome forte porque precisará obrigatoriamen -
te combater a aristocracia – com a qual o Estado republi -
cano final não será possível. Daí o conteúdo até brutal em
alguns momentos do Príncipe.
Síndrome de Cassandra
Curioso que Maquiavel, ao lado de dois outros
grandes estrategistas – Ibn Khaldun e Karl Clausewitz –
jamais tenham sido ouvidos em sua época. Maquiavel
passou a vida toda tentando se fazer ouvir pelos príncipes
italianos. Khaldun passou a vida fugindo de corte em corte
do Magreb onde inevitavelmente caia em desgraça.
Clausewitz jamais conseguiu ser levado a sério pelo
Estado maior prussiano.
Tal como a personagem da mitologia grega, os três
parecem ter recebido ao mesmo tempo o dom de prever
o futuro e a maldição de não ser capaz de convencer
ninguém das suas previsões por mais acertadas que
fossem. Ainda assim Maquiavel continua hoje sendo um
eficiente conselheiro, Clausewitz moldando os exércitos
contemporâneos e Khaldun arrancando exclamações
sobre a atualidade de seu modelo de interpretação do
desenvolvimento das sociedades. Enquanto isto os
contemporâneos a eles que obtiveram seus efêmeros
sucessos tiveram o nome apagados da história.
Frases de Maquiavel
“Há três espécies de cérebros: uns entendem por si
próprios; os outros discernem o que os primeiros
entendem; e os terceiros não entendem nem por si
próprios nem pelos outros; os primeiros são
excelentíssimos; os segundos excelentes; e os
terceiros totalmente inúteis”. 
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Filosofia Social: Thomas Hobbes
9. IntroduçãoHoje, dispomos de uma ciência específica que estuda
o ser social, as relações sociais: a sociologia. Mas a
filosofia nunca deixou de interpretar a sociedade, a
convivência humana, imposta pela própria natureza
antropológica, pois o homem é um ser social e a vida em
sociedade tem um fim em si mesmo. A filosofia também
aborda as questões de política e ética, fundamentais para
o estudo da sociedade humana. 
Alguns filósofos acreditavam que o homem não era
naturalmente um ser social. Afirmavam que o homem
vivia originalmente em um estado de natureza, mas que
acabava por renunciar a este para assim conseguir
algumas vantagens, como segurança. A sociedade,
portanto, era vista como um pacto ou contrato artificial,
como um artifício para assegurar algum bem-estar. Essa
visão já não é aceita pelos sociólogos e filósofos
modernos. Não há como pensar o homem sem a
sociedade. Veremos abaixo um pequeno texto de Thomas
Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, para quem a
sociedade era um pacto artificial.
Hobbes, filósofo político, para quem a sociedade era um pacto artificial.
10. Texto Clássico
É certo que algumas criaturas vivas, como as abelhas
e as formigas, vivem em sociedade (e por isso são
inclusas por Aristóteles entre as criaturas políticas), mas
não são regidas senão por seus juízos e apetites
particulares, não dispondo da linguagem por meio da qual
uma possa indicar à outra aquilo que acredita ser
vantajoso para o bem comum. Assim, talvez alguns
desejem saber por que o gênero humano não pode fazer
o mesmo. Ao que respondo:
Em primeiro lugar, os homens estão em contínua
competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre
entre essas criaturas; consequentemente, surgem entre
os homens inveja e ódio e, por fim, a guerra; entre as
criaturas não é assim. 
“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de
um homem do que a companhia que frequenta: o que
tem companheiros decentes e honestos adquire,
merecidamente, bom nome, porque é impossível que
não tenha alguma semelhança com eles”.
“Os homens têm menos escrúpulos em ofender
quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o
amor é mantido por vínculos de gratidão que se
rompem quando deixam de ser necessários, já que os
homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo
medo do castigo, que nunca falha”.
“Não se pode chamar de "valor" assassinar seus
cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser
desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem
levar à conquista de um império, mas não à glória”.
“Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos,
vencer por força ou por fraude, faze-se amar a e temer
pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados,
destruir os que podem ou devem causar dano, inovar
com propostas novas as instituições antigas, ser
severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a
milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de
reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar
com cortesia ou combater com respeito, não
encontrará exemplos mais atuais do que as ações do
duque”.
“Um príncipe sábio deve observar modos similares
e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso".
“... Pois o homem que queira professar o bem por
toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não
são bons”.
“Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a
natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão,
pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a
raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos.
Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as
armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos”. 
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Em segundo lugar, entre as criaturas o bem comum
não se distingue do bem individual, mas, sendo, por
natureza, inclinadas a buscar o seu bem individual,
acabam por alcançar o bem comum. Mas, para os
homens, a felicidade consiste em comparar-se com os
outros homens...
Em terceiro lugar, não possuindo essas criaturas (ao
contrário do homem) o uso da razão, não veem nem
pensam ver qualquer culpa na administração dos seus
negócios comuns, ao passo que entre os homens
existem muitos que se julgam mais sábios e capazes que
os outros para governar a coisa pública; e se esforçam
para reformar e inovar as formas diferentes, o que acaba
por levar à divisão e à guerra civil. 
Em quarto lugar, essas criaturas irracionais, mesmo
fazendo um certo uso da voz para comunicar entre si os
seus desejos e as suas predileções, são desprovidos da
arte da linguagem, mediante a qual alguns homens
podem representar aos demais o que é bem sob a
aparência do mal, e o que é mal sob a aparência do bem,
aumentando ou diminuindo a aparente dimensão do bem
e do mal, provocando descontentamento entre os
homens e abalando sua paz e seu bel-prazer. 
Em quinto lugar, as criaturas irracionais não são
capazes de distinguir injúria e dano; portanto, desde que
se sintam à vontade, não se sentem ofendidas pelas suas
companheiras, ao passo que o homem é tanto mais
turbulento quanto mais se sente à vontade; é justamente
neste caso que gosta de exibir a sua sabedoria e censurar
as ações daqueles que governam o Estado.
Finalmente, o acordo que se produz entre as cria turas
é natural, enquanto o acordo entre os homens é apenas
pactual, ou seja, artificial; portanto não surpreen de que
(além do pacto) exijam algumas coisas uns dos outros
para tornar o acordo constante e duradouro – ou seja, um
poder comum que os constranja e dirija as suas ações
para um benefício comum.
(Thomas Hobbes, O Leviatã)
11. Texto Moderno
A natureza modificada pelo trabalho humano não é
apenas a do mundo exterior, mas também a da individua -
lidade humana, pois nesse processo o homem se
autoproduz, isto é, faz a si mesmo homem.
O autoproduzir-se humano se completa em dois
movimentos contraditórios e inseparáveis: por um lado,
a sociedade exerce sobre o indivíduo um efeito
plasmador, a partir do qual é construída uma determinada
visão de mundo; por outro, cada um elabora e interpreta
a herança recebida na sua perspectiva pessoal.
É bem verdade que o teor dessas mudanças varia
conforme o tipo de sociedade: no mundo contem porâneo
de intensa urbanização, as alterações são muito mais
velozes do que nas tribos indígenas ou comuni dades
tradicionais. Mesmo assim, não há sociedade estática:
em maior ou menor grau, todas mudam, estabelecendo
uma dinâmica que resulta do embate entre tradição e
ruptura, herança e renovação. 
A transformação produzida pelo homem pode ser
caracterizada como um ato de liberdade, entendendo-se
liberdade não como alguma coisa que é dada ao homem,
mas como resultado da sua capacidade de compreender
o mundo, projetar mudanças e fazer projetos. Pelo
trabalho o homem aprende a conhecer as suas próprias
forças e limitações, desenvolve a inteli gên cia, as
habilidades, impõe-se uma disciplina, relaciona-se com os
companheiros e vive os afetos de toda relação. Nesse
sentido, dizemos que o homem se autoproduz, pois ele
se modifica e se constrói a partir de sua ação. E nesse
movimento tece sua liberdade.
(Sociedade e Indivíduo, Maria Lúcia de Arruda Aranha)
Não há homens sem sociedade. Imagem de índios brasileiros. 
Sobre Thomas Hobbes
Nascido no ano da Invencível Armada, Hobbes
nasceu prematuramente devido à ansiedade da mãe,
segundo ele próprio defendeu. O pai de Hobbes, um
clérigo da igreja anglicana, desapareceu depois de se ter
envolvido numa zaragata à porta da sua igreja,
abandonando os seus três filhos aos cuidados de um seu
irmão, um bem sucedido luveiro de Malmesbury. 
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Aos 4 anos Hobbes foi enviado para a escola, em
Westport, a seguir para uma escola privada, e finalmente
para Oxford, onde se interessou sobretudo por livros de
viagens e mapas. Quando acabou os estudos tornou-se
professor privado do futuro 1.° conde de Devonshire,
William Cavendish, iniciando a sua longa relação com a
família Cavendish. Tornou-se muito chegado ao seu aluno,
que era pouco mais novo do que ele, tornando-se seu
secretário e companheiro. Assim, em 1610, Thomas
Hobbesvisitou a França e a Itália com o seu pupilo. Aí
descobriu que a filosofia aristotélica que tinha aprendido
estava a perder influência, devido às descobertas de
astrônomos como Galileu e Kepler, que formularam as leis
do movimento planetário. Por isso, ao regressar a
Inglaterra decidiu tornar-se um estudioso dos clássicos,
tendo realizado uma tradução da História da Guerra do
Peloponeso de Tucídedes, publicada em 1629, influen -
ciada pelos problemas contemporâneos da Inglaterra. 
Tendo voltado a viajar para o estrangeiro, com o seu
novo pupilo Hobbes foi chamado à Inglaterra, em 1630,
para ensinar o jovem 2.o conde de Devonshire, William
Cavendish, filho do seu patrono e pupilo. 
Foi durante uma nova viagem, a terceira, ao conti -
nente que se deu o ponto de viragem intelectual de
Hobbes, quando descobriu os Elementos de Euclides, e
a Geometria, devido à influência de Galileu, que o ajudou
a clarificar as suas ideias sobre a filosofia, como qualquer
coisa que podia ser demonstrada em termos positivos -
«as regras e a infalibilidade da razão» - tendo escrito os
Elementos do Direito, Natural e Político, que circulou
manuscrito em 1640, mas que só foi publicado no século
XIX, após ter chegado a Inglaterra, em 1637. 
Em 1640 foi um dos primeiros emigrantes Realistas,
o primeiro segundo ele próprio orgulhosamente afirmava,
tendo vivido em Paris nos onze anos seguintes. Contatou
de novo o círculo de Mersenne, escreveu sobre
Descartes e publicou o De Cive, que desenvolvia os
argumentos apresentados na 2.a parte dos Elementos,
concluindo abordando as relações entre o Estado e a
religião. Em 1646 o príncipe de Gales, o futuro Carlos II,
chegou a Paris tendo Hobbes sido convidado a ensinar-
lhe matemática. Os problemas políticos ingleses e o cada
vez maior número de refugiados políticos levou-o a de
novo para a filosofia política. Assim, em 1647 publicou
uma segunda edição, aumentada, do De Cive, e a sua
tradução inglesa em 1651. Em 1650 publicou Os
Elementos da Lei em duas partes, a Natureza Humana e
o De Corpore Politico (Do Corpo Político). 
Em 1651 publicou a sua obra-prima, O Leviatã. Carlos
I tinha sido executado e a causa realista parecia
completamente perdida, por isso no fim da obra tentou
definir as situações em que seria possível legitimamente
a submissão a um novo soberano. Tal capítulo valeu-lhe o
desagrado da corte do novo rei de Inglaterra, no exílio, já
que se pensava que Hobbes estava a tentar cortejar o
regime republicano em Inglaterra. Excluído da corte
inglesa e suspeito, para as autoridades francesas, devido
aos seus ataques contra o Papado, Hobbes regressou de
fato a Inglaterra nesse ano de 1651. 
O regresso à Inglaterra não se fez sem perigos, já que
Hobbes tinha atacado o sistema universitário, devido ao
seu antigo apoio ao Papa, continuando a criticá-lo devido
à manutenção de um ensino baseado em conhecimentos
ultrapassados. De fato, a Universidade de Oxford criticou-
o duramente em 1655, quando da saída do De Corpore.
Hobbes, impressionado com os progressos de Galileu na
mecânica, tentou explicar todos os fenômenos e os
próprios sentidos com base do movimento dos corpos. A
posição foi muito criticada, dando origem a uma polêmica
que durou até 1662, ano em que se defendeu, com
sucesso, de ter abandonado Carlos II, no exílio. 
Com a Restauração da monarquia inglesa, em 1660,
na pessoa de Carlos II, Hobbes voltou a ser admitido na
corte, contra o parecer dos bispos, passando mesmo a
receber uma pensão do rei. Em 1666-67 Hobbes sentiu-
se realmente ameaçado, devido à tentativa de aprovação
no Parlamento de uma lei contra os ateus e os
profanadores de túmulos, já que a comissão encarre gada
de discutir a lei tinha por dever analisar O Leviatã. Hobbes
defendeu-se afirmando que não havia na Inglaterra
nenhum tribunal com jurisdição sobre as heresias, desde
a extinção da high court of comission, em 1641. O
parlamento acabou por não aprovar a lei contra o ateísmo,
mas mesmo assim Hobbes nunca mais pôde publicar
sobre a conduta dos homens, possivelmente o preço que
o rei acordou para Hobbes ser deixado em paz. 
O fim da vida foi passado com os clássicos da sua
juventude, tendo publicado uma tradução da Odisseia em
1675, e a da Ilíada no ano seguinte. 
(Fonte: Enciclopédia Britânica)
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1. (ENEM) – O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De
fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente de
outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levam ao
assassinato e ao roubo. 
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009. 
No século XVI, Maquiavel escreveu “O Príncipe”, reflexão sobre a
Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social,
segundo esse autor, baseava-se na 
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. 
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. 
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas. 
d) neutralidade diante da condenação dos servos. 
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: E
2. (IFRN) – Nicolau Maquiavel foi diferente dos teólogos medievais e de
seus contemporâneos ao fundamentar as suas teorias políticas porque
partiu 
a) da Bíblia para fundamentar as suas teorias políticas. 
b) do direito romano para a construção do seu pensamento político. 
c) das obras dos filósofos grecorromanos para construir a sua teoria
política. 
d) da experiência real do seu tempo para fundamentar o seu pensamento
político. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: D
3. (UEL) – “O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe de
Maquiavel, em particular a interpretação segundo a qual a ação política,
ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação do Estado, é uma
ação que não possui um fim próprio de utilidade e não deve ser julgada
por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.”
(BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel
Kant.Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília: Editora da UNB, 1984. p. 14.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para Maquiavel
o poder político é: 
a) Independente da moral e da religião, devendo ser conduzido por
critérios restritos ao âmbito político. 
b) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas dizem
respeito à esfera privada da vida em sociedade. 
c) Dependente da religião, devendo ser conduzido por parâmetros
ditados pela Igreja. 
d) Dependente da ética, devendo ser orientado por princípios morais
válidos universal e necessariamente. 
e) Independente das pretensões dos governantes de realizar os
interesses do Estado. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: A
4. (UFF) – De acordo com o filósofo inglês Thomas Hobbes 
(1588-1679), em seu estado natural, os seres humanos são livres,
competem e lutam entre si. Mas, como têm em geral a mesma força,
o conflito se perpetua através das gerações, criando um ambiente de
tensão e medo permanentes. Para Hobbes, criar uma sociedade
submetida à lei e na qual os seres humanos vivam em paz e deixem de
guerrear entre si pressupõe que todos os homens renunciem a sua
liberdade original e deleguem a um só deles (o soberano) o poder
completo e inquestionável. 
Assinale a modalidade de governo que desempenhou importante papel
na Filosofia Política Moderna e que é associada à teoria política de
Hobbes.
a) Monarquia censitária
b) Monarquia absoluta
c) Sistema parlamentar
d) Despotismo esclarecido
e) Sistema republicano
RESOLUÇÃO:
Resposta: B
5. Thomas Hobbes, em sua obra Leviatã, descreve um hipotético
estado de natureza primitivo como sendo um estado de guerra de todos
contra todos. Para ele, a razão desse estado de guerra reside na 
a) ausência de um poder comum capaz de manter a todos em mútuo
respeito. 
b) natural propensão humana para buscar a guerra. 
c) ausência do desejo de autoconservação nos homens. 
d) desigualdade radical entre os homens no estado de natureza. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: A
6. (UFU) – SegundoHobbes (1588-1679), podemos definir estado de
natureza como sendo o lugar onde
a) todos são bons por natureza, mas a vida em sociedade os corrompe.
b) os homens são bons, “bons selvagens inocentes”, vivendo em
estado de felicidade original.
c) todos são proprietários de suas vidas, de seus corpos, de seus
trabalhos, portanto, todos são proprietários.
d) reina o medo entre os indivíduos, que temem a morte violenta, que
vivem isolados e em luta permanente, guerra de todos contra todos.
RESOLUÇÃO:
Resposta: D 
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7. (UEL) – “Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao contrato
uma soberania absoluta e indivisível [...]. Ensina que, por um único e
mesmo ato, os homens naturais constituem-se em sociedade política e
submetem-se a um senhor, a um soberano. Não firmam contrato com
esse senhor, mas entre si. É entre si que renunciam, em proveito desse
senhor, a todo o direito e toda liberdade nocivos à paz”. 
(CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel
a nossos dias. Trad. de Lydia Cristina. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1995.
p. 73.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contrato político em
Hobbes, considere as afirmativas a seguir.
I. A renúncia ao direito sobre todas as coisas deve ser recíproca entre
os indivíduos.
II. A renúncia aos direitos, que caracteriza o contrato político, significa
a renúncia de todos os direitos em favor do soberano.
III. Os procedimentos necessários à preservação da paz e da segurança
competem aos súditos cidadãos.
IV. O contrato que funda o poder político visa pôr fim ao estado de
guerra que caracteriza o estado de natureza.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II. b) I e IV. c) II e III.
d) I, III e IV. e) II, III e IV.
RESOLUÇÃO:
Resposta: B
8. (ENEM) – “Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o
que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião
é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações
ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura
humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-
arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos
atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.”
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu
tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu
pensamento político e o humanismo renascentista ao
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do
seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação
humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de
aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
RESOLUÇÃO:
O texto extraído da obra “O Príncipe”, de Maquiavel, refletindo
sobre o exercício do poder em seu tempo, apresentou a relação
existente entre o pensamento político e o humanismo próprio do
renascentismo. Assim, afirma a confiança na razão autônoma
quando aborda a questão do livre-arbítrio. A sorte não pode decidir
sozinha nossos atos, deve ser corroborada pela razão.
Resposta: C 
9. (ENEM) – Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que
temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam
de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser
temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos
homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis,
simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são
inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos,
quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega,
revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas
relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um ser
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos
outros.
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na
política.
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e
inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando
seus direitos naturais.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
RESOLUÇÃO:
Maquiavel sustenta uma antropologia pessimista, muito próxima
da concepção de Hobbes. Assim, o homem é naturalmente um ser
egoísta e inclinado ao conflito. No texto, Maquiavel afirma que, em
geral, os homens são ingratos e volúveis, o que serve de
justificativa, inclusiva, aos regimes absolutistas.
Resposta: C
10. (UNESP) – A China é a segunda maior economia do mundo. Quer
garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram os Estados Unidos
no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um atol de
rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão
por umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem.
Mesmo o Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados Unidos.
As autoridades de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano
invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete.
(André Petry. O Século do Pacífico. Veja, 24.04.2013. Adaptado.)
A persistência histórica dos conflitos geopolíticos descritos na
reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela teoria
a) iluminista, que preconiza a possibilidade de um estado de
emancipação racional da humanidade.
b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude com a fortuna como
princípios básicos da geopolítica.
c) política de Rousseau, para quem a submissão à vontade geral é
condição para experiências de liberdade.
d) teológica de Santo Agostinho, que considera que o processo de
iluminação divina afasta os homens do pecado.
e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a desconfiança
como condições básicas da natureza humana.
RESOLUÇÃO:
Thomas Hobbes afirma que “na natureza do homem encontramos
três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição,
segundo, a desconfiança, e terceiro, a glória”. Assim, a luta pelo
espaço, a disputa pelo poder e a contínua desconfiança do próximo
constituem a antropologia filosófica de Hobbes. Mesmo o homem
artificial, ou seja, aquele que se libertou do estado de natureza, no
qual revelava toda a sua natureza egoísta, e que agora se encontra
em estado de contrato social, permanece incapaz de manter a
ordem e a paz, pois configura-se no pacto social um choque de
interesses entre a população e o Estado.
Resposta: E 
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42 –
1. (IFRN) – Segundo O príncipe, de Maquiavel, toda cidade está dividida
em dois desejos opostos: 
a) o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de
não ser oprimido nem comandado. 
b) o desejo do povo de ser bem guiado e o desejo dos grandes em ser
um bom pastor para o povo. 
c) o desejo do povo por um herói que os salve e a falta de vontade dos
grandes em serem heróis do povo. 
d) o desejo dos grandes em oprimir e comandar e o desejo do povo em
participar um dia dessa opressão. 
2. (UEL) – “A escolha dos ministros por parte de um príncipe não é
coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, de acordo
com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que
se tem de um governante e da sua inteligência, é dada pelos homens
que o cercam. Quando estes são eficientes e fiéis, pode-se sempre
considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade
e manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta, pode-se sempre
dele fazer mau juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao
escolher os assessores”. 
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. de Pietro Nassetti. 
São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 136.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Maquiavel, é correto
afirmar: 
a) As atitudesdo príncipe são livres da influência dos ministros que ele
escolhe para governar. 
b) Basta que o príncipe seja bom e virtuoso para que seu governo
obtenha pleno êxito e seja reconhecido pelo povo. 
c) O povo distingue e julga, separadamente, as atitudes do príncipe
daquelas de seus ministros. 
d) A escolha dos ministros é irrelevante para garantir um bom governo,
desde que o príncipe tenha um projeto político perfeito. 
e) Um príncipe e seu governo são avaliados também pela escolha dos
ministros. 
3. Descreva o panorama histórico da Itália em que viveu Maquiavel.
4. O que caracterizava a obra de Maquiavel?
5. Que visão Maquiavel tinha de homem?
6. Para Maquiavel, os fins justificam os meios?
7. Que propósito levou Maquiavel a escrever O Príncipe? 
8. Explique os conceitos de virtù e fortuna em Maquiavel.
9. Leia e comente o trecho de O Príncipe.
“Pode-se observar que todos os homens – especialmente os
soberanos, colocados em posição mais elevada – têm a reputação de
certas qualidades que lhe valem elogios ou vitupérios (palavra ou atitude
ofensiva). Assim, alguns são tidos como liberais, outros por miseráveis
[…]; um é considerado generoso; o outro, ávido; um cruel; o outro,
misericordioso; um, efeminado e pusilânime (covarde); e outro bravo e
corajoso; […] e assim por diante. Naturalmente, seria muito louvável
que um príncipe possuísse todas as boas qualidades acima mencio -
nadas, mas como isso não é possível, pois as condições humanas não
o permitem, é necessário que tenha a prudência necessária para evitar
o escândalo provocado pelos vícios que poderiam fazê-lo perder seus
domínios, evitando os outros, se for possível; se não for, poderá praticá-
los com menores escrúpulos”.
10. Em O Príncipe, Maquiavel (1469-1527) formulou ideias e conceitos
que firmaram a sua reputação de o fundador da Ciência Política
moderna. Dentre elas, pode-se citar os aspectos relacionados às ações
políticas dos governantes e à dominação das massas. Para ele, a política
deveria ser compreendida pelo governante como uma esfera
independente dos pressupostos religiosos que até então a
impregnavam. Ao propor a autonomia da política (esfera da vida pública
e da ação dos dirigentes políticos) sobre a ética (esfera da vida privada
e da conduta moral dos indivíduos), é legítimo afirmar que Maquiavel
não deixou, entretanto, de reconhecer e valorizar a religião como uma
importante dimensão da vida em sociedade. Segundo Maquiavel, a
religião dos súditos deveria ser objeto de análise atenta por parte do
governante. 
Sobre a relação entre política e religião, de acordo com Maquiavel, é
correto afirmar: 
a) A religião deve ser cultivada pelo governante para garantir que ele
seja mais amado do que temido. 
b) Por se constituírem em personagens importantes na vida política de
uma comunidade, os líderes religiosos devem formular as ações a
serem executadas pelos príncipes. 
c) O sentimento religioso dos súditos é um valor moral e, portanto,
deverá ser combatido pelo príncipe, uma vez que conduz ao
fanatismo e prejudica a estabilidade do Estado. 
d) A religião dos súditos é sempre um instrumento útil nas mãos do
Príncipe, o qual deve aparentar ser virtuoso em matéria religiosa. 
e) O dirigente político deve se esforçar para tornar-se, também, o
dirigente religioso de seu povo, rompendo, assim, com o preceito do
Estado laico. 
11. (UEL) – “Sendo, portanto, um príncipe obrigado a bem servir-se da
natureza da besta, deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão,
pois este não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa, contra os
lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para
aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões não serão
bem-sucedidos. (…) E há de se entender o seguinte: que um príncipe,
e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas
a que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequente -
mente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a
humanidade, a religião.” 
(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 2.° ed. São Paulo: Abril Cultural,
1979. p. 74-75). 
A partir das metáforas propostas por Nicolau Maquiavel, pensador
italiano renascentista, considere as afirmativas sobre a noção do poder
próprio ao governante. 
I. A sabedoria e o uso da força fundamentam o poder. 
II. O poder encontra seu fundamento na bondade e na caridade. 
III. A sobrevivência do poder depende das virtudes da fé e da religião. 
IV. Os fins podem justificar os meios, para resolver conflitos na disputa
pelo poder. 
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– 43
Estão de acordo com o pensamento de Maquiavel apenas as afirmativas: 
a) I e II. b) I e III. c) I e IV. 
d) II e III. e) III e IV. 
12. (FAAP) – Principalmente a partir do século XVI vários autores
passam a desenvolver teorias, justificando o poder real. São os legistas
que, através de doutrinas leigas ou religiosas, tentam legalizar o
Absolutismo. Um deles é Maquiavel: afirma que a obrigação suprema do
governante é manter o poder e a segurança do país que governa. Para
isso deve usar de todos os meios disponíveis, pois que “os fins
justificam os meios.” Professou suas ideias na famosa obra: 
a) “Leviatã” 
b) “Do Direito da Paz e da Guerra” 
c) “República” 
d) “O Príncipe” 
e) “Política Segundo as Sagradas Escrituras” 
13. (MACKENZIE) – O florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527) rompeu
com a religiosidade medieval, estabelecendo nítida distinção entre a
moral individual e a moral pública. Em seu livro “O Príncipe” preconizava
que: 
a) o chefe de Estado deve ser um chefe de exército. O Estado em guerra
deve renunciar a todo sentimento de humanidade... O equilíbrio das
forças está inscrito nos tratados. Mas os chefes de Estado não
devem hesitar em trair sua palavra ou violar sua assinatura no
interesse do Estado. 
b) somente a autoridade ilimitada do soberano poderia manter a ordem
interna de uma nação. A ordem política internacional é a mais
importante; sem ela se estabeleceria o caos e a turbulência política. 
c) na transformação do Estado Natural para o Estado Civil, legitima-se o
poder absoluto do rei, uma vez que o segundo monta-se a partir do
indivíduo, que cede seus direitos em troca de proteção contra a
violência e o caos do primeiro. 
d) o trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio
Deus... Os reis... são deuses e participam de alguma maneira da
independência divina. O rei vê mais longe e de mais alto; deve-se
acreditar que ele vê melhor... 
e) há três espécies de governo: o republicano, o monárquico e o
despótico... A liberdade política não se encontra senão nos governos
moderados... Para que não se possa abusar do poder, é preciso que
pela disposição das coisas, o poder faça parar o poder. 
14. (FUVEST) – Nicolau Maquiavel, em 1513, na Itália renascentista,
escreveu: 
Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os
homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para
manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião.
(...) O príncipe não precisa possuir todas as qualidades (ser piedoso, fiel,
humano, íntegro e religioso), bastando que aparente possuí-las. Um
príncipe, se possível, não deve se afastar do bem, mas deve saber entrar
para o mal, se a isso estiver obrigado. 
Adaptado de Nicolau Maquiavel. O Príncipe. 
Indique qual das afirmações está claramente expressa no texto: 
a) Os homens considerados bons são os únicos aptos a governar. 
b) O príncipe deve observar os preceitos da moral cristã medieval. 
c) Fidelidade, humanidade, integridade e religiosidade são qualidades
indispensáveis ao governante. 
d) O príncipe deve sempre fazer o mal, para manter o governo. 
e) A aparência de ter qualidades é mais útil ao governante do que
possuí-las.
15.Em termos filosóficos, Nicolau Maquiavel é apresentado como o
descobridor da política como categoria independente da moral teológica.
A ruptura de Maquiavel com a moralidade do cristianismo significa que: 
a)a virtude (virtù) política está associada à maldade e ao uso
indiscriminado da força bruta. 
b) a ética ou a moral da política moderna deve ser a do mundo pagão,
que se destina à realização do bem público, antes de tudo. 
c) a ação política deve estar pautada nos preceitos da razão humana,
que determinam a priori o que é bom ou mal, justo ou injusto. 
d) as virtudes cristãs - a humildade, a misericórdia, a fé em Deus, o
amor ao próximo - são, em si mesmas, ruins e sem importância. 
e) o elemento decisório da política não é Deus, mas sim a força
incontrolável do acaso, a eventualidade da “fortuna”. 
16. (FUVEST) – No início do século XVI, Maquiavel escreveu O
Príncipe – uma célebre análise do poder político, apresentada sob a
forma de lições, dirigidas ao príncipe Lorenzo de Médicis. Assim
justificou Maquiavel o caráter professoral do texto: 
Não quero que se repute presunção o fato de um homem de baixo e
ínfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos príncipes; pois
assim como os [cartógrafos] que desenham os contornos dos países se
colocam na planície para considerar a natureza dos montes, e para
considerar a das planícies ascendem aos montes, assim também, para
conhecer bem a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para
conhecer a dos príncipes é necessário ser do povo. 
(Tradução de Lívio Xavier, Adaptada.)
Ao justificar a autoridade com que pretende ensinar um príncipe a
governar, Maquiavel compara sua missão à de um cartógrafo para
demonstrar que 
a) Temendo ser qualificado de presunçoso, Maquiavel achou por bem
defrontar sua autoridade intelectual, tipo um cartógrafo habilitado a
desenhar os contrastes de uma região. 
b) Maquiavel, embora identificando-se como um homem de baixo
estado, não deixou de justificar sua autoridade diante do príncipe,
em cujos ensinamentos lhe poderiam ser de grande valia. 
c) Manifestando uma compreensão dialética das relações de poder,
Maquiavel não hesita em ministrar ao príncipe, já ao justificar o livro,
uma objetiva lição de política. 
d) Maquiavel parece advertir aos poderosos de que não se menospreze
as lições de quem sabe tanto analisar quanto ensinar o comporta -
mento de quem mantenha relações de poder. 
e) Maquiavel, apesar de jamais ter sido um governante em seu livro
tão perspicaz, soube se investir nesta função, e assim justificar-se
diante de um príncipe autêntico. 
