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Teorias e Técnicas Psicoterápicas (3)

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Teorias e Técnicas Psicoterápicas
PROF. MÁRCIA MERQUIOR
Teoria e Técnicas
Teoria - campo de conhecimento que suporta e conceitua (explica ou compreende) um campo de estudo. Vem do grego thoeria – contemplação, reflexão, observação, conjectura, hipótese, suposição sobre a realidade. Forma de descrever a observação da realidade, descrição racional, percepção que gera uma forma de conhecimento do mundo. Método Científico exige a comprovação, Nem sempre comprovação tem evidências empíricas. Toda a teoria é uma forma de interpretação do mundo, da realidade. Uma teoria não traduz de forma perfeita a realidade, é um modelo pela qual a realidade é descrita e compreendida.
Técnicas : conjunto dos meios aplicados à um campo de estudo pré-definido com a intenção de obter um objetivo – Prática, aplicação da teoria – método de estudo, de observação, de descrição. Que confirma a hipótese e valida os conceitos.
Psicoterapia
Psicoterapia – significa “cura da alma” -
Psicologia – estudo da alma
Objetivos - bem-estar físico e mental. Técnicas mais ou menos diretivas. “...não se trata de apenas de atenuar aflições psíquicas, trata-se de fazer frente aos problemas psíquicos através do contato com eles promovendo um desenvolvimento um autoconhecimento através do contato interpessoal...promovendo a autonomia do paciente.
Psicoterapia como desenvolvimento, treinamento, educação através de contato interpessoal, com atenção à tendência de dependência que pode surgir.
Psicoterapia Psicanalítica
Psicanálise – Sigmund Freud (1856 – 1938) Obras completas de 1893 – 1938
Textos Técnicos de Freud: O uso da interpretação dos sonhos em psicanálise, 1913; Sobre o Início do Tratamento, 1913; Recordar, Repetir e Elaborar, 1914; Algumas Observações sobre o Conceito de Inconsciente na Psicanálise, 1914-15;
Principais Recursos Técnicos:
	 Associação Livre / Atenção Flutuante – talking therapy - método é inerente ao processo – não há recursos externos – o que acontece na análise é expressão do proprio processo.
Principais Conceitos ( É uma teoria e uma terapia, um método):
Sexualidade Infantil – As neuroses se desenvolvem no processo de desenvolvimento da sexualidade infantil
Sonhos – via principal de acesso ao inconsciente - “Sonho de Irma, Cap 2 de Interpretação dos Sonhos, 1900);
Psicoterapia e Técnica Psicanalítica
 Transferência x Resistência (A Dinâmica da Transferência, 1912; Observações sobre o Amor de Transferência, 1914-15) – método psicanalítico. A análise só acontece na transferência, ao mesmo tempo que esta é a sua maior obstáculo (resistência) – trabalho no conflito e nas ambivalências humanas – Trabalho do analista é operar nas resistências tentando desfazê-las.
Direção da Cura – tornar consciente o inconsciente, podendo aceitar os desejos recalcados (Freud); subjetivação, tornar-se sujeito de seu proprio desejo (J. Lacan); restauração do verdadeiro self e da capacidade criativa do sujeito, de criar-se a si mesmo (Winnicott)
Para Lacan – há análise quando há uma expectativa no analista, atenção voltada para o campo intersubjetivo inconsciente. 
Psicoterapia Psicanalítica
Freud e Lacan – insistem na importância crucial da queixa que leva à primeira entrevista – a demanda do analisando – O que o levou à procurar essa ajuda - pode-se precisar de algumas entrevistas mais. Freud sugere umas cinco... O saber está com o analisando e não com o analista – “Minha impressão...parece que... Sinto que talvez...”
Freud, 1913 – Sobre o Início do tratamento” – condições desfavoráveis – outros tratamentos, conversas longas e explicativas, existência de uma relação de amizade entre analista e analisando...É importante estabelecer hora e honorários. A hora é de completa responsabilidade do analisando. Há um trabalho a ser feito, que precisa de continuidade, pois há sofrimento, há resistência e manipulação. 
