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Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional

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Direito Internacional
Público e Privado
Regras de conexão e de jurisdição internacional
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Profa Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
5
• Aplicação do Direito Estrangeiro
• Regras de Conexão
• O Estatuto Pessoal
Nesta Unidade vamos conhecer dois importantes assuntos: as regras de conexão e a jurisdição 
internacional.
Leia o conteúdo teórico, assista à nossa videoaula e participe de todas as atividades, pois 
tudo isso contribuirá para que você possa ter uma perfeita compreensão desta Unidade.
 · Nesta unidade iremos discutir questões referentes às regras de 
conexão e de jurisdição internacional, um dos pontos mais 
importantes de nossa disciplina.
Regras de conexão e de jurisdição 
internacional
• Reenvio
• Jurisdição e Competência Internacional
• Cooperação Judiciária Internacional
6
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Contextualização
Famílias Multinacionais
Nas primeiras décadas no Século XX era muito comum o 
casamento entre brasileiros e estrangeiros, contudo essa situação 
foi se tornando cada vez mais incomum, particularmente em razão 
do encerramento do ciclo imigratório que se iniciou no Século XIX.
Contudo, na década de 1980, muitos brasileiros resolveram 
seguir para outros países em busca de melhores condições de 
emprego. Muitos daqueles que estavam no exterior acabaram se 
casando com estrangeiros e outros com brasileiros que também 
fizeram a mesma jornada.
Com o retorno desses casais ao nosso país, ocorreu a necessidade de regularizar, perante o 
Direito brasileiro, diversas dessas situações e outras que delas decorreram, tais como divórcios, 
guarda de filhos, a sucessão de bens em razão da morte de um dos cônjuges etc.
Nesses casos, surge a necessidade de se saber qual é a legislação a ser aplicada e se o 
processo pode ser proposto em nosso país.
Essas são algumas das situações que veremos em nossa aula.
7
1 Aplicação do Direito Estrangeiro
Inicialmente, devemos destacar que o Direito Internacional Privado tem por objetivo maior 
estabelecer, em razão do elemento de conexão, as regras e os princípios para a extraterritorialidade 
da lei, razão pela qual ele irá definir, em diversas situações, se a legislação a ser aplicada em 
determinada relação jurídica é a legislação nacional ou a estrangeira.
Nas situações em que as regras e princípios de Direito Internacional Privado determinarem 
a aplicação do direito estrangeiro, caberá ao juiz apurar a sua existência, seu conteúdo e sua 
vigência. Contudo ele poderá determinar que essa tarefa seja realizada pela parte que alegar a 
necessidade de aplicação dessa norma - artigo 337 do Código de Processo Civil. 
Para a prova da existência e validade do direito estrangeiro pode ser utilizada a forma 
apresentada pelo Código de Bustamante em seus artigos 408 a 411.
Código de Processo Civil
Art. 337 - A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro 
ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o 
determinar o juiz.
Código de Bustamante
REGRAS ESPECIAIS SOBRE A PROVA DE LEIS ESTRANGEIRAS
Art. 408. Os juízes e tribunais de cada Estado contratante aplicarão 
de ofício, quando for o caso, as leis dos demais, sem prejuízo dos meios 
probatórios a que este capítulo se refere.
Art. 409. A parte que invoque a aplicação do direito de qualquer Estado 
contratante em um dos outros, ou dela divirja, poderá justificar o texto 
legal, sua vigência e sentido mediante certidão, devidamente legalizada, 
de dois advogados em exercício no país de cuja legislação se trate.
Art. 410. Na falta de prova ou se, por qualquer motivo, o juiz ou o 
tribunal a julgar insuficiente, um ou outro poderá solicitar de ofício pela 
via diplomática, antes de decidir, que o Estado, de cuja legislação se 
trate, forneça um relatório sobre o texto, vigência e sentido do direito 
aplicável.
Art. 411. Cada Estado contratante se obriga a ministrar aos outros, 
no mais breve prazo possível, a informação a que o artigo anterior se 
refere e que deverá proceder de seu mais alto tribunal, ou de qualquer 
de suas câmaras ou seções, ou da procuradoria-geral ou da Secretaria ou 
Ministério da Justiça.
8
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Uma vez estabelecida a incidência do direito estrangeiro, essa aplicação é obrigatória, não 
havendo para o juiz a faculdade de optar por ele ou pelo direito nacional. 
Essa impossibilidade de escolha decorre, em especial, das normas internas de Direito 
Internacional Privado, tal como a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) . 
