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ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: Conceitos e Aplicações para o Ensino Médio JOSÉ RICARDO PATRÍCIO DA SILVA SOUZA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: Professor Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Belém-Pará Agosto-2016 2 3 4 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: Conceitos e Aplicações para o Ensino Médio JOSÉ RICARDO PATRÍCIO DA SILVA SOUZA Orientador: Professor Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em ensino de física no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Aprovada por: __________________________________________________ Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto (Orientador) - UFPA __________________________________________________ Dr. João Furtado de Souza (membro interno) - UFPA __________________________________________________ Dr. Rodrigo do Monte Gester (membro externo) - UNIFESSPA Belém-Pará Agosto -2016 5 FICHA CATALOGRÁFICA S586p Souza, José Ricardo Patrício da Silva Energia Solar Fotovoltaica: Conceitos e Aplicações para o Ensino Médio/ José Ricardo Patrício da Silva Souza - Pará: UFPA / IF, 2016. Orientador: Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto Dissertação (mestrado) – UFPA / Instituto de Física / Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física, 2016. Referências Bibliográficas: 6 Para meus filhos Rafael Rian, André Eduardo, minha esposa Andréia Albuquerque e minha mãe Luzia Souza. 7 AGRADECIMENTOS Agradeço em especial ao meu Deus. A minha mãe Luzia Augusta da Silva Souza, pela ajuda nos momentos que mais precisei e por ter me dado o prazer da vida e a oportunidade de estudar e realizar meu sonho na vida profissional. A Andréia Vanessa, a mulher da minha vida. A meu tio professor MSc. Francisco Xavier pelo incentivo e ideias no estudo de Energia Solar. A UFPA pela luta para implantar o programa, em especial ao coordenador do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, polo UFPA, professor Dr. João Furtado de Souza. Agradeço em especial ao meu orientador Professor Dr. Antonio Maia de Jesus Chaves Neto pelo incentivo constante. Aos professores membros da banca pelas sugestões e recomendações. A todos os professores do programa da pós-graduação em ensino de física da UFPA pelos ensinamentos que somaram muito para minha formação. Aos amigos de turma do mestrado, simplesmente pela oportunidade de conhecê-los, em especial a Ubiraci Barbosa, in memoriam. A CAPES pelo auxílio financeiro que foi muito importante para a minha formação. 8 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo principal oferecer conteúdo inovador para o currículo do ensino de física na educação básica, levando em conta requisitos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e de Teorias de Aprendizagens, assim como as necessidades da sociedade em conhecer os princípios da ciência envolvidos na tecnologia que os cerca, na área de pesquisa Física no Ensino Médio, Área de concentração: Física na Educação Básica. Inicialmente este trabalho faz referências aos PCNs, a LDB e a teorias de aprendizagem, em seguida buscará alguns conceitos da física essenciais para o entendimento do tema, “Energia elétrica a partir de painéis fotovoltaicos”, seguido de um conjunto de teorias que descrevem todo o processo, desde o comportamento de semicondutores com a temperatura e irradiação solar, assim como é abordado teoricamente como é realizada a dopagem de semicondutores e junção PN até a construção de painéis solares e sua utilização na geração de energia elétrica. Por fim apresenta-se uma proposta de ensino com experimentos destinados para a educação básica com o objetivo de incentivar e despertar a aprendizagem na área de energias renováveis. Palavras-chave: Energia Solar, Fotovoltaica, Educação Básica, Conceitos, Experimentos. 9 ABSTRACT This work has as main objective to offer innovative content to the curriculum of physical education in basic education, taking into account requirements of the National Curriculum Parameters (PCNs), the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDB) and Learning Theories as well as the needs of society to meet the principles of science involved in the technology that surrounds them, in physics research in high school, area of concentration: Physical Education in Primary. Initially this work makes references to the NCPs, the LDB and the theories of learning, then seek some key physics concepts for the understanding of the theme, "Electricity from photovoltaic panels," followed by a set of theories that describe all process, from the behavior of semiconductors with temperature and solar radiation, as is theoretically addressed as the doping of semiconductors and pn junction is made to the construction of solar panels and their use in generating electricity. Finally presents a teaching proposal with experiments intended for basic education in order to encourage and awaken the learning in the area of renewable energy. Keywords: Solar Energy, Photovoltaics, Basic Education Concepts, Experiments. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1.1. Ilustração de brinquedos: (a) Barata movida a energia solar e (b) Ilustração de um inseto (centopeia) movido a energia solar. --------------------------- 21 Figura 1.2. Ilustração de uma Mini Tartaruga movida a Energia Solar. -------------- 21 Figura 1.3. Ilustração de um Kit Educativo de energia solar. --------------------------- 22 Figura 1.4. Ilustração de bonecos a) Halloween que dança quando exposto a luz solar e b) Boneca que dança Hula hula, alimentada por energia solar. -------------- 22 Figura 1.5. Ilustração de: a) trem que se move quando exposto a luz solar e b) Kit robótica carro solar. --------------------------------------------------------------------------- 23 Figura 1.6. Casinha ecológica. ------------------------------------------------------------------ 23 Figura 4.1. Campos de golfe abandonados se transformam em usinas de Energia Solar no Japão. -------------------------------------------------------------------------- 36 Figura 4.2. Tabela de classificação periódica de elementos químicos. -------------- 36 Figura 4.3. Modelos representativos de semicondutores a temperatura de 0K. --- 39 Figura 4.4. Modelos representativos de semicondutores a temperatura acima de 0K. ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 39 Figura 4.5. Transporte de lacunas em semicondutores. --------------------------------- - 40 Figura 4.6. Semicondutor dopado tipo-N. ---------------------------------------------------- 40 Figura 4.7. Modelo de bandas para semicondutordopado com fósforo. ------------ 40 Figura 4.8. Semicondutor dopado tipo-P. ---------------------------------------------------- 42 Figura 4.9. Modelo de bandas para semicondutor dopado com Boro. --------------- 42 Figura 4.10. Formação da região de depleção. -------------------------------------------- 42 Figura 4.11. (a) Célula solar de silício monocristalino (b) Célula solar de silício policristalino. ----------------------------------------------------------------------------------------- 43 Figura 4.12. Célula de filme fino, silício amorfo. -------------------------------------------- 43 Figura 4.13. Distribuição das tecnologias utilizadas na produção de células solares. ------------------------------------------------------------------------------------------------ 46 11 Figura: 4.14. Potência fotovoltaica instalada no mundo entre o ano de 1996 e 2008. --------------------------------------------------------------------------------------------------- 46 Figura 4.15. Geração de pares elétron-lacuna no material semicondutor e feito de termalização. ------------------------------------------------------------------------------------ 47 Figura 4.16. Esquema da técnica de homoepitaxia. -------------------------------------- 49 Figura 4.17. Esquema da técnica de Heteroepitaxia. ------------------------------------- 49 Figura 4.18. Esquema da parte interna de um Reator. ----------------------------------- 49 Figura 4.19. Esquema de uma junção PN ressaltando a concentração de lacunas nos materiais tipo n e tipo p, assim como o comportamento do campo nas duas regiões da junção. --------------------------------------------------------------------- 51 Figura 4.20. Esquema de uma Célula Solar de silício. ----------------------------------- 51 Figura: 4.21. Gráfico da corrente e Potência em função da tensão externa aplicada a célula de silício cristalino. ---------------------------------------------------------- 56 Figura 4.22. Representação gráfica do comportamento da corrente e tensão, de acordo com a forma da associação: (a) associação em série (b) associação em paralelo. ----------------------------------------------------------------------------------------------- 56 Figura 4.23. Esquema representativo de célula, módulo e arranjo fotovoltaicos. - 