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FILOSOFIA CAPÍTULO II: FILOSOFIA SOCRÁTICA PROFESSOR: JONAS MARANGONI 2019 SÓCRATES Depois de um período crítico, no qual o relativismo moral era a principal característica dos sofistas, a filosofia grega entra no seu período clássico através de Sócrates. Sócrates nasceu em Atenas em 470 a. C. e desenvolveu uma filosofia voltada para questões humanas, principalmente relacionadas à verdade e aos valores. Para muitos estudiosos, Sócrates deve ser incluído no grupo de filósofos sofistas, já que praticava uma filosofia oral e argumentativa. Entretanto, Sócrates acreditava em uma verdade universal e combatia o relativismo moral. A filosofia oral de Sócrates era baseada na Ironia e na Maiêutica. A Ironia consistia em perguntar sobre uma coisa em discussão, depois delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. Só assim, as ilusões que acompanhavam as pessoas seriam desfeitas, ou seja, acabar com os preconceitos e as relatividades que acompanham as pessoas e geralmente são impostas por tradição social, cultural e religiosa. Já a Maiêutica é o ato de parturejar – em homenagem a sua mãe, uma parteira. Em outras palavras é tirar do seu interior o conhecimento ou dar a luz ao conhecimento. Assim, o conhecimento é algo interno e pessoal e no máximo podemos ser auxiliados nessa busca. A frase “só sei que nada sei”, que imortalizou Sócrates, representa exatamente a filosofia baseada na Ironia e na Maiêutica. Uma vez que saía do pressuposto que nada sabia e que a aprendizagem estava estreitamente ligada à dialética. Sócrates não escreveu nenhuma obra e, por isso, a sua filosofia tornou-se eterna a partir dos seus discípulos, Platão e Aristóteles. Segundo Aristóteles, Sócrates buscava compreender a ideia universal. Em outras palavras, podemos afirmar que esta ideia universal estava relacionada a formação e ao valor do pensamento humano. Por isso, podemos afirmar que a filosofia socrática era existencialista. Para chegar a este conhecimento universal era necessária a racionalização e esquematização do saber, ou seja, combater o relativismo, no qual os sofistas haviam pautado a filosofia. Assim, a filosofia socrática não é fantasiosa e sim sóbria e esquemática, baseada no existencialismo humano universal e imutável. Já o Valor é visto por Sócrates como uma questão ética (conceito de bem e mal). O valor, assim, seria relacionado à utilidade e ao poder e não ao prazer, como no hedonismo. Segue, com isso, a moral do bem-estar. Sócrates também acreditava que o homem deveria ser sábio e prudente, pois o inteligente seria sábio e consequentemente bom. Assim, a virtude estaria relacionada ao conhecimento, já que para Sócrates, “ninguém pratica o mal voluntariamente”. PLATÃO Platão nasceu em 427 a. C. em Atenas e pertencia a uma importante linhagem aristocrática desta cidade grega. Por isso, tinha tendência a vida política. Foi o mais importante discípulo de Sócrates e o primeiro filósofo a escrever sobre este sábio na obra República. Outra importante obra de Platão foi Banquete, na qual o filósofo vai falar sobre o amor. A seguir, segue dois pequenos resumos sobre estas relevantes obras de Platão: BANQUETE: Em O banquete, Platão trabalha com o conceito de amor. Para tanto, ele utilizará o mundo das ideias, no qual o amor perpetua a existência humana, que por sua vez não consegue interferir neste mundo inteligível. Veja a baixo o resumo de Sérgio Biagi Gregório: 1 "O Banquete" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano de fundo são os sete discursos acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que depois de muitas festas, com bebidas em excesso, resolveram dar uma trégua à orgia e instituíram um encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros, sugerido por Erixímaco. Os oradores, em ordem de apresentação, foram: Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agaton, Sócrates e Alcibíades. 1 � GREGÓRIO, Sergio Biagi. Acesso: http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2009/04/o-banquete-de- platao-um-resumo.html em 01 de maio de 2013. http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2009/04/o-banquete-de-platao-um-resumo.html http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2009/04/o-banquete-de-platao-um-resumo.html Fedro, o primeiro orador a falar, coloca o Eros como um dos mais antigos deuses, que surgiram depois do Caos da terra. Pelo fato de ser antigo, traz diversas fontes de bem, que é o amor de um amante. De tudo o que o ser humano pode ter – vínculos do sangue, dignidade e riquezas – nada no mundo pode, como Eros, fazer nascer a beleza. É o Eros que insufla os homens a grandes brios. Só os que amam sabem morrer um pelo outro. Pausânias, o segundo a falar, critica o elogio a Eros, feito por Fedro, porque o deus Eros não é único, pois há o Eros Celeste e o Eros Vulgar. Para ele, qualquer ação realizada não é em si mesma nem boa nem ruim. Para que uma ação seja boa, ela deve se fundamentar na justiça. O mesmo se dá com o amor. Atender ao Eros Vulgar é prender-se à cobiça, à iniquidade e aos caprichos da matéria. Para atender ao Eros celeste, deve agir segundo os cânones da justiça e da beleza celeste. Erixímaco, o terceiro orador, educado nas artes médicas, quer completar o discurso de Pausânias, dizendo que o Eros não existe somente nas almas dos homens, mas em muitos outros seres: nos corpos dos animais, nas plantas que brotam da terra, em toda natureza. Para ele, a natureza orgânica comporta dois eros: saúde e doença, e que "o contrário procura o contrário". Um é o amor que reside no corpo são; o outro é o que habita no corpo enfermo. Tal qual a medicina, que procura a convivência entre os contrários, o amor deve procurar o equilíbrio entre as necessidades físicas e espirituais. Aristófanes, o quarto orador, começa o seu discurso enfatizando o total desconhecimento por parte dos homens acerca do poder de Eros. Para conhecer esse poder, ele diz que é preciso antes conhecer a história da natureza humana e, dito isto, passa a descrever a teoria dos andróginos, que é o mito da nossa unidade primitiva e posterior mutilação. Segundo Aristófanes, havia inicialmente três gêneros de seres humanos, que eram duplos em si mesmos: havia o gênero masculino masculino masculino, o feminino feminino feminino e o masculino feminino masculino, o qual era chamado de Andrógino. Agaton, o quinto orador, critica os seus antecessores, pois acha que eles enalteceram Eros sem contudo explicar a sua natureza. Ele diz: "Para se louvar a quem quer que seja, o verdadeiro método é examiná-lo em si mesmo para depois enumerar os benefícios que dele promanam". Diz, ao contrário de Fedro, que Eros é um deus jovem. Depois passa a enumerar as suas virtudes, ou seja, a justiça, a temperança e a potência desse deus. Sócrates, o sexto orador, considerado o mais importante dos oradores presentes, afirma que o amor é algo desejado, mas este objeto do amor só pode ser desejado quando lhe falta e não quando possui, pois ninguém deseja aquilo de que não precisa mais. Segundo Platão, o que se ama é somente "aquilo" que não se tem. E se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. O "objeto" do amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. A verdade é algo que está sempre mais além, sempre que pensamos tê-la atingido, ela nos escapa entre os dedos. Alcibíades, o sétimo orador, procura muito mais fazer um elogio a Sócrates do que discorrer sobre o amor. REPÚBLICA: A obra República é a mais importante de Platão. Nesta obra o filósofo vai trabalhar em dez capítulos a ideia de Estado ideal e de homem ideal. Sócrates é o personagem principal, já que este procurou nos homens a virtude universal e imutável. A baixo, segue um fragmento da resenha de ReinaldoSampaio Pereira2 sobre o livro: A leitura da República é elemento indispensável para quem deseja introduzir-se na filosofia de Platão. Nesta obra está exposta sua concepção filosófica sobre cosmos, sobre o homem, o Estado, a física, a metafísica, isto é, configura-se como uma espécie de síntese de sua produção filosófica. Excelentes lições sobre os princípios que devem reger a vida, em especial em sua dimensão pública e política, onde o ideal de Estado corresponde ao ideal de homem. Tem-se mesmo a impressão de que Platão quer purificar o homem de sua época, e de todas as épocas, das influências baseadas em uma concepção mítica ou então utilitarista da realidade. 2 � PEREIRA, Reinaldo Sampaio. Resenha sobre a República: Acesso http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYG4AF/resenha-republica-plataoEm 1 de maio de 2013. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAYG4AF/resenha-republica-platao A educação de verdadeiros cidadãos, exige métodos condizentes com sua natureza, cujo escopo é a excelência, a perfeição. Em seu Estado, pressupõe a divisão de classes e postula, assim, uma hierarquia, segundo a função de cada uma. Das mais importantes novidades parece ser a que prevê os filósofos como os mais indicados ao governo deste Estado ideal, devido aos valores pelos quais pautam a sua existência. Uma leitura mais atenta permite ainda iniciar-se na densa e profunda reflexão metafísica deste grande pensador. Por meio desta, toma-se contato com noções essenciais de toda sua obra, como os conceitos que se referem ao mundo das ideias, o mundo real, em contraposição com o mundo sensível, mera aparência daquele. Platão mantém nesta obra o consagrado estilo literário do diálogo. Estes e inúmeros outros elementos fazem desta obra, uma das mais importantes da história do pensamento ocidental, tanto por sua originalidade, como pela perenidade de conceitos, no que se refere à concepção sobre o cosmos, e o homem enquanto ser político. CONHECIMENTO SEGUNDO PLATÃO: Para Platão, o conhecimento estava intimamente ligado à dialética socrática, que era totalmente contrária a retórica sofista, que se enquadrava em um relativismo moral não compactuado pelos socráticos. Na Carta Sétima da obra República, Platão vai introduzir o conceito de conhecimento. Para o filósofo o conhecimento deve ser dividido em sensível e inteligível, sendo que o conhecimento sensível seria responsável pela forma de adquirir propriamente o conhecimento verdadeiro (inteligível). O conhecimento sensível seria dividido, assim, em nome, definição e imagem (ou forma). O conhecimento inteligível seria a verdadeira essência das coisas e Platão exemplifica esta mudança do conhecimento sensível para o inteligível a partir do Mito da Caverna (livro VII da República). Nesta alegoria, Platão vai trabalhar com aquilo que enxergamos e acreditamos ser real (mundo sensível) e a verdade (mundo inteligível), que é representado nesta alegoria pela luz solar, que passa a ser a racionalidade e o conhecimento humano. TEXTO DE APOIO Platão e a sua concepção de política 3 Platão sempre foi apaixonado pela política, muitas vezes sua insistência em relação às suas ideias ocasionou-lhe problemas, sendo inclusive vendido como escravo após tentar convencer o rei da Sicília a adotar seu modelo político. De origem aristocrática, ressentido com a condenação de seu mestre Sócrates, Platão era descrente em relação à democracia. Para Platão, os homens comuns são vítima de um conhecimento que é apenas imperfeito, por que está baseado na pura “opinião”. Assim, esses homens, na medida em que são limitados deveriam ser dirigidos por homens sábios, mais capacitados e preparados, trata-se da “sofocracia” ou o “poder da sabedoria”. Essa concepção de poder restrito aos sábios liga-se em Platão com a ideia do “mito da caverna”. Trata-se de uma caverna onde estão acorrentados homens desde a sua infância, dispostos de tal forma que somente podem vislumbrar o fundo da caverna. À sua frente são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde existe uma fogueira. Essa é a realidade para esses homens. Platão afirma que se um desses homens conseguisse se libertar de seus grilhões e contemplar o mundo exterior, quando retornasse a caverna e relatasse o que havia visto, esses os veria como um louco, não lhe dando crédito. 3 � Retirado de http://imagohistoria.blogspot.com.br/2012/05/platao-e-sua-concepcao-de- politica.html. Acesso em 05/03/2014 http://imagohistoria.blogspot.com.br/2012/05/platao-e-sua-concepcao-de-politica.html http://imagohistoria.blogspot.com.br/2012/05/platao-e-sua-concepcao-de-politica.html A indagação de Platão diz respeito a real possibilidade de se influenciar os homens que não querem ver, e nesse âmbito caberia ao sábio ensinar e dirigir esses indivíduos. Platão vai imaginar uma cidade utópica – a sua Calípolis – que passa a ser o seu modelo de cidade ideal. Desta cidade utópica cabe destacar as seguintes características: O estado deveria se ocupar da educação das crianças. Criar-se-ia um sistema de eugenia para evitar casamentos entre pessoas desiguais. Instituições para a educação coletiva das crianças, sendo que a educação seria igual para todos até os 20 anos. A partir dos 20 anos seria feita uma “seleção” que dividiria as pessoas de acordo com suas aptidões. Os primeiros indivíduos selecionados seriam as “almas de bronze”, que teriam uma sensibilidade grosseira e deveriam se ocupar da agricultura, do artesanato e do comércio (as atividades de subsistência da polis). Os demais indivíduos continuariam seus estudos por mais dez anos, até que alguns seriam classificados na categoria “almas de prata”, que teriam a virtude da coragem, essencial para a prática da guerra. Esses ficariam responsáveis em resguardar a polis. Por fim restariam as “almas de ouro”, os mais notáveis e capacitados na arte de pensar e dialogar. Esses indivíduos se dedicariam a filosofia, e aos cinquenta anos, aqueles que passassem por uma série de provas estariam, enfim, habilitados para serem admitidos no governo da cidade. Para Platão, o fato de esses indivíduos serem extremamente sábios, os tornariam justos. Mais do que isso os sábios seriam os únicos conhecedores da “ciência política”, portanto, seriam aqueles mais habilitados para exercer essa arte, que tomaria forma na missão de “governar os outros indivíduos”. Assim para Platão a democracia é inapropriada na medida em que a grande maioria dos indivíduos não está preparada para governar, sendo que o estado deve ser governado por filósofos. Trata-se de uma aristocracia da inteligência, onde o poder é dos melhores, ou em outras palavras, dos mais sábios. Cabe lembrar, que para Platão caso a persuasão não seja suficiente, o rei filósofo pode fazer uso de instrumentos como a força e a censura para atingir seus objetivos. As formas de governo Com a sua utopia, Platão critica a política do seu tempo e recusa as formas de poder degeneradas que segundo eles são: A timocracia, quando o culto da virtude é substituído pela forma guerreira. A oligarquia, quando prevalece o gosto pelas riquezas, e o critério para o exercício do poder passa a ser o dinheiro. A democracia, que seria o governo dos mais pobres (cabe lembrar que para Platão os indivíduos não são iguais e uns são melhores que os outros). A demagogia (político que manipula e engana o povo) “o que conduz o povo” e que seria uma das formas da democracia. A democracia poderia levar ainda a tirania, a pior forma de governo, onde o poder é exercido por apenas um homem. O tirano é o oposto do “rei-filósofo”. ARISTÓTELES Aristóteles viveu entre 384 a. C. e 322 a. C. Nasceu em Estagira, na península Macedônica.O seu pai, Nicômaco, foi médico do rei Amintas, avô de Alexandre, o Grande, de quem foi tutor por três anos. Aristóteles foi o grande discípulo de Platão, com quem conviveu em Atenas. Platão lhe chamava de “inteligência ambulante”, por causa da sua capacidade intelectual e Aristóteles sempre afirmava que era amigo de Platão, mas que era mais amigo da verdade. O filósofo pautava a sua teoria do conhecimento na lógica. Esta lógica era representada metodologicamente pela teoria das quatro causas: A causa material: aquilo que a coisa é feita. (Princípio) A causa eficiente: aquilo que faz a coisa. (Causa) A causa formal: aquilo que a coisa vai ser. (Substrato) A causa final: aquilo para qual a coisa é feita. (Essência) Esta teoria acaba gerando os conceitos de ato e potência. Ou seja, Aristóteles acredita que todas as substâncias estão em constante movimento ou transformação e comprova a dialética. Segundo Aristóteles, só não se movimenta aquilo que está concluído e que atingiu a sua potência máxima (podemos afirmar aqui que o acabamento de algo é a perfeição). Em sua visão filosófica, apenas o mundo divino não estava em movimento, pois era perfeito e responsável pelo movimento nos dois outros mundos aristotélicos: o terrestre e o celeste. Diferentemente de Platão, Aristóteles não diferenciava o mundo sensível e o mundo inteligível. Para o filósofo macedônio, a origem das ideias se dava através de seis formas ou grau de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio e intuição. Todas as formas de conhecimento eram consideradas verdadeiras e válidas independentemente de partirem da observação ou da reflexão. Em outras palavras, enquanto Platão busca a verdade no mundo ideal, Aristóteles trabalha com o mundo real e prático. Para