Dessa norma pode ser destacado seu artigo 7º, cuja redação é a seguinte:
Observe que a norma é taxativa, ou seja, ela não cria uma possibilidade de utilização da lei 
nacional ou estrangeira, mas sim determina qual delas será aplicada no caso concreto.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 7º A lei do país em que for domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, 
o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada 
a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às 
formalidades da celebração.
[...]
2 Regras de Conexão
O método de aplicação do Direito Internacional Privado baseia-se na qualificação da situação 
ou relação jurídica; em seguida, realiza-se a identificação de sua sede jurídica e, ao final, ocorre 
a determinação do direito vigente nessa sede.
Dessa forma, na primeira etapa, devemos realizar a caracterização jurídica do ato ou situação 
que está sendo apreciada, sendo que, aqui, podemos ter a seguinte classificação:
CARACTERIZAÇÃO 
JURÍDICA
ESTADO OU CAPACIDADE DA PESSOA
SITUAÇÃO DE UM BEM
ATO OU FATO JURÍDICO
9
 Vejamos um exemplo de cada uma dessas situações:
1º exemplo: João, um angolano de 19 anos de idade, é domiciliado no Brasil e, aqui, deseja 
adquirir um automóvel. Em nosso país, o Código Civil estabelece que a plena capacidade civil 
é adquirida aos 18 anos, porém, em Angola, pode essa idade ser outra: vamos supor que lá 
somente aos 21 anos é adquirida essa capacidade. Diante desse problema, ele poderá adquirir 
o veículo sem estar assistido por seus pais?
2º exemplo: José, um brasileiro domiciliado em Portugal, realiza, naquele país, a venda 
de um terreno situado em Belo Horizonte para Joaquim, um português domiciliado na França. 
Nesse caso, deverão ser seguidas as formalidades estabelecidas pela lei brasileira, portuguesa 
ou francesa?
3º exemplo: Antônio, um brasileiro domiciliado em Brasília, está viajando pela Argentina. 
Em um passeio por Buenos Aires, acaba por perder um relógio de pouco valor material, mas 
de muito valor afetivo. Para tentar rever seu relógio, oferece uma recompensa, e, dias depois, 
um funcionário do hotel em que está hospedado (um peruano chamado Juan) encontra o bem 
e o restitui para o legítimo proprietário. Como o relógio foi achado no hotel, Antônio julga que 
não precisa fazer o pagamento da recompensa ao funcionário, contudo Juan quer receber o 
valor oferecido como recompensa. Nesse caso, para resolver o problema, devemos aplicar a lei 
brasileira, argentina ou peruana?
Considerando cada uma dessas categorias, devemos localizar a sua sede jurídica. 
Dessa forma:
 A localização da sede jurídica implica na identificação do elemento de conexão, do qual 
decorre a regra de conexão do Direito Internacional Privado.
ESTADO OU CAPACIDADE DA PESSOA
SITUAÇÃO DE UM BEM
ATO OU FATO JURÍDICO
NO PAÍS DE SUA NACIONALIDADE OU DE 
SEU DOMICÍLIO
ONDE O BEM ESTÁ
ONDE FOI CONSTITUÍDO OU ONDE DEVE 
SER CUMPRIDA A OBRIGAÇÃO
10
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Podemos sintetizar esse método de aplicação do Direito Internacional Privado com o 
seguinte esquema:
M
ÉT
O
D
O
 D
O
 D
IR
EI
TO
 
IN
TE
R
N
A
C
IO
N
A
L 
PR
IV
A
D
O
CLASSIFICAÇÃO
ESTADO OU CAPACIDADE DA 
PESSOA
SITUAÇÃO DE UM BEMATO OU FATO JURÍDICO
PAÍS DE NACIONALIDADE OU 
DOMICÍLIO
PAÍS ONDE ESTÁ LOCALIZADA
PAÍS ONDE FOI CONSTITUÍDO OU 
DEVA SER CUMPRIDO
REGRA DE 
CONEXÃO
ELEMENTO DE 
CONEXÃO
 Vamos ver como deve ser resolvida cada uma dessas situações, lembrando que é a lei brasileira 
que estabelece qual é a norma a ser aplicada, ou seja, a norma nacional ou a estrangeira:
1º exemplo
Como se trata de um assunto atinente à capacidade de pessoa, o elemento de conexão 
determina que seja aplicada a lei do país de nacionalidade ou domicílio.
Sobre esse assunto, estabelece a LINDB que:
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 7º A lei do país em que for domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da 
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família. [...]