58 Figura 4.24. Módulos de Silício: (a) Policristalino, (b) Monocristalino (c) Amorfo. - 58 Figura 4.25. influência da temperatura da célula no comportamento da curva corrente x tensão, com Irradiância padrão de 1000 W/m2 e espectro AM 1,5. ----- 59 Figura 4.26. influência da variação de irradiação solar no comportamento da corrente e tensão em célula de silício cristalino, a temperatura de 25 graus celsius. ------------------------------------------------------------------------------------------------ 59 Figura 4.27. Representação de bateria em circuito. --------------------------------------- 62 Figura 4.28. Ilustração de um Sistema Energia Solar Fotovoltaica. ------------------ 63 Figura 4.29. Modelo simplificado de Sistema Fotovoltaico Isolado. ------------------- 65 Figura 4.30. Esquema de um Sistema Isolado. -------------------------------------------- 65 Figura 4.31. Modelo simplificado de Sistema Fotovoltaico conectado a rede. ----- 65 Figura 4.32. Esquema de medição de voltagem em circuito aberto. ----------------- 70 Figura: 4.33. Esquema de medição de voltagem de um módulo em uma série. -- 70 12 Figura: 4.34. Solarímetro Digital. --------------------------------------------------------------- 72 Figura 4.35. Medição de Corrente de Curto-Circuito em Painel Solar. --------------- 72 Figura 5.1. Demonstração do experimento sobre Energia Solar Fotovoltaica com participação dos alunos da Escola Estadual Instituto Bom Pastor: a) apresentação e b) demonstração. Fonte: Própria.---------------------------------------- 74 13 LISTA DE QUADROS Quadro 3.1. Livros didáticos de ensino médio e superior. Fonte: Adaptado: Dayane, Laena, 2016.------------------------------------------------------ 31 Quadro 4.1: Ações recomendadas em caso de acidentes com ácidos de baterias. Fonte: Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, 2014.------- 67 Quadro 5.1. Relação entre Números de alunos que participaram da palestra e a quantidade de acertos (Instituto Bom Pastor).---------------------------------------------- 76 Quadro 5.2. Relação entre Números de alunos que participaram da palestra e a quantidade de acertos (IFPA-Ensino Médio/Integrado).---------------------------------- 77 Quadro 5.3. Quantidades de alunos e Número de acertos.----------------------------- 78 Quadro 5.4. Relação entre Números de alunos que participaram da palestra e a quantidade de acertos (Escola Estadual Abelardo Condurú).--------------------------- 79 14 LISTA DE ABREVIATURAS. Abreviatura Nome Unidade Ef - Energia do fóton eV H - Constante de Planck eV/Hz F - frequência Hz En - Energia de n fótons eV P - Potência W T - Tempo S T - Temperatura K Ec - Energia do elétron na banda de condução eV Ev - Energia do elétron na banda de valência eV Eg - Energia do Gap ou Hiato eV ED - Diferença de energia entre Ec e Ep eV Eb - Estado de energia dentro da banda proibida, próximo de Ev eV Ep - Estado de energia dentro da banda proibida, próximo de Ec eV ddp - Diferença de potencial ou tensão Volt IL - Corrente fotogerada A Io - Corrente reversa do diodo A N - Fator de idealidade - Q - Carga elementar C I - Corrente elétrica A Rs - Resistência em série Ω Rp - Resistência em paralelo Ω Voc - Tensão de circuito aberto Volt Isc - Corrente de curto-circuito A PMP - Potência máxima ou de pico W 15 Imp - Corrente no ponto de potência máxima ou de pico A Vmp - Tensão no ponto de potência máxima ou de pico Volt Η - Eficiência de conversão - A - Área da célula m 2 G - Irradiância Solar Global incidente na célula W/m 2 Ve - Força eletromotriz Volt Ri - Resistência interna Ω Vbat - Voltagem nos terminais da bateria Volt 16 SUMÁRIO CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------- 19 CAPÍTULO 2. UMA BREVE ABORDAGEM DE FREIRE, DELIZOICOV, ANGOTI E PERNAMBUCO, PCNS E LDB ----------------------------------------------- 25 2.1. IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E FILOSÓFICA DOS CIENTISTAS EXPERIMENTAIS 25 2.2. VISÃO DOS PCNS E LDB PARA O ENSINO MÉDIO.------------------ 26 2.3. FREIRE, DELIZOICOV, ANGOTI, PERNAMBUCO E A DISSERTAÇÃO. --------------------------------------------------------------------------------- 26 CAPÍTULO 3. ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS ------------------------------------ 30 3.1. ENERGIA SOLAR NOS LIVROS DIDÁTICOS ATUAIS: TEM OU NÃO TEM? -------------------------------------------------------------------------------- 30 3.2. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO MÉDIO E SUPERIOR ------------------------------------------------------------------------------- 31 3.3. COMENTÁRIOS GERAIS DA ANÁLISE E DISCURSÃO DAS OBRAS ESCOLHIDAS ---------------------------------------------------------------- 32 CAPÍTULO 4. PROPOSTA DE INCLUSÃO DO TEMA: “ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA” NO CURRÍCULODO ENSINO DE FÍSICA --------------------- 33 4.1. O SOL: NOSSA FONTE DE ENERGIA INESGOTÁVEL --------------- 33 4.2. CONCEITOS ESSENCIAIS PARA ENTENDIMENTO DO TEMA “ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA” -------------------------------------------- 34 4.2.1. Quantização de Max Planck e suas consequências ------ 34 4.2.2. Semicondutores e tabela periódica de classificação ---- 35 4.2.3. Semicondutor intrínseco (puro) --------------------------------- 37 4.2.4. Semicondutores extrínsecos ------------------------------------- 38 4.2.4.1. Semicondutor dopado - N (tipo N) --------------------- 38 17 4.2.4.2. Semicondutor dopado - P (tipo P) ---------------------- 41 4.2.5. Junção PN -------------------------------------------------------------- 41 4.3. A PROPOSTA: ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO ENSINO DE FÍSICA -------------------------------------------------------------------------------- 44 4.3.1. Breve histórico da Energia Solar no mundo e perspectivas comerciais --------------------------------------------------- 44 4.3.2. O Semicondutor: Silício -------------------------------------------- 47 4.3.3. Breve Descrição dos Métodos de Dopagem ---------------- 48 4.3.4. Células Fotovoltaicas de Silício---------------------------------- 50 4.3.5. Corrente, Voltagem e Eficiência de Conversão para Células Fotovoltaicas de Silício Dopado ----------------------------- 52 4.3.6. Associações de Células solares -------------------------------- 54 4.3.6.1. Associação em Série -------------------------------------- 55 4.3.6.2. Associação em Paralelo ---------------------------------- 55 4.3.7. Módulos e Arranjos Fotovoltaicos de Silício -------------- 57 4.3.8. Influência da Temperatura e Irradiação Solar no Comportamento da Corrente e Tensão nas Células Solares -- 59 4.3.9. Elementos de Sistemas Fotovoltaicos ------------------------ 60 3.3.9.1. Painel Fotovoltaico ----------------------------------------- 60 3.3.9.2. Bateria --------------------------------------------------------- 60 3.3.9.3. Controlador de Carga ------------------------------------- 62 3.3.9.4. Inversores --------------------------------------------------- 62 4.3.10. Princípios de Funcionamento do Sistema Fotovoltaico Isolado (SFI) e Sistema Fotovoltaico Interligado a Rede (SFIR)------------------------------------------------------------------- 64 4.3.10.1. Funcionamento do Sistema Fotovoltaico Isolado (SFI) ---------------------------------------------------------------------- 64 4.3.10.2. Funcionamento do Sistema Fotovoltaico Interligado a Rede (SFIR) ------------------------------------------- 66 18 4.3.11. Processo de Manutenção e Operações --------------------- 66 CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO E O GRUPO DO LABORATÓRIO DE PREPARAÇÃO E COMPUTAÇÃO DE NANO MATERIAIS (LPCN) ---------------------------------------------------------------------------- 73 5.1. O GRUPO DE ESTUDO LPCN --------------------------------------------------------- 73 5.2. APLICAÇÃO DO TEMA NA ESCOLA PÚBLICA ---------------------------------- 73 5.3. RESULTADOS ------------------------------------------------------------------------------ 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------- 80 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA-------------------------------------------------------- 81 APÊNDICE A: ------------------------------------------------------------------------------------ 85 APÊNDICE B: ------------------------------------------------------------------------------------ 89 ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------- 92 Anexo A: Capítulo de livro Sobre o Grupo LPCN e suas ações em escolas públicas --------------------------------------------------------------------------------------------- 92 Material instrucional relativo à dissertação-------------------------------------------- 96 19 Capítulo 1 INTRODUÇÃO Em países subdesenvolvidos do terceiro mundo, atualmente a falta de interesse acentuada por parte dos alunos quando se trata em estudar Ciências básicas, principalmente Física e Química