Aristóteles a filosofia é a totalidade do saber e tem como objetivo a própria filosofia, ou seja, o conhecimento, Por isso, a filosofia era uma ciência única, que não busca dialogar com outras ciências, que por sua vez, buscam na filosofia explicação para as suas teorias. Para Aristóteles a filosofia primeira ou a metafísica é responsável pelo princípio do conhecimento e pode ser interpretada de várias formas, já que o próprio filósofo foi modificando o seu conceito sobre o assunto durante a sua vida. Entretanto, a sua última definição ficou mais conhecida e é a mais utilizada diz que a metafísica é aquilo que não se movimenta, ou seja, o que já atingiu a sua máxima potência. Em outras palavras a metafísica ou filosofia primeira seria o divino. Já o objeto da metafísica seria as quatro causas descritas no início do texto e que podem ser resumidas como: princípio, causa, substrato e essência. As investigações filosóficas de Aristóteles deram origem a diversas áreas do conhecimento, como por exemplo, a física, a história natural, a biologia, a zoologia e a psicologia. Também resultou em conceitos de política e ética, entre outros. http://www.coladaweb.com/ Isto só foi possível com a utilização da dialética, uma vez que o filósofo buscava o conceito já existente sobre um assunto para buscar os seus erros e refutá-lo e criar conceitos. Para concluir, sobre a política e a ética aristotélica podemos afirmar que a política está unida a moral: Porque o fim último do Estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O Estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. 4 TEXTO DE APOIO: Aristóteles: a política, a ética e a cidade.5 Quais são os traços que, segundo Aristóteles, formam uma cidade? Eis aqui a questão de fundo que pretendemos desvendar. Talvez o tempo e o espaço nos sejam pequenos, mas tentaremos expor os principais elementos presentes no pensamento de Aristóteles. Já sabemos que a cidade é uma koinonia6 para Aristóteles, ou seja, é um lugar onde habita aquilo que se designa em grego como sendo o(rmh/. Vamos nos deter um pouco neste substantivo grego. A palavra geralmente é traduzida por impulso, mas também pode ser entendida por ataque, assalto. O importante neste caso é este substantivo grego se forma a partir do verbo o(rmaw ou ainda de o(rmai/nw. São dois verbos que na sua forma transitiva expressam a ideia de colocar em movimento, impelir, desencadear uma ação, pode ainda nos dar a ideia de algo que se agita no espírito em forma de meditação ou desejo. Em todo caso, aquilo que podemos compreender é que 4 MOURA, Paulo Sérgio: retirado de http://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/index.htm Acesso em 08/06/2013 5 � Texto do Prof. Dr. Joaquim José de Moraes Neto. Retirado de: www.uel.br. Acesso em 12/03/2014 6 � A expressão vem de koino/j ou seja: aquilo que é comum, público, é o contrário de i)/dioj (próprio, particular, separado, isolado). Segundo Chantraine (Dictionnaire étymologique de la langue grecque, ed. Klincksieck, Paris, 1968) o ático koinwni/a designa a comunidade, o companheiro, o companheiro que participa associado. http://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/index.htm http://www.uel.br/ o(rmh/ designa uma espécie de ação impetuosa e ardorosa no sentido de ser o primeiro passo em direção à realização de algo. É o impulso que leva os homens uns em direção aos outros. Este impulso caracteriza a koinonia aristotélica. A cidade, portanto, é uma comunidade que responde ao impulso natural da sociabilidade natural, tanto aos homens quanto a outros animais.7 [...] A satisfação das necessidades não é o único fim marcado no ser humano pela natureza. O homem liga-se a seus semelhantes não somente pelo interesse, mas também por prazer. O homem é o que há de mais agradável ao homem.8 Isto significa que para Aristóteles não podemos partir de um indivíduo separado e sim de um homem que já possui relações com outros homens. Portanto desde o início da organização comunitária, os homens experimentam as vantagens materiais e afetivas que é a companhia dos outros traz.9 A partir deste argumento podemos considerar que a comunidade organizada, inicialmente, é determinada por uma finalidade superior ao seu objetivo econômico. Nos deparamos com este tipo de argumento na Economia de Aristóteles (I, 1343 b) onde ele nos diz que o lar é o lugar onde apreciamos e gozamos a vida. Esta situação será denominada como o gozo dos esposos. Este gozo só é possível porque o casal está ligado tanto pela atração sexual e assistência recíproca, quanto pelas relações de justiça. O que cria ou gera o lar e a polis é o colocar em comum os valores úteis e justos da vida.10 [...] O modelo que detectamos em Aristóteles afasta-nos de uma concepção política onde os cidadãos vivem em estado de subordinação a uma autoridade. A cidade não é o Estado11, mas sim os cidadãos. Pertencer à polis é agir como cidadão com cidadãos. A 7 � É de se considerar que na História dos animais Aristóteles fala sobre o assunto. Resumindo poderíamos dizer que ele faz uma oposição entre dois tipos de animais: os gregários que vivem em rebanhos e os solitários. Os homens podem ser gregários e solitários. Estes dois tipos de animais podem ainda se dividirem entre aqueles que possuem uma vida social (politika) e aqueles que veem de modo esparso (sporadika). O que diferencia a vida social do simples gregarismo é a participação numa ação comum. O homem, no entanto é o único que pode chegar a uma forma perfeita e mais elevada da vida social, pois ele possuí vida política. 8 � Ética a Eudemo 1237a 28-29. 9 � VERGNIÈRES, S.; Éthique et politique chez Aristote, Pais, PUF, 1995. 10 � Política 1253 a 18. 11 Poucas palavras são tão frequentemente empregadas como o termo cidade, a consequência disto é a banalização semântica da palavra. J. Quartim de Moraes em seu livro Epícuro (ed. Moderna, SP, 1998) cidade como comunidade política é muito mais coisa comum do que ato comum. Ela, a cidade, se organiza em função das ações participativas de semelhantes que encontram uma justa proporção de interesses. Agir em conjunto como um bloco único não é expressão de cidadania. O ato institucional que origina a constituição e todo corpo jurídico que a constitui não é independente, ele só pode ser uma realidade quando é respeitado por ações cívicas e políticas que lhe dão estatuto de realidade. [...] Finalizando pode-se dizer que não se faz política sem ética. A afirmação pode parecer óbvia, mas se olharmos os subterfúgios e os subterrâneos do poder constataremos a necessidade de repensar a política nos dias de hoje. Política e cidade estão em relação constante, na medida que construímos e organizamos a vida social. A cidade não é uma forma natural ou biologicamente viva, tampouco é um artefato que construímos artificialmente através de contratos. Nós aprendemos com Aristóteles que a cidade é um ato que comprova um gênero de vida. Quando Aristóteles escreveu a História dos animais12 ele vislumbrava que a vida social ou política é uma maneira de viver e de agir em conjunto de certas espécies, mas não o advento de novos tipos de organização.13 Toda cidade deve ser solidamente organizada para que aí possa existir uma economia, uma política que sejam éticas e que se revertam para o bem comum em forma de educação, saúde, alimentação, moradia, segurança, etc. Enquanto os homens forem capazes de compreender isto eles poderão subsistirem juntos. EXERCÍCIOS 1. (Ufu 2015) Há um abismo imenso que separa esta escala de valores que Sócrates proclama com tanta evidência e a escala popular vigente entre os gregos e expressa na famosa canção báquica antiga: traz uma nota que esclarece o assunto. Diz ele que traduzir polis somente por estado no sentido único de comunidade de cidadãos não é correto. Polis tem um duplo sentido: societário enquanto significa comunidade de cidadãos e também estatal enquanto significa organização do poder e das relações políticas entre os cidadãos. “Era uma comunidade urbana detentora do poder político. Diz Quartin: “Traduzir somente por estado mutila o componente societário, explícito na fórmula koinonia politikê (comunidade política)...” 12 � Cf. 487 b 13 � VERGNIÈRES, S. op. cit. p. 161 O bem supremo do mortal é a saúde; O segundo, a formosura do corpo; O terceiro, uma fortuna adquirida sem mácula; O quarto, desfrutar entre amigos o esplendor da juventude. JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 1995, pp. 528-529. Responda: a) O que é o homem para Sócrates? b) Qual é a relação entre o que define o homem e a máxima délfica “Conhece-te a ti mesmo”? 