17. (UEM) – Thomas Hobbes explica a origem da sociedade e do
Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo entre os indivíduos para
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44 –
regulamentar o convívio social e garantir a paz e a segurança de todos.
Sobre a teoria política de Thomas Hobbes, assinale o que for correto. 
01)Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o comportamento
dos homens é pacífico, o que é condição para instauração do pacto
de respeito mútuo às liberdades individuais. 
02)Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o homem dispõe
de toda liberdade e poder para realizar tudo quanto sua força ou
astúcia lhe permitir. 
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada por uma
multidão de indivíduos que concordaram em transferir seu direito
de governarem a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas
que os represente e que possa assegurar a paz e o bem comum. 
08)Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas Hobbes utiliza
a figura do Novo Testamento, o Leviatã, cuja função é salvar os
homens do poder despótico dos reis. 
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder absoluto
algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano para constranger os
súditos, pois o controle do poder instituído, como o próprio poder,
deve assentar-se no acordo e no convencimento. 
18.Durante muito tempo, filósofos estudaram a questão da sociabi -
lidade humana, supondo que os homens viviam num passado remoto
originalmente em estado de natureza e teriam renunciado à liberdade
para viver em sociedade. Esses filósofos foram conhecidos como
a) contratualistas, como Hobbes.
b) racionalistas, como Descartes.
c) empiricistas, como Locke.
d) sofistas, como Protágoras.
e) metafísicos, como Agostinho.
19.Entre as criaturas o bem comum não se distingue do bem individual,
porém, por serem, por natureza, inclinadas a buscar o seu bem
individual, acabam por alcançar o bem comum. Mas, para os homens,
a felicidade consiste em comparar-se. Na vertente contra os filósofos
contratualistas, os sociólogos, em geral, acreditam que:
I. A vida em sociedade tem um fim em si mesmo.
II. Não há homens sem sociedade.
III. Os indivíduos constituem uma realidade independente da socie dade.
São verdadeiras:
a) apenas I e II. b) apenas I e III. 
c) apenas I. d) apenas II e III. 
e) apenas III.
20.“Em primeiro lugar, os homens estão em contínua competição pela
honra e pela dignidade, o que não ocorre entre essas criaturas;
consequentemente, surgem entre os homens inveja e ódio e, por fim,
a guerra; entre as criaturas não é assim. 
Em segundo lugar, com os outros homens...” (Hobbes)
Após a leitura do texto, julgue as assertivas abaixo.
I. Para o autor, os homens são diferentes das criaturas (animais)
porque são todos dignos e honrados.
II. Há uma inclinação natural humana para os conflitos.
III. Os homens seriam, segundo o filósofo, marcados por um egoísmo
natural.
IV. O autor aproxima os homens dos animais, ao compará-los. 
São verdadeiras: 
a) I e II. b) II e III. c) IIII e IV. d) I e III. e) I e IV.
21.“O acordo que se produz entre as criaturas é natural, enquanto o
acordo entre os homens é apenas pactual, ou seja, artificial; portanto
não surpreende que (além do pacto) exijam algumas coisas uns dos
outros para tornar o acordo constante e duradouro – ou seja, um poder
comum que os constranja e dirija as suas ações para um benefício
comum.” (Hobbes) 
A frase de Hobbes expressa
a) a ideia de que a vida social tem um fim em si mesma.
b) o princípio do primado da sociedade sobre o indivíduo.
c) uma ideia filosófica que se opõe a dos contratualistas. 
d) que a natureza antropológica impõe a convivência.
e) que a vida social é um artifício. 
22.Sobre a vida social, leia as proposições abaixo. 
I. Na concepção moderna, ao contrário do que pensavam os
contratualistas, a vida em sociedade tem um fim em si mesmo.
II. A natureza antropológica impõe a convivência e, portanto, a vida
social é totalmente artificial.
III. A filosofia investiga a natureza política e moral da convivência entre
os homens.
IV. Os povos indígenas não vivem em sociedade, mas em estado de
natureza.
São coerentes com as concepções modernas acerca da vida social
apenas:
a) I e II. b) II e III. c) IIII e IV. d) I e III. e) I e IV.
23.Leia as proposições abaixo e assinale a alternativa que agrupa as
corretas.
I. Toda sociedade está em transformação, por isso dizemos que são
estáticas.
II. O ritmo de transformação pode mudar de uma para a outra. 
III. No mundo contemporâneo de intensa urbanização, as alterações são
muito mais velozes do que nas tribos indígenas ou comunidades
tradicionais.
IV. As sociedades mudam, estabelecendo uma dinâmica que resulta do
embate entre tradição e ruptura, herança e renovação. 
V. Sociedades atrasadas como as tribais e tradicionais não são
dinâmicas e não entraram ainda para a modernidade. 
a) I, II e V. b) II, III e IV. c) III, IV e V. 
d) I, IV e V. e) I, II e III. 
24.O homem é visto como um ser inacabado, um projeto, pois sua
existência é por ele determinada, apesar das influências estruturais da
sociedade e da cultura. Essa frase nos permite concluir que:
a) o homem é marcado pela liberdade.
b) trata-se de uma antropologia pessimista.
c) a condição humana é marcada somente pelas influências estruturais
da sociedade e da cultura.
d) não é possível ao homem determinar sua própria existência, por
conta do peso das estruturas sociais. 
e) é o homem que faz a sociedade e não o contrário.
25.São concepções da filosofia de Hobbes: 
I. Há motivações paraa vida social: o temor e as necessidades
recíprocas.
II. Os homens competem pela honra gerando ódio e inveja.
III. O Estado totalitário oprime o indivíduo e corrompe o ser social.
IV. Só a democracia é capaz de trazer a orcem social.
São corretas apenas: 
a) I e II. b) II e III. c) IIII e IV. 
d) I e III. e) I e IV.
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26. São concepções da filosofia de Hobbes: 
I. Os homens buscam o seu bem individual.
II. Os homens constroem um bem comum que a vida social artificial.
III. O pacto social e o Estado não conseguem controlar a agressividade
gratuita dos homens. 
IV. O homem é um ser bom criado por Deus.
São verdadeiras: 
a) I e II. b) II e III. c) IIII e IV. 
d) I e III. e) I e IV.
27. Para Hobbes, o Estado Moderno é o Leviatã, monstro que aparece
nas páginas da Bíblia, representando força. Nesse sentido, leia as
proposições abaixo.
I. Hobbes era absolutista, acreditava na necessidade de um Estado
forte. 
II. Apesar de absolutista, acreditava que não deveria haver um culto ao
soberano.
III. O Estado será venerado, pois será capaz de gerar a ordem social.
IV. A democracia é a força do Estado. 
São verdadeiras: 
a) I e II b) II e III c) III e IV d) I e III e) I e IV
28. Para Hobbes, a linguagem humana não passava de uma operação
matemática. Assinale a única alternativa que não se refere à ideia de
Hobbes sobre a linguagem.
a) A linguagem é um sistema de operações de sinais.
b) Operações mentais são cálculos, pois somamos e subtraímos
informações.
c) Pela linguagem, representamos o bem sob a aparência do mal e vice-
versa.
d) O homem é incapaz de mentir porque traz em si uma dimensão
moral interior.
e) A retórica é habilidade exclusiva dos seres humanos.
– 45
1) A 2) E
3) A Itália não constituía um Estado ainda, ou seja, não sofrera
ainda o processo de unificação. A tirania impera em pequenos
principados, governados despoticamente por casas reinantes
sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A
ilegitimidade do poder gera situações de crise, instabilidade
permanente, onde somente o cálculo político, dizia Maquiavel,
a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários
são capazes de manter o príncipe. O quadro cultural era
marcado pelo Renascimento e sua cidade, Florença, era
próspera nesse sentido.
4) Sua obra estava baseada na sua experiência de vida. Trata-se
de uma obra pouco sistemática e muito empírica. 
5) O homem, segundo Maquiavel, tinha uma inclinação natural
para o mal e para o egoísmo. Não percebia a dimensão
histórico-cultural formativa da existência humana. Os homens
querem obter os máximos ganhos a partir do menor esforço,
e fazem o bem quando forçados a isso.
6) Maquiavel nunca escreveu essa frase que lhe é tão
comumente atribuída. Porém, essa frase pode, se bem
compreendida, resumir um aspecto de sua filosofia política.
No pensamento de Maquiavel, os fins determinam os meios:
de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus
planos de como atingi-los.
7) O desejo de ver a Itália poderosa e unificada.
8) Para ele, a virtù seria a habilidade de adaptação aos aconteci -
men tos políticos que levaria à permanência no poder. A virtù
funcionaria como uma que deteria os desígnios do destino. O
poder de um príncipe é ameaçado se esse não tiver a
capacidade de mudar, acompanhando as alterações da
situação. Fortuna era, na mitologia romana, a deusa da sorte,
boa ou má, e dos acontecimentos inevitáveis. Para Maquiavel,
nunca se sabe se a sorte sorrirá, porém, dizia, quem fosse
portador da virtù, seria agraciado pela fortuna.
9) Maquiavel instrui o comportamento adequado de um príncipe
para reproduzir-se no poder. São frases como essa que o
tornaram o filósofo da astúcia e de onde teria surgido o
adjetivo “maquiavélico.”
10) D 11) C 12) D 13) A 
14) E 15) B 16) A 17) 02 e 04
18) A 19) A 20) B 21) E
22) D 23) B 24) A 25) A
26) A 27) D 28) D
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MÓDULO 6 As Luzes de Rousseau e de Voltaire
1. Introdução
O Iluminismo foi um dos mais importantes
movimentos culturais do Ocidente e se desenvolveu no
século XVIII, o Século das Luzes.
O termo sintetiza várias tradições da filosofia europeia
baseadas na valorização do homem, visto agora não mais
como ser insuficiente e pecador, mas como ser racional,
com a possibilidade de emancipar-se. Assim, os
iluministas valorizavam a razão, a união, a tolerância e a
fraternidade pelo exercício político. Immanuel Kant, um
dos mais conhecidos expoentes do pensamento
iluminista, num texto escrito precisamente como resposta
à questão O que é o Iluminismo?, descreveu de maneira
lapidar a mencionada atitude:
O Iluminismo representa a saída dos seres
humanos de uma tutelagem que estes mesmos
se impuseram a si. Tutelados são aqueles que
se encontram incapazes de fazer uso da própria
razão independentemente da direção de
outrem. É-se culpado da própria tutelagem
quando esta resulta não de uma deficiência do
entendimento mas da falta de resolução e
coragem para se fazer uso do entendimento
independentemente da direção de outrem.
Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da
tua própria razão! – esse é o lema do Iluminismo.
O Iluminismo exerceu notável influência na História,
particularmente na esfera política, período em que se
formavam os Estados modernos, as nações politi camente
representadas (Estado-nação), período marca da pela
expansão dos direitos civis, consolidação do liberalismo
e da democracia, e pela secularização, isto é, a separação
das instâncias política e religiosa, impli cando menor
interferêncioa da Igreja no Estado. O Iluminismo influen -
ciou a Revolução Francesa, a Constituição Polaca de 1791,
a Revolução Dezembrista e as ideias socialistas. 
Entre os filósofos iluministas, destacam-se os
seguintes nomes: Spinoza, John Locke, Montesquieu,
Kant, Diderot, David Hume, Rousseau e Voltaire. 
As principais características do Iluminismo eram: 
• Valorização da razão, considerada o mais importante
instrumento para se alcançar qualquer tipo de
conhecimento; 
• Valorização do questionamento, da investigação e da
experiência como forma de conhecimento tanto da
natureza quanto da sociedade, política ou economia; 
• Crença nas leis naturais, normas da natureza que
regem todas as transformações que ocorrem no
comportamento humano, nas sociedades e na
natureza; 
• Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos
possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de
bens materiais; 
• Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos
privilégios da nobreza e do clero; 
• Defesa da liberdade política e econômica e da
igualdade de todos perante a lei; 
• Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a
crença em Deus. “
FILHO, Milton B. B. História Moderna e Contemporânea. 
São Paulo, Scipione,1993 .
Delacroix, A Liberdade guia o Povo, 1830. As revoluções burguesas
foram inspiradas pelas ideias iluministas. 
Rousseau e Voltaire 
(Extraído de Wikipédia – adaptação)
Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de
1712 — Ermenonville, 2 de Julho de 1778) foi um filósofo
genebrino, escritor, teórico político e um compositor
musical autodidata. Uma das figuras marcantes do
Iluminismo francês, Rousseau é também um precursor
do romantismo.
Ao defender que todos os homens nascem livres, e
a liberdade faz parte da natureza do homem, Rousseau
inspirou todos os movimentos que visavam uma busca
pela liberdade. Incluem-se aí as Revoluções Liberais, o
Marxismo, o Anarquismo entre outros.
Sua influência se faz sentir em nomes da literatura
como Tolstói e Thoreau, influencia também movimentos
de Ecologia Profunda, já que era adepto da proximidade
com a natureza e afirmava que os problemas do homem
decorriam dos males que a sociedade havia criado e não
existiam no estado selvagem. Foi um dos grandes
pensadores nos quais a Revolução Francesa se baseou,
apesar de esta se apropriar erroneamentede muitas de
suas ideias.
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– 47
A filosofia política de Rousseau é inserida na
perspectiva dita contratualista de filósofos britânicos dos
séculos XVII e XVIII, e seu famoso Discurso sobre a
origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens pode ser facilmente entendido como um diálogo
com a obra de Thomas Hobbes. 
Principais obras
• Discurso sobre as ciências e as artes
• Discurso sobre a origem da desigualdade entre os
homens
• Do Contrato Social
• Emílio, ou da Educação
François-Marie Arouet, mais conhecido pelo
pseudônimo Voltaire (Paris, 21 de novembro de 1694 —
Paris, 30 de maio de 1778), foi um escritor, ensaísta,
deísta e filósofo iluminista francês, conhecido pela sua
perspicácia e espirituosidade na defesa das liberdades
civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio.
Voltaire foi um escritor prolífico, e produziu obras em
quase todas as formas literárias, assinando peças de
teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e
históricas, mais de 20 mil cartas e mais de 2 mil livros e
panfletos.
Ele foi um defensor aberto da reforma social apesar
das rígidas leis de censura e severas punições para quem
as quebrasse. Um polemista satírico, ele frequentemente
usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as
instituições francesas do seu tempo.
Voltaire foi um entre muitas figuras do Iluminismo
(juntamente com John Locke e Thomas Hobbes) cujas
obras e ideias influenciaram pensadores importantes
tanto da Revolução Francesa como da Americana.
Principais obras 
• Édipo, 
• O infante pródigo 
• Elementos da Filosofia de Newton 
• O século de Luis XIV 
• Micrômegas 
• Tratado sobre a tolerância 
• Dicionário filosófico 
Voltaire e Rousseau, grandes pensadores que marcaram o Iluminismo
Texto: A antropologia de Rousseau. 
Por José Maurício F. Mazzucco
É notável a concepção de homem na obra de
Rousseau. Muitos o julgam um ingênuo, pois sustentava
uma concepção romântica acerca da natureza humana,
mas uma análise mais profunda da antropologia
rousseauniana revela a complexidade de seu pensa mento. 
Sua antropologia aparece inicialmente na obra
Discurso sobre a origem e fundamentos da desi gual dade
entre homens. Para ele, o homem vivia originalemte em
um estado de natureza. O homem natural, original, é um
ser desprovido de preocupações intelectivas e sua ação é
motivada apenas por aquilo que o rodeia. Assim, o
homem de Rousseau, em estado de natureza, vive num
mundo sensível. Nessa condição, o homem não chega a
imaginar um desejo distante e despercebido. Portanto,
esse homem não planeja, não faz projetos para o futuro e
vive para o presente. É desprovido da habilidade de
abstrair. 
Para Rousseau, o homem natural não pode distinguir-
se do outro sequer. Conhece apenas os homens de seu
círculo de convivência e está incapacitado de abstrair
acerca da condição humana, na qual se insere. Seria um
homem incapaz de identificar uma essência comum aos
homens. Escreve Rousseau: “Eles tiveram a ideia de um
pai, filho, irmão, e não de um homem. A cabine continha
todos os seus companheiros … Fora eles e suas famílias,
não havia mais nada no universo.” (Ensaio, IX)
Ao contrário do pensamento, por exemplo, de Thomas
Hobbes, Rousseau não vê o homem como um ser mau,
um lobo egoísta, porém, também não vive socialmente
em natureza, pois vive de seu instinto que lhe basta.
O homem de Rousseau passa de ser natural, nu, para
ser social, vestido, através de um novo recurso: não mais
o do instinto, mas da razão. Se o instinto é o meio pelo
qual o homem vive em natureza; a razão será o
instrumento jurídico de convivência. 
Assim, Rousseau é um filósofo contratualista, ou
seja, supõe que a convivência humana resultaria de uma
espécie de contrato social, em que se renunciaria a
condição de liberdade natural. A transição de um estado
para outro, do natural para o civil, ocorreria num período
marcado por conflitos, uma “guerra de todos contra
todos”. Esse estado de guerra teria sido promovido pelo
estabelecimento da propriedade privada, afirma
Rousseau. Além disso, faltavam regras e leis que
estabelecessem a convivência. É claro que essas
concepções filosóficas, da época, eram desprovidas de
critérios científicos, como faz a sociologia ou a história.
Daí nasce a necessidade de um contrato social, capaz de
evitar as desiguladades. Assim, segundo Rousseau, com
suas palavras: O que o homem perde pelo contrato social
é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto
aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a
liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui. 
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48 –
O homem, pela convivência, desenvolve a habili dade
de raciocinar (intelecto) mas também de amar (afeto).
Assim, se desenvolve a capacidade de com preender. 
Na ordem civil, a desigualdade advinda da proprie dade
privada pode ainda se manter, mas Rousseau vê aí a
necessidade de estabelecer o Estado democrático, em
que as leis alcancem o princípio de iguladade. Define
assim a democracia como a vontade soberana da maioria,
uma vontade geral que não pode ser a soma das vontades
individuais. 
Mas, a vida social, segundo Rousseau, cria condicio na -
mentos, convenções e artificialismos que corrompem o ser
humano, ferido na espontaneidade natural que o caracteriza.
Aponta, assim, os caminhos da educação. A educação não
deve devolver o homem ao estado de natureza, mas deve
libertar o homem da escravidão das convenções sociais,
hipocrisias e dos habitos exteriores. Sua pedagogia valoriza
a experiência e está voltada para a vida. A educação é um
retorno à pureza da consciência natural. 
Voltaire criticou a filosofia de Rousseau afirmando que
“ninguém jamais pôs tanto engenho em querer nos
converter em animais”. Mas, tal interpretação é equivo -
cada se considerarmos a visão que Rousseau tinha de ser
humano. Rousseau afirma, por exemplo, que o sentimento
desenvolvido no homem é um instrumento de penetração
na essência interior do homem. Abandonar as convenções
torna-se um caminho para se chegar misticamente ao
infinito. Isso equivale, diz o filósofo, a uma imersão na
própria interioridade, alcançando a consciência de
liberdade e, assim, atingindo o sentimento íntimo da vida,
com a qual o homem se identificaria com seus
semelhantes e com a universalidade de todos os seres. 
Sobre Voltaire
Por José Maurício F. Mazzucco
Voltaire fêz grande oposição à intolerância,
particularmente religiosa. A Europa era marcada por
guerras religiosas e por indas de intolerância. Falar em
tolerância de pensamento e em liberdade religiosa hoje,
soa como natural, como se fossem processos naturais de
convivência humana e sempre tivessem existido. Mas não
foi assim. Ao pronunciar-se acerca da tolerância, Voltaire foi
considerado um revolucionário e foi perseguido, sendo
inclusive exilado da França. Voltaire, assim, muito
contribuiu para a liberdade humana de expressão, e, além
disso, contribuiu para o desenvolvimento da ciência do
Direito, pois defendia a criação de leis para todos. Era um
liberal, mas o seu liberalismo não deve ser confundido com
o liberalismo econômico de Adam Smith. Este prega a
mínima intervenção do Estado nos processos econômicos.
Dizer que Voltaire era um liberal equivale a dizer
simplesmente que não era um conservador político. 
Vida e Obra de Voltaire (Enciclopédia Mirador
Internacional)
François-Marie Arouet, dito Voltaire, nasceu em uma
abastada família burguesa e fez seus estudos com os
jesuítas, no Colégio Louis-le-Grand, em Paris. Em 1718,
alcançou grande sucesso com a tragédia Édipo. Contudo,
por ter insultado um nobre, o duque de Rohan-Chabot, foi
encarcerado na Bastilha, em 1726, e mais tarde libertado,
mas sob a condição de que partisse para o exílio. Assim,
passa três anos na Inglaterra, quando, além de frequentar
a aristocracia e a intelectualidade inglesas, se familiariza
com as ideias do Iluminismo. 
Retorna a Paris em 1729, mas sua obra Cartas
filosóficas (ou Cartas sobre os ingleses), em quefaz
elogios à tolerância religiosa e à liberdade cultural e
política na Inglaterra, é condenada pelas autoridades, o
que o obriga a se refugiar no castelo de Cirey, onde passa
dez anos escrevendo e estudando (inclusive a física de
Newton), ao lado da marquesa du Châtelet, sua amante,
mulher espirituosa e erudita.
Retorna a Paris em 1744, sendo eleito para a
Academia Francesa em 1746, quando é introduzido na
corte por Madame de Pompadour, amante do rei. Muda-
se, em 1750, para Potsdam, depois de aceitar o convite
de Frederico II, da Prússia. Três anos mais tarde, no
entanto, após um conflito com o rei, retira-se para uma
casa perto de Genebra.
Hábil homem de negócios, com a fortuna adquirida
inclusive por meio de especulações na Bolsa compra o
castelo e a fazenda Ferney, nas proximidades de Genebra,
onde instala fábricas de tecidos de seda e de relógios.
Torna-se milionário. E graças à independência financeira,
passa a intervir em casos de intolerância religiosa, como
o Calas (execução de um protestante cujo filho se
suicidara, sob acusação de tê-lo assassina do para o
impedir de converter-se ao catolicismo) e o La Barre
(homem executado por não ter tirado o chapéu ao
encontrar uma procissão). 
Obra e influência
Não seria exagero dizer que Voltaire foi o homem
mais influente do século XVIII. Seus livros eram lidos por
toda a Europa e vários monarcas pediram seus conselhos.
Deixou uma obra que reúne cerca de 70 volumes. 
Apesar de obras poéticas consideradas ultrapas sadas,
e em alguns casos ilegíveis, Voltaire é magnífico na prosa,
de estilo, correção e fluência admiráveis, além de possuir
espirituosidade e irreverência. Seu O século de Luís XIV,
de 1751, por exemplo, é a primeira obra de historiografia
que inclui a história da cultura, das letras e das artes. E o
Ensaio sobre os costumes e o espírito das nações de
1756, obra de erudição incrível, é a primeira tentativa de
uma história universal do ponto de vista do liberalismo
religioso e político.
Nenhum de seus livros, contudo, supera, em
espirituosidade, o Cartas filosóficas, em que a vivaci dade
das comparações entre a liberdade inglesa e o atraso da
França é irresistível. 
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Voltaire propagandeou os ideais iluministas em todos
os seus livros, mas principalmente nos romances –
também chamados de “contos filosóficos”, como Zadig,
Micrômegas e, sua obra-prima, Cândido, ou o otimismo –
e no seu radical Dicionário filosófico. Ele também nos
deixou cerca de 10 mil cartas, extensa correspondência
que guarda, até hoje, qualidades fascinantes. 
Apesar de anticlerical fervoroso e de combater todas as
formas de intolerância, Voltaire não foi ateu, mas um deísta.
Defensor da burguesia, foi um dos principais inspiradores
da Revolução Francesa, movimento que realizou suas
ideias anticlericais e de igualdade perante a lei. 
Em fevereiro de 1778, Voltaire finalmente retornou a
Paris, onde foi amplamente festejado, morrendo logo
depois.
Voltaire dedicou preciosa obra sobre o problema da tolerância religiosa
Texto: Voltaire em Defesa da Tolerância
Por Voltaire Schilling
Desde que se exilara na Inglaterra em 1726, Voltaire
encantou-se com a liberdade dos súditos britânicos. Não
só isto, tornou-se um anglófilo preocupado em difundir a
ciência (as concepções de Newton) bem como os
costumes e ideias dos escritores e pensadores daquele
reino que ele entendia ser feliz. Entre elas entregou-se
por igual na defesa da tolerância. 
Em favor da tolerância
Seguindo as pegadas de John Locke, que apresentou
uma sólida argumentação a favor da tolerância como
remédio para as discórdias civis e religiosas (‘Cartas sobre
a tolerância’, 1689), Voltaire produziu dois ensaios sobre
o tema. Um ele introduziu no seu Dictionaire
Philosophique, (Dicionário Filosófico), de 1764, verbete
‘tolerância’, o outro foi uma exposição mais longa da sua
defesa do Caso Calas, dado a público um ano antes, em
1763, intitulado Traité sur la tolérance, em favor da
reabilitação de um burguês protestante, Jean Calas. 
O pobre homem sofrera, devido a um erro judicial,
uma pena injusta por motivos de fanatismo religioso,
perdendo a vida e os bens quando esquartejado em
Toulouse em 10 de março de 1762 (no mesmo local onde
o filósofo italiano Vanini fora queimado pela Inquisição
acusado de ateísmo, em 1619). O Traité se tornou um
libelo do iluminismo contra o obscurantismo, ou como se
disse, o J’accuse do século XVIII. 
Contra o fanatismo 
Não havia outra solução, para ele, no combate ao
radicalismo religioso e a inclinação para o extremismo
teológico senão que a adoção de uma firme política da
tolerância. O fanatismo é uma espécie de febre ou cólera
da alma que leva os indivíduos a confundirem visões e
sonhos com a realidade, terminando por satisfazer sua
loucura por meio do crime. É a aliança entre a ignorância
e a crueldade. 
‘O que é tolerância’, perguntou, senão que ‘o
apanágio da humanidade. Somos todos cheios de
fraquezas e de erros; perdoemo-nos reciprocamente as
nossas tolices...’(Dicionário Filosófico). Para ele nada
melhor como exemplo do bom convívio entre as
diferenças do que frequentar a bolsa de valores, coisa
que ele fazia costumeiramente em Londres. 
Lá se encontravam o episcopal, o calvinista, o
muçulmano, o judeu, o católico, e seja mais qual for,
todos em harmonia ganhando o seu dinheiro e ajudando
na prosperidade do reino. Nenhum deles se aprontava
para degolar o outro ou para colocá-lo na fogueira. Por
que, no restante da sociedade, não se seguia o exemplo
do bom convívio deles? 
Um histórico de desavenças e perse gui ções
Para Voltaire, o desacerto dos cristãos não começou
com a Reforma. Data de tempos bem mais remotos. Já
nos primeiros séculos do cristianismo, entre Tertuliano,
Origines, Novaciano, Sibelius, Donat, e outros patriarcas,
imperava abertamente a discórdia. Mesmo depois de
Constantino ter reconhecido o cristianismo como religião
do império, a cizânia não cessou entre os seguidores da
nova fé; atanasianos brigavam com eusebianos. 
Durante a perseguição de Domiciano, as seitas
cristãs não cessavam de ofenderem-se. Ainda que
tivessem escondidas em subterrâneos ou nas
catacumbas de Roma, trocavam injúrias e lançavam
maldições umas contra as outras. 
Naqueles idos, a Igreja Cristã, inundada de sangue,
jamais marchara unida: o ebionita excomungava o
corpocraniano, que por sua vez, era anatematizado pelo
sabeliano. E tais desavenças e rancores se projetaram
pelos tempos a fora, fazendo com que somente a
tolerância poderia vir a saná-los. 
– 49
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As incertezas da fé
Como poderiam os integrantes das seitas cristãs
estarem tão certos e aferrados às suas crenças se elas
não estão baseadas nos rigores da geometria nem da
aritmética? O que os garantia como depo sitários da
verdadeira fé e os outros não? Isto o levou a concluir que
havendo duas igrejas num reino uma tentará cortar o
pescoço da outra, se forem trinta viverão em paz. 
Além disto, havia uma enorme distância entre as
práticas de Jesus e o que mais tarde se estratificou como
norma da Igreja Cristã. Na verdade, afirmou Voltaire, ela
é ‘o oposto da religião de Jesus’. Tudo isto o levou a
concluir que, devido as nossas fraquezas e nossos erros,
tão humanos e constantes, ‘devemos tolerarmo-nos
mutuamente’ visto estarmos sujeitos à mutabilidade, à
inconsequência e ao engano. Não somos senão ‘um
caniço vergado pelo vento na lama’, o que não nos
autoriza a desencadear perseguições a ninguém, muito
menos a um outro caniço igual a nós. 
Atingir o alvo
Voltaire não acreditava que suas palavras pudessem
ter qualquer efeito de fato sobre o poder clerical
promovendo a sua conversão à tolerância. Ele dirigia-se,
ativa e diretamente, a um novo elemento que se formava
crescentemente no século XVIII: a opinião publica! 
Dela é que partiria a pressão a ser feita junto às
autoridades seculares para coibir a intolerância,
especialmente se na cabeça do reino estiver um príncipe
ilustrado, um déspota esclarecido,como era o caso de
Frederico II da Prússia, que acolhera Voltaire em seu
palácio de Sans-Souci e que usara o pulso firme para
evitar as quizílias religiosas em Berlim. 
Alguém, enfim, com visão moderna que lançaria mão
dos poderes do estado para impedir os exageros do
fanatismo e dos desatinos praticados em nome de Deus.
Trecho De Rousseau, Discurso sobre as ciências e
artes.
O que a reflexão nos ensina a esse propósito, a
observação o confirma perfeitamente: o homem
selvagem e o homem policiado diferem de tal modo,
tanto no fundo do coração quanto nas suas inclinações,
que aquilo que determinaria a felicidade de um reduziria
o outro ao desespero.
O primeiro só almeja o repouso e a liberdade, só quer
viver e permanecer na ociosidade e mesmo a ataraxia do
estoico não se aproxima de sua profunda indiferença por
qualquer outro objeto.
O cidadão, ao contrário, sempre ativo cansa-se, agita-
se, atormenta-se sem cessar para encontrar ocupações
ainda mais trabalhosas; trabalha até a morte, corre no seu
encalço para colocar-se em situação de viver ou renunciar
à vida para adquirir a imortalidade; corteja os grandes, que
odeia, e os ricos, que despreza; nada poupa para obter a
honra de servi-los; jacta-se orgulhosamente de sua
própria baixeza e da proteção deles, e, orgulhoso de sua
escravidão, refere-se com desprezo àqueles que não
gozam a honra de partilhá-la.
Que espetáculo não seria para um caraíba os trabalhos
penosos e invejados de um ministro europeu!