já vêm acontecendo por muito tempo, talvez por falta de metodologias utilizadas pelos professores ou até mesmo pelo fato da forma como é abordado o currículo sendo desmotivante tanto para docentes quanto para discentes, assim como por falta também de incentivos de modo geral à educação. O ensino não vem acompanhando à realidade e muitas vezes vêm desvinculado de aplicações na ciência e tecnologia, o que torna o ensino irrelevante para os jovens que vivem mergulhados em tecnologia. O presente trabalho esta inserido na área de pesquisa, do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF) da Sociedade Brasileira de Física (SBF), “Física no Ensino Médio”, Área de concentração: Física na Educação Básica, a qual trata a atualização do currículo de Física para o Ensino Médio de modo a contemplar resultados e teorias da Física Contemporânea visando uma compreensão adequada das mudanças que esses conhecimentos provocaram e irão provocar na vida dos cidadãos (SBF, 2016). De acordo com Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007, pág. 162) “O ponto de partida do processo educativo é o conhecimento dos fatos que se relacionam mais de perto com a vida das crianças, abrangendo temas como a criança e suas necessidades e a criança e seu meio”. Muito se fala em industrialização e crescimento tecnológico no decorrer da evolução da humanidade. As revoluções industriais foram fatores decisivos no processo de encontrar novas fontes de energia. A Inglaterra como primeiro país a experimentar uma revolução industrial, entre 1780 e 1830. Esta primeira revolução foi caracterizada pela indústria têxtil de algodão, a siderurgia, em virtude da importância do aço. Como fonte de energia para funcionamento das máquinas foi utilizado basicamente a combustão do carvão. A Segunda Revolução Industrial tem nascimento no aspecto metalúrgico e químico. A tecnologia dessa segunda revolução tem característica no uso do aço e a fonte de energia é caracterizada pelo uso da eletricidade e do petróleo. Essa segunda 20 revolução foi iniciada em torno de 1870. Mas a evidência de um novo modelo de revolução só foi percebida de fato nas décadas iniciais do século XX. Foi mas evidentemente percebido nos Estados Unidos do que em países europeus. A partir de 1940 tem-se início a terceira revolução industrial, mas evidentemente por volta de 1970, tendo como característica principal o uso e construção de alta tecnologia. Esta nova era é caracterizada pelas energias renováveis e a internet conectando o mundo inteiro como um só país. O ser humano busca atualmente meios de obter energia elétrica de forma que não venham causar grandes impactos ambientais. Daí a importância dos estudos em energias renováveis. Em especial neste trabalho será abordado o tema “Energia Solar fotovoltaica” que tem fundamento na descoberta do efeito fotovoltaico em 1839 por Becquerel e posteriormente por vários outros cientistas. As crises do petróleo e a corrida espacial já na segunda metade do século XX vieram como agentes impulsionadores dos estudos em energia solar. Em 1850 foram fabricadas as primeiras células solares nos estados unidos (PINHO (org.), GALDINO (org.), 2014). A educação deve esta acompanhando o avanço da ciência e tecnologia, portanto neste trabalho procura-se oferecer teoria e experimentos voltados para o tema de Energia SolarFotovoltaica, buscando incentivar o docente a utilizar esses conceitos que tanto estão presentes no cenário mundial. Nesta seção, tem-se uma listagem de brinquedos educativos que permitem trabalhar os conceitos de transformações de energia em nível de ensino fundamental e médio, uma forma atraente que chama a atenção do aluno para participar espontaneamente das aulas. A criança principalmente nas series iniciais tende a aprender brincando, neste sentido juntar conceitos científicos ao cotidiano, a vida, da criança se torna uma forma eficiente de ensinar, portanto segue alguns brinquedos que utilizam energia solar para seu funcionamento, fazendo com que o professor tenha um leque de aplicações em suas aulas. Com estes brinquedos, pode-se também trabalhar o conceito de energia solar, assim como os processos de transformação de energia envolvidos e ressaltar a diferença básica entre Efeito Fotovoltaico e Efeito Fotoelétrico. 21 A) Inseto Barata movida à Energia Solar (a) (b) Figura 1.1. Ilustração de brinquedos: (a) barata movida a energia solar e (b) Ilustração de um inseto (centopeia) movido a energia solar. Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido- a-energia-solar, acesso em 25/04/2016. B) Mini tartaruga movida à energia solar Figura 1.2. Ilustração de Mini Tartaruga movida a Energia Solar. Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido-a-energia-solar, acesso em 25/04/2016. 22 C) Kit educativo movido à energia solar Figura 1.3. Ilustração de Kits Educativo de energia solar. Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido-a-energia-solar, acesso em 25/04/2016. D) Halloween Dança Movido Por Energia Solar a) b) Figura 1.4. Ilustração de bonecos: a) Halloween que dança quando exposto a luz solar e b) Boneca que dança Hula hula, alimentada por energia solar. Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido-a-energia-solar, acesso em 25/04/2016. 23 E) Trem Movido A Energia Solar – Educativo (a) (b) Figura 1.5. Ilustração de: a) trem que se move quando exposto a luz solar e b) Kit robótica carro solar. Disponível em: http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido-a-energia-solar, acesso em 25/04/2016. F) Casinha Casa Ecológica Movida A Luz Solar Educativo Figura 1.6. Casinha ecológica. Disponível em : http://lista.mercadolivre.com.br/brinquedo-movido-a- energia-solar, acesso em 25/04/2016. 24 Estes brinquedos acima mostram que a energia Solar Fotovoltaica já é uma realidade no âmbito educacional e que este produto já é presente no cotidiano das pessoas. No capítulo 1 esta apresentada uma listagem de kits educacionais já existentes no mercado. No capítulo 2 será abordada a teoria de aprendizagem e a relação com energia Solar fotovoltaica no cotidiano das escolas do ensino médio, levando em conta as recomendações dos PCNs e o que este exposto na LDB. No capítulo 3 foi realizada uma breve pesquisa sobre o tema Energia Solar nos livros didáticos de ensino médio, visando identificar se os mesmos abordam o tema ou não. Nos capítulos 4 e 5 descreve o produto educacional exigido pela Sociedade Brasileira de Física, sendo dividido na teoria básica de semicondutores e processo de aquisição do painel solar, assim como proposta de experimentos voltados para educação básica. No capítulo 4 foi descrito a teoria detalhada de aquisição e utilização do painel fotovoltaico. No capítulo 5, apresenta-se a aplicação do produto educacional em escolas públicas e em um Instituto Federal, assim como foi verificado a aprendizagem dos alunos mediante aplicação de questionários. Nos apêndices e anexos temos alguns certificados de eventos nacionais e internacionais, o que se destaca é o capítulo de livro de abrangência nacional: EVOLUÇÃO DE UM GRUPO DE ESTUDO LPCN PARA PESQUISA E DIDÁTICA NAS ESCOLAS DO PARÁ com ISBN e sob nossa autoria, sobre a energia Solar aplicada com o nosso produto desenvolvido (NETO, 2016). Após os anexos segue o material instrucional referente a esta dissertação de mestrado intitulado “ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: CONCEITOS APLICAÇÕES PARA O ENSINO MÉDIO”. 25 Capítulo 2 UMA BREVE ABORDAGEM DE FREIRE, DELIZOICOV, ANGOTI E PERNAMBUCO, PCNS E LDB 2.1. IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E FILOSÓFICA DOS CIENTISTAS EXPERIMENTAIS A prática de fazer ciência moderna tem origem no século XVI e XVII no método de investigação proposto por Francis Bacon, que buscava descrever matematicamente a natureza e por René Descartes com seu método analítico. Durante a idade média a igreja católica exercia influência direta na política e na ciência com as teorias fortemente fundamentadas nas ideias Aristotélicas. A partir do século XVI e XVII a ciência ganha nova direção com as ideias de grandes cientistas como Galileu Galilei, Francis Bacon, René Descartes e Isaac Newton. É bom ressaltar ainda a contribuição de Nicolau Copérnico que faz forte oposição ao modelo Geocêntrico, estabelecido por Ptolomeu no século II, propondo em contra partida o modelo Heliocêntrico (CAPRA, 2006 p.50). Segundo CERVO (2007, p.27) o Galileu Galilei foi o precursor do método experimental, considerado o pai da ciência moderna. De acordo com as ideias de Galileu a finalidade das investigações deve ser o conhecimento das leis que antecedem os fenômenos e suas relações quantitativas. Galileu juntou a metodologia de trabalho da experimentação ao raciocínio abstrato da filosofia e da matemática, a partir dessa junção nasce o que chamamos de ciência moderna. Francis Bacon é considerado um dos fundadores dessa nova ciência, desenvolveu o método empírico de pesquisa cientifica, na qual a razão fica subordinada a experimentação. De acordo com as ideias de Bacon o método empírico-indutivo deve seguir a experimentação, formulação de hipóteses, repetição, testagem das hipóteses, e formulação de leis (LAKATOS, 1991 p.47). René Descartes é considerado Também um dos principais pensadores da história do pensamento ocidental. Em sua obra Discurso sobre o método, ele propõem a utilização do método dedutivo, partindo do geral para o particular. 