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Homologação de sentença estrangeira

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Homologação de sentença estrangeira 
Benigno Núñez Novo 
 
A homologação de sentença estrangeira é um procedimento judicial 
que tem o objetivo de dar executoriedade interna e externa a sentenças 
proferidas em outro país. 
No Brasil, a competência para a homologação de sentença estrangeira 
é do Superior Tribunal de Justiça, art.475, N, VI CPC (e o art. 483 CPC. De 
acordo com o que estabelece o artigo 105, I, i, da Constituição Federal, com as 
modificações decorrentes da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, passa-se 
a ser de competência do STJ. O artigo 15 da Lei de introdução ao Código Civil 
lista os requisitos necessários para que a sentença estrangeira seja 
homologada: 
 haver sido proferida por juiz competente; 
 terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificada à revelia; 
 ter transitada em julgado e estar revestida das formalidades necessárias 
para a execução no lugar em que foi proferida; 
 estar traduzida por tradutor juramentado; 
 ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. 
O artigo 15, parágrafo único, da Lei de Introdução as Normas do Direito 
Brasileiro, foi expressamente revogado pela Lei 12.036/2009. Seu antigo 
conteúdo mencionava que "não dependem de homologação as sentenças 
meramente declaratórias do estado das pessoas". 
Há teorias que explicam, ou tentam explicar os argumentos e regimes 
pelos quais passam as "sentenças" a serem homologadas: 
SISTEMA DA REVISÃO DO MÉRITO DA SENTENÇA 
Julga-se novamente a causa que inspirou a "sentença" como se essa 
não existisse, ensejando até nova produção de provas, reanalisando as 
preexistentes, somente após a decisão estrangeira poderá ou não ser 
ratificada. 
Esse método é mais complexo, moroso, todavia, torna o direito 
estrangeiro aplicado no exterior mais justo frente à jurisdição interna do país 
homologador; criando, inclusive, jurisprudência para resolução de novas 
demandas relativas a tais Estados. 
SISTEMA PARCIAL DE REVISÃO DO MÉRITO 
Sistema imposto com o fim de analisar a aplicação da lei do país em 
que irá ser executada a sentença. Ainda nesse sistema, o que se busca 
distinguir é se há a possibilidade de aplicação da lei embasadora da sentença 
estrangeira no Estado, em cujo território a sentença estrangeira irá produzir 
efeitos. 
SISTEMA DE RECIPROCIDADE DIPLOMÁTICA 
Utilizam-se os tratados como base. Não havendo tratado entre os 
Estados, sequer será possível a homologação. 
SISTEMA DE RECIPROCIDADE DE FATO 
Nesse sistema, a homologação só é possível se ambos os Estados 
envolvidos na relação protegerem os mesmos institutos; e.g., o casamento 
entre indivíduos do mesmo sexo é admitido na Holanda. Na hipótese de um 
casal de holandeses passar a residir em Portugal, e querer legalizar, neste 
país, sua união, será necessário que a autoridade lusitana competente 
homologue o ato judicial proferido pelo Poder Público holandês. Para tanto, 
seria necessário que o ordenamento jurídico português previsse o referido 
instituto jurídico. 
 