Frases de Rousseau
– “O mais forte não é suficientemente forte se não
conseguir transformar a sua força em direito e a
obediência em dever” 
– “Vosso filho nada deve obter porque pede, mas
porque precisa, nem fazer nada por obediência, mas por
necessidade” 
– “A razão forma o ser humano, o sentimento o
conduz.” 
– “O homem de bem é um atleta a quem dá prazer
lutar nu.” 
– “O maior passo em direção ao bem é não fazer o
mal.” 
– “Bastará nunca sermos injustos para estarmos
sempre inocentes?” 
– “A paciência é muito amarga, mas seus frutos são
doces.” 
– “As boas ações elevam o espírito e predispõem-no a
praticar outras”. 
– “Quem enrubesce já é culpado; a verdadeira
inocência não tem vergonha de nada.” 
– “O ser humano verdadeiramente livre apenas quer o
que pode e faz o que lhe agrada.” 
– “Para conhecer os homens é preciso vê-los atuar.”
Trecho de Voltaire, Dicionário Filosófico,
Igualdade.
Que é que deve um cão a outro cão, e um cavalo a
outro cavalo? Nada.
Nenhum animal depende do seu semelhante; mas
por que o homem recebeu da Divindade um raio de luz
que se chama razão, qual é o fruto disso?
É ser escravo em quase toda a terra. Todos os
homens nascem com uma tendência bastante violenta e
pronunciada para o domínio e os prazeres, e uma queda
acentuada para a preguiça: por conseguinte, qualquer
homem gostaria de possuir o dinheiro e as mulheres ou
as filhas dos outros, ser o amo deles, submetê-los a todos
os caprichos seus e não fazer nada ou, pelo menos, fazer
apenas o que muito bem lhe apetecesse. Já veem que,
com tão lindas disposições, é impossível que os homens
sejam iguais, como é impossível que dois pregadores ou
dois professores de teologia não tenham ciúmes e inveja
um do outro.
50 –
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Frases de Voltaire
“É difícil libertar os tolos das amarras que eles
veneram”. 
“A leitura engrandece a alma”. 
“Todo aquele que desconfia, convida os outros a traí-lo.” 
“O abuso da graça é afetação; o abuso do sublime,
absurdo. Toda perfeição é um defeito.” 
“O valor dos grandes homens mede-se pela
importância dos serviços prestados à humanidade.” 
“A guerra é o maior dos crimes, mas não existe
agressor que não disfarce seu crime com pretexto de
justiça.” 
“Encontra-se oportunidade para fazer o mal cem
vezes por dia e para fazer o bem uma vez por ano.” 
“Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos
inimigos, cuido eu.” 
“O preconceito é uma opinião não submetida a
razão.” 
“Tenho um instinto para amar a verdade; mas é
apenas um instinto.” 
“Como é horrível odiarmos quem desejávamos
amar.” 
“O meu ofício é dizer o que penso.” 
“A primeira lei da natureza é a tolerância; já que
temos todos uma porção de erros e fraquezas.”
“Devemos julgar um homem mais pelas suas
perguntas que pelas respostas.” 
“O acaso é uma palavra sem sentido. Nada pode
existir sem causa.” 
– 51
1. São características do Iluminismo, exceto: 
a) valorização da razão, considerada o mais importante instrumento
para se alcançar qualquer tipo de conhecimento; 
b) valorização do questionamento, da investigação e da experiência
como forma de conhecimento tanto da natureza quanto da
sociedade, da política ou da economia; 
c) crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todas as
transformações que ocorrem no comportamento humano, nas
sociedades e na natureza; crença nos direitos naturais, que todos os
indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de bens
materiais; 
d) defesa do absolutismo, do mercantilismo e dos privilégios da
nobreza e do clero; 
e) defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos
perante a lei; crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a
crença em Deus.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
2. Analise as alternativas que pretendem abordar o contexto histórico
em que o Iluminismo se desenvolveu e julgue as proposições. 
I – Ocorreu no século XV. Formação dos Estados modernos, as
nações políticamente representadas (Estado-nação) e ausência de
Estados absolutistas. 
II – Expansão dos direitos civis, consolidação do liberalismo e da
democracia.
III – Estabelecimento da secularização.
IV – Período em que não havia grandes conflitos religiosos, daí a
elaboração de textos acerca da tolerância.
São verdadeiras:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) III e IV e) I e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
3. “O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e
um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que com
ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.” 
(Rousseau)
A frase do filósofo Rousseau o situa entre os filósofos
a) pessimistas. b) contratualistas. c) socialistas.
d) autoritários. e) libertários.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
4. Sobre a visão de homem sustentada pelo filósofo Rousseau, leia e
julgue as assertivas abaixo.
I – Sua antropologia aparece inicialmente na obra Discurso sobre a
Origem e Fundamentos da Desigualdade Entre Homens. 
II – Para ele, o homem vivia originalmente em um estado de natureza.
O homem natural, original, é um ser desprovido de preocupações
intelectivas e sua ação é motivada apenas por aquilo que o rodeia.
Assim, o homem de Rousseau em estado de natureza vive num
mundo sensível. Nessa condição, o homem não chega a imaginar
um desejo distante e despercebido. Portanto, esse homem não
planeja, não faz projetos para o futuro e vive para o presente. É
desprovido da habilidade de abstrair. 
III – Para Rousseau, o homem natural não pode distinguir-se do outro
sequer. Conhece apenas os homens de seu círculo de convivência
e está incapacitado de abstrair acerca da condição humana, na qual
se insere.
IV – Em estado de natureza, o homem revela uma face egoísta e uma
natureza má. Sua imoralidade e inclinações para a guerra resultam
de uma natureza essencial da condição humana. Esse homem
ficou conhecido como o mau selvagem. 
São verdadeiras:
a) I e II b) I, II e III c) II e III 
d) III e IV e) I, III e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
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52 –
5. (UFF) – O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu no século
XVIII, é considerado um dos grandes pensadores do Iluminismo ou
Século das Luzes. Ele afirma o seguinte sobre a importância de manter
acesa a chama da razão:
“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem
algumas cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é
menos mortífero e que suas goelas são menos devoradoras. Mas o
monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se
acender um archote onde a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas?
No que me tange, acredito que a verdade não deve mais se esconder
diante dos monstros e que não devemos abster-nos do alimento com
medo de sermos envenenados”.
Identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Voltaire.
a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não é um sábio, pois
corre um risco desnecessário.
b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse sempre se impõe
sobre os seres humanos.
c) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade deve munir-se da
coragem para enfrentar o obscurantismo e o fanatismo.
d) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do passado e por isso a
razão não precisa mais estar alerta.
e) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do futuro e por isso a
razão precisa redobrar sua atenção.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
6. (UFU-Adaptada) – A relação homem-natureza consome a maior
parte das obras de Rousseau, que seguiu uma direção peculiar
assentada na crítica ao progresso das ciências e das artes.
A este respeito, pode-se afirmar que
I – prevalece, nos escritos de Rousseau, a moral fundada na liber dade,
a primazia do sentimento sobre a razão e, principalmente, a teoria
da bondade natural do homem;
II – o bom selvagem ou o homem natural é dotado de livre arbítrio e
sentido de perfeição, sentimentos esses corrompidos com o
surgimento da propriedade privada;
III – o bom selvagem, descrito por Rousseau, possui uma sabedoria
mais refinada que o conhecimento científico, o que confirma a
completa ignorância da cultura letrada;
IV – Rousseau não defende o retorno do homem à animalidade; ao
contrário, é preciso conservar a pureza da consciência natural, isto
é, alcançar a verdadeira liberdade.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas.
a) I, III e IV b) II, III e IV c) I, II e IV
d) I, II e III e) II e IV
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
7. Mas há sempre algum altruísmo nas pessoas. Serão valores
embutidos em nossa cultura por um legado religioso? Ou um impulso
inato, recebido da natureza ao nascer? Sangue, e rios de tinta, ainda não
responderam a essa pergunta. No século XVIII, J. J. Rousseau,
invertendo muitos séculos da visão pessimista do homem naturalmente
pecador e mau, embutida na tradição cristã, substituiu-a por uma ideia
oposta: a do homem que nasce virtuoso, e degenera na sociedade. É o
"bom selvagem", uma das contribuições iniciais da descoberta do Brasil
ao pensamento europeu. 
(Roberto Campos. O Bom Selvagem e a Sociedade Cruel)
Segundo o texto, J. J. Rousseau
a) afirmou que o homem é naturalmente pecador e mau, mas, devido
à tradição cristã, quando nasce virtuoso, degenera na sociedade.
b) é o bom selvagem que contribuiu para a descoberta do Brasil.
c) errou, ao inverter a visão da Igreja, que sempre acreditou ser virtuoso
o homem, mas degenerador da sociedade.
d) contradisse a tradição cristã, ao afirmar que o homem nasce virtuoso,
e a sociedade o corrompe.
e contribuiu para a descoberta do Brasil, ao afirmar que o selvagem
que aqui habitava era naturalmente bom.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
8. (ENEM) – Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada
do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira
vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem
poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida
em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e
impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de
um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem
e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques,
Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o
projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que
almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto,
a investigação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas
teóricas ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o
lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do
saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar
os discursos éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor
limites aos debates acadêmicos.
Resolução
Descartes e Bacon rivalizam quanto à concepção epistemológica e
métodos propostos. Descartes era racionalista, para quem o
conhecimento se encontra na razão e sugere o método dedutivo;
Bacon era empirista, para quem o conhecimento é construído pela
experiência sensorial, propondo o método indutivo. Contudo, tais
filósofos contribuíram muito para os caminhos da ciência e
introduziram, por exemplo, o ceticismo metodológico. À ciência,
caberia conhecer os processos naturais, afastando as sombras das
dúvidas. Os iluministas, nesse sentido, valorizam a razão, como
meio de emancipação do homem.
Resposta: C
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– 53
1. Que visão geral Rousseau sustenta acerca do homem.
2. “Ninguém jamais pôs tanto engenho em querer nos converter em
animais.” Essas palavras foram escritas por Voltaire para criticar
Rousseau. O que elas queriam dizer? E por que não julgam adequada -
mente a filosofia de Rousseau?
3. Comente uma contribuição de Voltaire para o advento do homem
moderno.
4. Comente o projeto pedagógico de Rousseau.
5. O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma
tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles
que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão
independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria
tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento
mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento
independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem
para fazer uso da tua própria razão! – esse é o lema do Iluminismo. 
(Kant) 
Segundo essas palavras:
I. O homem é desvalorizado, porquanto tem a razão como limite para
o desenvolvimento da alma.
II. O homem é um projeto para a emancipação.
III. A razão humana é instrumento de tutelagem.
IV. A razão é um caminho para a emancipação.
V. O autor faz uma crítica ao Iluminismo.
São verdadeiras apenas:
a) I, II e III b) II, III e V c) I, IV e V 
d) II e IV e) II, IV e V
6. Enumere características fundamentais do Iluminismo.
7. Descreva o contexto histórico em que o Iluminismo se desenvolve. 
8. Uma das perguntas mais intratáveis da vida moderna é sobre se o
indivíduo tem precedência sobre o ente coletivo, ou o contrário?
Prevalecerá a preferência pessoal de cada um, ou a vocação altruísta de
se sacrificar pelos demais? Nas sociedades primitivas, o problema era
menos complicado porque a sobrevivência individual estava estreita -
mente ligada à do grupo. Mas por outro lado, o egoísmo grupal era
implacável. Na era moderna, o indivíduo adquiriu autonomia, tornou-se
cidadão votante e consumidor soberano. Os conflitos entre egoísmo e
altruísmo foram complicados pelo anonimato, pela burocracia, e pelo
gigantismo das sociedades. Fora do círculo íntimo da família nuclear, os
laços de solidariedade tornaram-se indiretos e difusos. 
(Roberto Campos. O Bom Selvagem e a Sociedade Cruel)
Indique a afirmação correta em relação ao texto.
a) Era mais fácil viver na sociedade primitiva, pois todos se ajudavam
mutuamente.
b) Os grupos que se formavam, na sociedade primitiva, não eram
isolados uns dos outros.
c) A burocracia existente na vida moderna arrefeceu os conflitos entre
o egoísmo e o altruísmo.
d) Em toda família nuclear, há laços de solidariedade.
e) A vida moderna fortaleceu os conflitos entre o individualismo e o
altruísmo.
9. “Ninguém jamais pôs tanto engenho em querer converter-nosem
animais.” Essas palavras foram escritas por Voltaire para criticar
Rousseau. Sobre a frase de Voltaire e a real concepção de Rousseau,
podemos afirmar:
I – Trata-se de uma crítica à proposta de Rousseau de devolver ao
homem a sua pureza natural corrompida pelo ser social. 
II – De fato, a antropologia rousseauniana reduz o homem a um mero
animal. 
III – Rousseau é contra a vida social e propõe um retorno urgente ao
estado de natureza.
IV – O homem de Rousseau é concebido como o bom selvagem.
São verdadeiras:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) III e IV e) I e IV
10. A educação deve libertar o homem da escravidão das convenções
sociais, hipocrisias e dos hábitos exteriores. Assim, a educação deveria
valorizar a experiência e uma experiência voltada para a vida. A educação
é um retorno à pureza da consciência natural. Podemos melhor afirmar
que tais palavras interpretam
a) a concepção que Rousseau tem de sociedade.
b) o projeto pedagógico de Rousseau.
c) a doutrina social de Rousseau.
d) a concepção de Voltaire acerca da tolerância entre os homens.
e) o projeto revolucionário do Iluminismo.
11. Leia e julgue as assertivas abaixo sobre a antropologia de Rousseau 
I – É um ser livre que originalmente vive em estado de natureza,
individualmente, mas que renuncia à liberdade para viver em
sociedade, ganhando, assim, a liberdade civil. 
II – O homem em estado de natureza revela más inclinações para o
egoísmo e só o contrato social, baseado no estabelecimento de
um Estado forte e absoluto pode libertar o homem de sua
condição infeliz.
III – O homem natural, original, é um ser desprovido de preocupações
intelectivas e sua ação é motivada apenas por aquilo que o rodeia.
Estão(está) corretas(correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III e) Apenas II
12. O homem de Rousseau em estado de natureza vive num mundo
sensível. Nessa condição, o homem não chega a imaginar um desejo
distante e despercebido. Portanto, esse homem não planeja, não faz
projetos para o futuro e vive para o presente. É desprovido da habilidade
de abstrair. Para Rousseau, o homem natural não pode distinguir-se do
outro sequer. Conhece apenas os homens de seu círculo de convivência
e está incapacitado de abstrair acerca da condição humana, na qual se
insere. Portanto:
a) seria um homem incapaz de identificar uma essência comum aos
homens.
b) o homem é naturalmente um ser social. 
c) o homem só desenvolve habilidades intelectuais quando rompe
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54 –
com as convenções sociais. 
d) antes de viver em individualidade, os homens viviam em
sociedades tribais.
e) o homem é um ser irracional, movido por pulsões que impossibi -
litam uma convivência social democrática. 
13. A inversão de Rousseau teve consequências imprevistas. Se o
problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para
voltar ao paraíso. Tentação tanto mais irresistível quanto estava
acontecendo a transição do mundo pré-industrial para os horizontes
inexplorados da Revolução Industrial. Durante três séculos, a Era da
Razão vinha abalando os alicerces intelectuais da cosmovisão religiosa
que sustentara a grande unidade espiritual da Idade Média. E a vitória do
racionalismo humanista trazia no bojo o liberalismo político e econômico. 
(Roberto Campos. O Bom Selvagem e a Sociedade Cruel)
A frase que altera a ideia básica do segundo período desse parágrafo é:
a) Já que o problema residia na sociedade, bastaria ao homem
transformá-la para voltar ao paraíso.
b) Uma vez que o problema residia na sociedade, bastaria ao homem
transformá-la para voltar ao paraíso.
c) Como o problema residia na sociedade, bastaria ao homem
transformá-la para voltar ao paraíso.
d) Embora o problema residisse na sociedade, bastaria ao homem
transformá-la para voltar ao paraíso.
e) Porquanto o problema residisse na sociedade, bastaria ao homem
transformá-la para voltar ao paraíso.
14. A inversão de Rousseau teve consequências imprevistas. Se o
problema residia na sociedade, bastaria ao homem transformá-la para
voltar ao paraíso. Tentação tanto mais irresistível quanto estava
acontecendo a transição do mundo pré-industrial para os horizontes
inexplorados da Revolução Industrial. Durante três séculos, a Era da
Razão vinha abalando os alicerces intelectuais da cosmovisão religiosa
que sustentara a grande unidade espiritual da Idade Média. E a vitória do
racionalismo humanista trazia no bojo o liberalismo político e econômico. 
(Roberto Campos. O Bom Selvagem e a Sociedade Cruel)
Segundo o texto,
a) três séculos depois de Rousseau, teve início a Idade Média.
b) o liberalismo político e econômico era uma das características do
racionalismo humanista.
c) a vitória do racionalismo humanista extinguiu o liberalismo político
e econômico.
d) a Era da Razão e a Idade Média são nomes para uma mesma
época.
e) o problema realmente residia na sociedade.
15. Não havia outra solução, para ele, no combate ao radicalismo
religioso e a inclinação para o extremismo teológico senão a adoção de
uma firme política da tolerância. O fanatismo é uma espécie de febre ou
cólera da alma que leva os indivíduos a confundir visões e sonhos com
a realidade, terminando por satisfazer sua loucura por meio do crime. É
a aliança entre a ignorância e a crueldade. 
(Schilling) 
O texto expressa ideias de
a) Descartes. b) Rousseau. c) Voltaire.
d) Kant. e) Marx.
1) É um ser livre que originalmente vive em estado de natureza,
individualmente, mas que renuncia à liberdade para viver em
sociedade, ganhando, assim, a liberdade civil. 
2) Trata-se de uma crítica à proposta de Rousseau devolver ao
homem a sua pureza natural corrompida pelo ser social. Mas
a antropologia rousseauniana se revela bem mais complexa e
não reduz o homem a um mero animal. 
3) Voltaire pregou a liberdade de expressão e criticou a
intolerância religiosa. Contribuiu também para o conceito de
igualdade de direitos.
4) A educação deve libertar o homem da escravidão das
convenções sociais, hipocrisias e dos hábitos exteriores. Sua
pedagogia valoriza a experiência e está voltada para a vida. A
educação é um retorno à pureza da consciência natural. 
5) D
6) • Valorização da razão, considerada o mais importante ins -
trumento para se alcançar qualquer tipo de conhecimento; 
• Valorização do questionamento, da investigação e da
experiência como forma de conhecimento tanto da
natureza quanto da sociedade, política ou economia; 
• Crença nas leis naturais, normas da natureza que regem
todas as transformações que ocorrem no comportamento
humano, nas sociedades e na natureza; 
• Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos
possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de bens
materiais; 
• Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios
da nobreza e do clero; 
• Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de
todos perante a lei; 
• Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença
em Deus. 
7) Século XVIII. Formação dos Estados modernos, as nações
políticamente representadas (Estado-nação), expansão dos
direitos civis, consolidação do liberalismo e da democracia,
secularização.
8) E 9) E 10)B 11)D
12) A 13)D 14)B 15)C
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Kant e as Críticas da Razão
A Dialética de Hegel
MÓDULO 7
KANT E AS CRÍTICAS DA RAZÃO
1. Introdução
Immanuel Kant nasceu, estudou, lecionou e morreu em
Königsberg. Nunca saiu dessa cidade da Prússia Oriental,
centro da intelectualidade e comercial. A vida de Kant foi
austera e, costuma-se dizer, regular como um relógio. 
Kant era de família protestante, da Igreja Luterana, o
que deixou profunda influência sobre o seu pensamento,
marcado pelo racionalismo e pelo culto à moralidade
interior do homem. 
A primeira obra importante de Kant foi o Ensaio sobre
o mal radical, em que estuda o problema do mal. Nessa
obra, o mal não é visto apenas como a simples “privatio
bone” (ausência do bem, comoentendia o antigo filósofo
neoplatônico Plaotino), mas o objeto muito positivo de
uma liberdade malfazeja. 
Kant distingue o conhecimento sensível que abrange
as instituições sensíveis e o conhecimento inteligível, ou
seja, das ideias metafísicas. As obras seguintes expõem
o pensamento chamado crítico do filósofo: a Crítica da
Razão Pura (1781), em que explica essencialmente
porque as metafísicas são voltadas ao fracasso e porque
a razão humana é impotente para conhecer o fundo das
coisas; e a a Crítica da Razão Prática (1788), obra em
que estuda o problema da moralidade humana. Escreveu
também outras importantes obras: Fundamento da
Metafísica dos Costumes, a Crítica do Juízo e outros. 
Só o resultado permite imediatamente julgar se a elaboração dos
conhecimentos pertencentes aos domínios próprios da razão segue
ou não a via segura da ciência. (Kant)
O significado do termo “Crítica”
O termo ‘crítica’ pode ser entendido como o método
kantiano da reflexão analítica ou da análise reflexiva. Esse
método parte do exercício de remontar do conhecimento
às condições que o tornariam legítimo. Kant não duvidava
das verdades científicas de sua época, tampouco dos
princípios morais, contudo, achava necessário buscar os
fundamentos racionais que sustentavam essas verdades
universais. Assim, os juízos rigorosamente verdadeiros,
e portanto, necessários e universais, são juízos a priori,
isto é independentes dos azares da experiência, sempre
particular e contigente.
Texto: Kant 
Por Julián Marías (Filósofo espanhol cristão, 
autor de inúmeros livros) 
(Esse texto resulta de uma conferência do curso “Los
estilos de la Filosofía”, em Madrid, entre 1999 e 2000.
Edição: Jean Lauand. Tradução: Elie Chadarevian)
Hoje vamos falar de Kant. Kant é uma das maiores
figuras da História da Filosofia, mas, além disso,
representa algo de muito especial neste curso, cujo tema
é “Os estilos da Filosofia”. Como veremos, ele não só
representa um estilo novo, mas também tem uma
particular consciência disto.
Kant, nasceu em 1724 e morreu em 1804. Nasceu,
viveu e morreu em Königsberg, não saiu de sua cidade
natal. Era um homem metódico, as pessoas acertavam
seus relógios quando o senhor Kant passava, por certo
lugar, porque passava sempre na mesma hora. Há uns
versos de Antonio Machado que dizem: Tartarin em
Königsberg! Com a mão no queixo, tudo chegou a saber.
Era de uma família modesta, muito religiosa,
protestante, pietista, teve uma vida de professor, solitário,
uma vida enormemente singela e simples. É curioso o
fato de que tinha boa imaginação: dava cursos de
geografia e, ao que parece, descrevia países que não
conhecia, que nunca tinha visitado, com grande
imaginação.
Seu pensamento filosófico começou cedo, sem muita
precocidade, mas há uma longa época em sua vida – que
é o que depois se denominou “o período pré-críti co” – na
qual – mais ou menos – segue os caminhos do
pensamento dominante das primeiras e médias décadas
do século XVIII. Depois há uma época bastante longa em
que não escreve, medita, pensa... e então começa o
período crítico: em 1781 publica seu livro principal, Crítica
da razão pura, Kritik der reinen Vernunft, que depois
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56 –
voltou a publicar – uma edição bastante modificada – em
1787. Justamente a palavra “crítica” é essencial nesse
período; ele publica outros livros importantes: Crítica da
razão prática, Crítica do juízo, Fundamentação da
metafísica dos costumes...
O interessante é que nessas obras de maturidade,
mais propriamente pessoais, que marcam um estilo
novo – ele tem consciência disto – diz que se trata de
“uma revolução copernicana”. Ele pensa na inversão da
concepção astronômica de Ptolomeu feita por Copérnico
e apresenta sua filosofia como sendo “uma revolução
copernicana”, eine kopernikanische Wendung.
Ou seja, ele tem plena consciência de um novo estilo.
Este estilo tem a ver, evidentemente, com a tendência
que já temos encontrado (e a vimos claramente em
Descartes): a tendência a evitar o erro. Mais do que a
descoberta da verdade, com mais força ainda, o que se
busca é evitar o erro.
Lembrem como Descartes põe em dúvida muitas
possibilidades de conhecimento, ele acha que não são
seguras e busca evitar o engano, e procura um
fundamento indubitável, que vai ser o cogito, a mente que
pensa: algo do qual não se pode duvidar. Isto aparece
também no empirismo, especialmente em Locke,
também há uma espécie de renúncia a muitos
problemas – já os vimos outro dia – justamente porque
se trata de poder estar seguro mediante a experiência.
Pois bem, isto é capital. Não esqueçamos que Kant
recebe uma poderosa influência não só de Locke, mas
também de Hume, a quem chama “esse homem adulto”,
que chega a uma forma inclusive quase cética do empirismo
de Locke e questiona uma série de possibilidades de
conhecimento: isto faz com que Kant fique em alerta, e ele vai
se concentrar sobre os objetos da razão e seus limites, suas
possibilidades. É a crítica da razão.
Cabe aqui um esclarecimento terminológico: em Kant
a palavra “puro” quer dizer independente da experiência.
Kant dirá em algum lugar: “Todo conhecimento começa
com a experiência, mas nem todo conhecimento se funda
na experiência”. Há conhecimentos que não se fundam
na experiência, isto quer dizer “puro” ou também, com
outro termo que ele usa muito, “a priori”. “A priori” ou
“puro” quer dizer independente da experiência, oposto a
“a posteriori”, que é fundado na experiência.
Em segundo lugar, outro esclarecimento terminoló -
gico, quando Kant fala de crítica da razão pura e de crítica
da razão prática o leitor não filósofo supõe que há uma
contraposição entre puro e prático. E não: a razão pura é
toda a razão; é a razão pura teórica e a razão pura prática.
Ou seja, o adjetivo “puro” corresponde às duas, a
diferença é que uma é teórica e outra é prática.
Kant vai empreender a tarefa da crítica da razão, de
estabelecer os limites da razão, suas possibilidades, sua
justificação e isso justamente no momento em que a
Física de Newton tem um enorme prestígio. E as três
perguntas fundamentais que Kant lança na Crítica da
Razão Pura são: Como é possível a matemática pura?
Como é possível a física pura? É possível a metafísica?
Vejam a diferença entre as perguntas: toma como
certo que são possíveis a matemática e a física puras e
pergunta se é possível a metafísica. E diz que ainda não
se encontrou o caminho seguro da filosofia: enquanto a
matemática e as ciências encontraram um caminho
seguro e progridem, avançam, se consolidam; em
filosofia, em metafísica não se chegou a ter o caminho
seguro da ciência “kein sicherer Weg der
Winssenschaft” e isto é justamente o que ele vai buscar,
o que vai determinar a obra de Kant.
Isto vai levar Kant a uma reflexão muito profunda.
Normalmente considera-se que o pensamento conhece
as coisas; conhece as coisas tal como são. E Kant diz:
não, isto não é possível. O que chama de “a coisa em si”,
“das Ding an sich” não se pode conhecer; porque eu
conheço “a coisa em mim”. O que eu conheço, conheço
submetido a mim; submetido ao meu espaço, ao meu
tempo, às minhas categorias, isto é a “coisa em mim”,
que ele chamará “fenômeno”, opondo-o ao “noumeno”,
a coisa em si.
Quando eu conheço algo, transformo, modifico a
coisa em si, que, como tal, é inadmissível. É contraditório
que eu conheça a coisa em si porque quando a conheço
está em mim, ingressa em minha subjetividade, que a
modifica.
É algo capital, decisivo, que vai iniciar uma nova
maneira de propor os problemas filosóficos e é
justamente isto que a Crítica da Razão Pura vai explorar.
Então faz uma crítica muito profunda da qual,
naturalmente, só podemos dar umas poucas amostras.
Por exemplo, recordem como, por meio de Deus, esse
famoso problema da comunicação das substâncias foi
resolvido na filosofia do século XVII (Deus como garantia
da evidência em Descartes: não há um gênio maligno que
nos engana etc.). A abordagem de Kant é diferente: fala-
se da existência como se fosse uma qualidade das
coisas...e não! Sein ist keine reales prädikat, o ser não é
um predicado real. O que isto quer dizer? Não é que uma
coisa seja o que é e, além disso, exista; não! A existência
não é um predicado real. Ele diz “Cem táleres - a moeda
da época - pensados são o mesmo que cem táleres reais”
(bem, no meu bolso, não, não é o mesmo... [risos] se
tenho mil pesetas possíveis ou se tenho mil pesetas reais,
há uma pequena diferença...). Mas, em que consiste a
diferença? Não no conteúdo, mas na conexão com a
experiência. Digamos: os cem táleres reais estão aqui,
tenho-os na mão, estão nesta mesa, estão em conexão
com a experiência; os outros, não. Portanto é um caráter
que não é intrínseco à própria coisa: a existência é
justamente algo que é a conexão de alguma coisa com o
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conjunto da experiência: é o que os filósofos dessa
época – e Kant é o primeiro – chamarão “a posição”, está
posto: o ser não é um predicado real. Por exemplo, Fichte,
o discípulo mais próximo de Kant dirá, em sua forma de
idealismo: o eu se põe a si mesmo e ao não eu; o não eu,
o mundo, é posto pelo eu – por isto é idealismo.
Há um ato de posição: isto é muito importante no
pensamento pós-kantiano.
Isto leva a uma ideia que é o que se vai chamar o ser
transcendental. É uma ideia capital e por isso o idealismo
de Kant é chamado de idealismo transcendental. A
escolástica já usava os conceitos de imanente e
transcendente. Imanente é o que permanece no sujeito;
transcendente é o que está além. Kant dirá: não se trata
de imanente nem de transcendente, trata-se do
transcendental. O transcendental é o resultado da
inserção, digamos, do real em si – que não é acessível,
que não se pode conhecer diretamente como tal – em
minha sensibilidade: o espaço, o tempo e as categorias
são as que ordenam o que, de modo bruto, é
simplesmente um caos de sensações. O que eu vejo, o
que eu percebo está ordenado segundo o espaço, o
tempo e as categorias e isso não são as coisas, mas os
fenômenos, que é o que eu conheço.
Este é o ponto de vista da visão kantiana do real, que
traz naturalmente consigo uma visão do conhecimento.
Uma visão que é – e isto terá consequências – uma
transformação do real: ao conhecer eu transformo; o
noumenon, a coisa em si não é acessível, não é
cognoscível, porque conhecer quer dizer transformar o
noumenon em fenômeno, que é o que eu conheço.
Portanto o conhecimento é, de certo modo, uma
transformação do real. É interessante como, por exemplo,
muito recentemente se chegou a uma visão, inclusive
física, que tem conexão com isto: para estudar um
fenômeno físico, eu devo iluminá-lo, mas a luz transforma
o objeto, o modifica: se eu ilumino um sistema físico,
modifico-o, mas para conhecê-lo tenho que iluminá-lo...
Kant tem, então, a matemática e a física – e a física de
Newton é o modelo de ciência que é válido para ele (isto,
naturalmente, pode-se corrigir, foram feitas críticas
posteriores, houve modificações muito profundas com
Eisntein, com Planck, com Heisenberg etc., mas para
Kant a física de Newton tem plena validade). E Kant se
depara com o problema da metafísica; os grandes
problemas: Deus, a liberdade, a imortalidade. Estes
problemas escapam à experiência...