26 O inglês Isaac Newton considerado um dos maiores gênios da história universal, publicou sua obra, Principia, em 1687, que é considerada por muitos autores uma das mais brilhantes da ciência. Newton foi um grande sintetizador das ideias de seus antecessores desenvolveu a concepção mecânica da natureza. Newton desenvolveu a metodologia em que a ciência natural passou a basear-se desde então. 2.2. VISÃO DOS PCNS E LDB PARA O ENSINO MÉDIO Para o ensino médio de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o objetivo em cada área do conhecimento é envolver de forma combinada o desenvolvimento de conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea (Brasil, 1998, p.6). Ainda segundo os PCNs o professor tem o dever de estimular o aluno a buscar respostas sobre o ambiente e sobre os recursos tecnológicos que fazem parte do seu cotidiano (BRASIL 1997, p. 61). De acordo com a Lei Federal nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN) “a educação tem por finalidade o pleno desenvolvimentodo educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Deste modo levando em conta o exposto nos PCNs e na LDBEN o ensino deve estar voltado não apenas para o conteúdo em si, mas também para a construção do ser humano capaz de inferir criticamente e não apenas reproduzir conceitos adquiridos em métodos tradicionais de ensino. 2.3. FREIRE, DELIZOICOV, ANGOTI, PERNAMBUCO E A DISSERTAÇÃO. Por muito tempo o ensino tem se dado por mera transmissão e assimilação de conteúdo pronto sem poder de crítica por parte do aluno, método chamado hoje em dia de tradicional. Porém de acordo com Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007) o ensino deve ganhar uma nova abordagem para atingir a aprendizagem do aluno, pois hoje a educação é oferecida para muitos, e novas formas de ensinar devem tomar o lugar do método antigo e tradicional oferecido acima de tudo para poucos (2007, pág.33). 27 Segundo Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007) o professor tem o dever de paralelamente aos conteúdos levantar o senso crítico do aluno, de maneira que os conceitos relacionados à ciência e tecnologia se incorporem no dia a dia, no universo das representações sociais e se transforme em cultura. É bom perceber que as ideias dos autores citados têm concordância imediata com os requisitos exigidos pelos PCNs e impostos pela LDBEN. É notável na atualidade que a maioria dos professores e professoras não trabalha com temas modernos, inseridos em tecnologias, em virtude de dificuldades que já veem por muito tempo sendo levantadas por muitos autores. Essas dificuldades muitas das vezes são provenientes de ausência de formação continuada e até mesmo por falta de condições físicas em nossas escolas, em virtude do descaso do poder público pela educação da imensa maioria da população. Para Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007): Se solicitarmos exemplos de manifestações e produções culturais, certamente serão citados: música, teatro, pintura, literatura, cinema... A possibilidade de a ciência e a tecnologia estarem explicitamente presentes numa lista dessa natureza é muito remota! Ainda de acordo com Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007) é um desafio inserir, no trabalho do docente, atividades que envolvam conhecimentos de ciência e tecnologia, sejam eles os mais tradicionais ou os mais recentes. É importante que o professor esteja atualizado com os temas modernos para que possa ter atuação relevante no cenário educacional atual. Os livros didáticos por mais que sempre busquem atualizações no que diz respeito à divulgação de Ciência e tecnologias modernas, em muitas situações ainda são pobres em conceitos capitais e presentes na vida do aluno, como por exemplo, o tema “Energia Solar Fotovoltaica”, em brinquedos e aplicações tecnológicas por exemplo. Percebe-se depois de uma pesquisa em todos os últimos livros de física aprovados pelo Ministério da Educação (MEC) que a grande maioria não apresenta os conceitos relacionados com o tema, Energia Solar, e em alguns nem ao menos citam o tema (MOTA L. LOBO D, 2016). 28 Deste modo segundo Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007) o livro didático ainda é a principal ferramenta de trabalho do professor e em virtude das deficiências presentes nestes livros é imprescindível que o docente busque outras fontes, novos materiais que abordem outros temas tão relevantes para a sociedade quanto aqueles presentes nos livros didáticos. Nesta dissertação de Mestrado será evidenciado o tema Energia Solar Fotovoltaica, assim como o uso dos geradores fotovoltaicos ou placas fotovoltaicas ,como são conhecidas. A escolha deste tema visa estimular estudos, mas aprofundados no que diz respeito a energias renováveis, e esclarecer para a sociedade de modo geral a relevância de tal tema para a cultura. O trabalho da dissertação foi exposto, em forma de conceitos e experimentos, em feiras culturais em escolas públicas. Foi observada resistência por parte de organizadores da feira, especialmente da escola Izabel Amazonas, Localizada No bairro do Distrito Industrial na cidade de Ananindeua. Como foi exposto com Delizoicov, Angoti e Pernambuco (2007), é remota a possibilidade de termos ciência e tecnologia em manifestações culturais, o contrário com danças, teatro e outras. Já na Escola estadual Instituto Bom Pastor a história foi bastante diferente, houve grande aceitação e participação tanto dos profissionais da escola como alunos, ver figura 5.1, o que nos trouxe acima de tudo prazer em trabalhar na área da educação. O tema proposto é muito rico no que diz respeito à física e também pode ser trabalhado de forma transdisciplinar, fazendo referências a conceitos de química, ligações e classificação periódica dos elementos na tabela periódica. Além de naturalmente chamar a atenção do aluno para participar, despertar o carácter científico e incentivar a busca por conhecimento e reflexão crítica sobre o modelo de geração de energia elétrica convencional (hidrelétrica) e seus impactos na flora, na fauna e na população ribeirinha desterritorializada. Deste modo pode-se utilizar o tema, Energia Solar, no momento de ensino e aprendizagem como tema gerador fazendo uma relação com a teoria de Paulo Freire, ou melhor, perspectiva freireana que esta vinculada a transformação da sociedade e formação de sujeitos críticos que possam intervir no meio em que vivem. Paulo Freire acreditava que os alunos já traziam conhecimentos que 29 deveriam ser levados em conta e enriquecidos com argumentos do educador para gerar no discente postura crítica, deste modo transformando a sociedade. Então no método Freireano a participação do professor e do aluno é igualitária. A ideia central nesta teoria é libertar o aluno da passividade e transformar em um cidadão crítico (FREIRE, 1999). Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2007) afirmam que cabe aos professores, interpretar os temas significativos que se constituirão como temas geradores, os quais iram direcionar as ideias na identificação de conhecimentos necessários para a vida do aluno. Para isso apresentam 4 temas e conceitos unificadores na estruturação do programa de ensino de Ciências. Para o referido trabalho de dissertação o importante é o tema Energia, que agrega os conhecimentos específicos de ciência e tecnologia. Dentro do exposto, levando em conta argumentos de Paulo Freire sobre os temas geradores e a formação de aluno crítico, assim como a importância de implementação pelos professores de temas relativos à ciência e tecnologia e formação também de aluno critico por parte de Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2007), vejo que a dissertação pode ser trabalhada neste contexto como tema gerador, e formação de alunos críticos, que possa inferir sobre os métodos tradicionais de obtenção de energia elétrica e possa ter uma visão ampla sobre energias renováveis e sua devida importância para o cenário mundial. Os requisitos capitais nas teorias aqui apresentadas (Freire e Delizoicov, Angotti e Pernambuco -2007) é que o importante não é o conteúdo em si, mas sim o que ele tem haver com a vida cotidiana do aluno, se desperta a consciência crítica. E através da apresentação nas escolas percebeu-se que o tema contagiou os alunos com o espírito científico e despertou a esperança de formar pessoas que venham intervir na sociedade com ideias e questionamentos. 