PROCESSO DA DELIBAÇÃO 
Neste sistema, não é sequer aferido o mérito da sentença. Examinam-
se, singularmente, as formalidades da sentença a luz de princípios 
fundamentais para se considerar justo um processo, tais como: respeito ao 
contraditório e a ampla defesa, legalidade dos atos processuais, respeito aos 
direitos fundamentais humanos, adequação aos bons costumes. Foi sempre 
consagrado pela Itália e é adotado pelo Brasil. 
Delibar significa saborear, passar com os lábios, ou seja, o STJ 
somente observa os requisitos formais do processo e não se aprofunda ao 
mérito. 
É um processo que visa a conferir eficácia a um ato judicial estrangeiro. 
Qualquer provimento, inclusive não judicial, proveniente de uma autoridade 
estrangeira, só terá eficácia no Brasil após sua homologação pelo Superior 
Tribunal de Justiça (art. 216-B do Regimento Interno do Superior Tribunal de 
Justiça). 
O direito estrangeiro é aplicado de maneira direta e indireta. 
DIRETA 
O processo a ser observado é sempre o da lex fori, ou seja, as regras 
processuais da lei nacional. 
Quanto as provas, os tribunais brasileiros não aceitam prova que sua 
lei desconheça. 
O processo tem a devida tramitação perante o juiz do foro. 
A primeira tarefa do juiz é identificar o elemento de conexão. 
Conhecido este saberá, consequentemente, qual a lei a ser aplicada ao caso 
sob exame, ou seja, se a nacional ou a estrangeira. 
Em se tratando de lei estrangeira, passará à qualificação. 
Distinguida a instituição estrangeira e, em havendo identidade desta 
com uma do nosso sistema jurídico, o juiz investiga o conflito da lei com a 
ordem pública. 
O trabalho subsequente é interpretação que deve estar dentro dos 
critérios previstos pelo direito pátrio. 
Se conflitando com a ordem pública, não há mais o que fazer, a lei 
estrangeira não será adaptada. 
Não sendo a instituição, cuja aplicação é prevista, conhecida, só 
restará ao juiz, através do mérito comparativo, buscar uma outra do direito 
interno semelhante. 
INDIRETA 
Nesta, a sentença é proferida por juiz estrangeiro. 
Apenas a execução será no país homologador, ou seja, seus efeitos 
agirão no Estado homologador. 
Somente após ser homologada pelo referido país mediante seu 
organismo competente para tal (no Brasil o STJ), será executada a sentença 
nos termos previstos. 
DOCUMENTOS ESTRANGEIROS 
Embora as sentenças estrangeiras possam ser homologadas, seus 
demais atos produzidos não o são, e mais, precisam também passar pelo crivo 
da pessoa competente no direito interno do país a que se destinam os efeitos 
do ato ou demais decisões (oitiva de testemunhas, depoimentos pessoais, 
extradição...), ou seja, qualquer ato de jurisdição externa para ter efeito no 
Brasil é feito através de carta rogatória. 
Inspirado pelo modelo italiano, o Brasil adotou o sistema da delibação 
moderada. Além da verificação dos requisitos formais e da potencial ofensa à 
soberania nacional ou aos bons costumes, há o principal exame, referente à 
observância da ordem pública. Para a verificação da ofensa ou não aos 
mencionados requisitos e, especialmente, de possível contrariedade à ordem 
pública, o mérito da questão é considerado de maneira superficial, de modo a 
analisar a adequação do ato estrangeiro em si, do seu conteúdo e da forma 
como foi produzido na jurisdição estrangeira. 
Atualmente, é atribuição do Presidente do STJ homologar sentenças 
estrangeiras e conceder exequatur às cartas rogatórias. Porém, havendo 
contestação, o processo será submetido a julgamento da Corte Especial do 
STJ e distribuído a um dos Ministros que a compõem (Arts. 216-A e 216-O, do 
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça). 
Até 2004, esse processo era da competência do Supremo Tribunal 
Federal. Após a Emenda Constitucional n. 45/2004, o Superior Tribunal de 
Justiça passou a ter a competência para processar e julgar os feitos relativos à 
homologação de sentença estrangeira e à concessão de exequatur às cartas 
rogatórias. 
No Brasil a carta rogatória para ser cumprida tem de receber o 
exequatur do superior Tribunal de Justiça, recebendo-o a carta será cumprida 
no juízo federal de primeira instância. 
A legislação interna do Estado estrangeiro onde se deseje a 
homologação da sentença proferida no Brasil determinará o procedimento para 
a homologação de sentenças oriundas de autoridades brasileiras. Via de regra, 
será necessário requerer a homologação junto a um tribunal ou corte 
estrangeira. Vide o item 7, a seguir, onde constam as regras observadas pelo 
Brasil em casos semelhantes e que, geralmente, também são levadas em 
conta pelos outros países. 
Outra forma de solicitar, no exterior, a homologação de sentenças 
brasileiras em matéria civil,é formular o pedido por meio de carta rogatória, 
desde que exista tratado prevendo tal procedimento. Até o momento, é 
possível realizar pedidos da natureza com base nos tratados bilaterais com a 
Espanha, a França e a Itália, bem como para Argentina, Bolívia, Chile, 
Paraguai e Uruguai, com base no Acordo de Cooperação e Assistência 
Jurisdicional em Matéria Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os 
Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile. 
 