Então ele dirá: não é possível chegar a um
conhecimento pleno na crítica da razão pura dessas
realidades que vão se portar como o que ele chamará de
ideias regulativas, mas não são objeto do conhecimento
especulativo, da razão pura teórica.
Kant então se encontra com este fato e há uma
limitação, que afeta precisamente estes grandes temas
da metafísica. Mas não é que desapareçam, o que ocorre
é que reaparecem no âmbito da razão prática e
precisamente no âmbito da moralidade. E há um fato da
moralidade: o homem é moral. O homem se sente
responsável e portanto livre. E portanto moral. O único
bem sem restrições é a boa vontade, que será o núcleo
da atitude moral de Kant: a boa vontade. Ele vai
precisamente considerar que a boa vontade consiste no
respeito ao dever. Kant desvaloriza os desejos, os
sentimentos, as emoções... tudo isto está muito bem,
mas não tem que ver com a moralidade. Se eu faço algo
porque me comovo, porque me parece desejável, por
compaixão... isto está muito bem pessoalmente mas não
tem nada que ver com a moral. A moral consiste em que
eu faça algo por puro respeito ao dever. Este é o ponto de
vista kantiano.
Por um lado, Kant necessita estabelecer uma moral
que seja absolutamente válida. Ele distingue entre
imperativos condicionados e imperativos categóricos. Se
dizem a uma pessoa: – Não coma demasiado porque vai
engordar – Pois bem, vou engordar. Não faça tal coisa
porque vai se machucar.
Pois bem, vou me machucar... Ou seja, o imperativo
perde validade, porque são imperativos condicionados,
dependem de uma condição: se essa condição falta ou
não se cumpre, então o imperativo cai. E ele quer um
imperativo categórico, que obrigue sem restrições, sem
mais. Então tem de ser um imperativo não material, não
de conteúdo, que não dependa de tal ou qual coisa, mas:
Faça as coisas de tal maneira!
A fórmula – há várias fórmulas para o imperativo
categórico, mas seria mais ou menos isto: “Age de modo
que o motivo de tua ação possa ser uma lei universal da
natureza”. Se eu posso querer que o motivo pelo qual
faço algo se converta em lei universal da natureza, então
isto moralmente obriga de modo absoluto.
Ele dá exemplos, alguns muito triviais: se uma
pessoa, faz um depósito em empréstimo para outra
pessoa, há obrigação de devolver. Ou será que posso
desejar que seja lei universal que quando se faz um
empréstimo não se devolva? Ou que possa querer que
seja lei universal que se minta quando se fala? Não,
porque então ninguém acreditaria no que se diz e não se
poderia viver.
Como veem, essa ideia muito profunda em Kant – a
ideia de uma moral autônoma, categórica – não pode ser
uma moral de conteúdo – o que depois se chamará
“moral material” – é uma moral formal, que se atém à
forma da ação, ao motivo pelo qual se executa uma
determinada ação.
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Ora, o fato da moralidade – o fato de que o homem é
responsável, se sente responsável e, portanto livre e,
portanto moral – faz com que ingressem no campo da
razão prática – que é superior à teórica – esses grandes
temas, que não se podem equacionar suficientemente na
esfera da razão pura teórica; essas grandes ideias
regulativas, reaparecem no mundo moral, culminam no
conceito de pessoa moral, que é central no kantismo.
Como veem, é realmente uma revolução coper -
nicana, é uma mudança profundíssima, é uma maneira
nova de ver as coisas, é uma renúncia à crença ingênua
de que se conhecem as coisas em si mesmas – há uma
subjetividade que as transforma, que as converte em algo
diferente; conhecer é transformar –, mas se salvam os
grandes conteúdos da metafísica na esfera da razão
prática.
É que a metafísica é eine Naturanlage “uma
tendência natural”: o homem não pode renunciar a fazer
metafísica; o que acontece é que a tem que deslocar da
razão especulativa para a razão prática. “Em primeiro lugar
tive que eliminar o saber para dar lugar à crença”, uma
crença racionalmente justificada, na esfera da razão
prática, que é a decisiva.
Isto foi, naturalmente, como uma espécie de
terremoto intelectual.
Naturalmente se trata de um sistema complexo e
difícil: se quiserem ler Kant, eu lhes recomendo as
grandes Críticas, que são muito difíceis e muito extensas.
A fundamentação da metafísica dos costumes é um livro
breve, muito acessível e claro. E a Introdução à Lógica de
Kant, publicado por Jaesche, e que é uma introdução a
seu método filosófico.
Kant foi um filósofo que viveu 80 anos. E só muito
tardiamente exerceu influência: por exemplo, seu
principal discípulo, Fichte, só o conheceu em 1791,
bastante tarde, e os outros são posteriores. Ou seja, os
kantianos são netos de Kant: há uma geração
intermediária que não é kantiana. E há ainda um problema
muito delicado: quando há um grande filósofo, nem toda
sua obra está emlinguagem clara: há certos silêncios,
certos esquecimentos, certas missões... E entre os pós-
kantianos, a razão prática tem muito maior relevo: sim,
partem da crítica da razão teórica, contam com ela, mas
não é o que seguem, não é o que primariamente
desenvolvem. E o que fazem é uma especulação: são
grandes construtores de catedrais, os grandes
sistemáticos da filosofia, que elaboram grandes e
impressionantes construções intelectuais, às vezes com
certas violências à realidade. Ortega disse certa vez que
tinha pensando em escrever um ensaio intitulado
“Genialidade e inverecúndia no idealismo transcen -
dental”. E há esse afã, de esquematismo, do desenvol -
vimento das grandes construções intelectuais... e isto é a
consequência imediata de Kant.
Depois há o positivismo. O positivismo recebe
influência do kantismo, mas o recebe num momento em
que se renuncia aos grandes problemas, em que se fala
dos fenômenos e de suas leis; não se fala de essências,
do que as coisas são. Isto faz com que o pensamento
kantiano se converta numa espécie de metodologia do
conhecimento empírico. Já na segunda metade do século
XIX aparece o que se chama de neo-kantismo (sempre
que eu vejo o prefixo “neo” me preocupo – há um livro
famoso “Kant e os epígonos”, cujos capítulos sempre
terminavam com: “portanto é preciso retornar a Kant”) –
cuja escola mais importante é a escola de Marburgo, que
além do mais nos interessa muito particularmente porque
foi nela que Ortega se formou. O que querem é, em
última análise, converter o kantismo em teoria do
conhecimento, em epistemologia.
E ainda mais: há um momento no século XX em que
se volta a ler Kant de outra maneira, com outros olhos. E
lê-se Kant sobretudo como um pensador inacabado, que
não chegou a completar sua filosofia: toda sua enorme
obra era uma preparação para isto. O primeiro a reparar
nesse fato foi Ortega. Ortega escreve um folheto em
1924: Kant: reflexões de um centenário. E precisamente
examina Kant a partir do ponto de vista do que representa
para a cultura alemã. Por exemplo, a dificuldade de ir mais
além de si mesmo, a atitude frequentemente subjetivista
que aparece no pensamento alemão. Pouco depois
publicou outro folheto Kant no qual explicita isto: Kant,
afinal, é um metafísico: trata de fazer uma obra que não
chega a completar, que se indica em alguns de seus
livros, especialmente num deles há textos muito
interessantes que comentarei brevemente daqui a pouco.
E em 1929 Heidegger publica Kant und das Problem
der Metaphysik, Kant e o problema da metafísica, uma
visão da metafísica indicada – mas não plenamente
realizada – por Kant, que, em última análise, seria justa -
mente um metafísico que não acaba de realizar sua obra.
Além disso Kant diz coisas particularmente muito
interessantes quando fala das quatro perguntas
fundamentais que devem ser feitas: O que posso saber?
A Metafísica responde a isto. O que posso esperar? A
religião responde a isto.
O que devo fazer? Isto é a moral. E finalmente: O que
é o homem? A isto responde a antropologia. E Kant diz
que estas quatro perguntas resumem-se, afinal, na última:
“O que é o homem”: E isto é interessante porque Kant
faz a distinção entre dois conceitos da filosofia: o
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Schulbegriff, o conceito escolar da filosofia e o
Weltbegriff, o conceito mundano da filosofia, a filosofia
para a vida. E ele diz: mais importante é a filosofia para
vida, o conceito mundano da filosofia.
Precisamente nesse breve texto da Introdução às
Lições de Lógica, editadas por Jaesche, já no final da vida
de Kant, é interessante que justamente a filosofia de Kant
desemboca na distinção entre o conceito escolar e o
conceito mundano da filosofia e nessas quatro perguntas
capitais.
Já há bastante tempo eu disse na Antropologia
Metafísica que, do meu ponto de vista, não é certo que se
possa reduzir tudo a uma pergunta: O que é o homem? E
o dizia precisamente num livro de antropologia. Eu dizia: –
não, para começar, não está correta a pergunta: “O que é
o homem?”. Essa pergunta tem sido feita pela filosofia já
há muito tempo, mas é uma pergunta errada, é uma
pergunta que propõe um problema de resposta falsa,
porque o homem não é um “que”... Se alguém bate à
porta, não se pergunta “que”, mas sim “quem” é.
Devemos distinguir radicalmente entre “que” e
“quem”. A pergunta não é portanto “O que é o
homem?”, nem tampouco “Quem é o homem?” – isto
não tem sentido – a pergunta radical é “Quem sou eu?”.
Outros filósofos alemães – de Kant a Hegel – falam do
eu; a filosofia de todos os idealistas alemães está centrada
no conceito do eu, que põe o não-eu. O eu transcendental.
Sim, sim, mas quando se usa o artigo determinado com a
palavra “eu”, esta palavra se altera profundamente, fica
substantivada, coisificada. Porque “eu” é um pronome, é
um pronome pessoal, que indica precisamente a posição
existente e única. Quando alguém bate e se pergunta
“Quem é”, frequentemente se responde: “eu”, se a voz
for conhecida. “Eu”, não “o eu”, que é uma abstração;
“eu”, rigorosamente pronominal.
Portanto, a pergunta não seria “O que é o homem?”,
a pergunta seria “Quem sou eu?”. Mas esta pergunta vai
acompanhada de outra, inseparável: “O que vai ser de
mim?”. São duas perguntas inseparáveis e que de certo
modo se contrapõem: quero dizer que na medida em que
posso responder plenamente a uma, a outra fica na
sombra. Se eu sei quem sou, se eu me vejo a mim
mesmo como pessoa, como quem, não acabo de saber o
que vai ser de mim... Se, por outro lado, quero ter a
certeza sobre o que vai ser de mim, evidentemente
necessito apoiar-me em algo estável e executo a
operação de – de certo modo – coisificação. Essas duas
perguntas são inevitáveis, inseparáveis e – de algum
modo – conflitantes. Por isso, é que eu acho que a vida
humana é dramática.
Conferência do curso “Los estilos de la Filosofía”, Madrid, 1999/2000.
© Edição: Jean Lauand. Tradução: Elie Chadarevian
Julian Marías: renomado filósofo espanhol, autor da conferência sobre
Kant anteriormente publicada.
Frases e Pensamentos de Kant
“A missão suprema do homem é saber o que precisa
para ser homem.”
“A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos
ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-
nos dignos da felicidade.”
“É no problema da educação que assenta o grande
segredo do aperfeiçoamento da humanidade.”
“Age de modo que consideres a humanidade tanto
na tua pessoa quanto na de qualquer outro, e sempre
como objetivo, nunca como simples meio.”
“O mesmo acontece ao mérito e à inocência: perde-
se, desde que deles nos sustentemos.”
“Belo é tudo quanto agrada desinteressadamente.”
“O desejo é a autodeterminação do poder duma
pessoa pela imaginação dum fato futuro, que seria o
efeito desse poder.”
“O princípio da finalidade não é constitutivo, mas
regulador.”
“A amizade é semelhante a um bom café; uma vez
frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro
sabor.”
“Todo o conhecimento humano começou com
intuições, passou daí aos conceitos e terminou com
ideias.”
“É por isso que se mandam as crianças à escola: não
tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se
habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir
escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que
depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as
suas ideias.”
“A geometria é uma ciência de todas as espécies
possíveis de espaços.”
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“Age sempre de tal modo que o teu comportamento
possa vir a ser princípio de uma lei universal.”
“O homem é o único animal que precisa trabalhar.”
“Age de tal forma que a máxima do teu querer possa
valer em todo o tempo também como princípio de uma
legislação geral.”
“Quanto mais amor temos, tanto mais fácil fazemos
a nossa passagem pelo mundo.”
“O homem não é nada além daquilo que a educação
faz dele.”
“A paciência é a fortaleza do débil e a impaciência, a
debilidade do forte.”
“Não há garantias. Do ponto de vista do medo,
ninguém é forte o suficiente. Do ponto de vista doamor,
ninguém é necessário.”
“A nossa época é a época da crítica, à qual tudo tem
que submeter-se. A religião, pela sua santidade, e a
legislação, pela sua majestade, querem igualmente
subtrair-se a ela. Mas então suscitam contra elas
justificadas suspeitas e não podem aspirar ao sincero
respeito, que a razão só concede a quem pode sustentar
o seu livre e público exame.”
Para Kant, a razão prática é aquela que orienta a moral humana. 
“Podemos julgar o coração de um homem pela forma
como ele trata os animais.”
“Duas coisas povoam a mente com uma admiração e
respeito sempre novos e crescentes...o céu estrelado por
cima e a lei moral dentro de nós.”
“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é
vida organizada.”
Texto: 
Racionalismo e Empirismo
Por José Maurício F. Mazzucco
O filósofo René Descartes (1596-1650) iniciou uma
teoria do conhecimento. Descartes é um representante
do racionalismo ou do inatismo, segundo o qual o homem
desenvolve ideias a partir de seu próprio sujeito, pois a
realidade está primeiramente no espírito. Diante do pólo
sujeito e objeto (conhecedor e conhecido), Descartes
prioriza o papel do primeiro, pois as ideias não vêm de
fora, mas estão dormentes no sujeito e somente um
conhecimento baseado no critério da racionalidade interna
do homem pode assegurar um conhecimento verdadeiro.
Por outro lado, temos os empiricistas que afirmam o
contrário: a alma é como uma tabula rasa e o
conhecimento só é construído graças ao contato com a
realidade empírica, ou seja, em contato com a realidade
sensível. Um filósofo representante dessa concepção é
John Locke (1632-1704) e Francis Bacon (1561-1626).
Comparando Descartes a Locke, podemos afirmar que
enquanto o primeiro enfatiza o sujeito conhecedor, o
segundo enfatiza o objeto conhecido, pois a realidade é
acessível ao pensamento humano pela experimentação. 
Entre a postura dos racionalistas, que valorizam o
sujeito, e dos empiricistas, que valorizam o objeto,
encontramos a posição de Immanuel Kant (1724-1804),
para quem o conhecimento esbarra com os limites da
razão e com as possibilidades da experiência. Se não se
pode confiar totalmente na razão, também não se pode
confiar totalmente nos sentidos. 
Para Kant: 
“... o nosso conhecimento experimental é um
composto do que recebemos por impressões e do que a
nossa própria faculdade de conhecer de si mesma tira por
ocasião de tais impressões”.
Em suma, para Kant, o conhecimento resulta da
apreensão dos conteúdos pela experiência empírica e
pela razão humana. 
60 –
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– 61
A DIALÉTICA DE HEGEL
2. Introdução
Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em Estugarda,
em 27 de agosto de 1770, e faleceu em Berlim, no dia 14
de novembro de 1831. Hegel foi um dos mais influentes
e fundamentais filósofos alemães. Rece beu sua formação
no Tübinger Stift – Seminário de Tubinga (Seminário da
Igreja Protestante em Württemberg). Na constelação de
influências de Hegel, temos o nome de grandes filósofos,
como Spinoza, Kant e Rousseau. No seminário conheceu
dois nomes do romantismo literário: Hölderlin e Schelling,
com quem compartilhava um entusiasmo pela Revolução
Francesa. Posteriormente, decepcionado com o período
do Terror, voltou-se para uma postura mais conservadora.
Hegel representa o ápice do idealismo alemão do século
XIX, que teve impacto profundo no materialismo histórico
de Karl Marx. É considerado também o pai da dialética
moderna, sistema filosófico que construiu lentamente. 
A primeira e a mais importante das obras maiores de
Hegel é sua Fenomenologia do Espírito. Publicou também
a Enciclopédia das Ciências Filosóficas, a Ciência da
Lógica, e os (Elementos da) Filosofia do Direito. Sua obra,
no entanto é bem mais vasta, versando sobre religião,
filosofia da História e estética.
3. A Dialética e o Idealismo
Hegel criou um sistema para possibilitar uma visão
total da História e do mundo: a dialética, uma progressão
na qual cada movimento sucessivo surge como solução
das contradições inerentes ao movimento anterior.
Formulou, assim, uma espécie de motor da História em
que a evolução se dava pelas relações de contradição dos
fenômenos, onde toda tese, pressupõe uma antítese (sua
contradição) e da relação de tensão entre a tese e
antítese, surgiria uma síntese, que por sua vez se
constituiria numa nova tese. Essa tríade (tese, antítese e
síntese) simplifica a compreensão da dialética de Hegel,
mas ele próprio nunca a usou. Por exemplo, a Revolução
Francesa constitui, segundo o filósofo alemão, a
introdução da liberdade nas sociedades ocidentais.
Contudo, justamente por ser novidade absoluta, é
também absolutamente radical: de um lado, a eclosão da
violência que fez falta para realizar a revolução, não pode
deixar de ser o que é, sendo que, por outro lado, já
consumiu seu oponente. A revolução, portanto, resultaria
inevitavel mente no brutal Terror. A dialética consiste no
progresso da História, porque se aprende com seus erros.
No caso da Revolução, diria que somente depois desta
experiência, e precisamente por causa dela, pode-se
postular a existência de um Estado constitucional de
cidadãos realmente livres. Nesse caso, diríamos que a
Revolução seria a tese, o Terror, a antítese e a consti tuição
do Estado democrático, a síntese. Vale lembrar que o
sistema dessa tríade, não aparecendo claramente em
Hegel, tem função pedagógica. 
O pensamento de Hegel é chamado de idealista
porque, diferentemente da visão dos materialistas, que
julgam as forças materiais serem o motor da História,
acreditava que a força da História residia nos princípios
do espírito e do pensamento. Assim, para Hegel, a
contradição é o motor do pensamento. Karl Marx foi
profundamente influen ciado por Hegel, mas o acusou de
idealista, criando assim uma dialética materialista, em que
o motor da História seria o desenvolvimento das forças
produtivas. 
Hegel foi o pai do idealismo alemão.
Texto: Hegel
Por Rubem Queiroz Cobra (Bacharel em 
Filosofia e Doutor em Geologia)
Pensamento: A filosofia de Hegel é a tentativa de
considerar todo o universo como um todo sistemático. O
sistema é baseado na fé. Na religião cristã, Deus foi
revelado como verdade e como espírito. Como espírito, o
homem pode receber esta revelação. Na religião a
verdade está oculta na imagem; mas na filosofia o véu se
rasga, de modo que o homem pode conhecer o infinito e
ver todas as coisas em Deus. 
O sistema de Hegel é assim um monismo espiritual,
mas um monismo no qual a diferenciação é essencial.
Somente através da experiência pode a identidade do
pensamento e o objeto do pensamento serem alcan -
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 17/12/13 11:52 Página 61
62 –
çados, uma identidade na qual o pensar alcança a
inteligibilidade progressiva que é seu objetivo. Assim, a
verdade é conhecida somente porque o erro foi
experimentado e a verdade triunfou; e Deus é infinito
apenas porque ele assumiu as limitações de finitude e
triunfou sobre elas. Similarmente, a queda do homem era
necessária se ele devia atingir a bondade moral. O
espírito, incluindo o Espírito infinito, conhece a si mesmo
como espírito somente por contraste com a natureza.
O sistema de Hegel é monista pelo fato de ter um
tema único: o que faz o universo inteligível é vê-lo como
o eterno processo cíclico pelo qual o Espírito Absoluto
vem a conhecer a si próprio como espírito (1) através de
seu próprio pensamento; (2) através da natureza; e (3)
através dos espíritos finitos e suas autoexpressões na
história e sua autodescoberta, na arte, na religião, e na
filosofia, como Um com o próprio Espírito Absoluto.
O compêndio do sistema de Hegel, a “Enciclopédia
das Ciências Filosóficas”, é dividida em três partes:
Lógica, Natureza e Espírito. O método de exposição é
dialético. Acontece com frequência, que em uma
discussão, duas pessoas que a princípio apresentam
pontos de vista diametralmente opostos, depois
concordam em rejeitar suas visões parciais próprias e
enfim aceitam uma visão nova e mais ampla, que faz
justiça à substância de cadauma das precedentes. Hegel
acreditava que o pensamento sempre procede deste
modo: começa por lançar uma tese positiva que é negada
imediatamente pela sua antítese; então um pensamento
seguinte produz a síntese. Mas esta síntese, por sua vez,
gera outra antítese, e o mesmo processo continua uma
vez mais. O processo, no entanto, é circular: ao final, o
pensamento alcança uma síntese que é igual ao ponto de
partida, exceto pelo fato de que tudo que estava implícito
ali foi agora tornado explícito, tudo que estava oculto no
ponto inicial foi revelado.
Assim, o pensamento propriamente, como processo,
tem a negatividade como um de seus momentos
constituintes, e o finito é, como a automanifestação de
Deus, parte e parcela do infinito mesmo. O sistema de
Hegel dá conta desse processo dialético em três fases:
Lógica: O sistema começa dando conta do
pensamento de Deus “antes da criação da natureza e do
espírito finito”, isto é, com as categorias ou formas puras
de pensamento, que são a estrutura de toda vida física e
intelectual. Todo o tempo, Hegel está lidando com
essencialidades puras, com o espírito pensando sua
própria essência; e estas estão ligadas a um processo
dialético que avança do abstrato para o concreto. Se um
homem tenta pensar a noção de um ser puro (a mais
abstrata categoria de todas), ele encontra que ela é
apenas o vazio, isto é, nada. No entanto, o nada “é”. A
noção de ser puro e a noção de nada são opostas; e, no
entanto cada uma, quando alguém tenta pensá-la, passa
imediatamente para a outra. Mas o caminho para sair
dessa contradição é de imediato rejeitar ambas as noções
separadamente e afirmá-las juntas, isto é, afirmar a noção
do vir a ser, uma vez que o que ambas vem a ser é e não
é ao mesmo tempo. O processo dialético avança através
de categoria de crescente complexidade e culmina com a
ideia absoluta, ou com o espírito como objetivo para si
mesmo.
Natureza: A natureza é o oposto do espírito. As
categorias estudadas na Lógica eram todas interna mente
relacionadas umas às outras; elas nascem umas das
outras. A natureza, no entanto, é uma esfera de relações
externas. Partes do espaço e momentos do tempo
excluem-se uns aos outros; tudo na natureza está em
espaço e tempo e, assim, é finito. Mas a natureza é criada
pelo espírito e traz a marca de seu criador. As categorias
aparecem nela como sua estrutura essencial e é tarefa da
filosofia da natureza detectar essa estrutura e sua
dialética; porém a natureza, como o reino da
“externalidade”, não pode ser racional sequencialmente,
de modo que a racionalidade prefigurada nela torna-se
gradualmente explícita quando o homem aparece. No
homem a natureza alcança a autoconsciência.
Espírito: Aqui Hegel segue o desenvolvimento do
espírito humano através do subconsciente, consciente e
vontade racional. Depois, através das instituições
humanas e da História da humanidade como a
incorporação e objetivação da vontade; e finalmente para
a arte, a religião e filosofia, esta última na qual finalmente
o homem conhece a si mesmo como espírito, como Um
com Deus e possuído da verdade absoluta. Assim, o
homem aberto para ele pensar sua própria essência, isto
é, os pensamentos expostos na Lógica. Ele finalmente
voltou ao ponto de partida do sistema, mas no roteiro
deixou explícito tudo que estava implícito nele e descobriu
que “nada senão o espírito é, e espírito é pura atividade”.
Nos trabalhos políticos e históricos de Hegel, o
espírito humano objetiva a si próprio no seu esforço para
encontrar um objeto idêntico a si mesmo. A Filosofia do
Direito cai em três divisões principais. A primeira trata da
lei e dos direitos como tais: pessoas (isto é, o homem
como homem, muito independentemente de seu caráter
individual) são o sujeito dos direitos, e o que é requerido
delas é meramente obediência, não importa que motivos
de obediência possam ser. O Direito assim é um abstrato
universal e portanto faz justiça somente ao elemento
universal na vontade humana. O indivíduo, porém, não
pode ser satisfeito a menos que o ato que ele faz
concorde não meramente com a lei mas também com
suas próprias convicções conscientes. Assim, o problema
no mundo moderno é construir uma ordem política e
social que satisfaça os anseios de ambos. E assim
também, nenhuma ordem política pode satisfazer os
anseios da razão a menos que seja organizada de modo a
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evitar, por uma parte, a centralização que faria os homens
escravos ou ignorar a consciência e, por outra parte, um
antinomianismo (argumentação que se desenvolve por
meio de antinomias: as proposições mutuamente
excludentes) que iriam permitir a liberdade de convicção
para qualquer indivíduo (liberalismo) e assim produzir uma
licenciosidade que faria impossível a ordem política e
social. 
O Estado que alcançasse essa síntese haveria de
apoiar-se na instituição da família e no sentimento de
culpa. Seria talvez uma forma de monarquia limitada, com
governo parlamentarista, julgamento por um júri,
tolerância para judeus e dissidentes, e seria diferente de
qualquer estado existente nos dias de Hegel.
Na Filosofia da História, Hegel pressupôs que a
Historia da humanidade é um processo através do qual a
humanidade tem feito progresso espiritual e moral e
avançado seu autoconhecimento. A História tem um
propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é. Alguns
historiadores encontraram sua chave na operação das leis
naturais de vários tipos. A atitude de Hegel, no entanto,
apoiou-se na fé de que a História é a repre sentação do
propósito de Deus e que o homem tinha agora avançado
longe o bastante para descobrir o que esse propósito era:
ele é a gradual realização da liberdade humana.
O primeiro passo era fazer uma transição da vida
selvagem para um estado de ordem e de lei. Em muitos
pontos, o pensamento de Hegel serviu aos fundamentos
do marxismo, um deles é sua concepção de que os Estados
têm de ser encontrados por força e violência, pois não há
outro caminho para fazer o homem curvar-se à Lei antes de
ele ter avançado mentalmente tão longe suficiente para
aceitar a racionalidade da vida ordenada. Alguns homens
aceitarão as leis e se tornarão livres, enquanto outros
permanecerão escravos. No mundo moderno, o homem
passou a crer que todos os homens, como espíritos, são
livres em essência, e sua tarefa é, assim, criar instituições
sob as quais eles serão livres de fato.
O pensamento dialético percebe que as contradições movem a História. 
Frases e textos de Hegel
“Nada existe de grandioso sem Paixão”.
“A necessidade geral da arte é a necessidade racional
que leva o homem a tomar consciência do mundo interior
e exterior e a fazer um objeto no qual se reconheça a si
próprio”. 
“A necessidade, a natureza e a história não são mais
do que instrumentos da revelação do Espírito”. 
“A verdadeira figura na qual a verdade existe só pode
ser o sistema científico dessa verdade”. 
“As ideias que revolucionam o mundo avançam a
passo miúdo”. 
“Grandeza, entidade variável mas que, apesar da sua
variação, continua sempre a ser a mesma”. 
“Nada de grande se realizou no mundo sem paixão”.
“O Estado é a forma histórica específica na qual a
liberdade adquire uma existência objetiva e usufrui da sua
objetividade”. 
“O artista não precisa de filosofia e, se pensa como
filósofo, entrega-se a um trabalho que está justamente
em oposição à forma do saber próprio da arte”. 
“O estado da natureza é, antes, o estado da injustiça,
da violência, do instinto natural desenfreado, das ações e
dos sentimentos desumanos”. 
“O homem não é mais do que a série dos seus atos”.
“O tempo, essa inquietação pura da vida e esse
processo de absoluta distinção”. 
“O verdadeiro é o delírio báquico no qual nenhum
membro deixa de estar embriagado”. 
“Povo é a parte da nação que não sabe o que quer”.
“Quanto ao seu supremo destino, a arte permanece
para nós uma coisa do passado”. 
“Um povo que considera a natureza seu deus não
pode ser um povo livre”. 
“A filosofia vem sempre demasiado tarde. Enquanto
pensamentodo mundo, só aparece quando a realidade
realizou e terminou o seu processo de formação”. 
“O mais alto objetivo da Arte é o que é comum à
Religião e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de
expressão do divino, das necessidades e exigências mais
elevadas do espírito”. 
O Sentido do Espírito 
Para conhecer bem os fatos e enxergá-los no seu
verdadeiro lugar, deve-se estar no cume – não os
considerar de baixo pelo buraco da fechadura da
moralidade ou de alguma outra sabedoria.
(...) O ponto de vista geral da história filosófica não é
abstratamente geral, mas concreto e eminentemente
atual, porque é o Espírito que permanece eternamente
junto de si mesmo e ignora o passado. À semelhança de
Mercúrio, o condutor das almas, a Ideia é na verdade o
que conduz os povos e o mundo, e é o Espírito, a sua
vontade razoável e necessária, que orientou e continua a
orientar os acontecimentos do mundo.
– 63
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:16 Página 63
A Razão 
A razão é a suprema união da consciência e da
consciência de si, ou seja, do conhecimento de um objeto
e do conhecimento de si. É a certeza de que as suas
determinações não são menos objetais, não são menos
determinações da essência das coisas do que são os
nossos próprios pensamentos. É, num único e mesmo
pensamento, ao mesmo tempo e ao mesmo título,
certeza de si, isto é, subjetividade, e ser, isto é,
objetividade.
(...) A razão é tão poderosa quanto ardilosa. O seu
ardil consiste em geral nessa atividade mediadora que,
deixando os objetos agirem uns sobre os outros
conforme à sua própria natureza, sem se imiscuir
diretamente na sua ação recíproca, consegue, contudo,
atingir unicamente o objetivo a que se propõe.
(...) A Razão governa o mundo e, consequen temente,
governa e governou a história universal. Em relação a
essa razão universal e substancial, todo o resto é
subordinado e serve-lhe de instrumento e de meio.
Ademais, essa Razão é imanente na realidade histórica,
realiza-se nela e por ela. É a união do Universal existente
em si e por si e do individual e do subjetivo que constitui
a única verdade.
O Artista e a sua Obra 
O artista tem, pois essa experiência com a sua obra:
ele não produziu uma essência igual a ele mesmo. Sem
dúvida, da sua obra retorna para ele uma consciência,
pois uma multidão admirativa honra a obra como o
espírito que é a essência deles. Essa admiração, porém,
ao lhe restituir a sua consciência de si apenas como
admiração é antes uma confissão feita ao artista de que
ela não é igual a ele. Uma vez que o seu Si retorna para
ele como júbilo em geral, ali ele não encontra nem a dor
da sua formação e da sua produção, nem o esforço do
seu trabalho. Os outros podem de fato julgar a obra ou
trazer-lhe oferendas, conceber, de algum modo, que ela
seja a sua consciência; se eles se colocam com o seu
saber acima dela, o artista, pelo contrário, sabe o quanto
a sua operação vale mais do que a compreensão e o
discurso deles; se eles se colocam abaixo dela e nela
reconhecem a essência deles que os domina, ele
conhece-a, pelo contrário, como o seu senhor.