30 Capítulo 3 ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS Nesta etapa, analisa-se de que modo os livros didáticos veem abordando a física e em especial o tema energia solar. O livro didático como sempre útil noprocesso de ensino é indispensável para os professores e alunos, principalmente de escolas públicas, as quais muitas vezes não tem o recurso material necessário para a construção do conhecimento. Neste contexto o governo federal mantem o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) que é voltado à distribuição de livros didáticos para as escolas públicas. No decorrer dos anos, o programa foi aperfeiçoado e teve diferentes nomes e formas de execução. Atualmente, o PNLD é voltado à educação básica brasileira (PNLD-2015). Conforme Silva e Garcia (2009). Em 2004, o Governo Federal executa outro programa relacionado ao livro didático: o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), abrangendo gradualmente as disciplina que compõem os currículos escolares, que tem como principal objetivo a universalização do Ensino Médio. O livro didático tem sido elemento de muitas discussões no meio acadêmico, pois as expectativas são que estes se aproximem cada vez mais das realidades científicas, sociais e tecnológicas. 3.1. ENERGIA SOLAR NOS LIVROS DIDÁTICOS ATUAIS: TEM OU NÃO TEM? Aqui foram analisados livros didáticos tanto de ensino básico quanto de ensino superior da disciplina física, com o intuito de verificação do tema proposto em tais livros. Para a análise dos livros didáticos foi estabelecido o critério se aborda ou não o tema, energia solar, de forma sucinta ou apenas faz pequenas citações ou até mesmo não se refere ao assunto, ou seja, não contempla o tema. Então o objetivo é verificar se o livro tem ou não tem o tema Energia Solar Fotovoltaica. 31 3.2. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO MÉDIO E SUPERIOR Autor(es) Obra Volume/Ensino Editora H. Moysés Nussenzveig Curso de Física Básica 1,2,3 e 4/Superior Blucher David Halliday, Robert Resnick e Jearl Walker Fundamentos de Física 1,2,3 e 4/Superior FTD João Barcelos Neto Mecânica Newtoniana, Lagrangeana e Hamiltoniana Único/Superior Livraria da Física Adriana Valádio Roque da Silva Nossa estrela: O SOL Único/Médio e Superior Livraria da Física Claudio Xavier e Benigno Barreto Coleção física aula por aula. 1, 2 e 3/Médio FTD Alberto Gaspar Física Único/Médio Ática Aurélio Gonçalves Filho e Carlos toscano Física interação e tecnologia 1, 2 e 3/Médio Leya Bonjorno, Clinton, Eduardo Prado e Casemiro. Física 1,2 e 3/Médio FTD Alberto Gaspar Compreendendo a Física 1, 2 e 3/Médio Ática Carlos Magno A.Torres, Nicolau G. Ferraro, Paulo Antônio de T. Soares e Paulo C. Martins Penteado. Física: Ciência e tecnologia 1, 2 e 3/Médio Moderna Blanidi Sant’Anna, Gloria Martini, Hugo Carneiro Reis e Walter Spinelli Conexões com a FÌSICA 1 e 2/Médio Moderna Newton Vilas Boa, Ricardo Helou Doca e Gualter José Biscuola. Física 1,2,3/Médio Saraiva Kazuhito Yamamoto e Luiz Felipe Fuke FÍSICA PARA O E. MÉDIO 1,2 e 3/ Médio Saraiva Total 12 34 7 Quadro 3.1. Livros didáticos de ensino médio e superior. Fonte: Adaptado: MOTA L. e LOBO D., 2016. 32 3.3. COMENTÁRIOS GERAIS DA ANÁLISE E DISCURSÃO DAS OBRAS ESCOLHIDAS Aqui nesta seção não será abordado de forma detalhada como os autores trataram o tema em suas obras ou por que não trataram, mas podemos garantir de acordo com a pesquisa nos livros didáticos, que a abordagem do tema não foi realizada na maioria das obras aqui analisadas, as poucas obras que abordaram o tema o fizeram de forma superficial. Alguns dando ênfase para Energia Solar Térmica e nem ao menos citando a Energia Solar Fotovoltaica. Foi fácil perceber depois da análise das obras que a maioria dos livros de física não vem explorando o tema “Energia Solar Fotovoltaica e suas aplicações na geração de energia elétrica no Brasil”. Em países como, por exemplo, na Alemanha esses conceitos veem sendo abordados de modo cotidiano nas escolas. Percebe-se que tal tema é de extrema importância no cenário mundial e de grande necessidade de introduzir no currículo do ensino de Física, pelo menos os conceitos iniciais, nas escolas de ensino médio assim como também em cursos superiores de física, visto que nos livros analisados de ensino médio e superior nem um deles aborda o tema de forma detalhada, apenas fazem citações superficiais sobre energia solar, assim como de outras formas de energias renováveis. A obra “Os Fundamentos de Física”, HALLIDAY, aborda a fundamentação de teoria de semicondutores, porém não menciona o tema Energia Solar em detalhes. 33 Capítulo 4 PROPOSTA DE INCLUSÃO DO TEMA: “ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA” NO CURRÍCULO DO ENSINO DE FÍSICA Esta proposta vem como indicativos de conceitos essenciais, satisfatórios e de extrema importância para introduzir no currículo de Física do ensino médio, assim como de alguns cursos superiores de modo bem mais aprofundados. O presente tema se mostra necessário em virtude de ser contemporâneo e fazer parte de uma revolução na área energética mundial e ainda não ser tratado com tal relevância em livros didáticos nacionais, como foi exposto no capítulo anterior deste trabalho. 4.1. O SOL: NOSSA FONTE DE ENERGIA INESGOTÁVEL De acordo com Silva O Sol é a estrela mais próxima de nós e, portanto, a que foi melhor estudada. Muito do que sabemos sobre as estrelas se deve ao estudo do Sol, que também funciona como um laboratório de altíssimas energias para experimentos impossíveis de serem realizados na terra (2006, pág. 1) Silva afirma ainda que: O Sol emite radiação ao longo de todo espectro eletromagnético, desde os energéticos raios X e gama até ondas quilométricas de rádio, passando pelo ultravioleta, visível, infravermelho, milimétrico e micro-ondas. A maior parte da intensidade encontra-se no visível, e não é coincidência o fato de nossos olhos serem adaptados para enxergarem nessa faixa do espectro. Especificadamente, a intensidade máxima encontrada nas emissões do espectro solar está em um comprimento de onda de 500nm (2006, pág. 4). De acordo com a escala de tempo da terra e com os níveis de consumo energético mundial, o Sol pode ser adotado como uma fonte inesgotável energia. O aproveitamento energético solar é, sem dúvidas, uma das alternativas energéticas mais viáveis para a humanidade (GALDINO et al, pág. 17, 1998 ). O Sol Irradia por ano o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela população do mundo, neste mesmo período, e produz continuamente 390 sextilhões (3,9x1023) de quilowatts de potência. Como ele emite energia em todas as direções, um pouco desta energia é desprendida, mas mesmo assim, a Terra recebe mais de 1.500 34 quatrilhões (1,5x1018) de quilowatts-hora de potência em um ano. Evita-se com apenas 1m2 de coletor solar instalado a inundação de uma área de 56m2 de Terra, na construção de novas usinas hidrelétricas (AMBIENTE BRASIL). A Energia Solar captada por painéis fotovoltaicos é a solução mais viável para áreas isoladas e ainda não eletrificadas, especialmente num país como o Brasil onde se encontram bons índices de insolação em qualquer parte do território (AMBIENTE BRASIL). Em regiões afastadas como, por exemplo, localidades da ilha do Marajó, no estado do Pará, são comuns o uso de painéis solares como fonte de energia, em virtude do custo sair altíssimo por métodos convencionais, via linhas de transmissões. Porém também pode ser utilizadas em qualquer parte do mundo, desde que seja de interesseda sociedade local, temos um exemplo bastante interessante no Japão que deveria ser seguido no mundo todo. A empresa japonesa Kyocera está construindo uma usina solar com capacidade de 26.312 megawatts-hora (MWh) de energia por ano, o suficiente para 8100 domicílios. O empreendimento será a maior instalação produtora de energia solar da província de Kyoto, onde esta sendo construída, figura 4.1. 4.2. CONCEITOS ESSENCIAIS PARA ENTENDIMENTO DO TEMA “ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA” 4.2.1. Quantização de Max Planck e suas consequências Em 1900, Max Planck, físico alemão, assume que a energia radiante é composta por pacotinhos de energia, os quais chamou de quantum. Cinco anos depois a proposta de quantização foi utilizada pelo físico alemão Albert Einstein para explicar o efeito fotoelétrico proposto por Hertz em 1987. Mas tarde por volta de 1926 o químico Gilbert Lewis denominou esses pacotinhos simplesmente de Fóton, denominação aceita até os dias atuais e mais utilizada nos livros didáticos. Cada fóton de energia carrega consigo uma quantidade de energia dada pela equação 𝐸𝐹ó𝑡𝑜𝑛 = ℎ 𝑓 , Equação 4.1 Assim como para n fótons a energia total é dada por 35 𝐸𝑛 = 𝑛 ℎ 𝑓 , Equação 4.2 Sabemos que a potencia é dada por 𝑃 = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 , Equação 4.3 Podemos escrever 𝑃 = 𝑛 ℎ 𝑓 𝑡 , Equação 4.4 Onde ℎ = 6,63𝑥10−34𝐽. 