2. (Uel 2015) Leia o diálogo a seguir. Glauco: – Que queres dizer com isso? Sócrates: – O seguinte: que me parece que há muito estamos a falar e a ouvir falar sobre o assunto, sem nos apercebermos de que era da justiça que de algum modo estávamos a tratar. Glauco: – Longo proémio – exclamou ele – para quem deseja escutar! Sócrates: – Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. PLATÃO. A República. 7.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p.185-186. Com base nesse fragmento, que aponta para o debate em torno do conceito de justiça na obra A República de Platão, explique como Platão compreende esse conceito. 3. (Pucpr 2015) Leia os enunciados abaixo a respeito do pensamento filosófico de Sócrates. I. O texto Apologia de Sócrates, cujo autor é Platão, apresenta a defesa de Sócrates diante das acusações dos atenienses, especialmente, os sofistas, entre os quais está Meleto. II. Sócrates dispensa a ironia como método para refutar as acusações e calúnias sofridas no processo de seu julgamento. III. Entre as acusações que Sócrates recebe está a de “corromper a juventude”. IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e terrenas, a não acreditar nos deuses e a tornar mais forte a razão mais débil. V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e resolutos e, em grande número, falam de forma persuasiva e persistente contra ele. Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas CORRETAS. a) II, IV e V. b) I, III e IV. c) I, III e V. d) II, III e V. e) I, II e III. 4. (Uea 2014) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. (Platão. O sofista, 1970. Adaptado.) É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos. b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores. c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos. d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus. e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano. 5. (Unicamp 2013) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 6. (Ufmg 2013) Em um trecho do diálogo Eutidemo, Sócrates conta a Críton como discutiu com Clínias a possibilidade de haver uma arte ou ciência que leve os homens à felicidade. Após descartar diversas artes, eles dedicaram-se a considerar a “arte política”, identificada por eles com a “arte real”, ou seja, com a arte do governo do rei. Todavia, o desdobramento do diálogo mostra que também essa “arte política” ou “real” não pode exercer a função de levar os homens à felicidade, porque sua ação não torna os homens melhores eticamente. Eles constatam, assim, que chegaram a um impasse na argumentação, isto é, uma aporia. A esse respeito, leia o fragmento: [SÓCRATES] Mas que ciência então? De que maneira a usaremos? Pois é preciso que ela não seja artíficede nenhuma das obras que não são nem boas nem más, mas sim que transmita nenhuma outra ciência a não ser ela própria. Devemos dizer então que <ciência> é esta afinal, e de que maneira a usaremos? Queres que digamos, Críton: é aquela com a qual faremos bons os outros homens? [CRÍTON] Perfeitamente. [SÓCRATES] Os quais serão bons em quê? e, em quê, úteis? Ou diremos que farão bons ainda outros, e esses outros <farão bons> outros? Mas em quê, afinal, são bons, não nos é claro de maneira nenhuma, já que precisamente desprezamos as obras que se diz serem da política [...]; e, é exatamente o que eu dizia, estamos igualmente carentes, ou ainda mais, no que se refere ao saber qual é afinal aquela ciência que nos fará felizes. [CRÍTON] Por Zeus, Sócrates! Chegastes a uma grande aporia, segundo parece. (PLATÃO, Eutidemo, 292d-e) EXPLIQUE por que, segundo Sócrates e Críton, a mesma arte não pode ser responsável por governar os homens e, simultaneamente, torná-los bons. 7. (Ufu 2013) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima. De acordo com a doutrina socrática, a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. 8. (Uel 2013) Leia o texto a seguir. Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando sobre as questões de amor [eros] discorria, e uma vez ela me perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse amor e desse desejo? A natureza mortal procura, na medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse amor acompanham. (Adaptado de: PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.38-39. Coleção Os Pensadores.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o amor em Platão, assinale a alternativa correta. a) A aspiração humana de procriação, inspirada por Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza física. b) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos e vulgares, uma vez que atende à mera satisfação dos apetites sensuais. c) O eros físico representa a vontade de conservação da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização por obras que perdurarão na memória. d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos deuses. e) Os seres humanos, como criação dos deuses, seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite eternidade. 9. (Unicentro 2012) Sobre o pensamento socrático, analise as afirmativas e marque com V, as verdadeiras e com F, as falsas. ( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco. ( ) O pensamento socrático está escrito em hebraico. ( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua filosofia. ( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo, por isso, conselheiro dos governantes de Atenas. ( ) Os diálogos platônicos são importantes textos filosóficos que relatam, na maioria, o pensamento de Sócrates. A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a a) F V F V V b) V F V V F c) F F V F V d) V F F F V e) F V V V F 10. (Uepa 2015) Leia o texto para responder à questão. Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente. (Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17) Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: a) oligarquia b) república c) democracia d) monarquia e) plutocracia 11. (Uel 2015) Leia os textos a seguir. A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição. Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p.457. O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado. Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203. Coleção “Os Pensadores”. Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova dimensão. e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. 12. (Unesp 2014) Texto 1 A verdade é esta: a cidade onde os que devem mandar são os menos apressados pela busca do poder é a mais bem governada e menos sujeita a revoltas, e aquela onde os chefes revelam disposições contrárias está ela mesma numa situação contrária. Certamente, no Estado bem governado só mandarão os que são verdadeiramente ricos, não de ouro, mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sábia. (Platão. A República, 2000. Adaptado.) Texto 2 Um príncipe prudente não pode e nem deve manter a palavra dada quando isso lhe é nocivo e quando aquilo que a determinou não mais exista. Fossem os homens todos bons, esse preceito seria mau. Mas, uma vez que são pérfidos e que não a manteriam a teu respeito, também não te vejas obrigado a cumpri-la para com eles. Nunca, aos príncipes, faltaram motivos para dissimular quebra da fé jurada. (Maquiavel. O Príncipe, 2000. Adaptado.) Comente as diferenças entre os dois textos no que se refere à necessidade de virtudes pessoais para o governante de um Estado. 13. (Enem 2014) No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. b) realidade inteligível por meio do método dialético. c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. d) essência das coisas sensíveis no intelectodivino. e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 14. (Uel 2014) A República de Platão consiste na busca racional de uma cidade ideal. Sua intenção é pensar a política para além do horizonte da decadência da cidade-Estado no século de Péricles. O esquema a seguir mostra como se organizam as classes, segundo essa proposta. Com base na obra de Platão e no esquema, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir. ( ) As três imagens do Bem na cidade justa de Platão, o Anel de Giges, a Imagem da Linha e a da Caverna, correspondem, respectivamente, à organização das três classes da República. ( ) Na cidade imaginária de Platão, em todas as classes se contestam a família nuclear e a propriedade privada, fatores indispensáveis à constituição de uma comunidade ideal. ( ) Na cidade platônica, é dever do filósofo supri-la materialmente com bens duráveis e alimentos, bem como ser responsável pela sua defesa. ( ) O conceito de justiça na cidade platônica estende-se do plano político à tripartição da alma, o que significa que há justiça na República mesmo havendo classes e diferenças entre elas. ( ) O filósofo, pertencente à classe dos magistrados, é aquele cuja tarefa consiste em apresentar a ideia do Bem e ordenar os diferentes elementos das classes, produzindo a sua harmonia. Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta. a) V – V – F – F – F. b) V – F – V – V – F. c) F – V – V – F – V. d) F – V – F – V – F. e) F – F – F – V – V. 15. (Uel 2013) Observe a charge a seguir. Após descrever a alegoria da caverna, na obra A República, Platão faz a seguinte afirmação: Com efeito, uma vez habituados, sereis mil vezes melhores do que os que lá estão e reconhecereis cada imagem, o que ela é e o que representa, devido a terdes contemplado a verdade relativa ao belo, ao justo e ao bom. E assim teremos uma cidade para nós e para vós, que é uma realidade, e não um sonho, como atualmente sucede na maioria delas, onde combatem por sombras uns com os outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande bem. (PLATÃO. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994. p.326.) a) Segundo a alegoria da caverna de Platão e com base nessa afirmação, explique o modelo político que configura a organização da cidade ideal. b) Compare a alegoria da caverna e a charge, e explicite o que representa, do ponto de vista político, a saída do homem da caverna e a contemplação do bem. 16. (Unesp 2013) Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira – fonte da luz de onde se projetam as sombras – e alguns homens que carregam objetos por cima de um muro, como num teatro de fantoches, e são desses objetos as sombras que se projetam no fundo da caverna e as vozes desses homens que os prisioneiros atribuem às sombras. Temos um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e não prestamos atenção ao projetor nem às caixas de som, mas percebemos o som como proveniente das figuras na tela. (Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001.) Explique o significado filosófico da Alegoria da Caverna de Platão, comentando sua importância para a distinção entre aparência e essência. 17. (Uem 2013) Uma das obras de Platão (428-347 a.C.) mais conhecidas é A República, na qual se encontra o mito da caverna “Platão imagina uma caverna onde pessoas estão acorrentadas desde a infância, de tal forma que, não podendo ver a entrada dela, apenas enxergam o seu fundo, no qual são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses indivíduos conseguisse se soltar das correntes para contemplar, à luz do dia, os verdadeiros objetos, ao regressar, relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.” (ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H. Filosofando: introdução à filosofia. 3.ª ed. revista. São Paulo: Moderna, 2003, p.121). Sobre a citação acima e o alcance epistemológico do mito da caverna, assinale o que for correto. 01) As imagens produzidas na caverna são sombras que podem ser confundidas com a realidade. 02) A todo aquele que sai da caverna é vetada a possibilidade de retorno. 04) A imagem da fogueira se contrapõe, fora da caverna, à presença do sol, responsável pela verdadeira luz. 08) Tal qual o mito da Esfinge, decifrado por Édipo, Platão descreve três estados da humanidade: infância, juventude e maturidade. 16) Tal qual o mundo sensível, ilusório e efêmero, as imagens da caverna possuem um grau ontológico deficitário ou duvidoso. 18. (Ufu 2013) [...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em relação ao primeiro, como em cada predicação [o objeto] se diz em relação àquele. Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002. De acordo com a ontologia aristotélica, a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência do particular, do que não é nem princípio, nem causa de nada. b) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é o “por acidente”, isto é, diz respeito ao que não é essencial. c) a substância é princípio e causa de todas as categorias, ou seja, do ser enquanto ser. d) a substância é princípio metafísico, tal como exposto por Platão em sua doutrina. 19. (Ueg 2013) O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente processo de racionalização da vida na cidade, em que o ser humano abandona a verdade revelada pela codificação mítica e passa a exigir uma explicação racional para a compreensão do mundo humano e do mundo natural. Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, destaca-se: a) a concepção política expressa em A República, de Platão, segundo a qual os mais fortes devem governar sob um regime político oligárquico. b) a criação de instituições universitárias como a Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles. c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos como legado a recusa de uma fé inabalável na razão humana e a crença de que sempre devemos acreditar nos sentimentos. d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas mediante a exigência de que, para cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um fundamento racional. 20. (Uel 2015) Leia o texto a seguir. É pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento). Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que indica, corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas primeiras. a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal. b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente. c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final. d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto a seguir é referência para a(s) próxima(s) questão(ões). “... não é fácil determinar de que maneira, e com quem e por que motivos, e por quanto tempo devemos encolerizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas que cedem e as chamamos de amáveis,mas às vezes louvamos aquelas que se encolerizam e as chamamos de viris. Entretanto, as pessoas que se desviam um pouco da excelência não são censuradas, quer o façam no sentido do mais, quer o façam no sentido do menos; censuramos apenas as pessoas que se desviam consideravelmente, pois estas não passarão despercebidas. Mas não é fácil determinar racionalmente até onde e em que medida uma pessoa pode desviar-se antes de tornar-se censurável (de fato, nada que é percebido pelos sentidos é fácil de definir); tais coisas dependem de circunstâncias específicas, e a decisão depende da percepção. Isto é bastante para determinar que a situação intermediária deve ser louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes devemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no sentido da falta, pois assim atingiremos mais facilmente o meio-termo e o que é certo.” Aristóteles. Ética a Nicômaco. Livro II. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 150 (Col. Os Pensadores). 21. (Ufpr 2015) Agir de modo virtuoso é, segundo Aristóteles, agir sempre do mesmo modo? Por quê? 22. (Uea 2014) A sabedoria do amo consiste no emprego que ele faz dos seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos, mas porque deles se serve. Esta sabedoria do amo nada tem, aliás, de muito grande ou de muito elevado; ela se reduz a saber mandar o que o escravo deve saber fazer. Também todos que a ela se podem furtar deixam os seus cuidados a um mordomo, e vão se entregar à política ou à filosofia. (Aristóteles. A política, s/d. Adaptado.) O filósofo Aristóteles dirigiu, na cidade grega de Atenas, entre 331 e 323 a.C., uma escola de filosofia chamada de Liceu. No excerto, Aristóteles considera que a escravidão a) é um empecilho ao florescimento da filosofia e da política democrática nas cidades da Grécia. b) permite ao cidadão afastar-se de obrigações econômicas e dedicar-se às atividades próprias dos homens livres. c) facilita a expansão militar das cidades gregas à medida que liberta os cidadãos dos trabalhos domésticos. d) é responsável pela decadência da cultura grega, pois os senhores preocupavam-se somente em dominar os escravos. e) promove a união dos cidadãos das diversas pólis gregas no sentido de garantir o controle dos escravos. 23. (Unisc 2013) O problema da mímesis em Platão e Aristóteles até hoje tem ressonância no mundo contemporâneo. Grande parte do público recusa a arte produzida na contemporaneidade por conta da estética platônica. Aristóteles liberta a arte dos limites determinados por Platão e afirma que a) a arte não tem como fim a verdade. b) a arte tem a ver com a catharsis, uma função social terapêutica. c) a arte é mimética, ou seja, apenas imita a aparência das coisas. d) Todas as alternativas estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 24. (Enem 2013) A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual a ascese pessoal. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 25. (Uem 2013) Na Metafísica, Aristóteles afirma: “O ser se diz de muitos modos, mas se diz em relação a um termo único e única natureza e não de modo equívoco. [...] uns são ditos ser porque são substâncias, outros porque são afecções de substâncias, outros porque são um caminho para a substância, ou destruições, privações, qualidades, causas produtivas ou geradoras para a substância ou do que é dito relativamente da substância, ou são negações de uma delas ou da substância; por esta razão dizemos inclusive que o não ser é não ser” (ARISTÓTELES, Metafísica, livro IV, cap. 2. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. Volume 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 33-34). A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Um ser pode ser a negação de uma substância. 02) Do ser pode-se gerar uma substância, sem que isso que a gerou seja necessariamente uma substância. 04) A substância é anterior e prioritária ao ser. 08) A substância é necessariamente um ser. 16) Uma das exigências da definição de ser é que ela seja unívoca. 26. (Unimontes 2013) Diante do desprezo dos pragmáticos de plantão, acenamos com a impossibilidade e a necessidade de reflexão filosófica. Com relação à filosofia, pode-se afirmar: a) A filosofia pressupõe constante disponibilidade para a indagação. Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude do filósofo é a admiração. b) A filosofia pressupõe constante disponibilidade para problematizar. Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude do filósofo é a loucura. c) A filosofia pressupõe constante disponibilidade para a indagação. Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude do filósofo é o sonho. d) A filosofia pressupõe constante disponibilidade para a indagação. Platão e Aristóteles disseram que a primeira virtude do filósofo é o destemor. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “Ademais, já que o termo ‘bem’ tem tantas acepções quanto ‘ser’ (...), obviamente ele não pode ser algo universal, presente em todos os casos e único, pois então ele não poderia ter sido predicado de todas as categorias, mas somente de uma. Além disto, já que há uma ciência única das coisas correspondentes a cada Forma, teria de haver uma única ciência de todos os bens; mas o fato é que há muitas ciências, mesmo das coisas compreendidas em uma categoria única — por exemplo, a da oportunidade, pois a oportunidade na guerra é estudada pela estratégia, e na doença pela medicina, e a moderação quanto aos alimentos é estudada na medicina e nos exercícios atléticos pela ciência da educação física. Poder-se-ia perguntar o que se quer dizer precisamente com ‘um homem em si’, se (e este é o caso) a noção de homem é a mesma e uma só em ‘um homem em si’ e em um determinado homem. Na verdade, enquanto eles são homens não diferem em coisa alguma, e sendo assim, o ‘bem em si’ e determinados bens não diferirão enquanto eles foram bons. Tampouco o ‘bem em si’ será melhor por ser eterno, porquanto aquilo que dura mais não é mais branco do que o efêmero.” (Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro I, § 6, 1096a-1096b) 27. (Ufpr 2013) Algumas linhas antes da passagem acima, Aristóteles emprega a palavra “relativo” para se referir ao que existe por derivação e acidente. Nesse sentido, defender a existência de “um homem em si” e de “um bem em si” é o mesmo que admitir que tanto homens quanto bens existiriam apenas como algo relativo? Por quê? 28. (Enem 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação? a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas. b) Privilegiando os sentidos esubordinando o conhecimento a eles. c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis. d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão. 29. (Enem PPL 2012) Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. 30. (Uncisal 2012) No contexto da Filosofia Clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concepções, que se opõem, mas não se excluem, são amplamente estudadas e debatidas devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica corretamente com suas concepções. a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo inteligível) se opõe radicalmente as concepções de caráter empírico defendidas por Platão. b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de conceitos transcendentais. c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do conhecimento sensível. d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios. e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do Inatismo. Gabarito: Resposta da questão 1: a) O homem para Sócrates é entendido como um ser dotado de uma alma, sendo que sua alma é o que lhe confere diferenciação entre todas as outras coisas. O corpo para Sócrates representa um instrumento pelo qual utilizamos para promover o enobrecimento desta alma, por meio de nossas ações, portanto deve possuir saúde e harmonia física e ser capaz de possuir condições para desempenhar funções na cidade que se revertam em condições materiais que garantam o seu sustento. A inteligência é o instrumento da alma e tem por finalidade promover condições para o homem aprimorar-se, a reflexão. Desta forma, o homem deve buscar ampliar seu conhecimento, controlar suas emoções, desenvolver suas potencialidades agindo por meio da conduta virtuosa. A reflexão realiza a união entre a reflexão e a ação virtuosa, com isto ocorre o aprimoramento moral que aperfeiçoa o caráter e enobrece a alma. b) Sócrates expõe em sua filosofia que o homem somente pode cuidar de si na medida em que conhece sua própria natureza. Para isto o homem deve buscar na ciência (conhecimento) a capacidade de refletir para poder desenvolver-se em plenitude. Uma vez posta em ação o conhecimento de si, o homem pode então partir para a ação refletida, ou seja, uma vez que o homem possui conhecimento de sua essência ele pode então melhorar sua vida através da ação virtuosa na qual ocorre a coerência entre a reflexão e a ação, produzindo um melhor estado de vida. Por meio do próprio conhecimento o homem é capaz de conhecer seu semelhante e com isto é capaz de agir corretamente no intuito de buscar a verdade em todas as ações que realiza. Com este autoconhecimento de si e dos outros, o homem pode atingir a verdadeira felicidade. Resposta da questão 2: A concepção de justiça em Platão está ligada a uma concepção idealista onde esta somente ocorre na cidade que educa seus cidadãos. Platão segue uma orientação ética na qual o foco reside no ensinamento do homem para que este despreze os prazeres, as riquezas e as honras. A finalidade do homem em Platão é procurar transcender a realidade, procurar um bem superior. Isto somente pode acontecer em um modelo ideal de cidade. A cidade de Calípolis descrita no livro da República representa um local no qual se torna possível dar a cada um aquilo que lhe é próprio. Este conceito assume uma postura central dentro da organização da república platônica. Existe baseado nesta teoria um sistema educacional a fim de orientar cada um segundo suas aptidões. Ou seja, para Platão cada cidadão deve oferecer o melhor de si para que a cidade prospere. Platão parte de uma concepção aristocrática, dividindo a sociedade em classes, guerreiros, comerciantes e administradores, para que cada um desempenhe seu papel de forma a guiar a cidade para a prosperidade e faze com que cada um encontre sua realização naquilo que lhe for próprio de sua natureza. Desta forma, a justiça é equilíbrio e não se limita apenas a restaurar o que lhe foi tirado, mas pelo contrário proporcionar condições para o desenvolvimento de cada cidadão. Resposta da questão 3: [B] No escrito Apologia de Sócrates, realizado por seus discípulos, pois este filósofo não deixou escritos próprios, encontramos um relato detalhado das acusações sofridas por ele, bem como os argumentos utilizados em sua defesa. Neste relato, o principal acusador de Sócrates é Meleto que o acusa de “corromper a juventude” e “desrespeitar os deuses” dizendo que estes em nada contribuem para a melhora da sociedade. Destaca-se no relato o método socrático que se fundamenta na: ”Ironia” que representa a capacidade de fingir-se de ignorante perante seu adversário a fim de por meio de perguntas e respostas fazer com que este se reconheça ignorante acerca do assunto que julga saber; e a “Maiêutica”, que busca conduzir de forma gradativa o indivíduo a encontrar respostas mais coerentes