Dessa forma, como João é domiciliado no Brasil, deverá ser aplicada a regra estabelecida no 
Código Civil brasileiro, ou seja, ele poderá adquirir o veículo sem estar assistido por seus pais.
11
2º exemplo
Como se trata de um assunto relativo a um bem imóvel, a norma a ser aplicada é aquele 
referente ao país onde ele está localizado.
O assunto é regido na lei brasileira da seguinte forma:
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles 
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem 
situados. [...]
Como o imóvel está situado no Brasil, deverá ser aplicada a lei brasileira.
3º exemplo
Neste caso, o elemento de conexão determina que devemos aplicar a lei do país onde a 
obrigação foi constituída ou onde ela deve ser cumprida.
A legislação brasileira determina que:
Dessa forma, como a obrigação foi constituída na Argentina, a lei brasileira não poderá ser 
aplicada, devendo ser aplicada a lei argentina.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á 
a lei do país em que se constituírem. [...]
12
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Há diversas outras regras de conexão, razão pela qual, no quadro abaixo, apresentamos as 
principais espécies.
NOME DO ELEMENTO RAMO CRITÉRIO NA LINDB
Lex Patriae Estatuto Pessoal
Lex Loci Domicili Estatuto pessoal Lei Domicílio (art. 7º)
Lex Loci Celebrationis Formalidades casamento
Lei do local da celebração 
(art. 7º, §2º)
Lex Loci Obligacionis Obrigações
Lei do local da constituição 
da obrigação (art. 9º)
Lex Loci Contractus Contratos
Lei do local do domicílio do 
proponente (art. 9º)
Lex Rei Sitae Direitos reais – bens imóveis
Lei do local de situação 
do bem
Mobília Sequntum 
Persona
Bens móveis Lei do domicílio do proprietário
Lex Sucessionis Sucessões
Lei do local de domicílio do 
falecido do “de cujus” (art. 10)
3 O Estatuto Pessoal
Uma expressão muito utilizada no Direito Internacional Privado é Estatuto Pessoal (ou Lei 
Pessoal), que se refere às normas e princípios que regem o estado e a capacidade da pessoa.
Dentre as questões atinentes ao estado da pessoa, podemos mencionar, por exemplo, o 
nome da pessoa, seu local de nascimento, sua filiação, seu estado civil, suas obrigações em 
relação ao seu cônjuge (se for casado), entre diversas outras.
Na visão de nosso Direito Internacional Privado, como vimos anteriormente, o caput do 
artigo 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro estipula que questões referentes 
ao estado e à capacidade de pessoas são regidas pela lei do país de seu domicílio, assim, 
essa lei será o seu estatuto pessoal.
13
5 Jurisdição e Competência Internacional
4 Reenvio
Uma das questões mais discutidas no Direito Internacional Privado refere-se à possibilidade 
de aplicação do reenvio.
Entre várias hipóteses, o reenvio caracteriza-se em situações em que a lei do país “A” 
determina, em certa hipótese, a aplicação da lei do país “B”, contudo, naquela mesma situação, 
a lei do país “B” manda aplicar a lei do país “A”.
Muito embora haja uma séria polêmica sobre esse tema, o melhor é entender que não há a 
possibilidade de utilização do reenvio, pois, segundo as normas nacionais, a regra é a aplicação 
do direito pátrio e, nas situações em que é aplicável a lei estrangeira, não há faculdade em sua 
utilização, ou seja, a aplicação deve ser obrigatória.
Um dos elementos caracterizadores de um Estado é a sua soberania e dela decorre a jurisdição.
Como decorrência da jurisdição, o Estado pode decidir imperativamente as pretensões a ele 
apresentadas, bem como impor suas decisões às partes que estão em conflito.
Dessa forma, cabe ao Estado resolver todos os litígios que lhe são apresentados, contudo nem 
sempre isso ocorre, pois há limitações à sua atuação. Particularmente, interessam-nos os limites 
internacionais, os quais são ditados pela necessidade de convivência dos diversos Estados, bem 
como por critérios de conveniência e viabilidade.
Essas limitações são impostas pelas normas internas de cada Estado, pois não há grande 
interesse em aumentar exageradamente a área de abrangência de sua jurisdição para fora de 
seu território.