𝑠 é a chamada constante de Planck, 𝑓 a frequência da radiação e 𝑡 é o tempo de incidência de radiação (HALLIDAY, 2007). Em 1923 Arthur Holly Compton apresentou o efeito Compton que nos mostra mais uma evidência da natureza corpuscular da radiação proposta por Planck. É oportuno frisar aqui que o efeito fotoelétrico rendeu o prêmio Nobel para Albert Einstein em 1921, assim como o efeito Compton para Arthur Compton em 1927. (HALLIDAY, 2007). Esse conceito de energia corpuscular proposta por Max Planck em 1900 é fundamental para o entendimento de geração de energia elétrica diretamente do sol via painéis solares. 4.2.2. Semicondutores e tabela periódica de classificação Os semicondutores são materiais que, à temperatura ambiente, nem conduzem como os metais, nem isolam como os isolantes. São elementos da coluna IV ou família 4A (Fig. 4.2) da tabela de classificação periódica dos elementos químicos, caracterizados por terem quatro elétrons na última camada. Num semicondutor cristalino, a estrutura regular em que se dispõem os átomos faz com que os elétrons da última camada sejam compartilhados com os átomos vizinhos, realizando o que chamamos de “ligação covalente” (TEIXEIRA, 2003). Os semicondutores possuem resistência elétrica maior do que a dos materiais condutores e menor do que dos isolantes, sendo o mais utilizado, o silício (KLOSOWSKI, 2011). 36 Figura 4.1. Campos de golfe abandonados se transformam em usinas de energia solar no Japão. Disponível em:<http://olhardigital.uol.com.br/noticia/japao-transforma-campos-de-golfe-abandonados- em-usinas-de-energia-solar/50777?cmpid=fb-uolnot> , Acesso em 29/08/20015. Figura 4.2. Tabela de classificação periódica de elementos químicos. Fonte: http://www.tabelaperiodicacompleta.com/> acesso em 02 de fevereiro de 2015. 37 4.2.3. Semicondutor intrínseco (puro) O cristal de silício puro não possui elétrons livres. É caracterizado pelas faixas de valência e faixa de condução e entre elas existe uma faixa intermediária denominada proibida, também chamada de hiato energético, é a largura deste hiato que determina se é um semicondutor ou isolante. Os isolantes o hiato tem largura maior, cerca de 6 eV e os semicondutores de 1 eV. Deste modo podemos excitar os elétrons e fazê-los passarem da faixa de valência para a faixa de condução mediante incidência de fótons, na frequência da luz visível (BRAGA, 2008). À temperatura de 0K, tanto o semicondutor como o isolante não conduzirão corrente elétrica, pois em ambos os casos as bandas de valência estarão completamente preenchidas, assim como a banda de condução estará vazia em sua totalidade. A figura 4.3 apresenta dois modelos representativos de semicondutores, considerando a temperatura igual a 0K. Na figura 4.3a os círculos representam os núcleos dos átomos e as barras duplas representam os elétrons compartilhados por ligações covalentes (SWART, 2008). A temperatura acima do zero absoluto o material semicondutor, no caso de hiato pequeno, alguns elétrons adquirem energia térmica da rede, podendo alcançar a banda de condução. Desta forma teremos a condição que tanto elétrons da banda de condução quanto elétrons da banda de valência podem conduzir corrente elétrica (SWART, 2008). É importante ressalta aqui o transporte de lacuna, o que é equivalente ao movimento de elétrons na banda de valência. O transporte de lacuna ocorre no sentido contrário ao movimento de elétrons na banda de valência, como se fosse cargas positivas se movimentando. De acordo com SWART: É intuitivo assumir que o número desses portadores cresce com a temperatura do material e que, quanto menor a banda proibida, maior é esse número (um maior número de elétrons da banda de valência receberá energia suficiente para alcançar um estado na banda de condução). Dessa forma podemos afirmar que a taxa de geração de portadores é uma função da temperatura e da largura da banda proibida (pág. 153, 2008). Ao mesmo tempo em que é criado o par elétron - lacuna no semicondutor ocorre também o processo de recombinação quando um elétron e uma lacuna se encontram, porém depois de certo tempo em que o material entra em equilíbrio térmico o número de elétrons e lacunas tendem a um valor de equilíbrio, o que é 38 equivalente a dizer que a taxa de geração de portadores é igual à taxa de recombinação elétron – lacuna (WSART, pág. 153, 2008). 4.2.4. Semicondutores extrínsecos Semicondutores extrínsecos são semicondutores dopados com impurezas que alteram a concentração dos portadores de carga, elétrons e lacunas. Para os semicondutores elementares como o Silício e o Germânio são utilizados como dopantes os elementos das famílias IIIA e VA da tabela periódica. Já para os semicondutores compostos, como o GaAs por exemplo são utilizados os elementos das famílias IIA, IVA e VIA como impurezas (WSART, 2008). 4.2.4.1. Semicondutor dopado - N (tipo N) O Silício apresenta-se normalmente como areia. Através de métodos adequados, obtém-se o Silício em forma pura (na verdade nem tanto puro). O cristal de Silício “puro” não possui elétrons livres e, portanto é um péssimo condutor de eletricidade (NASCIMENTO, 2004). No Silício puro podemos inserir impurezas, das quais destacamos o fósforo da família 5A e o boro da família 3A, para obter resultados diferentes dos obtidos com silício puro, o que chamamos de dopagem. Por exemplo, a dopagem do silício com o fósforo, elemento da família VA obtém-se um material com elétrons praticamente livres, ou melhor, “fracamente ligados ao átomo de silício” ou materiais com portadores de carga negativa (Silício tipo N) (TEIXEIRA, 2003). Com a dopagem do Silício com o Fósforo ocorre uma perturbação na estrutura de bandas do Silício, aparece um estado de energia entre as bandas de valência e de condução, ou seja, dentro da banda proibida, como ilustra a figura 4.7. Podemos considerar o modelo desse quinto elétron fracamente ligado ao átomo de silício comparando com o modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio, o que levará ao cálculo de ED = -0,1 eV. A linhatracejada representa a não distribuição contínua de impurezas no cristal de Silício. Percebe-se que esse quinto elétron necessita de pouca energia, em relação aos da banda de valência, para se deslocar para a banda de condução. (SWART, PÁG. 157, 2008) 39 a) Modelo de ligações químicas. b) Modelo de bandas de energia. Figura 4.3. Modelos representativos de semicondutores a temperatura de 0K. (a) (b) Figura 4.4. Modelos representativos de semicondutores a temperatura acima de 0K. Modelo de a) ligações químicas e b) bandas. Banda de condução Banda de valência Banda de condução Banda de valência 40 (a) (b) Figura 4.5. Transporte de lacunas em semicondutores. Modelos de a) ligações químicas e b) bandas. Elétron Silício Elétron fracamente ligado (praticamente Livre) Elemento da família 5A Fósforo Figura 4.6. Semicondutor dopado tipo-N Figura 4.7. Modelo de bandas para semicondutor dopado com fósforo. Ec Ev Eg = 1,12ev EP Ec – EP = 0,045ev Banda de condução Banda de valência 41 4.2.4.2. Semicondutor Dopado - P (tipo P) O mesmo processo, dopagem, pode ser feito também acrescentando Boro, ou Alumínio, elemento da família IIIA, no Silício ao invés de Fósforo, obtendo um material com carência ou falta de elétrons, ou material com cargas positivas (lacunas) livres (Silício tipo P) (TEIXEIRA, 2003). Deste modo a estrutura do modelo de bandas também será modificada, pois aparecerá um estado de energia intermediário entre a banda de valência e a banda de condução, ou seja, dentro da banda proibida, só que agora esse será logo acima da banda de valência como mostra a figura 4.9. 4.2.5. Junção PN Uma junção PN corresponde a uma união de dois materiais, um tipo N e outro tipo P. Alguns elétrons livres da região N movem-se através da junção por difusão, e ocupam as lacunas na região-P, formando íons negativos nesta região P. Estes elétrons deixam íons positivos nas posições ocupadas pelas impurezas doadoras N, já que deixaram seus átomos de origem, tipo N (TEIXEIRA, 2003). Ocorre a formação de um íon negativo na posição do átomo aceitador. No lado-N ficou para trás um íon positivo (falta de elétron) na posição do átomo doador. A carga espacial na junção aumenta, criando uma região de depleção que inibe transferências subsequentes de elétrons conforme apresentado na figura 4.9 (criação da região de depleção) e na figura 4.10 (região de depleção). É importante ressaltar que a ddp através da região de depleção é chamada de barreira de potencial e que a temperatura de 25ºC, esta barreira é de 0,7V para o Silício e 0,3V para o Germânio. (TEIXEIRA, 2003). 42 elétron Silício Lacuna Elemento da família 3A Íon negativo Figura 4.8. Semicondutor dopado tipo-P. Figura 4.9. Modelo de bandas para semicondutor dopado com Boro. Figura 4.10. Formação da Região de depleção. Ec Ev Eg = 1,12ev EB – EV = 0,045ev Tipo P Tipo N Região de Depleção 43 (a) (b) Figura 4.11. Célula solar de Silício (a) monocristalino e (b) Multicristalino (Honsberg e Browden Apud Buhler-2011). Figura 4.12. Célula de filme fino, silício amorfo. (UNISOLAR Apud Buhler-2011). 