As diferentes fases do tratamento
Segundo Juan David Nasio em “Como Trabalha o Psicanalista”, Jorge Zahar Ed. – influencia lacaniana
Retificação Subjetiva – ocorre durante as primeiras entrevistas, localização do paciente em sua posição na realidade que ele apresenta, família, casal, trabalho, social. Qual a relação que o paciente mantém com seus sintomas, seu sofrimento, suas defesas. O que levou o paciente à análise. O analista pode, se tiver já um quadro mínimo, dar sua impressão, restituindo ao paciente algo de sua relação com o sintoma, a maneira como o conta, o sentido.
Fase Inicial – constituída por: a) o ato de aceitar o paciente e b) deixar claras as regras fundamentais da psicanálise. Estabelece o “quadro transferencial” (transferência do analista com a psicanálise). “Sim, quero analisa-lo, quero que trabalhemos juntos”. Associação livre. Dá-se o início do tratamento. Manter a expectativa em aberto...sustentar a demanda.
	
Fases do Tratamento
Terceira Fase – momento mais profundo e fecundo e de maiores resistências (do analista e do analisando) – evitar a dependência, a transferência e contra-transferência; demanda de amor, cumplicidade e decepção. Momento passional: ambivalência (amor e ódio) – momento mais próximo do Eu – sua demanda mais pura: ‘”quanto mais nos aproximamos do núcleo patógeno, mais forte é a resistência”. Silêncio do analista para amparar e compartilhar o grande sofrimento do EU.
Quarta fase – fase da interpretação da transferência – quando juntos constroem novos sentidos e novas compreensões.
Quatro fases não são evolutivas – elas se superpõem entre si.
Tratamento segundo M.Klein (1882-1960)
Mundo externo percebido segundo as ansiedades do mundo interno. Primeiro objeto – seio materno – percebido como seio bom (amamenta, acolhe, salva) ou seio mau (quando se atrasa, falta, traz ansiedade e sofrimento). 
Há amor e ódio desde o nascimento – projeção dos sentimentos hostis e destrutivos se viram contra o bebe, pois não diferenciação plena bebê-objeto. Assim, a “vingança” torna-se ansiedade persecutória (ameaça de sofrer) – culpa e reparação. Defesas da ansiedade persecutória – denomina-se “posição esquizo-paranoide”.
Mais tarde, com o desenvolvimento, seio bom e seio mau são associados. É percebido então como um mesmo objeto. Medo de matar o seio bom – ansiedade depressiva. Conjunto de defesas – posição depressiva. 
A análise vai trabalhar os conteúdos reprimidos a partir dessas duas posições de defesas e de funcionamento neurótico. Direção da Cura é ser capaz de unir os dois lados do objeto e de si mesmo.
Matriz Ferencziana
Sandor Ferenczi (1873-1933) – médico e psicanalista húngaro, torna-se discípulo de Freud a partir de 1908. Muito intenso, escrevia muito sobre os seus casos clínicos, com extrema curiosidade sobre os sintomas físicos que emergiam dos conflitos emocionais. Manteve a mente aberta a novas abordagens clínicas e era um teórico à altura de Freud. 
Clínica de casos difíceis e desafiantes, propondo novas técnicas:
Técnica Ativa – 1919-1926 – diante da resistência, da inibição da associação livre – com o objetivo de superar a estagnação do processo, o analista provoca – É um artifício a ser usado nos casos com transferência já consolidada, pois é uma intervenção que tenta tirar o paciente de um lugar passivo diante de seus conflitos. Ex. um paciente fóbico deveria ser incentivado a enfrentar a situação provocadora da fobia. Ao provocar o aumento de tensão e angústia, levava o paciente a sair de seu “conforto” e fazia surgir novas associações.
Matriz Ferencziana
Isso questiona o papel da interpretação e sua oportunidade – A interpretação é uma construção ativa sobre o psiquismo do paciente, por isso precisa ser econômica e extremamente oportuna e cuidadosa – o tato do analista. Ferenczi encontra aqui, junto à transferência, o conceito de sujeição do paciente, falta de reação e dificuldade de demonstrar hostilidade. Inclusão do inconsciente do analista no processo, e como o analista pode mascarar seus afetos e em consequência mascarar os afetos do paciente – resistência do analista. – Ele acaba se afastando da técnica ativa.Elasticidade da Técnica – foco na reflexão sobre a resistência/conforto do analista – o analista deve permanecer em questionamento constante – ali onde há estagnação do trabalho de análise e associação – há hipocrisia do analista.