“[...] o legislador não leva muito longe a jurisdição de seu país, tendo em conta 
principalmente duas ponderações ditadas pela experiência e pela necessidade 
de coexistência com outros Estados soberanos: a) a conveniência (excluem-se 
os conflitos irrelevantes para o Estado, porque o que lhe interessa, afinal, é a 
pacificação no seio da sua própria convivência social); b) a viabilidade (excluem-
se os casos em que não será possível a imposição da autoridade do cumprimento 
da sentença).” (CINTRA, GRINOVER, & DINAMARCO, 2012, p. 175) 
14
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Como decorrência dessas limitações, o legislador brasileiro estabeleceu os limites internacionais 
da jurisdição brasileira no artigo 12 da LINDB, ou seja, podem ser propostas ações judiciais em 
nosso país quando:
 o réu for domiciliado no Brasil;
 se a obrigação tiver que ser cumprida em nosso país;
 se o litígio tiver por objeto imóvel aqui situado.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira 
quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de 
ser cumprida a obrigação.
§ 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete 
conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.
[...]
O Código de Processo Civil repete essas mesmas regras da LINDB, e, além disso, acrescenta 
outras disposições nos seus artigos 88 e 89.
Código de Processo Civil
Art. 88 - É competente a autoridade judiciária brasileira 
quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver 
domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de fato praticado 
no Brasil.
Parágrafo único - Para o fim do disposto no nº I, reputa-se 
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui 
tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 89 - Compete à autoridade judiciária brasileira, com 
exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no 
Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e 
tenha residido fora do território nacional.
15
6 Cooperação Judiciária Internacional
Deve ser observada uma diferença de tratamento dada nos dois artigos da lei processual civil, 
ou seja:
 O artigo 88 estabelece hipóteses em que a competência da jurisdição brasileira pode 
estar em concorrência com a jurisdição de outros países.
 Já, no artigo 89, são estabelecidas hipóteses de competência exclusiva da jurisdição 
brasileira, não se reconhecendo os efeitos desse tipo de ação judicial se ocorrer a sua propositura 
em outro país .
Outra questão bastante importante refere-se à impossibilidade de caracterização da 
litispendência em relação a processos em trâmite em nosso país e àqueles que correm no exterior.
Código de Processo Civil
Art. 90 - A ação intentada perante tribunal estrangeiro 
nãoinduz litispendência, nem obsta a que a autoridade 
judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que 
Ihe são conexas.
As ações são identificadas por três elementos: as partes, a causa de pedir e o pedido. Esses 
elementos possuem, entre outras funções, a de impossibilitar que duas ações idênticas 
sejam apreciadas pelo Poder Judiciário.
Diante da constatação de que há duas ações idênticas, estando ambas em curso, estará 
caracterizada a litispendência, devendo o juiz extinguir o processo sem resolução do 
mérito (art. 267, inciso V, do Código de Processo Civil), ou seja, ele não chegará a apreciar 
o pedido formulado pelo autor.
Embora a atuação da jurisdição brasileira somente possa ocorrer nos limites acima descritos, 
é certo que, em razão da cooperação judiciária internacional, atos judiciais são realizados em 
nosso país para auxiliar a jurisdição de outros países na coleta de prova e outras informações 
sobre fatos que tenham repercussão em seus processos.
Há, igualmente, a possibilidade de que sentenças judiciais proferidas em outros países sejam 
executadas no Brasil, ou seja, embora tenha sido a ação judicial proposta no exterior, seus 
efeitos podem ser reconhecidos em nosso país.
16
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Nessas duas situações, contudo, é necessária a apreciação do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), em razão de sua competência deferida pela alínea “i” do inciso I do artigo 105 da 
Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
[...]
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão 
de exequatur às cartas rogatórias;
Deve ser destacado que, anteriormente, essa competência pertencia ao Supremo 
Tribunal Federal, sendo, atualmente, deferida ao Superior Tribunal de Justiça em razão 
do disciplinado pela Emenda Constitucional n.º 45, de 30 de dezembro de 2004.
Em razão dessa mudança de competência, o Superior Tribunal de Justiça expediu a 
Resolução nº 9, de 4 de maio de 2005, que estabelece a forma como, naquela Corte, se dá o 
processamento desses feitos.
Dessa resolução, devemos destacar os seguintes itens:
 A competência para homologar sentenças estrangeiras e para a concessão do exequatur 
às cartas rogatórias pertence ao Presidente do STJ, exceto se a parte interessada contestar 
a homologação da sentença estrangeira ou impugnar a carta rogatória – artigo 2º.
 Não pode ser homologada sentença estrangeira ou concedido exequatur a carta 
rogatória que ofendam a soberania ou a ordem pública – artigo 6º.
