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Ciências Sociais e Dialética

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Ronald Dworkin: a Razoabilidade da Justiça
Ronald Dworkin, sucedeu H. L. A. Hart como professor em Oxford. O domínio do positivismo jurídico, especialmente na Grã-Bretanha, foi submetido a um ataque compreendido por mais de três décadas por sua teoria complexa do direito, tão controversa quanto influenciadora. Seu conceito de direito ainda exerce autoridade considerável, especialmente nos EUA, onde questões morais e políticas são debatidas em maiores proporções. Sua visão construtiva do direito é ao mesmo tempo uma análise profunda do conceito de direito e direcionadora de seu enriquecimento.
A teoria do direito de Dworkin sustenta que argumentos jurídicos adequados repousam na melhor interpretação moral possível das práticas em vigor em uma determinada comunidade. A essa teoria da argumentação jurídica agrega-se uma teoria da justiça, segundo a qual todos os juízos a respeito de direitos e políticas públicas devem basear-se na idéia de que todos os membros de uma comunidade são iguais enquanto seres humanos, independentemente das suas condições sociais e econômicas, ou de suas crenças e estilos de vida, e devem ser tratados, em todos os aspectos relevantes para seu desenvolvimento humano, com igual consideração e respeito.
Dworkin defendeu que o juiz não dispõe de uma margem de liberdade para aplicar o Direito como lhe parece mais justo, ou mais razoável. Em termos mais técnicos, Dworkin não reconhecia ao juiz o chamado poder discricionário no ato decisional. Nem mesmo nos denominados casos difíceis, ou seja, naqueles casos em que os parâmetros normativos vigentes (Constituição, lei, precedentes) não apresentariam, de forma inequívoca, a resposta a ser dada pelo Direito.
Ronald Dworkin se contrapõe ao positivismo jurídico e se dedica a refletir sobre o problema da relação entre a lógica da racionalidade e a lógica da razoabilidade. Sua postura aé problematizante, e considera o Direito como um fenômeno de profundo interesse especulativo, como afirma em tese: “É minha visão que o Direito é em grande parte filosofia”. E é esta visão que fará de Dworkin um autor que, ao pensar em questão de interpretação, se torna referência fundamental para a cultura hermenêutica comtemporânea. 
Contribuições filosóficas de Ronald Dworkin:
Defende que o direito contém a solução para quase todos os problemas:
Não haveria necessidade de sair do âmbito do direito para que se permita o julgamento de uma determinada situação. Para o autor, há a necessidade de aplicação de um raciocínio interpretativo para definir o que seja o direito, o que implica avaliações morais e políticas.
Propõe uma variação das pretensões do positivismo tradicional;
Dworkin contesta a posição do positivismo, mostrando que um juiz não faz o direito, mas interpreta o que já faz parte do conhecimento jurídico, dando voz aos valores nos quais o sistema jurídico se apóia, ou seja, na ideologia prevalecente na sociedade.
Reconhecimento dos direitos individuais liberais como elementos fundamentais e constituintes da lei;
Em uma primeira fase revela-se simplesmente como um liberal que se dedica a enfatizar a importância do valor kantiano da autonomia individual. Desenvolve suas concepções na base da defesa do Estado Liberal que intervenha na medida da necessidade de proteção das liberdades individuais. Numa segunda fase , passa a entender que a satisfação individual de cada um não pode ser conquistada sem que alguns elementos de justiça intervenham para o consentimento da realização do indivíduo. 
Defesa da ideia de que os princípios têm peso de norma vinculante;
Para ele casos difíceis”, que não têm resposta explícita na legislação, nem na prática jurídica, podem ser resolvidos por meio de princípios. 
É impensável qualquer discussão séria nos EUA sobre questões como aborto, questões gerais sobre liberdade e igualdade sem considerar a visão de Ronald Dworkin
Dentre os numerosos elementos de sua filosofia sofisticada está que o direito contém a solução para quase todos os problemas. Quando diz isso acaba por propor uma variação das pretensões do positivismo tradicional, segundo o qual quando um juiz se depara com um caso de difícil solução onde não há lei ou decisões prévias a serem aplicadas, ele exerce seu poder discricionário e decide o caso com base no que parece a ele correto decidir. Na verdade, Dworkin contesta essa posição, mostrando que um juiz não faz o direito, mas interpreta o que já faz parte do conhecimento jurídico, dando voz
aos valores nos quais o sistema jurídico se apóia, ou seja, na ideologia prevalecente na sociedade. Não haveria necessidade de sair do âmbito do direito para que se permita o julgamento de uma determinada situação. Para o autor, há a necessidade de aplicação de um raciocínio interpretativo para definir o que seja o direito, o que implica avaliações morais e políticas.
Para Ronald Dworkin, a decisão de um caso para o qual não haja regras ou precedentes jurisprudenciais é única e correta; o juiz, nesses casos, tem o dever de encontrar a resposta correta dentro do melhor senso moral das práticas jurídicas, razão pela qual não se pode relegar ao seu poder discricionário tais decisões. Como os princípios jurídicos são mais abrangentes, capazes de abarcar tanto direitos quanto políticas públicas, então os casos difíceis deverão ser decididos por meio de sua aplicação e interpretação.
Dworkin entende que valores como liberdade e igualdade não necessariamente conflitam. Ele faz critica à concepção de Isaiah Berlin de liberdade como algo estático e propõe um conceito dinâmico de liberdade, sugerindo que ninguém pode dizer que a liberdade do outro é violada quando se pune o homicídio. Então, não pode se dizer que a liberdade foi violada quando nada de errado foi feito. Nessa forma, liberdade é apenas a liberdade de se fazer o que se deseja desde que não violemos o direito dos outros. Isaiah Berlin, entretanto, rebate Dworkin ao apontar que Dworkin apenas construiu uma (dentre outras)
concepção “positiva” de liberdade. Nesse tipo de exercício – definindo liberdade de acordo com algum outro valor, uma concepção de “certo” e “errado”, excluindo qualquer noção de valor-livre, liberdade “negativa” – que levou às formas de totalitarismo vistas durante o século XX. A concepção negativa de liberdade (representada por Isaiah Berlin) não é, entretanto, satisfatória para Dworkin, pois apenas se preocupa apenas com o processo político (ex. normas que proíbem o homicídio). Na visão de Dworkin de liberdade deve se entender certas considerações sobre igualdade, uma vez que não é possível exercer a liberdade de um sem considerar a quantidade de recursos (ex: participação no processo democrático pelo voto não é possível sem que se tenha alimentação, saúde, educação, etc). Liberdade não é uma questão apenas de processo, mas também de substância.
Outra crítica ao pensamento de Berlin é sobre o conceito estático de liberdade que não envolve a liberdade de cometer homicídio, mas considera apenas cometer homicídio (quando acontece) somente como conseqüência da liberdade natural. Quando alguém é prevenido de cometer homicídio, sua liberdade não é violada somente porque se é prevenido de cometer homicídio, mas porque (mais fundamentalmente) se é prevenido de agir se prendendo, privando da vida social, etc. O fato de que alguém é prevenido de cometer homicídio é, de novo, meramente conseqüência da liberdade sendo violada, Isso mostra o caráter consequencialista do argumento de Dworkin.

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