O analista tem que permanecer atento, não pode dar livre curso ao seu narcisismo - atento à dialética paciente – analista – transferência e contra-transferência. Analista deve se “sentir com” sem jamais se “sentir como”
Matriz Ferencziana
Psicanálise não é sugestão, orientação, aconselhamento, pedagogia – Manter-se na humilde posição de que pode-se estar enganado. – aceitar os limites do saber.
Princípio do Relaxamento e da Neocatarse – é preciso uma sintonia de linguagens para ouvir o corpo que fala por suas sensações físicas, ouvir a criança que grita, pois aprisionou tudo que lhe foi traumático. “Quando o psiquismo falha, o corpo começa a pensar” – Trata-se de construir a cena do trauma que tornou-se pura sensação corporal. O analista como prótese ou empréstimo fantasmático. É através das fantasias do proprio analista – não são certezas, são fantasias – que o paciente pode construir suas próprias versões. Propõe que o lugar do analista deve suportar uma transferência materna – de acolhimento.
D.W.Winnicott (1896 – 1971)
Pediatra que em 1927 foi aceito na Sociedade Britanica de Psicanálise, especializando em crianças e adolescentes, mas também atendendo adultos. Como pediatra – tratava de crianças mentalmente transtornadas e suas mães – trabalha em instituições com muita demanda e cria as Consultas Terapeuticas – Jogo do Rabisco – conversa desenhada.
Influenciado por Freud, Klein e Ferenczi – propõe que a psicoterapia ocorre na superposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do terapeuta. “A psicoterapia consiste em duas pessoas brincando juntas....(...) quando o brincar não é possível, o trabalho desenvolvido pelo terapeuta deve ser o de trazer o paciente da condição de não conseguir brincar para uma outra, em que consegue brincar” - “mas tudo que eu digo sobre crianças brincando realmente aplica-se também a adultas, apenas é mais difícil descrever o que acontece quando o material aparece predominantemente em termos de comunicação verbal... O brincar nos adultos aparece na escolha das palavras, nas inflexões da voz, e também, com certeza, no senso de humor”
D W Winnicott
Manejo na análise – o terapeuta e o paciente tomam, consciência em conjunto daquilo que o está impedindo de crescer e pensar e criar.
Manejo de acolhimento (transferência materna de Ferenczi) – analista suficientemente bom, adaptando-se às necessidades do paciente, aos poucos proporciona a esperança de que o verdadeiro self apareça. Mas há momentos de regressão (ao estágio de dependência inicial do desenvolvimento emocional) – momentos de muita angústia, de consciência dos riscos de abrir mão do falso self – Analista de vê diante do processo primário (inconsciente) – momento de desespero, raiva... O paciente usa as falhas do analista – e é preciso que existam falhas para construir-se autonomia – Não se trata de adaptação ou adequação, mas de criação, pensamento criativo.
Analista deve estar atento, responsabilizar-se por suas falhas, e examinar sua contra-transferência. 
Winnicott – a tendência anti-social
A tendência anti-social não é um diagnóstico diferencial. Ela pode ser encontrado em pessoas normais, em neuróticos ou psicóticos.
Quando há tendência anti-social é porque ocorreu uma verdadeira quebra, uma de-privação (uma privação sem reparação) Ocorreu a perda de algo bom e positivo que desapareceu – e esse desaparecimento prolonga-se por um tempo mais longo do que o recurso da criança de entender o que aconteceu. Trauma agudo ou pontual – ou situação traumática continuada. Sujeito fica em busca do objeto perdido e a raiva não reparada torna-se destrutividade.
