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Artigo inclusão

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ESCOLA DE TODOS E PARA TODOS
ROHR, Denise Raquel Rohr. RU 2286095.
POLO IJUÍ
UNINTER
Resumo
A escola, espaço de construção do conhecimento, deve ser um lugar de todos e para todos. Assim, a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas de ensino regular, rompe com os padrões de normalidade desta instituição. Para melhor compreensão dessa temática, problematizo a questão da inclusão nas escolas, bem como, sua base legal. Utilizei-me de pesquisa bibliográfica, breve entrevista com a professora da sala de Atendimento Especializado e visita à escola, para destacar algumas características de desenvolvimento de uma criança com deficiência visual, aluno de uma escola pública. Por fim, esboço uma proposta de escola inclusiva, que possibilite a esse aluno o pleno desenvolvimento de suas habilidades.
Palavras-chave: Escola. Inclusão. Retardo mental.
Problematização
Discutir a temática da inclusão nas escolas hoje, sobretudo nas escolas públicas, nos remete a pensar a função social da escola e seus padrões normativos. Sabemos que uma criança com necessidades educativas especiais rompe com aquilo que a sociedade aponta como normal. A chegada de uma criança especial neste espaço de escolarização, mexe com a rotina daquela ou daquelas turmas, daqueles colegas e, muitas vezes, desestabiliza ou tira àquele ou àqueles professores de sua zona de conforto. Assim, questiono: a escola está preparada para receber estes alunos? A escola é inclusiva? Nós, professores, estamos preparados para trabalhar com as inúmeras necessidades especiais que chegam até nós, todos os dias? 
Para Mantoan et al. (sd, sp) 
	