que o levam a descobrir a verdade. Os principais inimigos de Sócrates era os sofistas. Estes representam para os filósofos os “falsos mestres do saber”, pois não se preocupam com a busca pela verdade, (por considerarem isto impossível) e assim se dedicam principalmente para a arte da oratória. Portanto, vendem seu saber em toca de poder, benefícios e honrarias. Os itens II e V não condizem com o pensamento de Sócrates ou o modo como transcorreu a defesa empreendida contra aqueles que o acusavam. Resposta da questão 4: [A] Platão, influenciado fortemente por Sócrates, apresenta em seus diálogos a metodologia de seu mestre para empreender a busca da verdade. O método socrático constrói-se a partir de perguntas e respostas (dialética) que levam o interlocutor, que não possua conhecimento e coerência sobre o que está falando, a contradizer-se e acabar por revelar sua ignorância. A partir deste momento inicia-se outra construção que conduz o interlocutor a descobrir a verdade de forma gradativa e coerente. Este método que busca a construção da verdade por meio da contraposição de argumentos é conhecido como maiêutica. Resposta da questão 5: [A] Primeiramente, o ponto de partida da filosofia socrática não é a afirmação “sei que nada sei”, mas sim a palavra do oráculo de Delfos (dedicado a Apolo) que afirmou para Sócrates ser ele o homem mais sábio de todos. Sócrates não duvidou da palavrado Deus e partiu em busca da compreensão das palavras divinas. Interrogando outras pessoas, Sócrates percebeu que apesar de ele não possuir conhecimento sobre as coisas, possuía conhecimento sobre sua própria ignorância, algo que todos os outros homens não possuíam. A ignorância sobre o que significava a palavra divina o fez ir atrás do conhecimento sobre si mesmo. Resposta da questão 6: Segundo o enunciado da questão, a explicação para o fato de a arte de governar, ou a “arte política”, ou a “real”, não ser capaz de tornar os homens bons, ou levá-los à felicidade, decorre da ação política de não tornar os homens melhores eticamente. Todavia, a péssima transcrição do diálogo, que apresenta um recorte muito pouco elucidativo sobre a obra e não permite a compreensão do raciocínio ali desenvolvido, nos dá a entender que a questão geral é: “que ciência e modo de utilidade dessa ciência nos fará homens bons, homens felizes?”. Essa questão geral não é ética, mas sim apenas uma questão que poderá adquirir caráter ético se resolvermos sua problemática através de uma configuração racional dos hábitos dos indivíduos; ela poderá, também, adquirir um caráter político se resolvermos sua problemática através de uma configuração racional da cidade; e por aí vai. Resposta da questão 7: [A] É um tanto complicado dizer que Sócrates ministrava aulas com a finalidade de transmissão dos seus conhecimentos, pois como é sabido o filósofo se gabava de ser um parteiro de ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à consideração de que o conhecimento era do interlocutor e o seu trabalho consistia em fazer isto ser concebido. Esta afirmação: “a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia”, necessita de referência precisa, pois há uma mistura de termos antigos e modernos que cria um anacronismo inaceitável. Todavia, até onde conseguimos percebemos, a intenção da alternativa é ressaltar que os pré-socráticos mantinham pesquisas preocupadas com o conhecimento da natureza, enquanto Sócrates possuía como grande tema o conhecimento de si. Essa noção é parcialmente verdadeira, pois nem os pré-socráticos eram simplesmente preocupados com o “mundo objetivo”, nem Sócrates era simplesmente preocupado com o “mundo subjetivo”. A natureza, o cosmos, possui enorme importância para a filosofia desenvolvida por Platão; podemos observar isso na leitura da República (Livro VI, por exemplo). Resposta da questão 8: [C] O texto, traduzido como foi, dá a impressão que o amor (éros) é desejo e zelo, e a razão do amor está na busca da natureza mortal por ser imortal, na superação da aparência passageira do mundo sensível para a realidade eterna do mundo inteligível. Essa ânsia pela perduração no tempo é algo que participa da filosofia platônica de várias maneiras e de uma maneira especial, por exemplo, na consideração da formação do cidadão ser inspirada nas qualidades perenes de Deus (cf. As Leis). Resposta da questão 9: [C] A sequência correta está apresentada na alternativa [C]. Quem escreveu Ética a Nicômaco foi Aristóteles e não Sócrates. O pensamento socrático está escrito em grego, língua dos filósofos do período. Sócrates criticou sim o saber dogmático. Ele o fez através da sua prática de indagar as pessoas a respeito de suas certezas. Sendo assim, as afirmativas falsas são a primeira, a segunda e a quarta. Resposta da questão 10: [C] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Somente a proposição [C] está correta. A questão remete ao pensamento político de Platão. Este filósofo ateniense foi um grande crítico da democracia. Acreditava que a maioria não tinha condições de participar do debate político na ágora, pois estava vinculada ao mundo sensível, o mundo do corpo, da opinião, da doxa e não sabia o que era justiça. Platão defendeu a Sofocracia, isto é, o governo dos sábios, dos reis filósofos. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia] Na concepção platônica, a busca pelo conhecimento verdadeiro permeia todo seu sistema filosófico. Neste sistema, Platão estabelece que existem dois mundos, o mundo sensível (representa a matéria e as sensações ao qual estamos inseridos) e o mundo inteligível (representa as ideias, a razão). Neste sentido, para Platão somos ligados às sensações pessoais e isto nos conduzem ao erro pois não podemos confiar nelas. Somente podemos obter a verdade por meio do mundo da inteligível. Contudo, isto não é para qualquer um, somente para os filósofos, pois eles buscam o verdadeiro saber, assim estes sabem qual é o melhor caminho para a ampliação do conhecimento, por conseguinte, qual o melhor caminho para fazer com que todas as pessoas da cidade possam desenvolver seu pleno potencial. Assim, os filósofos são os únicos capazes de conhecer a verdade e devem decidir o destino da cidade, neste contexto a democracia é um empecilho, pois não produz um consenso absoluto, verdadeiro. Portanto, Platão estabelece uma severa crítica ao sistema democrático grego. O único sistema que corresponde às críticas estabelecidas por Platão é o descrito na alternativa [C]. Resposta da questão 11: [A] Platão defendeu a teoria de que o conhecimento verdadeiro se encontra no mundo inteligível (Mundo das Ideias), representado pelas ideias perfeitas que não sofrem a corrupção, captadas pelo pensamento. Neste mundo, as ideias estão organizadas hierarquicamente das mais elevadas a de menor perfeição, sendo o bem, o belo e o justo as ideias mais elevadas. Oposto ao Mundo das Ideias está o Mundo Sensível (Mundo da Matéria). Neste mundo residem os objetos que temos acesso, porém estes são cópias imperfeitas captadas pelos sentidos. Desta forma, qualquer representação das ideias ou da beleza são apenas imitações (mimesis) das coisas sensíveis e não das verdadeiras ideias. Assim, a arte é uma imitação inferior da perfeição das ideias, sendo considerada como uma mera ilusão para os sentidos. De forma diferente, embora Aristóteles concorde que a arte é imitação, isto não ocorre da mesma forma que Platão. Para este filósofo, a arte é uma imitação de coisas possíveis que não tem realidade, mas podem vir a ter. A mimesis é algo natural dos seres humanos, como forma de invenção da realidade. Portanto, a arte representa possibilidade de compreensão e conhecimento da realidade, servindo também como aprimoramento do ser humano na busca de sua realização moral, nas palavras do filósofo é uma “catarse” que por meio da educação dos sentidos conduz o ser humano ao equilíbrio. A alternativa [A] é a única que se enquadra nas teorias explicitadas. Resposta da questão 12: No texto 1 Platão desenvolve a tese de que cidade seria melhor administrada pelo “Filósofo Rei”, nesta teoria desenvolvida no livro “A República” o filósofo é o melhor administrador por ser aquele que possui conhecimento da “verdade” que se identifica com o Bom, o Bem e o Belo que residem no Mundo das Ideias. Ele (Filósofo Rei) seria o único capaz de guiar os habitantes da cidade na busca do melhor desenvolvimento de cada um segundo suas aptidões naturais, ou seja, o bem que reside dentro de cada indivíduo pode ser alcançado e permitir uma vida feliz a todos. A virtude do governante centra-se na busca da concretização do bem