Psicologia Analítica – C Jung (1875-1961)
Principais Conceitos:
A personalidade atual foi moldada pelas experiências acumuladas através das gerações passadas, em sua história filogenética (história da espécie humana) – Há predisposições que dirigem a conduta e determinam a consciência. Há uma personalidade coletiva, racialmente pré-formada que atua seletivamente na realidade atual, dirigindo as condutas pessoais. A personalidade individual é o resultado da interação de forças externas e internas. 
Jung vê a personalidade em três dimensões: ego consciente, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo
Teoria e Técnica Junguiana - Analítica
Eu Consciente – percepção do self – que estaria já formada por volta dos 4 anos. 
Constituído por memórias, percepções, sentimentos e pensamentos – sentimento de identidade e continuidade, como centro da personalidade;
. Inconsciente Pessoal – experiências reprimidas, suprimidas, esquecidas ou então muito fracas para impressionar o consciente; mas para Jung esses conteúdos são acessíveis à consciência.
Complexos – um grupo de sentimentos, pensamentos, memórias e percepções , carregadas emocionalmente, que existem no inconsciente individual que funcionam como um núcleo de magnetismo que atrai as experiências atuais. São o núcleo repetitivo da personalidade e pode passar a controlar a vida da pessoal, a personalidade como um todo. São Inconscientes, mas podem se tornar conscientes.
Inconsciente Coletivo – conceito transpessoal – é a maior influência do psiquismo e nos transtornos torna-se dominante; é o depósito da memória ancestral e filogenética, resíduo do processo evolutivo do homem – é uma dimensão universal; o alicerce da espécie herdado, e sobre ele se erguem o Ego e o Inconsciente Pessoal. Ilusões, fobias, sintomas e transtornos resultam de processos inconscientes negligenciados.
Terapia – Cura – Analítica de Jung
Na idade madura, na segunda metade da vida, o sujeito torna-se mais introvertido, racional e reflexivo, torna-se mais sábio, espiritual, religioso e cívico, focado no mundo subjetivo. O foco do sobre o consciente deve deslocado para o foco no inconsciente. 
Nesse modelo, haveria uma progressão e uma orientação para o futuro. A visão de Jung é otimista. Se algo ocorre de muito frustrante, a energia não progride e regressa ao inconsciente e ao subjetivo.
Processo de Individuação – Estado de saúde psicológica resultante da integração de todas as facetas conscientes e inconscientes da personalidade – o foco no self genuíno.
Objetivos (Direção da Cura) – Individuação, integração do self -
Método – relato verbal, desenhos, esculturas, expressões artísticas em geral
Tipologia Junguiana
Atitudes psicológicas: 
extroversão - atitude dominante de relação com o mundo, como se relacionasse consigo mesmo – exibição – vai do eu (inconsciente pessoal/eu consciente) para os objetos; mais ativo.
Introversão – atitude dominante de relação com o mundo como se só importasse o outro – submissão – dominação dos objetos sobre o eu (inconsciente pessoal/eu consciente); mais passivo.
A atitude psicológica, que gera um tipo psicológico, influencia as escolhas profissionais, estéticas, filosóficas e religiosas.
Atitudes – são as orientações da personalidade; a extroversão dirige a personalidade para o exterior e para o mundo objetivo; e a introversão dirige o ego para dentro para o mundo subjetivo. Ambas fazem parte da personalidade, mas uma delas é dominante e consciente e a outra é subordinada e inconsciente.
Funções – existem quatro funções fundamentais: sensação (percepção da realidade dos fatos concretos - Há algo aí?); pensamento (campo da razão, da compreensão – O que é isso?); sentimento (experiência subjetiva de prazer, dor, raiva, medo, tristeza, alegria e amor – Qual o valor disso?); intuição (percepção inconsciente, captação da essência da realidade – De onde vem e para onde vai?).
Os pares de Jung
A função dominante, superior, é que define as demais e os papéis das demais. Mas os opostos sempre vão existir – O ser humano é racional e irracional. Há uma Dialética entre o Eu e o Inconsciente.
Individuação – processo espontâneo deamadurecimento em que o sujeito torna si mesmo, aquilo a que estava destinado a ser. A grande tarefa é descobrir quem realmente somos.
Não há individuação sem interação com a vida, com o outro – que pode ser extrovertida ou introvertida. 