 A parte interessada deve ser citada para, no prazo de quinze dias, contestar o pedido 
de homologação de sentença estrangeira ou intimada para impugnar a carta rogatória. 
Contudo, nas cartas rogatórias em que a prévia intimação possa resultar na ineficácia 
da prova que se deseja produzir, o cumprimento da medida poderá ocorrer sem ciência 
da parte interessada (é o que ocorre, por exemplo, se a autoridade estrangeira solicitar a 
apreensão de um importante documento, pois a parte interessada, ciente desse pedido, 
poderia destruir o documento) – artigo 8º.
 O Ministério Público deve ter vistas dos autos nas cartas rogatórias e homologações de 
sentenças estrangeiras, sendo colhida a sua manifestação – artigo 10.
 O cumprimento das medidas solicitadas na carta rogatória ou a execução da sentença 
homologada deverá ser realizada pela Justiça Federal – artigo 13.
 Após o cumprimento da carta rogatória pela Justiça Federal, a documentação é remetida 
ao Presidente do STJ que a encaminha à autoridade judiciária estrangeira, por meio do 
Ministério da Justiça ou do Ministério das Relações Exteriores – artigo 14.
17
6.1 Carta Rogatória
Quando uma autoridade judiciária estrangeira necessita colher prova em outro país, ela 
solicita essa providência por meio de um instrumento denominado carta rogatória.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 12 [...]
§ 2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, 
concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida 
pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade 
estrangeira competente, observando a lei desta, quanto 
ao objeto das diligências.
É o que ocorre, por exemplo, se um juiz de Portugal necessitar inquirir uma testemunha que 
se encontra no Brasil. 
Veja uma decisão do Presidente do Superior Tribunal Federal que concedeu o exequatur a 
uma carta rogatória.
CARTA ROGATÓRIA Nº 7.138 - PT (2012/0179557-6)
RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DO STJ
JUSROGANTE : SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE PORTIMÃO
INTERES. : P C G DA C
PARTE : M F DA S
DECISÃO
Trata-se de carta rogatória pela qual a Justiça portuguesa solicita a inquirição do interessado P C G DA C.
Devidamente intimado, não apresentou impugnação (fl. 38).
O Ministério Público Federal, por sua vez, opinou pela concessão do exequatur (fl. 29).
Decido.
O objeto da presente carta rogatória não atenta contra a soberania nacional nem contra a ordem pública, 
razão pela qual, com fundamento no art. 2º da Resolução n.º 9/2005 do e. Superior Tribunal de Justiça, 
concedo o exequatur.
Assim, remeta-se a comissão à Seção Judiciária da Justiça Federal do Estado do Paraná para as 
providências cabíveis, recomendando-se, desde já, acaso o interessado não seja localizado, a promoção de 
diligências com efeito de se encontrar o endereço atualizado, notadamente em órgãos públicos bem como 
nas concessionárias de serviços públicos (v.g. água, energia e telefonia).
Cumprida a rogatória, devolvam-se os autos a esta e. Corte, a fim de que sejam enviados ao país de 
origem por meio da autoridade central competente.
P. e I.
Brasília (DF), 08 de fevereiro de 2013.
MINISTRO FELIX FISCHER
Presidente
18
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
6.2 Homologação de Sentença Estrangeira
Além do acima mencionado sobre a homologação de sentenças estrangeiras, devemos 
acrescentar que esse ato encontra previsão nos artigos 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas 
do Direito Brasileiro, os quais estabelecem os requisitos para que ele ocorra.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida 
no estrangeiro que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente 
verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das 
formalidades necessárias para a execução no lugar em 
que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 
01.10.09)
[...]
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como 
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no 
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem 
pública e os bons costumes.
Como mencionamos anteriormente, a competência para esse ato é, atualmente, do 
Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual a alínea “e” do artigo 15 da Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro está tacitamente revogada.
19
Há, igualmente, previsão desse ato judicial no artigo 5º da Resolução nº 9, de 4 de maio de 
2005, do Superior Tribunal de Justiça.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Resolução nº 9, de 4 de maio de 2005
Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à 
homologação de sentença estrangeira:
I - haver sido proferida por autoridade competente;
II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente 
verificado à revelia;
III - ter transitado em julgado; e
IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada 
de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil.
Além dos requisitos estampados nessas duas normas, devemos acrescentar que não podem ser 
homologadas pelo Superior Tribunal de Justiça sentenças proferidas por autoridades judiciárias 
estrangeiras nas situações em que há competência exclusiva da jurisdição brasileira – artigo 89do Código de Processo Civil.