	a inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Ela questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de perfis específicos de alunos e a seleção dos eleitos para freqüentar as escolas, produzindo, com isso, identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão.
Na concepção das autoras, "a educação inclusiva trata-se de uma educação que garante o direito à diferença e não à diversidade, pois assegurar o direito à diversidade é continuar na mesma, ou seja, é seguir reafirmando o idêntico", isto é, os padrões tidos como normais (MANTOAN et al., sd, sp). 
Assim, conforme González e Fensterseifer (2009, p. 21) "a escola é um lugar em que é possível defender e construir formas de olhar e de sentir o mundo diferente daquelas que permitem outras instituições sociais". Desse modo, corroboro com a ideia dos autores, ao pensar que a escola é um lugar de múltiplas singularidades, e que, pode possibilitar a cada indivíduo a construção de sua leitura de mundo. Os autores complementam ainda, que, "a escola tem entre suas funções a de introduzir os alunos no mundo sociocultural que a humanidade tem construído, com o objetivo de que eles possam incluir-se no projeto, sempre renovado, da reconstrução desse mundo" (GONZÁLEZ, FENSTERSEIFER, 2009, p. 21).
Então, os alunos com necessidades educativas especiais, necessitam mais que qualquer outro, de serem efetivamente incluídos neste processo de construção e reconstrução do mundo, sobretudo, do seu mundo. Nesta perspectiva, Mantoan et al. (sd, sp) destacam que 
	a educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas idéias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desenvolvem como cidadãos, nas suas diferenças. 
Além disso, no ambiente escolar inclusivo, não pode haver a conformidade com os padrões que separam alunos como especiais e normais, comuns. Como bem lembram Mantoan et al. (sd) "Todos se igualam pelas suas diferenças!". 
Assim, a escolarização desses alunos, na escola regular de ensino, é amparada também pela Lei n.º 13.146 de 06 de julho de 2015, que em seu artigo Art. 27., destaca:
	A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
	Parágrafo único.  É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.
Após esta breve problematização acerca da escola e da inclusão, destaco na próxima seção algumas características do retardo mental, em especial, do desenvolvimento do aluno pesquisado, bem como, alguns apontamentos da entrevista realizada com a professora da sala de atendimento especializado e da visita realizada à escola.
A pesquisa
O aluno pesquisado, de nome fictício Gabriel, apresenta um laudo médico de acordo com a Classificação Internacional de Doenças CID 10: H54.5 e H44.2 e H50, o que remete a Cegueira e visão subnormal e transtornos visuais. Está matriculado e frequente ao 4.º ano do Ensino Fundamental e, bem como, participa dos atendimentos na sala especializada, duas vezes na semana, durante uma hora cada encontro.
Para melhor entendimento dos termos da necessidade do referido aluno, destaco a Portaria nº 3.128/2008, que em seu art. 1º define quem pode ser classificado como deficiente visual:
	1º Considera-se pessoa com deficiência visual aquela que apresenta baixa visão ou cegueira.
	2º Considera-se baixa visão ou visão subnormal, quando o valor da acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05 ou seu campo visual é menor do que 20º no melhor olho, com a melhor correção óptica (categorias 1 e 2 de graus de comprometimento visual do CID 10) e considera-se cegueira quando estes valores encontram-se abaixo de 0,05 ou o campo visual menor do que 10º (categorias 3,4 e 5 do CID 10).
No entendimento médico,  “melhor olho” é entendido como aquele que tem melhor função, melhor visão considerando-se os dois olhos de cada pessoa. Assim, pode-se dizer que uma pessoa tem visão subnormal ou baixa visão quando apresenta 30% ou menos de visão no melhor olho, após todos os procedimentos clínicos, cirúrgicos e correção com óculos comuns. Dessa maneira, essas pessoas apresentam dificuldades de ver detalhes no dia a dia. Por exemplo, as crianças enxergam a lousa, porém, não identificam as palavras. 
Na entrevista realizada com a professora da sala de atendimento especializado, a mesma relata que Gabriel é um aluno frenquente às aulas, bem como, aos atendimentos. A família, na figura da mãe, da avó e do padrasto é quem reveza-se para trazer o menino à escola. Além disso, ele tem acompanhamento oftalmo e fonoaudiológico fora da escola.
Nos encontros, a professora destacou que trabalha com jogos variados, atividades de leitura, cálculos, escrita formal e digital, tudo em tamanho ampliado, para que o Gabriel possa desenvolver suas habilidades da melhor forma possível. Além da deficiência visual, Gabriel apresenta algumas dificuldades de aprendizagem, segundo a professora.
A proposta
Considerando o objetivo deste artigo, destaco que uma proposta de escola que atenda às necessidades do Gabriel, deve contemplar, entre outras coisas, a integração dos conteúdos da sala de aula com o atendimento educacional especializado. Além de que, de acordo com os laudos médicos, a escola deve oferecer à ele, um Plano de Estudos Específico, de acordo com as suas necessidades de aprendizagem.
Na sala de aula, pontuo que ele deve sentar-se na primeira classe; as professoras escrever em letras ampliadas e sugiro, que o material didático seja solicitado também em tamanho ampliado (livros, xerox, jogos). 
Para que a aprendizagem aconteça efetivamente, a professora deve mediar a construção do conhecimento a partir de diferentes metodologias de trabalho, além de utilizar-se dos muitos recursos pedagógicos que a escolaoferece: livros, jogos, dinâmicas, materiais audiovisuais, entre outros. Tudo isso, aliado ao projeto pedagógico da escola, bem como, da interação do aluno consigo mesmo, com o outro e com o mundo, pois a aprendizagem acontece de fato, nas trocas, nas vivências, nas experiências.
Para finalizar...
Considero que a escola deve trabalhar a educação inclusiva de forma que os alunos com necessidades educativas especiais sintam-se acolhidos, sintam-se humanos, sintam-se parte daquele ambiente, sintam-se capazes de construir, reconstruir e ressignificar o conhecimento.
Além disso, os professores também necessitam aprofundar-se acerca da temática da inclusão, bem como, conhecer seu aluno, suas necessidades e, encontrar formas de fazer com que esse aluno integre-se no projeto da escola e no projeto de renovação do mundo, como destacado por González e Fensterseifer (2009). 
Dessa forma, concluo que todos temos necessidades, mas nem todos temos laudos médicos. Então, a escola não é um espaço de normalidades, mas sim, um espaço de diversidades, de diferenças, de aprendizagens.
Referências
BRASIL, Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm> Acesso em: 12 abr. 2018.
BRASIL, PORTARIA Nº 3.128, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt3128_24_12_2008.html> Acesso em: 10 jun. 2018.
GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. Entre o "não mais" e o "ainda não": pensando saídas do não-lugar da Educação Física Escolar I. Cadernos de Formação RBCE, p. 9-24, set. 2009.
MANTOAN, M. T.; SANTOS, M. C. D.; FIGUEIREDO, R. V. (Orgs). A Educação Especial na perspectiva da inclusão escolar: a escola comum inclusiva. Universidade Federal do Ceará, Apoio Ministério da Educação – MEC Secretaria de Educação Especial – SEESP. Fascículo. Disponível em: <https://8f94e5a4-a-62cb3a1a-s-sites.googlegroups.com/site/aeejanaicesr/aee-ead-1/atendimento-educacional-especializado---aee/AEE_AEscolaComumnaPerspectivaInclusiva.pdf?> Acesso em: 08 jun. 2018.

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