Processo de Individuação
Conscientização da persona (máscara social), confronto com a sombra (conteúdos inconscientes), encontro com a anima ou animus (alteridade de gênero), encontro com o self (sabedoria) – É uma teoria do desenvolvimento.
A técnica deverá ser pensada de acordo com o tipo psicológico – Se as tipologias do analista e do analisando forem opostas, campo de trabalho bem fértil, mas podem haver muitos conflitos e mal-entendidos. Se forem muito parecidos, pode haver muita empatia, mas pouco trabalho. A percepção dos diferentes dinamismos é fundamental para a eficácia do tratamento.
Trabalho clínico – trabalho de expressão simbólica para que o processo de individuação seja contínuo. Ampliação simbólica e da espontaneidade. (uso de desenhos, pinturas, dramatizações, sonhos, relato verbal...)
Existencialismo
Crise Mundial do Pós-Guerra (Segunda Guerra Mundial): surge um sentimento de descrença nas possibilidades racionais de resolver os conflitos do mundo. Descrédito nos valores burgueses de “bem-estar” e positivismo em busca da felicidade humana.
Atitude de estranhamento e de marginalidade. O Homem deve ser capaz de escolher as regras de sua vida; em oposição ao submetimento aos ideais burgueses-capitalistas. 
Liberdade de escolha deve reger a existência do homem que deve buscar sempre a sua plena realização mesmo que de forma solitária e marginal. A angústia humana é motor desta liberdade e realização – sentimento de tédio e melancolia (como posturas antagonizantes e “gauche”). O Existencialista era um militante do não submetimento às regras morais. 
Um pouco de história: Existência x Essência: Essência é aquilo que é o ser de algo ou alguém. 	Existência é aquilo que faz algo aparecer, sair de seu esconderijo, é mostrar-se, exibir-se.
Existencialismo é uma atitude filosófica que centra sua reflexão sobre a existência humana em seu aspecto particular, individual e concreto. O homem deve expor-se para se reconhecer em seus atos.
Hegel e Kierkegaard
 Existencialismo moderno surge principalmente na França e é diretamente influenciado pelo pensamento de S.Kierkegaard. Pensador que proclama a natureza pecaminosa dos homens, foi pastor luterano mas com períodos de desavenças com a Igreja luterana oficial. Seu pensamento surge em oposição as teses de F. Hegel (1770-1831), o filósofo alemão, idealista, dominante nesta primeira metade do sec. XIX. Hegel propunha uma Fenomenologia do Espírito como uma abstração da universalidade humana. “O real é racional”.
Kierkegaard (1813-1855) - vai se opor a esse idealismo e preocupava-se com a existência concreta: “O sistema é abstrato, a realidade é concreta”; “O sistema é racional, o real é irracional”.: só podemos nos apropriar da realidade subjetivamente”. “Todo o conhecimento deve ligar-se à existência, à subjetividade, sob o risco de não conseguir penetrar no sentido profundo das coisas: a verdade das coisas. O homem é espírito, é a síntese do finito e do infinito, do temporal e do eterno, de liberdade e necessidade. O homem é um eterno insatisfeito, por isso é melancólico e entediado. É na capacidade humana de se desesperar que reside a superioridade humana em relação aos animais. É pela ÉTICA, que o homem sai do desespero: ser responsável pelos seus atos.
O Existencialismo de Heidegger – Sein e Dasein
  
Influências de Martin Heidegger ( 1889-1976) 
“O Ser e o Tempo”, de 1927 – elaboração de uma analítica existencial, embora não se dedique ao homem individual e concreto. Tenta estabelecer uma ontologia geral do ser. Noção do Ser uma das mais abstratas e indefiníveis. Para Heidegger a filosofia promoveu um esquecimento do ser, por considerá-lo indefinível. Mas a questão do ser é fundamental para filosofia .Não importa o que é o ser, mas o seu significado. O ser é aquilo que faz com que o mundo seja.
Ser é diferente de ente (o ser mais concreto). Entre eles há uma diferença ontológica. O ente se subordina ao Ser, mas não se é capaz de falar do Ser sem sua relação com o ente. Dasein = é o ser determinado, singular, concreto, localizado no tempo e no espaço (campo ôntico). O Sein constitui o campo ontológico.