44 4.3. A PROPOSTA: ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO ENSINO DE FÍSICA Diante do exposto observa-se a relevância de inserção do tema “Energia Solar” no ensino de física, visto que é um fato extremamente importante no que diz respeito à física contemporânea e a contextualização dos conteúdos abordados, assim como a relevância no cenário internacional. Aqui nesta secção será exposto de forma mais didática possível como ocorre à conversão direta de energia solar em elétrica e em quais situações é, mas viável ser adotado um sistema de geração fotovoltaico ao invés de um convencional, assim como os cuidados que devemos ter no processo de instalação e de manutenção. 4.3.1. Breve Histórico da Energia Solar no mundo e perspectivas comerciais O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Edmund Bequerel e consiste em uma diferença de potencial entre dois semicondutores de propriedades elétricas diferentes (BUHLER, 2013). As primeiras células fotovoltaicas foram construídas a partir de Selênio por C.E. Frits por volta de 1883. Somente em torno de 1950 foram construídas, nos laboratórios Bell nos Estados Unidos, as primeiras células utilizando semicondutor, silício cristalino, esses painéis fabricados em 1950 tiveram um rendimento relevante na época. Nas últimas décadas veem sendo aplicadas várias tecnologias na fabricação de células fotovoltaicas. Existem as células baseadas em filmes finos e as de multijunção de alta eficiência e células baseadas em corantes, no entanto as células de silício cristalino dominam o mercado mundial no que diz respeito à fabricação e comercialização. (PINHO (org.), GALDINO (Org). 2014) As células podem ser classificadas em células de primeira, segunda e terceira geração. As de primeira geração são as células especialmente tratadas nesta dissertação, células de Silício dopado, são as mais comercializadas e representam em torno de 90% da produção mundial (Buhler, 2011). Células de segunda geração são aquelas feitas em filmes finos, como o tulereto de cádmio e o silício amorfo, têm eficiência e custo de fabricação menor que as de silício cristalino, assim como a espessura são inferiores. 45 As de terceira geração são células fotovoltaicas, de baixa eficiência, são células baseadas em corantes, em aplicações incluem células orgânicas e nano cristais. Ainda em fase de constantes pesquisas e desenvolvimento. É importante ressaltar que apesar dos estudos constantes em relação às células de segunda e terceira geração as de silício cristalino veem dominando o mercado mundial, daí a preferência nesta dissertação em concentrar o estudo, e socializar em nível de ensino médio, em energia solar fotovoltaica mediante a utilização de painéis solares baseados em silício cristalino. A figura 4.13 mostra a produção industrial desde 2000 até 2011. A figura 4.14 nos mostra que a potência mundial instalada cresceu bastante no período entre 1996 e 2008, tanto para sistemas conectados a rede como aqueles autônomos. É importante ressaltar que esses chamados de autônomos são de extrema importância para regiões de difícil acesso ou isoladas, como por exemplo, para residências de ribeirinhos em algumas localidades na região do Marajó, no estado do Pará/Brasil, onde se torna inviável o custo para levar energia elétrica por métodos tradicionais, por cabos, portes etc. 46 Figura 4.13. Distribuição das tecnologias utilizadas na produção de células solares. Legenda: m-Si: silício monocristalino; p-Si: silício policristalino; CdTe: telureto de cádmio; a-Si: silício amorfo; CIS: disseleneto de cobre índio; CIGS: disseleneto de cobre índio gálio; e Si-Fitas: fitas de silício. Fonte: HERING Apud PINHO (ORG.), GALDINO (ORG.), 2014. Figura: 4.14. Potência fotovoltaicainstalada no mundo entre o ano de 1996 e 2008. Fonte: VERA, 2009. 47 4.3.2. O Semicondutor: Silício O silício é um material semicondutor abundante na natureza, que se atingisse a temperatura de 0K possuiria sua banda de condução completamente vazia e a temperatura ambiente não é um bom condutor de eletricidade por possuir poucos elétrons na banda de condução. A dopagem do silício com material como o fósforo e o bora nos fornecem o silício tipo N e tipo P respectivamente, e a junção PN desses nos oferece um material-conjunto que constitui a base para a célula solar de silício. Se este material, semicondutor, for exposto á luz solar com fótons de energia maior ou igual que a energia do Gap, ou hiato, irá gerar pares elétron-lacuna no material. Caso a energia do fóton seja maior que a do Gap o excedente geralmente é emitido em forma de calor, aquecendo o material, é o fenômeno que chamamos de tematização do excedente da energia. A figura 4.15 mostra uma idealização do que acontece na recepção fóton-elétron e a termalização. Pode-se fazer o balanço energético com a ajuda da figura 4.15, o que é fácil perceber que a energia do Gap (Eg) é a diferença entre a energia mínima da banda de condução (Ec) e a máxima da banda de valência (Ev). 𝐸𝑔 = 𝐸𝑐 − 𝐸𝑣 , Equação 4.5 Figura 4.15. Geração de pares elétron-lacuna no material semicondutor e feito de termalização. Banda de valência Banda proibida Banda de condução calor h.f Ev Ec E(ev) 48 4.3.3. Breve Descrição dos Métodos de Dopagem Nesta seção seram discutido algumas técnicas básicas para obtenção de materiais semicondutores dopados. Essas técnicas visam à deposição de camadas (filmes) de determinado material sobre outro chamado substrato, podendo ser de mesmo material ou não. I- Técnica epitaxial: Esta técnica de deposição consiste em depositar material sobre outro seguindo a mesma orientação cristalográfica do substrato. Essa técnica é geralmente classificada em homoepitaxia e heteroepitaxia. A Homoepitaxia é a deposição de um filme sobre um substrato de mesmo material. Na Figura 4.16 tem-se um exemplo de deposição de um filme de Si sobre um substrato de Si. Pode-se destacar que o exemplo da Figura 4.16 constitui a base de uma célula fotovoltaica, a qual será objeto de estudo das próximas subseções deste trabalho. A heteroepitaxia é a deposição de um filme de determinado material sobre um substrato de material diferente. Segundo o exemplo da Figura 4.17 da deposição de um filme de AlGaAs tipo N sobre um substrato de GaAs. Existem várias técnicas de epitaxia, deposição de filmes sobre substrato, neste trabalho será abordada a técnica, mas utilizada que é chamada de VPE (Vapor Plase Epitaxy) ou Epitaxia por Fase de Vapor. O processo é elaborado em um aparelho específico denominado Reator, o qual possui uma câmara onde colocamos lâminas de silício sobre uma plataforma de lâminas com temperatura controlada (SWART, pág.230, 2008). Sobre a plataforma, com temperatura controlada, são colocadas bolachas de silício em seguida são ejetados gases como, por exemplo, o SiH4 que é o mas utilizado atualmente por possuir uma taxa de crescimento dentro do intervalo de 0,2 a 0,3 micrometro e trabalhar a uma faixa de temperatura relativamente baixa, entre 950 a 1050oC (SWART, 2008). Temos vários tipos de reatores, dentre eles os reatores radioativos, verticais e horizontais. Na figura 4.18 temos um esquema básico de um Reator radioativo. 49 Figura 4.16. Esquema da técnica de homoepitaxia. Figura 4.17. Esquema da técnica de Heteroepitaxia. Figura 4.18. Esquema da parte interna de um Reator. Si - P Si - N GaAs-S.I AlGaAs-n 50 Na figura 4.18 os gases entram pela parte superior e em seguida passam paralelamente a superfície das bolachas de silício, contaminando-as, e saem pela parte inferior do Reator. No final do processo temos um filme do material (dopante) desejado nas bolachas de silício, no substrato. 4.3.4. Células Fotovoltaicas de Silício De acordo com Pinho (org.) e Galdino (org.), pág.114, 2008, “as células fotovoltaicas podem ser entendidas essencialmente como diodos (junções PNs) de grande área, preparadas especialmente para que ocorra o efeito fotovoltaico”. Estas células são destinadas para converter energia radiante “do Sol” diretamente em energia elétrica, para explicar isso utilizamos o efeito fotovoltaico, essas células na verdade constituem junções PN, diodos, de material semicondutor dopado, Figura 4.19, Sendo o mais comercializado o silício devido ser mais abundante na natureza, no qual podemos incidir radiação fazendo com que seus elétrons ganhem a energia dos fótons, de valores maiores ou igual à energia do Gap, e saltem da banda de valência para a banda de condução, Efeito Fotovoltaico, dando origem ao aparecimento de pares elétron-lacuna, que serão separados pela região de depleção da junção, em virtude do campo elétrico gerado, ver Figura 4.19. Alguns elementos contribuem para a limitação da eficiência da célula solar como as resistências oferecidas pelas chapas metálicas e o processo de recombinação de elétron e lacunas, assim como defeitos de fabricação (PINHO, org. GALDINO, Org. 2014). Na figura 4.20 temos uma ilustração básica do funcionamento da célula fotovoltaica de silício dopado. 