A Mente Universal 
A mente universal manifesta-se na arte como
intuição e imaginação; na religião manifesta-se como
sentimento e pensamento representativo; e na filosofia
ocorre como liberdade pura de pensamento. Na história
mundial a mente universal manifesta-se como atualidade
da mente, na sua integridade de internalidade e de
externalidade. A história do mundo é um tribunal porque,
na sua absoluta universalidade, o particular, isto é, as
formas de culto, sociedade e espíritos nacionais em todas
as suas diferentes atualidades, está presente apenas
como ideal, e aqui o movimento da mente é a
manifestação disto mesmo...
A História do mundo não é o veredicto da força, isto
é, de um destino cego realizando-se a si mesmo numa
inevitabilidade abstrata e não racional. Pelo contrário,
porque a mente é razão implícita e explicitamente, e
porque a razão é explícita para si mesma, na mente,
enquanto conhecimento, a história do mundo é o
desenvolvimento necessário, decorrente da liberdade da
mente, dos momentos da razão e, deste modo, da
autoconsciência e da liberdade da mente.
A história da mente é a sua ação. A mente é apenas
o que faz, e a sua ação faz dela o objeto da sua própria
consciência. Através da história, a sua ação ganha
consciência de si mesma como mente, e apreende-se na
sua interpretação de si mesma para si mesma. Esta
apreensão é no seu ser e no seu princípio, e a realização
desta apreensão numa dada fase é simultaneamente a
rejeição dessa fase e a sua elevação a uma fase mais
elevada.
64 –
Materialismo Dialético
Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o
materialismo e em Heráclito sobre a dialética (do grego,
dois logos, duas opiniões divergentes), Marx defende o
materialismo dialético, tentando superar o pensamento
de Hegel e Feuerbach. 
A dialética hegeliana era a dialética do idealismo
(doutrina filosófica que nega a realidade individual das
coisas distintas do “eu” e só lhes admite a ideia), e a
dialética do materialismo é a posição filosófica que
considera a matéria como a única realidade e que nega a
existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas
sustentam que realidade e pensamento são a mesma
coisa: as leis do pensamento são as leis da realidade. A
realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na
síntese que é a “verdade” dos momentos superados.
Hegel considerava ontologicamente (do grego onto +
logos; parte da metafísica, que estuda o ser em geral e
suas propriedades transcendentais ) a contradição
(antítese) e a superação (síntese); Marx considerava
historicamente como contradição de classes vinculada a
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:16 Página 64
certo tipo de organização social. Hegel apresentava uma
filosofia que procurava demonstrar a perfeição do que
existia (divinização da estrutura vigente); Marx
apresentava uma filosofia revolucionária que procurava
demonstrar as contradições internas da sociedade de
classes e as exigências de superação.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética
materialista, combatendo a doutrina hegeliana, que, a par
de seu método revolucionário, concluía uma doutrina
eminentemente conservadora. Da crítica à dialética
idealista, partiu Feuerbach à crítica da Religião e da
essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a
Terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua
imagem e semelhança, foi o homem quem criou Deus à
sua imagem. Seu objetivo era conservar intactos os
valores morais em uma religião da humanidade, na qual o
homem seria Deus para o homem.
Adotando a dialética hegeliana, Marx rejeita, como
Feuerbach, o idealismo, mas, ao contrário, não procura
preservar os valores do cristianismo. Hegel tinha iden -
tificado, no dizer de Radbruch, o ser e o dever-ser (o Sen
e o Solene), encarando a realidade como um desen -
volvimento da razão e vendo no dever-ser o aspecto
determinante e no ser o aspecto determinado dessa
unidade. 
A dialética marxista postula que as leis do pen -
samento correspondem às leis da realidade. A dialética
não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só
tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a
dialética do marxismo: a realidade é contraditória com o
pensamento dialético. A contradição dialética não é
apenas contradição externa, mas unidade das contra -
dições, identidade: “a dialética é ciência que mostra como
as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-
ser) idênticas, como passam uma na outra, mos trando
também porque a razão não deve tomar essas
contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como
coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e
através de sua luta.” (Henri Lefebvre, Lógica formal/
Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979, p. 192).
Os momentos contraditórios são situados na história com
sua parcela de verdade, mas também de erro; não se
misturam, mas o conteúdo, considerado como unilateral
é recaptado e elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando queseu huma -
nismo e sua dialética eram estáticas: o homem de
Feuerbach não tem dimensões, está fora da sociedade e
da história, é pura abstração. É indispensável, segundo
Marx, compreender a realidade histórica em suas
contradições, para tentar superá-las dialeticamente. A
dialética apregoa os seguintes princípios: tudo relaciona-
se (Lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo
se transforma (lei da transformação universal e do
desenvolvimento incessante); as mudanças qualitativas
são consequências de revoluções quantitativas; a
contradição é interna, mas os contrários se unem num
momento posterior: a luta dos contrários é o motor do
pensamento e da realidade; a materialidade do mundo; a
anterioridade da matéria em relação à consciência; a vida
espiritual da sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma constante no
pensamento do marxismo-leninismo (surgido como
superação do capitalismo, socialismo, ultrapassando os
ensinamentos pioneiros de Feuerbach.
http://www.culturabrasil.org/marx.htm
– 65
1. (UERJ) – O Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela,
pelo qual ele próprio é responsável. O estado de tutela é a incapacidade
de utilizar o próprio entendimento sem a condução de outrem. Cada um
é responsável por esse estado de tutela quando a causa se refere não
a uma insuficiência do entendimento, mas à insuficiência da resolução
e da coragem para usá-lo sem ser conduzido por outrem. Sapere aude!
(Expressão latina que significa ‘tenha a coragem de saber, de aprender’).
Tenha a coragem de usar seu próprio entendimento. Essa é a divisa do
Iluminismo. 
IMMANUEL KANT (1784)
No contexto da expansão capitalista no século XIX, uma das ideias
centrais do Iluminismo, de acordo com o texto, está associada
diretamente à valorização da 
a) superioridade técnica. b) soberania econômica.
c) liberdade política. d) razão científica.
e) liberdade religiosa.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
2. Sobre o filósofo Immanuel Kant, leia e julgue as assertivas abaixo:
I – Kant distingue o conhecimento sensível, que abrange as ins -
tituições sensíveis, e o conhecimento inteligível, ou seja, das ideias
metafísicas. 
II – As obras seguintes expõem o pensamento chamado crítico do
filósofo: a Crítica da Razão Prática (1781) em que explica
essencialmente porque as metafísicas são voltadas ao fracasso e
porque a razão humana é impotente para conhecer o fundo das
coisas; e a Crítica da Razão Pura (1788), obra em que estuda o
problema da moralidade humana.
III – O termo ‘crítica’ pode ser entendido como o método kantiano da
reflexão analítica ou da análise reflexiva. Esse método parte do
exercício de remontar o conhecimento às condições que o
tornariam legítimo.
Estão(está) corretas(correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III e) Apenas II
RESOLUÇÃO: 
Resposta: D
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66 –
3. Kant não duvidava das verdades científicas de sua época, tampouco
dos princípios morais, contudo
a) achava necessário buscar os fundamentos racionais que
sustentavam essas verdades universais.
b) valorizava sobretudo a experiência religiosa.
c) sustentava que somente as bases empíricas poderiam dar coesão e
sentido às categorias filosóficas.
d) acreditava que, sendo o homem uma tábula rasa, todo conhecimento
teria origem na realidade concreta e empírica. 
e) sustentava que a análise historicista deveria nortear todo discurso e
toda teoria.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
4. Para Kant, os juízos rigorosamente verdadeiros, e, portanto,
necessários e universais, são juízos a priori, isto é independentes dos
azares da experiência, sempre particular e contigente. Isso significa que
Kant
a) era um empirista.
b) valorizava a razão humana.
c) sustentava verdades matafísicas.
d) era um cético.
e) era uma analítico historicista. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
5. Leia e julgue as assertivas abaixo acerca do pensamento de Kant
I – As ciências são possíveis, pois a matemática e as ciências
encontraram um caminho seguro e progridem, avançam, se
consolidam; em filosofia, em metafísica não se chegou a ter o
caminho seguro da ciência e isto é justamente o que determina a
preocupação central de Kant. 
II – Kant diz que aquilo que chama de “a coisa em si” não se pode
conhecer; porque eu conheço “a coisa em mim”. O que eu
conheço, conheço submetido a mim; submetido ao meu espaço,
ao meu tempo, às minhas categorias, isto é a "coisa em mim”.
Quando eu conheço algo, transformo, modifico a coisa em si. Em
outros termos, o conhecimento é uma transformação do real. 
III – Kant usa os termos a priori ou puro para indicar todo conhe cimento
que independe da experiência. Há, portanto, um conhecimento a
posteriori, fundamentado na experiência e um a priori, que dela
independe.
Estão(está) corretas(correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III e) Apenas II
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
6. No debate sobre epistemologia, Kant situa-se
a) ao lado dos racionalistas, valorizando o sujeito produtor de
conhecimento.
b) ao lado dos empiristas, sobrevalorizando o papel da razão humana.
c) ao lado dos inatistas, valorizando a produção de conhecimento pela
obsrvação da realidade concreta.
d) ao lado dos empiristas, valorizando a observação e o papel dos
sentidos.
e) entre a postura dos racionalistas, que valorizam o sujeito, e a dos
empiricistas, que valorizam o objeto.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
7. Para Kant,
a) só se pode confiar nos sentidos.
b) deve-se confiar sobretudo na razão.
c) a razão é incapaz de reconhecer seus próprios limites para conhecer.
d) não há limites na racionalidade humana e não se deve confiar nos
sentidos.
e) se não se pode confiar totalmente na razão, também não se pode
confiar totalmente nos sentidos.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
8. O pensamento de Hegel é chamado de idealista porque
a) diferente da visão dos materialistas, que julgam as forças materiais
ser o motor da História, acreditava que a força da História residia nos
princípios do espírito e do pensamento.
b) esse filósofo criou um ideal de sociedade baseado na justiça social
e na democracia, e isso explica o grande interesse de Marx pela
relação sua dialética.
c) o filósofo alemão sustentava que a razão era fonte do saber,
posicionando-se, portanto, ao lado dos pensadores neoplatônicos.
d) esse filósofo acreditava que as instâncias do espírito e da cultura
eram determinadas pelo desenvolvimento das forças produtivas. 
e) Hegel entendia que o mundo original era o mundo das ideias e não
o mundo sensível das aparências reveladas pela experiência
sensorial. 
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
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– 67
9. (UFU-adaptada) – A respeito do conceito de dialética, Hegel faz a
seguinte afirmação:
“O interesse particular da paixão é, portanto, inseparável da
participação do universal, pois é também da atividade do particular e de
sua negação que resulta o universal.”
(HEGEL, G. W. F. Filosofia da História. 2a. ed. Tradução de Maria
Rodrigues e Hans Harden. Brasília: Editora da UnB, 1998. p. 35.)
Com base no pensamento de Hegel, assinale a alternativa correta.
a) O particular é irracional, por isso é a negação do universal, portanto,
a História não é guiada pela razão, mas se deixa conduzir pelo acaso
cego dos acontecimentos que se sucedem sem nenhuma relação
entre eles.
b) O universal é a somatória dos particulares, de modo que a História
é tão só o acumulado ou o agregado das partes isoladas, e assim
elas estão articuladas tal como engrenagens de uma grande
máquina.
c) O particular da paixão é a ação dos indivíduos, sempre em oposição
à finalidade da História, isto é, do universal da razão que governa o
mundo, mas esta depende da ação dos indivíduos, sem os quais ela
não se manifesta.
d) O universal é a vontade divina que, por intermédio da sua ação
providente, preserva os homens de todos os perigos, evitando que
se desgastem com suas paixões, assim, o humano é preservado
desde o seu surgimentona Terra.
e) O mundo não tem sentido e a História não tem uma finalidade. É o
espírito humano que lhe atribui sentidos para escapar do absurdo da
existência.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
10.“A filosofia vem sempre demasiado tarde. Enquanto pensamento
do mundo, só aparece quando a realidade realizou e terminou o seu
processo de formação”. 
(Hegel) 
Assinale a alternativa que explica o sentido dessas palavras.
a) Para Hegel, o pensamento é reflexo das forças produtivas.
b) Para Hegel, a História tem seu próprio motor e independe das
expressões da filosofia.
c) Para Hegel, os filósofos sentenciam os rumos da História.
d) Hegel revela-se pouco dialético ao entender que os filósofos não
conduzem as vias da História.
e) A História é o acúmulo dos registros filosóficos, dos ensaios e
reflexões dos grandes pensadores da humanidade.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
11.Diz-se que a filosofia de Hegel é monista. Entende-se por isso que
a) o pensamento hegeliano não percebe as contradições da realidade
e dos movimentos do espírito humano.
b) Hegel entende o universo como um todo coerente, livre dos
paradoxos que de fato constituem o mundo. 
c) a sua filosofia pretende projetar uma explicação científica para a
evolução econômica da humanidade, terminando em um modelo
que socializa o patrimônio material e espiritual.
d) a filosofia de Hegel julga que o homem é a medida de todas as
coisas.
e) a filosofia de Hegel é a tentativa de considerar todo o universo como
um todo sistemático.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
12. (ENEM-2014) – Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se
devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir,
mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento
malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez,
experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica,
admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Guibenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como
revolução copernicana da filosofia. Nele, confrontam-se duas posições
filosóficas que
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do
conhecimento.
b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente
o ceticismo.
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência
e a reflexão filosófica.
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das
ideias em relação aos objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento
e são ambas recusadas por Kant.
RESOLUÇÃO: 
O texto da questão apresenta posições opostas a respeito da
natureza do conhecimento. Enquanto, em uma delas, os objetos
são a fonte da produção do conhecimento, a outra afirma a
primazia das ideias sobre os objetos na busca do conhecimento,
posição essa defendida por Kant.
Resposta: A
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68 –
1. Normalmente considera-se que o pensamento conhece as coisas;
conhece as coisas tal como são. Kant, porém, introduziu uma nova
concepção sobre esse fato. Comente.
2. No debate sobre epistemologia, Kant situa-se:
a) Ao lado dos racionalistas, valorizando o sujeito produtor de
conhecimento.
b) Ao lado dos empiristas, sobrevalorizando o papel da razão humana.
c) Ao lado dos inatistas, valorizando a produção de conhecimento pela
observação da realidade concreta.
d) Ao lado dos empiristas, valorizando a observação e o papel dos
sentidos.
e) Entre a postura dos racionalistas, que valorizam o sujeito, e dos
empiricistas, que valorizam o objeto.
3. Para Kant:
a) Só se pode confiar nos sentidos.
b) Deve-se confiar sobretudo na razão.
c) A razão é incapaz de reconhecer seus próprios limites para conhecer.
d) Não há limites na racionalidade humana e não se deve confiar nos
sentidos.
e) Se não se pode confiar totalmente na razão, também não se pode
confiar totalmente nos sentidos.
4. Para Kant, o conhecimento resulta: 
a) Da apreensão dos conteúdos pela experiência empírica e pela razão
humana. 
b) Da observação sistemática dos fatos empíricos.
c) Da construção de premissas universais e aceitas racionalmente.
d) Somente da apreensão dos conteúdos pela experiência dos
sentidos.
e) Somente da apreensão da realidade pelo exercício da razão humana.
5. “... o nosso conhecimento experimental é um composto do que
recebemos por impressões e do que a nossa própria faculdade de
conhecer de si mesma tira por ocasião de tais impressões”.
Segundo o seu conhecimento em epistemologia, a frase anterior deve
ser atribuída a:
a) Descartes b) Bacon c) Locke 
d) Platão e) Kant
6. Explique o sentido de conhecimento a priori que aparece na obra de
Kant.
7. Que conteúdo trazem as duas principais obras de Kant?
8. O que Kant postula no resumo das duas grandes obras?
9. “Todo conhecimento começa com a experiência, mas nem todo
conhecimento se funda na experiência”. 
(I. Kant)
Isso significa que
a) há conhecimentos que não se fundam na experiência, isto é, são
“puros” ou também, com outro termo que ele usa muito, “a priori”. 
b) o conhecimento “a priori” ou “puro” é o que depende da
experiência, oposto a “a posteriori”, que não é fundado na
experiência.
c) não há forma de conhecimento que se sustente fora da experiência. 
d) Kant era um filósofo empirista.
e) o conhecimento é construído pela experiência e, assim, torna-se
retrato fiel da realidade.
10.Quando Kant fala de crítica da razão pura e de crítica da razão prática,
o leitor não filósofo supõe que há uma contraposição entre puro e
prático. Sobre esse tema, leia as proposições abaixo:
I – A razão pura é toda a razão; é a razão pura teórica e a razão pura
prática. Ou seja, o adjetivo "puro" corresponde às duas, a diferença
é que uma é teórica e outra é prática.
II – Kant vai empreender a tarefa da crítica da razão, de estabelecer os
limites da razão, suas possibilidades, sua justificação e isso
justamente no momento em que a Física de Newton tem um
enorme prestígio. 
III – As três perguntas fundamentais que Kant lança na Crítica da Razão
Pura são: Como é possível a matemática pura? Como é possível a
física pura? É possível a metafísica?
Estão (está) corretas (correta):
a) Todas 
b) Apenas I e II 
c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III 
e) Apenas II
11.“Ou seja, ele (Kant) tem plena consciência de um novo estilo. Este
estilo tem que ver, evidentemente, com a tendência que já temos
encontrado (e a vimos claramente em Descartes): a tendência a evitar
o erro. Mais do que a descoberta da verdade, com mais força ainda, o
que se busca é evitar o erro”. A isso podemos dar o nome de:
a) ceticismo metodológico. b) materialismo.
c) idealismo. d) empirismo.
e) dialética.
12.Sobre a filosofia de Kant, leia e julgue as breves proposições abaixo:
I – No livro Crítica à Razão Pura, Kant esboça uma teoria sobre a
moralidade humana.
II – O homem é um ser moral, responsável e livre.
III – Não há um conhecimento a posteriori, todo conhecimento é
sempre a priori. 
IV – Para Kant, a moralidade é uma dimensão autônoma e livre de
interesses.
São verdadeiras apenas:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) II e IV e) I e IV
13.Para Kant, o homem é um ser moral. Além disso, podemos afirmar
que, para esse filósofo:
I – a moral é boa vontade e respeito ao dever. 
II – há uma autonomia da moral.
III – o sentimentalismo do bem e a comoção são peças centrais da
experiência moral.
Estão(está) corretas(correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III e) Apenas II
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14.Kant, em sua epistemologia, postula a seguinte frase: “não vejo as
coisas em si, mas as coisas em mim”. Isso significa que
a) não temos acesso à realidade senão pela experiência empírica.
b) o conhecimento é apreendido pelos sentidos.
c) conhecimento é interpretação.
d) todo conhecimento é a posteriori.
e) a metafísica é a forma mais coerente de conhecimento jáproduzido.
15. Isto vai levar Kant a uma reflexão muito profunda. Normalmente,
considera-se que o pensamento conhece as coisas; conhece as coisas
tal como são. E Kant diz: não, isto não é possível. (Julian Marias) Assim:
I – O que chama de “a coisa em si”, “das Ding an sich” não se pode
conhecer; porque eu conheço "a coisa em mim”. 
II – O que eu conheço, conheço submetido a mim; submetido ao meu
espaço, ao meu tempo, às minhas categorias, isto é, a “coisa em
mim”, que ele chamará "fenômeno", opondo-o ao "noumenon", a
coisa em si.
III – Quando eu conheço algo, não transformo, não modifico a coisa em
si, que, como tal, é inadmissível. É contraditório que eu não
conheça a coisa em si porque quando a conheço não está em mim. 
IV – O objeto do meu conhecimento ingressa em minha subjetividade,
que o modifica.
São verdadeiras apenas:
a) I , II e IV b) I e III c) I, II e III 
d) II e IV e) I e IV
16.A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como
sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.
(Kant) Isso significa que para Kant:
a) A moral se fundamenta na ética do hedonismo, ou seja, na busca do
prazer, como entendiam os gregos antigos.
b) A moral se justifica no pensamento dionisíaco de Nietzsche.
c) A moral é um caminho para sermos eternamente felizes.
d) Nem sempre a moralidade é o caminho do prazer.
e) Há uma oposição intransponível entre moral e felicidade.
17.“Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser
princípio de uma lei universal.” 
(Kant) 
Essa frase revela uma ideia sobre
a) conteúdo relativista.
b) concepção de moral natural.
c) construção cultural de moralidade.
d) obediência às normas sociais.
e) concepção de moral sociológica.
18.“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada.” 
(Kant) 
Nessa frase, percebe-se que, para o filósofo:
a) conhecer e saber são sinônimos.
b) conhecimento tem origem a priori e sabedoria, a posteriori. 
c) conhecimento é superior à sabedoria.
d) sabedoria pode ser superior e mais pragmático em relação ao
conhecimento.
e) conhecimento é organizar a sabedoria de vida. 
19.“Duas coisas povoam a mente com uma admiração e respeito
sempre novos e crescentes... o céu estrelado por cima e a lei moral den tro
de nós.” 
(Kant) 
Tais palavras revelam, acerca do pensamento de Kant:
I – uma valorização da dimensão interior do homem.
II – uma desvalorização das ciências da natureza, em exaltação às
humanidades.
III – uma concepção de moralidade relativista e culturalmente construída. 
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III 
d) Apenas I e III e) Apenas I
20. Podemos afirmar que Marx fez total oposição à Hegel? Explique.
21.Leia as frases abaixo de Karl Marx e faça uma comparação à dialética
de Hegel.
“Na produção social da sua existência, os homens travam relações
determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; essas
relações de produção correspondem a um determinado grau de
desenvolvimento das suas forças produtivas materiais”. 
“... Não é a consciência dos homens que determina a sua existência,
é, pelo contrário, a sua existência que determina a sua consciência”. 
22.Por que se diz que a filosofia de Hegel é monista?
23.“A filosofia vem sempre demasiado tarde. Enquanto pensamento
do mundo, só aparece quando a realidade realizou e terminou o seu
processo de formação”. (Hegel) 
Comente o sentido dessa frase de Hegel.
24.Leia as afirmações e coloque V para as alternativas verdadeiras e F
para as falsas, de acordo com o pensamento e vida de Hegel.
( ) A Razão governa o mundo e, consequentemente, governa e
governou a história universal. Em relação a essa razão universal e
substancial, todo o resto é subordinado e serve-lhe de instrumento
e de meio.
( ) As contradições da história impedem o desenvolvimento natural dos
fatos. 
( ) O espírito, incluindo o Espírito infinito, conhece a si mesmo como
espírito somente por contraste com a natureza, assim, espírito e
natureza são realidades opostas.
( ) Hegel sempre foi um revolucionário durante toda a sua vida,
apoiando a Revolução Francesa e seus desdobramentos natural -
mente democráticos. 
25.Por que o pensamento de Hegel foi chamado de idealista? 
26.Para Hegel, a Revolução Francesa desembocaria naturalmente no
Reinado do Terror. Que consequências adviriam desse fato, segundo o
filósofo?
27.No caso da Revolução Francesa, diria que somente depois desta
experiência, e precisamente por causa dela, pode-se postular a
existência de um Estado constitucional de cidadãos realmente livres.
Nesse caso, diríamos que a Revolução seria a tese, o Terror, a antítese
e a constituição do Estado democrático, a síntese. Esse raciocínio,
sobretudo,
a) revela a posição política de Hegel.
b) revela o contexto histórico em que viveu Hegel e de seu país.
c) contraria historicamente a teoria proposta de Hegel, mostrando a
contradição em seu pensamento, e a isso chamamos de dialética.
d) é um exemplo de aplicação da dialética hegeliana.
e) é o argumento marxista de discordância em relação ao idealismo de
Hegel.
– 69
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28.O pensamento de Hegel é chamado de idealista porque, diferente da
visão dos materialistas, que julgam as forças materiais ser o motor da
História, acreditava que a força da História residia nos princípios do
espírito e do pensamento. Assim, para Hegel, a contradição é o motor
do pensamento. Podemos citar como representante da dialética materialista:
a) Weber b) Marx c) Descartes
d) Durkheim e) Nietzsche 
29.A filosofia de Hegel é a tentativa de considerar todo o universo como
um todo sistemático. Sobre Hegel e sua filosofia, leia e julgue as
proposições abaixo.
I – O sistema é baseado na fé. Na religião cristã, Deus foi revelado
como verdade e como espírito. Como espírito, o homem pode
receber esta revelação. Na religião, a verdade está oculta na
imagem; mas na filosofia o véu se rasga, de modo que o homem
pode conhecer o infinito e ver todas as coisas em Deus. 
II – O sistema de Hegel é assim um monismo espiritual, mas um
monismo no qual a diferenciação é essencial. Somente pela
experiência pode a identidade do pensamento e o objeto do
pensamento serem alcançados, uma identidade na qual o pensar
alcança a inteligibilidade progressiva que é seu objetivo. 
III – Assim, a verdade é conhecida somente porque o erro não foi
experimentado e a verdade triunfou; e Deus é infinito apenas
porque ele assumiu as limitações de finitude e triunfou sobre elas. 
IV – Similarmente, a queda do homem era necessária se ele devia
atingir a bondade moral. O espírito, incluindo o Espírito infinito,
conhece a si mesmo como espírito somente por contraste com a
natureza.
São verdadeiras apenas:
a) I e II b) II e III c) I, II e III 
d) II, III e IV e) I, II e IV
30.O compêndio do sistema de Hegel, a "Enciclopédia das Ciências
Filosóficas", é dividida em três partes: Lógica, Natureza e Espírito. Sobre
tal filosofia, julgue as proposições abaixo:
I – O método de exposição é dialético. Acontece com frequência que
em uma discussão, duas pessoas que a princípio apresentam
pontos de vista diametralmente opostos, depois concordam em
rejeitar suas visões parciais próprias, e aceitam uma visão nova e
mais ampla que faz justiça à substância de cada uma das precedentes. 
II – Hegel acreditava que o pensamento sempre procede deste modo:
começa por lançar uma tese positiva que é negada imediatamente
pela sua síntese; então um pensamento seguinte produz a
antítese. Mas essa antítese, por sua vez, gera outra síntese, e o
mesmo processo continua uma vez mais. 
III – O processo dialético, no entanto, é circular: ao final, o pensa mento
alcança uma síntese que é igual ao ponto de partida, exceto pelo
fato de que tudo que estava implícito ali foi agora tornado explícito,
tudo que estava oculto no ponto inicial foi revelado.
São verdadeiras:
a) I e II b) II e III c) Todas 
d) I, II e IV e) I e III
31.Assim, o pensamento propriamente,como processo, tem a
negatividade como um de seus momentos constituintes, e o finito é,
como a automanifestação de Deus, parte e parcela do infinito mesmo.
Tal concepção teológica está inserta no seguinte sistema filosófico:
a) monismo b) dialética c) inatismo
d) indução e) empirismo
32.Leia e julgue as proposições acerca da concepção política de Hegel:
I – Nos trabalhos políticos e históricos de Hegel, o espírito humano
objetiva a si próprio no seu esforço para encontrar um objeto
idêntico a si mesmo. A Filosofia do Direito cai em três divisões
principais. A primeira trata da lei e dos direitos como tais: pessoas
(isto é, o homem como homem, muito independentemente de
seu caráter individual) são o sujeito dos direitos, e o que é
requerido delas é meramente obediência, não importa que
motivos de obediência possam ser. 
II – O Direito assim é um abstrato universal e portanto faz justiça
somente ao elemento universal na vontade humana. O indivíduo,
no entanto, não pode ser satisfeito a menos que o ato que ele faz
concorde não meramente com a lei, mas também com suas
próprias convicções conscientes. Assim, o problema no mundo
moderno é construir uma ordem política e social que satisfaça os
anseios de ambos. E assim, também, nenhuma ordem política
pode satisfazer os anseios da razão a menos que seja organizada
de modo a evitar, por uma parte, a centralização que faria os
homens escravos ou ignorar a consciência e, por outra parte, um
antinomianismo (argumentação que se desenvolve por meio de
antinomias: as proposições mutuamente excludentes) que iria
permitir a liberdade de convicção para qualquer indivíduo
(liberalismo) e assim produzir uma licenciosidade que faria
impossível a ordem política e social. 
III – O Estado que alcançasse essa síntese haveria de abandonar os
princípios de família e de culpa. Segundo Hegel, as premissas do
cristianismo constituem uma moralidade ineficiente em matéria
de política. 
São verdadeiras:
a) I e II b) II e III c) Todas 
d) I, II e IV e) I e III
33.Hegel tentou sistematizar uma concepção unitária de História. Leia
e julgue as assertivas abaixo:
I – Na Filosofia da História, Hegel pressupôs que a historia da
humanidade é um processo pelo qual ela tem feito progresso
espiritual e moral e avançado no seu autoconhecimento. 
II – A História tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é.
Alguns historiadores encontraram sua chave na operação das leis
naturais de vários tipos. 
III – A atitude de Hegel, no entanto, apoiou-se na fé de que a História
é a representação do propósito de Deus e que o homem tinha
agora avançado longe o bastante para descobrir o que esse
propósito era: ele é a gradual realização da liberdade humana.
São verdadeiras:
a) I e II b) II e III c) Todas 
d) I, II e IV e) I e III
34.Hegel entendeu a História como um processo e projeto unitário.
Nesse sentido, leia e julgue as proposições abaixo.
I – O primeiro passo para fazer uma transição da vida selvagem para
um estado de ordem e lei é a revolução. Em muitos pontos, o
pensamento de Hegel serviu aos fundamentos do marxismo, e
um deles é sua concepção de que os Estados têm de ser respeita -
dos por meio de força e violência, pois não há outro caminho para
fazer o homem curvar-se à lei antes de ele ter avançado
mentalmente tão longe o suficiente para aceitar a racionalidade da
vida ordenada. 
70 –
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II – Alguns homens aceitarão as leis e se tornarão livres, enquanto
outros permanecerão escravos. No mundo moderno, o homem
passou a crer que todos os homens, como espíritos, são livres em
essência, e sua tarefa é, assim, criar instituições sob as quais eles
serão livres de fato.
III – Em alguns casos, a escravidão é até aconselhável. Para Hegel, a
existência de escravos pode facilitar o desenvolvimento da
democracia, como provou a história das Américas, particular mente
nos Estados Unidos da América. 
São verdadeiras:
a) I e II 
b) II e III 
c) Todas 
d) I, II e IV 
e) I e III
35.Leia as duas frases abaixo:
I – “Na produção social da sua existência, os homens travam rela -
ções determinadas, necessárias, independentes de sua vontade;
essas relações de produção correspondem a um determinado grau
de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais”. 