A homologação de sentenças estrangeiras ocorre, por exemplo, na situação de um casal de 
brasileiros que se casou nos Estados Unidos e, nesse mesmo país, resolvem se divorciar. Se, 
posteriormente, um deles fixar residência em nosso país, talvez seja necessária a homologação 
da decisão judicial estrangeira para, por exemplo, estabelecer situações ligadas à guarda de 
filhos comuns ou de bens adquiridos durante a vigência do casamento.
Veja um exemplo de uma decisão desse tipo:
Sentença Estrangeira nº 8.723 - US (2012/0159068-5)
Relator : Ministro Presidente do stj
Requerente : R R A
Requerente : Rosânia Rocha Araujo
Requerente : M F A
Advogado : Mauro Russo e outro(s)
Requerido : os mesmos
Decisão
Trata-se de pedido de homologação da r. sentença estrangeira de dissolução de sociedade conjugal 
dos requerentes R R A e M F A, brasileiros, ambos qualificados nos autos, proferida pelo eg. Tribunal 
Superior do Estado de Connecticut, Estados Unidos da América (fls. 29/38).
20
Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
A douta Subprocuradoria-Geral da República manifestou-se, à fl. 98, favoravelmente ao pedido.
É o breve relatório.
Decido.
Inicialmente, verifico que os pressupostos indispensáveis ao deferimento do pleito foram observados. 
Ademais, a pretensão não ofende a soberania nacional, a ordem pública nem os bons costumes 
(art. 17 da LINDB e arts. 5º e 6º da Resolução nº 9 de 2005 do Superior Tribunal de Justiça).
Ante o exposto, homologo o título judicial estrangeiro.
Expeça-se a carta de sentença.
P. e I.
Brasília (DF), 15 de fevereiro de 2013.
MINISTRO FELIX FISCHER
Presidente
Glossário
Conexão: A conexão vem a ser a ligação, o contato entre uma situação da vida e a norma que 
irá regê-la (DOLINGER, 2012, p. 295).
Estado da pessoa: O estado da pessoa são os atributos constitutivos da individualidade 
jurídica da pessoa natural.
Capacidade da pessoa: Já a capacidade refere-se à aptidão da pessoa natural de exercer 
direitos (em especial, os de natureza privada) e de contrair obrigações.
Jurisdição: É uma das funções estatais, que decorre de sua soberania, “mediante a qual 
os juízes estatais examinam as pretensões e resolvem os conflitos” (CINTRA, GRINOVER, & 
DINAMARCO, 2012, p. 31).
Exequatur: É uma palavra latina que significa “cumpra-se”
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Material Complementar
Nesta aula observamos que algumas questões ligadas ao Direito Internacional Privado são 
resolvidas com as normas abaixo indicadas.
Vale a pena conhecer mais sobre elas!
Essas normas estão disponíveis nos seguintes links:
- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657.htm
- Código de Processo Civil: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm
- Resolução nº 9, de 4 de maio de 2005: (Pasta - Material Completar)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657.htm
//www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm
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Unidade: Regras de Conexão e de Jurisdição Internacional
Referências
BATALHA, W. d. (1961). Tratado elementar de Direito Internacional Privado. v. 1. São Paulo: 
Revista dos Tribunais.
CAHALI, Y. S. (1983). Estatuto do Estrangeiro. São Paulo: Saraiva.
CARVALHO, D. (1976). A situação Jurídica do Estrangeiro no Brasil. São Paulo: 
Sugestões Literárias.
CINTRA, A., GRINOVER, A., & DINAMARCO, C. (2012). Teoria geral do processo. 28. ed. 
São Paulo: Malheiros.
DOLINGER, J. (2012). Direito Internacional Privado: parte geral. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense.
GRECO FILHO, V. (2010). Direito processual civil brasileiro. v 1. 22. ed. São Paulo: Saraiva.
MONTENEGRO FILHO, M. (2010). Curso de direito processual civil: teoria geral do processo e 
processo de conhecimento. v 1. 6. ed. São Paulo: Atlas.
NEVES, G. B. (2009). Direito internacional público e direito internacional privado. 3. ed. 
São Paulo: Atlas.
SANTOS, M. (2010). Primeiras linhas de direito processual civil. v 1. 27. ed. São Paulo: Saraiva.
STRENGER, I. (2005). Direito Internacional Privado. 6. ed. São Paulo: LTr.
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Anotações
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