51 Figura 4.19. Esquema de uma junção PN ressaltando a concentração de lacunas nos materiais tipo n e tipo p, assim como o comportamento do campo nas duas regiões da junção Fonte: Buhler-UFRGS- 2011. Figura 4.20. Esquema de uma Célula Solar de silício. Fonte: Adaptado NT Solar PUCRS Apud Gasparin-2012. 52 4.3.5. Corrente, Voltagem e Eficiência de Conversão para Células Fotovoltaicas de Silício Dopado. Em uma célula considerada ideal, desprezados quaisquer elementos dissipativos, como por exemplo, resistências oferecidas pelas barras metálicas acopladas nas superfícies externas da junção PN, poderíamos calcular a corrente pela soma da corrente da célula no escuro (influenciada pela temperatura) e a corrente foto-gerada pela incidência de radiação, de acordo com a equação abaixo (SWART, 2008). 𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒 𝑞𝑉 𝑛𝐾𝑇 − 1], Equação 4.6 Onde: 𝐼𝐿- corrente fotogerada pelo diodo 𝐼0- corrente reversa do diodo (pode ser determinada experimentalmente), também conhecida como corrente de fuga 𝑛- Fator de idealidade do diodo 𝑞- carga elétrica elementar 1,6 . 10−19𝐶 𝑘- constante de Boltzman 𝑇- temperatura absoluta 𝑉- voltagem externa aplicada a célula É necessário ressaltar aqui que se não houver incidência de radiação a corrente no circuito será apenas em virtude do potencial externo aplicado e será dado por (SWART, 2008). 𝐼 = 𝐼0 [𝑒 𝑞𝑉 𝐾𝑇 − 1]. Equação 4.7 Isso se a polarização for feita de forma direta onde a região de depleção diminui com o estabelecimento da tensão externa, caso a polarização for feita de forma indireta praticamente não haverá existência de corrente, caso em que a região 53 de depleção aumenta com o estabelecimento da tensão externa, oferecendo maior resistência à passagem de corrente, caso que pode ser demonstrado facilmente com o uso de um LED, o qual transporta corrente apenas em um único sentido. Agora se levarmosem conta os elementos dissipativos temos que fazer algumas correções no nosso modelo de corrente, para uma única célula, deste modo deve-se expressar a corrente pela seguinte equação (SWART, 2008). 𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒 𝑞(𝑉+𝐼𝑅𝑠) 𝑛𝐾𝑇 − 1] − 𝑉+𝐼𝑅𝑠 𝑅𝑝 , Equação 4.8 onde: 𝑅𝑠 - é a resistência em série e 𝑅𝑝 - é a resistência em paralelo Podemos determinar a potência total útil entregue ao sistema para uma célula ideal, somente para idealizações didáticas no ensino médio, utilizando para isso a equação seguinte, já conhecida do ensino médio: 𝑃 = 𝐼. 𝑉, Equação 4.9 Substituindo a equação 4.6 na equação 4.9, teremos: 𝑃 = {𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒 𝑞𝑉 𝑛𝐾𝑇 − 1]} . 𝑉 , o que nos dá no caso ideal a seguinte equação para a potência gerada na célula. 𝑃 = 𝐼𝐿 . 𝑉 − 𝐼0. 𝑉 [𝑒 𝑞𝑉 𝑛𝐾𝑇 − 1], Equação 4.10 Agora para o caso em que levamos em conta os fatores dissipativos, podemos escrever: 𝑃 = 𝐼. 𝑉 = {𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒 𝑞(𝑉+𝐼𝑅𝑠) 𝑛𝐾𝑇 − 1] − 𝑉+𝐼𝑅𝑠 𝑅𝑝 } . 𝑉 , deste modo expressamos a potência gerada pela equação que segue. 𝑃 = 𝐼𝐿 . 𝑉 − 𝐼0. 𝑉 [𝑒 𝑞(𝑉+𝐼𝑅𝑠) 𝑛𝐾𝑇 − 1] − (𝑉+𝐼𝑅𝑠).𝑉 𝑅𝑝 , Equação 4.11 54 E ainda podemos calcular a potência máxima (Pmp) e a tensão máxima (Vmp), para isso é necessário utilizar recursos de cálculo, um limite chamado de derivada, visto apenas em cursos superiores. Aqui sem dar ênfase aos cálculos mencionados podemos expressar através do gráfico 𝐼𝑥𝑉 e 𝐼𝑥𝑃 o comportamento da corrente e da potência com a tensão aplicada à célula, assim como analisar para que valores de corrente e tensão a potência é maximizada. Observa-se na Figura 4.21 que para que tenhamos potência máxima a corrente é menor que a corrente de curto-circuito o que já era esperado e a voltagem menor que a voltagem de circuito aberto. É importante definir aqui nesta secção do trabalho a eficiência de conversão de uma célula solar fotovoltaica. É intuitivo pensar que essa eficiência depende da irradiação solar e da área da célula exposta à radiação, assim como dos valores de potência das células. Segundo Gasparin (pág.43. 2012) “a eficiência de conversão de uma célula é a razão entre a potência máxima entregue a uma carga e a potência da radiação solar incidente (Irradiação Solar), e está expressa na equação”. 𝜂 = 𝑃𝑚𝑝 𝐴.𝐺 , Equação 4.12 𝜂 – Eficiência de conversão, 𝑃𝑚𝑝- Potência máxima entregue a carga, 𝐴 – Área da célula e 𝐺- Irradiância Solar global incidente na célula (intensidade) 4.3.6. Associações de Células Solares Antes de dissertar a respeito dos módulos fotovoltaicos é importante comentar de que maneira conectamos célula a célula para formar um determinado módulo. Dois tipos de associação (Série e paralelo) são destaque. Para isso usamos como embasamento teórico o livro de Física Básica, volume 3, do professor Doutor Moysés Nussenveig. 55 4.3.6.1. Associação em Série Nesta associação a corrente é a mesma para todas as células da associação e a voltagem é dada pela soma das voltagens individuais. 𝑖 = 𝑖1 = 𝑖2 = 𝑖3 = ⋯ = 𝑖𝑛, Equação 4.13 𝑉 = 𝑉1 + 𝑉1 + 𝑉1 + ⋯ + 𝑉1, Equação 4.14 4.3.6.2. Associação em Paralelo Aqui a corrente é distribuída para as n células associadas, ou seja, é a soma das n correntes, e a voltagem é a mesma para todas as células. 𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯ + 𝑖𝑛, Equação 4.15 𝑉 = 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉3 = ⋯ = 𝑉𝑛, Equação 4.16 Se elas forem iguais a corrente em cada uma será dada por: 𝐼𝑛= 𝐼 𝑛 , Equação 4.17 Onde: 𝐼𝑛 – corrente para a enésima célula; 𝐼 – corrente que entra na associação; 𝑛 – número total de células associadas; Deste modo podemos representar graficamente o comportamento do gráfico da corrente versus tensão de acordo com o modo de associarmos as células e sua conveniência para determinado fim, conforme a Figura 4.22. 56 Figura: 4.21. Corrente e Potência elétrica em função da tensão externa aplicada a célula de silício cristalino. Fonte: Fonte: Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, 2014. Figura 4.22. Representação gráfica do comportamento da corrente e tensão, de acordo com a forma da associação (a) associação em série (b) associação em paralelo. Fonte: Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, pág. 124, 2014. 57 4.3.7. Módulos e Arranjos Fotovoltaicos de Silício As células de Silício cristalino nos fornecem uma tensão em torno de 0,6V a 0,7V em circuito aberto, para atingimos correntes e tensões utilizáveis em diversos equipamentos do dia a dia é necessário associarmos várias células formando o que chamamos de módulos fotovoltaicos. Uma associação de módulos o que nos forma o arranjo fotovoltaico. A Figura 4.23 apresenta um esquema de célula, módulo e arranjo fotovoltaico. Por questões de cuidado, segurança e transporte os módulos não podem ter dimensões exageradas, são geralmente constituídos por 36 células associadas, na maioria das aplicações em série com objetivo de aumentar a voltagem. Para obtermos potências maiores é necessário um conjunto de módulos, o arranjo, construído com módulos de mesma potência (PINHO (org), GALDINO (org). 2014). Os módulos por ficarem expostos ao ambiente aberto são constituídos com algumas características especiais, dentre elas podemos citar: I- Rigidez; II- Isolado eletricamente; III- Resistência a fenômenos climáticos. Suas células são envolvidas em um plástico, o qual ajuda no isolamento elétrico, tem a superfície que fica voltada para o sol coberta por um vidro, ou plástico transparente. Os módulos possuem uma estrutura de alumínio nas bordas o que oferece melhor condicionamento das células e proteção. Por ser oferecido todo esse cuidado no processo de montagem dos módulos, eles podem durar em torno de 25 a 30 anos em funcionamento. 58 Figura 4.23. Esquema representativo de célula, módulo e arranjo fotovoltaicos. Fonte: Adaptado de EERE-2008 Apud Gasparin-2012. Figura 4.24. Módulos de Silício: (a) Policristalino, (b) Monocristalino (c) Amorfo Fonte: Adaptado de ALMEIDA, 2008. 59 4.3.8. Influência da Temperatura e Irradiação Solar no Comportamento da Corrente e Tensão nas Células Solares Os parâmetros de temperatura e irradiação solar são de extrema importância para geração de corrente em semicondutores dopados, como é o caso dos painéis fotovoltaicos de silício. Abaixo temos duas figuras 4.25 e 4.26 que mostram a influência da temperatura e da Irradiação Solar, respectivamente, sobre um módulo fotovoltaico, fabricado com silício dopado. Figura 4.25. Influência da temperatura da célula no comportamento da curva corrente x tensão, com Irradiância padrão de 1000 W/m 2 e espectro AM 1,5. Fonte: Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, pág. 127, 2014. Figura 4.26. Influência da variação de irradiação solar no comportamento da corrente e tensão em célula de silício cristalino, a temperatura de 25 graus
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