O Dasein se relaciona com outros Dasein, e isso é sua existência. Essa existência se caracteriza por entendimento, sentimento e linguagem. “Enquanto a pedra é, o homem existe” e a partir disso se define e define o seu devir. O homem se diferencia dos animais e objetos, porque existe, porque é uma presença no mundo. Homem autêntico é aquele que reconhece a radical dualidade do humano e do não humano e assume a responsabilidade por sua existência. O Homem inautêntico desconhece essa presença e se degrada enquanto homem, subjetivamente (se submete) e objetivamente (alienação tecnológica = homem=máquina).
O Existencialismo é um Humanismo
Jean Paul Sartre (1905-1980) Filósofo da liberdade e da responsabilidade; militante da causa operária e ex-militante do Partido Comunista Francês, com o qual rompe para sempre.
O homem é um ser-para-o-fim, um ser-para-a-morte, é na morte que o ser se totaliza, se conclui. Fugir disso é mergulhar na vida inautêntica. É angústia.
Principais conceitos do Existencialismo de Sartre: O homem primeiramente não é nada: não há uma essência a priori. “O homem é um ser em que a existência precede a essência”. Primeiro o homem existe e se descobre, só depois ele pode definir-se. O homem em busca de um sentido para a existência humana = por isso o Existencialismo é um humanismo. A existência é que torna o homem humano. E o ser individual deve ter uma validade ética universal. O homem é antes de tudo um projeto vivido subjetivamente, sendo então livre é também responsável por aquilo que escolhe. Responsável por si e pelos os outros que influencia, pois “tudo que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos.’( O existencialismo é um humanismo). 
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Psiquiatria e Psicoterapia Existencialista
Ludwig Binswanger (1881-1966) – criador da análise existencial, baseada na filosofia existencial de M.Heidegger (1886-1976). A Análise Existencial é uma teoria e prática psiquiátrica, “uma ciência experimental, com um método próprio, o das ciências fenomenológicas”, onde a existência autêntica, é a responsabilidade pessoal, o inacabamento e a transcendência, a busca de ultrapassar a situação, assumindo o passado, compreendendo o presente e responsabilizando-se por um projeto livre e autodeterminado. Este ser (dasein) é um ser-com (em relação), portanto os sintomas psicopatológicos são “fatos da compreensão” ou da comunicação, são transtornos e obstáculos na e da comunicação.  
A psicoterapia existencial tem como objetivo de cura proporcionar ao sujeito uma compreensão de si e uma reestruturação de suas formas de estar no mundo e comunicar-lhe que deve se abrir a outras possibilidades de existir, procurando uma maior autenticidade de sua existência. Não se promete cura, nem adaptação, nem tranquilidade. Propõe tão somente a autocompreensão, a liberdade, a responsabilidade, preocupação e autenticidade. “Ser autêntico é assumir a responsabilidade por todas as escolhas e aceitar correr os riscos: única forma de uma real autonomia.”
Influência na Antipsiquiatria Existencial de R.Laing e D.Cooper.
Psicologia Existencialista
 
O existencialismo traz para a Psicologia uma postura mais compreensiva das vicissitudes da existência humana.
Karl Jaspers (1883-1969) – lançou em 1913 sua Psicopatologia Geral, com claras preocupações metodológicas, vendo a Psicopatologia como uma ciência complexa: é Ciência Natural, pois destina-se à explicação causal dos fenômenos do psiquismo em busca de suas determinações extraconscientes; e ao mesmo tempo, é Ciência do Espírito, descrição das vivências subjetivas e interpretação de suas manifestaçõesobjetivas e compreensão de suas conexões internas e significativas. 
Método fenomenológico: descrever as estruturas universais dos fenômenos subjetivos da vida psíquica “mórbida”, para compreender sua gênese e desenvolvimento. Visão da Psicologia como algo de registro duplo: natureza, cultura, subjetividade singular com sua relação com o universal.