SENTENÇAS PASSÍVEIS DE HOMOLOGAÇÃO 
Embora a lei brasileira fale em sentença, a leitura já está superada, 
visto que é homologável, para exemplificar, acórdão, sentença de natureza 
cível, comercial, criminal, trabalhista...; decretos de reis, prefeitos, parlamento, 
assim como resoluções em processos arbitrais contanto que estejam 
revestidos das formalidades legais para que surtam efeito em seu país de 
origem. 
O procedimento de homologação de uma sentença estrangeira segue o 
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. Assim, a homologação 
deve ser requerida necessariamente por um advogado mediante petição 
endereçada ao Ministro Presidente do STJ e protocolada na Coordenadoria de 
Processos Originários. 
Caso contenha todas as peças processuais e não haja contestação, o 
tempo médio de tramitação será de 2 meses. O provimento final será uma 
decisão, homologando ou não a sentença estrangeira. Se homologada, o 
advogado deverá proceder à sua execução que, no caso, se dará pela extração 
da Carta de Sentença. 
Após transitada em julgado a decisão que homologar a sentença 
estrangeira, cumpre ao interessado requerer, independente de petição, a 
extração da “Carta de Sentença” (Art. 216-N do Regimento Interno do Superior 
Tribunal de Justiça). Trata-se de um documento expedido pela Coordenadoria 
de Execução Judicial mediante o pagamento de uma taxa. 
De posse da Carta de Sentença, o advogado poderá proceder à 
execução da sentença estrangeira na Justiça Federal competente. 
As fontes de direito processual internacional são basicamente normas 
internas. No Brasil podemos citar a Constituição Federal, a Lei de Introdução 
ao Código Civil, o Código de Processo Civil, o Regimento Interno do Superior 
Tribunal de Justiça e outras leis processuais esparsas. 
Existem também normas provenientes de tratados internacionais 
multilaterais e bilaterais. No âmbito do Mercosul, foi firmado o "Protocolo de 
Las Leñas" - de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, 
Comercial, Trabalhista e Administrativa, concluído pelos governos da 
Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, em 27 de junho de 1992, 
promulgado pelo Decreto nº. 2.067, de 12 de novembro de 1996, publicado no 
DOU de 13.11.96 
De acordo com o art. 18 do Protocolo, as suas disposições são 
aplicáveis ao reconhecimento e à execução das sentenças e dos laudos 
arbitrais pronunciados nas jurisdições dos Estados Partes em matéria civil, 
comercial, trabalhista e administrativa, e serão igualmente aplicáveis às 
sentenças em matéria de reparação de danos e restituição de bens 
pronunciadas na esfera penal. 
Ainda de acordo com o art. 19, determina o protocolo que o pedido de 
reconhecimento e execução de sentenças e de laudos arbitrais por parte das 
autoridades jurisdicionais será tramitado por via de cartas rogatórias e por 
intermédio da Autoridade Central." 
Assim, há que prevalecer o entendimento no sentido de que a 
homologação de sentença estrangeira proveniente do Mercosul tem 
procedimento facilitado, o que, entretanto, não elide a necessidade de 
procedimento próprio perante o Superior Tribunal de Justiça. 
Nesse sentido o trecho a seguir transcrito, de decisão do STF, na Carta 
Rogatória n. 7618 da República da Argentina: 
 O Protocolo de Las Leñas (“Protocolo de Cooperação e Assistência 
Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista, Administrativa” entre os 
países do Mercosul) não afetou a exigência de que qualquer sentença 
estrangeira – à qual é de equiparar-se a decisão interlocutória concessiva de 
medida cautelar – para tornar-se exequível no Brasil, há de ser previamente 
submetida à homologação do Supremo Tribunal Federal, o que obsta a 
admissão de seu reconhecimento incidente, no foro brasileiro, pelo juízo a que 
se requeira a execução; inovou, entretanto, a convenção internacional referida, 
ao prescrever, no art. 19, que a homologação (dita reconhecimento) de 
sentença provinda dos Estados partes se faça mediante rogatória, o que 
importa admitir a iniciativa da autoridade judiciária competente do foro de 
origem e que o exequatur se defira independentemente da citação do 
requerido, sem prejuízo da posterior manifestação do requerido, por meio de 
agravo à decisão concessiva ou de embargos ao seu cumprimento (CR-AgR 
7613 / AT – ARGENTINA AG.REG.NA CARTA ROGATÓRIA Relator(a): Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 03/04/1997 Órgão Julgador: Tribunal 
Pleno.) 
Uma sentença penal estrangeira, assim como as sentenças penais em 
geral, poderá ser reconhecida pelo STJ de acordo com a processualística 
prevista para a chamada homologação de sentenças estrangeiras no Brasil. 
Entretanto, devido às especificidades das sentenças penais estrangeiras, isto 
não seria possível para qualquer sentença penal estrangeira. Por exigência do 
artigo 9º do Código Penal, somente na hipótese de homologação para 
reparação civil ex delicto ou para aplicação de medida de segurança no Brasil 
caberia o reconhecimento. E desde que atendidas as condições previstas no 
citado artigo. 
O processo de execução das sentenças estrangeiras no Brasil é 
apenas empreendido após prévia homologação efetivada no âmbito do 
Superior Tribunal de Justiça. 
A homologação não analisa o mérito da sentença estrangeira, ela 
apenas analisa os requisitos previstos no art. 5º da resolução 9/2005 e os 
limites estabelecidos no art. 17 do decreto-lei 4.657/1942. 
Tal exigência não é excluída pelo Protocolo de Las Leñas em relação 
às sentenças proferidas nos demais países do Mercosul, mas em razão do 
citado protocolo é formulado um processo simplificado, idêntico ao das cartas 
rogatórias, para que tais decisões possam ser cumpridas dentro do nosso país. 
 
REFERÊNCIAS: 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual 
Civil. 50 ed. Rio de Janeiro: Forense,2009. Pág.685. 
MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Código de Processo Civil 
Interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 8 ed. Barueri, SP: 
Manole, 2009. Pág. 611. 
Vicente Greco Filho. Direito Processual Civil Brasileiro. v.2, p.375-
376.

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