II – “... Não é a consciência dos homens que determina a sua
existência, é, pelo contrário, a sua existência que determina a sua
consciência”. 
Assinale a alternativa que identifica corretamente a autoria das duas
frases.
a) São ambas de Marx e contestam o idealismo de Hegel.
b) São frases de Hegel e revelam seu sistema dialético.
c) A primeira é de Hegel e a segunda é de Marx.
d) A primeira é de Marx e a segunda é de Hegel.
e) A primeira representa o idealismo alemão e a segunda, o materialismo.
– 71
1) Kant diz que aquilo que chama de “a coisa em si” não se pode
conhecer; porque eu conheço “a coisa em mim”. O que eu
conheço, conheço submetido a mim; submetido ao meu
espaço, ao meu tempo, às minhas categorias, isto é a “coisa
em mim”. Quando eu conheço algo, transformo, modifico a
coisa em si. Em outros termos, o conhecimento é uma
transformação do real. 
2) E 3) E 4) A 5) E
6) Kant usa os termos a “priori” ou “puro” para indicar todo
conhecimento que independe da experiência. Há, portanto um
conhecimento a posteriori, fundamentado na experiência e um a
priori, que dela independe.
7) A Crítica da Razão Pura (essa obra é mais voltada para o
conhecimento científico) em que explica essencialmente porque as
metafísicas são voltadas ao fracasso e porque a razão humana é
impotente para conhecer o fundo das coisas; e a a Crítica da Razão
Prática, obra em que estuda o problema da moralidade humana.
8) As ciências são possíveis pois a matemática e as ciências
encontraram um caminho seguro e progridem, avançam, se
consolidam; em filosofia, e em metafísica não se chegou a ter o
caminho seguro da ciência e isto é justamente o que determina a
preocupação central de Kant. 
9) A 10) A 11) A 12) D
13) B 14) C 15) A 16) D
17) B 18) D 19) E
20) Não totalmente. Marx foi influenciado por Hegel, mas acreditou
ter alcançado um degrau superior de compreensão. Marx o
acusou de idealista, criando assim uma dialética materialista,
em que o motor da história seria o desenvolvimento das forças
produtivas, e não o espírito humano. 
21) As frases são a defesa clara de que o motor da história seria o
desenvolvimento das forças produtivas, e não o desenvolvi -
mento do Espírito, como entendia Hegel. Esse sistema criado
por Marx foi chamado de materialismo histórico ou
materialismo dialético. 
22) Monismo é perceber a totalidade do mundo. A filosofia de
Hegel é a tentativa de considerar todo o universo como um
todo sistemático. Esse sistema foi baseado na fé cristã. Na
religião cristã, Deus, dizia Hegel, foi revelado como verdade e
como espírito. Assim, na religião a verdade está oculta na
imagem revelada; mas na filosofia o véu se rasga, de modo
que o homem pode conhecer o infinito e ver realmente todas
as coisas em Deus.
23) Para Hegel, a história tem seu próprio motor, ela independe
das expressões da filosofia. Marx concordaria nesse ponto. 
24) V, F, V, F
25) O pensamento de Hegel foi chamado de idealista porque,
diferentemente da visão dos materialistas, que julgam as
forças materiais serem o motor da história, acreditava que a
força da história residia nos princípios do espírito e do
pensamento.
26) Uma síntese: A experiência histórica ensinaria o caminho para
a consolidação de um Estado democrático. 
27) D 28) B 29) E 30) E 31) B
32) A 33) C 34) A 35) A
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72 –
1. Introdução
Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig, no dia 22
de fevereiro de 1788, e faleceu em Frankfurt, no dia 21 de
setembro de 1860. Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu
em Röcken, 15 de outubro de 1844, e morreu em
Weimar, em 25 de Agosto de 1900. Estamos falando,
portanto, de dois grandes representantesda filosofia
alemã. Ambos são marcados por terem produzido uma
filosofia que não se encaixava em nenhum sistema de
pensamento de suas épocas. Outro ponto em comum é
que os dois teorizaram o problema da vontade, entendida
como força natural. Na verdade, Shopenhauer influenciou
profunda mente o pensamento de Nietzsche, porém,
apresen taram várias divirgências. 
Schopenhauer foi influenciado pelas ideias de Kant,
particularmente a respeito do pressuposto acerca dos
fenômenos. Isso significa que o mundo não passa de uma
representação, em que temos, de um lado, o objeto
definido por tempo e espaço, e, por outro, a consciência
subjetiva, essencial para que o mundo exista. Para Kant,
o mundo em si (a realidade não fenomênica) não seria
apreensível pela consciência; já para Schopenhauer, ao
tomar consciência de si, o ser humano se experiencia
como um ser movido por aspirações e paixões. Estas
constituem a unidade da Vontade. Esta é entendida pelo
filósofo em questão como força natural, presente em
todos os fenômenos e em todas as coisas e seria o
princípio norteador da existência humana. Assim, a
Vontade seria o substrato do mundo, o fundamento de
toda a realidade. 
A Vontade, no entendimento de Schopenhauer, não é
um princípio racional, mas um impulso irracional e cego
que conduz ao “instinto” de preservação. O homem,
porém, tenta encobrir a irracionalidade dessa força,
conferindo causalidade a seus atos. Portanto, a vontade
constitui, igualmente, a causa de todo sofrimento, uma
vez que lança os entes em uma cadeia perpétua de
aspirações sem fim, o que provoca a dor de permanecer
algo que jamais consegue completar-se. Dessa forma, o
prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor.
Em razão dessa concepção, Schpenhauer foi considerado
um filósofo pessimista. Nessa preocupação metafísica
com o problema do sofrimento, Schopenhauer aproximou
o budismo da sua filosofia. 
Nietzsche, ao contrário, considerou o cristianismo e o
Budismo como religiões responsáveis pela decadência da
cultura. Mesmo assim, Nietzsche considerou o Budismo
superior e mais realista do que o Cristianismo. O
Budismo, de fato, tem uma abordagem menos
metafísica, mais psicológica e existencial acerca da vida
humana. Contudo, esse pensador era declaradamente
ateu. “Para mim – escreveu Nietzsche – o ateísmo não
é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo:
existe comigo por instinto.” (Ecce Homo). Ele, de fato,
elaborou uma filosofia avessa à metafísica.
Nietzsche desenvolveu uma teoria sobre a questão da
Vontade e a relacionou com o princípio da vida. Essa é
entendida pelo autor como luta entre vencidos e
vencedores. A vontade de potência ou vontade de poder
define a vida e é força incriada que regula todos os
fenômenos do Universo. As religiões, segundo o
pensador em questão, enfraquecem essa força, e o
homem deve conduzir sua vida por essa vontade de
poder. Jesus Cristo, porém, dizia Nietzsche, foi de fato,
nesse sentido, um super-homem. 
Schopenhauer influenciou Nietzsche, mas suas filosofias divergiam em
alguns pontos. 
Texto: A Vontade em Schopenhauer
Por Alice Valente
No sistema de Schopenhauer, a vontade é a raiz
metafísica do mundo e da conduta humana; ao mesmo
tempo, a fonte de todos os sofrimentos. Sua filosofia é,
assim, profundamente pessimista, pois a vontade é
concebida como algo sem nenhuma meta ou finalidade,
um querer irracional e inconsciente. Sendo um mal
inerente à existência do homem, ela gera a dor,
necessária e inevitavelmente, aquilo que se conhece
como felicidade seria apenas a interrupção temporária de
um processo de infelicidade e somente a lembrança de
um sofrimento passado criaria a ilusão de um bem
presente. Para Schopenhauer, o prazer é momento fugaz
de ausência de dor e não existe satisfação durável. Todo
prazer é ponto de partida de novas aspirações, sempre
obstadas e sempre em luta por sua realização: “Viver é
sofrer”. 
Mas, apesar de todo seu profundo pessimismo, a
filosofia de Schopenhauer aponta algumas vias para a
MÓDULO 8 Schopenhauer e Nietzsche e a Vontade 
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suspensão da dor. Num primeiro momento, o caminho
para a supressão da dor encontra-se na contemplação
artística. A contemplação desinteressada das ideias seria
um ato de intuição artística e permitiria a contemplação da
vontade em si mesma, o que, por sua vez, conduziria ao
domínio da própria vontade. 
Na arte, a relação entre a vontade e a representação
inverte-se, a inteligência passa a uma posição superior e
assiste à história de sua própria vontade; em outros
termos, a inteligência deixa de ser atriz para ser
espectadora. A atividade artística revelaria as ideias
eternas através de diversos graus, passando
sucessivamente pela arquitetura, escultura, pintura,
poesia lírica, poesia trágica e, finalmente, pela música. Em
Schopenhauer, pela primeira vez na história da filosofia, a
música ocupa o primeiro lugar entre todas as artes.
Liberta de toda referência específica aos diversos objetos
da vontade, a música poderia exprimir a Vontade em sua
essência geral e indiferenciada, constituindo um meio
capaz de propor a libertação do homem, em face dos
diferentes aspectos assumidos pela vontade.
A ética de Schopenhauer não está presa à noção de
“dever”, rejeitando assim todas as formas imperativas e
coercivas assentes em quaisquer doutrinas ou
mandamentos, apoiando-se antes na noção de que a
contemplação da verdade é o caminho de acesso ao bem.
E tal como Bento Espinosa, do ponto de vista teológico,
elimina Deus e substitui-o pela vontade superior da
natureza. 
A Vontade é força natural, irracional que move universo
Texto Clássico: A Dor (Trechos)
Por Arthur Schopenhauer 
(…) Os esforços para banir a dor de nossas vidas não
conseguem outro resultado senão o de fazê-la mudar de
forma. Em sua origem tomam o aspecto da necessidade,
cuidado, para atender as coisas materiais da vida, e
quando, após um trabalho incessante e penoso,
conseguimos afastar a horrível máscara da dor neste
determinado aspecto, adquire outros mil disfarces,
segundo a idade e as circunstâncias: o instinto sexual, o
amor apaixonado, a inveja, o rancor, os ciúmes, a
ambição, a avareza, o temor, a enfermidade etc.
Toma o aspecto triste e desolado do tédio, da
sociedade, quando não encontra outro modo de se
apresentar. E se com novas armas conseguimos afastá-la,
novamente recuperará sua antiga máscara, e a dança
recomeça.
(…) Tudo que defendemos, resiste-nos, tudo tem
uma vontade hostil que é preciso vencer. 
(…) Em todas as partes e ocasiões temos que travar
combate com um adversário. (…) 
Se o mundo é obra de um criador, as dores voltam-se
contra ele dando lugar a cruéis sarcasmos; mas se é obra
nossa, a acusação é contra o nosso ser e a nossa vontade.
Isto nos faz pensar que viemos ao mundo já viciados, como
os filhos de pais gastos pelos desregramentos, e que se a
nossa existência é tão miserável, e tem por desfecho a
morte, é porque assim merecemos, para expiar nossa culpa.
Generalizando, nada é mais certo: a culpa do mundo é que
causa os sofrimentos, e entendemos esta relação no
sentido metafórico, e não no físico e empírico. Por isso, a
história do pecado original reconcilia-me com o Antigo
Testamento; para mim é a única verdade metafísica que o
livro contém expressa em forma alegórica. A nada se
assemelha tanto nosso destino como à consequência de
uma falta, de um desejo culpado. (…) 
(…) Do mesmo modo que o rio corre manso e sereno,
enquanto não encontra obstáculos que se oponham à sua
marcha, assim corre a vida do homem quando nada se
lhe opõe à vontade. Vivemos inconscientes e desatentos:
nossa atenção desperta no mesmo instante em que
nossa vontade encontra um obstáculo e choca-se contra
ele. (…) 
É um absurdo acreditar o contrário; que o mal é
negativo. Ele é positivo, porque se faz sentir. Toda a
felicidade, todo o bem é negativo, e toda a satisfação
também o é, porque suprime um desejo ou termina um
pesar. Acrescentamos a isto que, em geral, nunca
sentimos uma alegria maior que a que sonhávamos,e que
a dor sempre a excede. (…)
(…) A felicidade está no futuro, ou no passado; o
presente é uma pequena nuvem escura que o vento
impele sobre a planície cheia de sol. Diante e atrás dela,
tudo é luminoso; só a nuvem é que projeta uma sombra.
(…) O homem, ameaçado por todos os lados pelos
perigos que o rodeiam, usa de sua prudência sempre
vigilante para poder escapar. Com passo inquieto,
lançando em volta olhares angustiosos, segue o seu
caminho em luta constante com os casos e com seus
inúmeros inimigos. O homem não se sente seguro entre
os da sua raça e nem nos mais longínquos desertos.
(…) A necessidade imperiosa do homem é assegurar
a existência, e feito isto, já sabe o que fazer. Portanto,
depois disso, o homem se esforça para aliviar o peso da
– 73
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vida, torná-la agradável e menos sensível: “matar o
tempo”, isto é, fugir ao aborrecimento.
(…) A miséria é sofrimento pungente do povo; o
desgosto é para os favorecidos. Na vida civil, o domingo
significa o tédio, e os seis dias, o desgosto.
(…) O aborrecimento dá-nos a noção do tempo e a
distração nos faz esquecer. 
Isto prova que a nossa existência é mais feliz quando
menos a sentimos: de onde se deduz que seríamos mais
felizes se nos livrássemos dela. 
(…) Os otimistas quiseram adaptar o mundo ao seu
sistema, e apresentá-lo a priori como o melhor dos
mundos possíveis. O absurdo é evidente.
(…) A sinceridade de certos homens não lhes permite
a união ao coro dos otimistas, e com eles entoar a aleluia.
Texto: Nietzsche Vida e Obra 
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu a 15 de outubro
de 1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig. Karl
Ludwig, seu pai, pessoa culta e delicada, e seus dois avós
eram pastores protestantes; o próprio Nietzsche pensou
em seguir a mesma carreira.
Em 1849, seu pai e seu irmão faleceram; por causa
disso a mãe mudou-se com a família para Naumburg,
pequena cidade às margens do Saale, onde Nietzsche
cresceu, em companhia da mãe, duas tias e da avó.
Criança feliz, aluno modelo, dócil e leal, seus colegas de
escola o chamavam “pequeno pastor”; com eles criou
uma pequena sociedade artística e literária, para a qual
compôs melodias e escreveu seus primeiros versos.
Em 1858, Nietzsche obteve uma bolsa de estudos na
então famosa escola de Pforta, onde haviam estudado o
poeta Novalis e o filósofo Fichte (1762-1814). Datam
dessa época suas leituras de Schiller (1759-1805),
Hölderlin (1770-1843) e Byron (1788-1824); sob essa
influência e a de alguns professores, Nietzsche começou
a afastar-se do cristianismo. Excelente aluno em grego e
brilhante em estudos bíblicos, alemão e latim, seus
autores favoritos, entre os clássicos, foram Platão (428-
348 a.C.) e Ésquilo (525-456 a.C.). Durante o último ano
em Pforta, escreveu um trabalho sobre o poeta Teógnis
(séc. VI a.C.). Partiu em seguida para Bonn, onde se
dedicou aos estudos de teologia e filosofia, mas,
influenciado por seu professor predileto, Ritschl, desistiu
desses estudos e passou a residir em Leipzig, dedicando-
se à filologia. Ritschl considerava a filologia não apenas
história das formas literárias, mas estudos das instituições
e do pensamento. Nietzsche seguiu-lhe as pegadas e
realizou investigações originais sobre Diógenes Laércio
(séc. III), Hesíodo (séc. VIII a.C.) e Homero. A partir
desses trabalhos foi nomeado, em 1869, professor de
filologia em Basileia, onde permaneceu por dez anos. A
filosofia somente passou a interessá-lo a partir da leitura
de O Mundo como Vontade e Represen tação, de
Schopenhauer (1788-1860). Nietzsche foi atraído pelo
ateísmo de Schopenhauer, assim como pela posição
essencial que a experiência estética ocupa em sua
filosofia, sobretudo pelo significado metafísico que atribui
à música.
Em 1867, Nietzsche foi chamado para prestar o
serviço militar, mas um acidente em exercício de montaria
livrou-o dessa obrigação. Voltou então aos estudos na
cidade de Leipzig. Nessa época teve início sua amizade
com Richard Wagner (1813-1883), que tinha quase 55
anos e vivia então com Cosima, filha de Liszt (1811-1886).
Nietzsche encantou-se com a música de Wagner e com
seu drama musical, principalmente com Tristão e Isolda e
com Os Mestres Cantores. A casa de campo de
Tribschen, às margens do lago de Lucerna, onde Wagner
morava, tornou-se para Nietzsche lugar de “refúgio e
consolação”. Na mesma época, apaixonou-se por
Cosima, que viria a ser, em obra posterior, a “sonhada
Ariane”. Em cartas ao amigo Erwin Rohde, escrevia:
“Minha Itália chama-se Tribschen e sinto-me ali como em
minha própria casa”. Na universidade, passou a tratar das
relações entre a música e a tragédia grega, esboçando
seu livro O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música.
Fonte: http://www.mundodosfilosofos.com.br/nietzsche.htm
Dionísio: era o deus grego
equivalente ao deus
romano Baco, dos ciclos
vitais, das festas, do vinho,
da alegria, mas, sobretudo,
da intoxicação que funde o
bebedor com a deidade.
Filho de Zeus e da
princesa Semele, foi o
único deus filho de uma
mortal, o que faz dele uma
divindade grega atípica.
Para Nietzsche, era uma
alegoria do bem viver.
O Filósofo e o Músico
Em 1870, a Alemanha entrou em guerra com a
França; nessa ocasião, Nietzsche serviu o exército como
enfermeiro, mas por pouco tempo, pois logo adoeceu,
contraindo difteria e disenteria. Essa doença parece ter
sido a origem das dores de cabeça e de estômago que
acompanharam o filósofo durante toda a vida. Nietzsche
restabeleceu-se lentamente e voltou a Basileia a fim de
prosseguir seus cursos.
Em 1871, publicou O Nascimento da Tragédia, a
respeito da qual se costuma dizer que o verdadeiro
Nietzsche fala através das figuras de Schopenhauer e de
74 –
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Wagner. Nessa obra, considera Sócrates (470 ou 469 a.C.-
399 a.C.) um “sedutor”, por ter feito triunfar junto à
juventude ateniense o mundo abstrato do pensamento.
A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua
perfeição pela reconciliação da “embriaguez e da forma”,
de Dioniso e Apolo, começou a declinar quando, aos
poucos, foi invadida pelo racionalismo, sob a influência
“decadente” de Sócrates. Assim, Nietzsche estabeleceu
uma distinção entre o apolíneo e o dionisíaco: Apolo é o
deus da clareza, da harmonia e da ordem; Dioniso, o deus
da exuberância, da desordem e da música. Segundo
Nietzsche, o apolíneo e o dionisíaco, complementares
entre si, foram separados pela civilização. Nietzsche trata
da Grécia antes da separação entre o trabalho manual e o
intelectual, entre o cidadão e o político, entre o poeta e o
filósofo, entre Eros e Logos. Para ele, a Grécia socrática,
a do Logos e da lógica, a da cidade-Estado, assinalou o
fim da Grécia antiga e de sua força criadora. Nietzsche
pergunta como, num povo amante da beleza, Sócrates
pôde atrair os jovens com a dialética, isto é, uma nova
forma de disputa (ágon), coisa tão querida pelos gregos.
Nietzsche responde que isso aconteceu porque a
existência grega já tinha perdido sua “bela imediatez”, e
tornou-se necessário que a vida ameaçada de dissolução
lançasse mão de uma “razão tirânica”, a fim de dominar
os instintos contraditórios.
Seu livro foi mal acolhido pela crítica, o que o impeliu
a refletir sobre a incompatibilidade entre o “pensador
privado” e o “professor público”. Ao mesmo tempo, com
ruim estado de saúde: (dores de cabeça, perturbações
oculares, dificuldades na fala) interrompeu assim sua
carreira universitária por um ano. Mesmo doente, foi até
Bayreuth para assistir à apresentação de O Anel dos
Nibelungos, de Wagner. Mas o “entusiasmo grosseiro”
da multidão e a atitude de Wagner embriagado pelo
sucesso o irritaram.
Terminada a licença da universidade para que tratasse
da saúde, Nietzsche voltou à cátedra. Mas sua voz agora
era tão imperceptível que os ouvintes deixaram de
frequentar seus cursos, outrora tão brilhantes. Em 1879,
pediu demissão do cargo. Nessa ocasião, iniciou sua
grande crítica dos valores, escrevendo Humano,
Demasiado Humano; seus amigosnão o
compreenderam. Rompeu as relações de amizade que o
ligavam a Wagner e, ao mesmo tempo, afastou-se da
filosofia de Schopenhauer, recusando sua noção de
“vontade culpada” e substituindo-a pela de “vontade
alegre”; isso lhe parecia necessário para destruir os
obstáculos da moral e da metafísica. O homem, dizia
Nietzsche, é o criador dos valores, mas esquece sua
própria criação e vê neles algo de “transcendente”, de
“eterno” e “verdadeiro”, quando os valores não são mais
do que algo “humano, demasiado humano”.
Nietzsche, que até então interpretara a música de
Wagner como o “renascimento da grande arte da
Grécia”, mudou de opinião, achando que Wagner
inclinava-se ao pessimismo sob a influência de
Schopenhauer. Nessa época Wagner voltara-se, ao
mesmo tempo, para a recusa do cristianismo e de
Schopenhauer; para Nietzsche, ambos são parentes
porque são a manifestação da decadência, isto é, da
fraqueza e da negação. Irritado com o antigo amigo,
Nietzsche escreveu: “Não há nada de exausto, nada de
caduco, nada de perigoso para a vida, nada que calunie o
mundo no reino do espírito, que não tenha encontrado
secretamente abrigo em sua arte; ele dissimula o mais
negro obscurantismo nos orbes luminosos do ideal. Ele
acaricia todo o instinto niilista (budista) e embeleza-o com
a música; acaricia toda a forma de cristianismo e toda
expressão religiosa de decadência”.
Solidão, Agonia e Morte
Em 1880, Nietzsche publicou O Andarilho e sua
Sombra; um ano depois apareceu Aurora, com a qual se
empenhou “numa luta contra a moral da autorrenúncia”.
Mais uma vez, seu trabalho não foi bem acolhido por seus
amigos; Erwin Rohde nem chegou a agradecer-lhe o
recebimento da obra, nem respondeu à carta que
Nietzsche lhe enviara. Em 1882, veio à luz A Gaia Ciência,
depois Assim falou Zaratustra (1884), Para Além de Bem
e Mal (1886), O Caso Wagner, Crepúsculo dos Ídolos,
Nietzsche contra Wagner (1888). Ecce Homo, Ditirambos
Dionisíacos, O Anticristo e Vontade de Potência só
apareceram depois de sua morte.
Durante o verão de 1881, Nietzsche residiu em
Haute-Engandine, na pequena aldeia de Silvaplana, e,
durante um passeio, teve a intuição de O Eterno Retorno,
redigido logo depois. Nessa obra defendeu a tese de que
o mundo passa indefinidamente pela alternância da
criação e da destruição, da alegria e do sofrimento, do
bem e do mal. De Silvaplana, Nietzsche transferiu-se para
Gênova, no outono de 1881, e depois para Roma, onde
permaneceu por insistência de Fräulein von Meysenburg,
que pretendia casá-lo com uma jovem finlandesa, Lou
Andreas Salomé. Em 1882, Nietzsche propôs-lhe
casamento e foi recusado, mas Lou Andreas Salomé
desejou continuar sua amiga e discípula. Encontraram-se
mais tarde na Alemanha; porém, não houve a esperada
adesão à filosofia nietzschiana e, assim, acabaram por se
afastar definitivamente.
Em seguida, retornou à Itália, passando o inverno de
1882-1883 na baía de Rapallo. Em Rapallo, Nietzsche não
se encontrava bem instalado; porém, “foi durante o
inverno e no meio desse desconforto que nasceu o meu
nobre Zaratustra”.
No outono de 1883 voltou para a Alemanha e passou
a residir em Naumburg, em companhia da mãe e da irmã.
Apesar da companhia dos familiares, sentia-se cada vez
mais só. Além disso, mostrava-se muito contrariado, pois
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sua irmã tencionava casar-se com Herr Foster, agitador
antissemita, que pretendia fundar uma empresa colonial
no Paraguai, como reduto da cristan dade teutônica.
Nietzsche desprezava o antisse mitismo, e, não
conseguindo influenciar a irmã, abandonou Naumburg.
Em princípio de abril de 1884 chegou a Veneza,
partindo depois para a Suíça, onde recebeu a visita do
barão Heinrich von Stein, jovem discípulo de Wagner. Von
Stein esperava que o filósofo o acompanhasse a Bayreuth
para ouvir o Parsifal, talvez pretendendo ser o mediador
para que Nietzsche não publicasse seu ataque contra
Wagner. Por seu lado, Nietzsche viu no rapaz um discípulo
capaz de compreender o seu Zaratustra. Von Stein, no
entanto, veio a falecer muito cedo, o que o amargurou
profundamente, sucedendo-se alternâncias entre euforia
e depressão. Em 1885, veio a público a quarta parte de
Assim falou Zaratustra; cada vez mais isolado, o autor só
encontrou sete pessoas a quem enviá-la. Depois disso,
viajou para Nice, onde veio a conhecer o intelectual
alemão Paul Lanzky, que lera Assim falou Zaratustra e
escrevera um artigo, publicado em um jornal de Leipzig e
na Revista Europeia de Florença. Certa vez, Lanzky se
dirigiu a Nietzsche tratando-o de “mestre” e Nietzsche
lhe respondeu: “Sois o primeiro que me trata dessa
maneira”.
Depois de 1888, Nietzsche passou a escrever cartas
estranhas. Um ano mais tarde, em Turim, enfrentou o
auge da crise; escrevia cartas ora assinando “Dioniso”,
ora “o Crucificado” e acabou sendo internado em
Basileia, onde foi diagnosticada uma “paralisia
progressiva”. Provavelmente de origem sifilítica, a
moléstia progrediu lentamente até a apatia e a agonia.
Nietzsche faleceu em Weimar, em 25 de agosto de 1900. 
O Dionisíaco e o Socrático
Nietzsche enriqueceu a filosofia moderna com meios
de expressão: o aforismo e o poema. Isso trouxe como
consequência uma nova concepção da filosofia e do
filósofo: não se trata mais de procurar o ideal de um
conhecimento verdadeiro, mas sim de interpretar e
avaliar. A interpretação procuraria fixar o sentido de um
fenômeno, sempre parcial e fragmentário; a avaliação
tentaria determinar o valor hierárquico desses sentidos,
totalizando os fragmentos, sem, no entanto, atenuar ou
suprimir a pluralidade. Assim, o aforismo nietzschiano é,
simultaneamente, a arte de interpretar e a coisa a ser
interpretada, e o poema constitui a arte de avaliar e a
própria coisa a ser avaliada. O intérprete seria uma
espécie de fisiologista e de médico, aquele que considera
os fenômenos como sintomas e fala por aforismos; o
avaliador seria o artista que considera e cria perspectivas,
falando pelo poema. Reunindo as duas capacidades, o
filósofo do futuro deveria ser artista e médico-legislador,
ao mesmo tempo.
Para Nietzsche, um tipo de filósofo encontra-se entre
os pré-socráticos, nos quais existe unidade entre o
pensamento e a vida, esta “estimulando” o pensamento,
e o pensamento “afirmando” a vida. Mas o desenvol -
vimento da filosofia teria trazido consigo a progressiva
degeneração dessa característica, e, em lugar de uma
vida ativa e de um pensamento afirmativo, a filosofia ter-
se-ia proposto como tarefa “julgar a vida”, opondo a ela
valores pretensamente superiores, mediando-a por eles,
impondo-lhes limites, condenando-a. Em lugar do filósofo-
legislador, isto é, crítico de todos os valores estabelecidos
e criador de novos, surgiu o filósofo metafísico. Essa
degeneração, afirma Nietzsche, apare ceu claramente com
Sócrates, quando se estabeleceu a distinção entre dois
mundos, pela oposição entre essencial e aparente,
verdadeiro e falso, inteligível e sensível. Sócrates
“inventou” a metafísica, diz Nietzsche, fazendo da vida
aquilo que deve ser julgado, medido, limitado, em nome
de valores “superiores” como o Divino, o Verdadeiro, o
Belo, o Bem. Com Sócrates, teria surgido um tipo de
filósofo voluntário e sutilmente “submisso”, inaugurando
a época da razão e do homem teórico, que se opôs ao
sentido místico de toda a tradição da época da tragédia.
Para Nietzsche, a grande tragédia grega apresenta
como característica o saber místico da unidade da vida e
da morte e, nesse sentido, constitui uma “chave” que
abre o caminho essencial do mundo. Mas Sócrates
interpretou a arte trágica como algo irracional, algo que
apresenta efeitos sem causas e causas sem efeitos, tudo
de maneira tão confusa que deveria ser ignorada. Por isso
Sócrates colocou a tragédia na categoria das artes
aduladoras, que representam o agradável e não o útil, e
pedia a seus discípulos que se abstivessem dessas
emoções “indignas de filósofos”. Segundo Sócrates, a
arte da tragédia desvia o homem do caminho da verdade:
“uma obra só é bela se obedecer à razão”,fórmula que,
segundo Nietzsche, corresponde ao aforismo “só o
homem que concebe o bem é virtuoso”. Esse bem ideal
concebido por Sócrates existiria em um mundo
suprassensível, no “verdadeiro mundo”, inacessível ao
conhecimento dos sentidos, os quais só revelariam o
aparente e irreal. Com tal concepção, criou-se, segundo
Nietzsche, uma verdadeira oposição dialética entre
Sócrates e Dioniso: “enquanto em todos os homens
produtivos o instinto é uma força afirmativa e criadora, e
a consciência, uma força crítica e negativa, em Sócrates,
o instinto torna-se crítico, e a consciência, criadora”.
Assim, Sócrates, o “homem teórico”, foi o único
verdadeiro contrário do homem trágico e com ele teve
início uma verdadeira mutação no entendimento do Ser.
Com ele, o homem se afastou cada vez mais desse
conhecimento, na medida em que abandonou o
fenômeno do trágico, verdadeira natureza da realidade,
segundo Nietzsche. Perdendo-se a sabedoria instintiva da
76 –
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arte trágica, restou a Sócrates apenas um aspecto da vida
do espírito, o aspecto lógico-racional; faltou-lhe a visão
mística, possuído que foi pelo instinto irrefreado de tudo
transformar em pensamento abstrato, lógico, racional.
Penetrar a própria razão das coisas, distinguindo o
verdadeiro do aparente e do erro era, para Sócrates, a
única atividade digna do homem. Para Nietzsche, porém,
esse tipo de conhecimento não tarda a encontrar seus
limites: “esta sublime ilusão metafísica de um
pensamento puramente racional associa-se ao
conhecimento como um instinto e o conduz
incessantemente a seus limites onde este se transforma
em arte”.