a todos os habitantes da cidade. Não sendo o filósofo guiado por interesses particulares, ele se torna o administrador ideal para a cidade. Já no texto 2, Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, desenvolve uma tese que rompe com lógica estabelecida entre ética e poder. Seu pressuposto de que os homens são maus, faz com que o príncipe deve buscar manter o poder mediante estratégias que não possuem ligação com o comportamento virtuoso. Elementos como virtú (entendida como impetuosidade, coragem) e fortuna (entendida como ventura, oportunidade), somado a um conhecimento da moralidade dos homens, são recursos que permitem ao governante agir de modo calculado,não objetivando o desenvolvimento de uma bondade natural nos homens como acredita Platão, mas tendo como foco a condução dos homens rumo a uma melhor condição de vida que não siga necessariamente o caminho da virtude enquanto retidão moral. Resposta da questão 13: [B] Platão é conhecido como um filósofo idealista. Segundo ele, a verdade encontra-se no mundo das ideias, e não no mundo material. O pensamento somente pode se aproximar das ideias através da dialética, que o purifica das crenças e opiniões. Resposta da questão 14: [E] Na República de Platão, a justiça é definida como um princípio segundo o qual a cidade opera com cada cidadão se ocupando de uma tarefa, aquela para a qual é mais bem dotado por natureza. Ou seja, a justiça é um princípio ordenador que garante para cada cidadão a sua melhor posição na cidade permitindo todos os indivíduos se desenvolverem de acordo com a sua natureza. A grande dificuldade dessa definição platônica de justiça está em descobrir o que é natureza, qual a natureza de cada indivíduo, e como cada indivíduo se desenvolve em conformidade com ela. Não será por motivo distinto que o filósofo irá elaborar na República uma explicação sobre a dialética, ou seja, sobre o método através do qual conhecemos as coisas, inclusive a natureza. A ciência política em Platão é, em última instância, uma ciência da natureza. Resposta da questão 15: a) Platão dedica a obra República para criar a cidade ideal, isto a fim de demonstrar o que é a justiça e se a vida justa é mais feliz que a injusta. O filósofo rejeita as cidades existentes como modelos de cidades justas, pois as aparências não são suficientes para definir o que algo é em si mesmo. Então, para vislumbrar o que é a justiça, antes necessitamos enxergar o conceito de maneira ampliada, isto é, na cidade ideal e depois de maneira diminuta na alma do indivíduo. A cidade justa de Platão contempla trabalhadores, soldados e governantes realizando as funções para as quais estão mais aptos naturalmente. E assim como na cidade platônica é o filósofo quem governa, no indivíduo é a razão que o guia. b) Na charge os personagens estão presos por correntes ao televisor, na alegoria os homens estão presos à caverna. Assim como na TV a realidade é forjada pelos programas, a realidade era forjada dentro da caverna por alguns homens livres dos grilhões. Os homens nos dois casos, as sombras são tidas como verdadeiras, porém quando libertos, eles passam a enxergar a realidade mesma. Essa saída indica a possibilidade de autonomia. No âmbito político, representa a possibilidade do exercício do governo à luz da justiça e o afastamento das formas de dominação. Resposta da questão 16: A Alegoria da Caverna quer dizer, utilizando uma imagem fictícia, como era a realidade da cidade de Atenas ou de todas as cidades. Tal realidade é que os homens vivem suas vidas encantados com imagens, ou seja, eles vivem suas vidas encantados com aquilo que mantém apenas a aparência da realidade. Não apenas o homem está nessa situação de enfeitiçado, porém ele também está preso impedido de chacoalhar para fora dessa situação. O filósofo é quem consegue se livrar do feitiço e depois quebrar os grilhões que o impedem de sair desse estado. É fundamental, segundo a alegoria, realizar esse movimento para fora da caverna para conceber que a aparência explicitada pelas imagens não revela muito sobre a verdade descoberta sob a luz existente fora da caverna. A aparência é apenas um simulacro produzido na caverna, a essência é uma descoberta feita livre do confinamento neste antro que os homens vivem, chamado “cidade”. Resposta da questão 17: 01 + 04 + 16 = 21. Primeiramente, a realidade não é confundida com as sombras na caverna, pois, segundo a alegoria (alegoria e não mito) elaborada por Platão, aqueles que estão dentro da caverna nunca tiveram experiência do real e, portanto, nunca poderiam confundir as imagens com a realidade. O correto é que as pessoas dentro da caverna tomam simplesmente a imagem como real, ou seja, elas são totalmente passivas nesse processo. Segundamente, Platão na “Alegoria da Caverna” aponta para a saída da cidade, isto é, para o movimento que o filósofo faz ao questionar as opiniões irrefletidas mantidas pelos cidadãos e em geral pela cidade. Esse movimento do filósofo leva-o para um lugar que não é uma caverna, e sim um cosmopolitismo. De modo que a educação filosófica é uma educação para o mundo, e não para as opiniões circunscritas a um antro. A educação, portanto, deve afastar a alma do cidadão das controversas opiniões baseadas em imitações distorcidas da realidade. Resposta da questão 18: [C] Em Categorias, Aristóteles concebe a substância apenas como indivíduos e define distinções lógicas importantes entre tipos de atributos que se referem a estas substâncias, já em Metafísica, o filósofo engendra uma análise fundante sobre a substância mesma e a posiciona diferentemente como um complexo de matéria e forma. De maneira geral podemos tomar a substância como o ser dito de várias maneiras: 1) ela é o princípio da realidade e do conhecimento, 2) é a causa por excelência sendo em todos os sentidos causa formal, material, eficiente e final, 3) é o suporte de propriedades essenciais e 4) é a essência, ou seja, aquilo sem o qual a coisa deixa de ser o que é. Resposta da questão 19: [D] No período em questão, as cidades passam a se organizar de uma maneira distinta, livrando-se de uma centralização na figura de um rei (anax) e estabelecendo a figura de vários líderes (basileus). Nesta nova ordem, o rei não é capaz de dar a ordem para ser obedecido incondicionalmente e os vários líderes devem ser convencidos da ação necessária pela racionalidade do argumento, e não pela coerção. Essa necessidade de argumentar racionaliza os procedimentos deliberativos da cidade e acabam por estabelecer uma ordem na qual a tradição passa a ser afastada de pouco em pouco por sua inaptidão em atender problemas de ordem prática com eficiência. Resposta da questão 20: [C] A teoria do conhecimento em Aristóteles busca explicar a mutabilidade da realidade. Para este filósofo, para que se desenvolva um conhecimento verdadeiro, deve-se compreender as etapas que constituem a realidade, objetivando com isto, compreender o processo como um todo. Os conceitos desenvolvidos por ele buscam conhecer a mutabilidade da realidade através da potencialidade (potência), a capacidade para se transformar em um determinado objeto e o processo de transformação (ato), a realização da transformação. Soma-se a isto a relação estabelecida pelo filósofo entre matéria e forma. Assim, quanto maior for a compreensão da relação entre ato e potência e matéria e forma, maior será a compreensão da verdade. No livro “Metafísica” para ele descreve a teoria das 4 causas como sendo: causa material - do que a coisa é feita; causa eficiente - aquilo que produz a coisa; causa formal - a forma, os contornos, a aparência, aquilo que a coisa vai ser; e causa final - a finalidade, aquilo para o qual a coisa é feita. Resposta da questão 21: O agir para Aristóteles não está limitado a um único modo, pois as circunstâncias variam e fazem com que a ação que se deva tomar também varie. Contudo, isto não quer dizer que devemos agir de qualquer modo, pelo contrário, para agir de forma virtuosa o indivíduo deve ter uma consciência livre com base em uma moral que não varie. Conforme as práticas habituais do indivíduo sejam pautadas pela retidão moral de suas ações, sua deliberação irá naturalmente guiá-lo em suas decisões. O pressuposto para que tal comportamento se efetive é primeiramente a disposição para conhecer e refletir seguido pela prática da virtude. Desta forma, as ações podem variar, porém o princípio que as orienta se mantém. Resposta da questão 22: [B] Aristóteles era pertencente à aristocracia e com isto defendia um sistema de pensamento que
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