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O PROCESSO E O DIREITO PROCESSUAL TEORIA GERAL DO PROCESSO 2018 MATERIAL 04 Introdução: ■ Breve síntese sobre : ■ Estado Liberal x Estado Social O Estado moderno e sua função jurídica. Por suas ordens distintas de atividades, o Estado moderno, no exercício de sua função jurídica, disciplina as relações intersubjetivas. Com a primeira, que é a legislação, estabelece as normas de convivência que, segundo a consciência reinante, devem reger as mais variadas relações, nos mais diversos campos de atividades dos administrados. ■ Com a segunda, consistente na jurisdição, cuida o Estado de buscar a realização prática daquelas normas de convivência, eventualmente desrespeitadas, surgindo, então, conflito entre as pessoas. O DIREITO PROCESSUAL ■ Tradicionalmente, e para fins meramente didáticos, a doutrina classifica o Direito em dois grandes ramos: público e privado. ■ Classicamente, se conceitua o direito processual como o ramo do direito público interno que trata dos princípios e das regras relativas ao exercício da função jurisdicional. ■ “Em face da clássica dicotomia que divide o direito em público e privado, o direito processual está claramente incluído no primeiro, uma vez que governa a atividade jurisdicional do Estado. Suas raízes principais prendem-se estreitamente ao tronco do direito constitucional, envolvendo-se as suas normas com as de todos os demais campos do direito.” ■ CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 28ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012. Capítulos 1 a 3 (pp. 27-58); e capítulos 6 a 10 (pp. 97-151). ■ Enquanto no ramo privado subsistiria uma relação de coordenação entre os sujeitos integrantes da relação jurídica — como no direito civil, no direito comercial e no direito do trabalho —, no público prevaleceria a supremacia estatal face aos demais sujeitos. ■ Nessa linha de raciocínio, o direito processual — assim como o constitucional, o administrativo, o penal e o tributário — constituiria ramo do direito público, visto que suas normas, ditadas pelo Estado, são de ordem pública e de observação cogente pelos particulares, marcando uma relação de poder e sujeição dos interesses dos litigantes ao interesse público. ■ Essa dicotomia entre público e privado é apenas utilizada para sistematização do estudo, pois, modernamente, entende-se que está superada a denominada summa divisio, tendo em vista que ambos os ramos tendem a se fundir em prol da função social perseguida pelo Direito. ■ Assim sendo, fala-se hoje em constitucionalização do Direito. Define – se o direito processual como o ramo que trata do conjunto de regras e princípios que cuidam do exercício da função jurisdicional. QUADRO ESQUEMÁTICO DA DIVISÃO DO DIREITO PROCESSUAL CORRENTE UNITARISTA E DUALISTA DA CIÊNCIA PROCESSUAL ■ Distinguem-se, na doutrina, duas correntes acerca da sistematização do direito processual: ■ 1) a que acredita na unidade de uma teoria geral do processo (unitarista); ■ 2) e a que sustenta a separação entre a ciência processual civil e a penal, por constituírem ramos dissociados, com institutos peculiares (dualista). A posição mais adequada, é a que entende pela existência de uma teoria geral do processo, tendo em vista que a ciência processual — penal, civil, ou até mesmo trabalhista — obedece a uma estrutura básica, comum a todos os ramos, fundada nos institutos jurídicos da ação, da jurisdição e do processo. Longe de pretender afirmar a unidade legislativa, a teoria geral do processo permite uma condensação científica de caráter metodológico, elaborando e coordenando os mais importantes conceitos, princípios e estruturas do direito processual. Sistema de juízos híbrido, ex: ■ A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), que visa a prevenir e reprimir a violência doméstica, adotam a sistemática de juízos híbridos, sugerindo a criação de varas especializadas, com competência civil e criminal, de modo a facilitar o acesso à justiça e conferir proteção mais efetiva à vítima de tais situações de violência. ■ Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. ■ Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. ■ Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária. ■ Dessa forma, o estudo da teoria geral do processo é fruto da autonomia científica alcançada pelo direito processual e tem como enfoque o complexo de regras e princípios que regem o exercício conjunto da jurisdição, pelo Estado-Juiz; da ação, pelo demandante (e da defesa, pelo demandado); bem como os ensinamentos acerca do processo, procedimento e pressupostos. Direito Material e Direito Processual ■ Caracterizada a insatisfação de alguma pessoa em razão de uma pretensão que não pôde ser, ou de qualquer modo não foi, satisfeita, o Estado poderá ser chamado a desempenhar a sua função jurisdicional. ■ O Estado fará seu papel com a cooperação das partes envolvidas; ■ Dessa forma, à soma de poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições que impulsionam essa atividade dá-se o nome de Processo. DIREITO MATERIAL ■ É o corpo de normas que disciplinam as relações jurídicas referentes a bens e utilidade da vida (direito civil, penal, administrativo, comercial, tributário, trabalhista etc.). Direito Material x Direito Processual ■ A diferença está fundamentada entre os dois campos, no sentido que o direito processual é que cuida das relações dos sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da forma de se proceder aos atos do direito material. Logo..... ■ O direito processual é, assim, do ponto de vista da sua função jurídica, um instrumento a serviço do direito material. Instrumentalidade do processo Falar em instrumentalidade do processo, pois, não é falar somente nas suas ligações com a lei material. O Estado é responsável pelo bem estar da sociedade e dos indivíduos que a compõem: e, estando o bem estar social turbado pela existência de conflito entre as pessoas, ele se vale do sistema processual para, eliminando os conflitos, devolver à sociedade a paz desejada. ■ Nesse sentido o processo é um instrumento a serviço da paz social. ■ Observe então os passos: ■ Ao surgir um litígio entre dois indivíduos, em que o interesse de um confronta com de outro, surgindo daí uma pretensão que se dirige contra o direito subjetivo de outrem, este, para fazer valer o seu direito, vedada a autotutela e não bastando a autocomposição, terá que, através de um técnico com capacidade postulatória (advogado) , postular em juízo, no processo, a tutela jurídica. ■ Estando em termos a petição inicial e devidamente “instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação, sob pena de seu indeferimento, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, possibilitando a este a contestação do pedido dentro do prazo legal. ■ Despachada pelo juiz ou simplesmente distribuída a petiçãoinicial, considera-se proposta a ação, todavia, só produz, quanto ao réu, depois que for validamente citado. ■ Aqui, já se esboça o processo, instrumento pelo qual o juiz procurará compor o litígio. ■ Passa-se, então, à defesa do réu, seguindo- se as fases de saneamento e de instrução do feito e, finalmente a fase decisória, o julgamento do mérito, que consiste na entrega da prestação jurisdicional do Estado que cumpre a sua missão de compor a lide. ■ No desenrolar do processo as partes procuram convencer o julgador quanto aos seus supostos direitos, e este, após examinar todos os elementos de provas e os argumentos das partes, faz incidir a vontade da lei, vale dizer, aplica o direito objetivo, à situação contenciosa trazida à sua apreciação. ■ A esse conjunto de atos das partes, do juiz e de seus auxiliares, até a final solução da lide, obedecendo a um sistema de normas legais e princípios, fazendo com que esses atos processuais se desenvolvam de modo ordenado e não arbitrariamente, chama-se Direito Processual ou Direito Judiciário. Referências: ■ Dinamarco e Arruda Alvim.
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