Por essa razão, Nietzsche combateu a metafísica,
retirando do mundo suprassensível todo e qualquer valor
eficiente e entendendo as ideias não mais como “verda -
des” ou “falsidades”, mas como “sinais”. A única existên -
cia, para Nietzsche, é a aparência e seu reverso não é mais
o Ser; o homem está destinado à multiplicidade, e a única
coisa permitida é sua interpretação.
O Voo da Águia, a Ascensão da Montanha
A crítica nietzschiana à metafísica tem um sentido
ontológico e um sentido moral: o combate à teoria das
ideias socrático-platônicas é, ao mesmo tempo, uma luta
acirrada contra o cristianismo.
Segundo Nietzsche, o cristianismo concebe o mundo
terrestre como um vale de lágrimas, em oposição ao
mundo da felicidade eterna do além. Essa concepção
constitui uma metafísica que, à luz das ideias do outro
mundo, autêntico e verdadeiro, entende o terrestre, o
sensível, o corpo, como o provisório, o inautêntico e o
aparente. Trata-se, portanto, diz Nietzsche, de “um
platonismo para o povo”, de uma vulgarização da
metafísica, que é preciso desmistificar. O cristianismo,
continua Nietzsche, é a forma acabada da perversão dos
instintos que caracteriza o platonismo, repousando em
dogmas e crenças que permitem à consciência fraca e
escava escapar à vida, à dor e à luta, e impondo a
resignação e a renúncia como virtudes. São os escravos
e os vencidos da vida que inventaram o além para
compensar a miséria; inventaram falsos valores para se
consolar da impossibilidade de participação nos valores
dos senhores e dos fortes; forjaram o mito da salvação
da alma porque não possuíam o corpo; criaram a ficção
do pecado porque não podiam participar das alegrias
terrestres e da plena satisfação dos instintos da vida.
“Este ódio de tudo que é humano”, diz Nietzsche, “de
tudo que é 'animal' e mais ainda de tudo que é 'matéria',
este temor dos sentidos... este horror da felicidade e da
beleza; este desejo de fugir de tudo que é aparência,
mudança, dever, morte, esforço, desejo mesmo, tudo
isso significa... vontade de aniquilamento, hostilidade à
vida, recusa em se admitir as condições fundamentais da
própria vida”.
Nietzsche propôs a si mesmo a tarefa de recuperar a
vida e transmutar todos os valores do cristianismo:
“munido de uma tocha cuja luz não treme, levo uma
claridade intensa aos subterrâneos do ideal”. A imagem
da tocha simboliza, no pensamento de Nietzsche, o
método filológico, por ele concebido como um método
crítico e que se constitui no nível da patologia, pois
procura “fazer falar aquilo que gostaria de permanecer
mudo”. Nietzsche traz à tona, por exemplo, um
significado esquecido da palavra “bom”. Em latim, bonus
significa também o “guerreiro”, significado este que foi
sepultado pelo cristianismo. Assim como esse, outros
significados precisariam ser recuperados; com isso se
poderia constituir uma genealogia da moral que explicaria
as etapas das noções de “bem” e de “mal”. Para
Nietzsche, essas etapas são o ressentimento (“é tua
culpa se sou fraco e infeliz”); a consciência da culpa
(momento em que as formas negativas se interiorizam,
dizem-se culpadas e voltam-se contra si mesmas); e o
ideal ascético (momento de sublimação do sofrimento e
de negação da vida). A partir daqui, a vontade de potência
torna-se vontade de nada e a vida transforma-se em
fraqueza e mutilação, triunfando o negativo e a reação
contra a ação. Quando esse niilismo triunfa, diz Nietzsche,
a vontade de potência deixa de querer significar “criar”
para querer dizer “dominar”; essa é a maneira como o
escravo a concebe. Assim, na fórmula “tu és mau, logo
eu sou bom”, Nietzsche vê o triunfo da moral dos fracos
que negam a vida, ou negam a “afirmação”; neles tudo é
invertido: os fracos passam a se chamar fortes, a baixeza
transforma-se em nobreza. A “profundidade da
consciência” que busca o Bem e a Verdade, diz
Nietzsche, implica resignação, hipocrisia e máscara, e o
intérprete-filólogo, ao percorrer os signos para denunciá-
las, deve ser um escavador dos submundos a fim de
mostrar que a “profundidade da interioridade” é coisa
diferente do que ela mesma pretende ser. Do ponto de
vista do intérprete que desça até os bas-fonds da
consciência, o Bem é a vontade do mais forte, do
“guerreiro”, do arauto de um apelo perpétuo à verdadeira
ultrapassagem dos valores estabelecidos, do super-
homem, entendida esta expressão no sentido de um ser
humano que transpõe os limites do humano, é o “além-
do-homem”. Assim, o voo da águia, a ascensão da
montanha e todas as imagens de verticalidade que se
encontram em Assim falou Zaratustra representam a
inversão da profundidade e a descoberta de que ela não
passa de um jogo de superfície.
A etimologia nietzschiana mostra que não existe um
“sentido original”, pois as próprias palavras não passam
de interpretações, antes mesmo de serem signos, e elas
só significam porque são “interpretações essenciais”.
As palavras, segundo Nietzsche, sempre foram
inventadas pelas classes superiores e, assim, não
– 77
C1_UNICO_FILO_PROF_MA 10/12/13 15:16 Página 77
indicam um significado, mas impõem uma interpretação.
O trabalho do etimologista, portanto, deve centralizar-se
no problema de saber o que existe para ser interpretado,
na medida em que tudo é máscara, interpretação,
avaliação. Fazer isso é “aliviar o que vive, dançar, criar”.
Zaratustra, o intérprete por excelência, é como Dioniso.
Os Limites do Humano: O Além-do-Homem
Em Ecce Homo, Nietzsche assimila Zaratustra a
Dioniso, concebendo o primeiro como o triunfo da
afirmação da vontade de potência e o segundo como
símbolo do mundo como vontade, como um deus artista,
totalmente irresponsável, amoral e superior ao lógico. Por
outro lado, a arte trágica é concebida por Nietzsche como
oposta à decadência e enraizada na antinomia entre a
vontade de potência, aberta para o futuro, e o “eterno
retorno”, que faz do futuro numa repetição; esta, no
entanto, não significa uma volta do mesmo nem uma
volta ao mesmo; o eterno retorno nietzschiano é
essencialmente seletivo. Em dois momentos de Assim
falou Zaratustra (Zaratustra doente e Zaratustra
convalescente), o eterno retorno causa ao personagem-
título, primeiramente, uma repulsa e um medo
intoleráveis que desaparecem por ocasião de sua cura,
pois o que o tornava doente era a ideia de que o eterno
retorno estava ligado, apesar de tudo, a um ciclo, e que
ele faria tudo voltar, mesmo o homem, o“homem
pequeno”. O grande desgosto do homem, diz Zaratustra,
aí está o que me sufocou e que me tinha entrado na
garganta e também o que me tinha profetizado o adivinho:
tudo é igual. E o eterno retorno, mesmo do mais
pequeno, aí está a causa de meu cansaço e de toda a
existência. Dessa forma, se Zaratustra se cura é porque
compreende que o eterno retorno abrange o desigual e a
seleção. Para Dioniso, o sofrimento, a morte e o declínio
são apenas a outra face da alegria, da ressurreição e da
volta. Por isso, “os homens não têm de fugir à vida como
os pessimistas”, diz Nietzsche, “mas, como alegres
convivas de um banquete que desejam suas taças
novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais”.
Para Nietzsche, portanto, o verdadeiro oposto a
Dioniso não é mais Sócrates, mas o Crucificado. Em
outros termos, a verdadeira oposição é a que contrapõe,
de um lado, o testemunho contra a vida e o
empreendimento de vingança que consiste em negar a
vida; de outro, a afirmação do devir e do múltiplo, mesmo
na dilaceração dos membros dispersos de Dioniso. Com
essa concepção, Nietzsche responde ao pessimismo de
Schopenhauer: em lugar do desespero de uma vida para
a qual tudo se tornou vão, o homem descobre no eterno
retorno a plenitude de uma existência ritmada pela
alternância da criação e da destruição, da alegria e do
sofrimento, do bem e do mal. O eterno retorno, e apenas
ele, oferece, diz Nietzsche, uma “saída fora da mentira
de dois mil anos”, e a transmutação dos valores traz
consigo o novo homem que se situa além do próprio
homem.
Esse super-homem nietzschiano não é um ser, cuja
vontade “deseje dominar”. Se se interpreta vontade de
potência, diz Nietzsche, como desejo de dominar, faz-se
dela algo dependente dos valores estabelecidos. Com
isso, desconhece-se a natureza da vontade de potência
como princípio plástico de todas as avaliações e como
força criadora de novos valores. Vontade de potência, diz
Nietzsche, significa “criar”, “dar” e “avaliar”.
Nesse sentido, a vontade de potência do super-
homem nietzschiano o situa muito além do bem e do mal
e o faz desprender-se de todos os produtos de uma
cultura decadente. A moral do além-do-homem, que vive
esse constante perigo e fazendo de sua vida uma
permanente luta, é a moral oposta à do escravo e à do
rebanho. Oposta, portanto, à moral da compaixão, da
piedade, da doçura feminina e cristã. Assim, para
Nietzsche, bondade, objetividade, humildade, piedade,
amor ao próximo constituem valores inferiores, impondo-
se sua substituição pela virtù dos renascentistas
italianos, pelo orgulho, pelo risco, pela personalidade
criadora, pelo amor ao distante. O forte é aquele em que
a transmutação dos valores faz triunfar o afirmativo na
vontade de potência. O negativo subsiste nela apenas
como agressividade própria à afirmação, como a crítica
total que acompanha a criação; assim, Zaratustra, o
profeta do além-do-homem, é a pura afirmação, que leva
a negação a seu último grau, fazendo dela uma ação,
uma instância a serviço daquele que cria, que afirma.
Compreende-se, assim, porque Nietzsche desacre -
dita das doutrinas igualitárias, que lhe parecem “imorais”,
pois impossibilitam que se pense a diferença entre os
valores dos “senhores e dos escravos”. Nietzsche recusa
o socialismo, mas em Vontade de Potência exorta os
operários a reagirem “como soldados”.
Uma Filosofia Confiscada
Apoiado na crítica nietzschiana aos valores da moral
cristã, em sua teoria da vontade de potência e no seu
elogio do super-homem, desenvolveu-se um pensamento
nacionalista e racista, de tal forma que se passou a ver no
autor de Assim Falou Zaratustra um percursor do
nazismo. A principal responsável por essa deformação foi
sua irmã Elisabeth, que, ao assegurar a difusão de seu
pensamento, organizando o Nietzsche-Archiv, em
Weimar, tentou colocá-lo a serviço do nacional-socialismo.
Elisabeth, depois do suicídio do marido, que fracassara
em um projeto colonial no Paraguai, reuniu
arbitrariamente notas e rascunhos do irmão, fazendo
publicar Vontade de Potência como a última e a mais
representativa das obras de Nietzsche, retendo até 1908
Ecce Homo, escrita em 1888. Esta obra constitui uma
interpretação, feita por Nietzsche, de sua própria filosofia,
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que não se coaduna com o nacionalismo e o racismo
germânicos. Ambos foram combatidos pelo filósofo,
desde sua participação na guerra franco-prussiana (1870-
1871).
Por ocasião desse conflito, Nietzsche alistou-se no
exército alemão, mas seu ardor patriótico logo se
dissolveu, pois, para ele, a vitória da Alemanha sobre a
França teria como consequência “um poder altamente
perigoso para a cultura”. Nessa época, aplaudia as
palavras de seu colega em Basileia, Jacob Burckhardt
(1818-1897), que insistia junto a seus alunos para que não
tomassem o triunfo militar e a expansão de um Estado
como indício de verdadeira grandeza.
Em Para Além de Bem e Mal, Nietzsche revela o
desejo de uma Europa unida para enfrentar o
nacionalismo (“essa neurose”) que ameaçava subverter a
cultura europeia. Por outro lado, quando confiou ao
“louro” a tarefa de “virilizar a Europa”, Nietzsche levou
até a caricatura seu desprezo pelos alemães, homens
“que introduziram no lugar da cultura a loucura política e
nacional... que só sabem obedecer pesadamente,
disciplinados como uma cifra oculta em um número”. No
mesmo sentido, Nietzsche caracterizou os heróis
wagnerianos como germanos que não passam de
“obediência e longas pernas”. E acabou rompendo
definitivamente com Wagner, por causa do nacionalismo
e antissemitismo do autor de Tristão e Isolda: “Wagner
condescende a tudo que desprezo, até o antisse -
mitismo”.
Para compreender corretamente as ideias políticas de
Nietzsche, é necessário, portanto, purificá-lo de todos os
desvios posteriores que foram cometidos em seu nome.
Nietzsche foi ao mesmo tempo um antidemo crático e um
antitotalitário. “A democracia é a forma histórica de
decadência do Estado”, afirmou Nietzsche, entendendo
por decadência tudo aquilo que escraviza o pensamento,
sobretudo um Estado que pensa em si em lugar de
pensar na cultura. Em Considerações Extemporâneas
essa tese é reforçada: “estamos sofrendo as
consequências das doutrinas pregadas ultimamente por
todos os lados, segundo as quais o Estado é o mais alto
fim do homem, e, assim, não há mais elevado fim do que
servi-lo. Considero tal fato não um retrocesso ao
paganismo mas um retrocesso à estupidez”. Por outro
lado, Nietzsche não aceitava as considerações de que a
origem do Estado seja o contrato ou a convenção; essas
teorias seriam apenas “fantásticas”; para ele, ao
contrário, o Estado tem uma origem “terrível”, sendo
criação da violência e da conquista e, como consequência,
seus alicerces encontram-se na máxima que diz: “o poder
dá o primeiro direito e não há direito que no fundo não
seja arrogância, usurpação e violência”. 
O Estado, diz Nietzsche, está sempre interessado na
formação de cidadãos obedientes e tem, portanto,
tendência a impedir o desenvolvimento da cultura livre,
tornando-a estática e estereotipada. Ao contrário disso, o
Estado deveria ser apenas um meio para a realização da
cultura e para fazer nascer o além-do-homem. 
Assim Falou Zaratustra
Em Ecce Homo, Nietzsche intitulou seus capítulos:
“Por que sou tão finalista?”, “Por que sou tão sábio?”,
“Por que sou tão inteligente?”, “Por que escrevo livros
tão bons?”. Isso levou muitos a considerarem sua obra
como anormal e desqualificada pela loucura. Essa opinião,
no entanto, revela um superficial entendimento de seu
pensamento. Para entendê-lo corretamente, é necessário
colocar-se dentro do próprio núcleo de sua concepção da
filosofia: Nietzsche inverteu o sentido tradicional da
filosofia, fazendo dela um discurso ao nível da patologia e
considerando a doença “um ponto de vista” sobre a
saúde, e vice-versa. Para ele, nem a saúde, nem a doença
são entidades; a fisiologia e a patologia são uma única
coisa; as oposições entre bem e mal, verdadeiro e falso,
doença e saúde são apenasjogos de superfície. Há uma
continuidade, diz Nietzsche, entre a doença e a saúde e a
diferença entre as duas é apenas de grau, sendo a doença
um desvio interior à própria vida; assim, não há fato
patológico.
A loucura não passa de uma máscara que esconde
alguma coisa, esconde um saber fatal e “demasiado
certo”. A técnica utilizada pelas classes sacerdotais para
a cura da loucura é a “meditação ascética”, que consiste
em enfraquecer os instintos e expulsar as paixões; com
isso, a vontade de potência, a sensualidade e o livre
florescimento do eu são considerados “manifestações
diabólicas”. Mas, para Nietzsche, aniquilar as paixões é
uma “triste loucura”, cuja decifração cabe à filosofia, pois
é a loucura que torna mais plano o caminho para as ideias
novas, rompendo os costumes e as superstições
veneradas e constituindo uma verdadeira subversão dos
valores. Para Nietzsche, os homens do passado estiveram
mais próximos da ideia de que onde existe loucura há um
grão de gênio e de sabedoria, alguma coisa de divino:
“Pela loucura os maiores feitos foram espalhados pela
Grécia”. Em suma, aos “filósofos além de bem e mal”,
aos emissários dos novos valores e da nova moral não
resta outro recurso, diz Nietzsche, a não ser o de
proclamar as novas leis e quebrar o jugo da moralidade,
sob o travestimento da loucura. É dentro dessa
perspectiva, portanto, que se deve compreender a
presença da loucura na obra de Nietzsche. Sua crise final
apenas marcou o momento em que a “doença” saiu de
sua obra e interrompeu seu prosseguimento. As últimas
cartas de Nietzsche são o testemunho desse momento
extremo e, como tal, pertencem ao conjunto de sua obra
e de seu pensamento. A filosofia foi, para ele, a arte de
deslocar as perspectivas, da saúde à doença, e a loucura
deveria cumprir a tarefa de fazer a crítica escondida da
decadência dos valores e aniquilamento: “Na verdade, a
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doença pode ser útil a um homem ou a uma tarefa, ainda
que para outros signifique doença... Não fui um doente
nem mesmo por ocasião da maior enfermidade”.
Texto filosófico clássico: O Nascimento da
Tragédia
Por Friedrich Nietzsche 
Para Nietzsche, o homem precisava se libertar da preocupação com a
verdade e investir no conceito de viver. O homem seria portador de
uma vontade de poder. Seu livro mais conhecido é Assim falou
Zaratustra. 
(...) Sob o encantamento do dionisíaco não só se
reconstitui a ligação entre o homem e homem. Também
a natureza alienada, hostil ou subjugada celebra a sua
festa de perdão ao filho perdido: o homem.
A terra oferece espontaneamente os seus frutos, e
os animais ferozes dos rochedos e dos desertos
aproximam-se mansamente. O carro de Dionísio está
coberto de flores e de guirlandas: sob o seu jugo,
avançam o tigre e a pantera. Imortaliza-se o Hino à Alegria
de Beethoven em um quadro e que não se fique atrás
com a imaginação, quando milhões se ajoelharão
estremecendo no pó: assim poderemos nos aproximar do
dionisíaco. 
Agora, o escravo é um homem livre, agora se
rompem todas as limitações inflexíveis e hostis que a
necessidade, o arbítrio, o descarado costume colocaram
entre os homens. Agora, no Evangelho da harmonia
universal, cada qual não só se sente vizinho, reconciliado,
fundido com o seu próximo, mas forma um todo com
ele...
O homem apresenta-se cantando e dançando como
membro de uma unidade superior: desaprendeu a andar,
a falar e está perto de pairar dançando no ar. Os seus
gestos revelam o encantamento. Agora que os animais
falam e a Terra oferece leite e mel, ele também revela
algo de sobrenatural: ele se sente como Deus, paira
extático e exaltado, como em sonhos ele via os deuses se
moverem.
O homem já não é um artista, tornou-se uma obra de
arte: a potência estética de toda natureza se revela nos
arrepios de embriaguez como supremo apagamento do
Uno originário. Aqui se trabalha a argila mais preciosa, se
debuxa o mármore mais valioso, o homem, e aos golpes
de cinzel do sumo artista dionisíaco ecoa o grito dos
mistérios eleusinos: Prostrai-vos, milhões? E tu, mundo,
sentes a mão do teu criador? 
Frases de Arthur Schopenhauer
“O dinheiro é uma felicidade humana abstrata; por
isso aquele que já não é capaz de apreciar a verdadeira
felicidade humana, dedica-se completamente a ele.”
“Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso
ódio senão por meio de atos. Os animais de sangue frio
são os únicos que têm veneno.”
“Ninguém é realmente digno de inveja, e tantos são
dignos de lástima!”
“Ler quer dizer pensar com uma cabeça alheia, em
lugar da própria.”
“O dinheiro é a coisa mais importante do mundo.
Representa: saúde, força, honra, generosidade e beleza,
do mesmo modo que a falta dele representa: doença,
fraqueza, desgraça, maldade e fealdade.” 
“Arquitetura é música congelada.”
Frases de Friedrich Nietzsche
“Para Dioniso, o sofrimento, a morte e o declínio são
apenas a outra face da alegria, da ressurreição e da volta.
Por isso, “os homens não têm de fugir à vida como os
pessimistas, mas, como alegres convivas de um
banquete que desejam suas taças novamente cheias,
dirão à vida: uma vez mais”.
“O que não provoca minha morte faz com que eu
fique mais forte.” 
“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos
aos olhos daqueles que não sabem voar.” 
“Só cabe aos que me reprovam refletir um pouco e
depois pedir desculpas a si mesmos. Não preciso de uma
palavra para a minha defesa”.
“Temos a arte para não morrer da verdade.”
“A recompensa final dos mortos é não morrer nunca
mais.”
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1. “A terra oferece espontaneamente os seus frutos, e os animais
ferozes dos rochedos e dos desertos aproximam-se mansamente. O
carro de Dionísio está coberto de flores e de guirlandas: sob o seu jugo,
avançam o tigre e a pantera. Imortaliza-se o Hino à Alegria de Beethoven
em um quadro e que não se fique atrás com a imaginação, quando
milhões se ajoelharão estremecendo no pó: assim poderemos nos
aproximar do dionisíaco.” (Nietzsche)
No texto acima, o filósofo está:
I. proclamando a alegria de viver.
II. exprimindo a fragilidfade da vida humana.
III. afirmando que a nona sinfonia de Beethoven é obra da imaginação
humana.
IV. proclamando poeticamente a existência livre e natural.
São verdadeiras apenas:
a) I e II b) I e III c) II e III 
d) III e IV e) I e IV
RESOLUÇÃO:
Resposta: E
2. “Agora, o escravo é um homem livre, agora se rompem todas as
limitações inflexíveis e hostis que a necessidade, o arbítrio, o descarado
costume colocaram entre os homens. Agora, no Evangelho da harmonia
universal, cada qual não só se sente vizinho, reconciliado, fundido com
o seu próximo, mas forma um todo com ele...” (Nietzsche)
O filósofo pretendeu nessas palavras
a) proclamar a fragilidade humana.
b) mostrar que a condição natural dos homens é viver em escravidão.
c) proclamar o Evangelho de Cristo de acordo com as instituições que
revelaram suas mensagens.
d) proclamar a necessidade de se romper com a cultura construída
pelos homens que dificulta uma existência plena.
e) mostrar que só a religião do Evangelho pode salvar a condição
escrava dos homens.
RESOLUÇÃO:
Resposta: D 
3. Na filosofia de Nietzsche, o conceito de “vontade de potência” tem
fundamental papel. Sobre isso, leia as proposições abaixo:
I. Trata-se de uma lei criada pelos homens que deve regular suas
existências.
II. Trata-se do impulso universal que rege todo o universo e deve
conduzir a existência dos homens.
III. É essência da natureza, conduz os astros e os fenômenos culturais
e políticos.
IV. É energia física criada por Deus e fundamento da existência
humana. 
São verdadeiras (apenas) 
a) Todas. b) I e III. c) II e IV. 
d) III e IV. e) II e III.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
4. Assinale as alternativas que encerram a proposta filosófica de
Nietzsche.
I. O artista dionisíaco, que é o homem, ultrapassa a distância entre si
e a obra, produzindo arte com a sua própria vida.
II. Dionísio representa uma existênciaaustera, grave e racional.
III. De certa forma, Dionísio subverte as regras sociais, a etiqueta, a boa
educação, as convenções, sendo o deus da loucura na busca de
vitalidade.
IV. A vida dionisíaca rompe as relações com a natureza, pois sobre -
valoriza o universo da cultura humana.
São corretas apenas
a) I e II. b) I e III. c) II e III. 
d) I e IV. e) III e IV.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: B
5. Podemos afirmar que o texto de Nietzsche é pessimista? 
a) Sim, pois o filósofo é ateu e não crê em qualquer verdade. Assim, é
inevitável a classificação de pessimista.
b) Não, ao contrário. O filósofo em questão é marcado por um otimismo
fundamentado em hipóteses metafísicas e religiosas.
c) Sim, pois a doutrina nietzschiana se fundamenta num anti-
humanismo. Considera o homem um ser insuficiente e fraco.
d) Sim, pois Nietzsche considera a existência humana marcada pela
tragédia existencial e pela condição de miséria espiritual.
e) Em hipótese alguma. O filósofo exalta o homem e a vida; a convi -
vência e a integração de todas as coisas, inclusive entre o homem e
a natureza.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: E
6. Shopenhauer influenciou profundamente o pensamento de Nietzsche,
e, apesar das divergências entre eles, apresentam um tema central
em comum. Assinale a alternativa que revela a temática comum
entre os dois filósofos.
a) A melhor vida é a conduzida por uma proposta hedonista e
dionisíaca.
b) A vida é sofrimento.
c) Há uma força natural de vontade que regula o universo.
d) O tempo existencial retorna eternamente como uma ampulheta.
e) Há uma ventura filosófica no saber metafísico, que para Nietzsche
está no cristianismo e para Schopenhauer, no budismo.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
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82 –
7. Sobre a filosofia de Schopenhauer, leia e julgue as proposições
abaixo.
I – A vontade é um princípio racional que conduz ao “instinto” de
preservação. Trata-se de uma força da natureza e universal. 
II – O homem, porém, tenta encobrir essa força, conferindo
causalidade a seus atos. Portanto, a vontade constitui, igualmente,
a causa de todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma
cadeia perpétua de aspirações sem fim, o que provoca a dor de
permanecer algo que jamais consegue completar-se. 
III – Assim, o prazer consiste apenas na supressão momentânea da
dor. Isso confere a sua filosofia um caráter pessimista. 
Estão (está) corretas (correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III
d) Apenas I e III e) Apenas II
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
8. (UEM-adaptada) – Um dos elementos fundamentais da Filosofia
contemporânea é o contexto de crise da razão. Nela, criticam-se pilares
da racionalidade moderna, como a ideia de fundação do conhecimento
a partir do sujeito, e a possibilidade de uma ação moral universal. Com
base na afirmação acima, assinale o que for correto e errado.
01)Sören Kierkegaard (1813-1885), precursor do existencialismo cristão,
fez críticas severas à Filosofia moderna, pois nela o ser humano não
aparece como ser existente, mas reduzido ao conhecimento
objetivo.
02)Friedrich Nietzsche (1844-1900), ao perguntar sobre o valor dos
valores, não representa uma novidade na maneira de formular as
questões da Filosofia, sobretudo ao propor o movimento genealó -
gico. 
04)Sigmund Freud (1856-1939), fundador da Psicanálise, evidencia o
papel da racionalidade da consciência e da unidade do eu, estabe -
lecendo, para determinar as pulsões, a análise sintética a priori.
08)Michel Foucault (1926-1984) introduz, no cenário filosófico, o
conceito de microfísica do poder, isto é, a fragmentação do sujeito
em torno de um núcleo teórico unívoco, tanto moral quanto
epistêmico.
16)A Escola de Frankfurt utiliza-se da razão instrumental para criticar os
céticos e fundamentar, em novas bases, o cientificismo.
Estão erradas somente: 
a) 02, 04, 16 b) 08 c) 01 e 04
d) 01 e) 16
RESOLUÇÃO: 
Resposta: A
9. (UEL) –
A gravura de Escher provoca a reflexão acerca da percepção da
realidade, ou seja, da relação entre a consciência e a realidade. Segundo
Nietzsche, “[...] todo homem que for dotado de espírito filosófico há de
ter o pressentimento de que, atrás da realidade em que existimos e
vivemos, se esconde outra, muito diferente, e que, por consequência,
a primeira não passa de uma aparição da segunda”. 
(NIETZSCHE, Friedrich. Apud:
SATIRA, Angélica. Pensando melhor. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 75.)
Assinale a alternativa que está de acordo com o texto.
a) A razão elimina as ilusões que provêm dos sentidos, permitindo ao
homem um conhecimento verdadeiro do real.
b) A percepção da realidade é objetiva e independe de sentimentos e
emoções do homem.
c) Ao perceber a realidade, o homem dá a ela significados, pois a
percepção é uma relação condicionada, entre outros fatores, pelas
coisas e pelo sujeito que percebe.
d) A visão é o sentido que permite perceber a essência das coisas, sem
a qual o conhecimento do real é inviável.
e) O homem conhece a realidade exatamente como ela é, em uma
relação imediata entre consciência e realidade.
RESOLUÇÃO: 
Resposta: C
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– 83
1. Nietzsche percebe um extraordinário contraefeito da valorização da
arte por Schopenhauer, o surgimento da figura do artista como oráculo:
articulação da metafísica do belo que fala diretamente à vaidade do
artista. 
Por outro lado, Nietzsche vê nos artistas um perigo: a necessidade de
proteção, de amparo em uma religião ou filosofia qualquer, das quais
seriam os “criados”. Seria exatamente esse o caso de Wagner em
relação a Schopenhauer.
Segundo a análise do texto, pode-se concluir que
a) Nietzsche vê o artista como oráculo da metafísica. 
b) Schopenhauer sustenta uma visão da arte que dissolve qualquer
expressão de vaidade do artista.
c) Nietzsche entende que Schopenhauer carece de uma concepção
religiosa.
d) Nietzsche critica a metafísica e a necessidade humana de se amparar
na religião.
e) Schopenhauer entende que a arte não deve possuir uma dimensão
metafísica.
2. “A arte pela arte. A luta contra a finalidade na arte é sempre uma
luta contra as tendências moralizadoras, contra a subordinação da arte
à moral. A arte pela arte quer dizer: ‘ao diabo com a moral’. Essa mesma
inimizade denuncia o poder preponderante ainda daquela preocupação.
Porém ainda que se exclua da arte o fim de edificar e melhorar os
homens, não se conclui daí que a arte deva carecer em absoluto dum
fim, duma aspiração e dum sentido; que seja, numa palavra, a arte pela
arte; a serpente que morde a própria cauda. ‘Antes não ter um fim que
ter um fim moral!’ Assim fala a paixão. Porém um psicólogo pergunta,
ao contrário: O que em toda espécie de arte faz? Não louva? Não
glorifica? Não isola? Com tudo isso a arte fortalece ou enfraquece certas
avaliações; é isso um acessório, uma coisa acidental? É algo em que o
instinto artístico não tem participação completa? É que a faculdade de
poder do artista não é a condição primeira da arte? Está o seu instinto
básico dirigido à arte, ou preferivelmente ao sentido da arte, à vida, a um
desejo de vida? A arte é o grande estimulante da vida”. 
(Nietzsche) 
Segundo o filósofo Nietzsche,
a) a arte tem uma função reguladora das relações sociais.
b) a arte tem uma dimensão ética intrínseca.
c) a arte é como uma serpente que morde a própria cauda, ou seja, ela
tem um fim em si mesma.
d) a arte é produzida pelo intelecto e pela racionalidade dos homens.
e) o homem produz a arte para compensar suas fragilidades inerentes. 
3. “O que aconteceria se, um dia ou uma noite, um demônio se
esgueirasse furtivamente na mais solitária das tuas solidões e te
dissesse: ‘Esta vida, assim como a vives agora e a vivestes, terás de
vivê-la novamente infinitas vezes e nela não haverá nada de novo, mas
retornarão a ti cada dor e cada prazer, cada pensamento e suspiro, cada
coisa indizivelmente pequena ou grande da tua vida, e tudo na mesma
sequência e sucessão, como esta aranha e este luar por entre os ramos
e também esteinstante e eu mesmo. A eterna ampulheta da existência
será novamente virada e tu com ela, grão de poeira!’