	Se o homem deve ser responsável por sua existência e seu destino a partir de sua não-determinação, de seu vazio de sentido, de sua solidão, é neste percurso que deve ser entendida sua “doença psíquica”.
“O homem é possibilidade aberta, incompleta e incompletável. Daí ser sempre mais alguma coisa, um além de si mesmo, aquilo que não fez, não escolheu. Por isso a psicologia deve estar sempre atenta ao singular. “O existir não é objetividade” e portanto não pode ser tratado como um objeto empírico. 
Psicologia Humanista, Carl Rogers (1902-1987)
Abordagem Centrada na Pessoa (ou Cliente) – O dom de mudar está centrado no interior da pessoa; só ela pode aperfeiçoar e transformar a si mesma; O papel do terapeuta é assistir e facilitar essa mudança. Terapeuta como facilitador. 
Pessoas são seres conscientes e racionais; não dá importância às forças inconscientes e rejeita a noção de que o passado determine os comportamentos presentes. Entende que a personalidade pode ser compreendida pelas experiências subjetivas atuais. Há um objetivo inato e imprescindível em todo o ser humano – o de atualizar-se, atualizar o pleno funcionamento do self. O ser saudável é o ser autônomo e em construção (desenvolvimento). Tendência atualizante como motivação humana básica.
Fatores externos (ambientais) que contribuem para o comportamento: ambiente familiar, as saúde física, desenvolvimento intelectual, circunstâncias econômicas e culturais, interações sociais e nível de educação. No entanto, os fatores que ajudam o autoconhecimento como uma aceitação do self, da responsabilidade. Terapia deve promover o autoconhecimento e a responsabilidade do self.
Autoconhecimento – Avaliação e Atualização
Processo de Avaliação Organísmica – processo fundamental na tendência a atualização pelo qual julgamos as experiências pelo valor que elas têm para promover nossa autorrealização e crescimento.
O valor das experiências dependem da percepção que temos delas. E essas percepções vão sendo atualizadas e a consciência ampliada. Na medida em que vivemos, nos diferenciamos e ampliamos nosso autoconhecimento e o conhecimento da realidade. O self vai se organizando e se tornando cada vez mais coerente.
No processo de desenvolvimento do self, busca-se a consideração positiva – o comportamento é direcionado pela quantidade de afeto, aprovação e amor e atualizamos nossas atitudes em busca desse reconhecimento e merecimento – e vão construindo a auto-consideração positiva – condição de aceitação e aprovação de si mesmo. 
Consideração Incondicional e Condicional
Espera-se dos pais uma consideração positiva incondicional (mesmo com algumas punições) – o terapeuta deve oferecer isso ao cliente para que ele confie e possa fazer suas atualizações e construir o seu self de forma positiva (autoconsideração positiva).
A consideração positiva condicional é aprovação condicionada aos bons comportamentos – aos comportamentos desejáveis, o afeto e a aprovação dependem dos comportamentos adequados. Padrões externos de julgamento (principalmente dos pais) tornam-se internos e pessoais. 
Haverá incongruência quando houver discrepância entre a autoimagem e a experiência vivida. 
Pessoas em pleno funcionamento é quando há autoatualização para todas as facetas do self; consciência plena e aberta; apreciação de todas as experiências (sem negações nem evitações); autoconfiança, liberdade de escolha, criatividade e espontaneidade e busca de maximização do próprio potencial (autorrealização, crescimento diante das dificuldades e desafios)
Terapia Centrada na Pessoa
Ouvir atentamente – o cliente é responsável pela mudança em sua personalidade. Trabalhar com a consciência – aquilo que o cliente expressa como reais para si mesmo. Não trabalha com o que é não-consciente. Atinge uma visão mais clara do indivíduo consigo mesmo e com os outros. Os clientes devem ser aceitos como são. O terapeuta oferece consideração positiva incondicional, sem julgamentos nem críticas ou conselhos. Só o cliente pode mudar a si mesmo. 
Tratamento visa recuperar a espontaneidade e a flexibilidade;
Rogers cria grupos de encontro como forma de atingir um maior numero de pessoas. As pessoas seriam capazes de adquirir conhecimento de si mesmo s e de como se relacionam com outros.

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