Não te lançarias ao chão, rangendo os dentes e maldizendo o demônio
que assim te falou? Ou então, talvez tendo vivido alguma vez um
instante tão imenso, seria esta a tua resposta: ‘Tu és um Deus e nunca
ouvi nada tão divino?’
Se esse pensamento ganhasse poder sobre ti, assim como és agora,
ele te faria sofrer uma metamorfose e talvez te triturasse. A pergunta
para qualquer coisa – ‘Queres isso mais uma vez e ainda inúmeras
vezes? – pesaria sobre o teu modo de agir como o maior dos pesos!
Ou, então, quanto terias que amar a ti mesmo e à vida, para não desejar
nada mais que esta última e eterna confirmação, esta chancela?’”...
(Nietzsche) 
As palavras de Nietzsche referem-se ao seu conceito de “mito do eterno
retorno”. A partir das palavras do filósofo, pode-se afirmar que
a) pretendia defender uma concepção metafísica ou religiosa do tempo,
pois fala em eternidade.
b) pretendeu dizer que o tempo é um mito. 
c) pretendeu afirmar que o tempo é uma criação de Deus.
d) falou da incomensurabilidade do tempo.
e) defendeu a ideia de se conduzir uma existência dionisíaca
(fundamentada na busca do prazer).
4. Escreva um texto, explicando o conceito de vontade no pensamento
de Schopenhauer.
5. (CONUPE) – Friedrich Nietzsche (1844-1900), na sua doutrina, liga-
se a correntes diversas, embora não se filie a nenhuma: o evolucio -
nismo, o irracionalismo, a filosofia de vida. Marque a alternativa
incorreta sobre o pensamento filosófico de Friedrich Nietzsche. 
a) Nietzsche identificou o super-homem com o filósofo na acepção de
profeta de uma nova humanidade e, deste ponto de vista, a noção de
uma “raça de super-homem” apresenta-se-nos absurda e pueril. 
b) No plano antropológico e ético, o que Nietzsche quis propor foi uma
nova técnica de valores, os valores vitais. 
c) Toda a obra de Nietzsche visa esclarecer e defender a aceitação total
e entusiástica da vida. Dioniso é o símbolo divinizado desta
aceitação, e Zaratustra, o seu profeta. 
d) A filosofia de Friedrich Nietzsche não é uma reação tardia contra o
idealismo de Hegel e o pessimismo de Schopenhauer. Contra o
realismo do primeiro, coloca ele a natureza íntima do homem não na
vontade, mas na razão. Contra o pessimismo do segundo, afirma
que o homem deve procurar o aniquilamento pessoal. 
e) A transfiguração dos valores é entendida por Nietzsche como a
anulação dos limites, como a conquista de um domínio absoluto do
homem sobre a terra e o seu corpo, como a eliminação do caráter
problemático da vida e de toda a perda ou transvio a que o homem
está sujeito.
6. (Governo do Estado de São Paulo – Secretaria da Educação) –
Friedrich Nietzsche, ao pensar a arte, recorreu à mitologia da religião
grega antiga, principalmente aos deuses Dionísio e Apolo (conceitos de
dionisíaco e apolíneo). São características do apolíneo:
a) Sonho, aparência, luz, ordem e individual.
b) Sonho, violência, luz, ordem e coletivo.
c) Embriaguez, dança, selvagem e mutação.
d) Sonho, embriaguez, luz e ordem.
e) Sonho, aparência, luz, dança e individual.
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84 –
7. Leia e julgue as assertivas abaixo:
I – Para Dioniso, o sofrimento, a morte e o declínio são apenas a outra
face da alegria, da ressurreição e da volta. Por isso, “os homens
não têm de fugir à vida como os pessimistas”, diz Nietzsche, “mas,
como alegres convivas de um banquete que desejam suas taças
novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais”.
III – Para Nietzsche, o verdadeiro oposto a Dioniso não é mais Sócrates,
mas o Crucificado. Em outros termos, a verdadeira oposição é a
que contrapõe, de um lado, o testemunho contra a vida e o
empreendimento de vingança que consiste em negar a vida; de
outro, a afirmação do devir e do múltiplo, mesmo na dilaceração
dos membros dispersos de Dioniso. Com essa concepção,
Nietzsche responde ao pessimismo de Schopenhauer: em lugar
do desespero de uma vida para a qual tudo se tornou vão, o
homem descobre no eterno retorno a plenitude de uma existência
ritmada pela alternância da criação e da destruição, da alegria e do
sofrimento, do bem e do mal. 
IIII – O eterno retorno, e apenas ele, oferece, diz Nietzsche, uma “saída
fora da mentira de dois mil anos” (Cristianismo), e a transmutação
dos valores traz consigo o novo homem que se situa além do
próprio homem.
Estão (está) corretas (correta):
a) Todas b) Apenas I e II c) Apenas II e III
d) Apenas I e III e) Apenas II
8. (ENADE) – O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), talvez
o pensador moderno mais incômodo e provocativo, influenciou várias
gerações e movimentos artísticos. O Expressionismo, que teve forte
influência desse filósofo, contribuiu para o pensamento contrário ao
racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, por meio do embate
entre a razão e a fantasia.
As obras desse movimento deixam de priorizar o padrão de beleza
tradicional para enfocar a instabilidade da vida, marcada por angústia,
dor, inadequação do artista diante da realidade.
Das obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é:
a) b)
Homem idoso na poltrona Figura e borboleta, Milton Dacosta
c) d)
O grito – Edvard Munch Menino mordido por um lagarto
Museu Munch, Oslo
e)
Abaporu. Tarsila do Amaral
9. A etimologia nietzschiana mostra que não existe um “sentido
original”, pois as próprias palavras não passam de interpretações, antes
mesmo de serem signos, e elas só significam porque são
“interpretações essenciais”. As palavras, segundo Nietzsche, sempre
foram inventadas pelas classes superiores e, assim, não indicam um
significado, mas impõem uma interpretação. O trabalho do etimologista,
portanto, deve centralizar-se no problema de saber o que existe para ser
interpretado, na medida em que tudo é máscara, interpretação,
avaliação. Fazer isso é “aliviar o que vive, dançar, criar”. Zaratustra, o
intérprete por excelência, é como Dioniso. 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/nietzsche.htm 
O tema central desse texto está na alternativa:
a) O poder das classes superiores
b) A função da etimologia
c) As palavras como interpretações
d) O conhecimento retrata a realidade
e) A invenção das palavras
10.Para Nietzsche, a história não é finalista, não há progresso nem
objetivo final da história. A esse princípio, o filósofo deu o nome de:
a) O eterno retorno do mesmo. b) Potência de Vontade
c) Vontade de Potência d) Existência autêntica.
e) Existência dionisíaca.
11.Chove lá fora. A água enche a represa. Poucos trovões, poucas
descargas elétricas. É impressionante como um fato tão banal – a
própria realidade – que parece inquestionável, já venha carregado de
interpretações milenares. Afinal, quem nos garante que o céu não cairá
sobre nossas cabeças? Onde foi que aprendemos sobre trovões, raios
e água como fenômenos físicos e não como manifestação da ira ou da
generosidade dos deuses? 
(Nietzsche) 
Com essas palavras o filósofo pretendeu
a) Assegurar a legitimidade das interpretações teóricas.
b) mostrar a consistência das explicações religiosas acerca dos
fenômenos naturais.
c) revelar a real causa dos fenômenos naturais.
d) questionar a preocupação humana de teorizar os eventos. 
e) contrariar as teorias científicas que tentam explicar os fenômenos
sobrenaturais.
12.Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo.
O Estado, diz Nietzsche, está sempre interessado na formação de
cidadãos obedientes e tem, portanto, tendência a impedir o desenvolvi -
mento da cultura livre, tornando-a estática e estereotipada. Ao contrário
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– 85
1) D
2) C
3) E
4) A Vontade, no entendimento de Schopenhauer, não é um
princípio racional, mas um impulso irracional e cego que
conduz ao “instinto” de preservação. Trata-se de uma força
da natureza e universal. O homem, porém, tenta encobrir a
irracionalidade dessa força, conferindo causalidade a seus
atos. Portanto, a Vontadeconstitui, igualmente, a causa de
todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma cadeia
perpétua de aspirações sem fim, o que provoca a dor de
permanecer algo que jamais consegue completar-se. Assim, o
prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor.
5) D
6) A
7) A
8) C
9) B
10) A
11) D
12) A
13) A Seicho-no-ie é uma respeitável filosofia espiri tualista
sincretista, baseada em fundamentos reli giosos, de origem
japonesa. Prega a gratidão à família e a Deus e o poder da palavra
e do pensamento positivo como meio para alcançar a felicidade.
No texto, observa-se uma antropologia da criaturidade, ou seja, vê-
se o Homem sobrevalorizado sob a crença de que se trata de uma
criação privilegiada de Deus. Em matéria de filosofia, essa
concepção, portanto, aproxima-se de uma visão metafísica, em que
o homem é portador de uma essência ou origem divina. 
Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo alemão que viveu na
segunda metade do século XIX. Nietzsche era um pensador ateu e
um fervoroso opositor das concepções metafísicas, embora tivesse,
na sua ju ventude, iniciado estudos em teologia protestante. Trata-
se de um pensador trágico e isso, em filosofia, significa que não
haveria um sentido moral no Uni verso, sendo a origem do homem
um mero acidente no processo de formação e evolução casual do
Uni verso. Nesse sentido, percebe-se uma diluição violenta do
antropocentrismo da concepção criacionista. Por outro lado,
enquanto a teologia e o pensamento reli gioso chegaram a criar
uma cultura mais teocêntrica no passado (Idade Média), a
modernidade estabeleceu uma cultura antropocêntrica, uma vez
que, sobretudo no Iluminismo, sobrevalorizou-se a razão humana.
Não é o caso específico de Nietzsche, pois trata-se de um pensador
que relativizou as concepções ilu ministas. Porém, esse filósofo
alemão também valo rizou a condição humana a partir de uma
concepção hedonista, que proclama o prazer como fim supremo
da vida. 
disso, o Estado deveria ser apenas
a) um meio para a realização da cultura e para fazer nascer o além-do-
homem. 
b) um regulador das relações sociais.
c) um orientador da ética humana e exemplo de civilidade.
d) um organizador da educação e saúde públicas.
e) o detentor dos meios de produção.
13.(UNESP) –
Texto 1
O ser humano é a flor do céu que desabrochou na Terra. Sua
semente foi plantada por Deus, sua bela imagem foi projetada por Deus
e seu perfume agradável foi também presenteado por Deus. Não
devemos perder essa bela imagem nem o agradável perfume. Nosso
belo desabro char é a manifestação da glória de Deus.
(Seicho-no-ie do Brasil. Palavras de luz, 2013.)
Texto 2
Em algum remoto rincão do universo cintilante que se derrama em
um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro em que
animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais
soberbo e mais mentiroso da “história universal”: mas também foi
somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natu reza, congelou-
se o astro e os animais inteligentes ti veram de morrer. – Assim poderia
alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado
suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão
sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza.
Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver
passado, nada terá acontecido.
(Friedrich Nietzsche. Sobre verdade e mentira 
no sentido extramoral. Adaptado.)
Os textos citados apresentam concepções filosóficas distintas sobre o
lugar do ser humano no universo. Discorra brevemente sobre essas
diferenças, considerando o teor antropocêntrico dos textos.
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86 –
MÓDULO 9 O Homem: quem é ele? O Homem concreto e o existencialismo
1. Introdução 
Definir o ser humano é o objetivo da antropologia
filosófica. Todo conhecimento produzido, em qualquer
área, em qualquer época, tem implícita uma concepção
de homem. Toda obra de arte, reflexão ou ação traz
subjacente essa grande questão, que não pode ser
abandonada sem o risco de desperdiçar uma atividade
exclusiva da criatura humana – a capacidade de refletir
sobre sua própria essência e existência. 
Leonardo da Vinci. O homem visto como objeto do conhecimento.
2. Três Principais Concepções
Encontramos três principais concepções de homem
nas tradições filosóficas: a concepção metafísica, a
naturalista e a histórico-social. Em geral, pensadores
optam por uma delas, excluindo as demais; o que é
natural, porque tais concepções parecem contradizer-se
mutuamente. Porém, não podemos esquecer que o
homem pode ser definido por uma complexidade de
dimensões, o que nos permite afirmar que certas
definições de ser humano sejam complementares. 
A concepção metafísica vê o homem a partir de uma
essência imutável, apesar da distinção entre os homens.
Baseada no platonismo, essa ideia predominou na Idade
Média e permanece válida para o pensamento religioso e
teológico. Entende-se com ela que há um modelo de
homem e que somos as variações desse modelo. 
A concepção naturalista, forte na Idade Moderna, é
fruto das descobertas científicas e do pensamento de
Descartes e Locke. O homem é definido a partir de sua
dualidade psicofísica, ou seja, a partir de uma substância
pensante e outra biológica ou corporal. O homem torna-
se produto das determinações naturais e não é per cebido
como ser autônomo, capaz de gerir seu destino. 
A terceira concepção, a histórico-social, entende o
homem como um processo, valorizado na sua existência
pessoal e concreta. Vê-se, então, o homem como alguém
no espaço e no tempo, marcado pela singu laridade e pela
possibilidade de realização. O homem enquanto processo
implica a marca do inacabamento, pois não se nasce
pronto, não se “nasce homem”. Nesse sentido, é
descoberto o ser social e podemos afirmar que a
humanidade constrói, ou inverte, sua própria humanidade.
Charles Darwin desenvolveu a teoria da evolução da espécie humana.
3. A Condição Humana
Conhecer o homem não é separá-lo do Universo, mas
situá-lo nele. (...) todo conhecimento, para ser pertinente,
deve contextualizar seu objeto. “Quem somos nós?” é
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inseparável de “Onde estamos, de onde viemos, para
onde vamos?”. Pascal já nos havia situado, corretamente,
entre dois infinitos, o que foi amplamente confirmado no
século XX pela dupla evolução da Microfísica e da
Astrofísica. Conhecemos hoje nosso duplo enraizamento:
no cosmo físico e na esfera viva.
Claro, novas descobertas ainda vão modificar nosso
conhecimento, mas, pela primeira vez na História, o ser
humano pode reconhecer a condição humana de seu
enraizamento e de seu desenraizamento. 
Em meio à aventura cósmica, no extremo do
prodigioso desenvolvimento de um ramo singular de auto-
organização viva, prosseguimos, à nossa maneira, na
aventura da organização. Essa época cósmica da
organização, incessantemente sujeita às forças da
desorganização e da dispersão, é, também, a época da
reunião, e só ela impediu que o cosmo se dispersasse e
desaparecesse, tão logo acabara de nascer. Nós, viventes,
e, por conseguinte, humanos, filhos das águas, da Terra,
e do Sol, somos um feto da diáspora cósmica, algumas
migalhas da existência solar, uma ínfima brotação da
existência terrestre (...).
Os novos conhecimentos, que nos levam a descobrir
o lugar da Terra no cosmo, a Terra-sistema, a Terra-Gaia ou
biosfera, a Terra-pátria dos humanos, não têm sentido
algum enquanto isolados uns dos outros. A Terra não é a
soma de um planeta físico, de uma biosfera e da
humanidade. A Terra é a totalidade complexa físico-
biológico-antropológica, onde a vida é uma emergência
da história e da vida terrestre. A relação do homem com
a natureza não pode ser concebida de forma redu cionista,
nem de forma disjuntiva. A humanidade é uma entidade
planetária e biosférica (...). Tudo isso nos coloca diante do
caráter duplo e complexo do que é humano: a
humanidade não se reduz absolutamente à animalidade,
mas, sem animalidade, nãohá humanidade (...)
O ser humano nos é revelado em sua complexidade:
ser, ao mesmo tempo, totalmente biológico e totalmente
cultural. 
MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-feita. 
São Paulo: Bertrand Brasil, 17 ed. 2010.
4. Paradoxo
O ser humano é ambivalente. Conhecido e estranho,
próximo e distante, transparente e opaco. O ser humano
canta e protesta, dança e agride, congrega e dispersa (...).
O ser humano expande-se festivamente e tranca-se
amargamente. É lógico e ilógico.
O ser humano é linguagem pluriforme. Fala e silencia,
grita e emudece, gargalha e enclausura-se. O ser humano
é palavra ofertada e palavra recusada. E recusar a palavra
aos outros é rejeitá-los. O ser humano é fonte exuberante
de comunicação, e também núcleo rígido de
incomunicação. Comunicabilidade e Incomu nica bilidade
são duas faces do existir humano. O ser humano é
diálogo fecundo e monólogo estéril (...).
O ser humano é fértil em criações. Cria vida, saúde,
pão, paz, ciência e tecnologia. Mas o ser humano é
também niilista. Incinera o mundo. Basta ver a guerra. O
ser humano constrói maravilhas, mas também pode
arrasá-las. Planta semente e desintegra a germinação. (...)
O ser humano sente necessidade de convivência
social e solidariedade. Mas é também antissocial. A
discriminação, o fanatismo e o sectarismo esfiapam o
tecido da sociabilidade. (...) O ser humano cativa com
afeição e algema com servidão. (...)
O ser humano é oscilante. É paradoxo. Avança e
recua, atrai e expulsa, ergue-se e recai, edifica e pulveriza,
arrisca-se e amoita-se. O ser humano não é apenas
herança. É decisão. É gênese existencial. É conquista de
todos os dias. Lidar com o ser humano é lidar com o
paradoxo. (...)
Para compreender o ser humano é preciso vê-lo
como processo, como fenômeno em andamento. A visão
fixista estratifica o ser humano e mumifica-lhe o real
significado. O ser humano pulsa, está em mutação. É
cachoeira de decisões. Jamais concluído. 
ARDUINI, Juvenal. Ousar para Reinventar a 
Humanidade. São Paulo: Paulus, 2002. 
Glossário
Paradoxo: contradição.
Pluriforme: de formas múltiplas, diferentes faces.
Sobre Edgar Morin
Sociólogo e filósofo francês pesquisador emérito do
CNRS (Centre National de La Recherche Scientifique).
Formado em Direito, História e Geografia, iniciou-se na
Filosofia, na Sociologia e na Epistemologia. É autor de
mais de 30 livros, entre eles: O método; Introdução ao
pensamento complexo; Ciência com consciência; e Os
sete saberes necessários para a Educação do futuro.
Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da
Resistência Francesa. É considerado um dos
pensadores mais importantes do século XX. Entre suas
obras, destacam-se Cultura de Massas no Século XX e
Para sair do século XX.
– 87
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88 –
O HOMEM CONCRETO E O EXISTENCIALISMO
5. Introdução
O século XX assistiu ao advento de vários movi -
mentos intelectuais inovadores, com destaque para o
estruturalismo e o existencialismo. No primeiro, o homem
é percebido como determinação da estrutura social,
cultural e histórica; no segundo, como um projeto, um ser
condenado a ser livre, como diria o existencialista Jean
Paul Sartre (1905-1980). Tais concepções foram influen -
ciadas pelo marxismo europeu, que via a cultura como
produto de determinações históricas do processo
econômico, mas que também via no homem o agente
capaz de atuar na História pela vontade política.
Michelangelo, A Criação de Adão (detalhe).
6. Texto Filosófico
O existencialismo
(...) Para o existencialismo, o homem não é o seu
próprio fim, uma vez que não existe senão enquanto se
projeta para além de si mesmo. Segundo o
existencialismo, o homem existe antes de ser. O homem
deve dar à sua existência um sentido, uma vez que não é
senão aquilo que ele próprio faz de si mesmo; ser é
escolher-se através de um livre compromisso. O homem
é “liberdade absoluta”: “está condenado a ser livre”.
Desta situação resulta a angústia como experiência
metafísica consubstanciada no sentimento da possibili -
dade de o homem perder a sua própria existência; através
da angústia, o homem experiencia o nada e pressente a
incerteza das escolhas que o conduzirão ao ser. A
existência é lançada num total abandono de si mesma;
isto equivale a dizer que é absoluta liberdade, na medida
em que depende exclusivamente de si. Liberdade
significa, assim, contingência absoluta e, através dela,
define-se o ser da existência. Daqui se conclui que a
existência nunca poderá ser apreendida senão sob a
forma de uma história; em cada instante, o homem está
condenado a inventar o homem. O existen cialismo é,
assim, uma filosofia que tem como objetivo a análise e a
descrição da existência concreta considerada como ato
de uma liberdade, que se constitui afirmando-se e que
tem unicamente como gênese ou fundamento esta
afirmação de si.
Esta corrente filosófica desenvolveu-se, na Europa,
entre as duas guerras mundiais; constitui uma reação
contra todas as formas de alienação do homem; este não
é um mero ente, mas antes um existente. Não é algo que
possa ser determinado objetivamente; o seu ser é um
constituir-se contínuo de si mesmo. O homem não é,
pois, nenhuma substância, susceptível de ser determi -
nada objetivamente. No processo da sua constituição
existencial, o homem pode gerar o âmbito de inteligibi -
lidade que lhe permitirá compreender-se a si mesmo e à
sua situação com os outros, no mundo. 
O existencialismo é, primordialmente, um modo de
entender a existência enquanto existência humana; a sua
atenção centra-se na análise da existência. Este vocábulo
designa o modo de estar-no-mundo do próprio homem;
enquanto existência, o homem está sempre ligado ao
mundo. O mundo manifesta-se nas estruturas que
constituem o homem como existência; mas o homem
está intimamente ligado aos outros homens. Se a
existência se refere sempre a uma situação, também a
coexistência, a comunicação e a alteridade constituem
uma referência fundamental do homem: existir é sempre
ser-com. Pour-soi, em Sartre, Existenz, em K. Jaspers,
Dasein, em Heidegger, são termos que traduzem a
existência concreta que não se pode captar pela razão. A
existência é uma realidade individual, singular, subjetiva
e finita que não se define nem se traduz
conceptualmente. Esta filosofia dirige-se ao existente
singular em ordem a compreendê-lo como possibilidade
e como projeto; neste sentido, a existência está
intimamente ligada à temporalidade.
O existencialismo surgiu como reação contra as
construções filosóficas sistemáticas que dissolviam o
homem na série das abstrações, despersonalizando-o; é,
por outro lado, uma reação contra os resultados das
ciências positivas que estudaram o homem em vários
domínios, perdendo de vista a unidade da sua realidade
concreta, enquanto autor de um destino individual;
constitui também uma reação perante uma sociedade
cada vez mais orientada pela técnica que dissolveu o
homem num complexo de funções; foi por isso que o
existencialismo assumiu uma forma de humanismo,
apontando para uma valorização pessoal e responsável do
homem através de uma abertura temporal para o mundo
em moldes exclusivamente terrenos, negadores de
qualquer Transcendência (existencialismo fechado –
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Sartre), ou admitindo uma abertura ao Absoluto
(existencialismo aberto – G. Marcel, K. Jaspers).
Kierkegaard procurou a valorização do homem num
sentido espiritualista, mas em nítida oposição a Hegel;
Nietzsche, num sentido materialista.
O existencialismo é uma corrente caracterizada por
um irracionalismo extremo, ao chamar a atenção para a
insuficiência dos processos da razão na compreensão dos
problemas especificamente humanos, contribuindo para
suscitar um novo conceito de razão, abrindo novos
caminhos para a ontologia. 
A caracterização fundamental do existencialismo
reside, assim, na análise da existência na modalidade de
ser-aberto-para-as-coisas-do-mundo, no qual essas coisas
se consciencializam; tal existência é o homem concreto,
em situação, aberto paraas coisas do mundo e para os
outros homens. Esta existência cria a sua própria
essência num desenvolvimento livre através do tempo.
A existência não é uma atualidade absoluta, mas
essencialmente temporal; está lançada para fora de si
numa construção de si mesma e do seu mundo.
Ganhando consciência de si e das suas possibilidades, a
existência só é autenticamente na sua temporalização. A
prioridade da existência sobre a essência significa que a
existência não tem essência distinta dela mesma, ou seja,
que esta essência não é mais do que a manifesta ção das
possibilidades da existência desenvolvidas através do
tempo. Na sua realização, a existência depende exclusi -
vamente de si mesma e, por isso, é essencialmente
liberdade; neste seu desenvolvimento livre, é
responsável, devido ao seu compromisso com os outros
na realidade concreta do viver; daqui brota a angústia, a
insegurança e a inquietação. Só o homem é capaz desta
“ex-sistência”; por isso, o existencialismo é uma filosofia
do homem e, neste sentido, um humanismo. 
Uma característica comum a todas as filosofias da
existência reside no fato de repousarem na vivência
pessoal da existência. Esta não se pode captar pela razão,
referida ao geral e constituindo um sistema. As filosofias
da existência dirigem-se, assim, ao existente singular,
mas não como fato empírico nem como ideia abstrata;
propõem-se compreendê-lo como possibili dade no ser
profundo donde são extraídas as suas realizações; o
homem não está encerrado em si mesmo; como
realidade inacabada, está intimamente ligado ao mundo
que se manifesta nas estruturas que constituem o
homem como existência; mas estas estruturas são os
modos possíveis de relacionamento do homem com o
mundo. 
As principais categorias das filosofias existenciais que
passaram para a literatura existencialista são a
subjetividade, a temporalidade, o nada, a angústia, a
comunicação, o paradoxo, a ambiguidade, a contin gên -
cia, a autenticidade, a liberdade, a alienação, a escolha, a
decisão, a situação, o compromisso, o estar-no-mundo, a
morte, o fazer-se a si mesmo, o fracasso e a esperança.
(Cassiano Reimão – filósofo português)
– 89
1. O homem é “liberdade absoluta”: “está condenado a ser livre”.
Dessa situação, resulta a angústia como experiência metafísica
consubstanciada no sentimento da possibilidade de o homem perder a
sua própria existência; por causa da angústia, o homem experiencia o
nada e pressente a incerteza das escolhas que o conduzirão ao ser. A
existência é lançada num total abandono de si mesma; isso equivale a
dizer que é absoluta liberdade, na medida em que depende exclusi -
vamente de si.
De acordo com o texto:
I. Liberdade é o contrário de angústia.
II. A liberdade representa a condição primeira do homem.
III. A angústia é causada pela incerteza diante das escolhas e essas
resultam da nossa liberdade.
IV. O homem concreto não tem chances de escolha e por isso
experien cia a angústia.
São coerentes:
a) apenas I e III. b) apenas II e IV. 
c) apenas I e IV. d) apenas III e IV. 
e) apenas II e III.
RESOLUÇÃO:
Resposta: E
2. (UFU) – Segundo Jean Paul Sartre, filósofo existencialista
contemporâneo, liberdade é
I. escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu
mundo.
II. aceitar o que a existência determina como caminho para a vida do
homem.
III. sempre uma decisão livre, por mais que se julgue estar sob o poder
de forças externas.
IV. estarmos condenados a ela, pois é a liberdade que define a
humanidade dos humanos.
Assinale
a) se apenas I e IV estiverem corretas.
b) se apenas II e III estiverem corretas.
c) se apenas I, II e IV estiverem corretas.
d) se apenas III e IV estiverem corretas.
e) se apenas I, III e IV estiverem corretas.
RESOLUÇÃO:
Resposta: E
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3. (UFU) – Liberdade, para Jean Paul Sartre (1905-1980), seria assim
definida:
a) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo
mesmo, instaurando leis e normas necessárias para os indivíduos.
b) circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer
escolhas de outro modo.
c) conformação às situações que encontramos no mundo e que nos
determinam.
d) escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu
mundo. “Estamos condenados à liberdade”, segundo o autor.
RESOLUÇÃO:
Resposta: D
4. (UFU) – O nada, impensado para Parmênides, encontrou em Sartre
valor ontológico, pois o nada é o ponto de partida da existência humana,
uma vez que não há nenhuma anterioridade à existência, nem mesmo
uma essência. Essa tese apareceu no livro O Ser e o Nada. Tal afirmação
encontra-se também em outro livro, O existencialismo é um
humanismo, no qual está escrito:
“Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é
responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do
existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de
submetê-lo à responsabilidade total de sua existência.”
SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo. Trad. de Rita
Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Coleção Os
Pensadores.
A responsabilidade para Sartre diz respeito
a) ao indivíduo para consigo mesmo, já que o existencialismo é
dominado pelo conceito de subjetividade que restringe o sujeito da
ação à sua esfera interior, circunscrita pelas suas representações
arbitrárias, que exclui o outro; toda escolha humana é a escolha por
si próprio.
b) ao vínculo entre o indivíduo e a humanidade, já que para o existen -
cialista, cada um é responsável por todos os homens, pois, criando o
homem que cada um quer ser, estaremos sempre escolhendo o bem
e nada pode ser bom para um, que não possa ser para todos.
c) à imagem de homem que pré-existe e é anterior ao sujeito da ação.
É uma imagem tal qual se julga que todos devam ser, de modo que
o existencialismo, em virtude da sua origem protestante com
Kierkegaard, renova a moral asceta do cristianismo, que exige a
anulação do eu.
d) ao partido político que tem a primazia na condução do processo de
edificação da nova imagem de homem comprometido com a
revolução e que faz de cada um aquilo que deverá ser, tal como ficou
célebre no mote existencialista: o que importa é o resultado daquilo
que nos fizeram.
RESOLUÇÃO:
Resposta: B
5. O existencialismo foi uma corrente de pensamento que fez do
homem efetivamente existente o centro e o núcleo das questões
filosóficas, e o ponto de partida para a Ontologia; um dos seus mais
conhecidos criadores e pensadores, o francês Jean Paul Sartre, 
a) rejeita toda e qualquer dependência da filosofia de Heidegger. 
b) não aceita a metodologia fenomenológica e prefere um discurso
filosófico mais próximo do dramático. 
c) considera que a existência de Deus é a garantia da plena liberdade
humana. 
d) define o ser humano como um ser em projeto, inacabado, que se
completa nas suas relações de solidariedade com os outros. 
e) argumenta que a essência do ser para si é sua própria existência. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: E
6. Em seu tratamento da liberdade, Sartre afirma que esta é um projeto
e não um dado da realidade, sendo necessária uma preocupação com o
que o autor chama de má fé. 
Considerando-se a ideia de má fé e de suas consequências para a
liberdade, é incorreto afirmar: 
a) Agir em má fé consiste em viver na seriedade. 
b) Agir em má fé representa virar as costas à escolha de si mesmo. 
c) Agir em má fé representa uma afirmação do sujeito. 
d) Agir em má fé significa uma fuga à responsabilidade da decisão livre. 
e) Agir em má fé representa identificar-se com o ser. 
RESOLUÇÃO:
Resposta: C
90 –
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1. Essa concepção vê o homem a partir de uma essência imutável,
apesar da distinção entre os homens. Baseada na concepção platônica,
essa concepção predominou na Idade Média e permanece válida para o
pensamento religioso e teológico. Entende-se aqui que há um modelo
de homem e somos as variações desse modelo. 
Trata-se da concepção do homem:
a) metafísico.
b) histórico.
c) concreto.
d) naturalista.

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